maio 24, 2023

UM GUARDIÃO - Adilson Zotovici




Quão confusa a situação

Que neste verso menciono

Difusa cada opinião

Do universo coleciono


Cada qual com sua razão

Cada obreiro até o trono

Todos com a preocupação

Do canteiro ao abandono


Criticam alguns à exaustão

Com o que decepciono

Quem não o faz, diz ter patrão


A igualdade eu abono

Melhor que haja um guardião...

_Pior uma Loja sem dono_ !


VIVENDO EM DOIS MUNDOS - Francisco Feitosa



A humanidade caminha automatizada, em uma rotina sem fim, brigando por sua subsistência, em um mundo de tão exacerbado materialismo, que a fez se distanciar, em muito, da Fonte Criadora. Bem descreve um trecho da letra de um sucesso musical do cantor e compositor Lulu Santos, lançado há quase três décadas: “Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade”.

Estamos sobrevivendo ao cotidiano de trabalhar e pagar boletos, e já nos damos por satisfeitos quando conseguimos fechar o mês sem ter que nos socorrer ao cheque especial ou parcelar a fatura do cartão de crédito.

Um estudo do IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação aponta que o valor pago em impostos representa 40,82% do rendimento médio brasileiro, o que significa que trabalhamos 149 dias, apenas, para pagar impostos. Assim, poderemos afirmar que, até a segunda-feira, dia 29 de maio de 2023, todo o fruto de nosso trabalho foi para pagamento de tributos.

Durante o Brasil Colônia, o ciclo do ouro levou, tanto portugueses como brasileiros deslocarem-se para as regiões das minas, onde tentariam a sorte para adquirir o precioso metal. Entretanto, a Coroa Portuguesa interviu, colocando, assim, impostos sobre o ouro obtido. A partir de 1750, já nas casas de fundição, iniciou-se a tributação de 20%, portanto, um quinto de toda a quantidade de ouro extraído, o que era enviado para Portugal. Esse tributo era muito odiado pelos donos de minas, que passaram a chama-lo de o “quinto dos infernos”. Esta é a origem e o verdadeiro significado desta expressão!

Hoje, pagamos de imposto mais do que o dobro do “quinto dos infernos”, o que significa que trabalhamos os primeiros 149 dias do ano sem nada receber, para, então, começarmos a fazer jus ao suor que escorre de nossos rostos. 

Somos escravos de nós mesmos ao nos contentarmos com tal realidade. Se tais tributos fossem revertidos em benefícios para a população, pelo menos, no que deveria nos assegurar a nossa Constituição -  Educação, Saúde e Segurança, seria até justificável esse exagerado percentual.

Normose - a Patologia da Normalidade, publicado em 2003, é o título do livro de autoria Jean-Yves Leloup, Pierre Weil e Roberto Crema, que assim define o termo Normose: “um conjunto de hábitos considerados normais pelo consenso social que, na realidade, são patogênicos e nos levam à infelicidade, à doença e à perda de sentido na vida”.  

Vivemos, de fato, uma normose, que é uma anomalia da normalidade, que faz com que aceitemos que, as distorções da realidade de nosso cotidiano passem a ser consideradas como algo normal. Ao “escolhermos” nossos representantes políticos, os quais nos escravizam; ao aceitarmos certas inovações tecnológicas, sem sequer questioná-la, a exemplo da IA – Inteligência Artificial; ao assistirmos o desvanecer da instituição Família, célula mater de uma nação, em nome de uma pseudo modernidade; ao permitirmos que nossos filhos sejam adotados por ideologias, abrindo mão de nossa responsabilidade de bem educa-los; assim como, quando acatamos as imposições da Agenda 2030, criada pelo Fórum Econômico Mundial, sem se importar em sequer investigar seus interesses escusos, estaremos, assim, em meio a uma normose.

A humanidade segue sem rumo, e quem não tem destino, aceita chegar a qualquer lugar! Permitam-me pensar diferente da “manada” e rejeitar, no meu cotidiano, essa Normose. Convido-lhe a uma reflexão, ainda que por um lapso de tempo, sem interromper, é claro, seu jogo de futebol; fora do horário do seu Big Brother; antes ou depois do capítulo diário da sua novela preferida, a fim de leva-lo a pensar se esse comportamento da população não está atendendo a interesses ocultos de outrem.

Quando nos concedemos o direito de duvidar dessa realidade, ainda que por um breve momento, estaremos abrindo um portal de Luz para expandir nossa consciência. É fato que existe um Sistema de Poder que nos remete a tais comportamentos, ditando a tendência da moda; o carro de devemos comprar, a cada ano; o que devemos comer ou beber e aonde; o livro que devemos ler; os seriados que devemos maratonar; e com a desculpa tecnológica de facilitar a vida humana, surge a Inteligência Artificial, que, logo, substituirá o seu Deus, já que a humanidade O abandonou, e olha que isso já faz tempo! 

Decerto, sob as vendas da ilusão, alguns irão me rotular de “Teórico da Conspiração”. Não me importo. Muitos que sofrem e/ou sofrerão os efeitos desse experimento genético, chamado de vacina, também, já assim o fizeram! Diria, então, o cantor Zé Ramalho: “Eh, vida de gado! Povo marcado, povo feliz!”

“A República”, escrito pelo filósofo Platão (428-328 a.C.), sua Obra mais complexa – composta por dez livros, fala sobre as várias formas de governo e política para se chegar ao modelo político ideal. Nela, encontramos o “Mito da Caverna” que, segundo Platão, trata-se de uma narrativa sobre um grupo de prisioneiros (humanidade) acorrentado dentro de uma Caverna (que somos nós mesmos), onde só lhe é possível avistar as sombras que são projetadas na parede, a sua frente (a mídia comprada). Na verdade, tais sombras eram criadas por pessoas escondidas que passavam em frente a uma fogueira, fazendo gestos e expondo objetos, formando figuras, que se projetavam na parede. Essa é a única realidade dessas pessoas que, com o passar do tempo, já nem tinham mais consciências de que eram prisioneiras. 

Em certo momento, um deles, descontente com aquela realidade, conseguiu se libertar das correntes (o Despertar), e acabou por descobrir como era manipulado, conseguindo fugir da Caverna, deparando-se com a Luz Solar (consciência) que, de início ofuscou suas vistas, mas, aos poucos, retomou sua visão e contemplou um mundo de cores, cheiros e gostos sem fim. 

Aquele que se libertou da Caverna se encontrou diante de um dilema: voltar e tentar convencer seus companheiros que tudo aquilo era uma grande ilusão, correndo o risco de ser chamado de louco ou, simplesmente, seguir sua nova vida, em liberdade? 

Eu, ao lhe enviar este texto, talvez seja esse louco que retorna à Caverna na esperança de salvar seus companheiros e que, muito provavelmente, serei chamado por alguns leitores de “teórico da conspiração”. Mas como dizia o poeta Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena, se a Alma não é pequena”.

E como dizia Lulu Santos, “assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade”, sob os grilhões da ignorância, aprisionada por um Sistema de Poder, formado por um pequeno grupo de poderosos - os metacapitalistas – a exemplo do Club de Bilderberg, que se reuniu neste 18 de maio de 2023, em Lisboa, para ditar, mais uma vez, os destinos da economia mundial e consequentemente da humanidade.

Pesquisar sobre temas como a Nova Ordem Mundial; Agenda2030; O Grande Reset; os bastidores da Guerra da Ucrânia, dentre outros assuntos que, jamais, passarão nas “Rede Globo da vida”, fará você despertar para uma nova realidade, abandonar a “manada”, e se recusar a aceitar a viver nessa “Normose”.

Quem assim DESPERTAR, perceberá que vivemos, de fato, em dois mundos: um, que nos induz a cumprir o que dita esse Sistema de Poder, a exemplo da campanha do Fórum Econômico Mundial, na implantação da Agenda 2030: “Você não terá nada e será feliz”. E, outro, reservado aos DESPERTOS que optaram por quebrar as correntes, abandonar a Caverna e contemplar a LUZ de sua própria consciência! 

Um feliz despertar para você! 



maio 23, 2023

MANUAL DOS CARGOS EM LOJA DO REAA - Almir Sant"Anna Cruz

Este Manual, sem a presunção de esgotar o assunto, pretende transmitir aos leitores de forma simples, clara e direta as particularidades de cada um dos 22 cargos do Rito Escocês Antigo e Aceito, o mais praticado no Brasil.

Desde a sua introdução no país o Rito Escocês Antigo e Aceito sofreu fortes influências de outros Ritos.

Primeiramente do Adonhiramita e do Moderno, seus antecessores no Grande Oriente do Brasil e posteriormente do Ritual de Emulação inglês e do Rito de York Americano, após a cisão havida no Grande Oriente do Brasil em 1927, com a fundação das Grandes Lojas Estaduais.

Num processo de importação de práticas de uma Potência por outra poderíamos dizer que no Brasil não se trabalha verdadeiramente no Rito Escocês Antigo e Aceito e sim no Rito Escocês Antigo e Aceito Brasileiro.

Todavia, no que respeita aos cargos em Loja, existe uma certa uniformidade em seu quantitativo, em seus títulos e em suas atribuições.

Poucas são as variações, e estas não afetam o seu conteúdo.

Em algumas Potências cabe ao Primeiro Vigilante instruir os Aprendizes e ao Segundo Vigilante os Companheiros e em outras as incumbências são inversas. 

Em algumas o Secretário e o Chanceler são eleitos e em outras são indicados pelo Venerável Mestre.

Em algumas o Mestre de Cerimônias usa como joia uma Régua e em outras um Triângulo Equilátero.

Em algumas o Hospitaleiro tem assento no Sul e o Mestre de Cerimônias no Norte e em outras as posições são invertidas.

Em algumas o Cobridor Interno senta-se à esquerda de quem entra e o Cobridor Externo a direita e em outras as posições são invertidas.

Algumas denominam o Cobridor Interno como Guarda do Templo.

Em algumas os Diáconos portam bastões para formarem um Pálio e em outras os Diáconos não portam bastões e não se forma o Pálio.

E em quê essas variações afetam o conteúdo? 

Absolutamente em nada!


Interessados no livro, contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

maio 22, 2023

PEDRA BRUTA - UMA DAS JOIAS FIXAS DA LOJA - Pedro Juk










Em se tratando de Maçonaria a "pedra" é um dos elementos primordiais no desenvolvimento do sistema iniciático da Ordem Maçônica. Em síntese, a pedra é a principal matéria prima especulativa utilizada pela Moderna Maçonaria. Essa alegoria, tida como a "grande magia", é o principal ponto de partida da escalada iniciática (a pedra angular).

Para uma breve compreensão desse elemento simbólico básico, se faz cogente que o estudante iniciado perscrute, em fontes limpas e saudáveis, as origens da Sublime Instituição - a partir da Maçonaria de Ofício com seus aproximados 800 anos de história.

Despido de qualquer fantasia e ufanismo o estudante compreenderá assim que, principalmente sob a tutela da igreja-estado, as nossas origens advêm das corporações de ofício constituída pelos canteiros medievais que tinham por missão construir castelos, igrejas, catedrais, mosteiros, capelas, abadias, obras públicas, etc.

A partir do século XII, de modo organizado em guildas de construtores, esses operários tinham como sua matéria prima principal de trabalho a pedra calcária - bruta tal qual retirada da jazida – cuja qual era desbastada e esquadrejada para se tornar num elemento útil, isto é, cúbico e sem arestas de modo a ser assentado e aprumado sobre as bases niveladas. Conforme as etapas da obra se desenvolviam, as paredes eram "elevadas" de acordo com as exigências da Arte.

Com o advento da Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos, fato que ocorreria a partir do século XVII, principalmente pela perda de prestígio das confrarias de construtores devido ao declínio do estilo gótico e o reavivamento da cultura greco-romana (Renascimento), os ofícios seriam paulatinamente substituídos por construtores sociais. 

Assim as corporações que outrora se utilizavam literalmente da pedra calcária, paulatinamente se transformariam em associações de ofício especulativo, cujas quais passariam a se dedicar à construção moral e ética visando o aprimoramento do ser humano (transformação da Maçonaria Operativa para Especulativa).

Dado a esse ideário, a pedra tosca do passado operativo agora seria simbolicamente comparada ao homem carente de instrução e aprimoramento, o que dá a ideia iniciática do aperfeiçoamento humano que ocorre dentro das atuais Lojas, dignas representantes das outrora oficinas de trabalho do ofício.

Assim, o conceito especulativo da Moderna Maçonaria é o de transformar o homem bruto e desprovido de instrução, tal qual a pedra recém retirada da jazida, numa pedra desbastada e cúbica utilizável na composição das paredes de um templo dedicado à Virtude Universal, o que em linhas gerais remonta toda a alegoria iniciática maçônica – cada ciclo de aperfeiçoamento (Aprendiz, Companheiro e Mestre) é uma etapa dessa construção simbólica.

Dados esses breves comentários, seguem alguns elementos relativos ao simbolismo dessa construção especulativa proposta pela Moderna Maçonaria:

a) *A Pedra* - De modo genérico o termo menciona qualquer pedaço de rocha. É também a porção sólida de uma substância, a lápide sepulcral, etc. Como Maçonaria designa literalmente a arte do pedreiro, indubitavelmente a pedra ocupa, como símbolo para os maçons especulativos, um lugar de destaque na sua liturgia. Assim, em Maçonaria a pedra se divide em dois elementos principais denominados por Pedra Bruta e Pedra Cúbica.

A *Pedra Bruta* é o elemento informe, bruto e tosco, tal qual o que fora retirado da jazida e no qual simbolicamente trabalha o Aprendiz Maçom desbastando e esquadrejando em alusão ao que fazem os canteiros (cortadores da pedra).

A *Pedra Cúbica*, elemento de trabalho do Companheiro Maçom é a pedra bruta, agora esquadrejada e pronta para ser usada na elevação das paredes do edifício.

Dentre outros, a pedra é também o marco angular, ou elemento fundamental que sugere a primeira pedra colocada para começar a obra. A Pedra Fundamental ou Angular, possui extremado significado simbólico na liturgia maçônica.

b) *Pedreiro* - Palavra derivada de pedra, é o indivíduo cuja profissão é a de trabalhar em obras que utilizam a pedra. É o canteiro, ou o elemento que constrói alicerce, muros, paredes, etc.

Desse modo, simbolicamente o maçom na Moderna Maçonaria é o pedreiro que se empenha na construção interior do homem, ou seja, na edificação de um templo espiritual aprimorado. Designa o Construtor Social e é comumente conhecido como pedreiro livre.

c) *Pedreiro Livre* - Tem sido a designação genérica do maçom. Essa é uma expressão usada também pelos franceses como "Franc-Maçon", como "Libero Muratore" pelos italianos, como "Freimaurer" pelos alemães, tudo em detrimento da expressão inglesa "Freemason" que, segundo muitos autores seria um termo relativo aos maçons operativos, ou de ofício, que trabalhavam na pedra de cantaria (freestone) – a pedra que era lavrada e cortada livremente, sem rachaduras.

Há ainda o aspecto histórico que relaciona o termo a uma época em que muitos homens eram servos e o ingresso na Maçonaria se dava apenas àqueles que era livres. Desse modo as palavras inglesas "free" e "mason" somente apareceriam usadas juntas no primeiro quartel do século XVIII quando das Constituições compiladas por James Anderson e publicadas em 1723 em Londres (vide in "Notes for an Entered Aprentice" – Instruções da Grande Loja Unida da Inglaterra).

Dadas essas colocações, reitero que a Pedra Bruta em Maçonaria é aquela na qual trabalham
iniciaticamente os Aprendizes com a fim de transformá-la numa Pedra Cúbica para ser utilizada nas construções. Para esse trabalho de esquadrejamento o Aprendiz carece de ter em mãos dois elementos fundamentais, o Maço (vontade) e o Cinzel (inteligência) – a vontade deve ser aplicada com inteligência.

Esotericamente a Pedra Bruta é o homem ainda carente de instrução e aprimoramento; a Pedra Cúbica é o homem já aperfeiçoado e evoluído pelo conhecimento adquirido na senda iniciática. Esse caminho é indicado, no REAA, pelas doze Colunas Zodiacais que ocupam respectivamente os topos das Colunas do Norte e do Sul.

Concluindo, entendo que essa síntese pode dar o norte necessário para compreender essa etapa da Arte, a despeito de que é direito do Aprendiz solicitar auxílio aos Mestres da sua Loja, cujos quais também têm por obrigação instruí-lo nesse desiderato. 

O tema Pedra Bruta deve ser investigado a contendo pelo Aprendiz. Não é difícil encontrar material bibliográfico a respeito. Posso de pronto indicar, dentre outros, o livro A Cartilha do Aprendiz do Irmão José Castellani, O Aprendiz Maçom do Irmão Xico Trolha, e Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, Tomo I de minha autoria. Todos podem ser encontrados na Editora Maçônica A Trolha.

maio 21, 2023

A CONFIANÇA - Eduardo Fondello


O sentimento de confiança é a sensação de segurança e tranquilidade que uma pessoa tem em relação a si mesma, aos outros ou a uma situação em particular. Quando alguém confia em algo ou alguém, ela acredita que pode contar com essa pessoa ou coisa para alcançar um objetivo ou superar um desafio. 

A confiança é uma emoção importante para fortalecer relacionamentos, tomar decisões, enfrentar medos e atingir metas.

A história da maçonaria vivenciada por muitos de nós tem, contemplado a confiança como essencial para a construção de relacionamentos saudáveis entre os maçons. Ela se desenvolve a partir de vivências que reforçam os pressupostos estabelecidos pela cadência rítmica das instruções praticadas no âmbito da Loja. 

É importante acreditar que um irmão maçom maduro, sempre agirá de forma coerente com os valores e expectativas estabelecidos. Além disso, a confiança, quando perfeitamente lapidada pelo uso correto das  ferramentas,  implica em se apresentar e sentir-se seguro para expor ideias e sentimentos sem medo de ser julgado ou traído. Para isso, é fundamental manter uma comunicação frequente, assídua, aberta e honesta, respeitando-se a individualidade e as necessidades do outro…

Também é importante cumprir os compromissos institucionais sendo sempre coerente com as próprias palavras e atitudes. Tenho dito: “Quem não prática a própria crença, não é digno de credibilidade”.

Somente a partir desses aspectos, as relações entre os irmãos maçons fortalecem-se com maturidade, proporcionando confiança, segurança e colaboração mútuas. 


maio 20, 2023

A INSTALAÇÃO DO VENERÁVEL MESTRE - Luciano Rodrigues


RELATOS HISTÓRICOS

Uma das acusações que os “Antigos” fizeram aos “Modernos” no século XVIII era a de ter caído no esquecimento ou negligenciado a cerimônia secreta de Instalação do Mestre Eleito da Loja, atualmente chamado de Venerável Mestre. Em 1813, após a união das duas Grandes Lojas rivais da Inglaterra, esta cerimônia passou a ser considerada como um dos marcos tradicionais.

Este artigo é baseado na escrita do pesquisador francês Rene Guilly, também conhecido como René Desaguliers, que por sua vez revisou o trabalho de Harry Carr na revista Ars Quatuor Coronatorum vol.89 de 1976 sob o título “A Evolução da Cerimônia de Instalação e Ritual” e foi exibido por Harry Carr na loja de mesmo nome em 19 de fevereiro de 1976.

Como a cerimônia de instalação é difundida na França, René Desaguliers tem interesse especial em estudar as fontes desta cerimônia secreta, através das divulgações maçônicas, que são importantes registros históricos. Interesse este que não é diferente das pesquisas realizada para o “Prumo de Hiram”.

De qualquer forma, Harry Carr limita seu estudo apenas às fontes inglesas, embora, enfatiza Désaguliers, as fontes irlandesas pareçam ser de seu interesse.

Primeiro de tudo, Harry Carr remonta à história da Maçonaria Inglesa por 600 anos, até a Maçonaria operativa e descobre que não há nenhum vestígio de cerimônias de instalação ou eleição antes da maçonaria especulativa de 1717, mesmo com relação aos Diáconos, Vigilantes e Mestres.

As Constituições de Anderson de 1723, no entanto, descrevem o caminho para constituir e criar uma nova loja. Cita também a Cerimônia de Instalação de Wharton. Estamos falando de Philip Wharton, 1º Duque de Wharton, Grão-Mestre da Grande Loja de Londres e Westminster em 1722.

É a descrição mais antiga da instalação do Mestre de uma nova loja e o que aprendemos com ela?

Em primeiro lugar, o Grão-Mestre pergunta se o “candidato” foi examinado por seu vice/adjunto. Aquele candidato que é um Companheiro do Ofício, de boa moral e grande experiência, está localizado à esquerda do Grão-Mestre e após o consentimento unânime dos irmãos, a nova loja é constituída, os deveres do Mestre são apresentados e ele é instalado.

Infelizmente, nem esses deveres nem a cerimônia de instalação são conhecidos.

Em seguida, todos os membros curvam-se para a sua vez para cumprimentá-lo como sinal de submissão. A primeira coisa que está provada é que a Maçonaria de 1723 tinha dois graus, mesmo que, nesse caso, não esteja claro em que grau a cerimônia está aberta.

Os membros são, sem dúvida, Mestres e Companheiros do Craft, e nenhuma obrigação do Mestre eleito foi encontrada, nem um sinal, um toque ou uma palavra. Observe finalmente que, embora as Constituições de Anderson não descrevam a cerimônia, existem os encargos e requisitos para ter a honra de acessar tal cargo.

E somente nas “Três Batidas distintas” (Three Distinct Knocks) de 1760, que é descrita a primeira cerimônia de instalação durante a cerimônia de constituição de uma nova loja. Fala-se de “a obrigação dos oficiais de uma loja”, sendo a primeira do Mestre “na Cadeira”.

A loja parece aberta no terceiro grau e nada se sabe da eleição. O texto se concentra na parte esotérica da cerimônia. O futuro Mestre ajoelha-se em ambos os joelhos ao sul e assume uma obrigação que retoma as idéias clássicas: de não revelar a palavra e o toque, de respeitar os deveres de sua posição e de trabalhar para o bem da Maçonaria, etc etc … sob pena de receber as punições do Aprendiz Admitido, do Companheiro de Ofício e do Mestre Maçom!

Elevado com o aperto de mão do Mestre, o Instalador desliza até o cotovelo e sussurra a palavra e, presumivelmente, agora está instalado na Cadeira. Então o aplauso do Mestre é dado, descrito como o grande sinal de um Mestre Maçom que é feito levantando as mãos em sua cabeça, depois descarregando-o no avental e ao mesmo tempo batendo no chão com os dois pés.

As divulgações, “As três batidas distintas” e “Jakin e Boaz” apresentaram em 1762 a mesma cerimônia.

Em 1730, John Pennel, Secretário da Grande Loja da Irlanda, retoma a cerimônia de Wharton para a redação do Livro das Constituições irlandesas, mas sem mencionar Wharton. Da mesma maneira que Laurence Dermott que foi instalado em 1746, como Mestre da Loja nº26 em Dublin, também retoma a mesma cerimônia com algumas modificações na sua publicação do “Ahiman Rezon” de 1756.

Em 1775, será William Preston em sua “Ilustrações da Maçonaria”, que mostra uma nova evolução. Retoma a Instalação de Wharton e insere o primeiro texto completo dos Deveres do Mestre, muito próximo dos usados hoje em dia. Ao novo Mestre da Loja é entregue a insígnia do seu cargo e a carta patente da loja, apresenta-se o Volume da Lei Sagrada, o livro das Constituições, as ferramentas e jóias dos oficiais a serem empossados, que são felicitados conforme suas funções.

Mas como Preston escreveu sobre a cerimônia de instalação em 1775, se ele pertencia a uma loja dos Modernos?

William Preston foi iniciado em 1763 na loja nº111 da Grande Loja dos Antigos. Em 1764, sua loja mudou de obediência e de nome, passando a se chamar Loja Caledonian nº325 da Grande Loja dos Modernos.

Posteriormente, a Loja Caledonian tornou-se, a principal componente do primeiro Grande Capítulo do Sagrado Arco Real. Acredita-se que os membros da loja, apesar de estarem sobres a égide dos Modernos, continuavam praticando o chamado quarto grau dos Antigos ou Arco Real.

Em 1774, irmãos da Loja Antiquity participaram de uma palestra de William Preston e ficaram impressionados com seu conhecimento sobre os Antigos e o convidaram para ser membro da Loja que outrora, com o nome de Ganso e a Grelha, fora fundadora da Grande Loja dos Modernos. A Loja Antiquity se orgulhava de ser uma das primeiras lojas da obediência e por não estarem muito satisfeitos com as mudanças realizadas pelos Modernos, tinham especial interesse nas práticas descritas por Preston.

A partir de 1801, há vestígios da cerimônia de instalação, mas ao contrário do livro de William Preston, não há palavras de passe, sinais, toques ou penalidades. E será somente em 1822, nas atas da Loja Antiquity, que algo novo aparecerá.

De fato, em um certo momento da cerimônia, os Irmãos Mestres instalados se retiram. Preston frequentemente utilizou a noção de “uma sala adjacente”, uma sala onde o Mestre Eleito será apresentado ao Mestre Instalador, fazendo uma apologia de suas qualidades e méritos, o secretário irá recitar os antigos deveres e regulamentos, prestando seu juramento de Mestre Eleito (Venerável Mestre).

Especificamente, é mostrado que nada se sabe sobre se houve ou não uma abertura e fechamento daquela cerimônia, e se isso deve ser feito na presença de pelo menos três Mestres Instalados.

O novo Mestre é descrito saindo da sala adjacente vestido com suas insígnias, colocando-se na cadeira e sendo aclamado. Então, em procissão, os membros prestam homenagem a ele, como sinal de submissão; a loja fecha no terceiro grau, em seguida, descendo até o primeiro grau, onde todos os oficiais são empossados.

Vamos voltar no tempo, agora estamos em 1810 com a instalação da Loja de Promulgação. Parece, segundo Harry Carr, que os Modernos haviam negligenciado totalmente essa cerimônia, ao contrário do que os Antigos fizeram sob a direção de Dermott. E, de fato, a Cerimônia de Instalação foi considerada um dos “Marcos” em vista da reunificação que deu lugar a Grande Loja Unida da Inglaterra.

Progressivamente, vai se constatando, pelas atas que chegaram até nós, que o ensino das cerimônias de instalação estava evoluindo, pelo menos em teoria, já que não há nada que nos permita dizer como ela realmente foi praticada em sua totalidade.

A próxima evolução está no MS. Turk de 1816, que constitui a terceira Instrução de William Preston, da qual existem cinco versões manuscritas, mas a MS. Turk é a única completa conhecida.

Verifica-se que o Mestre Eleito é apresentado à Loja no Segundo Grau, que lhe são dados os Antigos Deveres, os regulamentos gerais, onde ele assume o compromisso que assina e sela, os Mestres Maçons e os Mestres Instalados saem para uma “sala de Instalação” onde os trabalhos do terceiro grau são abertos, então os Mestres Maçons se retiram, deixando apenas o “Conselho de Mestres Instalados”.

O Mestre Eleito é novamente apresentado e recebe “o benefício da Instalação”, ele se ajoelha em ambos os joelhos e os dois Mestres Instalados juntam suas mãos formando um arco acima dele. Todos os irmãos se ajoelham.

Uma vez cumprida, se faz uma invocação ao Pai Todo Poderoso, observando que é a versão antiga de um ritual que contém uma oração de abertura e que difere pouco da usada hoje na Inglaterra.

Retomando o curso da cerimônia, o Mestre Instalado assume seu juramento e é colocado na cadeira pelo toque e pela palavra, é saudado e, por fim, o Conselho é fechado ou, mais exatamente, suspenso. Note aqui que as noções de trabalhos abertos e suspensos, não vêm de um ritual específico. Os Mestres Maçons são reintroduzidos e a Loja é fechada no terceiro grau, retornando a todos para a Sala da Loja, onde os trabalhos também são fechados.

E, com efeito, essa instalação é observada melhor em “Três Batidas Distintas” e “Jackin e Boaz”. Note também que, embora haja um sinal de reconhecimento e um toque específico nessa cerimônia. Na história de William Preston, este sinal e toque não são encontrados.

Pode-se pensar que, se Preston formalizou esta cerimônia, ela pode ter sido praticada por lojas dos Modernos, já que o controle da Grande Loja sobre a ritualística das lojas, não era muito grande.

Assim, com o tempo, o Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1827, teve que intervir pessoalmente para padronizar as cerimônias no país e ainda instalar como se deveria, os Mestres de Loja, mesmo aqueles que já estavam em exercício.

Dez irmãos foram nomeados, incluindo o Grande Secretário e o Grande Arquivista para formar uma comissão especial chamada “Loja ou Conselho de Mestres Instalados”, que tinha como objetivo manter regularmente lojas de instrução de Mestres Instalados, esse Conselho também podia instalar os Mestres Eleitos.

Há apenas um documento referente ao trabalho daquela estrutura de Mestres Instalados, a ata de 24 de fevereiro de 1827 da Loja ou Conselho de Mestres Instalados. Algumas perguntas que seguem, permanecem sem resposta e acima de tudo neste texto, René Désaguliers deixa as seguintes dúvidas:

Como dar forma para declarar ou constituir um Conselho de Mestres Instalados, bem como a abertura e encerramento dos trabalhos.

A palavra do Mestre Instalado e a maneira de comunicá-lo eventualmente.

A cláusula penal da obrigação.

A inspeção do templo por Salomão e o papel de Adonhiram.

A saudação dada pela Assembleia nos três graus da cerimônia.

Para responder a essas perguntas, é preciso consultar o que René Guilly reagrupou sob o termo “Documentos Mais Tardios” e o “MS Henderson”, que é um manuscrito de 350 páginas.

Em 1832, John Henderson foi 1º Vigilante da Loja Antiquity nº2 e foi Presidente do Departamento de Assuntos Gerais da Grande Loja Unida da Inglaterra em 1836-1837. No início dos trabalhos do Conselho de Mestres Instalados, ele descreve em seu caderno, entre outros, a terceira instrução de William Preston do MS. Turk, que citamos anteriormente.

Da mesma forma, em 1838, aparece a publicação do ritual do terceiro grau e a Cerimônia de Instalação de Georges Claret, que de alguma forma é o precursor ou o pai dos rituais impressos, como os que conhecemos hoje.

Voltemos à conclusão desta primeira parte, as contribuições históricas para responder a cinco questões anteriores.

Os dois textos confirmam que após a abertura da Loja nos três graus, os Mestres Maçons se retiram e pelo menos três Mestres Instalados constituem por uma simples declaração e um simples golpe de malhete, o Conselho de Mestres Instalados; não há cerimônia de abertura ou encerramento.

Se a palavra do Mestre Instalado parece omitida na ata de 1827, pode-se simplesmente pensar que ela foi voluntária por razões de prudência.

Para o sinal penal, a omissão também foi prudência? De fato, pode-se pensar que não existia antes de 1827 e que Claret e Henderson foram os primeiros a fazer uma referência direta.

Para a inspeção do Templo por Salomão, nada existe antes de 1827 se não é uma referência ao “sinal e saudação de um Mestre de Artes e Ciências”. Henderson fala de sinal e saudação e um pouco de sua história, Claret dá na plenitude também a introdução da Rainha de Sabá.

Finalmente, a saudação ao Mestre Instalado pelos participantes parece ser uma recente inovação, sendo que Claret e Henderson não evocam mais do que uma simples saudação do Mestre Instalador.

Para entender o interesse de pesquisar a prática dessas cerimônias hoje, para entender a história e sentir o simbolismo, eu poderia terminar o resumo citando um parágrafo de René Desaguliers:

“A instalação é, acima de tudo, a mais alta honra que uma loja pode conferir, implicando os deveres e responsabilidades de um significado profundo para o feliz recipiendário e a cerimônia é sempre interessante e bela, desde que seja conduzida com dignidade e o decoro que eles impõem”.

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Bibliografia:

Constituições da Grande Loja de Londres e Westminster – 1723

Constituições da Grande Loja da Irlanda – 1730

A Maçonaria Dissecada – 1730

Ahiman Rezon – 1756

As Três Batidas Distintas – 1760

Jackin e Boaz – 1762

Ilustrações da Maçonaria – William Preston – 1775

The Evolution of the Installation Ceremony and Ritual – Harry Carr – 1976

L’evolution de la céremonie et du rituel d’Installation secréte du Maitre Elu, René Desaguliers – 1991


maio 19, 2023

19 DE MAIO - NAPOLEÃO INICIA CAMPANHA DO EGITO



19 de Maio de 1798: Napoleão inicia a campanha do Egito

No dia 19 de Maio de 1798, Napoleão partiu com 18 mil soldados para conquistar o Egito. Dois meses depois, as suas tropas chegariam ao Cairo. Antes disso, venceram os mamelucos na lendária Batalha das Pirâmides.

A Revolução Francesa, cujo auge fora a queda da Bastilha, em Junho de 1789, ainda não fora superada: o país estava envolvido em conflitos. Napoleão Bonaparte, jovem general corso, conseguiu estabilizar a situação, ao sufocar um levantamento monárquico em Paris, em 1795. Ele reorganizou as tropas francesas e venceu os austríacos e piemonteses, bem como os seus aliados Prússia e Saboia. O seu domínio logo se estendeu à margem esquerda do Rio Reno, à Bélgica e a Milão.

Foi nesse cenário que Napoleão decidiu iniciar a campanha do Egipto. O objectivo era desmantelar uma importante rota de comércio inglesa. O rei Jorge III não havia reconhecido as conquistas territoriais francesas na Itália. Vendo que não tinha qualquer possibilidade de invadir a Inglaterra, Napoleão planeava derrotá-la no sector económico.

A base da economia inglesa eram as colónias, entre as quais a Índia era a principal. O comércio de mercadorias indianas era vital para a Inglaterra. E Napoleão planeou exatamente bloquear o longo caminho inglês até à Índia, que passava por território egípcio. A 19 de Maio de 1798, partiu com 18 mil soldados para conquistar o Egito.

Em 18 de Julho, as suas tropas chegaram ao Cairo. Antes disso, venceram os mamelucos na lendária Batalha das Pirâmides, onde, porém, sofreram pesadas perdas. Durante a batalha os disparos dos canhões franceses destruíram o rosto da Grande Esfinge de Gizé, a sentinela da eternidade.

Como pretexto para invadir o Egito, Napoleão Bonaparte alegou que queria apenas garantir, por todos os meios, o acesso seguro dos peregrinos a Meca. "Somos amigos dos muçulmanos e da religião do profeta Maomé", disse. Hábil estratego e mestre em empolgar as tropas, lembrou aos soldados, na base das pirâmides, de que eles se encontravam diante de 40 séculos de história. As suas supostas boas intenções, contudo, não convenceram os adversários.

O sultão turco Selim III, que encarregara os mamelucos do xeque Abdallah al Charkawi de administrar o território egípcio, tentou fazer uma guerra santa contra Napoleão. As suas tropas precariamente armadas tornaram-se presa fácil para os franceses. Ao contrário dos soldados britânicos sob o comando do almirante Horatio Nelson: estes conseguiram derrotar a frota napoleónica na Baía de Abukir, reconquistando a rota inglesa para a Índia, e barrando o retorno de Napoleão à França.

Somente um ano mais tarde Napoleão conseguiu derrotar o exército turco em terra, na Batalha de Abikur. Em seguida, deixou o general Kléber no Egito, como comandante-em-chefe das tropas francesas, e voltou para casa, escoltado por uma guarda pessoal mameluca.

O que só alcançara em parte no Egito, o militar corso logrou inteiramente na França: a ascensão ao poder. Auxiliado por militares e membros do governo, Napoleão Bonaparte derrubou o Diretório a 10 de Novembro de 1799, dissolveu a Assembleia e implantou o Consulado, uma ditadura disfarçada. Depois de ser cônsul-geral, em 1804 coroou-se imperador, como Napoleão I. Era o fim da Revolução Francesa.

O ditatorial governo napoleónico foi marcado tanto pelo êxito nas guerras e nas reformas internas, como pela censura à imprensa e a repressão policial. Napoleão I interveio em toda a Europa, passando a controlar grande parte dos países europeus.

 Fonte: DW


A ESCOLHA DO VENERÁVEL MESTRE - Aildo Virgínio Carolino


A escolha do Venerável Mestre para presidir e dirigir os destinos de uma Loja Maçónica deve recair, sempre que possível sobre um Irmão com experiência, adquirida e demonstrada através do exercício de, no mínimo, três cargos, preferencialmente: Mestre de Cerimónia, Secretário e Vigilante.

A Legislação Maçónica atual não faz esta exigência, mas a aceitação da recomendação acima é imprescindível para que a Loja alcance o sucesso desejado e os Irmãos, o progresso harmonioso na Maçonaria.

O Venerável Mestre de uma Loja Maçónica não precisa de ser perfeito, mas, não pode ser medíocre. Ele não precisa de ser Grau 33, basta ser Mestre Maçon. Não precisa ser diferente, mas é muito importante que ele seja um líder nato, sem jamais tentar impor a sua vontade.

Não precisa ter grande cultura profana, mas que seja tolerante e que tenha a clara noção do seu limite.

Precisa gostar de aprender e ter imensa vocação para ensinar, principalmente através dos seus bons exemplos.

Não precisa ser eloquente tribuno, mas deve falar calar e agir correctamente e nos momentos certos.

Precisa saber sorrir e não ter pudor de chorar pela infelicidade e a dor alheia. Deve conhecer e reconhecer as suas limitações e fazer de tudo para as superar.

Um Venerável Mestre não pode ser infiel, vazio e muito menos libertino, porém, deve prezar a liberdade com responsabilidade. Deve gozar a vida com moderação e sem ostentações. Deve ter infinita crença no Grande Arquitecto do Universo, que é Deus, devoção à pátria e imenso amor à família, aos Irmãos e à humanidade.

O Venerável Mestre precisa ter disposição indomável para combater sem tréguas o vício, a corrupção, o crime, a intolerância e as suas próprias ambições pessoais. Ele deve ser, sempre que necessário encontrado ao lado dos enfermos, fracos e famintos de pão e de justiça. Deve respeitar o seu próximo independentemente de cor, posição social, credo ou idealismo político, bem como à natureza e aos animais.

Precisamos de um Venerável Mestre que saiba amparar e ouvir os seus Irmãos, guardando como segredo de confissão as suas fraquezas e enaltecendo, para todos, as suas virtudes. Precisa de gostar da filosofia maçónica, conhecer profundamente a sua liturgia e Ritualística, combatendo o obscurantismo, a intolerância, o fanatismo, as superstições, os preconceitos, os erros, as más lendas e invencionices maçónicas.

Um Venerável Mestre deve respeitar a soberana decisão da Loja, bem como a dos Altos Corpos Maçónicos.

Precisamos de um Venerável Mestre que esteja despido de todas as vaidades. Que seja uma ponte de união entre as Lojas, um verdadeiro Maçon e nunca um espinho de discórdia. Pode já ter sido enganado, mas, não pode nunca ter enganado. Deve saber perdoar e saber pedir perdão.

Um Venerável Mestre não precisa ser financeiramente rico, mas, não pode ser espiritualmente pobre. Precisa ser puro de sentimentos e deve ter como grande ideal de vida os Princípios da Maçonaria. Deve prestar auxílio e socorro aos Irmãos da sua Loja que o procurar, bem como tratar com o mesmo zelo e atenção aos Irmãos visitantes que a si se dirigirem, a fim de que estes se sintam como se estivessem nas suas próprias Lojas.

Precisamos de um Venerável Mestre que incentive a presença e o trabalho beneficente/ filantrópico das Cunhadas e Sobrinhas, sempre que possível, através da Fraternidade Feminina. Que se preocupe com a educação Profana e Maçónica dos Sobrinhos de hoje que deverão ser os Maçons de amanhã.

Procuramos um Venerável Mestre que não dê valor a paramentos luxuosos. Que goste mais de encargos do que de cargos e pompas a ele impostos; que desempenhe com abnegação e fidelidade todos os encargos, pois todos são nobres. Que no término do seu mandato prefira ser um simples colaborador em vez de Venerável de Honra. Que eleito pela primeira vez, admita a sua reeleição, porém, que não tenha a sede de se perpetuar no poder.

Precisamos de um Venerável que, imitando o apóstolo Pedro, seja e ensine aos seus Irmãos, serem pescadores de homens de bem no mundo Profano, isto é, homens livres e de bons costumes.

Precisamos de um Venerável que, goste de ser chamado de Irmão e que realmente sinta no seu coração toda a vibração e plenitude do que é ser um verdadeiro Maçom, líder e justo em toda a sua dimensão.

Precisamos de um Venerável que não viva preso somente ao passado, aos Landmarks e a História da Maçonaria, mas, que escreva as mais belas páginas da Maçonaria no presente, que é a porta aberta para o nosso futuro, posto que estejam numa Nova Era.

Finalmente, precisamos de um Venerável que seja verdadeiro exemplo de conduta na Loja e fora dela, que nos abrace fraternalmente por Três Vezes Três, sorrindo ou enxugando as nossas lágrimas para termos a inabalável certeza de que a Maçonaria é realmente fraterna e iluminada, que eleva o homem da Pedra Bruta à presença do Grande Arquitecto do Universo.

Não nos esqueçamos que há sempre tempo para mudar.

Fonte: Freemason.PT

maio 18, 2023

MAÇONARIA É VIDA - Eduardo Póvoas



Diferentemente do que muitos pensam, a Maçonaria não convoca ninguém para a morte. A Maçonaria convoca todos, sem exceção, para uma jornada que defenda melhores condições de vida ao cidadão e à sua família, liberdade de pensamento aos seus ou não membros, a igualdade entre os povos de qualquer etnia, e acima de tudo uma fraternidade infinita a todos que vivem sob o manto de Jesus, o que lá se denomina Grande Arquiteto do Universo.

Lamentável a noticia que li dias atrás que um Maçom perdeu a vida dentro de um templo maçônico. Claro, sentimos todos por essa fatalidade. Pior, muito pior foram os comentários que li e ouvi sobre este caso. Meu Deus, como pessoas desinformadas e sem nenhum escrúpulo emitem opinião sobre determinados fatos ou sobre determinadas organizações sem ter o menor conhecimento sobre ela. 

Li um comentário chamando a Maçonaria de clube do bolinha, pois segundo o comentarista, lá não entra mulher, e outro pedindo até interferência da Polícia Federal na Ordem! Vejam só quanta ignorância! O Médico, o Dentista, o Advogado, o Engenheiro, o Policial, o Mecânico, nenhum deles levam suas companheiras para o trabalho não é? Por que o Maçom tem que levar sua esposa quando ele vai trabalhar? Trabalhar sim, pois são durante as reuniões que são definidas as metas a serem seguidas.

Claro que elas (as esposas) exercem um papel fundamental dentro da Maçonaria. A elas (cunhadas) são reservadas outras tarefas. Estão sempre à frente das inúmeras campanhas que seus maridos definem dentro dos templos. Se antes de omitir opinião sobre esta milenar e respeitada Ordem, tivesse o crítico a noção da grandeza da Maçonaria sobre todos os segmentos da sociedade, pensar-se-ia mil vezes para omiti-la. 

Esses não têm a mínima noção de que a Maçonaria, uma entidade secular e respeitadíssima em todo universo, está presente nas grandes decisões da humanidade. Não sabem ou fingem não saber, das intervenções de maneira silenciosa e discreta, exercidas pela maçonaria em muitos hospitais e atendimentos médicos pelo universo afora. 

Nunca saberiam se eu não revelasse agora, a ajuda substancial prestada pela Maçonaria cuiabana aos milhares de portadores de necessidades especiais atendidos pelo Ceope (Centro Estadual de Odontologia para Pacientes Especiais) e em outros hospitais. Não conseguirei, de maneira nenhuma, colocar neste espaço as infinitas ações filantrópicas que a Ordem Maçônica oferece a nossa população.

Claro, diferentemente de um Supermercado quando coloca um produto em promoção e tem que, através dos meios de comunicação levar essa notícia ao maior número de fregueses possíveis para que haja um sucesso nas vendas, a Maçonaria prima pela discrição e pelo silencio absoluto. Não interessa à Ordem dar publicidade às suas ações.

Não interessa aos irmãos que praticam a liberdade, igualdade e fraternidade verem a generosidade de seus corações estampada nos rádios, jornais ou televisões. Portanto, se você foi convidado a fazer parte dessa respeitável instituição, tenha absoluta certeza de que a Maçonaria te convocou para ser um soldado do bem. 

Aceite sem medo, você será o mais novo voluntário do Grande Arquiteto do Universo.

maio 17, 2023

𝑽𝒊𝒆𝒔𝒆𝒔 𝒅𝒂 𝑽𝒊𝒅𝒂 𝑷𝒓𝒐𝒇𝒂𝒏𝒂 - 𝑹𝒐𝒃𝒆𝒓𝒕𝒐 𝑹𝒊𝒃𝒆𝒊𝒓𝒐 𝑹𝒆𝒊𝒔



𝑶 𝒂́𝒍𝒄𝒐𝒐𝒍, 𝒐 𝒇𝒖𝒎𝒐, 𝒐 𝒅𝒆𝒔𝒓𝒆𝒈𝒓𝒂𝒅𝒐 𝒔𝒆𝒙𝒐,

𝑶 𝒐𝒍𝒉𝒂𝒓 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒂́𝒃𝒊𝒄𝒐 𝒂𝒐 𝒂𝒍𝒗𝒐 𝒔𝒆𝒎 𝒏𝒆𝒙𝒐,

𝑬 𝒂 𝒅𝒆𝒔𝒊𝒍𝒖𝒔𝒂̃𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒂𝒐 𝒉𝒐𝒎𝒆𝒎 𝒆𝒏𝒈𝒂𝒏𝒂;

𝑨 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒆́ 𝒂𝒔𝒔𝒊𝒎: 𝒑𝒆𝒓𝒎𝒆𝒂𝒅𝒂 𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒗𝒆𝒛𝒆𝒔,

𝑬 𝒆𝒍𝒂 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒖𝒊 𝒗𝒂𝒓𝒊𝒂𝒅𝒐𝒔 𝒗𝒊𝒆𝒔𝒆𝒔,

𝑸𝒖𝒆 𝒔𝒂̃𝒐 𝒑𝒓𝒐́𝒑𝒓𝒊𝒐𝒔 𝒅𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒂𝒏𝒂.


𝑨𝒒𝒖𝒆𝒍𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒒𝒖𝒆𝒓 𝒗𝒆̂ 𝒆́ 𝒐 𝒑𝒊𝒐𝒓 𝒄𝒆𝒈𝒐,

𝑬 𝒕𝒐𝒅𝒂 𝒎𝒂𝒍𝒊́𝒄𝒊𝒂 𝒒𝒖𝒆, 𝒂𝒎𝒊𝒖́𝒅𝒆, 𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆𝒈𝒐

𝑷𝒓𝒆𝒋𝒖𝒅𝒊𝒄𝒂 𝒂 𝒎𝒊𝒎, 𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒂𝒐 𝒔𝒆𝒎𝒆𝒍𝒉𝒂𝒏𝒕𝒆;

𝑯𝒂́ 𝒂 𝒗𝒐𝒛 𝒂𝒈𝒖𝒅𝒂 𝒆𝒎 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒄𝒊𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂,

𝑳𝒆𝒎𝒃𝒓𝒂𝒏𝒅𝒐-𝒎𝒆 𝒅𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒂 𝒎𝒂𝒍𝒆𝒅𝒊𝒄𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂

𝑨𝒃𝒐𝒍𝒆 𝒐 𝒄𝒐𝒓𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐: 𝒊𝒏𝒇𝒂𝒓𝒕𝒐 𝒇𝒖𝒍𝒎𝒊𝒏𝒂𝒏𝒕𝒆!


𝑵𝒆𝒔𝒔𝒆 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆, 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒐 𝒕𝒆𝒓 𝒂 𝒃𝒐𝒂 𝒊𝒏𝒔𝒕𝒓𝒖𝒄̧𝒂̃𝒐,

𝑬 𝒐𝒃𝒔𝒆𝒓𝒗𝒂𝒓 𝒏𝒐 𝒔𝒆𝒎𝒃𝒍𝒂𝒏𝒕𝒆 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒅𝒂 𝑰𝒓𝒎𝒂̃𝒐

𝑸𝒖𝒆 𝒆́ 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆𝒙𝒑𝒆𝒓𝒆𝒏𝒄𝒊𝒂𝒓 𝒂 𝒎𝒖𝒅𝒂𝒏𝒄̧𝒂;

𝑨 𝑴𝒂𝒄̧𝒐𝒏𝒂𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒂 𝒊́𝒏𝒕𝒊𝒎𝒂 𝒓𝒆𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂 𝒆́ 𝑶𝒇𝒊𝒄𝒊𝒏𝒂,

𝑪𝒖𝒋𝒂 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒐 𝒃𝒐𝒎 𝑷𝒓𝒐𝒇𝒆𝒕𝒂 𝒗𝒂𝒕𝒊𝒄𝒊𝒏𝒂,

𝑪𝒐𝒎 𝒎𝒂𝒆𝒔𝒕𝒓𝒊𝒂, 𝒇𝒆́, 𝒅𝒊𝒔𝒄𝒊𝒑𝒍𝒊𝒏𝒂 𝒆 𝒆𝒔𝒑𝒆𝒓𝒂𝒏𝒄̧𝒂.


𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝒐 𝒇𝒊𝒓𝒎𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐, 𝒂 𝒂𝒃𝒐́𝒃𝒂𝒅𝒂 𝒄𝒆𝒍𝒆𝒔𝒕𝒆,

𝑺𝒆𝒓 𝒈𝒓𝒂𝒕𝒐 𝒂𝒐 𝑬𝒕𝒆𝒓𝒏𝒐, 𝒐 𝑴𝒆𝒔𝒕𝒓𝒆 𝑰𝒏𝒄𝒐𝒏𝒕𝒆𝒔𝒕𝒆,

𝑸𝒖𝒆 𝒏𝒐𝒔 𝒑𝒆𝒓𝒎𝒊𝒕𝒆 𝒓𝒆𝒏𝒂𝒔𝒄𝒆𝒓 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒐𝒖𝒕𝒓𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂;

𝑺𝒂𝒃𝒆𝒓 𝒒𝒖𝒆, 𝒂𝒍𝒆́𝒎 𝒅𝒂𝒒𝒖𝒊, 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒆 𝒐 𝒓𝒆𝒄𝒐𝒎𝒆𝒄̧𝒐,

𝑷𝒍𝒂𝒏𝒐 𝒅𝒆 𝒔𝒖𝒕𝒊𝒔 𝒗𝒂𝒍𝒐𝒓𝒆𝒔 𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒕𝒆𝒎 𝒑𝒓𝒆𝒄̧𝒐,

𝑷𝒐𝒊𝒔 𝒑𝒆𝒓𝒎𝒊𝒕𝒆 𝒂 𝒕𝒐𝒅𝒐𝒔 𝒏𝒐́𝒔 𝒏𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒔𝒖𝒃𝒊𝒅𝒂!



maio 16, 2023

A ANTIGUIDADE DOS SÍMBOLOS


A primeira constatação que empolga aquele que se aprofunda na interpretação da liturgia maçônica é a da antiguidade dos seus Símbolos, de suas alegorias. 

Remontam as origens dos Símbolos Maçônicos à aurora do homem sobre a Terra. 

Daí terem alguns observadores apressados concluído que a Franco-Maçonaria é tão antiga quanto o mundo. 

Trata-se, evidentemente, de um exagero, pois a Franco-Maçonaria, com as suas características atuais, data do século XVIII, ou melhor, do ano de 1717, ponto de partida da Franco-Maçonaria moderna. 

Foi nesta data que se firmou a preponderância da Franco-Maçonaria especulativa sobre a operativa. 

Mas, anteriormente à memorável reunião das quatro Lojas franco-maçônicas de Londres, existiam várias Lojas por toda Inglaterra, Alemanha, França e Itália, formada por pedreiros de profissão, reunidos em confrarias, com regulamentos próprios, Sinais de reconhecimento, Símbolos litúrgicos, e se tratando por Irmãos.  

Guardavam ciosamente a sua arte de construir do conhecimento do vulgo ou profanos. 

A par desses conhecimentos, essas confrarias (Guilds, Brotherhoods, Bruderschaften, Confrèries), constituídas por verdadeiros artistas (foram os construtores das grandes catedrais européias e os criadores da arte gótica), reuniam e conservavam a tradição esotérica da antiguidade pagã, às vezes confundidas com as tradições mais novas do cristianismo.  

Compreende-se, assim, o respeito que os príncipes tiveram por essas corporações de artesãos, às quais dotaram de regalias e privilégios. 

Desse imenso legado das tradições antigas, de que os pedreiros (maçons, masons, maurerei) foram os depositários conscientes ou inconscientes, faziam parte também as tradições ocultas, herméticas, dos mistérios antigos, perpetuados em símbolos e práticas esotéricas. 

Estabeleceu-se, assim, um liame entre a Franco-Maçonaria do século XVIII e a mais remota Antiguidade, que levou os escritores a que nos referimos, a declarar a Franco-Maçonaria coeva da vinda do homem sobre a face da terra. 

A verdade, contudo, como já dissemos, é um pouco diferente: os legítimos Símbolos Maçônicos é que se perdem na noite dos tempos, mas a Franco-Maçonaria, como a conhecemos, data de pouco mais de dois séculos, ou por outra, a Instituição é nova e a sua essência antiga. 

Tão antigos são os Símbolos adotados e conservados zelosamente pela FrancoMaçonaria, que sem receio de errar podemos afirmar que nenhum deles é de data posterior ao ano um da era cristã. 

Tal afirmativa se reveste de tanta importância que o poder mantê-la compensa todas as pesquisas, todas as vigílias gastas em escavar o dourado veio das tradições antigas. 

Existem Símbolos na Franco-Maçonaria, usados desde a fase operativa, cujo significado foi inteiramente estranho aos homens da época, não Iniciados nos Mistérios Maçônicos, quando não foram completamente desconhecidos.  

Pois bem, quando teve o mundo notícia dos descobrimentos arqueológicos verificados no século XIX, constataram os Franco-Maçons que muitos de seus Símbolos figuravam nos objetos encontrados, pertencentes a civilizações já desaparecidas, com as quais os homens haviam perdido todo contato, anteriores ao advento do cristianismo. 

É forçoso admitir que os Franco-Maçons não inventaram, por coincidência, tais Símbolos, pois muitos deles tinham o mesmo significado maçônico de hoje. 

Alguns, por exemplo, são tão evidentes, que não permitem margem a dúvidas. 

Existiu, portanto, um misterioso fio que preservou a tradição antiga, fio esses que não trepidamos em declarar, o segredo dos Iniciados.  

A Sabedoria Antiga, velada em alegorias e guardada pelo compromisso, entre determinado grupo de homens, congregados em torno de um ideal iniciático, pôde, assim, chegar até nós. 

Só dessa forma compreende-se o mistério que a muitos pareceu indecifrável. 

Ensinam a História, a Sociologia e a Literatura que as obras Homéricas foram guardadas pela tradição oral durante séculos, antes de receberem a forma escrita. 

O mesmo processo sofreram quase todas as lendas dos primórdios da civilização. 

Se assim aconteceu em relação a obras literárias e narrativas históricas, porque não sucederia o mesmo com uma tradição iniciática, perpetuada através de Símbolos? 

Sobre o poder conservador dos Símbolos, já disse o nosso Irm.: MICHA que:

..."se a verdade sobre a natureza essencial do ser e da vida universal é tão alta e tão sublime que nenhuma ciência vulgar ou profana não pode chegar a descobrir, o simbolismo é por sua vez como uma espécie de revestimento, de meio de conservação ideal dessa verdade e uma linguagem ideográfica que a iniciação entrega à nossa meditação, e que só os Iniciados podem traduzir sem deformar-lhe o sentido."... 

(A. Micha — "Le Temple de la Veritè ou La Franc-Maçonnerie dans sa Véritable Doctrine", Anvers, 2ª édition, pág. 63). 

A longevidade das práticas maçônicas repousa tranquilamente na imutabilidade de seus Símbolos, muito mais fáceis de se guardarem puros do que longas narrativas.

E o que é a liturgia senão o conjunto desses Símbolos realizados sob determinada forma em determinadas circunstâncias? 


(Texto extraído do livro A MAÇONARIA E A LITURGIA — UMA POLIANTÉIA MAÇÔNICA, de João Nery Guimarães.)

maio 15, 2023

AONDE É QUE A MARIA VAI ? - Newton Agrella


A Língua Portuguesa é riquíssima em figuras de imagem, pensamento e construção, mas especialmente em adágios e provérbios.

Muitos deles acabam caindo no gosto popular e atravessam séculos sendo empregados no dia a dia.

Assim por exemplo, dispomos de uma expressão típica que denota a idéia de falta de opinião, ou simples acomodamento diante das mais variadas situações que é a famigerada "...Maria vai com as outras..."

A tal expressão traduz com rara propriedade algo que evidencia um comportamento muito peculiar de um grande contingente da população, que diz respeito à falta de vontade, desânimo e em muitos casos até de coragem para assumir uma postura, defender uma idéia própria ou lutar por um ponto de vista que entenda pertinente e consistente.

Algo que talvez possa ser associado ao receio de tomar decisões e preferir que terceiros o façam.

"Maria vai com as outras"  impacta insuspeitamente na submissão a que a pessoa se entrega diante de um dogma ou de uma afirmação radical. 

Esta subserviência pode inclusive ser confundida de como uma espécie de preguiça intelectual.

Deixa-se de lado o poder da consciência crítica e do valor da contra-argumentação, e submete-se a um convencimento simples, tornando-se deste modo mero instrumento de massa de manobra.

"Maria vai com as outras"  contudo, merece uma consideração histórica.

Reza a lenda que a referida expressão teria ganho corpo a partir de uma referência à  figura de D. Maria I,  rainha de Portugal, mãe de D. João VI, conhecida como "A Louca".

Em razão de problemas mentais, D.Maria I  passou a ter uma vida reclusa e só era vista quando saia para caminhar com suas damas de companhia.

Desta forma, o povo passou a utilizar : 

"Maria vai com as outras" para se referir a alguém que não tivesse a iniciativa ou capacidade de andar por sí só e por conseguinte de tomar a frente de alguma situação ou ter vontade própria.

Algo que sugere um certo maniqueísmo, no sentido da absorção de uma idéia ou de uma postura doutrinária, conformando-se, sem discussão, com o conteúdo de sua essência.

Nos mais variados campos da atividade humana; mas sobretudo no ambiente familiar, político, acadêmico ou profissional a figura de "Maria-vai-com-as-outras" muito a contragosto poderia até ser até interpretada como uma questão de sobrevivência.

Muito se tem escrito a respeito do estereótipo. 

São livros, tratados e teses a respeito; uma vez que este é um tema que não se esgota.

Neste despretensioso fragmento, o propósito é somente trazer à luz, como este comportamento é tão nítido inclusive na Maçonaria.

Convergem-se habitualmente a favor de determinadas propostas, idéias ou mudanças, sem ao menos elaborar uma discussão mais aprofundada, densa e consistente sobre questões de foro exotérico (administrativo) ou esotérico (filosófico e dialético) em nome de uma hipotética iniciativa evolucional. 

E aí levantam as mãos os partidários do time "Maria-vai-com-as-outras"   - cujo premio máximo que poderão almejar um dia será o "OSCAR" de melhor coadjuvante.

Protagonistas fazem a história, coadjuvantes simplesmente a contam da forma como lhes foi passada.



maio 14, 2023

SEGREDOS DA CAPELA ROSSLYN (Os cavaleiros Templários e a Maçonaria)

 


A história da Maçonaria é distorcida por defesas ideológicas que pretendem impor uma visão preconcebida sobre as provas documentais sem o mínimo rigor histórico.

Assim como os obreiros operativos do século XV construíam seus templos e Igrejas sobre o alicerce sólido das pedras e da argamassa o historiador deve construir suas interpretações baseado na sobriedade dos documentos. Provas imagéticas, escritas e materiais que corroborem e permitam a mínima interpretação dos fatos são essenciais.

Falar da ligação entre Templários e Maçonaria, procurando pontes, transferências e transposições é como procurar as soluções para uma equação de duas incógnitas que convergem: o que antecede e leva à formalização da Maçonaria nos princípios do século XVIII e o que sucede e permanece depois da dissolução dos Templários e do ato papal de Clemente II durante o século XIV. São mais de 400 anos que separam o fim dos Cavaleiros Templários e a fundação da Grande Loja de Londres.

Essa influência, no entanto, está presente em nossa ritualística, na organização juvenil patrocinada pela Maçonaria: a Ordem De Molay e em vários outros aspectos de nossa Ordem. De onde ela vem? Ela é uma origem direta ou uma incorporação posterior?

Em primeiro lugar, a Maçonaria moderna só foi “fundada” em 1717. As agremiações que fomentaram a Maçonaria, segundo pesquisas da loja Quatuor Coronati de Londres, são modernas, o registro mais antigo sendo do século XVI. Mas a bula papal dissolvendo os Templários data de 1312. Como foi possível os Templários fundarem a Maçonaria? Nesse instante podemos nos perguntar: Há provas documentais que liguem a Maçonaria aos Cavaleiros Templários? Evidências? Suspeitas? Sim, elas existem. A mais intrigante delas é a Capela Rosslyn em Edimburgo na Escócia.

A capela tornou-se extremamente popular após aparecer no romance O código Da Vinci e no filme de mesmo nome. Apesar de ser uma obra de ficção, o autor Dan Brown utilizou de evidências históricas para confeccioná-la o que apenas aumentou as especulações sobre essa misteriosa capela.

Como vimos 400 anos separam a criação da Grande Loja de Londres e o fim dos Cavaleiros Templários. Exatamente nesse intervalo encontra-se a Capela Rosslyn. Suas fundações remontam ao século XV, em 1446. Em seu interior encontram-se fortes evidências de uma possível ligação entre os Templários e a Maçonaria. Ela foi um projeto de Willian Saint Clair um nobre do século XV e patrono da associação local de pedreiros.

Como sabemos, os cavaleiros templários faziam parte da Ordem do Templo, ordem cristã de cavalaria fundada em 1118 para proteger os peregrinos que viajavam até a Terra Santa. Durante sua atuação em toda Europa e Ásia menor construíram muitas Igrejas, frequentemente em forma circular, similar a Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém. Um dos exemplos desta arquitetura é a Igreja Templária em Londres. Como podemos ver abaixo um dos símbolos dos “pobres cavaleiros de Cristo” era a representação de dois cavaleiros sobre uma só montaria. Este símbolo ressalta o sentimento de irmandade e humildade da Ordem. Abaixo à esquerda encontra-se a estátua da Igreja Templária em Londres, à direita encontra-se a estátua que ornamenta a capela Rosslyn.

Outros indícios nos levam a crer na co-relação entre a capela Rosslyn, a Maçonaria e os templários. A estrutura do prédio da capela é idêntica ao templo judeu de Herodes, que substituiu o famigerado templo de Salomão. Como sabemos, o templo de Salomão é palco de uma lenda central para os maçons: a morte de Hiram Abiff, o construtor assassinado por aprendizes invejosos. Repleta de entalhes e esculturas, a capela Rosslyn possui em uma de suas colunas um mito correspondente à lenda maçônica: o pilar do aprendiz.

No entanto, talvez a mais intrigante escultura seja a que veremos abaixo. Nela, teoricamente, podemos ver um candidato sendo iniciado. Há uma corda em torno do pescoço do candidato e uma venda que lhe oculta os olhos. Quem o segura, logo atrás, aparece com uma cruz templária no peito. As confluências entre esta imagem e o ritual moderno de iniciação da Maçonaria especulativa são, no mínimo, intrigantes.

Esse enigma construído em pedra parece tornar-se ainda mais nebuloso à medida que nos debruçamos sobre ele. Ela sugere através de suas imagens e alegorias que os Templários tiveram relação com sua construção 150 anos após terem sido extintos. Ao mesmo tempo, alimentam a ideia de que a Maçonaria fez representar ali seus símbolos e sua suposta ligação com os Pobres Cavaleiros de Cristo, 250 anos antes de sua fundação formal.

Não podemos afirmar que nenhum templário sobrevivente ao massacre promovido por Felipe, o Belo e o Papa Clemente II tenha mais tarde ingressado nas antigas ordens de construtores da Maçonaria operativa e influenciado sua ritualista. No fundo há uma transição essencial que assenta no fato de que a Maçonaria especulativa tenha herdado as vivências das sociedades anteriores então organizadas na Maçonaria operativa; essa transição foi necessariamente longa, progressiva, não deliberada, diversificada e por sucessivas incorporações de conhecimento, de saber e de práticas.

De acordo com o historiador Burman “Em Portugal, muitos ex-Templários haviam tido permissão para entrar para a nova ordem de Jesus Cristo, que recebeu propriedades deles naquele país, e manter sua posição anterior.” Além disso, o autor afirma que nas demais partes da Europa “muitos continuaram a viver e trabalhar em suas propriedades rurais, exatamente como faziam antes.” (p. 219)

É minha convicção como historiador que as organizações maçônicas que aparecem formalmente no século XVIII se encontram entre o conjunto de instituições que herdaram o conhecimento, as práticas, os rituais e símbolos templários no que se refere à sua ala oculta. Igual sorte e benefício tiveram muitas outras organizações, ora centradas na investigação científica e alquímica, ora no aprofundamento do espiritualismo, do hermetismo ou dos rituais antigos. Porém, dizer que a Capela Rosslyn é uma prova incontestável da ligação entre Cavaleiros Templários e Maçonaria não é possível. Essa dúvida permanecerá como a própria Escócia envolvida em brumas e mistérios.

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Fonte: Revista Universo Maçônico.