Na nossa expressão humana, possuímos três forças que comandam todas as nossas atividades: o Pensar, o Sentir e o Querer. Estas, no entanto, são embaralhadas, se misturam, se auto interferem e se auto enfraquecem, também, pela interação de cada uma com as outras.
Muitas vezes, pensamos que estamos sentindo, mas, na realidade, estamos querendo; em outras, pensamos que estamos querendo, mas, na realidade, estamos sentindo. Na maioria das vezes, queremos pensar, e acabamos sentindo, ou queremos sentir, e acabamos pensando. É uma confusão, um embrulho total, e, assim, tais forças ficam fracas e sem nosso domínio direto.
Na iniciação, o primeiro trabalho do discípulo é separar cada uma delas no dia-a-dia, para que possam ser dominadas, encorpadas e fortalecidas.
Assim, na hora de “Pensar”, devemos nos fixar, apenas, no pensar, e este passará a ser forte, concentrado e poderoso, sem influências do Sentir e do Querer, até que se transforme num Corpo Mental potencializado.
Na hora de “Sentir”, devemos nos fixar, apenas, no sentir e poderemos dominá-lo, reduzindo seus efeitos como no sofrimento e na dor, ou intensificando seus efeitos no prazer, na felicidade e bem-estar, sem influência do “Pensar” e do “Querer”, até que se transforme num Corpo Emocional poderosíssimo.
Assim, também, na hora de “Querer”, devemos nos fixar, apenas, no querer, e este passará a ser intenso, sem influências do “Pensar” e do “Sentir”, permitindo que nosso fraco desejo se transforme num “Querer” férreo e forte, e, depois, num Corpo Volitivo intenso, que permitirá realizar todas as nossas metas e intentos.
O segundo trabalho do discípulo é transformar seu triângulo humano no iniciático e, posteriormente, no do Adepto.
Ninguém chega à Verdade e aos Mestres sem ser iniciado. É através das estreitas portas da iniciação que se abrem os portais da sabedoria.
Existem, assim, três tipos de iniciação:
- Indireta: iniciação pela própria vida, tomando bordoadas, errando e acertando, sendo a mais sofrida, a que a totalidade da humanidade está sujeita, causando desgastes e cabeçadas pela procura e mudanças, através de religiões e filosofias;
-Direta: iniciação através de um verdadeiro colégio iniciático, onde, pela ambiência e conhecimentos, o discípulo interpreta os símbolos à sua maneira, sem aceitar ou duvidar de nada, chamada de simbólica, devido a tais símbolos, usados nos níveis e graus dos ensinamentos;
- Real: quando o discípulo, gradativamente, penetra nos símbolos, decifrando-os, conectando-se com a fonte que jorra conhecimentos fantásticos e superiores do infinito manancial da sabedoria.
Toda a humanidade está sendo iniciada dentro de uma iniciação, chamada de indireta, a iniciação pela própria vida, conforme alusão acima, buscando, aqui e acolá, respostas para seus questionamentos interiores: De onde vim? O que faço aqui? Por que vivo e para onde vou? Vou para o nada, acabando, simplesmente, ao morrer, ou tenho uma continuidade de vida em outras dimensões? O que há além da morte, ou o que há além da vida?
A iniciação direta, como o nome diz, leva, diretamente, à essência do conhecimento e da verdade. Considera que não há religião superior a ela, pois a Verdade é Deus, e iniciação é a busca da mesma.
Quando o homem foi criado, Deus escondeu-a dentro dele e ele não a acha, pois busca, externamente, algo que está em seu interior. Deus está presente no interior de cada um, pois, se fomos feitos à Sua semelhança, está em nós, e a sua busca iniciática é pela introspecção, pelo autoconhecimento, pela meditação, onde o Eu Interno, ou Eu Superior, ou Eu Crístico medita a Verdade, me-dita-a-Ação.
Querido leitor, troque sua iniciação indireta por uma direta; o caminho será totalmente diferente, mais rápido, reto, certeiro e gratificante.
Use tudo o que você adquiriu de conhecimento até agora, peneire tudo e fique, apenas, com o que há de melhor em todas as religiões e filosofias. Peneire, com malha bem fina, tudo o que existe como conhecimento, ficando, apenas, com bons valores e princípios, com o que é útil, necessário e verdadeiro, com o que é justo, moral e ético.
Em vez de buscar fora a Verdade e Deus, inicie a busca de valores e de sua realidade em seu interior.
As Três Regras da Iniciação
O Adepto se faz, não é feito por ninguém; Sigilo absoluto, os iniciados se calam; Quando o Discípulo está pronto, o Mestre aparece.
1. O Adepto se faz
Todo discípulo deve buscar se tornar um Adepto, palavra que vem do latim “Adeptus”, e que significa “aquele ou aquela que conseguiu” não só consciência plena, como também o despertar de todos os seus dons, capacidades e poderes latentes e superiores, para se integrar na grande
Obra, a evolução da humanidade e da Terra como um todo.
A verdadeira Iniciação não pode ser dada, emprestada, vendida, herdada, achada, alugada ou roubada, ela deve ser conseguida pelos próprios esforços de cada um na transformação contínua da sua vida energia em vida consciência.
Quanto maior for o esforço, maior será a proteção e a ajuda fornecida por Adeptos, que acompanham, ocultamente, cada discípulo na iniciação, sempre, respeitando suas limitações, deficiências e, principalmente, o seu livre arbítrio.
2. Sigilo absoluto
Na Iniciação simbólica, a qualquer momento, o discípulo pode receber imagens, símbolos e até arcanos vivos, e a tendência natural é contar aos outros e perguntar a todos pelo seu significado. Esse proceder é totalmente errado e estanca o processo da iniciação simbólica até por vários anos seguidos.
Isso acontece, pois o símbolo pertence à sua iniciação, é somente seu, e é ele, discípulo, quem deve decifrá-lo para que o processo tenha continuidade.
Não pode compartilhar com ninguém, por mais confiável ou íntima que seja a relação, pois não existem duas pessoas com mesmo nível de evolução e merecimento, além de a iniciação ser individual e conduzida caso a caso, conforme grau evolutivo e merecimento individual.
A regra de ouro é sigilo absoluto. Os iniciados se calam até que sua consciência, ou as próprias Leis da Iniciação permitam falar.
3. Quando o discípulo está pronto
Sem querer ser clarividente, ter poderes, ou quaisquer atributos especiais, o discípulo deve se aprimorar nos aspectos morais, éticos e de justiça, buscando a verdade e a consciência; assim, vai evoluindo e acelerando a sua Iniciação, até que esteja pronto.
E o grau de prontidão varia com os valores de cada um, onde, então, o Mestre, ou seja, sua Consciência, Essência, Espírito, Mônada, Corpo Causal, Cristo Interno, manifesta-se e começa, então, sua Iniciação Real, real de valor e real de realidade.
Os Mestres externos existem e, somente, servem de exemplos para nós e para informar que o verdadeiro Mestre não é cada um deles, mas sim o que está dentro de cada discípulo, o “Mestre Interno”.