No sinal de ordem ou "sinal gutural", o Apr:. M:. forma três esquadrias. Estas esquadrias estão relacionadas ao número do Ap:. o três (3).
Lembra a impropriedade de falar devido sua juventude e inexperiência, a ordem que deve aprender a manter e a disciplina a que fica sujeito todo o que deseja aperfeiçoar-se. Sendo o esquadro um emblema de retidão, o sinal de ordem lembra ao Apr:. que deverá agir corretamente no plano material ou social, no mais absoluto cumprimento da Lei (sendo os pés o símbolo desta ação); como emblema de Virtude, sugere aos MMaç:. que tenham uma postura moral e ética em todas as suas atitudes, em qualquer circunstância, de acordo com os elevados princípios da Maç:. (o braço é o símbolo desta ação): suas palavras deverão retratar equilíbrio e ponderação, resultantes de um pensamento dominado, refletido, disciplinado pela meditação mística e pela avaliação diária de seu proceder, reflexo de um código ético superior que irá descobrir na medida em que coloque em prática esta técnica de auto avaliação (a mão é o símbolo desta ação).
O Sinal Gutural ou Sinal de Ordem do Aprendiz lembra-lhe o juramento prestado no dia de sua iniciação. O gesto desenha um esquadro e, ao fazê-lo, o Aprendiz afirmará que seus atos, visando à concórdia entre os homens, têm a correção exigida pelos Obreiros da Arte Real.
Podemos, portanto, visualizar duas relações: a primeira, com o juramento (... sob pena de ter a g.’. c.'.); a segunda, com o esquadro, que nos lembra a qualidade da retidão e, além destas, uma terceira relação: o domínio das palavras, das emoções violentas, dos desejos grosseiros. Assim, afora exceções, nossa Instituição colocou o Sinal de Ordem precisamente no lugar do corpo onde o contragolpe das paixões e dos desejos se faz sentir com violência maior. Vale lembrar, ademais, quanto o simples ato de falar pode conter de agressivo, de ofensivo, de violento. Desse modo, a execução consciente do sinal é de suma importância.
Para o autor maçônico A. GEDALGE, as emoções violentas, os desejos grosseiros que fazem por desencadear instantes, os mais brutais, são, apesar disso, FORÇAS que não devem ser destruídas no homem, mas, sim, canalizadas pela VONTADE, pelo CORAÇÃO e pela INTELIGÊNCIA do iniciado que poderá, através de tais potenciais, fazer nascer grandes qualidades: coragem, resistência, firmeza, amor ao trabalho, atividade, obediência ao bem, etc.
Assim se faz a mudança da Pedra Bruta em Pedra Polida. Trata-se de um processo que podemos chamar de alquimia interna, transmutação, onde, através dos esforços empreendidos, os defeitos transformam-se em qualidades, e o chumbo vil, em ouro resplandecente. Deixemos que A. GEDALGE prossiga: “O homem, quando experimenta uma forte emoção física ou quando está sob o império de um desejo brutal, sentindo o sangue afluir à sua garganta, por si mesmo leva a mão ao pescoço, de cada lado do qual as artérias se dilatam sob a ação do fluido sanguíneo. Todas as pessoas impulsivas e coléricas conhecem esse ‘reflexo’ que tende a impedir o sangue de subir à cabeça e perturbar até a visão. Ora, o silêncio que a iniciação opõe à violência brutal do Minotauro (do ser indomado que nele ruge) é o Esquadro, símbolo da Justiça e da Equidade; é o Esquadro que ele reproduz com o auxílio da mão direita, e com o gesto do braço, e é também pelo constante pensamento que, em nós, fará incessantemente apelo à Justiça, que poderemos vencer nossas paixões mais grosseiras”.
Vamos encontrar muitas significações e correlações dadas ao Sinal Gutural pelos mais diversos autores. A Maçonaria, estimulando a liberdade de pensamento, acolhe cada opinião.
Encontraremos toda uma série de matizes correlatos ao tema, sustentados por uma grande constelação de opiniões, às vezes até contraditórias entre si. Cumpre-nos conhecê-las também. Até mais: encontrar nosso próprio significado. Desse modo, para alguns, seguidores de correntes orientalistas, revela-se o Sinal Gutural como significativo do chacra da garganta; para outros, o comedimento e até a proibição da palavra; outro tanto o entende como a qualidade de saber medir as palavras.
Ainda que sejamos livres para adotar e até criar significações próprias para o gesto, limita-se esta liberdade ao respeito que devemos devotar a cada interpretação, respeito, porém, que não nos impede de discordar de uma ou outra. De qualquer sorte, ainda que nos defrontemos com uma grande pluralidade de posições, atenhamo-nos ao que dizem os Rituais. É justamente daí que nos saltam aos olhos os três importantes aspectos deste símbolo: a lembrança sempre presente do JURAMENTO, a formação da ESQUADRIA, a recordar-nos o Esquadro, e, por consequência, a RETIDÃO aplicável à conduta do Maçom em Loja (e fora dela também) e, ainda, pela posição anatômica do sinal que se forja na garganta, – local por onde emitimos nossa voz, – alusão à palavra que deve ser comedida, evitando tornar-se um instrumento da ira ou do perjúrio.