julho 30, 2023

O MESTRE MAÇOM PERANTE A LOJA - Rui Bandeira


No meu entendimento, o termo que melhor ilustra o que deve ser o Mestre Maçom perante a Loja é “disponível”.

Disponível para exercer os ofícios para que seja designado. Previamente a isso, disponível para aprender os deveres dos ofícios que deve exercer. Durante esse exercício, disponível para detectar, preparar e executar a melhor forma de exercer o seu ofício. Sempre disponível para entender que o exercício de qualquer ofício em Loja – incluindo o de Venerável Mestre; particularmente o de Venerável Mestre – não constitui o exercício de um qualquer Poder, mas tão só um serviço, o cumprimento do dever de cooperar na administração da Oficina. Disponível para, cessado o período de exercício do ofício, deixar ao seu sucessor tudo o que a ele é inerente pelo menos em tão boas condições como as que recebeu – preferentemente, em melhores condições.

Disponível para ensinar e aprender. Disponível para preparar e apresentar pranchas na Oficina. Não será pedir muito a um Mestre Maçom que, pelo menos de dois em dois anos, tenha uma prancha traçada pronta para ser exibida perante a sua Oficina – e se todos os Mestres da Loja assim procederem, seguramente em todas as sessões de Loja haverá trabalhos apresentados. Disponível para ouvir os trabalhos dos demais e sobre eles ponderar e deles aproveitar o que lhe seja útil. Disponível para debater, trocar opiniões, não para “ganhar discussões”, mas para extrair de diferentes conceções os pontos de convergência, as pontes de ligação, os denominadores comuns, os patamares que permitam as evoluções das posições expostas, os consensos atingíveis.

Disponível para as tarefas e projetos e iniciativas que a Oficina leve a cabo. Para auxiliar na execução das muitas boas ideias que surgem, independentemente de quem as tem.

Sobretudo disponível para estar presente, não só fisicamente, mas com toda a sua diligência e atenção – porque só assim será verdadeiramente útil à Loja e verdadeiramente a Loja lhe será útil a ele.

Finalmente, também disponível para, estando presente e pronto para o que preciso for, nunca impor, nem a presença nem a disponibilidade, deixando que naturalmente todos contribuam para todos. O Mestre Maçom integra, faz parte de uma Loja, não é “dono” nem “mentor”, nem colonizador da sua Loja. Tão importante como estar disponível para a sua Loja é ter a noção e o equilíbrio de que os demais também estão e que uma Loja saudável recebe os contributos de todos, não só de alguns mais assertivos em fazê-lo. Há um tempo para fazer e um tempo para descansar e deixar que os demais também façam. Numa Loja equilibrada, não há “estrelas” nem “seguidores”, todos são “primas donas” e todos são “carregadores do piano” – a vez de ser uma ou outra coisa chega a todos e deve ser por todos bem acolhida. O Mestre Maçom que verdadeiramente o é tem a clara noção de que a Loja deve ter todos disponíveis, mas ninguém insubstituível – o cemitério, esse sim, é que está cheio de insubstituíveis… e a vida continua…

Em suma, disponível para entender e praticar que integrar uma Loja maçônica é dar e receber. E, portanto, que se impõe estar sempre disponível para dar ao grupo a colaboração, a atividade, a solidariedade, a atenção, o tempo, o esforço, que o grupo necessita e merece que se lhe dê, mas também saber estar disponível para receber do grupo e de todos os demais que o integram a ajuda, os ensinamentos, as críticas, as opiniões, as sugestões, os contributos que o ajudarão a conseguir ser um pouco melhor. Ao contribuir para a Loja, para o grupo, está a juntar-lhe algo que fará do todo um grupo melhor. Quanto melhor for o grupo, dele mais e com mais qualidade receberá e aproveitará. E indivíduo e grupo mutuamente se vão fortalecendo, vão progredindo, vão melhorando, num virtuoso ciclo que só depende de um pouco do esforço e da contribuição de cada um.

Dar e receber. Estar disponível para ambas as ações. É, afinal, tão simples ser maçom…

Texto de _Rui Bandeira_

julho 29, 2023

CONJECTURAS SOBRE SER RECONHECIDO - Newton Agrella


Uns querem entrar na Ordem, porque acham que isto lhes confere um "status" social.

Outros assim o fazem, porque ouvem dizer, que ao ingressar na Maçonaria ficarão ricos e poderosos.

Há uma parcela que supõe que ser Admitido, seja um passaporte para fazer uma exitosa carreira política.

Nem tão distante disto, há os que acreditam, que em sendo Iniciados, todas as portas do mundo ser-lhe-ão abertas.

E finalmente, há um raquítico contingente de candidatos, que esperam, caso sejam admitidos, possam vir a desempenhar um trabalho de aprimoramento interior,  humanístico, ético, moral e intelectual, que possa torná-los mais consistentes como seres humanos.

Por obra de fortuitas circunstâncias, o que se percebe, especialmente em tempos mais recentes, é um "descompasso" entre o que se jura ou se compromete durante a Iniciação e o comportamento após um breve período de convivência.

Uns acabam simplesmente querendo contestar o que desconhecem. 

Outros, travestem-se de re-inventores da história e buscam inócuas invencionices, como forma de querer deixar uma pretensa marca registrada.

Há também a legião dos que decidem incorporar o espírito divinal e messiânico durante sua pseudo-jornada filosófica, evocando preces, orações e citações religiosas, como se a Arte Real se constituísse num permanente e extenuante encontro ecumênico.

E para fechar com chave de ouro, existe aquele grupo de Iniciados, que prefere abdicar inclusive da crença num "Princípio Criador e Incriado" de tudo o que gira em torno de sua própria existência, como se isso fosse um sinal de consistência intelectual.

A bem da verdade, não é assim que a banda toca...

O mérito de toda essa história está na medida do equilíbrio, da ponderação e do bom senso.

Aquiescer a ideia de que a busca da Verdade (leia-se : "Conhecimento") está no exercício do pensamento, da reflexão, do raciocínio e da especulação ilimitada em prol do aprimoramento da Consciência, muito provavelmente seja o primeiro passo para que de fato, o suposto Obreiro, possa vir a ser reconhecido como um verdadeiro maçom.

Maçom é pedreiro, é construtor, é arquiteto de seu próprio templo interior, cuja missão é tornar-se cada vez melhor, assim como tornar a própria humanidade mais feliz, compartilhando e agregando os valores mais virtuosos do bem contidos na alma humana.

A essência filosófica e moral da Maçonaria reside em sempre  lutar pela Liberdade, promover a Igualdade, e fazer da Fraternidade seu instrumento perene de diretos e obrigações.

O Maçom é soberano juiz de seu tempo e de sua consciência.



julho 28, 2023

EU SOU OU EU ESTOU? SER É DIFERENTE DE ESTAR




SER é diferente de ESTAR.

O verbo ser é um verbo de ligação, que define uma característica permanente de um ser. Ser branco, ser negro, ser forte, ser fraco, ser profissional, ser um professor, ser um advogado, ser engenheiro, ser educado, ser gentil, ser romântico, ser honesto.

O verbo estar é um verbo irregular,, momentâneo, de mudanças no qual não há uma constância de tempo em que pode permanecer naquela situação.

SER gentil é diferente de estar gentil. Ser gentil é alguém que possui atributos de gentileza e assim o é onde estiver.

ESTAR gentil é usar momentaneamente a gentileza, mas não é gentil.

Muitos confundem esses dois verbos que não têm a mesma funcionalidade.

Então sejamos gentis, sejamos educados, sejamos honestos, sejamos humanos!

Sou honesto, logo a honestidade faz parte de meus princípios.

Sou leal, logo a lealdade está em mim.

Usemos então o verbo SER para denotar nossa felicidade, mesmo em momentos de dificuldades.

Não estou feliz. Sou feliz. SEJA! Não ESTEJA!

Seja bem humorado seja humilde, seja de caráter, seja moral!

Há momentos na vida que são difíceis e se usarmos sentimentos positivos momentaneamente, sempre viveremos na inconstância de somente estarmos felizes, depois voltamos ao ponto inicial de tristeza ou indiferença.

ESTAR – Se estamos educados, voltaremos a ser deselegantes, usando o dito popular: “Trato as pessoas como elas me tratam” isso é estar à mercê do humor de outrem.

SER – “Trato as pessoas de maneira como eu gostaria de ser tratado” É ser o que você é, indiferente da posição de alguém.

Influencie o ambiente positivamente com o seu  “SER” e não seja influenciado com o clima do momento, com pessoas que só  “ESTÃO” e não SÃO. 

SEJA e não ESTEJA!


julho 27, 2023

MAÇONS SÃO SERES HUMANOS!!!






E como tal, devem se comportar!

Se, seres humanos, Somos passíveis de falhas.

Buscadores de Conhecimento como todos os seres humanos.

Sujeitos a acertos e erros como qualquer ser humano.

Porém, o que em um não iniciado é uma qualidade rara, no Maçom dever ser o cumprimento de um Dever, sendo útil, sem jamais, tirar proveito.

Os que usam de dissimulação para entrar na Ordem, renegando propósitos como: obter proveitos e vantagens, para serem admitidos, se decepcionarão quando perceberem que a Maçonaria consiste em estudar, ler, elaborar trabalhos, auxiliar os necessitados, mudar as condutas inadequadas, tornando-se mais virtuoso.

Um dos Bons Mestres com quem tive a satisfação de conviver (já partiu para o Oriente Eterno), disse, certa vez:

- A Maçonaria é a única escola que concede um grau antes de ministrar as lições.

E isso, faz com que, grande parte dos iniciados, não entenda a diferença entre receber o Grau e concluir o Grau. 

Só podemos nos considerar aptos ao final de cada ciclo.

Além de checarmos quantas lições foram ministradas e respondidas, no tempo transcorrido, seria indispensável avaliar que transformações aconteceram no modo de proceder dos irmãos:

São elementos de concórdia?

Demonstram com suas ações que entendem que líderes jamais impõe sua vontade?

São tolerantes e tem clara noção dos seus próprios limites?

Dedicam-se ao estudo e a pesquisa com afinco?

Possuem disciplina e perseverança para aprender e sabedoria para ensinar?

As belas palavras são condizentes com atitudes de mesmo valor?

Entende que mais do que proferir belos discursos é preciso saber quando, se, o que e como falar; sendo moderado com os menores, prudente com os maiores, sincero com os iguais, manso com os que sofrem, sempre de acordo com os princípios da sã moral? 

Conhece e aceita suas limitações e, dia após dia, trabalha no mármore para retirar as arestas, uma a uma, com cuidado para não estragar a obra? 

Entende que liberdade ao extremo, se torna libertinagem; que ausência de liberdade, se transforma em escravidão e que, somente pode ser benéfica, a liberdade que se associa a responsabilidade?

E ainda, para que seja considerado apto a subir os degraus da escada:

Deve gozar a vida com moderação e sem ostentações.

Ter devoção à pátria e imenso amor à família, aos irmãos e à humanidade.

Precisa ter disposição indomável para combater sem tréguas o vício, a corrupção, o crime, a intolerância e, principalmente, as suas próprias ambições pessoais.

Ser misericordioso, filantropo, inclinado a compaixão e predisposto a empatia.

Respeitar o seu próximo, independente, de cor, posição social, credo ou idealismo político, bem como à natureza e aos animais.

Amparar e ouvir os seus Irmãos, guardando como segredo de confissão as suas fraquezas e enaltecendo, para todos, as suas virtudes.

Precisa gostar da filosofia maçônica, conhecer profundamente a sua liturgia e ritualística, combatendo o obscurantismo, a intolerância, o fanatismo, as superstições, os preconceitos, os erros, as más lendas e invencionices maçônicas.

Ter uma espiritualidade rica e pureza de sentimentos, que justifiquem a honra de revestir-se de aventais e receber títulos, cargos e graus, ciente de que os paramentos devem adornar as virtudes e não, o corpo físico.

Do passado: ser versado em História da Maçonaria, saber suas origens, leis, usos e costumes; no presente: estar disposto a escrever novos capítulos, atuando como construtor social, objetivo primordial da Ordem, para colaborar com o progresso da humanidade.

E percebo que meu Mestre descobriu o Segredo, alcançando a Sabedoria.

O grande Segredo da Maçonaria é o processo interior que permite a transformação das trevas da ignorância em luz do conhecimento.

O grande Segredo da Maçonaria é que ela oferece a oportunidade para que um ser humano falho e com defeitos, possa aperfeiçoar seu caráter.

O grande Segredo da Maçonaria é que ela oferece as ferramentas e ensina como utilizá-las.

Agora meus amados irmãos, “O maior segredo da Maçonaria é que para elaborar uma obra quase perfeita é preciso trabalhar com afinco, paciência, perseverança, disciplina, no bloco informe e bruto que cada ser humano representa.

Simples assim!!!

Mas tornamos tal missão de difícil labor, pois somos a própria matéria prima a ser lapidada, e de maneira diária e continuadamente, pois :” SOMOS SERES HUMANOS, apesar de filhos de uma DIVINDADE  SUPERIOR, Nosso DEUS!!, e não estamos aqui por acaso!!! 

O trabalho é árduo, diuturno, construtivo.

A perfeição somente é alcançada, degrau por degrau!


(Adaptado do Blog arte Real!)

300.000 - Adilson Zotovici

 

300.000 acessos no dia de hoje


BLOG MICHAEL WINETZKI  300.000


É simplesmente notável

Quando alguém com confiança

Segue além e se lança

Num trabalho irrefutável


Tem que haver segurança

Conhecimento fiável

Sabedoria incontestável

Desprendimento, temperança


Com amor inquebrantável

A Arte Real em aliança

Vital labor venerável


Que só assim se alcança

Reconhecimento impagável

Blog enfim...de tal pujança !


De Adilson Zotovici

Parabenizando nosso Erudito Irmão escritor 

Michael Winetzki pela marca de 300.000

visualizações do seu maravilhoso e cultural blog.





julho 26, 2023

TRAVESSEIRO SILENCIOSO - Adilson Zotovici











Haverá algo tão bom, tão gostoso 

No final de cada jornada,

Na calada da noite sagrada

Como um travesseiro silencioso ?


É a justa recompensa  reservada

A quem  jamais ocioso

Cumpriu seu dever bem zeloso

Pela perseverança pois, conquistada 


Os percalços estão no dia a dia 

Gerando angustia e apreensão

Mas são  partes da evolução,

Que se vence com  sabedoria  


É preciso colocar emoção 

Planejar com amor e  ousadia 

Realizar com prudência e maestria

Fazer feliz o coração 


O desacerto não é tormento

A quem labuta com seriedade 

Pois a “compreensão” com humildade

Traz Superação e conhecimento 


Não há um “dono da verdade” 

Cada qual tem seu momento

E cada um, com seu talento,

Gera igual felicidade 


Vale sempre esclarecer,

Que essa é a fórmula perfeita

Para quem com  a paz  se deleita

Para quem quiser bem viver 


É também  boa receita

A quem não quer esmorecer 

E ao chegar ao anoitecer...

Para um sonho tranquilo se deita !



julho 25, 2023

A SILHHUETA QUE RESPLANDECE - Roberto Ribeiro Reis


Como é possível migrar das sombras para a luz, em questão de pouco tempo? Como é possível divorciar-se das agruras do cotidiano, e caminhar rumo à imensidão?

Isso tudo é possível, nobres Irmãos, a partir do momento em que atravessamos o umbral da   porta que antecede o   Templo Maçônico. Talvez   porque ali, momentaneamente, homens estejam vibrando paz, harmonia e concórdia.

Talvez também por entenderem que, elevando o seu pensamento, são capazes de sair das  esferas da matéria  – as   quais lhe prendem aos   grilhões do vulgo –  e irem   ao encontro de algo mais profundo, inebriante e que transcende a mentalidade do homem médio.

Quando se leva uma   Sublime Ordem a sério,   perscrutando lhe todo o   arcabouço esotérico e filosófico, é possível mudar não somente o ambiente interno de uma Loja, mas, acima de tudo, melhorar uma sociedade, ainda que paulatinamente.

Se a vida profana fosse submetida à égide de uma  ritualística comprometida, certamente viveríamos em uma sociedade mais evoluída, menos egóica e muito mais espiritualizada.

Os valores morais, éticos e sociais têm soçobrado, especialmente quando confrontados com um vendaval de corrupções, de inversão de sentidos; cada vez mais, infelizmente, é vendida a imagem de que o importante é “ter” – custe o que custar - em detrimento do “ser”.

Não é preciso um grau elevado de espiritualidade para perceber que o homem tem se enveredado pelo caminho das sombras; afinal, nota-se, à primeira vista, que quase tudo ao seu derredor é escuridão: casamentos se desfazem às primeiras frustrações, amizades são desfeitas como um nó frágil e delicado, e o respeito (isso é o que mais dói) já é sentimento obsoleto e em desuso.

A par desse cenário que nos remonta ao caos, tem-se a possibilidade de buscar mudar a nossa realidade. 

Nesse diapasão, a Maçonaria tem oferecido ao homem as ferramentas indispensáveis à sua edificação interior, seja por tudo o que sua simbologia nos ensina, seja ainda pela vasta gama de alegorias e parábolas, que condicionam o homem a lidar com seus fantasmas mentais e vicissitudes do cotidiano.

A bem da Ordem, somos   privilegiados de   ingressarmos em um   Templo,  pois  -  a despeito   de todo o mal que   experenciamos no mundo   profano  –  desfrutamos   da nobilíssima oportunidade de termos, enquanto operadores da Arte Real, uma silhueta que resplandece, especialmente nos momentos em que ali nos reunimos.



julho 24, 2023

UMA DOCE LIÇÃO DE PACIÊNCIA.




O taxista chegou ao endereço e buzinou. Depois de esperar alguns minutos voltou a buzinar. Como essa ia ser a última corrida do seu turno, pensou em ir embora, mas em vez disso, estacionou o carro e caminhou até a porta e bateu... "Um minuto", respondeu uma voz frágil de idosa. O taxista ouviu algo a rastejar pela porta.

Depois de uma longa pausa, a porta abriu. Uma pequena mulher de cerca de 90 anos estava de pé diante do taxista. Usava um vestido estampado e um chapéu com um pequeno véu, como alguém tirado dos filmes dos anos 40.

Ao lado dela havia uma pequena maleta de nylon. O apartamento parecia não ser habitado há anos. Os móveis estavam cobertos com lençóis.

Não havia relógios nas paredes, nem utensílios nos balcões. No canto tinha uma caixa de papelão cheia de fotos e vidraçaria.

"Poderia levar a mala para o carro? ", disse ele. O taxista levou a mala para o táxi e voltou para ajudar a idosa.

Ela agarrou no braço dela e lentamente eles caminharam para a calçada.

A velhinha não parava de agradecer a gentileza do taxista. "Não é nada", disse ele: "Só estou tentando tratar meus clientes como eu gostaria que minha mãe fosse tratada."

"Oh, você é um bom menino", disse ela. Quando eles entraram no táxi, ela deu-lhe o endereço e então perguntou ao taxista: "Posso me levar pelo centro? "

"Não é o caminho mais curto", respondeu rapidamente o taxista.

"Oh, eu não me importo", disse ela, "Não estou com pressa. Estou a caminho de um asilo."

O taxista olhou pelo retrovisor. Os olhos da idosa brilhavam. "Não tenho família nenhuma", continuou com uma voz suave. "O médico diz que não tenho muito tempo. "O taxista estendeu o braço lentamente e parou o taxímetro.

"Que rota quer que eu vá? ", perguntou.

Nas próximas duas horas, eles andaram pela cidade. Ela mostrou ao taxista o prédio onde ela trabalhou como ascensorista por anos.

Eles passaram pelo bairro onde ela e o marido tinham vivido de recém-casados. A idosa o fez parar em frente a um armazém de móveis que já tinha sido um salão de baile onde ela tinha dançado quando criança.

Às vezes, a idosa pedia-lhe que diminuísse a marcha em frente a algum edifício ou esquina específica e sentava-se olhando fixamente para a escuridão sem dizer nada.

Quando o primeiro esboço dos raios de sol apareciam no horizonte, ela de repente disse: "Estou cansada. Vamos embora agora."

O taxista dirigiu silenciosamente para a direção que ela lhe tinha dado. Era um prédio baixo, como um pequeno asilo, com uma entrada que passava por baixo de um alpendre.

Dois maqueiros saíram assim que paramos. Eles eram solícitos e resolvidos, observando cada movimento dela. Eles deviam estar à espera dela.

O taxista abriu o porta-malas e levou a mala até a porta. A mulher já estava sentada em uma cadeira de rodas.

"O que lhe devo? ", perguntou procurando na carteira.

Nada, disse o taxista.

"Por favor, você tem que ganhar a Vida", respondeu ela.

"Há mais clientes", respondeu o taxista.

Quase sem pensar, o taxista inclinou-se e deu um abraço. Ela abraçou-o forte.

"Você deu a uma velha um pequeno momento de alegria", disse ela. "Obrigado".

O taxista caminhou para a tênue luz da manhã... Atrás dele se fechou uma porta. Foi o som do encerramento de uma Vida.

O taxista não pegou mais clientes naquele turno. Dirigiu sem direção alguma mergulhado em seus pensamentos. Durante o resto daquele dia, mal conseguiu falar. O que teria acontecido se aquela senhora tivesse sido tocada por um taxista furioso ou impaciente para terminar o turno? O que teria acontecido se ele tivesse se recusado a fazer a corrida ou se ele tivesse batido uma vez e se tivesse ido embora?

Então pensou que não tinha feito nada mais importante do que aquilo na sua Vida.

Estamos condicionados a pensar que nossas Vidas giram em torno de grandes momentos.

Mas os grandes momentos muitas vezes nos pegam desprevenidos e de surpresa, envoltos maravilhosamente no que as outras pessoas considerariam um momento sem importância.

julho 23, 2023

SOBRE A TOLERÂNCIA, PRECONCEITO, MORAL E JUSTIÇA. - José Darci P. Morsh Soares

 




Penso que é impossível pensar em tolerância, sem associa-la de situações em que haja uma pretensão superioridade, ou de autoridade, quiçá de hegemonia. Abstraídos os grandes Impérios que vicejaram da alta Idade Média até a formação dos modernos Estados Nacionais, não vejo campo mais apropriado para exemplificar a intolerância do que na postura dominante adotada pela Igreja Católica ao longo de sua história, desde o nascedouro até o período da Reforma e mais adiante, do Iluminismo.

Não há dúvidas de que os Católicos sofreram proibições e perseguições nos três séculos iniciais, no último dos quais, foram tolerados. Vindo a ser tornada religião oficial sob o Imperador Teodósio, pelo édito de Tessalônica, em 390 dC e, máxime com a queda do Império Romano no Ocidente, em 476, puderam os Papas reinar com exclusividade. Diz-se que o “poder detesta o vácuo” e os Papas souberam ocupar esse vácuo de poder político. E aí, por dez séculos reinaram absolutos, arrogando-se, inclusive o direito de coroar Imperadores com o que se colocavam acima deles.

A Igreja foi a maior proprietária de terras no continente Europeu, chegando a conservar os chamados Estados Pontifícios até 1870, quando a Itália foi unificada sob o Imperador Victor Emanuel II. Quase 60 anos depois (1929), pelo Tratado de Latrão o Papa reconhecia a Itália unificada e, de lambuja, ganhou o Estado do Vaticano.

Durante esses séculos de império Papal, foram inventados os mecanismos de controle conhecidos como heresia e excomunhão, pelos quais quem não “rezava pela cartilha” do Papa sofria “morte” simbólica, pela excomunhão, ou perseguição, tortura e morte, muitas das quais na fogueira, sob a acusação de heresia. Há exemplo mais contundente de intolerância do que esses? No que respeita à Maçonaria todos sabem das muitas Bulas baixadas por diversos Papas e seu significado, decididamente não era de tolerância.

Com o advento do Iluminismo e relevante contribuição do nascimento da Maçonaria, começaram a soprar os ventos da liberdade individual, social, de consciência, igualdade, tornando todos os seres merecedores de dignidade própria e não meros fantoches destinados a um reconhecimento na eternidade. Nessa senda, por certo é próprio mencionar que talvez o estudo mais antigo conhecido é o livro Tratado Sobre a Tolerância do filósofo Iluminista Voltaire, que o escreveu justamente no contexto das inúmeras guerras religiosas que assolaram a Europa a partir da Reforma e cujo um dos exemplos pode ser o célebre massacre de São Bartolomeu, em 1572, quanto teriam morrido cerca de 30 mil protestantes.

O QUE É TOLERAR?

Rui Bandeira (), escrevendo “A tolerância e seus limites”, nos diz:

“Em Maçonaria, o conceito de Tolerância não inclui qualquer noção de superioridade do tolerante perante o tolerado. Isto é, não se tolera a opinião ou a crença do outro porque somos boas pessoas e achamos que devemos fazê-lo, apesar de entendermos que nós é que estamos certos e o outro é que está errado fazendo-lhe o favor de aceitar que ele tenha opinião errada. O conceito maçônico de Tolerância existe como corolário do princípio da Igualdade, basilar entre os maçons. Deve-se tolerar e tolera-se a opinião diferente ou divergente do outro, porque, como iguais que somos, cada um tem o direito a ter a sua opinião, como muito bem entenda tê-la. E tolera-se e deve tolerar-se a opinião diferente e divergente do outro em relação à nossa, porque não devemos ter a sobranceria de achar que nós é que somos os iluminados, tocadas pela graça divina de estarmos sempre certos.”

No desenrolar de seu artigo, Rui faz uma distinção que é de extrema relevância para se conhecer o âmbito de abrangência da tolerância. Diz ele:

Antes do mais, é preciso entender que o conceito de Tolerância se aplica a crenças, a ideias, ao pensamento e respectiva liberdade, às pessoas e sua forma, estilo e condições de vida, mas nada tem a ver com o juízo sobre atos.

Ou seja, tolerar é admitir, acolher o diferente, seja esse diferente na forma de ideias ou modo de ser, estilos de vida

Tentando exemplificar: se sou torcedor de um time, tenho que admitir que o outro tem igual direito de torcer por outro. Isso vale para convicções religiosas, filiação partidária, adoção de linha ideológica. Se defendo com veemência meus pontos de vista, isso não significa que o outro não possa fazê-lo e nem que minhas convicções se sobreponham às dele.

No modo de ser e de agir, posso ser convencional – no modo de se comportar, de vestir, quanto aos lugares que frequento – e nem por isso significa que os que adotam a conduta hippie, usam piercings, gostam de tatuagens, devam ser tratados como se fossem inferiores. São diferentes, mas não são inferiores. Posso e tenho o direito de não gostar desses estilos e modos, mas é minha obrigação partir do princípio de que, em termos de humanidade eles são rigorosamente iguais a mim.

Este raciocínio pode se aplicar a situações mais radicais. Se vejo um “negro”, um “gordo”, um “aleijado” ou, no extremo oposto uma mulher de formas deslumbrantes e atraentes, posso me afetar por projeções psíquicas, conscientes ou não, e me posicionar ou agir com sentimento de rejeição (preconceito) ou de concupiscência numa e noutra hipótese. Temos que lembrar que em nenhuma dessas hipóteses essas pessoas têm culpa por terem vindo ao mundo dessa forma e como tal, merecem nosso respeito como pessoas a quem se deve tratamento digno. Talvez com relação a mulher atraente seja inevitável que nosso lado instintual seja despertado, mas na realidade ela é apenas um ser, com seus problemas e sonhos, talvez até os de arranjar bom marido e vir a ser boa mãe, mas de forma alguma é objeto de consumo que possa ser cobiçada de modo grosseiro e vil.

Quanto ao preconceito, a palavra por si só se explica, desdobrando-se em “pré“ e “conceito”. Ou seja, se vejo um gordo já concluo que é glutão ou preguiçoso para exercitar-se; se vejo um muçulmano já concluo que é radical e fundamentalista. Em situações tais, devo posicionar-me com espírito desarmado. Ouvir o que o outro tem a dizer, desde que o faça com fundamentos e serenidade. Posso discordar de suas razões, mas nada me autoriza a pré-julga-lo e condená-lo desde logo.

Rui Bandeira, prossegue em seu artigo:

“... tenho o dever de aceitar alguém que pense de forma diferente da minha, que tenha uma crença religiosa diferente da minha, uma orientação sexual diferente da minha, um estilo de vida diferente do meu. Mas já não tenho idêntico dever em relação a atos concretos desse outro que se revelem violadores da lei, da moral ou da própria noção de Tolerância. Designadamente, não tenho que tolerar manifestações de intolerância em relação a mim, às minhas crenças e convicções, tal como não só não tenho que tolerar, como não devo fazê-lo, atos criminosos, cruéis, degradantes ou simplesmente violadores das consensuais regras de comportamento social.”

A distinção a que se pode chegar é simples: (a) Quando se trata do modo como a pessoa pensa, suas crenças, suas preferências de estilo e como é, raça, cor, composição corporal, tenho que ser tolerante, porque essas características não interferem no meu mundo; (b) Quando se trata de juízos da pessoa ou condutas que ferem a moral social convencional ou aspectos legais e que interferem no meu sentimento ou na minha vida como um todo, já não se trata mais de tolerância, e tenho a faculdade de reagir pelos meios socialmente aceitos e legais.

Vejamos conceitos legais da forma mais sucinta possível: 

Caluniar - atribuir falsamente crime. Difamar - atribuir fato negativo que não seja crime. Injuriar - atribuir palavras ou qualidades negativas, xingar. Injuria racial - a injúria que consista na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.            

Nessas situações, se as pratico, corro o risco de ser responsabilizado. Se sou vítima dessas ações, tenho o direito de reagir, pelos meios legais, buscando a responsabilização do ofensor. O que não pode ocorrer é querer “responder na mesma moeda”, porque um erro nunca justifica outro, salvo exceções como a legítima defesa, mas essa é outra história.

Aparentemente simples, não? Ledo engano. O mal dos tempos atuais em que tanto se clama pela tolerância, há que se atentar para o manejo malicioso daqueles que sendo minoria tem a pretensão de impor seus pontos de vista, seus modos de ser, à maioria e o fazem com grande estardalhaço, acusando esta de ser intolerante quando não aceitam aqueles valores.

O VERSO E O REVERSO.

Há um princípio universal de governo que, dando voz a todos, não pode deixar de ter um critério para que as decisões sejam tomadas. Esse critério é o da maioria. Em toda questão de interesses coletivos, havendo divergências, dúplices ou múltiplas, é a vontade da maioria a que deve prevalecer.

Se esse critério fosse respeitado, cada bloco – maioria e minoria – poderiam conviver bem, com a primeira reconhecendo e tolerando o pensamento e o modo de ser desta, com a contrapartida desta respeitando as decisões daquela, justamente por serem maioria. Ocorre que nas últimas décadas a moral geral entrou em franca deterioração. Glorifica-se o bandido e execra-se o policial; aprova-se a rebeldia e até a violência do aluno contra o professor e degrada-se a autoridade deste; as famosas Comissões de Defesa dos Direitos Humanos, sejam dos Parlamentos, sejam de entidades como a OAB, só se lembram de proteger os que violam a lei e direitos, mas nunca se preocupam com os direitos violados das vítimas; os que sofrem de distorções em sua estruturação psicogenética, fugindo do padrão secular dos dois sexos – macho e fêmea – e se apresentam como homossexuais, já não se conformam em exercer essa sexualidade exclusivamente íntima e privada dentro de quatro paredes, mas querem exercê-las às escâncaras impondo condutas aberrantes à maioria que segue o padrão. 

Com todo respeito, para meu gosto, a maior aberração nesse campo é a propagação dessas preferências aberrantes e minoritárias, seja pela manutenção da famosa bandeira com as cores do arco íris hasteadas às janelas, mas indo mais longe promovendo paradas do “orgulho gay”. E o mais paradoxal é que Parlamentares, dentre as quais, infelizmente, há uma gaúcha, supostamente representantes do povo, elegem como suas bandeiras favoritas a defesa da bandidagem. Ou a Filósofa Marcia Tiburi que sem corar de vergonha defende na televisão a liberdade de assaltar (), ou faz defesa entusiasmada da importância do ânus (“c”).(

Ou seja, as minorias não toleram o pensamento e os valores da maioria e querem empurrar-lhe goela abaixo suas excentricidades. E quando encontram resistência dizem-se vítimas da intolerância, em clara situação de pirâmide valorativa invertida.

  Nesse passo há que se atentar também para a indevida apropriação do discurso mediante o uso da tática de desqualificar o argumento do outro. Nos últimos anos, o verbo “lacrar” ganhou um novo sentido graças à militância de esquerda; agora ele significa “mandar bem”, “arrasar” ou algo do gênero.

Não vou prosseguir para não me enveredar para debate unicamente ideológico. O que pretendo destacar é o exato alcance do termo tão caro à Maçonaria, a tolerância, mas com a cautela de saber onde ela tem cabimento e onde não tem.

O DILEMA LGBT-XYZWETC...

Creio ser verdadeiro afirmar que homossexualismo sempre existiu. A Natureza não é perfeita. Comporta desvios, é assimétrica, contempla acidentes. O renomado cientista brasileiro Marcelo Gleiser escreveu um livro sobre isso: A Criação Imperfeita (Ed. Record, 2010).

Admitindo, para efeitos argumentativos, que a homossexualidade é efeito de uma mutação temos que conviver com ela como uma das assimetrias da natureza. Sim, porque para quem acredita no criacionismo é incontroverso que o protótipo, o plano original só previa dois sexos: homem e mulher (https://www.bibliaonline.com.br/acf/gn/1/27). Uma imagem verdadeira e irônica que circula na internet mostra uma tomada e uma flecha elétricas e a legenda diz: “só existem macho e fêmea, o resto é gambiarra”.

Creio ser verdadeiro dizer que o Brasil é, predominantemente conservador, forjado na cultura cristã-católica. Nem o fato de oitenta e cinco por cento da população ser urbana, altera essa matriz. Nas últimas décadas, porém, fruto da militância esquerdista, os homossexuais e seus derivativos, não só reivindicam reconhecimento (tolerância), mas vão além querendo impor seus excêntricos modos de ser à maioria heterossexual. E a questão se agrava quando essa pretensão de hegemonia vem embrulhada em vieses comunicacionais conhecidos como lacração ou vitimismo, como a seguir explicitado:

“Considerando as possibilidades de estabelecer diálogos entre pessoas diferentes, principalmente com grupos que defendem pautas ligadas às mulheres, negros e LGBTs, existem dois modos de comunicação que dificultam a criação de pontes e empatia: a “lacração” e o “vitimismo”. A lacração aparece como uma forma arrogante e autoritária de comunicação que impossibilitaria o diálogo, pois uma pessoa se coloca acima da outra de antemão e encerra o diálogo bruscamente com uma fala de efeito. Já o vitimismo também impossibilitaria o diálogo, na medida em que uma pessoa se coloca de antemão como vítima por ser mulher, negra ou LGBT, ou seja, abaixo da outra. Para existir diálogo, é preciso buscar uma posição de “igualdade comunicativa”: nem lacração nem vitimismo.”

E este tema da orientação sexual não deixa de ser questionado no seio da Maçonaria cujos postulados vindos principalmente das Constituições de Anderson e dos “Landmarks”, proclamam que a Instituição é privativa de homens de bons costumes. No livro “Debatendo os Tabus Maçônicos (A Trolha, 2018), o Ir. Kennyo Ismail noticia que nos EUA após uma Loja posicionar-se contra a admissão de gays, outras se manifestaram contra essa posição por considera-la preconceituosa ou discriminatória. A GLUI também usando de palavras diplomáticas parece admitir que a “orientação sexual” não impede a admissão. Kennyo diz que o que ocorre entre “quatro paredes” é assunto privado.

A indagação que suscito é: a Maçonaria ao vedar a admissão de mulheres, aceitaria a de pessoa biologicamente do sexo masculino, mas que no casal homossexual declara-se o lado feminino do par? Registro que recentemente recebi novos vizinhos. Eles são muito parecidos fisicamente. Quando perguntei ao “X” se o “Y” era seu irmão ele respondeu: não, ele é meu marido.

Quando se discorre sobre as razões para a não admissão de mulheres, se diz que uma hipótese é evitar o envolvimento afetivo-sexual entre irmãos. Mas nesse caso, o gay não correria o risco de também se envolver ou até assediar? Mais: na linha do argumento das “quatro paredes” de Ismail, se em Loja o gay passar a ter comportamento militante e com trejeitos escandalizantes, isso é causa de se concluir por malferimento dos princípios éticos da Instituição e causa para exclusão?

Enfim, são questões que precisam ser enfrentadas. Não basta proclamar que a “orientação sexual” não seria impeditivo à admissão de gays na Irmandade. Há que se ter uma ideia clara de como lidar com situações concretas que já não digam respeito à consciência ou ao modo de ser do candidato, mas digam com sua conduta ostensiva e concreta dissonante do padrão socialmente dominante.

A questão é polêmica, delicada e digna de reflexão séria. E para além da necessária distinção entre tolerar pensamentos e modos de ser em contraposição a atos reais ofensivos à moralidade social, ainda há que saber discernir as hipóteses de desqualificação de nossos argumentos, porque aí poderá estar um militante de esquerda simplesmente querendo “lacrar” o nosso discurso; querendo que seu discurso minoritário se sobreponha ao da maioria.  E “lacradores” não merecem tolerância; merecem ser, respeitosamente, desmascarados.  (J. Darci P. Soares, junho de 2022).


julho 22, 2023

AO MORRER - Joab Nascimento

 

Ao morrer:

Tudo aqui é emprestado, 

Da vida não temos nada,

Em toda essa empreitada,

Em um corpo, encarnado,

Para trás, tudo é deixado,

Não levamos pro além,

Pra favorecer alguém,

Deixamos, feito um mané,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


É besteira ter ganância,

Pra viver só de riqueza,

Idolatrando a beleza,

Demonstrando arrogância,

Sem decoro em constância,

Ter orgulho e desdém,

Sem valorizar ninguém,

Dando fora e pontapé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


Preferir a vaidade,

Idolatrar a matéria,

Revivendo na miséria,

Toda sua prioridade,

Mostrar pra sociedade,

Exuberância também,

A soberba o mantém,

Abaixo do rodapé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


No mundo material,

Tudo que for construído,

Aqui será destruído,

É renovação geral,

No mundo espiritual,

Que é chamado de além,

Não levamos um vintém,

Lá precisamos de fé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.


Não adianta ter orgulho,

Achar que é bem melhor,

De riqueza ser maior,

Provocando mais barulho,

Vai se acabar no entulho,

Feito carniça também,

O mal que você contém,

Te servirá de tripé,

Você só leva o que é,

E deixa tudo que têm.



CARÁTER INEFÁVEL - Newton Agrella



Na Maçonaria, não raro, deparamo-nos com algumas palavras que não nos soam tão familiares, mas que do ponto de vista filosófico ostentam um eloquente significado.

Este é o caso do adjetivo “inefável” cuja etimologia advém do Latim.

O referido vocábulo em Português deriva-se de "ineffabilis", cuja construção compõe-se do radical *effaris* (falar, dizer, contar, predizer, anunciar) e o prefixo de negação *in*  - (dicionário FARIA, 2003, p. 337, 492). 

Deste modo, o adjetivo *“inefável”* se traduz como "aquilo que não pode ser expresso".

Valendo-se desta premissa e tendo em vista o caráter especulativo da Sublime Ordem, a mesma estimula o maçom a buscar a Verdade, Origem e Existência sem se valer do uso em vão e trivial do nome de Deus. 

A palavra "inefável" no universo semântico acha-se relacionada com o divinal, com o transcendental, com o perfeito e com a beleza que não pertence ao plano terreno, mas sim metafísico.

O que se propõe ao valer-se deste adjetivo é fazer com que o maçom entenda que a Maçonaria tem um caráter nomeadamente filosófico, progressista e evolucionista e antes de tudo "adogmático" e desvinculado de verdades impostas ou criadas pelas seitas, credos e religiões.

Que fique claro que isto não significa descrença num Princípio Criador e Incriado do Universo; muito pelo contrário.

O que se propõe demonstrar é que o "caráter inefável" está está associado a qualquer tipo de entidade ou fenómeno sobre o qual nada pode ser dito em linguagem humana.

O termo vale para exprimir e caracterizar sensações, sentimentos, conceitos, aspectos da realidade ou entidades, que em razão de sua complexidade, não podem, ou não devem, ser transmitidos ou descritos pela linguagem humana.

Isto impõe que o maçom deve buscar na pesquisa,  na especulação e na própria argumentação filosófica o caminho para o aprimoramento da Consciência.