julho 26, 2023

TRAVESSEIRO SILENCIOSO - Adilson Zotovici











Haverá algo tão bom, tão gostoso 

No final de cada jornada,

Na calada da noite sagrada

Como um travesseiro silencioso ?


É a justa recompensa  reservada

A quem  jamais ocioso

Cumpriu seu dever bem zeloso

Pela perseverança pois, conquistada 


Os percalços estão no dia a dia 

Gerando angustia e apreensão

Mas são  partes da evolução,

Que se vence com  sabedoria  


É preciso colocar emoção 

Planejar com amor e  ousadia 

Realizar com prudência e maestria

Fazer feliz o coração 


O desacerto não é tormento

A quem labuta com seriedade 

Pois a “compreensão” com humildade

Traz Superação e conhecimento 


Não há um “dono da verdade” 

Cada qual tem seu momento

E cada um, com seu talento,

Gera igual felicidade 


Vale sempre esclarecer,

Que essa é a fórmula perfeita

Para quem com  a paz  se deleita

Para quem quiser bem viver 


É também  boa receita

A quem não quer esmorecer 

E ao chegar ao anoitecer...

Para um sonho tranquilo se deita !



julho 25, 2023

A SILHHUETA QUE RESPLANDECE - Roberto Ribeiro Reis


Como é possível migrar das sombras para a luz, em questão de pouco tempo? Como é possível divorciar-se das agruras do cotidiano, e caminhar rumo à imensidão?

Isso tudo é possível, nobres Irmãos, a partir do momento em que atravessamos o umbral da   porta que antecede o   Templo Maçônico. Talvez   porque ali, momentaneamente, homens estejam vibrando paz, harmonia e concórdia.

Talvez também por entenderem que, elevando o seu pensamento, são capazes de sair das  esferas da matéria  – as   quais lhe prendem aos   grilhões do vulgo –  e irem   ao encontro de algo mais profundo, inebriante e que transcende a mentalidade do homem médio.

Quando se leva uma   Sublime Ordem a sério,   perscrutando lhe todo o   arcabouço esotérico e filosófico, é possível mudar não somente o ambiente interno de uma Loja, mas, acima de tudo, melhorar uma sociedade, ainda que paulatinamente.

Se a vida profana fosse submetida à égide de uma  ritualística comprometida, certamente viveríamos em uma sociedade mais evoluída, menos egóica e muito mais espiritualizada.

Os valores morais, éticos e sociais têm soçobrado, especialmente quando confrontados com um vendaval de corrupções, de inversão de sentidos; cada vez mais, infelizmente, é vendida a imagem de que o importante é “ter” – custe o que custar - em detrimento do “ser”.

Não é preciso um grau elevado de espiritualidade para perceber que o homem tem se enveredado pelo caminho das sombras; afinal, nota-se, à primeira vista, que quase tudo ao seu derredor é escuridão: casamentos se desfazem às primeiras frustrações, amizades são desfeitas como um nó frágil e delicado, e o respeito (isso é o que mais dói) já é sentimento obsoleto e em desuso.

A par desse cenário que nos remonta ao caos, tem-se a possibilidade de buscar mudar a nossa realidade. 

Nesse diapasão, a Maçonaria tem oferecido ao homem as ferramentas indispensáveis à sua edificação interior, seja por tudo o que sua simbologia nos ensina, seja ainda pela vasta gama de alegorias e parábolas, que condicionam o homem a lidar com seus fantasmas mentais e vicissitudes do cotidiano.

A bem da Ordem, somos   privilegiados de   ingressarmos em um   Templo,  pois  -  a despeito   de todo o mal que   experenciamos no mundo   profano  –  desfrutamos   da nobilíssima oportunidade de termos, enquanto operadores da Arte Real, uma silhueta que resplandece, especialmente nos momentos em que ali nos reunimos.



julho 24, 2023

UMA DOCE LIÇÃO DE PACIÊNCIA.




O taxista chegou ao endereço e buzinou. Depois de esperar alguns minutos voltou a buzinar. Como essa ia ser a última corrida do seu turno, pensou em ir embora, mas em vez disso, estacionou o carro e caminhou até a porta e bateu... "Um minuto", respondeu uma voz frágil de idosa. O taxista ouviu algo a rastejar pela porta.

Depois de uma longa pausa, a porta abriu. Uma pequena mulher de cerca de 90 anos estava de pé diante do taxista. Usava um vestido estampado e um chapéu com um pequeno véu, como alguém tirado dos filmes dos anos 40.

Ao lado dela havia uma pequena maleta de nylon. O apartamento parecia não ser habitado há anos. Os móveis estavam cobertos com lençóis.

Não havia relógios nas paredes, nem utensílios nos balcões. No canto tinha uma caixa de papelão cheia de fotos e vidraçaria.

"Poderia levar a mala para o carro? ", disse ele. O taxista levou a mala para o táxi e voltou para ajudar a idosa.

Ela agarrou no braço dela e lentamente eles caminharam para a calçada.

A velhinha não parava de agradecer a gentileza do taxista. "Não é nada", disse ele: "Só estou tentando tratar meus clientes como eu gostaria que minha mãe fosse tratada."

"Oh, você é um bom menino", disse ela. Quando eles entraram no táxi, ela deu-lhe o endereço e então perguntou ao taxista: "Posso me levar pelo centro? "

"Não é o caminho mais curto", respondeu rapidamente o taxista.

"Oh, eu não me importo", disse ela, "Não estou com pressa. Estou a caminho de um asilo."

O taxista olhou pelo retrovisor. Os olhos da idosa brilhavam. "Não tenho família nenhuma", continuou com uma voz suave. "O médico diz que não tenho muito tempo. "O taxista estendeu o braço lentamente e parou o taxímetro.

"Que rota quer que eu vá? ", perguntou.

Nas próximas duas horas, eles andaram pela cidade. Ela mostrou ao taxista o prédio onde ela trabalhou como ascensorista por anos.

Eles passaram pelo bairro onde ela e o marido tinham vivido de recém-casados. A idosa o fez parar em frente a um armazém de móveis que já tinha sido um salão de baile onde ela tinha dançado quando criança.

Às vezes, a idosa pedia-lhe que diminuísse a marcha em frente a algum edifício ou esquina específica e sentava-se olhando fixamente para a escuridão sem dizer nada.

Quando o primeiro esboço dos raios de sol apareciam no horizonte, ela de repente disse: "Estou cansada. Vamos embora agora."

O taxista dirigiu silenciosamente para a direção que ela lhe tinha dado. Era um prédio baixo, como um pequeno asilo, com uma entrada que passava por baixo de um alpendre.

Dois maqueiros saíram assim que paramos. Eles eram solícitos e resolvidos, observando cada movimento dela. Eles deviam estar à espera dela.

O taxista abriu o porta-malas e levou a mala até a porta. A mulher já estava sentada em uma cadeira de rodas.

"O que lhe devo? ", perguntou procurando na carteira.

Nada, disse o taxista.

"Por favor, você tem que ganhar a Vida", respondeu ela.

"Há mais clientes", respondeu o taxista.

Quase sem pensar, o taxista inclinou-se e deu um abraço. Ela abraçou-o forte.

"Você deu a uma velha um pequeno momento de alegria", disse ela. "Obrigado".

O taxista caminhou para a tênue luz da manhã... Atrás dele se fechou uma porta. Foi o som do encerramento de uma Vida.

O taxista não pegou mais clientes naquele turno. Dirigiu sem direção alguma mergulhado em seus pensamentos. Durante o resto daquele dia, mal conseguiu falar. O que teria acontecido se aquela senhora tivesse sido tocada por um taxista furioso ou impaciente para terminar o turno? O que teria acontecido se ele tivesse se recusado a fazer a corrida ou se ele tivesse batido uma vez e se tivesse ido embora?

Então pensou que não tinha feito nada mais importante do que aquilo na sua Vida.

Estamos condicionados a pensar que nossas Vidas giram em torno de grandes momentos.

Mas os grandes momentos muitas vezes nos pegam desprevenidos e de surpresa, envoltos maravilhosamente no que as outras pessoas considerariam um momento sem importância.

julho 23, 2023

SOBRE A TOLERÂNCIA, PRECONCEITO, MORAL E JUSTIÇA. - José Darci P. Morsh Soares

 




Penso que é impossível pensar em tolerância, sem associa-la de situações em que haja uma pretensão superioridade, ou de autoridade, quiçá de hegemonia. Abstraídos os grandes Impérios que vicejaram da alta Idade Média até a formação dos modernos Estados Nacionais, não vejo campo mais apropriado para exemplificar a intolerância do que na postura dominante adotada pela Igreja Católica ao longo de sua história, desde o nascedouro até o período da Reforma e mais adiante, do Iluminismo.

Não há dúvidas de que os Católicos sofreram proibições e perseguições nos três séculos iniciais, no último dos quais, foram tolerados. Vindo a ser tornada religião oficial sob o Imperador Teodósio, pelo édito de Tessalônica, em 390 dC e, máxime com a queda do Império Romano no Ocidente, em 476, puderam os Papas reinar com exclusividade. Diz-se que o “poder detesta o vácuo” e os Papas souberam ocupar esse vácuo de poder político. E aí, por dez séculos reinaram absolutos, arrogando-se, inclusive o direito de coroar Imperadores com o que se colocavam acima deles.

A Igreja foi a maior proprietária de terras no continente Europeu, chegando a conservar os chamados Estados Pontifícios até 1870, quando a Itália foi unificada sob o Imperador Victor Emanuel II. Quase 60 anos depois (1929), pelo Tratado de Latrão o Papa reconhecia a Itália unificada e, de lambuja, ganhou o Estado do Vaticano.

Durante esses séculos de império Papal, foram inventados os mecanismos de controle conhecidos como heresia e excomunhão, pelos quais quem não “rezava pela cartilha” do Papa sofria “morte” simbólica, pela excomunhão, ou perseguição, tortura e morte, muitas das quais na fogueira, sob a acusação de heresia. Há exemplo mais contundente de intolerância do que esses? No que respeita à Maçonaria todos sabem das muitas Bulas baixadas por diversos Papas e seu significado, decididamente não era de tolerância.

Com o advento do Iluminismo e relevante contribuição do nascimento da Maçonaria, começaram a soprar os ventos da liberdade individual, social, de consciência, igualdade, tornando todos os seres merecedores de dignidade própria e não meros fantoches destinados a um reconhecimento na eternidade. Nessa senda, por certo é próprio mencionar que talvez o estudo mais antigo conhecido é o livro Tratado Sobre a Tolerância do filósofo Iluminista Voltaire, que o escreveu justamente no contexto das inúmeras guerras religiosas que assolaram a Europa a partir da Reforma e cujo um dos exemplos pode ser o célebre massacre de São Bartolomeu, em 1572, quanto teriam morrido cerca de 30 mil protestantes.

O QUE É TOLERAR?

Rui Bandeira (), escrevendo “A tolerância e seus limites”, nos diz:

“Em Maçonaria, o conceito de Tolerância não inclui qualquer noção de superioridade do tolerante perante o tolerado. Isto é, não se tolera a opinião ou a crença do outro porque somos boas pessoas e achamos que devemos fazê-lo, apesar de entendermos que nós é que estamos certos e o outro é que está errado fazendo-lhe o favor de aceitar que ele tenha opinião errada. O conceito maçônico de Tolerância existe como corolário do princípio da Igualdade, basilar entre os maçons. Deve-se tolerar e tolera-se a opinião diferente ou divergente do outro, porque, como iguais que somos, cada um tem o direito a ter a sua opinião, como muito bem entenda tê-la. E tolera-se e deve tolerar-se a opinião diferente e divergente do outro em relação à nossa, porque não devemos ter a sobranceria de achar que nós é que somos os iluminados, tocadas pela graça divina de estarmos sempre certos.”

No desenrolar de seu artigo, Rui faz uma distinção que é de extrema relevância para se conhecer o âmbito de abrangência da tolerância. Diz ele:

Antes do mais, é preciso entender que o conceito de Tolerância se aplica a crenças, a ideias, ao pensamento e respectiva liberdade, às pessoas e sua forma, estilo e condições de vida, mas nada tem a ver com o juízo sobre atos.

Ou seja, tolerar é admitir, acolher o diferente, seja esse diferente na forma de ideias ou modo de ser, estilos de vida

Tentando exemplificar: se sou torcedor de um time, tenho que admitir que o outro tem igual direito de torcer por outro. Isso vale para convicções religiosas, filiação partidária, adoção de linha ideológica. Se defendo com veemência meus pontos de vista, isso não significa que o outro não possa fazê-lo e nem que minhas convicções se sobreponham às dele.

No modo de ser e de agir, posso ser convencional – no modo de se comportar, de vestir, quanto aos lugares que frequento – e nem por isso significa que os que adotam a conduta hippie, usam piercings, gostam de tatuagens, devam ser tratados como se fossem inferiores. São diferentes, mas não são inferiores. Posso e tenho o direito de não gostar desses estilos e modos, mas é minha obrigação partir do princípio de que, em termos de humanidade eles são rigorosamente iguais a mim.

Este raciocínio pode se aplicar a situações mais radicais. Se vejo um “negro”, um “gordo”, um “aleijado” ou, no extremo oposto uma mulher de formas deslumbrantes e atraentes, posso me afetar por projeções psíquicas, conscientes ou não, e me posicionar ou agir com sentimento de rejeição (preconceito) ou de concupiscência numa e noutra hipótese. Temos que lembrar que em nenhuma dessas hipóteses essas pessoas têm culpa por terem vindo ao mundo dessa forma e como tal, merecem nosso respeito como pessoas a quem se deve tratamento digno. Talvez com relação a mulher atraente seja inevitável que nosso lado instintual seja despertado, mas na realidade ela é apenas um ser, com seus problemas e sonhos, talvez até os de arranjar bom marido e vir a ser boa mãe, mas de forma alguma é objeto de consumo que possa ser cobiçada de modo grosseiro e vil.

Quanto ao preconceito, a palavra por si só se explica, desdobrando-se em “pré“ e “conceito”. Ou seja, se vejo um gordo já concluo que é glutão ou preguiçoso para exercitar-se; se vejo um muçulmano já concluo que é radical e fundamentalista. Em situações tais, devo posicionar-me com espírito desarmado. Ouvir o que o outro tem a dizer, desde que o faça com fundamentos e serenidade. Posso discordar de suas razões, mas nada me autoriza a pré-julga-lo e condená-lo desde logo.

Rui Bandeira, prossegue em seu artigo:

“... tenho o dever de aceitar alguém que pense de forma diferente da minha, que tenha uma crença religiosa diferente da minha, uma orientação sexual diferente da minha, um estilo de vida diferente do meu. Mas já não tenho idêntico dever em relação a atos concretos desse outro que se revelem violadores da lei, da moral ou da própria noção de Tolerância. Designadamente, não tenho que tolerar manifestações de intolerância em relação a mim, às minhas crenças e convicções, tal como não só não tenho que tolerar, como não devo fazê-lo, atos criminosos, cruéis, degradantes ou simplesmente violadores das consensuais regras de comportamento social.”

A distinção a que se pode chegar é simples: (a) Quando se trata do modo como a pessoa pensa, suas crenças, suas preferências de estilo e como é, raça, cor, composição corporal, tenho que ser tolerante, porque essas características não interferem no meu mundo; (b) Quando se trata de juízos da pessoa ou condutas que ferem a moral social convencional ou aspectos legais e que interferem no meu sentimento ou na minha vida como um todo, já não se trata mais de tolerância, e tenho a faculdade de reagir pelos meios socialmente aceitos e legais.

Vejamos conceitos legais da forma mais sucinta possível: 

Caluniar - atribuir falsamente crime. Difamar - atribuir fato negativo que não seja crime. Injuriar - atribuir palavras ou qualidades negativas, xingar. Injuria racial - a injúria que consista na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.            

Nessas situações, se as pratico, corro o risco de ser responsabilizado. Se sou vítima dessas ações, tenho o direito de reagir, pelos meios legais, buscando a responsabilização do ofensor. O que não pode ocorrer é querer “responder na mesma moeda”, porque um erro nunca justifica outro, salvo exceções como a legítima defesa, mas essa é outra história.

Aparentemente simples, não? Ledo engano. O mal dos tempos atuais em que tanto se clama pela tolerância, há que se atentar para o manejo malicioso daqueles que sendo minoria tem a pretensão de impor seus pontos de vista, seus modos de ser, à maioria e o fazem com grande estardalhaço, acusando esta de ser intolerante quando não aceitam aqueles valores.

O VERSO E O REVERSO.

Há um princípio universal de governo que, dando voz a todos, não pode deixar de ter um critério para que as decisões sejam tomadas. Esse critério é o da maioria. Em toda questão de interesses coletivos, havendo divergências, dúplices ou múltiplas, é a vontade da maioria a que deve prevalecer.

Se esse critério fosse respeitado, cada bloco – maioria e minoria – poderiam conviver bem, com a primeira reconhecendo e tolerando o pensamento e o modo de ser desta, com a contrapartida desta respeitando as decisões daquela, justamente por serem maioria. Ocorre que nas últimas décadas a moral geral entrou em franca deterioração. Glorifica-se o bandido e execra-se o policial; aprova-se a rebeldia e até a violência do aluno contra o professor e degrada-se a autoridade deste; as famosas Comissões de Defesa dos Direitos Humanos, sejam dos Parlamentos, sejam de entidades como a OAB, só se lembram de proteger os que violam a lei e direitos, mas nunca se preocupam com os direitos violados das vítimas; os que sofrem de distorções em sua estruturação psicogenética, fugindo do padrão secular dos dois sexos – macho e fêmea – e se apresentam como homossexuais, já não se conformam em exercer essa sexualidade exclusivamente íntima e privada dentro de quatro paredes, mas querem exercê-las às escâncaras impondo condutas aberrantes à maioria que segue o padrão. 

Com todo respeito, para meu gosto, a maior aberração nesse campo é a propagação dessas preferências aberrantes e minoritárias, seja pela manutenção da famosa bandeira com as cores do arco íris hasteadas às janelas, mas indo mais longe promovendo paradas do “orgulho gay”. E o mais paradoxal é que Parlamentares, dentre as quais, infelizmente, há uma gaúcha, supostamente representantes do povo, elegem como suas bandeiras favoritas a defesa da bandidagem. Ou a Filósofa Marcia Tiburi que sem corar de vergonha defende na televisão a liberdade de assaltar (), ou faz defesa entusiasmada da importância do ânus (“c”).(

Ou seja, as minorias não toleram o pensamento e os valores da maioria e querem empurrar-lhe goela abaixo suas excentricidades. E quando encontram resistência dizem-se vítimas da intolerância, em clara situação de pirâmide valorativa invertida.

  Nesse passo há que se atentar também para a indevida apropriação do discurso mediante o uso da tática de desqualificar o argumento do outro. Nos últimos anos, o verbo “lacrar” ganhou um novo sentido graças à militância de esquerda; agora ele significa “mandar bem”, “arrasar” ou algo do gênero.

Não vou prosseguir para não me enveredar para debate unicamente ideológico. O que pretendo destacar é o exato alcance do termo tão caro à Maçonaria, a tolerância, mas com a cautela de saber onde ela tem cabimento e onde não tem.

O DILEMA LGBT-XYZWETC...

Creio ser verdadeiro afirmar que homossexualismo sempre existiu. A Natureza não é perfeita. Comporta desvios, é assimétrica, contempla acidentes. O renomado cientista brasileiro Marcelo Gleiser escreveu um livro sobre isso: A Criação Imperfeita (Ed. Record, 2010).

Admitindo, para efeitos argumentativos, que a homossexualidade é efeito de uma mutação temos que conviver com ela como uma das assimetrias da natureza. Sim, porque para quem acredita no criacionismo é incontroverso que o protótipo, o plano original só previa dois sexos: homem e mulher (https://www.bibliaonline.com.br/acf/gn/1/27). Uma imagem verdadeira e irônica que circula na internet mostra uma tomada e uma flecha elétricas e a legenda diz: “só existem macho e fêmea, o resto é gambiarra”.

Creio ser verdadeiro dizer que o Brasil é, predominantemente conservador, forjado na cultura cristã-católica. Nem o fato de oitenta e cinco por cento da população ser urbana, altera essa matriz. Nas últimas décadas, porém, fruto da militância esquerdista, os homossexuais e seus derivativos, não só reivindicam reconhecimento (tolerância), mas vão além querendo impor seus excêntricos modos de ser à maioria heterossexual. E a questão se agrava quando essa pretensão de hegemonia vem embrulhada em vieses comunicacionais conhecidos como lacração ou vitimismo, como a seguir explicitado:

“Considerando as possibilidades de estabelecer diálogos entre pessoas diferentes, principalmente com grupos que defendem pautas ligadas às mulheres, negros e LGBTs, existem dois modos de comunicação que dificultam a criação de pontes e empatia: a “lacração” e o “vitimismo”. A lacração aparece como uma forma arrogante e autoritária de comunicação que impossibilitaria o diálogo, pois uma pessoa se coloca acima da outra de antemão e encerra o diálogo bruscamente com uma fala de efeito. Já o vitimismo também impossibilitaria o diálogo, na medida em que uma pessoa se coloca de antemão como vítima por ser mulher, negra ou LGBT, ou seja, abaixo da outra. Para existir diálogo, é preciso buscar uma posição de “igualdade comunicativa”: nem lacração nem vitimismo.”

E este tema da orientação sexual não deixa de ser questionado no seio da Maçonaria cujos postulados vindos principalmente das Constituições de Anderson e dos “Landmarks”, proclamam que a Instituição é privativa de homens de bons costumes. No livro “Debatendo os Tabus Maçônicos (A Trolha, 2018), o Ir. Kennyo Ismail noticia que nos EUA após uma Loja posicionar-se contra a admissão de gays, outras se manifestaram contra essa posição por considera-la preconceituosa ou discriminatória. A GLUI também usando de palavras diplomáticas parece admitir que a “orientação sexual” não impede a admissão. Kennyo diz que o que ocorre entre “quatro paredes” é assunto privado.

A indagação que suscito é: a Maçonaria ao vedar a admissão de mulheres, aceitaria a de pessoa biologicamente do sexo masculino, mas que no casal homossexual declara-se o lado feminino do par? Registro que recentemente recebi novos vizinhos. Eles são muito parecidos fisicamente. Quando perguntei ao “X” se o “Y” era seu irmão ele respondeu: não, ele é meu marido.

Quando se discorre sobre as razões para a não admissão de mulheres, se diz que uma hipótese é evitar o envolvimento afetivo-sexual entre irmãos. Mas nesse caso, o gay não correria o risco de também se envolver ou até assediar? Mais: na linha do argumento das “quatro paredes” de Ismail, se em Loja o gay passar a ter comportamento militante e com trejeitos escandalizantes, isso é causa de se concluir por malferimento dos princípios éticos da Instituição e causa para exclusão?

Enfim, são questões que precisam ser enfrentadas. Não basta proclamar que a “orientação sexual” não seria impeditivo à admissão de gays na Irmandade. Há que se ter uma ideia clara de como lidar com situações concretas que já não digam respeito à consciência ou ao modo de ser do candidato, mas digam com sua conduta ostensiva e concreta dissonante do padrão socialmente dominante.

A questão é polêmica, delicada e digna de reflexão séria. E para além da necessária distinção entre tolerar pensamentos e modos de ser em contraposição a atos reais ofensivos à moralidade social, ainda há que saber discernir as hipóteses de desqualificação de nossos argumentos, porque aí poderá estar um militante de esquerda simplesmente querendo “lacrar” o nosso discurso; querendo que seu discurso minoritário se sobreponha ao da maioria.  E “lacradores” não merecem tolerância; merecem ser, respeitosamente, desmascarados.  (J. Darci P. Soares, junho de 2022).


julho 22, 2023

AO MORRER - Joab Nascimento

 

Ao morrer:

Tudo aqui é emprestado, 

Da vida não temos nada,

Em toda essa empreitada,

Em um corpo, encarnado,

Para trás, tudo é deixado,

Não levamos pro além,

Pra favorecer alguém,

Deixamos, feito um mané,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


É besteira ter ganância,

Pra viver só de riqueza,

Idolatrando a beleza,

Demonstrando arrogância,

Sem decoro em constância,

Ter orgulho e desdém,

Sem valorizar ninguém,

Dando fora e pontapé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


Preferir a vaidade,

Idolatrar a matéria,

Revivendo na miséria,

Toda sua prioridade,

Mostrar pra sociedade,

Exuberância também,

A soberba o mantém,

Abaixo do rodapé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


No mundo material,

Tudo que for construído,

Aqui será destruído,

É renovação geral,

No mundo espiritual,

Que é chamado de além,

Não levamos um vintém,

Lá precisamos de fé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


Não adianta ter orgulho,

Achar que é bem melhor,

De riqueza ser maior,

Provocando mais barulho,

Vai se acabar no entulho,

Feito carniça também,

O mal que você contém,

Te servirá de tripé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.



CARÁTER INEFÁVEL - Newton Agrella



Na Maçonaria, não raro, deparamo-nos com algumas palavras que não nos soam tão familiares, mas que do ponto de vista filosófico ostentam um eloquente significado.

Este é o caso do adjetivo “inefável” cuja etimologia advém do Latim.

O referido vocábulo em Português deriva-se de "ineffabilis", cuja construção compõe-se do radical *effaris* (falar, dizer, contar, predizer, anunciar) e o prefixo de negação *in*  - (dicionário FARIA, 2003, p. 337, 492). 

Deste modo, o adjetivo *“inefável”* se traduz como "aquilo que não pode ser expresso".

Valendo-se desta premissa e tendo em vista o caráter especulativo da Sublime Ordem, a mesma estimula o maçom a buscar a Verdade, Origem e Existência sem se valer do uso em vão e trivial do nome de Deus. 

A palavra "inefável" no universo semântico acha-se relacionada com o divinal, com o transcendental, com o perfeito e com a beleza que não pertence ao plano terreno, mas sim metafísico.

O que se propõe ao valer-se deste adjetivo é fazer com que o maçom entenda que a Maçonaria tem um caráter nomeadamente filosófico, progressista e evolucionista e antes de tudo "adogmático" e desvinculado de verdades impostas ou criadas pelas seitas, credos e religiões.

Que fique claro que isto não significa descrença num Princípio Criador e Incriado do Universo; muito pelo contrário.

O que se propõe demonstrar é que o "caráter inefável" está está associado a qualquer tipo de entidade ou fenómeno sobre o qual nada pode ser dito em linguagem humana.

O termo vale para exprimir e caracterizar sensações, sentimentos, conceitos, aspectos da realidade ou entidades, que em razão de sua complexidade, não podem, ou não devem, ser transmitidos ou descritos pela linguagem humana.

Isto impõe que o maçom deve buscar na pesquisa,  na especulação e na própria argumentação filosófica o caminho para o aprimoramento da Consciência.


julho 21, 2023

O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO DE PÉ E A ORDEM? - Almir Sant'Anna Cruz




A expressão é utilizada em duas distintas situações: 1. Na liturgia das sessões maçônicas; 2. Fora das Lojas.

Em Loja, estar de “pé e à ordem” significa estar em pé, com os pés em esquadria e fazendo o sinal de ordem, que varia conforme o grau em que a Loja estiver trabalhando.

A primeira vez em que a expressão é usada na ritualística é para verificar se todos os presentes na sessão são Maçons, ou seja, uma confirmação da condição de Maçom e, no caso de sessões nos graus 2 e 3, também uma confirmação de que os presentes estão habilitados para assisti-la.

Depois, diversas vezes o Venerável ordena que todos fiquem “de pé e à ordem”, ai, segundo Mackey em seu Grande Dicionário (tradução livre): “o homem justo é aquele que, plantando firmemente os seus pés sobre os princípios do Direito e tão imóvel quanto uma rocha, não pode, por isso, ser afastado de sua posição ereta nem pelas seduções da lisonja, nem pelas carrancas do poder arbitrário. E, assim, esta palavra sugere ao Maçom algumas instruções relacionadas com a Virtude e a Justiça”.

Fora da Loja, a expressão passou a ser empregada quando um Maçom, se dirigindo a outro Maçom, a usa, no mesmo sentido da expressão profana “estar às ordens”, ou seja, estar à disposição.

O Maçom ao utilizar essa expressão para outro Maçom, quer dizer que está fraternalmente à disposição do Irmão.


julho 20, 2023

A DISCIPLINA DO AMOR

 



Foi na França, durante a segunda grande guerra. Um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta à casa.

A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.

Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava a sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu posto de espera.

O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando àquela hora, ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias.

Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, “mas quem esse cachorro está esperando?”. Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho sempre voltado para “aquela” direção.

julho 19, 2023

QUEM FOI JACÓ, O PERSONAGEM DA ESCADA DE JACÓ - Almir Sant’Anna Cruz



Jacó era filho de Isaac e Rebeca. Considerado mais moço que seu irmão gêmeo Esaú, Jacó comprou dele a primogenitura por um prato de lentilhas. E, com a ajuda de sua mãe, obteve por um estratagema a bênção de primogênito.

O nome Jacó provavelmente significa “que Deus proteja”, mas a etimologia popular  o aproximou do verbo aqab, suplantar, enganar, ou do nome aqéb, calcanhar.

Fugindo da ira de seu irmão Esaú, foi para a casa de seu tio Labão. 

Em Betel teve a visão da Escada e recebeu de Deus a promessa de que teria uma numerosa e abençoada descendência.

Jacó serviu Labão por sete anos para se casar com Raquel, mas tendo recebido Lia, serviu mais sete anos para poder finalmente receber Raquel.

Ficando mais seis anos, prosperou mais que Labão e ao retornar para casa, lutou com um Anjo às margens do Jaboc e por isso teve seu nome mudado para Israel, que significa “forte com Deus”.

Apesar de temer a Esaú, encontrando com ele no caminho, reconciliaram-se.

Sua esposa Lia foi a mãe de seis de seus filhos: Ruben, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulon e de sua filha Diná.

Sua esposa Raquel foi a mãe de José e Benjamim.

De Bilha, escrava de Raquel, nasceram Dã e Neftali.

Zilpa, escrava de Lia, foi a mãe de Gade e Aser.

Os doze filhos homens de Jacó (Israel) deram origem às doze tribos em que o povo se dividiu.

Posteriormente, a tribo de José se dividiu em duas meia-tribos, correspondentes aos descendentes de seus filhos Manassés e Efraim, adotados por Israel.


Do livro *Personagens Bíblicos da Maçonaria Simbólica* do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz Interessados contatar o autor no WhatsApp (21) 99568-1350

julho 18, 2023

CONSIDERAÇÕES SOBRE O UNIVERSO E MAÇONARIA - Dilson Azevedo


Ciência é o “conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente obtidos mediante a observação a experiência dos fatos e um método próprio“ (J. I Girardi).

Ela nos diz que há aproximadamente 14 bilhões de anos, houve em um ponto no espaço uma expansão envolvendo temperaturas altíssimas, e outras energias suficientes para que a Vida surgisse no Universo e tudo o que ele contém.

Tal fenômeno designado como Big Bang, está documentado através de uma radiação de fundo resultante do que aconteceu, e micro-ondas cósmicas.

O Universo assim surgido está composto de:

1º) Energia escura (68%), a qual acelera a expansão do Universo.

2º) Matéria escura (27%), a qual não emite luz. 

Não se conhece sua composição.

3º) Matéria comum, atômica (5%).

De acordo com o Físico A. Einstein (1879 – 1955), matéria e energia são dois estados diferentes de uma mesma substância quântica universal.

A Energia não pode ser criada, mas apenas transformada, e cada uma é “capaz de provocar fenômenos determinados e característicos nos sistemas físicos”.

Encontramos no Universo diversas estruturas como: Buracos Negros (região do espaço do qual nada pode escapar), Estrelas (esfera de plasma; átomos que perderam elétrons) Galáxias (acumulação de estrelas), Quasares (objetos astronômicos energéticos, de tamanho menor que o de uma estrela, e fonte de energia eletromagnética).

O Universo está se expandindo e todas as Galáxias estão se distanciando uma das outras no mesmo tempo.

Nossa Galáxia mede 100 mil anos luz de diâmetro (um ano luz é aproximadamente 10 trilhões de Km), e contém mais de 100 bilhões de estrelas.

Na Galáxia em que vivemos (Via Láctea) existe um Sistema constituído por uma Estrela Central, o Sol, e oito Planetas (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno) que orbitam ao redor dessa Estrela.

O Sistema Solar ocupa menos de 1 trilionésimo do espaço conhecido e se move a 240 km/seg e leva cerca de 250 milhões de anos para percorrer a órbita da Galáxia.

Nosso planeta, a Terra pesa 6 trilhões de toneladas e movimenta-se em torno do Sol, estrela que irradia para nós luz e calor e que vai durar aproximadamente 5 bilhões de anos.

A Terra gira em torno do Sol à velocidade de 107 mil Km por hora (30 km/segundo) e ao mesmo tempo executa um movimento em torno de seu eixo, a uma velocidade de cerca de 1610 km/hora. 

Surgiu há 4,6 bilhões de anos, e em seu ambiente houve inúmeras modificações, culminando com o surgimento do fenômeno Vida.

A matéria comum do Universo é composta de partículas denominadas átomos (significando indivisíveis), lembrando um minúsculo Sistema Solar.

Um grão de areia contém 22 quintilhões de átomos (22 seguido por 18 zeros).

Os átomos sabe-se agora são constituídos por partículas básicas: prótons (apresentam carga positiva), elétrons (apresentando carga negativa), nêutrons (sem carga).

Entretanto com o avanço científico, foram descobertas inúmeras novas partículas: bósons, hadrons, bárions, neutrinos, mésons, leptons, híperons taus, etc., etc., etc.

Você é constituído por trilhões de átomos, que formam moléculas, as quais formam proteínas, que formam células (unidades básicas dos seres vivos), que formam sistemas (grupos de órgãos) os quais formam você.

Entretanto Você é mais do que tudo isso. 

Seu corpo poderia ser dividido até o último átomo e ainda assim não se poderia localizar a Essência que sabemos ser Você.

Sendo este maravilhoso Universo, com tantos mistérios, um efeito assombroso, necessariamente é decorrente de uma Causa. 

Pode-se também nele perceber um propósito, um objetivo, uma harmonia, uma concordância entre as partes.

A Ciência nos proporcionou esses conhecimentos referidos anteriormente. Outras fontes porém, nos deram uma nova visão, através da revelação de um Criador (Deus, Elohim em Hebraico, Theos em Grego, Grande Arquiteto do Universo para a Maçonaria), Onipotente, Onipresente, Onisciente.

Entretanto por sermos limitados, não podemos conceituar esse Absoluto Ilimitado.

Ele pode cientificamente ser entendido como “um campo não local de energia (força ativada) e informação com circuitos de retorno cibernéticos e autorreferentes”.

A existência deste “Invisível Evidente”, foi defendida por um Irmão nosso, Benjamin Franklin (1706 – 1790, estadista e cientista, inventor do para-raios), com as seguintes palavras: “Achar que o mundo não tem Criador é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão em uma tipografia”.

Assim como o Universo que evoluiu desde um Caos a um Estado de Ordem e Harmonia, os Seres Humanos (ápice da Evolução Biológica) passaram de uma barbárie inicial a Criação de uma Elite de Homens Livres e de Bons Costumes, buscando a Fraternidade, cultivando o Sagrado e a Espiritualidade, e reunidos em uma Organização denominada Maçonaria.

Através de Alegorias, esta Ordem leva seus Membros a refletir nas vantagens de um aprimoramento moral.

Cultivando a Tolerância, respeito às Opiniões e Religiões, praticando a Bondade, a Sinceridade, a Coragem, a Perseverança, o Maçom, ao se dirigir ao Supremo Poder, com certeza não terá as mãos manchadas com o sangue dos seus semelhantes, nem a mente repleta de egoísmo e preconceitos.

Poderá assim, afirmar para si mesmo, algo que lembra um Salmo Bíblico (Nº 26):

Meus pés estão firmes, em um caminho reto.



julho 17, 2023

A IMPORTÂNCIA DO GRAU DE APRENDIZ



Somente aqueles que verdadeiramente reconhecem a importância do Grau de Aprendiz, que entendem que seremos sempre “Eternos Aprendizes”, poderão efetivamente se considerar Maçons e não “Profanos de Avental”. 

É no Grau de Aprendiz que se começa a aprender o que é a Maçonaria.

Sem absorver, sem atentar minuciosamente para tudo o que se passa nesse Grau, sem pressa de galgar outros Graus, é que o Iniciado se converte num verdadeiro Maçom, num pedreiro construtor de si próprio e da Sociedade.

É necessário compreender primeiramente e nos mínimos detalhes, por mais simples que possam parecer, cada um dos ritos iniciatórios e seus simbolismos, sem o qual o aprendizado ficará comprometido para a segunda fase, que são os ritos previstos nos Rituais das sessões do Grau. 

Nas sessões, cada fala, cada prática ritualística, tem um propósito definido, embora oculto, e que deve ser igualmente estudado com atenção. 

Compete ao Aprendiz aprender.

Ele não fala, ele ouve.

Será instruído pelos Mestres, mas deve estar atento ao que lhe é ensinado, retendo apenas o que se coadunar com seu intelecto e com o que aprendeu também em obras de grandes autores.

Deve sempre, com a devida educação e calcado no princípio da dialética, questionar se considerar a instrução inadequada.

Isso porque nem tudo o que os Mestres ensinam está rigorosamente correto, pois é fato que muitos, humanos que são, galgaram os graus sem o necessário conhecimento para tal.

O aprendizado também se faz com livros de bons autores maçônicos, e que assim se avança no conhecimento do Grau.

Mas igualmente deve estar atento, pois nem tudo o que já se escreveu sobre a Maçonaria é confiável.

A Verdade é tão complexa que seria temerário alguém se julgar sua detentora.

Por isso, a Verdade só pode ser considerada Verdade quando se coadunar com a Razão.

E cabe a cada irmão assim questionar a si mesmo como um eterno aprendiz. 



julho 16, 2023


 

AS TRÊS FORÇAS DA INICIAÇÃO - Salvio Albenor




Na nossa expressão humana, possuímos três forças que comandam todas as nossas atividades: o Pensar, o Sentir e o Querer. Estas, no entanto, são embaralhadas, se misturam, se auto interferem e se auto enfraquecem, também, pela interação de cada uma com as outras.

Muitas vezes, pensamos que estamos sentindo, mas, na realidade, estamos querendo; em outras, pensamos que estamos querendo, mas, na realidade, estamos sentindo. Na maioria das vezes, queremos pensar, e acabamos sentindo, ou queremos sentir, e acabamos pensando. É uma confusão, um embrulho total, e, assim, tais forças ficam fracas e sem nosso domínio direto.

Na iniciação, o primeiro trabalho do discípulo é separar cada uma delas no dia-a-dia, para que possam ser dominadas, encorpadas e fortalecidas.

Assim, na hora de “Pensar”, devemos nos fixar, apenas, no pensar, e este passará a ser forte, concentrado e poderoso, sem influências do Sentir e do Querer, até que se transforme num Corpo Mental potencializado.

Na hora de “Sentir”, devemos nos fixar, apenas, no sentir e poderemos dominá-lo, reduzindo seus efeitos como no sofrimento e na dor, ou intensificando seus efeitos no prazer, na felicidade e bem-estar, sem influência do “Pensar” e do “Querer”, até que se transforme num Corpo Emocional poderosíssimo.

Assim, também, na hora de “Querer”, devemos nos fixar, apenas, no querer, e este passará a ser intenso, sem influências do “Pensar” e do “Sentir”, permitindo que nosso fraco desejo se transforme num “Querer” férreo e forte, e, depois, num Corpo Volitivo intenso, que permitirá realizar todas as nossas metas e intentos.

O segundo trabalho do discípulo é transformar seu triângulo humano no iniciático e, posteriormente, no do Adepto.

Ninguém chega à Verdade e aos Mestres sem ser iniciado. É através das estreitas portas da iniciação que se abrem os portais da sabedoria.

Existem, assim, três tipos de iniciação: 

- Indireta: iniciação pela própria vida, tomando bordoadas, errando e acertando, sendo a mais sofrida, a que a totalidade da humanidade está sujeita, causando desgastes e cabeçadas pela procura e mudanças, através de religiões e filosofias; 

-Direta: iniciação através de um verdadeiro colégio iniciático, onde, pela ambiência e conhecimentos, o discípulo interpreta os símbolos à sua maneira, sem aceitar ou duvidar de nada, chamada de simbólica, devido a tais símbolos, usados nos níveis e graus dos ensinamentos; 

- Real:  quando o discípulo, gradativamente, penetra nos símbolos, decifrando-os, conectando-se com a fonte que jorra conhecimentos fantásticos e superiores do infinito manancial da sabedoria. 

Toda a humanidade está sendo iniciada dentro de uma iniciação, chamada de indireta, a iniciação pela própria vida, conforme alusão acima, buscando, aqui e acolá, respostas para seus questionamentos interiores: De onde vim? O que faço aqui? Por que vivo e para onde vou? Vou para o nada, acabando, simplesmente, ao morrer, ou tenho uma continuidade de vida em outras dimensões? O que há além da morte, ou o que há além da vida?

A iniciação direta, como o nome diz, leva, diretamente, à essência do conhecimento e da verdade. Considera que não há religião superior a ela, pois a Verdade é Deus, e iniciação é a busca da mesma. 

Quando o homem foi criado, Deus escondeu-a dentro dele e ele não a acha, pois busca, externamente, algo que está em seu interior. Deus está presente no interior de cada um, pois, se fomos feitos à Sua semelhança, está em nós, e a sua busca iniciática é pela introspecção, pelo autoconhecimento, pela meditação, onde o Eu Interno, ou Eu Superior, ou Eu Crístico medita a Verdade, me-dita-a-Ação.

Querido leitor, troque sua iniciação indireta por uma direta; o caminho será totalmente diferente, mais rápido, reto, certeiro e gratificante. 

Use tudo o que você adquiriu de conhecimento até agora, peneire tudo e fique, apenas, com o que há de melhor em todas as religiões e filosofias. Peneire, com malha bem fina, tudo o que existe como conhecimento, ficando, apenas, com bons valores e princípios, com o que é útil, necessário e verdadeiro, com o que é justo, moral e ético.

Em vez de buscar fora a Verdade e Deus, inicie a busca de valores e de sua realidade em seu interior.

As Três Regras da Iniciação

O Adepto se faz, não é feito por ninguém; Sigilo absoluto, os iniciados se calam; Quando o Discípulo está pronto, o Mestre aparece.

1. O Adepto se faz

Todo discípulo deve buscar se tornar um Adepto, palavra que vem do latim “Adeptus”, e que significa “aquele ou aquela que conseguiu” não só consciência plena, como também o despertar de todos os seus dons, capacidades e poderes latentes e superiores, para se integrar na grande

Obra, a evolução da humanidade e da Terra como um todo.

A verdadeira Iniciação não pode ser dada, emprestada, vendida, herdada, achada, alugada ou roubada, ela deve ser conseguida pelos próprios esforços de cada um na transformação contínua da sua vida energia em vida consciência. 

Quanto maior for o esforço, maior será a proteção e a ajuda fornecida por Adeptos, que acompanham, ocultamente, cada discípulo na iniciação, sempre, respeitando suas limitações, deficiências e, principalmente, o seu livre arbítrio.

2. Sigilo absoluto

Na Iniciação simbólica, a qualquer momento, o discípulo pode receber imagens, símbolos e até arcanos vivos, e a tendência natural é contar aos outros e perguntar a todos pelo seu significado. Esse proceder é totalmente errado e estanca o processo da iniciação simbólica até por vários anos seguidos.

Isso acontece, pois o símbolo pertence à sua iniciação, é somente seu, e é ele, discípulo, quem deve decifrá-lo para que o processo tenha continuidade. 

Não pode compartilhar com ninguém, por mais confiável ou íntima que seja a relação, pois não existem duas pessoas com mesmo nível de evolução e merecimento, além de a iniciação ser individual e conduzida caso a caso, conforme grau evolutivo e merecimento individual. 

A regra de ouro é sigilo absoluto. Os iniciados se calam até que sua consciência, ou as próprias Leis da Iniciação permitam falar.

3. Quando o discípulo está pronto

Sem querer ser clarividente, ter poderes, ou quaisquer atributos especiais, o discípulo deve se aprimorar nos aspectos morais, éticos e de justiça, buscando a verdade e a consciência; assim, vai evoluindo e acelerando a sua Iniciação, até que esteja pronto. 

E o grau de prontidão varia com os valores de cada um, onde, então, o Mestre, ou seja, sua Consciência, Essência, Espírito, Mônada, Corpo Causal, Cristo Interno, manifesta-se e começa, então, sua Iniciação Real, real de valor e real de realidade.

Os Mestres externos existem e, somente, servem de exemplos para nós e para informar que o verdadeiro Mestre não é cada um deles, mas sim o que está dentro de cada discípulo, o “Mestre Interno”.