julho 22, 2023

AO MORRER - Joab Nascimento

 

Ao morrer:

Tudo aqui é emprestado, 

Da vida não temos nada,

Em toda essa empreitada,

Em um corpo, encarnado,

Para trás, tudo é deixado,

Não levamos pro além,

Pra favorecer alguém,

Deixamos, feito um mané,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


É besteira ter ganância,

Pra viver só de riqueza,

Idolatrando a beleza,

Demonstrando arrogância,

Sem decoro em constância,

Ter orgulho e desdém,

Sem valorizar ninguém,

Dando fora e pontapé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


Preferir a vaidade,

Idolatrar a matéria,

Revivendo na miséria,

Toda sua prioridade,

Mostrar pra sociedade,

Exuberância também,

A soberba o mantém,

Abaixo do rodapé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


No mundo material,

Tudo que for construído,

Aqui será destruído,

É renovação geral,

No mundo espiritual,

Que é chamado de além,

Não levamos um vintém,

Lá precisamos de fé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


Não adianta ter orgulho,

Achar que é bem melhor,

De riqueza ser maior,

Provocando mais barulho,

Vai se acabar no entulho,

Feito carniça também,

O mal que você contém,

Te servirá de tripé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.



CARÁTER INEFÁVEL - Newton Agrella



Na Maçonaria, não raro, deparamo-nos com algumas palavras que não nos soam tão familiares, mas que do ponto de vista filosófico ostentam um eloquente significado.

Este é o caso do adjetivo “inefável” cuja etimologia advém do Latim.

O referido vocábulo em Português deriva-se de "ineffabilis", cuja construção compõe-se do radical *effaris* (falar, dizer, contar, predizer, anunciar) e o prefixo de negação *in*  - (dicionário FARIA, 2003, p. 337, 492). 

Deste modo, o adjetivo *“inefável”* se traduz como "aquilo que não pode ser expresso".

Valendo-se desta premissa e tendo em vista o caráter especulativo da Sublime Ordem, a mesma estimula o maçom a buscar a Verdade, Origem e Existência sem se valer do uso em vão e trivial do nome de Deus. 

A palavra "inefável" no universo semântico acha-se relacionada com o divinal, com o transcendental, com o perfeito e com a beleza que não pertence ao plano terreno, mas sim metafísico.

O que se propõe ao valer-se deste adjetivo é fazer com que o maçom entenda que a Maçonaria tem um caráter nomeadamente filosófico, progressista e evolucionista e antes de tudo "adogmático" e desvinculado de verdades impostas ou criadas pelas seitas, credos e religiões.

Que fique claro que isto não significa descrença num Princípio Criador e Incriado do Universo; muito pelo contrário.

O que se propõe demonstrar é que o "caráter inefável" está está associado a qualquer tipo de entidade ou fenómeno sobre o qual nada pode ser dito em linguagem humana.

O termo vale para exprimir e caracterizar sensações, sentimentos, conceitos, aspectos da realidade ou entidades, que em razão de sua complexidade, não podem, ou não devem, ser transmitidos ou descritos pela linguagem humana.

Isto impõe que o maçom deve buscar na pesquisa,  na especulação e na própria argumentação filosófica o caminho para o aprimoramento da Consciência.


julho 21, 2023

O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO DE PÉ E A ORDEM? - Almir Sant'Anna Cruz




A expressão é utilizada em duas distintas situações: 1. Na liturgia das sessões maçônicas; 2. Fora das Lojas.

Em Loja, estar de “pé e à ordem” significa estar em pé, com os pés em esquadria e fazendo o sinal de ordem, que varia conforme o grau em que a Loja estiver trabalhando.

A primeira vez em que a expressão é usada na ritualística é para verificar se todos os presentes na sessão são Maçons, ou seja, uma confirmação da condição de Maçom e, no caso de sessões nos graus 2 e 3, também uma confirmação de que os presentes estão habilitados para assisti-la.

Depois, diversas vezes o Venerável ordena que todos fiquem “de pé e à ordem”, ai, segundo Mackey em seu Grande Dicionário (tradução livre): “o homem justo é aquele que, plantando firmemente os seus pés sobre os princípios do Direito e tão imóvel quanto uma rocha, não pode, por isso, ser afastado de sua posição ereta nem pelas seduções da lisonja, nem pelas carrancas do poder arbitrário. E, assim, esta palavra sugere ao Maçom algumas instruções relacionadas com a Virtude e a Justiça”.

Fora da Loja, a expressão passou a ser empregada quando um Maçom, se dirigindo a outro Maçom, a usa, no mesmo sentido da expressão profana “estar às ordens”, ou seja, estar à disposição.

O Maçom ao utilizar essa expressão para outro Maçom, quer dizer que está fraternalmente à disposição do Irmão.


julho 20, 2023

A DISCIPLINA DO AMOR

 



Foi na França, durante a segunda grande guerra. Um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta à casa.

A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.

Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava a sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu posto de espera.

O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando àquela hora, ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias.

Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, “mas quem esse cachorro está esperando?”. Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho sempre voltado para “aquela” direção.

julho 19, 2023

QUEM FOI JACÓ, O PERSONAGEM DA ESCADA DE JACÓ - Almir Sant’Anna Cruz



Jacó era filho de Isaac e Rebeca. Considerado mais moço que seu irmão gêmeo Esaú, Jacó comprou dele a primogenitura por um prato de lentilhas. E, com a ajuda de sua mãe, obteve por um estratagema a bênção de primogênito.

O nome Jacó provavelmente significa “que Deus proteja”, mas a etimologia popular  o aproximou do verbo aqab, suplantar, enganar, ou do nome aqéb, calcanhar.

Fugindo da ira de seu irmão Esaú, foi para a casa de seu tio Labão. 

Em Betel teve a visão da Escada e recebeu de Deus a promessa de que teria uma numerosa e abençoada descendência.

Jacó serviu Labão por sete anos para se casar com Raquel, mas tendo recebido Lia, serviu mais sete anos para poder finalmente receber Raquel.

Ficando mais seis anos, prosperou mais que Labão e ao retornar para casa, lutou com um Anjo às margens do Jaboc e por isso teve seu nome mudado para Israel, que significa “forte com Deus”.

Apesar de temer a Esaú, encontrando com ele no caminho, reconciliaram-se.

Sua esposa Lia foi a mãe de seis de seus filhos: Ruben, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulon e de sua filha Diná.

Sua esposa Raquel foi a mãe de José e Benjamim.

De Bilha, escrava de Raquel, nasceram Dã e Neftali.

Zilpa, escrava de Lia, foi a mãe de Gade e Aser.

Os doze filhos homens de Jacó (Israel) deram origem às doze tribos em que o povo se dividiu.

Posteriormente, a tribo de José se dividiu em duas meia-tribos, correspondentes aos descendentes de seus filhos Manassés e Efraim, adotados por Israel.


Do livro *Personagens Bíblicos da Maçonaria Simbólica* do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz Interessados contatar o autor no WhatsApp (21) 99568-1350

julho 18, 2023

CONSIDERAÇÕES SOBRE O UNIVERSO E MAÇONARIA - Dilson Azevedo


Ciência é o “conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente obtidos mediante a observação a experiência dos fatos e um método próprio“ (J. I Girardi).

Ela nos diz que há aproximadamente 14 bilhões de anos, houve em um ponto no espaço uma expansão envolvendo temperaturas altíssimas, e outras energias suficientes para que a Vida surgisse no Universo e tudo o que ele contém.

Tal fenômeno designado como Big Bang, está documentado através de uma radiação de fundo resultante do que aconteceu, e micro-ondas cósmicas.

O Universo assim surgido está composto de:

1º) Energia escura (68%), a qual acelera a expansão do Universo.

2º) Matéria escura (27%), a qual não emite luz. 

Não se conhece sua composição.

3º) Matéria comum, atômica (5%).

De acordo com o Físico A. Einstein (1879 – 1955), matéria e energia são dois estados diferentes de uma mesma substância quântica universal.

A Energia não pode ser criada, mas apenas transformada, e cada uma é “capaz de provocar fenômenos determinados e característicos nos sistemas físicos”.

Encontramos no Universo diversas estruturas como: Buracos Negros (região do espaço do qual nada pode escapar), Estrelas (esfera de plasma; átomos que perderam elétrons) Galáxias (acumulação de estrelas), Quasares (objetos astronômicos energéticos, de tamanho menor que o de uma estrela, e fonte de energia eletromagnética).

O Universo está se expandindo e todas as Galáxias estão se distanciando uma das outras no mesmo tempo.

Nossa Galáxia mede 100 mil anos luz de diâmetro (um ano luz é aproximadamente 10 trilhões de Km), e contém mais de 100 bilhões de estrelas.

Na Galáxia em que vivemos (Via Láctea) existe um Sistema constituído por uma Estrela Central, o Sol, e oito Planetas (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno) que orbitam ao redor dessa Estrela.

O Sistema Solar ocupa menos de 1 trilionésimo do espaço conhecido e se move a 240 km/seg e leva cerca de 250 milhões de anos para percorrer a órbita da Galáxia.

Nosso planeta, a Terra pesa 6 trilhões de toneladas e movimenta-se em torno do Sol, estrela que irradia para nós luz e calor e que vai durar aproximadamente 5 bilhões de anos.

A Terra gira em torno do Sol à velocidade de 107 mil Km por hora (30 km/segundo) e ao mesmo tempo executa um movimento em torno de seu eixo, a uma velocidade de cerca de 1610 km/hora. 

Surgiu há 4,6 bilhões de anos, e em seu ambiente houve inúmeras modificações, culminando com o surgimento do fenômeno Vida.

A matéria comum do Universo é composta de partículas denominadas átomos (significando indivisíveis), lembrando um minúsculo Sistema Solar.

Um grão de areia contém 22 quintilhões de átomos (22 seguido por 18 zeros).

Os átomos sabe-se agora são constituídos por partículas básicas: prótons (apresentam carga positiva), elétrons (apresentando carga negativa), nêutrons (sem carga).

Entretanto com o avanço científico, foram descobertas inúmeras novas partículas: bósons, hadrons, bárions, neutrinos, mésons, leptons, híperons taus, etc., etc., etc.

Você é constituído por trilhões de átomos, que formam moléculas, as quais formam proteínas, que formam células (unidades básicas dos seres vivos), que formam sistemas (grupos de órgãos) os quais formam você.

Entretanto Você é mais do que tudo isso. 

Seu corpo poderia ser dividido até o último átomo e ainda assim não se poderia localizar a Essência que sabemos ser Você.

Sendo este maravilhoso Universo, com tantos mistérios, um efeito assombroso, necessariamente é decorrente de uma Causa. 

Pode-se também nele perceber um propósito, um objetivo, uma harmonia, uma concordância entre as partes.

A Ciência nos proporcionou esses conhecimentos referidos anteriormente. Outras fontes porém, nos deram uma nova visão, através da revelação de um Criador (Deus, Elohim em Hebraico, Theos em Grego, Grande Arquiteto do Universo para a Maçonaria), Onipotente, Onipresente, Onisciente.

Entretanto por sermos limitados, não podemos conceituar esse Absoluto Ilimitado.

Ele pode cientificamente ser entendido como “um campo não local de energia (força ativada) e informação com circuitos de retorno cibernéticos e autorreferentes”.

A existência deste “Invisível Evidente”, foi defendida por um Irmão nosso, Benjamin Franklin (1706 – 1790, estadista e cientista, inventor do para-raios), com as seguintes palavras: “Achar que o mundo não tem Criador é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão em uma tipografia”.

Assim como o Universo que evoluiu desde um Caos a um Estado de Ordem e Harmonia, os Seres Humanos (ápice da Evolução Biológica) passaram de uma barbárie inicial a Criação de uma Elite de Homens Livres e de Bons Costumes, buscando a Fraternidade, cultivando o Sagrado e a Espiritualidade, e reunidos em uma Organização denominada Maçonaria.

Através de Alegorias, esta Ordem leva seus Membros a refletir nas vantagens de um aprimoramento moral.

Cultivando a Tolerância, respeito às Opiniões e Religiões, praticando a Bondade, a Sinceridade, a Coragem, a Perseverança, o Maçom, ao se dirigir ao Supremo Poder, com certeza não terá as mãos manchadas com o sangue dos seus semelhantes, nem a mente repleta de egoísmo e preconceitos.

Poderá assim, afirmar para si mesmo, algo que lembra um Salmo Bíblico (Nº 26):

Meus pés estão firmes, em um caminho reto.



julho 17, 2023

A IMPORTÂNCIA DO GRAU DE APRENDIZ



Somente aqueles que verdadeiramente reconhecem a importância do Grau de Aprendiz, que entendem que seremos sempre “Eternos Aprendizes”, poderão efetivamente se considerar Maçons e não “Profanos de Avental”. 

É no Grau de Aprendiz que se começa a aprender o que é a Maçonaria.

Sem absorver, sem atentar minuciosamente para tudo o que se passa nesse Grau, sem pressa de galgar outros Graus, é que o Iniciado se converte num verdadeiro Maçom, num pedreiro construtor de si próprio e da Sociedade.

É necessário compreender primeiramente e nos mínimos detalhes, por mais simples que possam parecer, cada um dos ritos iniciatórios e seus simbolismos, sem o qual o aprendizado ficará comprometido para a segunda fase, que são os ritos previstos nos Rituais das sessões do Grau. 

Nas sessões, cada fala, cada prática ritualística, tem um propósito definido, embora oculto, e que deve ser igualmente estudado com atenção. 

Compete ao Aprendiz aprender.

Ele não fala, ele ouve.

Será instruído pelos Mestres, mas deve estar atento ao que lhe é ensinado, retendo apenas o que se coadunar com seu intelecto e com o que aprendeu também em obras de grandes autores.

Deve sempre, com a devida educação e calcado no princípio da dialética, questionar se considerar a instrução inadequada.

Isso porque nem tudo o que os Mestres ensinam está rigorosamente correto, pois é fato que muitos, humanos que são, galgaram os graus sem o necessário conhecimento para tal.

O aprendizado também se faz com livros de bons autores maçônicos, e que assim se avança no conhecimento do Grau.

Mas igualmente deve estar atento, pois nem tudo o que já se escreveu sobre a Maçonaria é confiável.

A Verdade é tão complexa que seria temerário alguém se julgar sua detentora.

Por isso, a Verdade só pode ser considerada Verdade quando se coadunar com a Razão.

E cabe a cada irmão assim questionar a si mesmo como um eterno aprendiz. 



julho 16, 2023


 

AS TRÊS FORÇAS DA INICIAÇÃO - Salvio Albenor




Na nossa expressão humana, possuímos três forças que comandam todas as nossas atividades: o Pensar, o Sentir e o Querer. Estas, no entanto, são embaralhadas, se misturam, se auto interferem e se auto enfraquecem, também, pela interação de cada uma com as outras.

Muitas vezes, pensamos que estamos sentindo, mas, na realidade, estamos querendo; em outras, pensamos que estamos querendo, mas, na realidade, estamos sentindo. Na maioria das vezes, queremos pensar, e acabamos sentindo, ou queremos sentir, e acabamos pensando. É uma confusão, um embrulho total, e, assim, tais forças ficam fracas e sem nosso domínio direto.

Na iniciação, o primeiro trabalho do discípulo é separar cada uma delas no dia-a-dia, para que possam ser dominadas, encorpadas e fortalecidas.

Assim, na hora de “Pensar”, devemos nos fixar, apenas, no pensar, e este passará a ser forte, concentrado e poderoso, sem influências do Sentir e do Querer, até que se transforme num Corpo Mental potencializado.

Na hora de “Sentir”, devemos nos fixar, apenas, no sentir e poderemos dominá-lo, reduzindo seus efeitos como no sofrimento e na dor, ou intensificando seus efeitos no prazer, na felicidade e bem-estar, sem influência do “Pensar” e do “Querer”, até que se transforme num Corpo Emocional poderosíssimo.

Assim, também, na hora de “Querer”, devemos nos fixar, apenas, no querer, e este passará a ser intenso, sem influências do “Pensar” e do “Sentir”, permitindo que nosso fraco desejo se transforme num “Querer” férreo e forte, e, depois, num Corpo Volitivo intenso, que permitirá realizar todas as nossas metas e intentos.

O segundo trabalho do discípulo é transformar seu triângulo humano no iniciático e, posteriormente, no do Adepto.

Ninguém chega à Verdade e aos Mestres sem ser iniciado. É através das estreitas portas da iniciação que se abrem os portais da sabedoria.

Existem, assim, três tipos de iniciação: 

- Indireta: iniciação pela própria vida, tomando bordoadas, errando e acertando, sendo a mais sofrida, a que a totalidade da humanidade está sujeita, causando desgastes e cabeçadas pela procura e mudanças, através de religiões e filosofias; 

-Direta: iniciação através de um verdadeiro colégio iniciático, onde, pela ambiência e conhecimentos, o discípulo interpreta os símbolos à sua maneira, sem aceitar ou duvidar de nada, chamada de simbólica, devido a tais símbolos, usados nos níveis e graus dos ensinamentos; 

- Real:  quando o discípulo, gradativamente, penetra nos símbolos, decifrando-os, conectando-se com a fonte que jorra conhecimentos fantásticos e superiores do infinito manancial da sabedoria. 

Toda a humanidade está sendo iniciada dentro de uma iniciação, chamada de indireta, a iniciação pela própria vida, conforme alusão acima, buscando, aqui e acolá, respostas para seus questionamentos interiores: De onde vim? O que faço aqui? Por que vivo e para onde vou? Vou para o nada, acabando, simplesmente, ao morrer, ou tenho uma continuidade de vida em outras dimensões? O que há além da morte, ou o que há além da vida?

A iniciação direta, como o nome diz, leva, diretamente, à essência do conhecimento e da verdade. Considera que não há religião superior a ela, pois a Verdade é Deus, e iniciação é a busca da mesma. 

Quando o homem foi criado, Deus escondeu-a dentro dele e ele não a acha, pois busca, externamente, algo que está em seu interior. Deus está presente no interior de cada um, pois, se fomos feitos à Sua semelhança, está em nós, e a sua busca iniciática é pela introspecção, pelo autoconhecimento, pela meditação, onde o Eu Interno, ou Eu Superior, ou Eu Crístico medita a Verdade, me-dita-a-Ação.

Querido leitor, troque sua iniciação indireta por uma direta; o caminho será totalmente diferente, mais rápido, reto, certeiro e gratificante. 

Use tudo o que você adquiriu de conhecimento até agora, peneire tudo e fique, apenas, com o que há de melhor em todas as religiões e filosofias. Peneire, com malha bem fina, tudo o que existe como conhecimento, ficando, apenas, com bons valores e princípios, com o que é útil, necessário e verdadeiro, com o que é justo, moral e ético.

Em vez de buscar fora a Verdade e Deus, inicie a busca de valores e de sua realidade em seu interior.

As Três Regras da Iniciação

O Adepto se faz, não é feito por ninguém; Sigilo absoluto, os iniciados se calam; Quando o Discípulo está pronto, o Mestre aparece.

1. O Adepto se faz

Todo discípulo deve buscar se tornar um Adepto, palavra que vem do latim “Adeptus”, e que significa “aquele ou aquela que conseguiu” não só consciência plena, como também o despertar de todos os seus dons, capacidades e poderes latentes e superiores, para se integrar na grande

Obra, a evolução da humanidade e da Terra como um todo.

A verdadeira Iniciação não pode ser dada, emprestada, vendida, herdada, achada, alugada ou roubada, ela deve ser conseguida pelos próprios esforços de cada um na transformação contínua da sua vida energia em vida consciência. 

Quanto maior for o esforço, maior será a proteção e a ajuda fornecida por Adeptos, que acompanham, ocultamente, cada discípulo na iniciação, sempre, respeitando suas limitações, deficiências e, principalmente, o seu livre arbítrio.

2. Sigilo absoluto

Na Iniciação simbólica, a qualquer momento, o discípulo pode receber imagens, símbolos e até arcanos vivos, e a tendência natural é contar aos outros e perguntar a todos pelo seu significado. Esse proceder é totalmente errado e estanca o processo da iniciação simbólica até por vários anos seguidos.

Isso acontece, pois o símbolo pertence à sua iniciação, é somente seu, e é ele, discípulo, quem deve decifrá-lo para que o processo tenha continuidade. 

Não pode compartilhar com ninguém, por mais confiável ou íntima que seja a relação, pois não existem duas pessoas com mesmo nível de evolução e merecimento, além de a iniciação ser individual e conduzida caso a caso, conforme grau evolutivo e merecimento individual. 

A regra de ouro é sigilo absoluto. Os iniciados se calam até que sua consciência, ou as próprias Leis da Iniciação permitam falar.

3. Quando o discípulo está pronto

Sem querer ser clarividente, ter poderes, ou quaisquer atributos especiais, o discípulo deve se aprimorar nos aspectos morais, éticos e de justiça, buscando a verdade e a consciência; assim, vai evoluindo e acelerando a sua Iniciação, até que esteja pronto. 

E o grau de prontidão varia com os valores de cada um, onde, então, o Mestre, ou seja, sua Consciência, Essência, Espírito, Mônada, Corpo Causal, Cristo Interno, manifesta-se e começa, então, sua Iniciação Real, real de valor e real de realidade.

Os Mestres externos existem e, somente, servem de exemplos para nós e para informar que o verdadeiro Mestre não é cada um deles, mas sim o que está dentro de cada discípulo, o “Mestre Interno”.

julho 15, 2023

O GALO NA MAÇONARIA




O galo preside a primeira prova do candidato a pedreiro encerrado na sala de reflexão, a prova da terra, feita nas trevas, e que prepara a passagem para fora da esfera profana. O galo é envolvido por um filactério, estandarte de tecido, espécie de amuleto protetor, no qual figura a inscrição "Vigilância perseverança" encimada pelo lema VlTRlOL

A presença da ave consagrada tanto a Zeus quanto a Apolo solar, antes de ser a ave curadora de Asclépio, é uma herança carregada de simbolismo. Recorda as últimas palavras de Sócrates no Fédon, onde recomenda a Críton que não esqueça a promessa de sacrificar um galo a Asclépio, em reconhecimento à transformação de Críton que admitiu a morte de seu mestre na ordem natural. . Refere-se também pelo estandarte, às negações de Pedro, realizadas, conforme foi anunciado, três vezes antes de o galo cantar, cumprindo o seu canto uma função profética (Jó 38, 36: "Quem pôs no íbis sabedoria, deu ao galo inteligência?"). Estas funções são retomadas por Rabelais em Pantagruel onde se recorda que o imperador romano Probo praticava a adivinhação pelo galo e sobretudo em Gargântua (1, 10 e 111, 25) quando se supõe o canto do galo branco, imagem crística. colocar leões em fuga e expulsar demônios. 

Outra assimilação ligada à vocação do galo como "barqueiro" é feita entre o deus gaulês (gallus o galo?) Lug, deus galo, patrono das estradas e caminhos, e Mercúrio, protetor dos viajantes e inventor das artes.

Aqui, as sombras das lendas relativas ao galo, em particular ao galo branco, dizem respeito à peregrinação a Santiago de Compostela. A milagrosa intervenção do pássaro, guia da rota celeste da Via Láctea, paralela à rota terrestre de Santiago, traz de volta à vida o enforcado injustamente condenado; o "galo, barqueiro das almas" também protege o corpo: uma pena branca no chapéu servia de talismã.

A instalação do galo no alto de uma torre sineira era feita de acordo com um ritual de companhia; nessa ocasião, corria a lenda da queda de um companheiro tonto e sua morte aos pés do mestre. Essas práticas muitas vezes eram acompanhadas por concepções mais eruditas; assim, as pedras de vedação ou entalhes chamados “abraxas” entre os gnósticos alexandrinos como Basilides, que carregavam um galo com corpo humano, armado com um escudo e um chicote às vezes associado a Cristo, serviam de suporte para a meditação. Um famoso abraxas teria servido como um selo secreto para os Templários.

Mas foram os alquimistas que mais frequentemente incluíram o galo nas suas receitas, como símbolo da volatilidade do mercúrio ou da transformação do enxofre em vitríolo, passado pelo fogo vermelho do galo. Este símbolo está presente em L'Atalante fugitive (1618) de Michel Maier, associado ao poder do sol, e em De lapide philosophico (1625} de Lambsprinck, que tem na capa o autor de corpo inteiro, vestido com túnica adornada com a águia de duas cabeças e um galo na crista central. Esta noção de "pedra filosofal" elixir de longa vida e "verdadeira medicina" estava ligada à crença nas virtudes de outra pedra chamada "alectrian" com virtudes maravilhosas, que os lapidários medievais localizados nas entranhas ou no peito do galo. Este símbolo da luz enterrada nas "entranhas" da terra ou do animal anuncia a reversão da iniciação e o retorno à luz. A figura do basilisco, meio galo meio cobra, une esses dois aspectos e prepara o destinatário para “deixar seus metais na porta do templo”.

O galo também é encontrado na joia do Cavaleiro Templário na alvenaria inglesa.

julho 14, 2023

O VERDADEIRO TRABALHO DO APRENDIZ - Rui Bandeira



O Aprendiz, após a sua Iniciação, não tem apenas de se integrar na Loja.

Essa integração, se bem que necessária, é apenas instrumental da sua atividade maçônica.

O Aprendiz, logo na sua Iniciação e imediatamente após a mesma, é confrontado com uma panóplia de símbolos variada e complexa.

Uma das vertentes importantes do método maçônico é o estudo e conhecimento dos símbolos, o esforço da compreensão e apreensão do seu significado.

Aprender a lidar com a linguagem simbólica, a determinar os significados representados pelos inúmeros símbolos com que a Maçonaria trabalha é, sem dúvida, uma vertente importante dos esforços que são pedidos ao Aprendiz. 

É uma vertente tão mais importante quanto ninguém deve “ensinar” o significado de qualquer símbolo ao Aprendiz.

Quando muito, cada um pode informá-lo do significado que ele dá a um determinado símbolo.

Mas nunca poderá legitimamente dizer ao Aprendiz que esse é o significado correto, que esse é o significado que o Aprendiz deve adotar. 

O Aprendiz pode adotar o significado que o seu interlocutor lhe transmitiu ser a sua interpretação, mas apenas se concordar com ele.

Se atribuir acriticamente a um símbolo um significado apenas porque alguém lhe disse entendê-lo assim, está a agir preguiçosamente, não está a trilhar bem o seu caminho.

Não quer isto dizer que o Aprendiz não deva, não possa, atribuir a determinado símbolo o mesmo específico significado que outro ou outros lhe atribuem.

Aliás, diversos símbolos são generalizadamente vistos da mesma maneira pela generalidade dos maçons. 

Mas cada um deve meditar sobre o símbolo, procurar entender o que significa, por ele próprio.

Pode – não há mal nenhum nisso! – ouvir a opinião de outros, aperceber-se que significado ou significados outros lhe dão.

Ao fazê-lo, está a beneficiar do trabalho anteriormente realizado por seus Irmãos e é também para isso que serve a Maçonaria, é também essa a riqueza do método maçônico.

Mas deve, é imperioso que o faça analisar, refletir sobre o que lhe é dito, verificar se concorda ou discorda, em quê, em que medida e por que. e então extrair ele próprio a sua conclusão e adaptá-la como a que entende correta. 

Pode ser igual à dos seus Irmãos; pode ser semelhante, mas levemente diferente; ou pode ser muito ou completamente diferente.

Não importa!

Ninguém lhe dirá ninguém lhe pode legitimamente dizer, que está errado.

É a sua interpretação, a que resultou do seu trabalho, da sua análise, é a interpretação correta para ele.

E tanto basta!

E se porventura mais tarde, com nova análise, com os mesmos ou outros ou mais elementos, vier a modificar a sua interpretação, tudo bem também! 

Isso corresponde a evolução do seu pensamento, que ninguém tem o direito ou legitimidade para contestar!

Ainda que beneficiando da sinergia do grupo, da ajuda do grupo, das contribuições do grupo, o trabalho do maçom é sempre individual e solitário!

E também, inegavelmente, difícil.

É todo um novo alfabeto que, mais do que aprender, o Aprendiz maçom está a criar e a aprender a criar!

Não é, ainda, porém, esse o principal trabalho do Aprendiz maçon.

É um trabalho importante, é sobre ele que deverá, há seu tempo, mostrar a sua evolução, mas ainda assim é apenas um trabalho instrumental.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é, afinal, o de se aperfeiçoar a ele próprio.

Incessantemente.

Incansavelmente.

Interminavelmente.

Ou melhor, só terminando no exato momento em que deixa esta dimensão do Universo e passa ao Oriente Eterno.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é trabalhar a sua pedra bruta e dar-lhe, pacientemente, diligentemente, a regular forma cúbica que harmoniosamente se integre na grande construção universal, projetada pelo Grande Arquiteto do Universo!

A pedra bruta a aparelhar é ele próprio, as asperezas a retirar são as suas muitas imperfeições, os seus defeitos, os seus deméritos, a forma a trabalhar e a tornar regular e harmoniosa é o seu caráter.

Este trabalho nunca está concluído.

Por mais lisa que esteja a sua pedra, por mais regular e harmoniosa que esteja a sua forma, nunca está perfeita, pode e deve sempre aprimorá-la, alisá-la ainda um pouco mais, dar-lhe ainda melhor proporção.

Este trabalho é o verdadeiro, o importante, o essencial trabalho do Aprendiz maçom e o é para toda a sua vida.

É, portanto, também o trabalho do Companheiro e do Mestre maçon.

Por isso o Mestre maçom que seja realmente digno dessa qualidade só se pode considerar, ainda e sempre, um Aprendiz e continuar, prosseguir, com perseverança, o sempiterno trabalho de se aperfeiçoar, de trabalhar a pedra bruta, que por muito cúbica que esteja, deverá sempre ver como bruta em relação ao que deve estar, ao que ele pode que esteja, ao que deve aspirar que seja, esperando que, chegada a hora, algum préstimo tenha.

O verdadeiro trabalho do Aprendiz é, tão só, o trabalho de ontem, de hoje e de sempre, do maçom, qualquer que seja o seu grau e qualidade: Melhorar. 

Melhorar e, depois disso, melhorar ainda!

Todo o resto é apenas instrumental!







julho 13, 2023

SER OU ESTAR MAÇOM - Gabriel Oliveira




Atualmente podemos afirmar que “Ser ou Estar alguma coisa” está se tornando uma expressão bastante difundida, que é utilizada para identificar se uma pessoa assumiu ou não seu posicionamento correto com respeito a qualquer organização da qual participa, como por exemplo – quando se desempenha um cargo público ou legislativo, tal qual o de “Estar Ministro”, entre outros exemplos, sendo inclusive utilizado com personagens em programas humorísticos. 

Absorvendo este conceito e aplicando-o no seio de nossa Fraternidade percebemos que todos nós “Estamos Maçons” ao procedermos nossa Iniciação. 

Estamos Maçons ao frequentarmos a Loja e pagarmos as suas mensalidades e taxas.

Estamos Maçons quando participamos de uma atividade organizada pela loja, uma atividade filantrópica, uma palestra, uma visita a outra Loja. 

Ou até mesmo Estamos Maçons quando meditamos sobre o nosso papel e partimos em busca da meditação interior em busca da verdade. 

Mas o que é Ser Maçom? 

O verbo SER não poderia ser considerado sinônimo do verbo ESTAR. 

A caracterização mais expressiva é de que estar é um verbo que indica certo estado, portanto, há como que embutido em seu conteúdo certa passividade, enquanto que o verbo ser é ativo, representa ativação. 

Ser Maçom é um estado de espírito que deve caracterizar o membro presente a toda situação em que pode ajudar e cooperar para que o mundo torne-se de alguma forma melhor. 

Ser Maçom é compreender que por mais poderosas que sejam as forças externas elas devem ser dominadas pela energia que tem sede em sua própria personalidade. 

Ser Maçom é ter consciência que sua presença discreta pode dar apoio a novos projetos úteis à comunidade e constituir-se num valoroso pilar de sustentação de valores mais nobres do indivíduo. 

Ser Maçom é ser o eterno estudante que busca o ensinamento diário, tirando de cada situação uma lição, e aplica com êxito os princípios estudados. 

Que Desenvolve em toda oportunidade de sua intuição, sua força de vontade, sua capacidade de ouvir e entender os outros. 

Temos que considerar que o Ser Maçom deve, como livre pensador, questionar o porquê de determinados acontecimentos entendendo e vivenciando no nosso aprendizado que palmilhamos lentamente, com passos firmes para não tropeçar nos erros e vícios do passado, mesmo que em momentos saiamos da trajetória para poder compreender o mundo com uma visão holística de suas nuances. 

O Maçom que se limita a ler ou estudar as instruções dos graus ou a literatura disponível e não procura aplicar em sua vida diária os conceitos que lhe são transmitidos, na busca do desbaste da Pedra Bruta, e em erigir o Templo Interno, perde excelentes oportunidades de ampliar seus conhecimentos e de verificar como o saber do aprendizado da Arte Real pode ser útil para o seu bem-estar na busca de seu retorno ao Cósmico. 

O Ser Maçom é aquele estado em que sem abandonar os hábitos de disciplina racional, a mente busca uma abrangência do universo, o conhecimento intrínseco dos fenômenos que estão ocorrendo, procurando desenvolver a sensibilidade e a compreensão das razões de estudo. 

O Maçom que desenvolveu sua mente para estar atenta e acompanhar a evolução dos fatos sabe como conhecer as sutilezas que envolvem suas origens, é como um oleiro que dá formas sutis ao barro bruto, enquanto que o Maçom modela sua própria consciência num confronto com sua própria personalidade. 

Vivemos juntos e cruzamos com diferentes seres humanos que pensam e agem de maneira diversa da nossa. 

Isto nos propicia excelentes oportunidades de nos adaptarmos a estas personalidades e, sobretudo, de aprimorarmos as formas de inter-relacionamento. 

A sabedoria do bem viver é despertada quando nos conscientizamos dessas diferenças e procuramos compreender o indivíduo através de suas particularidades. 

Ser Maçom é despertar este sentido de compreensão do indivíduo e estar preparado para assisti-lo nos momentos de dificuldades. 

O exemplo de uma atitude mental moderada, sincera e cooperativa caracteriza muito o Ser Maçom. 

E todos notam que sob muitos aspectos, o Ser Maçom diferencia-se como indivíduo entre todos os outros. 

No aprendizado inicial aprendemos que além dos SS.’. TT.’. e PP.’. o Maçom deve ser reconhecido pelos atos e posturas dentro da sociedade e no meio onde vive, traduzindo de maneira diuturna os nosso aprendizado e a filosofia dos postulados da Arte Real. 

Sentimos que temos que desempenhar um papel mais complexo na sociedade e dar uma contribuição positiva para que ela se torne superior. 

Ser Maçom implica em algumas renúncias, mas a compensação que advém deste estado de espírito especial é muito agradável. 

Sentimo-nos como se fôssemos os autores da novela e não apenas os personagens passivos, criados pelos mesmos. 

Temos uma participação presente e atuante, embora que, aparentemente o Maçom apresente-se um tanto reservado. 

Já se disse que nos colocamos muito mais em evidência, quando nos mantemos como observadores e damos a colaboração somente quando é solicitada pelos outros, do que aqueles que procuram apresentar-se como os donos da festa. 

Considerem, sobretudo, que encontramos muitas pessoas evoluídas e que podem ser consideradas possuídas de elevado espírito Maçom. 

Têm uma expressiva vivência das coisas do mundo e utilizam grande sabedoria em suas decisões, mesmo se nunca se tornaram Maçons. 

...*Nós estamos Maçom ao entrarmos na Ordem e Somos Maçom quando o espírito dela entrar em nós*... 

A diferença é muito grande, mas facilmente perceptível. 

Irmãos unam-nos na trilha que leva ao Templo ideal e tomemos o cuidado para não Estarmos Maçons, para não trilharmos a Maçonaria simplesmente cumprindo Rituais, envergando a mera condição de um “Profano de Avental”. 

Desejo que todos avaliem como é bom SER MAÇOM! 

...Se há invejosos, é porque você está fazendo algo certo... 





julho 12, 2023

LANDMARKS, NOS LIMITES DA DESCONFIANÇA - Mario Rolleri




Os Landmarks, ou Lindeiros, são regras particularmente impostas pela Maçonaria anglo-saxônica. A palavra Landmark tem sua origem nos maçons ingleses. Esta palavra foi tomada da Bíblia em (Job 24.2 e Pr 22.228/23.10) e recordam os Lindeiros que não se deve violar. 

Na maçonaria se denominam assim as limitações, que supostamente nenhuma Grande Loja pode, ignorar, anular ou modificar, já que neles estão contidos os princípios, e a essência da Fraternidade. Essas limitações, a que chamaremos de Lindeiros, o quanto seja possível e com o fim de não usar a inglesa, são aqueles princípios, ou regras de governo maçônico, que supostamente determinam a natureza de nossa Instituição, e que por vir, de tempos remotos, tem-se em sua maior parte, por invioláveis. Dentro desses Lindeiros, se encontra a maçonaria, fora deles ela não existe. Os que encarnam uma tendência de aceitação chegaram a sustentar que a Maçonaria é um culto fundado em bases religiosas e, cujos princípios originais, os Landmarks, são imutáveis. Até o fim dos tempos, por consequência, não se pode introduzir modificações nos princípios e fundamentos da Maçonaria Original. Identificados com essa tendência, se encontra grande parte dos maçons latino americanos, partidários de uma maçonaria não dogmática, que represente e encarne as forças dinâmicas frente as tendência estáticas.

O vocábulo Landmark, foi empregado desde tempos, muito antigos, pelos maçons operativos ingleses para se referir às práticas, costumes, leis e usos da maçonaria. O prestigioso jurista argentino, Virgilio A. Lasca, em sua obra “Direito Internacional Público Maçônico”, diz que o fundamental a considerar nestas guias ou pautas, deve se inspirar no essencial do conteúdo nas Constituições de Anderson de 1.723, e nas particularizações ou peculiaridades, que em cada jurisdição foi imposta. “Impõe-se uma elevação espiritual para avivar a grande obra a cumprir pela maçonaria nesta humanidade ansiosa de paz e harmonia, para afiançar seu progressivo melhoramento”.

“Devem se contemplar todos os princípios que tendam a unir as Potências, e descartar aqueles outros que são motivos de discrepância, se é que compreendemos bem a Arte de construir uma verdadeira Fraternidade”

No entanto, as referidas Constituições de Anderson não são de modo algum um antigo “lindeiro”, ainda que possa ser um padrão de referência. A Constituição publicada pela Grande Loja Inglesa, em 1.723 é uma verdadeira reforma de usos e costumes da maçonaria operativa, levada a cabo pela necessidade de organizar a Fraternidade, a fim de reunir os elementos dispersos e coordenar seus esforços. 

 Isso está claramente explicitado na pagina 73 do Livro das Constituições de 1.723, onde se pode ler: “… sendo consideravelmente, interpoladas (inseridas) (não só, na Bíblia se fazia interpolação) e mutiladas, e, lamentavelmente alteradas os anexos Constituições… nosso antigo Respeitável Grão Mestre, encarregou o autor a examinar, corrigir e redatar, seguindo um método novo e melhor, a história, deveres e regulamentos de nossa Velha Fraternidade.

 Em consequência, esse autor estudou diversos documentos provenientes da Itália, Escócia e de distintas regiões da Inglaterra, entre eles encontrou grande numero de erros, e deles assim como de outros antigos arquivos maçônicos tirou as Constituições com os Deveres e Regulamentos Gerais. Essa página foi posta de forma muito suspeita, na sombra, pelos historiadores. Conhecemos uma longa lista de muitos antigos manuscritos maçônicos, e acreditamos que o famoso Manuscrito ou Poema Régio, que data do ano 1.390, é o mais antigo de todos. A Carta de Bolonha importante documento de 1.248, também foi mantido no ostracismo pela maioria dos historiadores da Fraternidade. A que se deve esse silêncio? Podemos ver nisso uma não confessada intenção dos ingleses pela preponderância britânica?

A obra de Anderson não pode evitar a aparição de suscetibilidades. Conta-nos Eduardo E. Plantagenet (ver Bases do Direito Maçônico, Landmarks ou Obrigações de Anderson) que aqueles que permaneciam fiéis aos que acreditavam ser a verdadeira tradição maçônica, não queriam admitir que pudesse ser corrompida por alterações de toda ordem. É precisamente a esses irmãos a quem se deve em 1.722, no mesmo momento, em que o trabalho de Anderson era confiado a uma comissão de revisão, especialmente nomeada para seu exame, a publicação de uma constituição “The Old Constitutions belonging to the Ancient and Honourable Society of Free and Accepted Masons”, copiada segundo declaravam, de um documento manuscrito de mais de quinhentos anos de idade.

 Não há dúvida que foram eles que anos mais tarde, em 1.858 como se pretende, provocaram de uma lista de Landmarks ou Princípios Fundamentais e Imprescindíveis da Ordem, que se opuseram com êxito, às “Obrigações de Anderson”. Todavia, hoje a Grande Loja Unida da Inglaterra, faz desses Lindeiros, a base da ortodoxia maçônica. Muitos irmãos crêem que certos Lindeiros, estão indissoluvelmente unidos à Constituição de Anderson.

Se confrontarmos os Landmarks e as Obrigações, continua Plantagenet, vemo-nos fatalmente obrigados, de bom ou mau grado, comprovar que de longe complementa-se mutuamente, como nos induziria a admitir a doutrina anglo-saxônica, ambos os documentos se contradizem, ou se acham em desacordo, sobre mais de um ponto; e que sua autoridade “legal” está longe de ser equivalente e, por último, que suas divergências tão nefastas à grandeza e à sublime universalidade do Ideal Maçônico, tem em sua origem um mal entendido, tanto mais aflitivo, quanto o que parece ser, mais que uma deplorável consequência da eterna incompatibilidade existente entre a letra escrita e o espírito. Essas diferenças, não são frutos do azar nem da fantasia do redator; elas são voluntárias, premeditadas e o que é pior, meticulosamente definida e posta à luz.

Essas diferenças, acentuaram-se com o tempo e impulsionaram os “antigos”(a oposição aos modernos que rodeavam e apoiavam a Anderson) a voltar a seus antigos sentimentos, renegar as Constituições de Anderson, invocar a imprescritibilidade dos Lindeiros, que “Eles haviam descoberto” e provocar assim a alteração do texto original de Anderson e depois a paradoxal semelhança de seus Lindeiros com as Obrigações.

O que são e o que não são os Landmarks, então? Devemos aceitar que até hoje não se conhece nem o numero nem sua natureza particular, e que nenhuma das nomenclaturas em curso os reveste um caráter de autenticidade suficientemente notória, para que possamos da dúvida que nasce em tantas singulares contradições e a visível oferta que produz seu cotejo. Uns poucos correspondem aos antigos e inalteráveis Lindeiros. Outros muitos, não são nada mais que tardias interpolações, que tiveram como objeto primordial sustentar posições altamente criticáveis, pouco maçônicas. Certamente, não será possível através desses, medir o grau de desvio que se há produzido na Fraternidade, o distanciamento dos postulados que a impulsionavam. Considerar que os chamados landmarks são o conjunto de escritos próprios e exclusivo da Ordem, sem fazer uma prévia análise dos mesmos, pode nos levar a cometer graves equívocos. Essa análise é iniludível para determinar se as Obrigações de Anderson podem ou não ser consideradas como a Carta Fundamental da Maçonaria especulativa ou então considerar como tal os princípios básicos da Franco-maçonaria Universal, aprovados na Assembleia Geral de Franco maçons, reunida em Paris, no ano 1.523.

Não há dúvidas que estamos todos de acordo sobre a existência real de determinados Lindeiros não desprovidos de certa autoridade e que podem em certa medida, pelo menos representar alguns elementos essenciais à regularidade maçônica. No entanto, para que pudéssemos fazer deles parte do direito Maçônico, seria necessário que esses Lindeiros fundamentais fossem aliviados de todas as prescrições, cuja universalidade não está não está demonstrada de um modo a não se ajustar à estreita definição, admitida em seu caráter específico. Os Lindeiros que propôs Mackey, são notoriamente posteriores ao livro das Constituições de Anderson. 

Quanto ao resto, que titulo se poderia invocar antes as circunstâncias já assinaladas, para conceder aos Lindeiros uma precedência qualquer  sobre as Obrigações de Anderson? O argumento da anterioridade não pode ser usado; sua autenticidade está sujeita à cautela; sua universalidade é discutível; seu numero é desconhecido; nada define ”oficialmente” seu caráter; nem se quer pode se pretender que a anunciação dos principais, entre eles, tenha aportado um elemento novo para o estabelecimento para os quadros do direito maçônico.

Na Constituição “operativa” publicada em Londres em 1.772, não se encontra nenhuma referencia que possa servir de base para a justificativa dos Landmarks de Mackey. Pelo contrário pôde-se apreciar que, pela primeira vez apareceu essa expressão no vocabulário maçônico, no artigo XXXIX das antigas Ordenanças, publicadas na continuação das Obrigações de Anderson; (XXXIX – Cada Grande Loja tem um poder inerente e autoridade para tomar “novas regras” ou alterá-las, em benefícios desta antiga Fraternidade; Providenciem sempre, para que “os antigos marcos sejam cuidadosamente preservados”…)

Com o decreto de aprovação da Grande Loja, expressa se que os decretos de Anderson, devem ser considerados como as únicas Constituições da Ordem: (… E nós ordenamos que estes sejam recebidos em cada apresentação especial sob nosso conhecimento, como a Constituição só de Maçons Livres e Aceitos entre nós …) não pode haver dúvida que as prescrições a que esta declaração se referia não eram outras que as editadas pelas “Old Charges”.

Se considerarmos essas prescrições com a atenção que merecem, logo notaremos que, adotando o aspecto de uma constituição operativa, elas traçam muito claramente, o quadro espiritual da Maçonaria especulativa, destacando as tradições que importa respeitar para que o Maçom virtuoso possa “realizar” a iniciação e converter-se em um “Iniciado” no sentido intelectual, e para que a Ordem conserve sua fisionomia própria em meio as tantas instituições profanas, dedicadas à satisfação fragmentária e temporal das aspirações transcendentais e integrais da comunidade maçônica.

Enfrentamos assim, uma verdadeira disjunção: optar entre Lindeiros ou Obrigações. Podemos embarcar numa difícil tarefa de pesquisar e analisar todos os Lindeiros que andam dando voltas e decidir quais deles são autênticos e vitais para a manutenção do caráter que identifica nossa Fraternidade. Reitero o equivoco que pode resultar emitir uma opinião sobre os “antigos Lindeiros”, considerando somente os enunciados por Mackey. Ninguém pode responder de que fontes os extraiu. São muitos os irmãos que não aceitam preferência excessiva que se outorga a esses Lindeiros por sobre as Obrigações de Anderson, porque em alguns aspectos eles se desvirtuam em perigosa pugna, e em outros, repetem-na inutilmente.

O que interessa ante todo é entender-se. Quando se proclama que os antigos Lindeiros são “inalteráveis, irremovíveis, imutáveis” resulta positivamente certo, se tem em conta, quando menos as Obrigações de Anderson, porém se não se considera a nomenclatura de Mackey, que tem invadido muitos terrenos para poder pretender certo grau de imprescritibilidade. Não podemos deter a evolução, atando-a a limites de um passado morto. A natureza não é estacionária. “As instituições envelhecem, enquanto a Humanidade rejuvenesce sem parar; os métodos podem se desgastar, a exigência do dos tempos e do espírito modificar-se, as doutrinas corromper-se, somente o “fim” permanece eternamente idêntico a si mesmo, porque nós estamos no “vale”, e Ele está “lá em cima”. Se ousarmos expressar o que é um Landmark iniciático usando nossa própria tese, diríamos que o que nos distingue especificamente da atividade intelectual e social do mundo profano, é precisamente que “a comunidade humana se esforça para realizar a doutrina”tentando a cada indivíduo, cada função, e cada grupo a impor sua aos outros, enquanto que a comunidade maçônica não aspira se não a encaminhar a Humanidade até “o fim”fazendo-a perceptível a todos e deixando cada um o cuidado de encontrar seu caminho, de progredir por ela segundo suas forças e sua possibilidades.

“É por isso que o ensinamento iniciático, se não presta a nenhuma limitação espiritual; a crítica de hoje é essencialmente diferente daquela cujos textos nos mostram os rituais do século XVIII, ainda que o objetivo final continue sendo o mesmo”.

“como conclusão se pode afirmar que as Obrigações de Anderson, igual aos Princípios Básicos Constitutivos da Franco-maçonaria Universal, do ano 1.523, constituem os únicos documentos capazes de proporcionar uma base sólida ao direito maçônico. Desgraçadamente os Landmarks ou Lindeiros em sua forma atual, não somente são nulso em seu valor, senão que por sua imprecisão, sua falta de coordenação e sua oferta, enredada que evidenciam seus fins, constituem, para a Ordem um mal de excepcional gravidade que seria urgente extirpar. È isso possível ? Não há duvida que sim. Bastaria somente não deixar que na busca racional dessa solução do problema que a letra escrita não afogue ao espírito e que as particularidades não estrangulem a Fraternidade (Plantagenet)

Os “antigos Lindeiros “(ou landmarks) cujo sentido real, e números, que poucos maçons conhecem têm demonstrado que só convém às Potencias maçônicas, já que lhes permite, pela ambigüidade do termo, acusar-se reciprocamente da não observação da antiga tradição dos Maçons operativos. O pecado é que todas elas se fazem mais ou menos culpadas, quando eles servem seus interesses.

 

Titulo original em espanhol. Landmarks, en los limites de la sospecha. - Tradução – Laurindo Roberto Gutierrez