junho 27, 2023

TOLERÂNCIA E RESPEITO - Sidnei Godinho



Os dias e principalmente aquilo que colhemos dele pelo convívio com outros irmãos, nos proporcionam verdadeiras pérolas, que fundamentam fartas reflexões.

Em nome da boa fraternidade que nos propomos, muitas vezes clamamos por Tolerância e devido talvez as constantes invocações, parece que o termo adentrou para a vala comum, na defesa de nossos interesses.

Muitas vezes em que o termo foi “invocado”, parecia mais apropriado substituir pelo respeito.

Parece meus Amados Irmãos, que estamos substituindo gradativamente o sentido do termo respeitar, mesmo quando discordando, para no seu lugar, invocar o termo tolerância.

E aqui nos envolvemos com os contraditórios, nas diferentes situações que estamos diariamente sujeitos no mundo globalizado de hoje.

Vejamos um contexto bem atual (rede sociais) e por razões conhecidas, são estabelecidas regras para a circulação de postagens nos diferentes grupos maçônicos.

Estabelecidas as regras, a energia geradora daquele grupo, vai se consolidando... consolidando... consolidando até que a Egrégora reinante do grupo, envolva a todos.

De repente para exemplificar... alguém propaga indevidamente, um tipo de postagem contrária as regras do grupo e naturalmente, colherá prós e contras.

O que é isso que sentimos na forma de um desconforto gerado?

Mesmo quando não nos apercebermos disso, sentimos a quebra da Egrégora do grupo.

Para que uma Egrégora seja reinante, é necessário que todos respeitem a liberdade de cada um viver e conviver com suas preferências, sejam elas quais forem, noutro local que lhe seja apropriado, longe do grupo exatamente para não conflitar a predominância energética do grupo.

Porém e mesmo discordando, o grupo DEVE RESPEITAR a preferência daquele membro.

Mas vejam como fica desafiante se tentarmos encaixar na situação, o termo Tolerar.

Tolerar seria relevar aquele tipo de postagem?

Tolerar seria permitir que aquele tipo de postagem contrária as regras do grupo continue ocorrendo? Somente uma vez pode?

Tolerar é se omitir diante da situação?

Por isso fico pensando, qual a significação que estamos atribuindo para o termo Tolerar?

Quando educamos nossos filhos PELO EXEMPLO, toleramos seus tropeços advindos das incompreensões, nos precavendo em todos os sentidos e com todos os recursos disponíveis, para que aqueles erros sejam corrigidos, não é assim?

E quando um mestre erra não mais pela incompreensão, mas pelo velho hábito de permanecer “plugado” em determinadas energias?

O que devemos fazer?

Desafiante não é mesmo?

Por isso que vamos nos plugando em determinados grupos que agregam para nossos interesses, e silenciosamente nos afastamos, EMBORA REPEITANDO, daqueles grupos com outros interesses de postagens, rogando... que a sagrada liberdade de escolha, não nos torne intolerantes.

Respeito e Tolerância.

Como preserva-los em essência, na fraternidade que nos propomos?

A consciência e o conhecimento hão de nutrir a Sabedoria para decidir entre a Tolerância e continuar amargurado ou o Respeito à adversidade e seguir em frente em outro grupo que tenha afinidade. 

Boas Reflexões meus irmãos. 



junho 26, 2023

A FALSA SABEDORIA - Anestor Silva



Não se trata de novidade a palavra “achismo”.

Já tinha ouvido sua citação por eloquentes oradores, mas confesso, nunca me tinha atentado em saber o seu real significado até que certo dia, ao ouvir mais uma vez, alguém afirmar que “pau é pedra,” só porque, na sua concepção o fato era tido como verdadeiro, dei-me conta rapidamente de que a conotação daquela palavra não me era assim tão estranha, mas, ao contrário, eu já vinha convivendo, havia algum tempo, com o que o “achismo” significa.

O citado vocábulo tem como sentido a convicção de quem, de modo irresponsável, sustenta um fato tipificado em norma ou em instruções similares, de outra forma baseando-se em meras suposições.

Ele retrata uma cultura que, a despeito da incerteza, leva o indivíduo a crer que o modo como os fatos devem ser corretamente interpretados não seja o da interpretação das regras que o tipificam, o do conhecimento da verdade, mas o que se baseia no auto entendimento e na convicção pessoal.

É o vocábulo que se atribui às pessoas que fazem comentários ou sustentam posições com pontos de vista definidos, com argumentação firme, porém, sem propriedade.

Por isso o achismo é a demonstração do falso conhecimento.

É o erro que alguém comete em afirmar convictamente algo que acha ser verdadeiro, correto, com base apenas em suposições.

Com todo esse arcabouço em torno de si o “achismo” ainda se completa passando-se por mecanismo ilusório, enganoso acerca da verdade.

Se prestarmos um pouco mais de atenção no comportamento das pessoas quando estão fazendo parte de uma reunião, de uma assembleia, de um plenário etc., notaremos, com facilidade, quem é "achista" entre os que fazem uso da palavra.

Ele normalmente é o que mais pede aparte e, por consequência, é o que mais vezes faz uso da palavra tentando assim persuadir os que o ouvem a aceitarem seus argumentos.

Embora incorporando o falso juízo da verdade, por não ter conhecimento absoluto do conteúdo daquilo que afirma, o “achista” é sempre categórico na sustentação de seus argumentos, da maneira que os supõe ser, por considerar os que o ouvem como menos esclarecidos.

Mas na escala dos valores intelectuais essa situação acha-se invertida, pois o “achista” é aquele que acha que sabe, porém, o suporte, o ponto de apoio daquilo que ele pensa nunca é o conhecimento, mas as conclusões a que ele chega segundo sua própria convicção.

A prova disso são as evidências. Certo dia, em uma Loja Maçônica interiorana, realizava-se uma sessão em que na Ordem do Dia tratavam os Irmãos da “filiação” de um candidato oriundo de outra Loja, portador de “Quite Placet” não vencido (o maçom só se torna irregular depois de vencido o prazo de validade do seu “Quite Placet”), quando alguém invocando claramente o princípio do “achismo”, levantou a voz para dizer que o processo em discussão deveria ser tratado como “regularização” e não “filiação.”

Diante do que foi dito, o desenrolar dos trabalhos, que até àquele momento era normal, tumultuou-se de repente em meio a inúmeros apartes.

Muitos falavam fazendo uso do “achismo.” Outros tantos, os eruditos, falavam citando bases legais como argumentos de seus pontos de vista e só depois de um bom tempo de acalorado debate concluiu-se acertadamente que o caso tinha mesmo que ser tratado como “filiação.”

*Naquele dia muito se trabalhou e pouco se produziu...*

Houve perda de tempo por conta de uma intervenção inócua, desprovida de cunho legal e motivada pelo exercício do chamado “achismo”, tendo sido seu protagonista o responsável pela grande confusão, pela discussão desnecessária o que, no final, quase levou ao erro os que se encontravam no caminho de um trabalho sério, justo e perfeito.

*Em nome da vaidade muitos querem reverberar refletindo falsa sabedoria...*

Este fato parece coisa banal, de pouco interesse, mas quando se refere a trabalhos litúrgicos da maçonaria o mesmo assume proporções desastrosas para a Ordem uma vez que a adoção do incerto e duvidoso é o desprezo à sabedoria e ao conhecimento dos princípios, normas e regulamentos que regem a mencionada instituição.

E aí eu próprio me pergunto: "Por que intervir, por que querer se impor sem ter conhecimento da verdade"??? 

... "Vaidade de Vaidades"... 



junho 25, 2023

REENCONTRO FILOSÓFICO - Newton Agrella







Há muito que não se viam.

Houve época em que seus encontros eram até relativamente mais frequentes e amistosos.

Porém, no campo da dialética, cada um sempre manteve-se fiel aos seus princípios.

Coincidentemente ambos encontraram-se, graças a um desses lances da vida,  justamente na acrópole, entre as colunas do templo.

Sofisma e Falácia antes de trocarem algumas palavras entreolharam-se e discretamente esboçaram um breve sorriso de satisfação.

Sob uma abóbada estrelada que testemunhava o encontro, as primeiras considerações entre si, eram o prenúncio do espírito contestador que invariavelmente colidiam em distorções filosóficas.

Como não poderia deixar de ser, a Falácia trazia consigo o argumento que  se tipifica através de uma espécie de mentira, que se sustenta sob uma lógica frágil e inconsistente de um conceito que se pretende provar como real e inequívoco.

Via de regra, por meio da persuasão, com o claro propósito de convencimento.

Por sua vez,  o Sofisma valia-se de um expediente cuja essência é uma mentira, propositada disfarçada e maquiada por argumentos consistentes e verdadeiros, para que possa parecer legítima e real.

Nos estudos da Lógica, a Falácia se evidencia como um erro de raciocínio ou argumentação, mas que parece estar correto. ...

Por outro lado, o Sofisma é um engano, um argumento inválido, uma ideia equivocada ou ainda, uma crença falsa.   

Desse fortuito encontro que se reveste de um princípio filosófico, que abriga os interesses humanos,  estabelece-se um processo de argumentação como forma de convencer sobre a verdade, de maneira incontestável.

Fica perceptível que existem formas de convencimento, a partir de argumentações incorretas ou ilegítimas. 

Tais formas nos convencem, mas não necessariamente da verdade, e recebem a alcunha de Falácias ou Sofismas, dependendo das circunstâncias em que protagonizam seus papéis.

Caso fôssemos  transitar pelo universo jurídico da matéria, caberia deixar no ar a seguinte indagação:

"A  Culpa ou o Dolo seriam respectivamente atinentes à Falácia ou ao Sofisma ?"



junho 24, 2023

POESIA MATEMÁTICA - Millor Fernandes




Um Quociente apaixonou-se

Um dia

Doidamente

Por uma Incógnita.


Olhou-a com seu olhar inumerável

E viu-a, do Ápice à Base…

Uma Figura Ímpar;

Olhos rombóides, boca trapezóide,

Corpo ortogonal, seios esferóides.


Fez da sua

Uma vida

Paralela à dela.

Até que se encontraram

No Infinito.


“Quem és tu?” indagou ele

Com ânsia radical.

“Sou a raiz quadrada da soma dos quadrados dos catetos.

Mas pode chamar-me Hipotenusa.”


E falando descobriram que eram

O que, em aritmética, corresponde

A alma irmãs

Primos-entre-si.


E assim se amaram

Ao quadrado da velocidade da luz

Numa sexta potenciação

Traçando

Ao sabor do momento

E da paixão

Retas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.


Escandalizaram os ortodoxos

das fórmulas euclidianas

E os exegetas do Universo Finito.


Romperam convenções newtonianas

e pitagóricas.

E, enfim, resolveram casar-se.

Constituir um lar.

Mais que um lar,

Uma Perpendicular.


Convidaram para padrinhos

O Poliedro e a Bissetriz.

E fizeram planos, equações e

diagramas para o futuro

Sonhando com uma felicidade

Integral

E diferencial.


E casaram-se e tiveram

uma secante e três cones

Muito engraçadinhos.

E foram felizes

Até aquele dia

Em que tudo, afinal,

se torna monotonia.


Foi então que surgiu

O Máximo Divisor Comum…

Frequentador de Círculos Concêntricos

Viciosos.

Ofereceu, a ela,

Uma Grandeza Absoluta,

E reduziu-a a um Denominador Comum.


Ele, Quociente, percebeu

Que com ela não formava mais Um Todo,

Uma Unidade.

Era o Triângulo,

chamado amoroso.

E desse problema, ela era a fracção

Mais ordinária.


Mas foi então que Einstein descobriu a

Relatividade.

E tudo que era espúrio passou a ser

Moralidade.

Como aliás, em qualquer

Sociedade.



junho 23, 2023

DICAS AOS APRENDIZES - Denison Forato






Nesta semana perdemos o brilhante irmão MI Denilson Forato, que levou a sua cultura e inteligência para o Oriente Eterno. Em homenagem à sua memória publicamos este texto.


1- Estude o Ritual de Aprendiz

2-Abra os olhos, ouvidos e feche a boca

3-Colha os bons exemplos e descarte os ruins

4-Observe tudo a sua volta, mas não teça críticas, sois ainda aprendiz

5-Macom só tem uma palavra, cuidado ao dize-la, se disser cumpra-se

6- Saiba que estamos em crise, de pessoas e de organização, então seja paciente e relevante.

7- Faça você, participe, vá a Loja, faça trabalhos, pois nem todos "usam nossos sapatos" e cada um sobe a escada de um jeito diferente.

8-Seja fiel a você e aos outros.

9-Olhe nos olhos

10- tenha postura reta, palavra mansa e atitudes com medida certa.

11-Estude o passado,o presente e o futuro, pois de gente ignóbil e idiota o mundo está cheio.

12-Converse com seu irmão sempre.

13-Visite seu irmão e família.

14-Respeite seu irmão, seu espaço,seu ponto de vista, seus gostos, sua família, mesmo que não goste de algumas coisas, a palavra mágica é respeito.

15-Sempre haverão 3 verdades, a sua, a do outro e a real verdade, busque-a.

16-Cave masmorras aos vícios, seja ele qual for.

17-Seja exemplo bom em casa, na sociedade e na maçonaria.

18- Quando se achar o sabe tudo, pegue seu avental, seu malho e seu cinzel e vá trabalhar na pedra bruta.

Se seguirem essas dicas, não terão problemas na Ordem e nem fora dela.


junho 22, 2023

UM APRENDIZ A BEIRA DA MORTE



Conta-se de um incidente ocorrido numa cidadela durante o século XIX em algum lugar da Inglaterra.

Uma criança foi encontrada morta. Logo acusaram um camponês Aprendiz Maçom de ser o assassino, por ter encontrado próximo ao corpo dela um objeto pessoal do mesmo e alegando-se que a vítima fora usada para a realização de rituais macabros.

O Aprendiz foi preso e ficou desesperado. Sabia que era um bode expiatório e que não teria a menor chance em seu julgamento, especialmente conhecendo o juiz local, famoso pelo rigor na aplicação da punição de pena de morte por enforcamento e contrário naquela região aos princípios maçônicos por desconhecê-los e acreditar ser incompatível com a fé que ele professava.

O Aprendiz pediu então que trouxessem um Mestre Maçom de sua Loja com quem pudesse conversar. E assim foi feito

Inconsolável, o Aprendiz lastimou-se com o seu irmão Mestre pela pena de morte por enforcamento que o aguardava, pois tinha certeza de que fariam de tudo para executá-lo. O Mestre Maçom acalmou-o, dizendo:

– Em nenhum momento acredite que não há solução. Um verdadeiro Maçom não teme a morte, tem sua fé inabalável e acredita na verdade e na justiça, e nunca se entrega à ideia de que não há saída.

– Mas o que devo fazer meu irmão?, perguntou o Aprendiz angustiado.

– Não desista, e o G.’. A.’. D.’. U.´. lhe mostrará um caminho inimaginável.

Chegando o dia do julgamento, o juiz, mancomunado com a conspiração para condenar ao enforcamento o pobre Aprendiz, quis ainda assim fingir que lhe permitiria um julgamento justo, dando-lhe uma oportunidade para provar sua inocência. Chamou-o e disse: – Já que vocês Maçons são homens livres e de bons costumes e que acreditam no tal G.’.A.’.D.’.U, vou deixar que a sua fé cuide desta questão. Num pedaço de papel, escreverei a palavra ‘inocente’; no outro, ‘culpado’. Você escolherá um dos dois, e o G.’.A.’.D.’.U.'. decidirá seu destino.

O Aprendiz começou a suar frio. Tinha certeza de que tudo aquilo não passava de uma encenação e que iriam condená-lo de qualquer maneira.

Tal que previra, ao preparar os pedaços de papel, o juiz escreveu em ambos a palavra ‘culpado’. Normalmente se diria que as chances de nosso acusado em questão acabavam de cair de 50% para rigorosamente 0%. Não havia qualquer possibilidade estatística de que ele viesse a retirar o papel contendo a inscrição ‘inocente’, pois este não existia.

Lembrando das palavras de seu irmão Mestre, o acusado meditou por alguns instantes e, com o brilho nos olhos que já mencionamos, lançou-se sobre os papéis, escolheu um deles e imediatamente o engoliu. Todos os presentes protestaram:

“O que você fez? Como vamos saber agora qual o destino que lhe cabia?” Mais que prontamente, ele respondeu: “É simples! Basta olhar o que diz o outro papel, e saberemos que escolhi o contrário.”

Descobrimos então que a chance que era de 0% era verdadeira apenas para os limites impostos por uma dada situação. Com um pouco da sagacidade, fruto da necessidade foi possível recriar um contexto onde as chances do acusado de superar a adversidade saltaram de 0% para 100%. Ou seja, a simples re contextualização da mesma situação permitiu a reviravolta da realidade.

*Por isso um dos ensinamentos maçônicos está na observação cautelosa da realidade das coisas, rompendo suas estruturas cristalizadas de ignorância que não reconhecem os diferentes componentes da realidade*.

*A impossibilidade pode ser uma condição momentânea e o verdadeiro Maçom que entende isso não desiste facilmente e sua força se expressa na possibilidade da sobrevivência diante das diversidades e de sua inabalável fé no Supremo Arquiteto do Universo*.

Adaptação de trecho do Livro: O segredo judaico de resolução de problemas: Iídiche kop de N. Bonder

junho 21, 2023

O OFÍCIO DOS DIÁCONOS NO REAA - Pedro Juk




Em 21/03/2023 o Irmão Aprendiz Gustavo Goulart, Loja Concórdia, 0368, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, solicita o que segue:

DIÁCONOS NO REAA

Primeiramente, digo que é uma honra poder estar lhe enviando um e-mail para tentar sanar uma dúvida.

Sabe-se que em breve teremos o ERAC no GOB-PR.

O tema escolhido para o nosso trabalho é sobre o trabalho dos Diáconos no grau de Aprendiz.

Porém, estou tendo dificuldades para encontrar literaturas acerca deste tema. Nos poucos livros que encontrei, a abordagem sobre os Diáconos é bem simples.

Na próxima quinta feira participarei de uma sessão de iniciação na Sede do GOB-PR, e soube que lá temos a disposição uma boa biblioteca.

Por este motivo lhe pergunto, poderia me indicar algum(s) livro(s) que seja robusto no que diz respeito aos Diáconos?

Desde logo agradeço e expresso votos de elevada estima e consideração.

COMENTÁRIOS:

A respeito dos Diáconos como oficias que participam dos trabalhos maçônicos, no Brasil não há muita literatura a respeito. Isso se explica porque dos três principais ritos de origem francesa por aqui praticados - REAA, Rito Frances ou Moderno e o Rito Adonhiramita - apenas o REAA utiliza o cargo de 1º e 2º Diáconos no desenvolvimento ritualístico dos seus trabalhos.           

Essa característica ocorre graças à influência dos maçons irlandeses da Grande Loja dos "Antigos" de 1751 na Inglaterra que indiretamente acabariam ajudando a construir o primeiro ritual para o simbolismo do REAA em 1804 na França.

No mais, para melhor compreensão do assunto remeto-o a estudar com afinco a história da Maçonaria Inglesa, particularmente sobre a demonstração da nova forma de trabalho ritualístico após a união das duas Grandes Lojas Rivais inglesas que ocorreu em novembro de 1813. Nesse contexto é possível se observar que os Diáconos, antigos oficiais de chão, foram inseridos na liturgia maçônica do ritual inglês pelos maçons irlandeses, então ligados, segundo eles, à forma antiga de trabalho.

Ainda posso lhe adiantar que no REAA a única função dos Diáconos na Loja é a de atuar como mensageiros na liturgia da transmissão da Palavra durante a abertura e encerramento dos trabalhos.

Nesse sentido, apesar da dialética de abertura expressa no ritual, eles têm apenas e tão somente essa função na Loja, não estando ali para atuar como ajudantes de ordem do Venerável e dos Vigilantes.

Historicamente, como os velhos oficiais de chão, os Diáconos relembram na Moderna Maçonaria os mensageiros que atuavam nos imensos canteiros de obras da Maçonaria Operativa. Essa é uma longa história e não pode ser confundida com Diáconos levando bilhetes, recados e outros expedientes nos atuais trabalhos da Loja na Moderna Maçonaria.

Entenda-se que no REAA o ajudante de ordens do Venerável Mestre é apenas o Mestre de Cerimônias, cabendo somente a ele levar expediente e mensagens durante os trabalhos, nunca os Diáconos, pois como visto, esses se fazem presentes no REAA só para atuar na liturgia da transmissão da Palavra.

Quanto à biblioteca, recomendo consultar o Irmão Hamilton Sampaio Jr no GOB-PR.


junho 20, 2023

HÁ COMO FUGIR DE SEU DESTINO? - Sidnei Godinho








Há muito se costuma repetir, quando algo nos acontece, de que foi o destino e de que não havia como ser diferente. 

Será isto realmente verdade??? 

É provável que a fragilidade humana, em assumir suas próprias falhas, conduza a um processo Inconsciente de sublimação do ato, para que a frustração de uma perda não seja tão dolorosa. 

Afinal, é muito mais convincente atribuir a outrem, e mesmo ao dito destino, a responsabilidade por seus atos. 

É preciso ter a convicção de que nós é que construímos o nosso destino. 

E muitos de nós, imputamos a ele tudo o que nos acontece e ainda acentuado, as coisas ruins do tipo, acidente, doença, desemprego, separações, desentendimentos familiares e até a pobreza. 

Não é correto pensarmos assim!!! 

A vida sempre nos responde na medida em que pensamos e agimos, através das nossas escolhas, bem feitas ou não. 

Uma escolha é sempre um ato consciente, racionalizado dentre as opções disponíveis. 

Portanto, nós mesmos é que somos responsáveis pelo que nos acontece, e ninguém mais, pois, colhemos os frutos do que plantamos, doces ou amargos. 

Um destino de paz e felicidade é construído através de ações do bem. O destino de tristeza e dor advém de nossas omissões comprometedoras, de pensamentos negativos e atos lesivos a nós e ao nosso próximo. 

Por vezes basta nada fazer para atrair a negatividade da omissão por não intervir no socorro alheio. 

Ou mesmo aquela ação do mínimo solicitado, quando se deixa escapar a oportunidade da contribuição voluntária por uma simples posição ideológica contrária. 

Talvez seja bom entender que o destino se escreve, primeiramente, na nossa mente, com as consequências das nossas decisões e atitudes, para depois chegar às situações da vida cotidiana. 

Para os céticos, o Universo conspira.

Para os Cristãos, a FÉ é a redenção.

Para os filósofos, aqui se colhe o que aqui se planta. 

E para você??? 

Faça deste um dia de reflexões e de autoafirmação, na busca de concretizar um destino de sucesso e de Paz.



junho 19, 2023

PARTE, PARTÍCULA, TOTALIDADE - Aldo Vecchine



“O homem é responsável pelo mundo e por si mesmo enquanto maneira de ser”. Sartre.

Quantas partículas formam uma parte e qual é a proporção de cada parte na totalidade? O que haveremos de conceber como totalidade num cenário onde a humildade e a caridade são requisitos determinantes e divisores de águas?

Certamente, o contexto é que indicará, informará e formará a tese investigativa. Se a análise for, e é, em ambiente maçônico, sobre o povo maçônico, encontraremos amiúde diferentes escores que corroborarão com a trilogia encimada.

Se tomarmos, por analogia, da biologia a premissa de que as células formam os tecidos; os tecidos formam os órgãos; os órgãos formam os aparelhos e o conjunto dos aparelhos forma o organismo... Cada iniciado, cada construtor social, é partícula no universo maçônico, é parte na sua Loja e é totalidade na execução do prometido.

“Cada pessoa é uma escolha absoluta de si”. J. P. Sartre.

E no canteiro de obras a arte de desbastar tomará novo sentido, pois a situação, as atualizações e a compreensão do devir, mais os ajustes e encaixes, fomentarão a responsabilidade do obreiro consigo mesmo, com o seu compromisso, com o próximo e a nossa Sublime Instituição.

Que as alegorias sejam suficientes e reveladoras nessa formação inicial. Que a Iniciação seja bastante significativa para colocar o neófito num lugar entre todos, por pertencimento, pela fraternidade. Que cada viagem seja vivenciada, entendida e internalizada para produzir bons efeitos.

Assim e enquanto o emérito não chega, enquanto o desbaste não alcança a polidez pretendida, a construção prossegue no ritmo e nas batidas do maço sobre o cinzel, com a devida afiação e zelo para retirar apenas o excesso sem o risco de rachar o bloco todo, sucumbindo-se, peremptoriamente, o trabalho delineado.

Nesse comenos o saber fazer destaca e enaltece o esoterismo. A observação e a comunicação vinda dos decanos asseguram a exatidão e a regularidade dos movimentos. E é nesse sentido que os ensinamentos são transmitidos ajudando o aprender a ser. Ser senciente, livre e existente em plenitude com seu cabedal, sua singularidade e sensibilidade, na melhor sintonia e em cada situação, com todos os irmãos.

Sartre ensinou-nos: “Nós não somos originariamente nada, apenas seres totalmente livres”. 

Destacando-se a dimensão do saber: “Sabei-o pouco, mas sabei-o bem”, não é a quantidade, mas a qualidade que distingue o obreiro dedicado e comprometido com os progressos sugeridos, e feito as peças de um quebra-cabeça, cada parte ocupa seu lugar completando-se a imagem figurada. Nessa analogia a forma e os encaixes são definidos pelo conhecimento.

Ainda que das colunas ou no oriente, o “Ir mais longe”, ganha significativa proporção na medida em que o construtor se esforça no trabalho intelectual; silencia e exercita, articula e edifica o entendimento e a sabedoria. Compondo e recompondo outras possibilidades aprofundando na busca de mais elementos que trarão, à superfície, mais luminosidade e clareza.

Sob “A canícula do meio-dia”, foi a luz interior do investigador, aquele facho intermitente, abrasador e nutriente de energias o fator determinante e imanente que o capacitou a buscar algo a mais, por todas as linhas e em todos os traçados, reencontrando a ponta do novelo que o conduz desde o ocidente, ao setentrião e também ao sul, pois mesmo que se afaste do eixo, saberá voltar.

Sabe também que é “Um recipiendário, mas pensante”, por natureza e destino. Sabe que sabe, pois o sei que nada sei, é apenas o outro lado da mesma joia. E o nada, diferente do não-ser, também é totalidade no mesmo discurso.  A propósito disso Sartre já ensinou: “É o pensamento, a consciência que faz toda a originalidade e a dignidade humana dentro da natureza”.

Duas obras e seus conteúdos foram utilizados nessa reflexão: Ser livre com Sartre, editora Nobilis, 2019, Frédéric Allouche; e Caminhos para a sabedoria, editora Vozes, 2022, karl Jaspers. E é na diversidade da filosofia condensada nelas, que ousamos recortar da segunda, o seguinte: “É no limite das possibilidades humanas que podemos aprender a significação daquilo que se tenta velar ou ignorar”. K. J.

Queremos crer que a Maçonaria, Ordem Iniciática, que objetiva tornar feliz a humanidade, pelo amor e aperfeiçoamento dos costumes, preparando os seus eleitos para esse propósito, sob uma fundamentação indubitável e revolucionária, tridimensional por necessidade, ou seja: esotérica, filosófica e catequética.

Esotérica porque as filigranas são compartilhadas a partir dos mais experientes. Nossos Mestres, pelo exemplo e zelo, disseminam a exatidão das batidas no cinzel intelectual, mais a mentalização do perfil que se pretende finalizar, mas que permanece escondido na bruteza e dureza da pedra.

Filosófica porque já não somos operativos, mas especulativos, ou seja, articuladores de proposituras e conjecturas, possíveis e necessárias por causa da nossa necessidade de pensar e compreender tudo o que se apresenta velado, por concluir e/ou acrescentar.

Catequética porque sem o ritual e o arcabouço legal/regimental, correremos o risco de desviarmos da construção, dos ensinamentos e do esoterismo, ou seja, dos parâmetros estabelecidos desde antigamente. Certamente esse é o motivo de a Maçonaria Simbólica conter os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre.  

“Por sofrível e desgastante que possa ser, nós não podemos nos abstrair do outro”. F. A.

Agora, e por isso, a imagem do três, cinco e sete (3, 5 e 7), faz todo o sentido para nós. Uma Loja necessita, para ser per perfeita, que três a governe; cinco a componha e, sete a complete. Temos necessidade da perfeição, aquela contida no seis total e final, resultante da expressão matemática em tela, e por meio dos números primos iniciais: divisíveis apenas por si mesmo e pela unidade.

Acontece que é na multiplicidade que o produto, mesmo que se altere os fatores, confere-lhes significação e proporção; isso porque suas propriedades, iguala, distribui, associa, neutraliza e inverte o resultado. Em uma Loja a composição, a sapiência, o conjunto da obra será total na medida em que a distribuição for maior que o resto.

Admitamos a complexidade da formação maçônica, bem como a simplicidade dos elementos disponibilizados para isso. Só a persistência do estudioso o conduzirá ao êxito. Também a dedicação trará bons frutos, considerando-se que a materialidade dos fatos seja superada pela espiritualidade desenvolvida, pois o maçom é um ser em construção.

“Não conseguimos esgotar o que é o ser-humano pelo ser-sabido dele, mas apenas podemos vivenciá-lo na origem de nosso pensar e agir. Basicamente, somos mais do que conseguimos saber sobre nós mesmos. K. J.

E antes mesmo de prepararmos o encerramento, para abraçar toda essa imperfeita reflexão, trazemos o momento do nascedouro. Queremos crer, ser ele, o instante de maior liberdade para o iniciante. Sem nenhuma noção do que virá, o neófito congrega em si o mais elementar significado de “Livre e de bons costumes”, haja vista a pureza desse momento.

“O objetivo de nosso combate pela liberdade é nos libertar de todas as formas de alienação. Os valores que escolhemos devem ir nesse sentido, sem esquecer o outro. Pois também somos responsáveis por aquilo que nos tornamos em relação aos outros, ou seja, defensores ou não de sua liberdade por meio de nossas ações”. F. A.

Agora, sim, encaminhamos nossas conclusões lembrando de um saudoso professor e filósofo que bradava: “Sou a parte no todo e a totalidade na parte. Por isso coopero comigo e com todos”. E por essa sentença articulava seu filosofismo, sua sabedoria com seus alunos, levando-os a questionar os limites do conhecido, sempre na busca do desconhecido.

Fica para todos os obreiros da Arte Real esses insights como ponto de partida para outras construções que abrigarão novas possibilidades. E que seja assim mesmo. Que haja crítica, acertos e reformulações para haver progressos. Que tragam mais luzes e clareza para essas linhas mal traçadas, pois nossa incumbência é a mesma do venerável, a abertura.


junho 18, 2023

VENERÁVEL MESTRE NA LOJA SIMBÓLICA - Ir.’. Newton Dan Faoro



Etimologia, definições e origens

O título de Venerável Mestre, dado ao presidente de uma Loja Maçônica, remonta aos meados do Século XVII, quando se iniciava a transformação da Maçonaria operativa em especulativa. Na época ainda não existia o Grau de Mestre Maçom, que só apareceria no Século XVIII (entre 1724 e 1738). O Presidente da Loja era escolhido entre os Companheiros mais antigos e experientes e se tornava vitalício na direção dos seus trabalhos. O Rito Escocês Antigo e Aceito, antigamente, atribuía ao maçom que fosse iniciado no Grau 20 o título de Mestre AD VITAM, de forma vitalícia o que lhe dava o direito de exercer a função de Venerável Mestre na Loja Simbólica. Esta designação era atribuída pelo Supremo Conselho do Grau.

O título ‘Venerável’ tem origem na palavra inglesa ‘Worship’, que como substantivo significa adoração, culto religioso, respeito, admiração e como verbo significa adorar, venerar, idolatrar. Your Worship é a expressão inglesa para Vossa Excelência, Vossa Senhoria. A expressão Worshipfull Máster passou a ser traduzida, portanto, como Venerável Mestre e como tal foi adotada pelos maçons. 

O Venerável Mestre é o responsável como Presidente pela condução dos trabalhos da Loja e como Mestre Maior pela concessão de Graus, incluindo-se a iniciação de profanos. Um Presidente que não tenha recebido a sagração ou investidura como Venerável Mestre poderá tão somente dirigir os trabalhos administrativos da Loja; a investidura de profanos ou mesmo a dos graus de Companheiro e Mestre é prerrogativa de um Venerável Mestre que tenha sido investido com estes poderes por pelo menos três Veneráveis Mestres.

Características e traços de personalidade

O Venerável Mestre é o Líder do grupo de Irmãos de sua Loja. Sabemos que a verdadeira liderança é uma das funções mais difíceis a serem exercidas em qualquer atividade humana.

Nas Lojas Maçônicas, não é diferente; às vezes até mais difícil, pois esta liderança deve ser conquistada aos demais Irmãos pelos valores que possa o líder demonstrar e praticar. A situação é bastante diferente do caso de lideranças empresariais ou mesmo políticas, que são impostas por cargos ou negociadas por benefícios e vantagens. Os Irmãos de uma Loja Maçônica ali se reúnem para buscar seu aperfeiçoamento moral e de caráter e para ter uma convivência a mais fraterna quanto possível. Quando o Venerável não consegue demonstrar sua capacidade de liderar homens maduros nestas condições, dificilmente consegue que sua liderança seja aceita e que o grupo se mantenha coeso, alinhado e dedicado a um esforço pelo qual espera nada mais do que seu crescimento pessoal.

Apesar do muito que já se escreveu sobre liderança, não há uma fórmula pronta para que alguém se torne um líder. Na realidade, não importa o que o líder faz, mas sim o que ele é. Os próprios líderes pouquíssimas vezes conseguiriam descrever o que fazem ou quais são suas características pessoais que fazem com que as pessoas os sigam, mas as pessoas respondem a estas características.

O Líder, por sua vez, deve usar não só a cabeça, mas também o coração; a liderança, em sua essência, deve tocar o coração e a alma das pessoas. De um modo geral, está fundamentada em uma relação muito mais emocional do que racional.

Philip Crosby tem uma definição para Liderança, que, adaptada para a linguagem maçônica poderia ser assim traduzida: “Liderança é, deliberadamente, fazer com que as ações executadas pelos Irmãos da Loja sejam planejadas para permitir a realização do plano de trabalho do Venerável Mestre.”

Deliberadamente significa que a Loja deve eleger um determinado caminho e um propósito, estabelecendo objetivos e metas claros nas mentes de todos os Irmãos. Ações executadas pelos Irmãos significa que estes objetivos e metas devem ser alcançados por ações empreendidas por todos os Irmãos e não por um deles ou deles um pequeno grupo. Planejadas significa propor uma cadeia de ações cujos produtos esperados sejam de pleno conhecimento de todos os Irmãos. Finalmente, Plano de Trabalho do Venerável Mestre deve ser entendido como o conjunto de realizações que foi consensado com o grupo todo. 

Há ainda, e não menos importante, a consideração da tendência do Líder. A história nos fez tomar conhecimento de líderes que tenderam para o bem e outros que tenderam para o mal. Liderança é dom da pessoa, que não tem a ver com seu caráter. Como a Maçonaria “é uma instituição que tem por objetivo tornar feliz a humanidade pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à crença de cada um’” ou ainda “para combater a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros; glorificar o Direito, a Justiça e a Verdade, exaltando a virtude e combatendo o vício”, o Venerável Mestre, como seu Líder, estará alinhado com estes traços de personalidade. Se assim não for, não poderá exercer liderança alguma sobre um grupo de homens de bem.

Não será um homem perfeito, porque ninguém o é; mas será um homem sinceramente em busca de sua perfeição.

Desafios a vencer 

Exercer a função de Venerável Mestre, muito mais do que uma honraria, me parece como uma missão e um serviço a cumprir. Por mais espinhosa e árdua que esta missão possa parecer ou mesmo ser, sempre servirá para o crescimento individual daquele que a exercer; e se bem exercida, será benéfica e gratificante para todos os participantes.

O exercício do Veneralato com sucesso requer que o Líder tenha estudado e continue disposto a estudar a ciência maçônica. Que tenha desempenhado funções outras e diversas no corpo da Loja. 

O homem que assumir esta função deve ter um bom conhecimento do ser humano e da sociedade além de ter um caráter firme, porém razoável. O Ir.’. José Gonzáles Ginório (Venezuela), apregoa os seguintes desafios a vencer para que possa bem desempenhar o cargo de Venerável Mestre: 

Sentir-se maçom;

Ser discreto e justo;

Estar entusiasmado;

Ser disciplinado, tolerante, conformado não se irritar com facilidade;

Não ser invejoso, apaixonado, rancoroso e intrigante;

Ser estudioso e profundo nos estudos;

Não alardear ou abusar de sua inteligência;

Não pedir, suplicar ou desejar posições. 

Em outras palavras, talvez pudéssemos dizer que o Venerável Mestre deve ser um Mestre Maçom que possua reputação ilibada; seja sincero e verdadeiro; afável no trato, inabalável, firme, arraigado, intrépido e intransigente em seus princípios; seja amante da sabedoria e estudioso dos mistérios da Arte Real. 

Ora, diríamos: este homem não existe! Certamente não existe, mas alguém que se proponha a ser este homem, terá dado o passo mais importante para se qualificar para o desempenho da missão e do serviço que lhe é proposto. 

Este homem deverá ser o espelho de sua Oficina, ou sua Oficina seu espelho! 

Investidura, instalação ou posse 

O exercício pleno da função de Venerável Mestre, na Maçonaria, requer que o Mestre seja investido no cargo pela cerimônia de Instalação. Somente após esta investidura poderá o mesmo iniciar profanos e conceder graus a outros Irmãos.

A cerimônia de instalação, na Maçonaria, entrou em uso já nos primórdios da sua fase especulativa. As constituições de 1723 já rezavam que “O Grão-Mestre, por certas cerimônias significativas e segundo os antigos usos, instalará o Primeiro Mestre lhe apresentado as Constituições, o Livro da Loja e os instrumentos do seu ofício, não todos juntos, mas um por um; e depois de cada um deles, o Grão-Mestre ou seu Delegado, se referirá ao limitado e expressivo dever adequado ao objeto apresentado”.

A regra maçônica exige a presença de pelo menos três Past-Masters na cerimônia de Instalação de um Venerável. 

Past-Master é a denominação adotada nas Grandes Lojas para o ex-Venerável de uma Loja Simbólica. O Grande Oriente adota a expressão ex-Venerável. Ser Past-Master significa que já passou pela cadeira do Rei Salomão e que, ao término de seu mandato, transmitiu o cargo a outro Mestre Maçom eleito regularmente pelos membros do quadro. O Past-Master conserva, perpetuamente, a sua condição de Mestre Instalado ao deixar de exercer as funções de presidente da oficina. 

Ao concluir, tomo a liberdade de parodiar o Irmão Valdemar Sansão quando diz: “Podemos dizer que somente seremos fortes, individual e coletivamente, no dia em que conhecermos nossas fraquezas e nos dispusermos ao trabalho de sustentação das Colunas, suporte, amparo e apoio do Venerável Mestre de nossa Augusta e Respeitável Loja Simbólica, pois sabemos que o homem se mantém e cresce na proporção da força de apoio de seus irmãos”.

junho 17, 2023

SALVE ANTIGOS - Adilson Zotovici




Salve  antigos literatos

Amigos livres pedreiros

Pelo que hoje somos gratos

Artigos, ritos pioneiros


Cerrem os lábios os ingratos

Com os iguais vanguardeiros

Que de seus sábios relatos

Demos os passos primeiros


O tempo alterou alguns fatos

A inércia, os próprios obreiros

Em controvérsias,  hiatos


Gratidão aos Cavaleiros

A base aos desideratos

Da construção, dos canteiros !




junho 16, 2023

R E S S I G N I F I C A Ç Ã O - Newton Agrella




Mais uma palavra tem ganho protagonismo cada vez maior no cenário linguístico.

Senão pela sua versatilidade de emprego, mas sobretudo pela sua representatividade no âmbito social e do comportamento humano.

Referimo-nos aqui ao substantivo abstrato "Ressignificação".

O termo tem a  atribuição de conferir um novo sentido ou alternativamente o de dar um novo significado a alguma coisa. 

Ressignificação, a bem da verdade, é o processo neuro linguístico que possibilita às pessoas elaborarem uma espécie de releitura ou inovar a interpretação de fatos e acontecimentos como fruto da mudança de sua visão de mundo.

A ciência neurolinguística dispõe de inúmeros mecanismos e técnicas para fazer com que as pessoas  percebam o mundo de uma maneira mais agradável, proveitosa e eficiente.

Se de um lado a "ressignificação" pode trazer consigo uma proposta transformadora,   levando inclusive a uma sensação de vanguarda e  evolução, por outro, ela pode desvirtuar a característica e a verdadeira natureza da originalidade de termos  consagrados pelo vernáculo e pela própria História.

Surge aí um dado, que se faz determinante no que reporta à Maçonaria.

A Sublime Ordem se constitui de princípios filosóficos baseados em Símbolos, Alegorias, Sinais, Toques e Palavras, que pouco se diferenciam entre os ritos, senão por algumas circunstâncias de relevância histórica, ou sócio-culturais, porém cuja essência e finalidade mantêm-se perenes até os nossos dias, graças à  observância de seus limites demarcatórios, também conhecidos como "landmarks" - (que em alguns casos estão sujeitos a divergências quanto ao seu número entre os ritos) - além é claro; de toda a sua Tradição Oral, Lendária, Mística, mas antes de tudo, de seu caráter eminentemente "especulativo". 

Por tudo isso e pela própria legitimidade conferida pelo tempo ficam as perguntas :

Como é possível conferir uma ressignificação a uma instituição diferenciada e incomparável como a Maçonaria ?

Toda a Simbologia ganharia um ressignificado ?

Os princípios fundamentais da Ordem precisariam ser reinterpretados ?

As Iniciações deveriam obedecer uma nova dinâmica ?

Os Sinais, Toques e Palavras também teriam que se submeter a um processo de ressignificação ?

Em suma, a notável proposta de alguns defensores seria a reinvenção da roda ?

Menos, bem menos.

A Maçonaria e seus instrumentos em prol da evolução do homem e do aprimoramento de seu templo interior  e principalmente da Consciência,  não requer ressignificação na sua dialética.  

A Maçonaria é perfeita (faz-se completa em toda sua extensão) - quem não é perfeito é o homem, que a cada pouco necessita se autoafirmar e convencer-se que precisa se valer de neologismos e de argumentos frágeis e intangíveis para empreender ressignificados àquilo que mal conhece.

É inegável que a Ressignificação, tem sim, um valor intrínseco no universo da psicologia, da psicoterapia, do marketing e de outras tantas áreas do conhecimento humano.

Porém, no âmbito intelectual maçônico trata-se de uma insossa tentativa de imputar novidades a uma instituição cujo DNA já dispõe de um "trademark" genuíno e autenticado.


junho 15, 2023

A INTUIÇÃO E O INSTINTO... - Aildo Virginio Carolino

 







*A intuição e o instinto: uma breve reflexão para aplicação na Maçonaria* 


Todo ser humano reúne em si estruturas inatas de comportamento que conduzem a determinada ação. 

Esta característica difere da capacidade, que também é comum a todo ser humano: a de usar o pensamento para se alcançar algo positivo. 

A este, denominamos intuição, àquele, instinto. 

A intuição pode ser definida como o acto ou a capacidade de pressentir factos ou acontecimentos. 

Na verdade, a intuição funciona como uma verdadeira e potente antena, que capta as informações através de símbolos ou sensações. 

Segundo Einstein, um dos maiores físicos de todos os tempos, as verdades mais elementares do universo somente são alcançadas através da nossa intuição. 

Nesta linha de pensamento, outros estudiosos do assunto, consideram que a faculdade intuitiva não pode ser analisada sob o ângulo racional, uma vez que transcende a razão humana, isto é, vai além da sua dimensão. 

O Instinto, diversamente da Intuição, pode ser definido como o comportamento de origem biológica, inerente aos seres em geral e, principalmente, aos animais irracionais, que actuam de modo inconsciente, sendo que, alguns com finalidade precisa, independentemente de qualquer aprendizagem. 

A estas informações, que podemos receber como desejos inexplicáveis ou emoções negativas, damos o nome de instinto. 

Parecem vir do consciente, e comandadas pelo Livre-Arbítrio, “parecem ser um aviso” ou a “nossa própria vontade”. 

Acredita-se que, o Instinto se manifesta, em regra, através de um impulso espontâneo e alheio à razão, enquanto que a intuição é um saber íntimo, oculto, misterioso e divino. 

Já está comprovado que o nosso subconsciente age como uma supermente, poderosa, que pode ser acionada tanto na sua frequência positiva quanto negativa, de acordo com o que pensamos e sentimos. 

Assim, ao sentirmo-nos positivados, entramos em contacto com os registos positivos do nosso subconsciente e, passamos a receber dele informações que visam preservar a nossa vida, proteger-nos, responder às nossas perguntas e orientar-nos positivamente. 

Tudo o que é bom e positivo para nós, está aí gravado. 

Estas informações emanadas do nosso subconsciente podem ser por nós recebidas de várias formas: através de sonhos, podem surgir como um desejo aparentemente inexplicável, como uma voz interna, a qual denominamos intuição. 

Ela tem a finalidade de nos evitar um mal, conduzindo-nos ao bem e atraindo algo de positivo. 

Por sua vez, quando estamos negativos, entramos em sintonia com a parte negativa do subconsciente negativo, e isto não é nada bom, pelo contrário. 

Pois, passamos também a receber dele informações que visam interromper, destruir ou atrapalhar a nossa vida e os nossos projetos, já que esta parte nos orienta negativamente. 

Tudo o que é mal e negativo para nós mesmos está nele gravado. 

O que devemos perguntar-nos é se sabemos como nos estamos a sentir: se positivos ou negativos. 

Primeiro, faz-se necessário observar como está a nossa mente e o nosso estado emocional. 

Então, se estamos positivos, podemos deixar-nos levar pela intuição e ouvir a VOZ INTERIOR. 

Esta voz é uma espécie de “impulso positivo inexplicável”, a qual nos faz agir de uma forma, muita das vezes inesperada, mas, benéfica. 

Devemos confiar sempre na nossa intuição, mas é preciso distingui-la do instinto, o qual jamais deve ser ouvido e seguido. 

O instinto é negativo e aparece quando estamos negativos. 

A intuição é positiva e aparece quando estamos positivos. 

Estar positivo é estar bem, calmo, satisfeito, em harmonia. 

Estar negativo é estar irritado, insatisfeito, zangado, magoado, sofrendo… 

Agora você tem condições para avaliar e saber se passa a maior parte do tempo positivo ou negativo. 

Está a fazer isso? 

Todos nós vivemos em sociedade, em família, cercados de outras pessoas, mas, infelizmente, poucos conhecem ou procuram conhecer as Leis Mentais. 

É necessário que saibamos como agir em relação ao facto de estarmos em convívio com pessoas diversas, a fim de que estejamos sempre protegidos mentalmente e livres de influências negativas, haja o que houver. 

Uma pessoa em estado mental positivo jamais deseja o mal de outra. 

Ao contrário, pensa e sente apenas o que é positivo, irradia essa energia positiva e a recebe aumentada. 

Se a outra pessoa também está positiva, retribui, recebendo e irradiando também energia positiva para ela. 

Desta forma, as duas ajudam-se e protegem-se, trocam energias positivas, formando, assim, uma corrente positiva que não permite que nenhum mal afete, interfira ou afaste essas pessoas. 

Assim, estas pessoas estão unidas espiritual e mentalmente e, “aqueles a quem Deus uniu, ninguém pode separar!” 

Nesse caso, o exemplo é válido, pois, a energia positiva que une os dois é de origem divina: é como se uma parcela da divindade, presente em cada um de nós, os unisse, o que vale dizer, então, que não há força na Terra capaz de os separar. 

Acredita-se que, no passado, as pessoas eram mais intuitivas. 

Hoje, entretanto, com o advento da informação massificada, elas acabam por não dedicarem tempo ao pensar, muito menos ao meditar. 

A meditação é, pois, a principal forma de ativação do processo intuitivo. 

Meu Irmão, como está agora, neste exato momento? 

A quem seguiria? 

A intuição ou ao instinto?

Policie-se: “Orai e Vigiai”. 

Tome conta de si para não ouvir a voz errada… 

Mantenha-se positivo e harmonizado para que seja conduzido, através da intuição, de forma correcta ao ponto desejado por você mesmo.