maio 29, 2023

V. I. T. R. I. O. L. - Carlos Pittoli




Na iniciação,  os inusitados acontecem vertiginosamente.

Para aumentar a tensão,  a venda, a tolher talvez um dos mais preciosos sentidos, que é o da visão, eleva a temperatura. 

Os choques com os inesperados,  com os segredos que os irmãos não falam para neófito nenhum, para não tirar deles, Maçons, o prazer de saborear a reação do iniciando  em face de um “obstáculo praticamente intransponível".

Tantas coisas, tantas coisas... Ah! A  iniciação.

Momento  tão especial repleto das mais altas indagações e dos mais altos símbolos maçônicos, que deixam aturdidos a todo aquele que por ele passa.

A vontade é escrever sobre tudo o que ocorreu.

Dá um livro, ou mais.

A  vontade é essa.

Só algum tempo depois, lendo sobre a Ordem, estudando o Ritual e assistindo a uma iniciação é que se pode começar a  compreender o ocorrido durante a iniciação.

Procura-se estabelecer divisões, estanquizando os fatos para dissecá-los.

E dessa estanquização surge um símbolo representado pelas iniciais “VITRIOL”.

Qual o seu significado?

O que designa?

Para que finalidade se encontra na parede da C.'. de RR.'.? 

Inicialmente, verifica-se que não é ele elemento obrigatório, para o GOB, numa C.'. de RR∴, segundo dispõe o REAA, edição 1998, pg. 10.

Elementos obrigatórios são, por exemplo: a ampulheta, o esqueleto humano, o pão e a água. 

Mas, embora facultativo, ele se encontra presente na maioria das C.'. de RR.'.

Enquanto, que outros objetos, obrigatórios, às vezes ali não estão presentes.

“VITRIOL” é a abreviatura de palavras de uma frase em latim:   “Visita Interiorem Terrae, Rectificandoque, Invenies Occultum Lapidem”. 

Ao pé da letra isto significa: “visita o interior da terra e, retificando-te, encontrarás a pedra oculta”.

A profundidade de tal frase salta aos olhos, primeiramente,  por que é no interior da terra, ou seja, na C.'. de RR.'. que o Profano morre,  para nascer um Maçom

A C.'. de RR∴, na realidade, relembra as cavernas das antigas iniciações, inclusive religiosas. 

Como qualquer iniciação, simboliza a morte material de alguém e o seu ressurgimento num plano mais elevado.

O iniciando permanecia no interior de uma caverna da qual, em dado momento, saía por uma fenda ou orifício, como se estivesse nascendo.

Segundo o Poderoso Ir.'. José Castellani, ainda existem tribos na África que, vivendo na idade da pedra, se utilizam desse ritual, quando considera morta a criança que ali entrou e nascido o homem maduro, pronto para a vida.

A C.'. de RR.'. representa, ainda, o útero da mãe terra, de onde os filhos da viúva nascem para uma nova vida.

Esse conceito atual de masmorra foi introduzido pelos franceses na metade do Século XIX, influenciados pela Revolução Francesa e por um certo sentimento antimístico oriundo do iluminismo francês, mas esses fatos não podem desvirtuar a sua origem.

Em segundo lugar, “retificando-te” significa, na verdade o “seguir em linha reta”.

Ou seja,  agir em si mesmo com profundidade.

É nesse momento de solidão, de encontro consigo mesmo, de meditação diante do inusitado, do desconhecido, que o novo homem se retifica interiormente, deixando de lado todos  os vícios de uma vida anterior para adotar novos padrões de conduta moral.

E, ao fazer isso,  mostra-se para o novo homem a pedra oculta que há dentro de todos.

Tal pedra ainda se encontra em estado bruto, necessitando ser lapidada, trabalhada, o que só acontece com o aprendizado constante, com  a prática incessante das boas ações, com o respeito às normas, com a presença constante em Loja, com a aplicação dos princípios fundamentais da Maçonaria, como a fraternidade e a humildade!

De nada adianta descobrir que em seu interior há uma pedra bruta, se essa pedra não é tocada, não tem a sua rusticidade conhecida, se nada se faz para seu polimento.

Esse polimento é pesado, o desbaste das arestas, dos excessos, é doloroso, mas necessário para fazer crescer aquele que encontrou dentro de si o que o diferencia dos demais animais: a pedra oculta, isto é, a inteligência, a capacidade de raciocinar, de discernir entre o certo e o errado, de dominar o desejo pessoal, de vencer paixões e submeter vontades!

A menção à pedra oculta, ainda, significa atingir o mais profundo do EGO do iniciando e é usada como originária da força dos alquimistas, que acreditavam na PEDRA FILOSOFAL, ou seja, aquela pedra que transformava os vis metais nos mais puros e raros metais, ou os metais inferiores em ouro. 

Esse processo de transmutação visto pela alquimia prática como “pedra filosofal”,  é também conhecido como Obra do Sol, ou Crisopéia, ou Arte Real.

No entanto, para a alquimia oculta, todavia, a frase é um convite ao conhecimento do ser interior, da espiritualidade, já que a Obra do Sol é a transmutação do quaternário humano, inferior, no ternário divino, superior ao homem.

A PEDRA OCULTA é a PEDRA DO SÁBIO, que pode se transformar na PEDRA FILOSOFAL, ou seja, dentro de cada homem há uma PEDRA OCULTA, conhecida também como PEDRA DO SÁBIO, que o diferencia do animal irracional e que qualifica o ser humano como tal.

Trabalhada  a PEDRA DO SÁBIO  tem-se a PEDRA FILOSOFAL,  ou a PEDRA POLIDA, surgida com a transformação do bruto Profano em um  novo homem, um Maçom.

Encontrada a pedra oculta, ou a PEDRA DO SÁBIO, mas se esquecendo de que o trabalho com essa pedra bruta deve ser constante, o homem não avança, não cresce espiritualmente e a pedra permanece bruta, não dando a público a sua beleza interior, permanecendo carregada de jaça, de sujeira que a obscurece e a torna imprestável para o uso a que se destina.

O Maçom que mantém a sua pedra oculta com traços de impureza, causados por ações ou omissões denominadas vícios, não pode ser chamado de Maçom, antes, pelo contrário, deve ser alijado do meio sadio para não impregná-lo com seu hálito sujo, pois é ele indigno de ser chamado Irmão.

Daí, pode-se afirmar, sem temor que o trabalho do Maçom na pedra bruta deve ser diário e incessante, devendo ele, com constância, visitar o interior da terra, retificando-se, na busca da pedra oculta.

E seguir trabalhando-a na busca da evolução  contínua e infinita!



maio 28, 2023

OS LIMITES DA SINCERIDADE - Sidnei Godinho



Quantas vezes já nos deparamos com irmãos que na Palavra a Bem da Ordem e do Quadro em Geral faz uso como se fosse consertar o mundo e as pessoas e ainda tenta justificar se desculpando que é uma pessoa sincera e não pode deixar passar? 

Certa vez uma grande amiga, já cansada das constantes observações sobre seu modelo XGG, disse educadamente que: "A Sinceridade sem as boas regras de convivência é Grosseria". 

Na época soou como brincadeira, mas logo veio a percepção da seriedade do caso e uma análise melhor sobre o que delimita ser sincero e ser mal educado. 

Interessante registrar que o conteúdo da fala é verdadeiro, mas a inapropriedade se dá na falta de objetivo, visto ser a pessoa já consciente de seu sobrepeso. 

Ou seja, aquele que se diz sincero, alega em sua defesa, mesmo inconsciente, ser igualmente verdadeiro. 

Contudo, foge-lhe à compreensão de que as palavras precisam ter significado, caso contrário tornam-se vãs e agridem. 

A psicologia esclarece que agir com sinceridade, sem medir as consequências de como o outro vai receber a mensagem é sincericídio, uma neologia entre sinceridade e suicídio. 

É uma atitude que bem caracteriza a insanidade do agressor, ao usar o subterfúgio da verdade para infringir dor ou remorso na outra pessoa, enquanto mascara sua própria incapacidade de conviver com seus conceitos deturpados de estar certo sempre. 

Normalmente não há uma deliberação consciente pela hostilidade, o que requer criar filtros antes de se pronunciar, como por exemplo refletir sobre o que de produtivo será feito pela pessoa ao receber a informação. 

Escolher as palavras e o momento também são fundamentais para ser cortês e alcançar o objetivo da sinceridade, qual seja, transmitir uma verdade que passou desapercebida. 

Há diversos autores que exploraram tal tema e me valho do famoso Oscar Wilde que registrou: “Pouca sinceridade é uma coisa perigosa e muita sinceridade é absolutamente fatal”.

Falar o óbvio não soma conhecimento e muito menos carisma, portanto respire fundo e conte até 10 da próxima vez que for contar para alguém sua dita verdade e ser sincero. 




IMPORTÂNCIA DA MULHER PARA A MAÇONARIA-



"Ao lado de um grande homem, existe uma grande mulher."  

 

A base da Instituição Maçônica é a fraternidade, por isso reúne os homens em suas Lojas, nas quais reinam a moral, a tolerância e a solidariedade. Porém, a Maçonaria também dedica à família o melhor de suas atenções. E embora a mulher não participe diretamente dos trabalhos maçônicos, não se pode dizer que não lhes presta a sua colaboração, pois, enquanto os maridos se dedicam aos trabalhos da Loja, as esposas se constituem em guardiãs do lar e dos filhos.

Portanto, sob o critério filosófico, a Maçonaria destina-se tanto ao homem como à mulher, complementos que são um do outro e destinados como estão a constituir a família como base celular de uma sociedade bem organizada. "Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e eles dois se tornam uma só carne". (Gn, 2:24).

Os Maçons tributam, portanto, à mulher não somente o respeito que ela merece como mãe, esposa, irmã e filha, mas também pela admiração a que tem direito por ser o ornamento da humanidade, na qual tem exercido um grande papel civilizador e propulsor do progresso dos povos.

Para os maçons, a mulher é a Deusa do lar, é aquela que reúne a família em torno de si, que auxilia o marido, ocupando-se das tarefas do lar e da educação moral dos filhos, a fim de torná-los dignos de serem os homens de amanhã, inspirando-lhes aqueles sentimentos de afetividade e de moral sobre os quais assenta a sociedade. "A mulher sábia constrói o seu lar; a insensata o destrói com as próprias mãos". (Juízes; 14:1).

De fato, não é nas escolas que as crianças aprenderão a sentir o calor dos bons sentimentos. Não é apenas nas escolas que se irá formar o seu caráter e aonde irão aprender a se considerarem irmãos entre sí. É ao lar que esta tarefa cabe exclusivamente, e ela só poderá ser desempenhada pela mulher. "Casa e patrimônio são herança dos pais, e mulher de bom senso é dom de Deus". (Juízes, 31:10).

Depois de DEUS, o único ser onipotente, em nossas vidas é a mulher. Nascemos do útero de uma, morreremos nos braços de outra. Entre um evento e outro, em nome delas construímos a civilização e seus destinos. Nunca chegamos a compreendê-las. A natureza, para nosso alívio, nos poupou dessa missão impossível: cabe-nos apenas amá-las e respeitá-las.

Fui criado dentro da mística machista. Mas confesso que, através da vida, nunca presenciei nenhum fato que me provasse ser o homem realmente o sexo forte. Na escola, do primário à universidade, os primeiros dez (10) lugares da classe, em nota, invariavelmente pertenciam às mulheres.

Pertenço à geração que assistiu à ascensão da mulher no mercado de trabalho. Dói-nos reconhecer, mas o fato é que elas são mais eficientes, esforçadas e determinadas do que nós. Pobre do executivo que, em uma reunião de negócios, topa pela frente com um interlocutor do sexo feminino. A luta é desigual. Quando não nos fulmina com argumentação melhor fundamentada, tratam de derreter nossa intransigência com um simples sorriso. Isso para não citar o extremo e desleal recurso da lágrima, sem dúvida a mais poderoso força hidráulica criada pela humanidade. Apesar de sua inegável superioridade, ainda lhes reservamos, nas organizações, funções quase exclusivamente subalternas.

Se, aos poucos, vão nos superando no campo profissional, desde sempre nos suplantaram na política de vida. São biológica e afetivamente mais resistentes do que o homem: vivem mais tempo do que nós e são capazes de viver sem nós. Quem nos dera poder afirmar o mesmo!

A arena onde os dois sexos medem forças é o matrimônio. O homem o procura em busca de carinho e sentido para a vida. A mulher procura nessa aliança o ninho seguro para criar seus filhos; obviamente, o poder de barganha do homem é muito menos. Acabam restando, nos dias atuais, três tipos de casamento: aqueles que não dão certo; aqueles que a mulher manda e aqueles em que o homem pensa que manda...

A mulher concebe, homem não. E aí esta fundamentalmente, a diferença. DEUS delegou a elas o Dom de reproduzir a vida. E nós nunca as perdoamos por isso. Através dos séculos, as flagelamos, as dominamos, as submetemos justamente para que, dessa forma, pudéssemos camuflar a nossa revolta, a nossa frustração, o nosso inconsciente sentimento de inferioridade. Impusemos a sua virgindade, exigimos a sua exclusividade, trancamo-las, a sete chaves, em nossos castelos. Elas, mais seguras, nunca nos reivindicam nada disso. As mulheres multiplicam a vida, os homens só possuem a sua. "A graça é enganadora e a beleza é passageira, mas a mulher que tem a DEUS merece louvor". (Juízes, 31:30).

A mulher acima de tudo, é MÃE. E não há palavra mais bela, mais suave e mais plena de conteúdo que lábios humanos sejam capazes de pronunciar; ao mesmo tempo pequena e imensa, significa o consolo da aflição, a luz na desesperança, a força na derrota; é o peito onde reclinamos nossa cabeça, a mãe que nos abençoa, o olho que nos protege.

Quer o destino que nossas MÃES cruzem os portões do infinito antes que nós o façamos. E assim, por sabedoria de DEUS, aprendemos a transferir todo o seu significado para nossas mulheres, que são mães de nossos filhos, e para nossas filhas que serão mães de nossos netos. Este é o sentido de nossa existência.

A mulher para nós, MAÇONS, é a maior estrela brilhante neste universo. Tanto é verdade que, quando iniciamos na Ordem Maçônica, nos é entregue dois pares de luvas brancas, sendo um par para nosso uso e o outro para a mulher que mais estimamos. As luvas, na Maçonaria, é símbolo de pureza e de candura e também de inocência. Por isso as luvas devem ser brancas. Usadas pelo homem, devem relembrar-lhe a mansidão e a pureza a que esta obrigado, e aquelas entregues à mulher simbolizam que o Maçom deve ter consideração pelo belo sexo, presenteando-as não à mulher que mais ama, mas aquela que considera mais digna de ser amada. Sem dúvida alguma, a mulher é tudo para nós.

...

Fonte: lmmb.

maio 27, 2023

VENERÁVEL DE UMA LOJA - Valdemar Sansão


O Venerável Mestre deve ter estudado a ciência maçônica e desempenhado os postos e dignidades inferiores. É necessário que possua um conhecimento profundo do homem e da sociedade, além de um caráter firme, mas razoável. As atribuições e deveres dos Veneráveis são muitos e de várias índoles e acham-se definidos e detalhados com precisão, de acordo com o Rito, a Constituição, o Código Maçônico, Leis e Resoluções da Potência de sua jurisdição, os decretos e Atos do Grão-Mestre, o Regulamento Particular e as deliberações da Loja.

Segundo o Ir.'. Gonzáles Ginório, da Venezuela, para ser Venerável Mestre de uma Oficina Maçônica, e por conseguinte tornar-se o guia dos Irmãos que compõem a sua Loja, o candidato deve possuir os seguintes predicados:

Sentir-se Maçom, de preferência a qualquer outra formação doutrinária; Não ser indiscreto, injusto ou indiferente; Não estar despido de entusiasmo e de espírito; Não ser indisciplinado, intolerante, inconformado e irascível; Não ser invejoso, apaixonado, rancoroso e intrigante; Ser estudioso e não superficial; Não alardear e abusar de sua inteligência; Não conspirar em eleições; Não pedir, suplicar ou de qualquer forma desejar posições. 

Há sem dúvida um Sinal infalível: o verdadeiro candidato para o posto governante de sua Loja é o Maçom que não pede cargo; não o cobiça e que, aspirando essa exaltação como um ideal, não se julga merecedor dela. Sentir-se sem mérito para um posto de preeminência é apreciar a dignidade do cargo e começar a ser merecedor do mesmo.

Conhecidos os pré requisitos que deve possuir um Venerável Mestre, devem os Mestres maçons, instalados ou não, procurarem nas suas Oficinas Irmãos que atendam a estas condições para que possam ser "o Pai, o Conselheiro, o Chefe e para tanto, deve ser aquele que harmoniza e pacifica; aquele agente transformador, aquele que, transformando-se, ajuda o seu Irmão também transformar-se; que passa a viver e representar a vontade da maioria sem impor a sua própria vontade". Essa reunião de elementos concretos ou abstratos de um todo, só reúne um líder que "mobiliza" os Irmãos a seu favor, que define as metas, mostra os caminhos e faz com que todos tenham vontade e orgulho de caminhar a seu lado.

Para ser claro, ser Venerável Mestre de uma Loja requer que o Mestre maçom, regularmente Iniciado, Elevado e Exaltado, possua: 

reputação ilibada; seja sincero e verdadeiro; seja afável no trato, inabalável, firme, arraigado, constante, intrépido e intransigente em seus princípios; seja amante da sabedoria; versado na nobre ciência da Arte Real, e ter sido legalmente eleito pelos Mestres Maçons de sua Loja.

É na Oficina que se forja o homem maçom que irá zelar pelos destinos maiores da Sublime Instituição.

O cargo de Venerável é eletivo e temporário. O exercício do cargo de Venerável dignifica seu ocupante, por ter sido escolhido entre os seus pares para a distinção de representá-los e conduzi-los à continuidade, visto, pois, como iluminado para a direção dos trabalhos, e tudo com sabedoria precisa para a orientação dos obreiros do quadro.

Na essência, o Venerável Mestre é um coordenador, um instrumento gerador de frequência, de vibração, um modelo organizador, mediador, aglutinador, preceptor, é com certeza um líder, tendo por princípio ser possuidor de grandes virtudes, e não um mandante, decisor, chefe ou ditador, mesmo porque lhe cabe manter a união do grupo, a harmonia do todo, o exemplo da conduta maçônica. É só ter a coragem de enxergar as coisas como elas são, sem ter a mente embaçada, pelo conformismo, e saber diferenciá-los. Mas isto tudo não se completará se o Venerável se esquecer da humildade e do senso de justiça que o cargo exige.

Se não for possível ao Irmão ter certeza de possuir os pré requisitos de um Venerável Mestre ou, ainda, as qualidades de um Mestre Instalado, não deve aceitar o Primeiro Malhete de sua Oficina.

Este Mestre deve ser o exemplo da conduta moral e espiritual de uma comunidade maçónica, pois este é o seu destino, assumido de livre e espontânea vontade. Deverá ser o espelho de sua Oficina ou sua Oficina seu espelho. Deverá ser um exemplo no cumprimento das Leis, Regulamentos, Regimentos, etc., que regem a Sublime Instituição, não descurando, no mínimo detalhe, da ritualística.

Concluindo, diríamos que, somente seremos fortes, individual e coletivamente, no dia em que conhecermos nossas fraquezas e nos dispusermos ao trabalho de sustentação das Colunas, suporte, amparo, e apoio do Venerável Mestre de nossa Augusta e Respeitável Loja Simbólica, pois sabemos que o homem se mantém e cresce na proporção da força do apoio de seus Irmãos.

maio 26, 2023

ONDE OCORRE A VERDADEIRA INICIAÇÃO? - Paulo André




Símbolos, metáforas ,alegorias e rituais, não devem serem tomados ao pé da letra, eles em si, talvez não tenham muito poder, vou dar um exemplo, pegue um pedaço de pano, pinte de vermelho e preto, e mostre para um chinês, dinamarquês ou lituano, para eles, aquilo não represente rigorosamente nada, agora mostre para um  flamenguista, ele se ajoelha e chama de manto sagrado

Ora, o amor pelo time, não está no pedaço de pano pintado, está dentro da pessoa, aquele símbolo é apenas o gatilho que dispara algo que já existe no interior humano, isso vale para a imensa maioria dos símbolos, metáforas, alegoria e rituais, despertar o poder interno humano

Essa é a missão da Iniciação, a pergunta é em qual plano ela acontece, físico, mental ou espiritual?

Creio que tudo ocorre no plano mental, é ali que definimos se vamos subir para o plano espiritual, ou despencar para a matéria, falo metaforicamente, a nível de consciência

Todo o impacto da ritualística deve causar em nossa mente algo muito forte, que desperte o Deus interior que dorme dentro de nós

Quando algo ocorre muito forte na mente, reverbera em nosso corpo físico, se você sentir mentalmente o gosto de um limão, sem dúvida fará uma careta como se fosse real, aliás, nisso se baseia a chamada lei da atração, tem que ser tão real na mente, que faça o corpo sentir

Sim, se nossa mente melhora, com certeza, nosso corpo físico também será beneficiado, tal é o poder da iniciação, se for bem feita, por quem ministra, bem assimilada por quem recebe, por isso, alguns consideram que o processo iniciático é um novo nascer

Mas, a grande questão, será se ela realmente ocorrer, no plano espiritual?

Mas aí vai muito da crença de cada um, de acreditar, que quando qualquer escola iniciática está trabalhando, ela não está agindo sozinha, e que a verdadeira iniciação ocorra em outras dimensões, ainda não acessíveis nem compreensíveis para nosso atual estágio de evolução.

Seria essa a experiência que alguns profetas, santos e avatares tentam nos descrever?

Isso mexe com a própria estrutura de nossas ordens, serão elas apenas instituições terrenas, trabalhando no reino mental e no físico?

Ou irá ela mais longe, atuando em dimensões muito além do que sonhamos que exista, e o processo pelo qual passamos fez da gente, Cidadãos Cósmicos

Estamos realmente preparados para a missão?

O primeiro passo, é começar a pensar e debater o assunto, somos mais do que realmente conseguimos perceber


maio 25, 2023

O CAFÉ É BRASILEIRO - Joab Nascimento











 O Café é Brasileiro


Extremamente saboroso

O café é uma bebida

Em toda mesa é servida

Seu sabor é bem gostoso

Com seu cheiro apetitoso

Feito moído e torrado

No Brasil é cultivado

Seus grãos tirados do pé

Nosso querido café

Pro mundo é exportado.


Veio da África Oriental

Precisamente na Etiópia

Nosso café não tem cópia

É um produto original

Ao nosso não têm igual

Seu sabor é incomparável

Extremamente agradável

É a principal bebida

Pro povo é a preferida

De valor inestimável.


Na Pérsia ele foi torrado

A primeira vez bebido

"In Natura" consumido

Em bebida transformado 

"Vinho da Arábia" chamado

Quando na Europa chegou

Essa alcunha o apelidou

Por todos foi bem aceito

Foi um deleite perfeito

E todo europeu gostou.


Era usado antigamente

Como fonte de energia

Quando o animal comia

Se tornava resistente,

Um Monge, ficou ciente,

Ao saber da informação

Dos frutos fez a infusão

Pra servir de estimulante

A insônia ficou constante

Pra fazer a sua oração.


Um criador de carneiro

Por Kaldi, era chamado

Foi por ele observado

Que o efeito era ligeiro 

Todo seu rebanho inteiro

Ficava ágil e saltitante

Com resistência possante

Comendo a folha e o fruto

Ele provou do produto

Viu a força revigorante.


As tribos da antiguidade

O café já conheciam

Grãos puros eles moíam

Usando a criatividade

Uma pasta, na verdade,

Pra alimentar animais

Alimentações normais

No Continente africano

O antigo pastor cigano

Hoje não alimenta mais.


Seu cultivo se estendeu

Na Arábia primeiramente

Depois foi pro ocidente

Onde a produção cresceu

Logo se desenvolveu

Para sua exportação

Conseguiu sua projeção

No terreno brasileiro

Hoje todo mundo inteiro

Tem a sua consumação.


Servido gelado ou quente

É bebida estimulante

Com açúcar ou adoçante

Seu sabor é envolvente

Agrado pra toda gente

Seu teor tem cafeína

Também contém proteína

Gordura e carboidrato

Bebida de fino trato

Composta de vitamina.


Servido grosso ou fino

Ou misturado com leite

Seu sabor é um deleite

Até feito cappucino

Pro pobre ou pro granfino

Tem o mesmo paladar

Logo depois de almoçar

Como um lanche ou merenda

Café é fruto de renda

Em todo mundo ele estar.


O seu cheiro é saboroso

Sua fragrância é muito forte

Um produto de auto porte

Seu sabor, demais gostoso,

É um preto majestoso

É paixão do brasileiro

Provado no mundo inteiro

Numa xícara ou na coité

O nossa amado café

É um néctar altaneiro.


O nosso café com pão

É o alimento da manhã

Do café eu virei fã

Bem quente, gelado não!

E se for com leite, então,

Fica bem mais saboroso

Gelado eu acho horroroso

Bloqueia o meu paladar

Para o sabor melhorar

Com nata ele mais gostoso.


Nosso café brasileiro

Bebida mais popular

É presente em todo lar

Se espalhou pro mundo inteiro

Ao sentir seu forte cheiro

Já desperta sua vontade

Um cafezinho na verdade

Não há ninguém que resiste

O seu apetite insiste

Com ar de felicidade.


Ele é bom de todo jeito

Até mesmo sendo amargo

Esse pretinho eu não largo

Quando bebo me deleito

Por dentro aquece meu peito

Mesmo puro, sem mistura,

Com "raspa" de rapadura

Dá sabor quando adoçar

Na hora de degustar

Seu sabor é gostosura.


Acompanhado com pão

Mais manteiga, queijo e leite

Com cuscuz é um deleite

Tapioca, melhor então,

Beiju dá satisfação

Também misturo grolado

Do lado está preparado

Ovo estrelado e presunto

Um bolo de milho eu junto

Fico bem alimentado.


Tem pesquisa que avalia

Que o café pode evitar

Se frequente eu tomar

4 xícaras por dia

Menor risco eu correria

De um ataque fulminante

Do coração palpitante

Me deixando confortável

Pruma vida mais saudável

O café é importante.


O café teve inimigos

Que eram contrário ao café

Contra às leis de Maomé

Aquele pó era um perigo

Tinham medo do castigo

Essa batalha foi vencida

A bebida foi aderida

Por doutores muçulmanos

Por poderosos profanos

Ela foi bem consumida.



O SÁBIO SAMURAI





Perto de Tóquio, vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar Zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário. 

Certa tarde, um guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos, apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação. Esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para observar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar sua fama.

Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho e sábio samurai aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade. Lá, o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos que conhecia, ofendendo, inclusive, seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho sábio permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro desistiu e retirou-se. 

Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado tantos insultos e tantas provocações, os alunos perguntaram: — Como o senhor pôde suportar tanta indignação? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que poderia perder a luta, ao invés de se mostrar covarde e medroso diante de todos nós? 

Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? — perguntou o Samurai. 

A quem tentou entregá-lo — respondeu um dos discípulos. 

O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos — disse o mestre. — Quando não são aceites, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.

A sua paz interior, depende exclusivamente de si.

As pessoas não lhe podem tirar a serenidade, só se você permitir. 

maio 24, 2023

UM GUARDIÃO - Adilson Zotovici




Quão confusa a situação

Que neste verso menciono

Difusa cada opinião

Do universo coleciono


Cada qual com sua razão

Cada obreiro até o trono

Todos com a preocupação

Do canteiro ao abandono


Criticam alguns à exaustão

Com o que decepciono

Quem não o faz, diz ter patrão


A igualdade eu abono

Melhor que haja um guardião...

_Pior uma Loja sem dono_ !


VIVENDO EM DOIS MUNDOS - Francisco Feitosa



A humanidade caminha automatizada, em uma rotina sem fim, brigando por sua subsistência, em um mundo de tão exacerbado materialismo, que a fez se distanciar, em muito, da Fonte Criadora. Bem descreve um trecho da letra de um sucesso musical do cantor e compositor Lulu Santos, lançado há quase três décadas: “Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade”.

Estamos sobrevivendo ao cotidiano de trabalhar e pagar boletos, e já nos damos por satisfeitos quando conseguimos fechar o mês sem ter que nos socorrer ao cheque especial ou parcelar a fatura do cartão de crédito.

Um estudo do IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação aponta que o valor pago em impostos representa 40,82% do rendimento médio brasileiro, o que significa que trabalhamos 149 dias, apenas, para pagar impostos. Assim, poderemos afirmar que, até a segunda-feira, dia 29 de maio de 2023, todo o fruto de nosso trabalho foi para pagamento de tributos.

Durante o Brasil Colônia, o ciclo do ouro levou, tanto portugueses como brasileiros deslocarem-se para as regiões das minas, onde tentariam a sorte para adquirir o precioso metal. Entretanto, a Coroa Portuguesa interviu, colocando, assim, impostos sobre o ouro obtido. A partir de 1750, já nas casas de fundição, iniciou-se a tributação de 20%, portanto, um quinto de toda a quantidade de ouro extraído, o que era enviado para Portugal. Esse tributo era muito odiado pelos donos de minas, que passaram a chama-lo de o “quinto dos infernos”. Esta é a origem e o verdadeiro significado desta expressão!

Hoje, pagamos de imposto mais do que o dobro do “quinto dos infernos”, o que significa que trabalhamos os primeiros 149 dias do ano sem nada receber, para, então, começarmos a fazer jus ao suor que escorre de nossos rostos. 

Somos escravos de nós mesmos ao nos contentarmos com tal realidade. Se tais tributos fossem revertidos em benefícios para a população, pelo menos, no que deveria nos assegurar a nossa Constituição -  Educação, Saúde e Segurança, seria até justificável esse exagerado percentual.

Normose - a Patologia da Normalidade, publicado em 2003, é o título do livro de autoria Jean-Yves Leloup, Pierre Weil e Roberto Crema, que assim define o termo Normose: “um conjunto de hábitos considerados normais pelo consenso social que, na realidade, são patogênicos e nos levam à infelicidade, à doença e à perda de sentido na vida”.  

Vivemos, de fato, uma normose, que é uma anomalia da normalidade, que faz com que aceitemos que, as distorções da realidade de nosso cotidiano passem a ser consideradas como algo normal. Ao “escolhermos” nossos representantes políticos, os quais nos escravizam; ao aceitarmos certas inovações tecnológicas, sem sequer questioná-la, a exemplo da IA – Inteligência Artificial; ao assistirmos o desvanecer da instituição Família, célula mater de uma nação, em nome de uma pseudo modernidade; ao permitirmos que nossos filhos sejam adotados por ideologias, abrindo mão de nossa responsabilidade de bem educa-los; assim como, quando acatamos as imposições da Agenda 2030, criada pelo Fórum Econômico Mundial, sem se importar em sequer investigar seus interesses escusos, estaremos, assim, em meio a uma normose.

A humanidade segue sem rumo, e quem não tem destino, aceita chegar a qualquer lugar! Permitam-me pensar diferente da “manada” e rejeitar, no meu cotidiano, essa Normose. Convido-lhe a uma reflexão, ainda que por um lapso de tempo, sem interromper, é claro, seu jogo de futebol; fora do horário do seu Big Brother; antes ou depois do capítulo diário da sua novela preferida, a fim de leva-lo a pensar se esse comportamento da população não está atendendo a interesses ocultos de outrem.

Quando nos concedemos o direito de duvidar dessa realidade, ainda que por um breve momento, estaremos abrindo um portal de Luz para expandir nossa consciência. É fato que existe um Sistema de Poder que nos remete a tais comportamentos, ditando a tendência da moda; o carro de devemos comprar, a cada ano; o que devemos comer ou beber e aonde; o livro que devemos ler; os seriados que devemos maratonar; e com a desculpa tecnológica de facilitar a vida humana, surge a Inteligência Artificial, que, logo, substituirá o seu Deus, já que a humanidade O abandonou, e olha que isso já faz tempo! 

Decerto, sob as vendas da ilusão, alguns irão me rotular de “Teórico da Conspiração”. Não me importo. Muitos que sofrem e/ou sofrerão os efeitos desse experimento genético, chamado de vacina, também, já assim o fizeram! Diria, então, o cantor Zé Ramalho: “Eh, vida de gado! Povo marcado, povo feliz!”

“A República”, escrito pelo filósofo Platão (428-328 a.C.), sua Obra mais complexa – composta por dez livros, fala sobre as várias formas de governo e política para se chegar ao modelo político ideal. Nela, encontramos o “Mito da Caverna” que, segundo Platão, trata-se de uma narrativa sobre um grupo de prisioneiros (humanidade) acorrentado dentro de uma Caverna (que somos nós mesmos), onde só lhe é possível avistar as sombras que são projetadas na parede, a sua frente (a mídia comprada). Na verdade, tais sombras eram criadas por pessoas escondidas que passavam em frente a uma fogueira, fazendo gestos e expondo objetos, formando figuras, que se projetavam na parede. Essa é a única realidade dessas pessoas que, com o passar do tempo, já nem tinham mais consciências de que eram prisioneiras. 

Em certo momento, um deles, descontente com aquela realidade, conseguiu se libertar das correntes (o Despertar), e acabou por descobrir como era manipulado, conseguindo fugir da Caverna, deparando-se com a Luz Solar (consciência) que, de início ofuscou suas vistas, mas, aos poucos, retomou sua visão e contemplou um mundo de cores, cheiros e gostos sem fim. 

Aquele que se libertou da Caverna se encontrou diante de um dilema: voltar e tentar convencer seus companheiros que tudo aquilo era uma grande ilusão, correndo o risco de ser chamado de louco ou, simplesmente, seguir sua nova vida, em liberdade? 

Eu, ao lhe enviar este texto, talvez seja esse louco que retorna à Caverna na esperança de salvar seus companheiros e que, muito provavelmente, serei chamado por alguns leitores de “teórico da conspiração”. Mas como dizia o poeta Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena, se a Alma não é pequena”.

E como dizia Lulu Santos, “assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade”, sob os grilhões da ignorância, aprisionada por um Sistema de Poder, formado por um pequeno grupo de poderosos - os metacapitalistas – a exemplo do Club de Bilderberg, que se reuniu neste 18 de maio de 2023, em Lisboa, para ditar, mais uma vez, os destinos da economia mundial e consequentemente da humanidade.

Pesquisar sobre temas como a Nova Ordem Mundial; Agenda2030; O Grande Reset; os bastidores da Guerra da Ucrânia, dentre outros assuntos que, jamais, passarão nas “Rede Globo da vida”, fará você despertar para uma nova realidade, abandonar a “manada”, e se recusar a aceitar a viver nessa “Normose”.

Quem assim DESPERTAR, perceberá que vivemos, de fato, em dois mundos: um, que nos induz a cumprir o que dita esse Sistema de Poder, a exemplo da campanha do Fórum Econômico Mundial, na implantação da Agenda 2030: “Você não terá nada e será feliz”. E, outro, reservado aos DESPERTOS que optaram por quebrar as correntes, abandonar a Caverna e contemplar a LUZ de sua própria consciência! 

Um feliz despertar para você! 



maio 23, 2023

MANUAL DOS CARGOS EM LOJA DO REAA - Almir Sant"Anna Cruz

Este Manual, sem a presunção de esgotar o assunto, pretende transmitir aos leitores de forma simples, clara e direta as particularidades de cada um dos 22 cargos do Rito Escocês Antigo e Aceito, o mais praticado no Brasil.

Desde a sua introdução no país o Rito Escocês Antigo e Aceito sofreu fortes influências de outros Ritos.

Primeiramente do Adonhiramita e do Moderno, seus antecessores no Grande Oriente do Brasil e posteriormente do Ritual de Emulação inglês e do Rito de York Americano, após a cisão havida no Grande Oriente do Brasil em 1927, com a fundação das Grandes Lojas Estaduais.

Num processo de importação de práticas de uma Potência por outra poderíamos dizer que no Brasil não se trabalha verdadeiramente no Rito Escocês Antigo e Aceito e sim no Rito Escocês Antigo e Aceito Brasileiro.

Todavia, no que respeita aos cargos em Loja, existe uma certa uniformidade em seu quantitativo, em seus títulos e em suas atribuições.

Poucas são as variações, e estas não afetam o seu conteúdo.

Em algumas Potências cabe ao Primeiro Vigilante instruir os Aprendizes e ao Segundo Vigilante os Companheiros e em outras as incumbências são inversas. 

Em algumas o Secretário e o Chanceler são eleitos e em outras são indicados pelo Venerável Mestre.

Em algumas o Mestre de Cerimônias usa como joia uma Régua e em outras um Triângulo Equilátero.

Em algumas o Hospitaleiro tem assento no Sul e o Mestre de Cerimônias no Norte e em outras as posições são invertidas.

Em algumas o Cobridor Interno senta-se à esquerda de quem entra e o Cobridor Externo a direita e em outras as posições são invertidas.

Algumas denominam o Cobridor Interno como Guarda do Templo.

Em algumas os Diáconos portam bastões para formarem um Pálio e em outras os Diáconos não portam bastões e não se forma o Pálio.

E em quê essas variações afetam o conteúdo? 

Absolutamente em nada!


Interessados no livro, contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

maio 22, 2023

PEDRA BRUTA - UMA DAS JOIAS FIXAS DA LOJA - Pedro Juk










Em se tratando de Maçonaria a "pedra" é um dos elementos primordiais no desenvolvimento do sistema iniciático da Ordem Maçônica. Em síntese, a pedra é a principal matéria prima especulativa utilizada pela Moderna Maçonaria. Essa alegoria, tida como a "grande magia", é o principal ponto de partida da escalada iniciática (a pedra angular).

Para uma breve compreensão desse elemento simbólico básico, se faz cogente que o estudante iniciado perscrute, em fontes limpas e saudáveis, as origens da Sublime Instituição - a partir da Maçonaria de Ofício com seus aproximados 800 anos de história.

Despido de qualquer fantasia e ufanismo o estudante compreenderá assim que, principalmente sob a tutela da igreja-estado, as nossas origens advêm das corporações de ofício constituída pelos canteiros medievais que tinham por missão construir castelos, igrejas, catedrais, mosteiros, capelas, abadias, obras públicas, etc.

A partir do século XII, de modo organizado em guildas de construtores, esses operários tinham como sua matéria prima principal de trabalho a pedra calcária - bruta tal qual retirada da jazida – cuja qual era desbastada e esquadrejada para se tornar num elemento útil, isto é, cúbico e sem arestas de modo a ser assentado e aprumado sobre as bases niveladas. Conforme as etapas da obra se desenvolviam, as paredes eram "elevadas" de acordo com as exigências da Arte.

Com o advento da Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos, fato que ocorreria a partir do século XVII, principalmente pela perda de prestígio das confrarias de construtores devido ao declínio do estilo gótico e o reavivamento da cultura greco-romana (Renascimento), os ofícios seriam paulatinamente substituídos por construtores sociais. 

Assim as corporações que outrora se utilizavam literalmente da pedra calcária, paulatinamente se transformariam em associações de ofício especulativo, cujas quais passariam a se dedicar à construção moral e ética visando o aprimoramento do ser humano (transformação da Maçonaria Operativa para Especulativa).

Dado a esse ideário, a pedra tosca do passado operativo agora seria simbolicamente comparada ao homem carente de instrução e aprimoramento, o que dá a ideia iniciática do aperfeiçoamento humano que ocorre dentro das atuais Lojas, dignas representantes das outrora oficinas de trabalho do ofício.

Assim, o conceito especulativo da Moderna Maçonaria é o de transformar o homem bruto e desprovido de instrução, tal qual a pedra recém retirada da jazida, numa pedra desbastada e cúbica utilizável na composição das paredes de um templo dedicado à Virtude Universal, o que em linhas gerais remonta toda a alegoria iniciática maçônica – cada ciclo de aperfeiçoamento (Aprendiz, Companheiro e Mestre) é uma etapa dessa construção simbólica.

Dados esses breves comentários, seguem alguns elementos relativos ao simbolismo dessa construção especulativa proposta pela Moderna Maçonaria:

a) *A Pedra* - De modo genérico o termo menciona qualquer pedaço de rocha. É também a porção sólida de uma substância, a lápide sepulcral, etc. Como Maçonaria designa literalmente a arte do pedreiro, indubitavelmente a pedra ocupa, como símbolo para os maçons especulativos, um lugar de destaque na sua liturgia. Assim, em Maçonaria a pedra se divide em dois elementos principais denominados por Pedra Bruta e Pedra Cúbica.

A *Pedra Bruta* é o elemento informe, bruto e tosco, tal qual o que fora retirado da jazida e no qual simbolicamente trabalha o Aprendiz Maçom desbastando e esquadrejando em alusão ao que fazem os canteiros (cortadores da pedra).

A *Pedra Cúbica*, elemento de trabalho do Companheiro Maçom é a pedra bruta, agora esquadrejada e pronta para ser usada na elevação das paredes do edifício.

Dentre outros, a pedra é também o marco angular, ou elemento fundamental que sugere a primeira pedra colocada para começar a obra. A Pedra Fundamental ou Angular, possui extremado significado simbólico na liturgia maçônica.

b) *Pedreiro* - Palavra derivada de pedra, é o indivíduo cuja profissão é a de trabalhar em obras que utilizam a pedra. É o canteiro, ou o elemento que constrói alicerce, muros, paredes, etc.

Desse modo, simbolicamente o maçom na Moderna Maçonaria é o pedreiro que se empenha na construção interior do homem, ou seja, na edificação de um templo espiritual aprimorado. Designa o Construtor Social e é comumente conhecido como pedreiro livre.

c) *Pedreiro Livre* - Tem sido a designação genérica do maçom. Essa é uma expressão usada também pelos franceses como "Franc-Maçon", como "Libero Muratore" pelos italianos, como "Freimaurer" pelos alemães, tudo em detrimento da expressão inglesa "Freemason" que, segundo muitos autores seria um termo relativo aos maçons operativos, ou de ofício, que trabalhavam na pedra de cantaria (freestone) – a pedra que era lavrada e cortada livremente, sem rachaduras.

Há ainda o aspecto histórico que relaciona o termo a uma época em que muitos homens eram servos e o ingresso na Maçonaria se dava apenas àqueles que era livres. Desse modo as palavras inglesas "free" e "mason" somente apareceriam usadas juntas no primeiro quartel do século XVIII quando das Constituições compiladas por James Anderson e publicadas em 1723 em Londres (vide in "Notes for an Entered Aprentice" – Instruções da Grande Loja Unida da Inglaterra).

Dadas essas colocações, reitero que a Pedra Bruta em Maçonaria é aquela na qual trabalham
iniciaticamente os Aprendizes com a fim de transformá-la numa Pedra Cúbica para ser utilizada nas construções. Para esse trabalho de esquadrejamento o Aprendiz carece de ter em mãos dois elementos fundamentais, o Maço (vontade) e o Cinzel (inteligência) – a vontade deve ser aplicada com inteligência.

Esotericamente a Pedra Bruta é o homem ainda carente de instrução e aprimoramento; a Pedra Cúbica é o homem já aperfeiçoado e evoluído pelo conhecimento adquirido na senda iniciática. Esse caminho é indicado, no REAA, pelas doze Colunas Zodiacais que ocupam respectivamente os topos das Colunas do Norte e do Sul.

Concluindo, entendo que essa síntese pode dar o norte necessário para compreender essa etapa da Arte, a despeito de que é direito do Aprendiz solicitar auxílio aos Mestres da sua Loja, cujos quais também têm por obrigação instruí-lo nesse desiderato. 

O tema Pedra Bruta deve ser investigado a contendo pelo Aprendiz. Não é difícil encontrar material bibliográfico a respeito. Posso de pronto indicar, dentre outros, o livro A Cartilha do Aprendiz do Irmão José Castellani, O Aprendiz Maçom do Irmão Xico Trolha, e Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, Tomo I de minha autoria. Todos podem ser encontrados na Editora Maçônica A Trolha.

maio 21, 2023

A CONFIANÇA - Eduardo Fondello


O sentimento de confiança é a sensação de segurança e tranquilidade que uma pessoa tem em relação a si mesma, aos outros ou a uma situação em particular. Quando alguém confia em algo ou alguém, ela acredita que pode contar com essa pessoa ou coisa para alcançar um objetivo ou superar um desafio. 

A confiança é uma emoção importante para fortalecer relacionamentos, tomar decisões, enfrentar medos e atingir metas.

A história da maçonaria vivenciada por muitos de nós tem, contemplado a confiança como essencial para a construção de relacionamentos saudáveis entre os maçons. Ela se desenvolve a partir de vivências que reforçam os pressupostos estabelecidos pela cadência rítmica das instruções praticadas no âmbito da Loja. 

É importante acreditar que um irmão maçom maduro, sempre agirá de forma coerente com os valores e expectativas estabelecidos. Além disso, a confiança, quando perfeitamente lapidada pelo uso correto das  ferramentas,  implica em se apresentar e sentir-se seguro para expor ideias e sentimentos sem medo de ser julgado ou traído. Para isso, é fundamental manter uma comunicação frequente, assídua, aberta e honesta, respeitando-se a individualidade e as necessidades do outro…

Também é importante cumprir os compromissos institucionais sendo sempre coerente com as próprias palavras e atitudes. Tenho dito: “Quem não prática a própria crença, não é digno de credibilidade”.

Somente a partir desses aspectos, as relações entre os irmãos maçons fortalecem-se com maturidade, proporcionando confiança, segurança e colaboração mútuas. 


maio 20, 2023

A INSTALAÇÃO DO VENERÁVEL MESTRE - Luciano Rodrigues


RELATOS HISTÓRICOS

Uma das acusações que os “Antigos” fizeram aos “Modernos” no século XVIII era a de ter caído no esquecimento ou negligenciado a cerimônia secreta de Instalação do Mestre Eleito da Loja, atualmente chamado de Venerável Mestre. Em 1813, após a união das duas Grandes Lojas rivais da Inglaterra, esta cerimônia passou a ser considerada como um dos marcos tradicionais.

Este artigo é baseado na escrita do pesquisador francês Rene Guilly, também conhecido como René Desaguliers, que por sua vez revisou o trabalho de Harry Carr na revista Ars Quatuor Coronatorum vol.89 de 1976 sob o título “A Evolução da Cerimônia de Instalação e Ritual” e foi exibido por Harry Carr na loja de mesmo nome em 19 de fevereiro de 1976.

Como a cerimônia de instalação é difundida na França, René Desaguliers tem interesse especial em estudar as fontes desta cerimônia secreta, através das divulgações maçônicas, que são importantes registros históricos. Interesse este que não é diferente das pesquisas realizada para o “Prumo de Hiram”.

De qualquer forma, Harry Carr limita seu estudo apenas às fontes inglesas, embora, enfatiza Désaguliers, as fontes irlandesas pareçam ser de seu interesse.

Primeiro de tudo, Harry Carr remonta à história da Maçonaria Inglesa por 600 anos, até a Maçonaria operativa e descobre que não há nenhum vestígio de cerimônias de instalação ou eleição antes da maçonaria especulativa de 1717, mesmo com relação aos Diáconos, Vigilantes e Mestres.

As Constituições de Anderson de 1723, no entanto, descrevem o caminho para constituir e criar uma nova loja. Cita também a Cerimônia de Instalação de Wharton. Estamos falando de Philip Wharton, 1º Duque de Wharton, Grão-Mestre da Grande Loja de Londres e Westminster em 1722.

É a descrição mais antiga da instalação do Mestre de uma nova loja e o que aprendemos com ela?

Em primeiro lugar, o Grão-Mestre pergunta se o “candidato” foi examinado por seu vice/adjunto. Aquele candidato que é um Companheiro do Ofício, de boa moral e grande experiência, está localizado à esquerda do Grão-Mestre e após o consentimento unânime dos irmãos, a nova loja é constituída, os deveres do Mestre são apresentados e ele é instalado.

Infelizmente, nem esses deveres nem a cerimônia de instalação são conhecidos.

Em seguida, todos os membros curvam-se para a sua vez para cumprimentá-lo como sinal de submissão. A primeira coisa que está provada é que a Maçonaria de 1723 tinha dois graus, mesmo que, nesse caso, não esteja claro em que grau a cerimônia está aberta.

Os membros são, sem dúvida, Mestres e Companheiros do Craft, e nenhuma obrigação do Mestre eleito foi encontrada, nem um sinal, um toque ou uma palavra. Observe finalmente que, embora as Constituições de Anderson não descrevam a cerimônia, existem os encargos e requisitos para ter a honra de acessar tal cargo.

E somente nas “Três Batidas distintas” (Three Distinct Knocks) de 1760, que é descrita a primeira cerimônia de instalação durante a cerimônia de constituição de uma nova loja. Fala-se de “a obrigação dos oficiais de uma loja”, sendo a primeira do Mestre “na Cadeira”.

A loja parece aberta no terceiro grau e nada se sabe da eleição. O texto se concentra na parte esotérica da cerimônia. O futuro Mestre ajoelha-se em ambos os joelhos ao sul e assume uma obrigação que retoma as idéias clássicas: de não revelar a palavra e o toque, de respeitar os deveres de sua posição e de trabalhar para o bem da Maçonaria, etc etc … sob pena de receber as punições do Aprendiz Admitido, do Companheiro de Ofício e do Mestre Maçom!

Elevado com o aperto de mão do Mestre, o Instalador desliza até o cotovelo e sussurra a palavra e, presumivelmente, agora está instalado na Cadeira. Então o aplauso do Mestre é dado, descrito como o grande sinal de um Mestre Maçom que é feito levantando as mãos em sua cabeça, depois descarregando-o no avental e ao mesmo tempo batendo no chão com os dois pés.

As divulgações, “As três batidas distintas” e “Jakin e Boaz” apresentaram em 1762 a mesma cerimônia.

Em 1730, John Pennel, Secretário da Grande Loja da Irlanda, retoma a cerimônia de Wharton para a redação do Livro das Constituições irlandesas, mas sem mencionar Wharton. Da mesma maneira que Laurence Dermott que foi instalado em 1746, como Mestre da Loja nº26 em Dublin, também retoma a mesma cerimônia com algumas modificações na sua publicação do “Ahiman Rezon” de 1756.

Em 1775, será William Preston em sua “Ilustrações da Maçonaria”, que mostra uma nova evolução. Retoma a Instalação de Wharton e insere o primeiro texto completo dos Deveres do Mestre, muito próximo dos usados hoje em dia. Ao novo Mestre da Loja é entregue a insígnia do seu cargo e a carta patente da loja, apresenta-se o Volume da Lei Sagrada, o livro das Constituições, as ferramentas e jóias dos oficiais a serem empossados, que são felicitados conforme suas funções.

Mas como Preston escreveu sobre a cerimônia de instalação em 1775, se ele pertencia a uma loja dos Modernos?

William Preston foi iniciado em 1763 na loja nº111 da Grande Loja dos Antigos. Em 1764, sua loja mudou de obediência e de nome, passando a se chamar Loja Caledonian nº325 da Grande Loja dos Modernos.

Posteriormente, a Loja Caledonian tornou-se, a principal componente do primeiro Grande Capítulo do Sagrado Arco Real. Acredita-se que os membros da loja, apesar de estarem sobres a égide dos Modernos, continuavam praticando o chamado quarto grau dos Antigos ou Arco Real.

Em 1774, irmãos da Loja Antiquity participaram de uma palestra de William Preston e ficaram impressionados com seu conhecimento sobre os Antigos e o convidaram para ser membro da Loja que outrora, com o nome de Ganso e a Grelha, fora fundadora da Grande Loja dos Modernos. A Loja Antiquity se orgulhava de ser uma das primeiras lojas da obediência e por não estarem muito satisfeitos com as mudanças realizadas pelos Modernos, tinham especial interesse nas práticas descritas por Preston.

A partir de 1801, há vestígios da cerimônia de instalação, mas ao contrário do livro de William Preston, não há palavras de passe, sinais, toques ou penalidades. E será somente em 1822, nas atas da Loja Antiquity, que algo novo aparecerá.

De fato, em um certo momento da cerimônia, os Irmãos Mestres instalados se retiram. Preston frequentemente utilizou a noção de “uma sala adjacente”, uma sala onde o Mestre Eleito será apresentado ao Mestre Instalador, fazendo uma apologia de suas qualidades e méritos, o secretário irá recitar os antigos deveres e regulamentos, prestando seu juramento de Mestre Eleito (Venerável Mestre).

Especificamente, é mostrado que nada se sabe sobre se houve ou não uma abertura e fechamento daquela cerimônia, e se isso deve ser feito na presença de pelo menos três Mestres Instalados.

O novo Mestre é descrito saindo da sala adjacente vestido com suas insígnias, colocando-se na cadeira e sendo aclamado. Então, em procissão, os membros prestam homenagem a ele, como sinal de submissão; a loja fecha no terceiro grau, em seguida, descendo até o primeiro grau, onde todos os oficiais são empossados.

Vamos voltar no tempo, agora estamos em 1810 com a instalação da Loja de Promulgação. Parece, segundo Harry Carr, que os Modernos haviam negligenciado totalmente essa cerimônia, ao contrário do que os Antigos fizeram sob a direção de Dermott. E, de fato, a Cerimônia de Instalação foi considerada um dos “Marcos” em vista da reunificação que deu lugar a Grande Loja Unida da Inglaterra.

Progressivamente, vai se constatando, pelas atas que chegaram até nós, que o ensino das cerimônias de instalação estava evoluindo, pelo menos em teoria, já que não há nada que nos permita dizer como ela realmente foi praticada em sua totalidade.

A próxima evolução está no MS. Turk de 1816, que constitui a terceira Instrução de William Preston, da qual existem cinco versões manuscritas, mas a MS. Turk é a única completa conhecida.

Verifica-se que o Mestre Eleito é apresentado à Loja no Segundo Grau, que lhe são dados os Antigos Deveres, os regulamentos gerais, onde ele assume o compromisso que assina e sela, os Mestres Maçons e os Mestres Instalados saem para uma “sala de Instalação” onde os trabalhos do terceiro grau são abertos, então os Mestres Maçons se retiram, deixando apenas o “Conselho de Mestres Instalados”.

O Mestre Eleito é novamente apresentado e recebe “o benefício da Instalação”, ele se ajoelha em ambos os joelhos e os dois Mestres Instalados juntam suas mãos formando um arco acima dele. Todos os irmãos se ajoelham.

Uma vez cumprida, se faz uma invocação ao Pai Todo Poderoso, observando que é a versão antiga de um ritual que contém uma oração de abertura e que difere pouco da usada hoje na Inglaterra.

Retomando o curso da cerimônia, o Mestre Instalado assume seu juramento e é colocado na cadeira pelo toque e pela palavra, é saudado e, por fim, o Conselho é fechado ou, mais exatamente, suspenso. Note aqui que as noções de trabalhos abertos e suspensos, não vêm de um ritual específico. Os Mestres Maçons são reintroduzidos e a Loja é fechada no terceiro grau, retornando a todos para a Sala da Loja, onde os trabalhos também são fechados.

E, com efeito, essa instalação é observada melhor em “Três Batidas Distintas” e “Jackin e Boaz”. Note também que, embora haja um sinal de reconhecimento e um toque específico nessa cerimônia. Na história de William Preston, este sinal e toque não são encontrados.

Pode-se pensar que, se Preston formalizou esta cerimônia, ela pode ter sido praticada por lojas dos Modernos, já que o controle da Grande Loja sobre a ritualística das lojas, não era muito grande.

Assim, com o tempo, o Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1827, teve que intervir pessoalmente para padronizar as cerimônias no país e ainda instalar como se deveria, os Mestres de Loja, mesmo aqueles que já estavam em exercício.

Dez irmãos foram nomeados, incluindo o Grande Secretário e o Grande Arquivista para formar uma comissão especial chamada “Loja ou Conselho de Mestres Instalados”, que tinha como objetivo manter regularmente lojas de instrução de Mestres Instalados, esse Conselho também podia instalar os Mestres Eleitos.

Há apenas um documento referente ao trabalho daquela estrutura de Mestres Instalados, a ata de 24 de fevereiro de 1827 da Loja ou Conselho de Mestres Instalados. Algumas perguntas que seguem, permanecem sem resposta e acima de tudo neste texto, René Désaguliers deixa as seguintes dúvidas:

Como dar forma para declarar ou constituir um Conselho de Mestres Instalados, bem como a abertura e encerramento dos trabalhos.

A palavra do Mestre Instalado e a maneira de comunicá-lo eventualmente.

A cláusula penal da obrigação.

A inspeção do templo por Salomão e o papel de Adonhiram.

A saudação dada pela Assembleia nos três graus da cerimônia.

Para responder a essas perguntas, é preciso consultar o que René Guilly reagrupou sob o termo “Documentos Mais Tardios” e o “MS Henderson”, que é um manuscrito de 350 páginas.

Em 1832, John Henderson foi 1º Vigilante da Loja Antiquity nº2 e foi Presidente do Departamento de Assuntos Gerais da Grande Loja Unida da Inglaterra em 1836-1837. No início dos trabalhos do Conselho de Mestres Instalados, ele descreve em seu caderno, entre outros, a terceira instrução de William Preston do MS. Turk, que citamos anteriormente.

Da mesma forma, em 1838, aparece a publicação do ritual do terceiro grau e a Cerimônia de Instalação de Georges Claret, que de alguma forma é o precursor ou o pai dos rituais impressos, como os que conhecemos hoje.

Voltemos à conclusão desta primeira parte, as contribuições históricas para responder a cinco questões anteriores.

Os dois textos confirmam que após a abertura da Loja nos três graus, os Mestres Maçons se retiram e pelo menos três Mestres Instalados constituem por uma simples declaração e um simples golpe de malhete, o Conselho de Mestres Instalados; não há cerimônia de abertura ou encerramento.

Se a palavra do Mestre Instalado parece omitida na ata de 1827, pode-se simplesmente pensar que ela foi voluntária por razões de prudência.

Para o sinal penal, a omissão também foi prudência? De fato, pode-se pensar que não existia antes de 1827 e que Claret e Henderson foram os primeiros a fazer uma referência direta.

Para a inspeção do Templo por Salomão, nada existe antes de 1827 se não é uma referência ao “sinal e saudação de um Mestre de Artes e Ciências”. Henderson fala de sinal e saudação e um pouco de sua história, Claret dá na plenitude também a introdução da Rainha de Sabá.

Finalmente, a saudação ao Mestre Instalado pelos participantes parece ser uma recente inovação, sendo que Claret e Henderson não evocam mais do que uma simples saudação do Mestre Instalador.

Para entender o interesse de pesquisar a prática dessas cerimônias hoje, para entender a história e sentir o simbolismo, eu poderia terminar o resumo citando um parágrafo de René Desaguliers:

“A instalação é, acima de tudo, a mais alta honra que uma loja pode conferir, implicando os deveres e responsabilidades de um significado profundo para o feliz recipiendário e a cerimônia é sempre interessante e bela, desde que seja conduzida com dignidade e o decoro que eles impõem”.

———————————————————————————

Bibliografia:

Constituições da Grande Loja de Londres e Westminster – 1723

Constituições da Grande Loja da Irlanda – 1730

A Maçonaria Dissecada – 1730

Ahiman Rezon – 1756

As Três Batidas Distintas – 1760

Jackin e Boaz – 1762

Ilustrações da Maçonaria – William Preston – 1775

The Evolution of the Installation Ceremony and Ritual – Harry Carr – 1976

L’evolution de la céremonie et du rituel d’Installation secréte du Maitre Elu, René Desaguliers – 1991