Despojar-se de tudo o que nos remeta à nossa pujante materialidade não é tarefa fácil.
Desapegar-se daquilo que nos alimenta o ego, como sejam as paixões vulgares, as companhias bajuladoras do cotidiano, pode parecer algo de somenos, quando na verdade não o é.
No entanto, atravessar o umbral da porta que antecede o Templo Maçônico dá azo a que, por instantes de horas em nossa semana, permitamo-nos enveredar pela seara que nos conduz à elevação de nós mesmos, ocasião na qual nos metamorfoseamos em seres um pouco melhores, sem as amarras que nos deixam à mercê do jugo profano.
A nossa revolução íntima não se dará instantaneamente, como que em um passe de mágica; assim, feito seres grosseiros e errantes, vagando pela imensidão sem fim de nossa ignorância, recebemos a dádiva –espiritual, ritualística e esotérica- de trabalharmos as asperezas de caráter e moralidade, cinzelando-as, de sorte que essa lapidação nos enseje uma mentalidade um pouco mais evoluída.
Somos concitados e conclamados a nos refugiarmos pelas veredas do que existe de melhor, quando o assunto tratado é a essência: a imersão pelo nosso templo interior, o famigerado VITRIOL, ocasião na qual somos confrontados ora com a sombra que nos assedia, ora com a luz que deseja nos transcender.
É nesse precioso -e não menos sagrado- momento que vivenciamos os paradoxos, as contradições, as dúvidas e as várias incógnitas que assolam o imo de nossa alma; é também nessa hora que somos tomados de um "silêncio eloquente", que tende a nos trazer para a jornada de reflexão e, consequentemente, proporcionar-nos um pouco de paz.
É imprescindível que possamos perscrutar o que há de melhor na Maçonaria. Que sejamos tomados por um estado de consciência que possa edificar nossos alicerces espirituais.
A cada vez que sairmos de casa, que não pensemos somente em desfrutar de um jantar ou refeição após a sessão maçônica.
O alimento que ali buscamos é o estudo constante, que tem por divisa maior o trabalho de “exaltação de nossa alma”.
Tudo o que for de encontro a esse propósito maior só nos levará ao estacionamento intelectual e à nossa degradação enquanto Construtores Reais.
Se desejamos romper as masmorras dos vícios, se aspiramos nos tornar seres menos grosseiros e vulgares, é imperativo que levemos nossa ritualística mais a sério, entendendo-lhe as sutilezas, a fim de que não sejamos rebaixados aos umbrais da bestialidade e da cegueira mental de outrora.