setembro 09, 2023

MUDAR OU DESAPARECER - O DILEMA DA MAÇONARIA - John L. Palmer



Existe, atualmente, uma crise na nossa Fraternidade?

Se sim, como posso ajudar?

Na história conhecida da Maçonaria, pelo menos desde que se vem contando os Maçons, o número de membros na nossa Fraternidade sempre oscilou, subindo e descendo.

Mas, à medida que o número de membros começou a declinar, surgiu um problema jamais enfrentado.

Mais ou menos no meio do século XX, uma Loja na Austrália estava lidando com o mesmo, ou pelo menos um problema similar de declínio de membros e interesse.

Eles perceberam que a razão pela qual o número de membros estava declinando era que os seus próprios membros não entendiam o que a Maçonaria realmente era; que como resultado, a Loja tinha sido transformada em algo completamente diferente do que pretendia ser; e, que os membros e possíveis membros eram apáticos sobre essa organização chamada Maçonaria.

Eles notaram que a ênfase tinha mudado de companheirismo, estudo filosófico e desenvolvimento espiritual para discussões superficiais sobre tópicos mundanos.

Eles insistiram que se a Fraternidade retornasse ao que eles acreditavam que uma vez fora, os homens, tanto membros quanto não membros, seriam atraídos, e o problema se resolveria por si mesmo.

Eles insistiram que os homens eram atraídos por coisas que eles consideravam valiosas e que os membros da Loja deveriam ser retratados como sendo de imenso valor a fim de atrair homens que se beneficiariam do crescimento intelectual e espiritual que a Fraternidade oferece.

Colocando a sua teoria em prática, criaram uma Loja com ênfase nas discussões intelectuais da filosofia e história maçônicas, eliminando assim muitas oportunidades de desviarem do objetivo.

Por todos os lugares, havia muitos maçons que não estavam realmente felizes com o que estava acontecendo nas suas Lojas.

Quando finalmente conseguiam se tornar membros da Fraternidade, ficavam desiludidos.

Quando viram o que os maçons realmente faziam nas suas reuniões, ficaram muito desapontados.

Eles tinham esperado cerimônias majestosas e impressionantes; discussões profundas de assuntos que os desafiariam mentalmente; e a oportunidade de aprender sobre grandes mistérios aos quais, de outra forma, não teriam tido acesso.

Muitos destes jovens maçons tinham grande respeito pela Fraternidade antes de apresentarem petições e pelos homens que conheciam como Maçons, mas faltava alguma coisa.

Em vez disso, viam cerimônias que poderiam ou deveriam ter sido mais impressionantes, lidas num livro por um membro da Loja que lia mal e não entendia algumas das palavras, muito menos o significado dos rituais.

Eles viam homens assumindo obrigações solenes de fazer todo o tipo de coisas elevadas e, em seguida, prontamente se comportando como se não tivessem feito aquilo.

Quando eles perguntavam “por quê?” sobre partes das cerimônias ou dos rituais, eles eram instruídos a memorizar corretamente as palavras, pois ninguém sabia “por que” eles diziam e “o que” faziam.

Eles se perguntavam: “Em que eu me meti? 

Não há algum lugar melhor onde eu quero gastar o meu tempo?”

Muitos destes homens se afastaram da Fraternidade, perdidos e desiludidos.

Alguns, no entanto, tiraram um tempo para aprender o ritual, ler a literatura, pensar sobre “o que” a Maçonaria deveria ser e decidiram que isso precisava retornar à Instituição que eles percebiam uma vez ter sido.

A partir daí, esta Loja Australiana passou a ter uma lista de espera de homens querendo se tornar membros.

Eles aprenderam a ser mais exigentes com os seus membros e discutir assuntos mais esotéricos e filosóficos, além de enfatizarem a excelência na experiência iniciática transmitida.

Eles se enquadraram no guarda-chuva que alguns chamam de “Restauração Maçônica” e organizaram-se para promover esses ideais.

Estaremos vivenciando, em pleno século XXI, situação semelhante à vivenciada por aquela Loja na Austrália??? 

Se sim, o que poderei fazer??? 

Tradução: J. Filardo

setembro 08, 2023

FORMAÇÃO – O TESTAMENTO



O novo nascimento ou regeneração ideal que indica, em todos os seus aspectos, a câmara de reflexões, tem finalmente o seu selo e concretiza-se por um testamento, que é fundamentalmente um atestado ou reconhecimento de seus “deveres”, ou seja, da sua tríplice relação construtiva: com o princípio interior (individual e universal) da vida, consigo mesmo como expressão individual da Vida Una, e com os seus semelhantes, como expressão exterior da própria Vida Cósmica.

Trata-se de um testamento iniciático bem diferente do testamento ordinário ou profano. Enquanto este último é uma preparação para a morte, o testamento simbólico pedido ao recipiendário, antes da sua admissão às provas, é uma preparação para a vida – para a nova vida do Espírito para a qual deve renascer.

Morte e nascimento são, na realidade, dois aspectos intimamente entrelaçados e inseparáveis de toda mudança que se verifica na forma e na expressão, interior e exterior, da Vida Eterna do Ser. Na economia cósmica, e da mesma forma na vida individual, a morte, cessação ou destruição de um aspecto determinado da existência subjetiva e objetiva, é constantemente acompanhada de uma forma de nascimento. Assim, pois, só em aparência os consideramos como aspectos opostos da Vida, ou como seu princípio e fim, enquanto indicar simplesmente, uma alteração ou transformação, e o meio no qual se efetua um progresso sempre necessário, ainda que a destruição da forma não seja sempre a sua condição indispensável.

Como emblema da morte do homem profano, indispensável para o nascimento do iniciado, o testamento que faz o candidato é um testamento do qual ele mesmo será posteriormente chamado a se converter em executor, é um Programa de Vida que deverá realizar com uma compreensão mais luminosa das suas relações com todas as coisas.

A primeira relação ou “dever” do testamento é a do próprio indivíduo com o Princípio Universal da Vida, uma relação que tem de se reconhecer e se estabelecer interiormente, e não sobre a base das crenças ou prejuízos, sejam positivos ou negativos. Não se pergunta ao candidato se crê ou não em Deus, nem qual é o seu credo religioso ou filosófico; para a Maçonaria todas as “crenças” são equivalentes, como outras tantas máscaras da Verdade que se encontram atrás ou sob a superfície delas e somente à qual aspira a conduzir-nos.

O que é de importância vital é a nossa íntima e direta relação com o Princípio da Vida, qualquer que seja o nome que lhe dê externamente, e o conceito mental que cada um possa ter formado ou dele venha a formar, uma relação que é estabelecida na consciência, além do plano da inteligência ou mentalidade ordinária.

A consciência desta relação, que é Unidade e Individualidade, traduz-se no sentido da primeira pergunta do testamento: “Quais são os vossos deveres para com Deus?” A segunda: “Quais são os vossos deveres para com vós mesmos?” nada mais é do que a consequência da primeira. Tendo-se reconhecido, no íntimo do seu próprio ser, naquela solidão da consciência que está simbolizada pela câmara de reflexões como uma manifestação ou expressão individual do Princípio Universal da Vida, o candidato é chamado a reconhecer o modo pelo qual a sua vida exterior se encontra intimamente relacionada com o que ele mesmo é interiormente, e como a compreensão desta relação tem em si o poder de dominá-la e dirigi-la construtivamente.

O homem é como manifestação concreta, o que ele mesmo se fez e faz constantemente, com os seus pensamentos conscientes e subconscientes, a sua maneira de ser e a sua atividade. O seu primeiro dever para consigo mesmo é realizar-se e chegar sempre a ser a mais perfeita expressão do Princípio de Vida que nele busca, e encontra uma especial, diferente e necessária manifestação, deduzindo ou fazendo aflorar à luz do dia, as possibilidades latentes do Espírito, aquela Perfeição que existe imanente, mas que só se manifesta no tempo e no espaço, na medida do íntimo reconhecimento individual. Quanto aos deveres para com a humanidade, estes representam um sucessivo reconhecimento íntimo que é complemento necessário dos dois primeiros: tendo-se reconhecido como a manifestação individual do Princípio Único da Vida, e sabendo que ele é por fora o que realiza por dentro, deve acostumar-se a ver em todos os seres outras tantas manifestações do próprio Princípio. Deste reconhecimento, brota como consequência necessária o seu dever ou relação para com a humanidade, que não pode ser outra coisa que a própria fraternidade. A compreensão desta tríplice relação é o princípio da iniciação, o início efetivo de uma nova vida, o testamento ou doação que é feita para si próprio, preparando-se para executá-lo. É a preparação necessária para as viagens ou etapas sucessivas do progresso que o aguardam.


setembro 07, 2023

INDEPENDENCIA DO BRASIL - Joab Nascimento



I

Se é para o bem de todos,

Felicidade da nação,

Diga ao povo qu'eu fico,

Essa é a minha decisão,

Dom Pedro assim declarou,

A nossa libertação.

II

Com seu pai se rebelou,

Decidiu aqui ficar,

Às margens do Ipiranga,

Dom Pedro veio declarar,

A independência ou morte,

Pelo Brasil, veio lutar.

III

Pra se fazer uma pátria,

Soberania nacional,

Necessário é ter o apoio,

De todo povo em geral,

E assim fomos libertos,

Das garras de Portugal.

IV

Nesse 7 de setembro,

É bom para refletir,

Passaram dois centenários,

Após Pedro decidir,

O que nós contribuímos,

Para o Brasil progredir?

V

Nossas matas, nossos rios,

As riquezas naturais,

O mar que nos alimenta,

Envolto de manguezais,

Seus minérios, sua fauna,

Seus projetos culturais!

VI

Devemos nos orgulhar,

Dessa terra brasileira,

Sem vulcões e tsunamis,

O solo sem tremedeira,

Onde a guerra não impera,

Só há paz a vida inteira.

VII

Carregamos do passado,

As raízes e culturas,

Onde os índios e os negros,

Sofreram só amarguras,

O nosso solo tão fértil,

Produz bastante fartura.

VIII

O nosso símbolo maior,

Nos mastros a tremular,

Saudando todos seus filhos,

De forma tão singular,

Com o hino nacional,

Do alto fica a reinar.

IX

Hoje o verde e o amarelo,

Está sujo e manchado,

O nosso azul e branco,

Agora está encarnado,

O regime democrata,

Infelizmente foi trocado.

X

Todos nossos patriotas,

Hoje estão impedidos,

De lutar pelo Brasil,

De ir pras ruas, proibidos,

Os tons vermelhos de sangue,

Nas bandeiras são exibidos.

XI

Deus proteja o Brasil,

E esse povo lutador,

No dia 7 de setembro,

Dom Pedro, Imperador

Proclamou a independência,

Sob às bençãos do Senhor.


setembro 06, 2023

A VOLTA DE DOM PEDRO - Adilson Zotovici

 


Em meio a soturnas imagens

Sob Sol sem brilho, poluído,

Com malcheiroso e entupido

Ipiranga, sem suas margens 


Há muito adormecido

Por uma obra do destino

Desperta alguém, repentino,

Um tanto ensandecido 


Indagou com ar genuíno

A aparvalhado assistente

Desse lugar tão diferente,

Que respondeu o cabotino: 


Creio bem conveniente

Desabalares em carreira,

Permaneceres aqui é besteira

Fantasiado de regente !


Não me digas tal asneira 

Explica-me pois, a razão

De tanta gente e confusão

Em volta daquela Bandeira 


Deve ser um arrastão 

E vais passando todo ouro

Se é que ainda tens tesouro

Pois como muitos, sou ladrão 


Ora vejam que desdouro...

Está por aí meu cavalo 

Se queres, podes levá-lo

Pois tem a força dum touro 


Ouças bem o que te falo

Aqui está tudo mudado

Teu cavalo foi trocado

Por uma “pedra”, num estalo


Tomes muito cuidado 

Roubam até um pangaré

Aprontam o maior banzé

Aqui é um inferno encantado 




Muito brava está a maré 

Vês que não tens qualquer jóia

Roubada quiçá por um nóia

Trocada por “pó” lá na Sé 


Vive-se uma paranóia 

Vândalos por toda cidade

Não há pois, autoridade,

O que vale...é a tramóia 


Acho melhor na verdade,

Entregar minha espada

Qual já foi tão honrada

Pra conseguir liberdade 


Com uma grande risada

O ladrão penalizado

Disse ao infeliz desvairado;

Não te sobraste mais nada !!


Dom Pedro escandalizado

Sem rumo, sem um norte,

Abominou sua sorte

De ali ter acordado 


Já entregue, brada forte;

Eu aqui não mais governo 

Melhor tornar ao sono eterno...

Com independência ou morte !



setembro 05, 2023

PESSOA HASSÍDICA - Newton Agrella


Recentemente li um texto cujo título era:  "O Maçom deve ser uma pessoa hassídica".

Confesso que me senti um pouco desconfortável  com o conteúdo do mesmo. 

É inequívoco que o adjetivo "hassídico" é de concepção puramente religiosa.

O termo está intimamente relacionado ao Judaísmo. 

A Etimologia desta palavra tem origem no Hebraico "hassid", cujo significado é  "devoto"; "fervoroso", "temente a Deus".

Algo que me parece um tanto paradoxal  quando o texto conclama tratar-se de uma "condição precípua" ou um postulado de que o  Maçom seja esta pessoa.

Afinal de contas, a Maçonaria não é religião, seita nem tampouco é dona de qualquer propriedade reveladora, transformadora ou divinal.

Maçonaria é Filosofia e suas propriedades são dialéticas.

A Sublime Ordem não sugere nem fomenta qualquer caráter de "temor a Deus", ou seja lá qual for a ideia de subserviência ou mansuetude.

Sua essência reside na busca pelo aprimoramento da Consciência.

O texto, ainda que bem intencionado, resvala num viés um tanto messiânico e foge dos princípios dialéticos da Ordem, impingindo ao Maçom um atributo que colide com a atitude especulativa, investigativa e de propósito intelectual que é o que se espera de um livre pensador.

Ser bom e ser sensível ao bem são predisposições da alma e do caráter que se esperam de qualquer ser humano, sem que seja uma prerrogativa exclusiva do maçom.

De qualquer forma, o autor do referido texto ocupou-se de dar uma interpretação bem subjetiva ao termo, procurando de algum modo estabelecer um vínculo consistente ao conceptismo maçônico.

Enfim, não se busca aqui arrogar-se qualquer tipo de razão, mas apenas pontuar aspectos que podem nos conduzir a possíveis  inconsistências conceituais.



setembro 04, 2023

DISCRETA SIM, SECRETA NÃO -




A Maçonaria foi e continua a ser encarada por muitos como sendo uma sociedade secreta. Dentro da realidade atual entretanto, a instituição não poderá ser considerada senão como sendo uma sociedade discreta.

Há realmente, uma grande diferença entre estes dois conceitos. Como secreta dever-se-ia entender que se encobre na Maçonaria algo que não pode ser revelado, quando por discreta, entende-se que se trata de ação reservada e que interessa exclusivamente àqueles que dela participam.

Na realidade, a Maçonaria não é possuidora nem detentora de nenhum segredo misterioso como têm pretendido alguns.

No vocabulário maçônico moderno, a palavra segredo, deve considerar-se como discrição. Assim o ensina a instrução de Grande Mestre, quando diz que o segredo dos Mestres é guardado num cofre de papel coral, rodeado de marfim – a boca.

Já se foi aquele tempo em que a Maçonaria deveria encobrir toda a sua atividade sob o mais rigoroso sigilo e de tal forma, que esta reserva devia constituir ato secreto e até mesmo misterioso.

Era a instituição perseguida pelos poderosos, por aqueles que escravizavam os povos que não viam com bons olhos a liberdade de consciência – tiranos de todas as épocas, sanguinários e exploradores da humanidade.

Nos dias em que vivemos é quase dispensada a ação liberatória da Maçonaria e ela pode trabalhar livremente, dedicando-se mais à evolução intelectual e à assistência filantrópica.

Conserva porém, como princípio e tradição a sua maneira própria de agir, o uso da iniciação ritualística, a simbologia universal das suas práticas espiritualistas e o seu carácter de organização restrita aos seus membros.

Mantendo como uma das suas qualidades, o respeito e acatamento das leis, dos governos legalmente constituídos, nada tem que ocultar, a não ser as suas fórmulas ritualísticas, os seus sinais, toques e palavras, como meio de reconhecimento recíproco dos seus filiados, espalhados por todos os recantos do mundo.

A Maçonaria Não se reveste mais de um secretismo absoluto, até porque os seus rituais são impressos e muitas das suas práticas são públicas. Tendo divulgação habitual, são conhecidas e estão ao alcance de muitos estudiosos.

Nesta condição, nada tem a Maçonaria de sociedade secreta.

Exigindo reserva de seus seguidores quanto aos seus trabalhos, cultiva e difunde entre os Maçons, a virtude da discrição, segue uma tradição milenária e se põe, sempre, em posição, de em qualquer emergência, para se defender de opressores e manter as liberdades nacionais e humanas, volver ao passado e prosseguir na sua luta em defesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade.


setembro 03, 2023

O Altar dos Juramentos no Rito Escocês




O Rito Escocês Antigo e Aceito original não possui Altar dos Juramentos, conforme explicação da Comissão de Liturgia e Ritualística do Supremo Conselho Jurisdição Sul dos Estados Unidos da América, o principal responsável pela PUREZA DO RITO no mundo. Portanto, no simbolismo, o Rito Escocês não tem Altar dos Juramentos especificamente para as três Grandes Luzes.

Conforme todos os rituais desde 1834 até o início de 1890, não encontramos um Altar especificamente para as três Grandes Luzes, mas na década de 90 do século XIX já encontramos como bem expressa o ritual de Apr.'. do ano de 1898 na página 4, que diz: "Na frente da Mesa do Ven.'., no Or.'., fora do Dossel, fica o Altar dos Juramentos".

Em instrução ministrada no dia 19 de abril de 1898, na Loja "Silêncio", Nº 81, do oriente do Rio de Janeiro e da jurisdição do Grande Oriente do Brasil, o Irm.'. GILBERTO GUILHERME DE FARIAS, membro efetivo do Supremo Conselho do Rito Escocês, disse: "O Altar dos Juramentos é uma continuação, uma extensão, do Altar do Ven.'. M.'.. E, continua, "... seria de todo conveniente que entre ambos não existisse espaço...", portanto, não é permitida a passagem entre o Altar do Ven.'. M.'. e o Altar dos Juramentos.

Também o livro de atas do ano de 1845 da Loja "Educação e Moral", Nº 8, do oriente do Rio de Janeiro e da jurisdição do Grande Oriente do Brasil, nos diz: "O Ven.'. M.'. AGENOR FERREIRA DA SILVA, no seu Altar e de modo impecável abriu o L.'. da L.'., leu a passagem e no fim da sessão fechou com a mesma impecabilidade de como abriu".

O pesquisador é obrigado a fazer uma análise para bem entender o que expressam certas passagens do ritual. Vemos na página 30 do ritual de 1857, o primeiro a ser impresso pelo GOB, o seguinte: "Ven.'. - Ir.'. Mest.'. de CCerim.'., conduzi o nosso novo amigo ao Trono". Quando chega ali, põe um joelho no chão (em terra), o Ven.'. lhe assenta a ponta da Espada na cabeça e realiza a sagração. Um outro ritual de 1897 diz que para se chegar ao altar dos Juramentos era necessário subir os três degraus onde fica o Ven.'. M.'..

Na verdade, o Irm.'. não pesquisador fica confundido, porque o ritual diz Mesa do Venerável, Trono e Altar dos Juramentos. Os IIrm.'. consideravam como Trono a Mesa do Ven.'., assim como ambos como Altar dos Juramentos. Mas isto tudo, em certos momentos, pois encontramos, também, eles chamando a Cadeira do Ven.'. de Trono.

O Altar dos Juramentos foi criado numa justificativa de que a Mesa do Ven.'. ficava por demais atravancada de materiais. E aqui aproveito para dar mais um esclarecimento: o Livro era aberto e fechado sem a feitura do pálio, este que é originário do Rito de York. O verdadeiro Rito Escocês não tem pálio.

Como acabamos de ver, a abertura e fechamento do Livro eram cerimônias simples. A maior justificativa para que o Altar se fixasse definitivamente no ocidente do Templo foi a justificativa de que ele representa a Mesa dos Holocaustos do Santuário Hebraico, onde os maçons depositam as INDOMINADAS PAIXÕES E SACRIFICAM OS APETITES MUNDANOS. Com a criação das Grandes Lojas em 1927, o Irm.'. Mário Behring retirou o Altar do Or.'. e colocou no Oc.'., numa imitação do Rito de York Americano. Mas o Grande Oriente do Brasil continuou usando o Altar dos Juramentos no Or.'., para, em 1981, também trazê-lo para o Oc.'..

O único rito praticado no Brasil que já nasceu usando o Altar dos Juramentos foi o Rito Brasileiro, já que fundado em 1914 e, se espelhando no Rito Escocês, criou o Altar, que até os dias de hoje, continua no Or.'. como é o caso do Rito Adonhiramita.


ARTE REAL NA INDEPENDÊNCIA - Adilson Zotovici




Sete de Setembro é chegado !

Por homenagem e referência

Cada membro então lembrado

Da passagem de excelência


À porfia terem lutado

Com destemor e prudência

Como guia haverem jurado

Onde Amor à Pátria a essência


Cada livre pedreiro instado

Inda que grande resistência

Em cadência canteiro arrojado


Luta cabal, com persistência

A um Brasil emancipado

Arte Real na Independência !



setembro 02, 2023

AFRONTAR OU IGNORAR? EIS A QUESTÃO - Sidnei Godinho


Na Psicologia a TDA, (Transtorno do Déficit de Atenção) normalmente tem sua origem na infância, quando algumas crianças, por qualquer motivo que seja, sentem-se excluídas do núcleo familiar e começam  então a cometer erros propositais, como forma de chamar a atenção para si.

Quase sempre se dá no primeiro filho que ao receber um irmão mais novo, vê transferida aquela atenção a ele dispensada.

O que também pode ser interpretado como um paradoxo do contraditório, quando suas vontades são afrontadas ou simplesmente ignoradas por um pensar diferente e em prol de outrem. 

Como em toda boa teoria, há uma dialética dual no tratamento.

Há quem diga que é primaz volver a atenção integral para aquela criança e a encher de mimo até que ela se sinta novamente reintegrada e segura, como parte da família. (ao menos em sua consciência)

E há também os teóricos do oposto que pregam o Ignorar por completo suas ações de modo a permitir que ela aprenda com o tempo que a consequência de seus atos é o  isolamento e que somente ela mesma pode se tirar deste buraco. (radical mas as vezes necessário)

Ambas as teorias têm como finalidade tratar a Criança / PACIENTE e reintegrá-la(o) no núcleo familiar / social. 

Há momentos em que a primeira é aplicada.

E há momentos em  que a segunda é *NECESSÁRIA*.

Ao se analisar os momentos críticos por que se passam algumas Lojas, na transição evolutiva do tempo, pode-se fazer perfeita analogia com os transtornos que acometem muitas famílias. 

Quando a rejeição inicial terminar e as ideias contrapostas se esgotarem, vença quem vencer, ficará o grande aprendizado de que Política, Religião, Futebol e Novidades não se impõem a ninguém.

*Enquanto as pessoas se ofenderem por outros pensarem diferente e terem maior atenção, não chegaremos a lugar algum...*

O que mais surpreende é que normalmente ambos os lados em uma discussão são extremos opostos em ideologia, mas  agem da mesma forma ao se ater em desqualificar aquele que discorda do seu pensar, ao invés de tão somente qualificar o seu raciocínio para uma compreensão do lado oposto. 

Não se aplica a Dialética para um entendimento comum, mas sim, demonstra-se uma vaidade extrema em querer submeter o contraditório à sua vontade, em querer chamar a atenção para si e querer se manter como único em referência passada. 

É o princípio da perda de atenção pela chegada do novo irmão na família e a necessidade de se auto afirmar dizendo sempre não aos pais. (ou não aos seus novos irmãos) 

Infelizmente, em momentos onde a Razão parece ter sido subjugada pela Emoção, a Ignorância dos agentes conduz para o segundo tratamento, qual seja, simplesmente:

*IGNORAR*

Paz e Sabedoria para lidar com aqueles com Déficit de Atenção... 

Enfim, assim caminha a Humanidade...



setembro 01, 2023

INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO MAÇÔNICA - Charles Boller

Especula-se que: 

O universo é resultado de projeto inteligente com finalidade definida; 

— Não é o resultado de ocasionais ocorrências aleatórias; 

— Que a vida tem propósito significativo; 

— Que é lógico pensar na vida com intenção de preencher finalidade determinada, planejada.

Na contramão disso, o homem percebe que muitas de suas atividades são dispersivas e alienantes no uso da vida. 

Para a maioria a vida não tem sentido, principalmente na forma correta de usufruir o que realmente a natureza intenciona no viver bem.

Na atividade do homem não se concebe que se faça o que é certo em um aspecto da vida, enquanto comete erros em outros. 

Como fará em sua caminhada para não perder a visão de sua vida em sentido lato? 

Como deve agir para usufruí-la como um conjunto indivisível?

O homem que se iniciou nos mistérios da Maçonaria descobre na vida a existência de maravilhas a serem exploradas, questionadas e aplicadas para usufruir de sua existência da maneira mais equilibrada possível, com o propósito do Criador. 

Pela educação maçônica, o homem deixa de ser um morto-vivo de comprometida visão da vida.

A Maçonaria e seus mistérios oferecem ferramentas e instruções que removem barreiras e possibilita o usufruto da vida em sua plenitude.

O senso do mistério alimenta emoções residentes na psique e que são trabalhados nas atividades maçônicas.

A ciência em forma de arte traduz a emoção fundamental para o progresso pessoal.

São mistérios que não inspiram medos, o maçom faz o bem porque isso é parte de sua nova vida e não porque tem medo de algum castigo ou almeje hipotético prêmio depois de morto.

Se aplicada passo-a passo, de forma simples, a essência da vida é aprendida e, se for da vontade do adepto, liberta-o da escravidão, do servilismo ao sistema desumano de vida, que o espreme e suga toda a sua força ativa até sobrar apenas bagaço. 

Ao sujeitar a ambição ao controle racional, liberta-se do pior tipo de servilismo, pior até que a própria fome e pobreza. 

Ao inspirar coragem e decisão no adepto, a filosofia da Maçonaria conduz àquele que passa a confiar em si mesmo e conduz seus próprios passos ao prazer de conquistar a vitória sobre si mesmo. 

Ao sentir que é capaz de conduzir a si mesmo torna-se apto a conduzir aos que ainda não despertaram.

As noções filosóficas da Maçonaria auxiliam na absorção do conhecimento que livra do obscurantismo e da alienação ao trabalho. 

São aplicadas apenas umas poucas horas semanais em treinamento e convivência que eliminam anos de frustrantes tentativas de acertos e erros até obter a visão necessária para dar sentido à vida. 

Não se trata de entendimento intelectual, político ou crença, mas de um sentido misterioso, ainda inexplicável, de intuição individual que dá sentido à vida. 

Cada adepto usa da Maçonaria para dar o seu próprio sentido para a vida sem ficar batendo cabeça em tentativas inúteis e fantasiosas.

O sucesso pessoal não é devido exclusivamente à força ou ao conhecimento, mas diz respeito à vontade férrea, de coragem para agir. 

O entendimento de como caminhar por conta própria advém do conhecimento esotérico que conduz ao sucesso pessoal, familiar, social e profissional. 

A convivência maçônica inspira o conhecimento intuitivo e o fortalecimento do caráter que conduzem o maçom, que inicia a si mesmo, a uma consciência superior. 

Não um super-homem, mas um homem renascido de sua própria decisão de fazer de si mesmo uma criatura em permanente evolução.

Ao trabalhar em si mesmo, na pedra, o adepto participa na construção de um templo social onde ele é incentivado a ocupar cada vez mais cargos, públicos ou privados, de modo a conduzir a sociedade por bons pastos. 

Não se trata de conduzir gado de corte por fértil campo de engorda e deste ao matadouro da exploração, mas de propiciar oportunidades razoáveis de vida sem eliminar as diferenças e os desníveis que são característica de civilizações saudáveis. 

É a sabedoria salomônica aplicada no dia-a-dia do cidadão. 

O homem sábio é muito mais forte que o bruto, pois o conhecimento aplicado com sabedoria é muito mais forte. 

O conhecimento provê a base sólida da construção pessoal que se afasta da alienação do sistema de coisas humano pela aplicação do pensamento sábio.

Maçonaria é arte. 

É uma ciência que permite construir o intelecto cuja compreensão possibilita o despertar, o abraçar da iluminação que vem da racionalidade conduzida por balanceada espiritualidade - diferente de religiosidade. 

A luz que o maçom busca é o aperfeiçoamento pessoal em seu dia-a-dia. 

A Maçonaria faz deste entendimento o ponto essencial a ser alcançado. 

É mero coadjuvante o esforço das atividades maçônicas restantes ao objeto central que é a evolução do homem. 

O estado de iluminação inspirado pela Maçonaria destrói a mascara da ilusão do sistema de coisas humano que manipula separações e quebra de relações que conduzem a alienação da vida para objetivos fúteis e inúteis. 

No instante em que o maçom abre os olhos e vê a luz do que é certo e errado torna-se sensato. 

Desaparece a ilusão e ele deixa de experimentar o que está errado na tentativa de acertar, torna-se mais objetivo e acerta no primeiro ensaio muito mais vezes. 

Some o ilusionismo com seus truques que submetem o homem a um servilismo voluntário em virtude da perda de noção da realidade.

Surge nova consciência quando a iluminação esclarece a diferença entre religiosidade e espiritualidade. 

Fica claro o entendimento de que a crença em verdades absolutas ditadas pelos sistemas religiosos não torna seus adeptos pessoas espiritualizadas. 

Também não é espiritualizado o maçom que não iniciou a si mesmo, que insiste em aprisionar-se na execução de rituais sem penetrar em seus significados. 

A intenção da educação maçônica é criar a identidade própria do indivíduo afastado de influência ditatorial externa e aproxima-lo da dimensão espiritual que já reside dentro dele. 

Esta dimensão existe em todos. 

Basta que acorde. 

Não está contida no pensamento, mas numa dimensão diferente e inspirada na intuição. 

Por isso a filosofia maçônica incentiva à diversidade de pensamentos. 

Procura-se provocar no homem a obtenção de matéria prima para construir pontes evolutivas que progridem aos saltos sobre os precipícios da ignorância. 

Não se admitem limitações ao pensamento como é objetivo dos sistemas alienantes de crenças. 

O fato de a espiritualidade surgir em larga escala fora do sistema de crenças é novo para a sociedade em geral, mas é usado faz séculos pelos maçons que iniciaram a si mesmos nos mistérios da arte da Maçonaria.

A iluminação, o andar com as próprias pernas inspirado pela Maçonaria desperta a compaixão que se traduz num homem dotado de menos cobiça; torna-o mais alegre porque a sabedoria o afasta do sofrimento; alimenta a igualdade onde se produzem mais amigos unidos pelo poderoso laço do amor; inspira a ternura que remove a discriminação que produz tantos inimigos. 

Afasta ignorância, falsas imaginações, desejos viciantes e estultícia, todas nascidas na própria mente, manifestadas pelas ilusões e manipuladas pelo ego.

A mudança estimulada pela educação maçônica repele os desejos da mente e afastam os sofrimentos, lutas inúteis alimentadas pela cobiça, estultícia e ira. 

Maçom que se iniciou é homem armado com espada - a sua língua, a sua oratória —, e escudo, - o conhecimento de seu cérebro. 

Pela iluminação, - kant, Aufklärung - anda com os próprios pés. 

Está sempre pronto para o bom combate com mente treinada para alcançar o objetivo de construir uma sociedade humana dentro dos desígnios estabelecidos pelo Grande Arquiteto do Universo.

*Bibliografia:*

1. ANATALINO, João, Conhecendo a Arte Real, A Maçonaria e Suas Influências Históricas e Filosóficas, ISBN 978-85-370-0158-5, primeira edição, Madras Editora limitada., 320 páginas, São Paulo, 2007;

2. SILVA, Georges da, Budismo, Psicologia do Autoconhecimento, 222 páginas, Editora Pensamento Limitada, São Paulo;

3. TOLLE, Eckhart, Um Mundo Novo, o Despertar de uma Nova Consciência, tradução: Henrique Monteiro, ISBN 978-85-7542-313-4, primeira edição, Editora Sextante Limitada, 266 páginas, Rio de Janeiro, 2005.




agosto 31, 2023

LANDMARKS - CLASSIFICAÇÃO DE PIKE




A palavra inglesa "landmark", literalmente, significa marco de limite, marco miliário; figuradamente, significa ponto de referência. No idioma vernáculo, podem ser usados os termos limite, ou lindeiro.

Limite, do latim: lime, itis, designa a linha de demarcação existente entre terrenos, ou territórios contíguos; o marco, a baliza, a raia, ou fronteira natural, que separa um país de outro; o ponto máximo, que não se deve, ou não se pode ultrapassar.

Lindeiro, com a mesma origem etimológica, designa o que é relativo a linde, ou seja, limite, raia, marco, baliza.   Também se usa a forma landmarque.    

O vocábulo "landmark" surge, pela primeira vez, na compilação dos Regulamentos Gerais de 1721,incluídos na Constituição de Anderson, onde o 39º e último dos regulamentos diz:

"Cada Grande Loja anual tem o inerente poder e autoridade para modificar este Regulamento, ou redigir um novo, em benefício da Fraternidade, contanto que sejam mantidos invariáveis  os antigos landmarks....

". A Assembléia Geral de 25 de novembro de 1723, da Premier Grand Lodge, todavia, resolvia substituir o termo "landmark" por "rule", que significa REGRA e que já iria constar nas edições seguintes do Livro das Constituições.

Desta maneira, pode-se concluir que a Regras, ou Landmarks, não eram aquelas expressas nos Regulamentos Gerais, mas, sim, normas não escritas.    

Considerando, então, que existiam esses limites, que regulam a atividade e o comportamento ético dos obreiros, consuetudinários, ou já expressos na Constituição de Anderson, surgiram, a partir da metade do século XIX, diversas classificações de landmarques, com maior ou menor número deles.

E a maior parte não resiste a uma análise crítica profunda, pois a maior parte dos conceitos nelas alinhavados não representais reais antigos limites, ou antigos e universais costumes da Ordem, os quais, paulatinamente, foram sendo estabelecidos, como regras básicas da atuação maçônica.    

Na realidade, para que uma regra seja considerada um verdadeiro limite, ela deve ser imemorial, espontânea e universalmente aceita, o que, na verdade, não ocorre com a quase totalidade das classificações conhecidas (mais de 60).

O conceito de imemorial, significa que uma regra, para ser um lindeiro, deve ter uma antiguidade suficiente para que não se possa estabelecer, no tempo, a sua origem. O de espontânea, significa que um verdadeiro landmarque não tem autor conhecido, mas foi gerado pelo uso da comunidade.

O conceito de universal aceitação, significa que uma norma só aceita em algumas comunidades não é um legítimo limite, mas, sim, uma regra particular de conduta.  

As cinco principais classificações são as de Findel, Pike, Mackey, Pound e Berthelon. A de Pike é, de longe, a mais sensata de todas.    

Classificação de Pike    

Albert Pike (1809-1891) foi um célebre maçom norte-americano, nascido em Boston. Poeta, advogado e militar --- que chegou ao generalato --- foi Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho da Jurisdição Sul dos Estados Unidos.

Sua obra principal é "Morals and Dogma", de 1871, onde estida os Altos Graus, um a um.

Sua classificação de landmarques foi resultado de um amplo estudo e de uma arrasadora e erudita crítica contra o emaranhado de falsos limites, apresentados pelos autores da época, incluído, aí, o seu discípulo Albert Gallatin Mackey. Para Pike, os landmarques são apenas cinco:    

1º - A necessidade dos maçons  reunirem-se em Lojas ;    

2º - O governo de cada Loja por um Venerável Mestre e dois Vigilantes ;    

3º - A crença no Grande Arquiteto do Universo e numa vida futura ;    

4º - A cobertura dos trabalhos da Loja ;    

5º - A proibição da divulgação dos segredos da Maçonaria, ou seja, o sigilo maçônico.    

Pouco há a comentar sobre um trabalho como esse, bastando dizer o seguinte: todas as regras relacionadas são verdadeiros landmarques; e é a única classificação conhecida em que isso ocorre. Mesmo que alguns autores contestem uma ou outra dessas regras, nenhum deles pode deixar de reconhecer essa verdade. Subsidiariamente, é forçoso que se note que, nesta classificação, não consta a iniciação exclusiva de homens, que sejam livres e não mutilados.    

Pela sua erudição maçônica, pela síntese absoluta que faz em sua relação de limites, e por relacionar somente verdadeiros landmarques, Pike, com sua compilação, é que deveria merecer a maior credibilidade dos maçons.

Lamentavelmente, não é isso que acontece nos países latinos, onde a classificação de Mackey reina soberana, sendo, quase sempre a única conhecida e tomada como lei incontestável, embora seja uma das mais falhas e mais mentalmente castradoras de todas as compilações existentes, tendo vinte, das vinte e cinco regras, que não são verdadeiros landmarques e não tendo prestígio nem dos EUA, país natal de Mackey, onde só quatro das cinquenta e duas Grandes Lojas a aceitam.

agosto 30, 2023

COMONITÓRIO MAÇÔNICO- Sérgio Quirino



Espero não estar ferindo qualquer suscetibilidade religiosa, pois estou me apropriando de um termo ligado, há mais de 15 séculos, à Fé Cristã.

Em verdade, a palavra “comonitório” vem do latim Commonitorium esignifica “notas”, “apontamentos”, simples frases que remetem a algo maior. A consolidação da palavra no Cristianismo ocorreu através de São Vicente de Lerins.

Há poucos dados biográficos acerca desse padre gaulês do século V. Sua notoriedade foi conquistada por sua obra “Comonitório: regras para conhecer a fé verdadeira”, que, além de fortalecer a fé, propunha-se ao combate dos hereges, além de manifestações bem perspicazes sobre alguns papas.

Seu pequeno livro destaca-se pela forma sucinta e objetiva por meio da qual defende, exorta e, sobretudo, esclarece as instruções da Igreja Católica.

Mas o que isso tem a ver com a Ordem Maçônica?

Simplesmente Tradição! São Vicente de Lerins teve a sensibilidade de perceber que estavam “agregando” estória, símbolos, liturgias, ritos, usos e costumes regionais às homilias. Em vez de produzir grandes Tratados de Perfeição Sacerdotal, elaborou um pequeno livro que provocava no leitor a reflexão sobre como começou e em que ponto estava.

Assim também o maçom, no salutar hábito da especulação consciente, percebe naturalmente os desvios e a necessidade de se realinhar, resultando no fortalecimento dos Sãos Princípios.

O COMONITÓRIO MAÇÔNICO FAZ-SE NECESSÁRIO PARA DESMISTIFICAR

E DESPERSONIFICAR, PRINCIPALMENTE, A DESVINCULAÇÃO RELIGIOSA.

Observamos que, dos Velhos Mestres aos Jovens Aprendizes, todos têm algo para “completar” ou “melhorar” a Maçonaria e que, muitas vezes, até não agem com má intenção. O Obreiro chega com a “bagagem” de outra instituição ou linha de pensamento e, a princípio, começa a procurar intercessões de valores e propósitos.

Em alguns casos, vai mais além e começa a “encontrar o oculto” nas entrelinhas e traçar uma colcha de retalhos numerológicos, astrológicos, místicos, religiosos e reptilianos. O perigo que isso ilude afasta os Obreiros e nos demoniza.

Devemos, portanto, nos ater à essência da Ordem, ir à sua gênese à procura do que motivou sua criação. Observar o que as Lojas, as Potências nacionais e internacionais têm em comum. Estudar se o que hoje praticamos está em consonância com o que foi praticado nos séculos passados.

Disse São Vicente: “quod semper, quod ubique, quod ab ómnibus”, que se traduz: “só e tudo quanto foi crido sempre, por todos e em todas as partes”. Ou seja, devemos nos ater à tradição. O resto é invencionice.

Um bom exemplo de Comonitório Maçônico encontra-se em nossa definição:

O Maçom pratica o Bem, levando sua solicitude aos infelizes, sejam quem forem, mas na medida de suas forças. Devemos, com sinceridade, combater o egoísmo e a imoralidade.

 Assim, é pelo mundo há séculos; assim serão séculos por todo o mundo!

Neste ­17o ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.



agosto 29, 2023

O RITUAL É DISCIPLINA E ORDEM - Laurindo Roberto Gutierrez


“Me consola é saber que maçom não morre, vai para o oriente eterno”

A sessão maçônica é sempre uma ocasião especial, e deve ser regida pelo cumprimento inflexível do ritual, que é simplesmente a maneira como as coisas devem ser feitas. O ritual é um procedimento padrão para impor a ordem, disciplina e respeito aos trabalhos. Até nas atividades diárias existe uma ritualística que precisa ser obedecida por todos para que haja ordem. Numa reunião empresarial deve haver uma norma ritualizada que disciplina a sequência dos trabalhos, para discussão de cada item agendado, sem isso haveria falta de ordem na condução dos assuntos, gerando uma preciosa perda de tempo. Assim haveria um mal resultado, e o que se discutiu, seria até questionável.

E o Ritual, na Loja, como tem sido tratado? Muito mal às vezes. Fico desconsolado, quando vejo um Venerável, sem que o irmão tenha direito, o autorize a baixar o sinal de ordem ao falar. Aliás, esta “gentileza” as vezes é só aos irmãos postados no Oriente, nem sempre aos do Ocidente, criando assim duas classes de irmãos no templo, os que obedecem o ritual, e os que pela “bondade” do venerável não obedecem). 

Desinformados e maçonicamente incultos, ou por desconhecerem a ritualística, alguns Veneráveis, não sabem o significado esotérico que é “Estar de Pé e à Ordem”, esquecendo-se que isso é uma exigência do ritual. Poucos são os casos em que se tolera dispensar o maçom do Sinal de Ordem, entre eles; para altas dignidades maçônicas, para irmãos em idade provecta e para irmãos que estejam com algum problema de saúde. Pasmem irmãos, até aos aprendizes tem sido dispensado a obrigatoriedade de falar de pé e a ordem.

Não veem, esses Veneráveis, que nessa posição (de pé e à ordem), em relação aos demais que estão sentados, o irmão pode mais facilmente ser visto e ouvido, e pelo sinal que faz, mostra o grau em que a Loja está trabalhando. Mais ainda, assim postado, a palavra mal pronunciada, a ideia mal explicada soam mais altas e claras, sendo necessário todo o cuidado ao enunciá-las. E não é só isso, estar de pé e à ordem, nos faz lembrar que o sinal gutural é o compromisso de honra de guardar segredo, que juramos no dia de nossa iniciação.

O ritual serve para organizar e ordenar os trabalhos em Loja, garantindo a todos igualmente a participação, a seu tempo. 

Outro ponto importante, é que o irmão não pode fazer apartes, caso a palavra já tenha passado ritualisticamente pela sua coluna, e somente na sessão seguinte, ele poderá tratar do assunto. As normas contidas no ritual, são sábias, pois passada uma semana, ambas as partes terão meditado e a solução surgirá de maneira conciliadora e racional. 

A Maçonaria usa o ritual de forma a expor seus ensinamentos filosóficos, seguindo passo a passo, esse conjunto de normas que é muito rico e antigo, remontando aos primórdios da secular criação da Ordem. Não pode, nossa geração, deturpar esse conjunto de regras, criado por Elias Ashmole, há quase quatro séculos, que nos tem guiado por todo esse tempo.

Se a Bíblia, é o Livro da Lei, nosso código de moral, ética e religiosidade, O Ritual, é o manual que nos ensina a maneira correta de falar, caminhar, se portar, ouvir e falar em Loja. É um conjunto perfeito que deve ser obedecido “ipsis literis”, como está.

A Ordem Maçônica se mantém justa e perfeita no caminho reto e plano, pavimentado com pedras ritualisticamente desbastadas e polidas, como exige o ritual. Se executado corretamente, nem notamos seu desenvolvimento na sessão, pois o ritual é vida, é o coração que pulsa enviando sangue para todo o corpo maçônico, reunidos em Loja na mais perfeita e harmoniosa egrégora.