novembro 21, 2023

O RIO DO ESQUECIMENTO - Roberto Ribeiro Reis


Sábio é o homem que consegue selecionar as lembranças e recordações que ficarão abrigadas nas prateleiras de sua memória. Ao bem fazê-lo, ele estará cuidando de sua saúde mental, consolidando o império de suas emoções e mitigando todo e qualquer sentimento inferior.

Não raro, temos percebido o quão rancorosas, odiosas e magoadas têm estado as pessoas. Seja por uma simplória discussão envolvendo futebol, política ou religião, seja ainda por uma triste palavra mal empregada numa conversa, logo se de deflagra uma guerra sem precedentes. O caos se instala no coração do homem que, incontinenti, vomita suas desilusões e amarguras em cima do próximo.

Felizmente, essa beligerância quase gratuita não ocorre no seio de nossas lojas maçônicas. O maçom carrega consigo a chama ardente e indelével da tolerância e da indulgência, razão pela qual é considerado um homem distinto e de nobres sentimentos. Sua mente só é alcançada por pensamentos positivos, e a cada instrução recebida em oficina ele torna-se enlevado, ante a riqueza de tantos ensinamentos.

O Obreiro Real não se rende às armadilhas dos sentimentos inferiores; desde sua iniciação, ele continua a se banhar no rio do esquecimento, onde ele se depura, renovando sua alma e enriquecendo-se de serenidade.

As águas sujas do rancor ou do ódio jamais chegam ao seu encontro. Ele está imune a qualquer tipo de contaminação, e sua alma é de uma translucidez inconfundível, dantes vista. Ele tem a consciência de que, agindo com a fé raciocinada e um bom coração, seu próximo destino será um oceano de inexaurível paz, graça e amor.

Amados Irmãos! Purifiquemo-nos, dia após dia, nas correntezas inefáveis que nos são oferecidas pela Excelsa Ordem. Alimentemos nossa mente de boas vibrações, busquemos propagar o verbo de amor, experenciemos a prática das boas ações.

Tudo o que se encontra ao nosso derredor nos foi dado com fartura e extrema abundância. Seria desarrazoado de nossa parte não devolver algo ao Criador – compartilhando o que de melhor temos com os Irmãos, Iniciados ou profanos – as infindáveis bênçãos que temos recebido, desde o dia em que nascemos.

Não será através da imersão nos mares da ignorância, do ódio, do desamor e da intolerância que conseguiremos refletir a Luz emanada pelo Supremo Arquiteto. Precisamos ascender à superfície, a fim de que o sol da esperança nos traga o calor da certeza de que o esquecimento do mal só abre espaço para o recebimento do bem.


Todas as vezes em que formos confrontados pela visita dos maus sentimentos, cujo objetivo exclusivo é o de solapar a nossa paz de espírito, busquemos o refrigério nas águas transluzentes do rio do esquecimento. 

Experimentaremos uma serenidade inexcedível, digna de quem aspira viver À.’. G.’. D.’. G.’. A.’. D.’. U.’.





A REDENÇÃO PELO PERDÃO - Sidnei Godinho


Esta semana foram muitas oportunidades de exercer a Tolerância e o Perdão, mas é curioso como o ser humano só é pacífico e compreensivo se a discussão lhe é favorável... 

Interessante como nossa natureza nos conduz instintivamente a aceitar reformular um mal entendido "se e somente se" o opositor ceder em suas proposições. 

Redigi algo sobre o tema e me valho da reflexão para compartilhar uma abordagem Filosófica sobre a necessidade de sermos racionais e vencermos nossas paixões. 

Na cruz havia dois salteadores crucificados junto ao Filho de Deus. 

Um venceu sua arrogância e no último momento se redimiu reconhecendo seus atos falhos e cônscio de que não mudaria sua sentença neste mundo, mas na confiança de um recomeço na vida vindoura. 

O outro petulante ainda debochou e certamente não evoluiu seja lá para onde tenha ido. 

É preciso coragem para enfrentar suas próprias convicções e se reconhecer tão falho quanto aquele a quem você aponta os erros. 

A linguagem foi desenvolvida para expressar em palavras o que se pensa, mas nem sempre é o que se sente... 

Neste impasse reina o conflito ideológico onde as emoções são incompreensíveis pela razão e a sequência de meras palavras são insuficientes para apaziguar a angústia de ser incompreendido.

Contudo, é só através do diálogo que tais impasses são suscitados e podem ser resolvidos. 

É preciso um primeiro passo para apaziguar mágoas da incompreensão por formações sociais distintas, onde até mesmo o timbre de uma voz pode ser mal interpretado, afinal ninguém segue um comandante se não ouvir sua voz alta e firme a comandar sua tropa. 

O que seria totalmente incompatível em um centro cirúrgico onde o simples olhar já diz o que precisa ser feito. 

E ambos comportamentos são igualmente importantes...  

Então não há porque um condenar o outro e somente a catarse de uma dialética sincera é capaz de perceber tais nuances e possibilitar o tratamento adequado do PERDÃO. 

Hoje caminhamos para uma melhor compreensão dos "Por Quê?", ainda que os "Porquê" nas respostas não sejam, por completo, a solução...

Faz parte nas relações a dubiedade na interpretação do que se diz e do que se diz ter dito.

Aproveite então a oportunidade de crescer com cada um de seus irmãos, amigos, seus pares e de igualmente poder contribuir para o aperfeiçoamento de sua família, seu trabalho, seu clube, etc... 

Precisamos resgatar a Palavra perdida nessa cegueira que por vezes nos acomete e demonstrar com ações adiante de que realmente houve um aprendizado de que o coletivo vale mais que nossas meras opiniões, nossas pretenciosas verdades... 

E essa palavra é *PERDÃO*!!!  






novembro 20, 2023

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - Newton Agrella


O dia da Consciência Negra tem um propósito inequívoco.  

Trata-se de um legitimo resgate na memória de nossa história para lembrar, indistintamente a todos os brasileiros, que a abolição da escravatura não foi um mero ato protocolar registrado através da assinatura de uma princesa.  

Muito pelo contrário, este foi um episódio marcado pela ação de milhões de negros que lutaram e morreram por este mesmo ato, mas que os inúmeros livros de História jamais se ocuparam de relatar. 

É preciso despertar a consciência  para que as gerações presentes e vindouras saibam o que realmente aconteceu e de que forma esse processo se desenvolveu, sob os ângulos mais algozes e desoladores que marcaram esta vergonhosa mancha na história de nosso país.

É necessário entender e sobretudo reconhecer o porquê desta data e de que forma comemorá-la com justiça, seriedade, compromisso e profundo respeito.

Só se entende o significado verdadeiro do sofrimento, da vicissitude, do preconceito e da humilhação quem passa ou  quem já passou por esta experiência.

Ser "humano", é antes de mais nada entender que cor, características físicas, tipos de pele e de cabelo são meras circunstâncias estéticas.

São arquétipos que basicamente explicam uma realidade material.

São "embalagens".

Infinitamente mais do que isto, ser "humano" é ter a percepção de nossa alma, de nosso espírito e das propriedades interiores que trazemos conosco. É buscar sem medo o aprimoramento de nossa Consciência.

Definitivamente , ninguém é superior a outrem. Ninguém é melhor que outro.

Somos todos humanamente iguais, e o que nos diferencia, não é a nossa capacidade de raciocinar ou de pensar, mas sim, as "oportunidades" que se nos oferecem ao longo de nossas vidas e consequentemente as circunstâncias que nos permitem aproveitá-las.

Respeito, Amor e Dignidade são a tríade que nos abrem caminho para explicar e justificar a nossa existência.

Isto tudo, por si só, e pela  própria História impõe que hoje se celebre esta data e que jamais deixe caí-la no esquecimento.



CONSCIÊNCIA SEM PRECONCEITO - Joab Nascimento



Hoje é dia da consciência

Que não precisa de cor

Necessita é de amor

Respeito e compadecência

Atitude, inteligência,

Viva o seu idealismo

Dê um basta no racismo

Valorize sua epiderme

Ame e cuide da sua derme

Com o seu positivismo


Não existe tonalidade

Seja preta ou seja branca

A consciência pra ser franca

Precisa só dá verdade

Busque sempre a igualdade

Para o irmão tenha respeito

Reavalie o seu conceito

Ponha a mão na consciência

Pro racista, só clemência,

Diga não ao preconceito


A pele é só embalagem

Serve como cobertor

Não necessita de cor

Pra fazer a camuflagem

Racismo é libertinagem

Temos a mesma matéria

Preconceito é coisa séria

E ignorância também

Ser melhor que outro alguém

É motivo de pilhéria


O sangue que tens nas veias

Todos trazem nas artérias

Em palácios ou misérias

Sejam lindas, sejam feias,

Com os corpos de sereias

Esbanjando ostentação

O final é num caixão

Com destino a sepultura

Finaliza sua frescura

Só restando podridão!


Notas sobre a contribuição judaica para a cultura brasileira - Michael Winetzki

 




        A chuva caía em grossas gotas sobre os paralelepípedos encharcados formando rápidos cursos e inúmeras poças. Os cavalos apressavam-se, espargindo água para os lados, enquanto a comitiva cortava a madrugada. Dentro da carruagem com as cortinas cerradas, o padre procurava obter do prisioneiro a derradeira confissão. Este, usando uma camisola de algodão grosseiro, mãos atadas com cordas rústicas, ia murmurando de olhos fechados as suas últimas orações. As torturas não tinham conseguindo quebrantar o seu espírito e há muito, a dor, de acérrima inimiga, havia se transformado em suave companheira.

        Ainda é madrugada quando chegam ao local. A execução não havia sido anunciada e não havia público, mas, apesar do segredo, os rituais legais da morte precisavam ser seguidos. Sobre o patíbulo, o carrasco, o sacerdote e o prisioneiro que pediu para não ser vendado. Como testemunhas os soldados da guarda e o condutor da carruagem.
Eleva-se a voz do sacerdote: - pela última vez infeliz, renegas a heresia e aceitas Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador ?    Enquanto o carrasco ajeita a corda em seu pescoço, o prisioneiro murmura: - Ouve ó Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é um!

        Ouve-se um forte estalido do alçapão se abrindo e outro, mais fraco, do pescoço se quebrando. A corda balança algumas vezes e pára. Os guardas retiram o corpo, enfiam-no em um grande saco de aniagem e o jogam no chão da carruagem. O padre esparge água benta em forma de cruz sobre o cadáver que seria queimado e reduzido a pó, "para que dele não restasse qualquer memória".    
A chuva torrencial lava qualquer sinal do acontecido. O sol começa a nascer em úmida Lisboa em meados de fevereiro de 1744.

        Quem era afinal a vítima do carrasco ?

        Pedro de Rates Hanequim, cristão-novo, erudito historiador, geógrafo, astrônomo, matemático, e aventureiro, um dos maiores cérebros do império português, viveram 26 anos no Brasil e finalmente morreu em sua própria terra como apóstata.

        Esse notável estudioso, que sabia ler os livros sagrados no original em hebraico e aramaico e as versões em latim e grego, após décadas de estudo identificou o lugar onde teria sido o paraíso terrestre, o Éden.    Dizia que do local do paraíso seria possível ver uma constelação em cruz, o trono de Deus, o Cruzeiro do Sul; que a arvore do conhecimento era não a macieira e sim a bananeira, que ele chamava de árvore da vida e os nove rios que demarcavam o paraíso seriam os rios que formam a bacia amazônica : Amazonas, Juruá, Tefé, Guará, Purus, Madeira, Tapajós. Xingu e Tocantins.    O paraíso terrestre teria sido onde hoje se situa o Estado do Pará, que aliás, em hebraico, significa "vaca".

        Entre os anos de 1492 e 1540, a o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição obrigou a conversão ao catolicismo de cerca de 190.000 judeus em Portugal e Espanha. Outras centenas de milhares de homens, mulheres e crianças que se negaram à conversão foram torturados e dizimados da forma mais cruel. Observe-se que nesta época cerca de metade de população de Portugal, em torno de um milhão de habitantes, era composta de judeus.
Basta dizer que o primeiro livro impresso em Portugal, em 1487, foi a Torah (Pentateuco) em caracteres hebraicos.

        Em 1500 o Brasil é descoberto pela esquadra de Pedro Álvares Cabral, abrindo-se, assim, um "Mar Vermelho" para a fuga dos judeus portugueses que corriam risco de vida. Um dos importantes oficiais da esquadra de Cabral era o interprete judeu Gaspar da Gama, bem como eram confeccionados por cartógrafos e instrumentadores como o judeu Jehuda Cresques da Escola Naval de Sagres, os mapas que conduziram Cabral e outros navegadores, durante as suas expedições.

        Em 1503 o judeu Fernão de Loronha, que passou para a história com o nome de Fernando de Noronha lidera um grupo de judeus portugueses e apresenta a D. Manuel a primeira proposta de colonização do novo território. Por este documento o grupo de judeus cristãos-novos liderados por Noronha arrendava todo o Brasil e obtinha o monopólio de tudo que o país produzia, principalmente pau-brasil e comércio de escravos, em troca de mandar anualmente seis barcos carregados de mercadoria para a metrópole, descobrirem 300 léguas de novas terras e construírem e manterem algumas fortificações.

        Em 1516, D. Manuel distribui ferramentas aos que quisessem se mudar para o Brasil. Ele queria implantar engenhos de cana nesta terra "recém descoberta". Milhares de judeus aproveitam esta oportunidade.

        Em 1531, Martin Afonso de Souza, discípulo do judeu português Pedro Nunes foi mandado pelo Rei D. João III para a primeira expedição sistemática colonizadora tendo implantado o primeiro engenho de açúcar do país em S. Vicente. As primeiras usinas de açúcar do Brasil foram criadas por judeus egressos da Ilha da Madeira, onde esta cultura era tradicional.

        Em 1550 havia 5 engenhos no país. Em 1600 havia 120. Segundo os historiadores Oliveira Lima e Gilberto Freyre,"a industria do açúcar foi importada pelo Brasil pela maior parte por judeus, que constituíam o melhor elemento econômico de sua época, e lucravam com fugir à fúria religiosa que grassava na Península Ibérica". Um dos maiores usineiros de açúcar de Pernambuco era Diogo Fernandes, marido da judia Branca Dias, uma das poucas brasileiras executadas pela Inquisição e que dá nome nos dias de hoje a um belíssimo palacete tombado, sede de uma Loja Maçônica em João Pessoa.

        Em 1577 com o término do domínio espanhol sobre Portugal, muitos judeus vieram para o Brasil direto da Península Ibérica. Alguns destes foram para a América do Norte, Holanda e América Espanhola. Entre os anos de 1591 e 1618 os judeus se espalharam pelo Brasil, principalmente para o Sul.

        1601 - Licença para a saída do Reino e promessa de nunca mais se renovar a proibição. Serviço de 170 mil cruzados. A licença para a saída era expedida em forma de um salvo-conduto, com direito apenas a uma ida (e nunca à volta) e exigia que o nome do solicitante fosse aportuguesado.

        Há milhares de sobrenomes judeus utilizando a combinação das cores, dos elementos da natureza, dos ofícios, cidades e características físicas, tendo como raiz, por exemplo as seguintes palavras: Cores: Roit ou Roth (vermelho); Grun ou Grinn (verde); Wais ou, Weis ou Weiss (branco); Schwartz ou Swarty (escuro, negro); Gelb ou Gel (amarelo); Blau (azul)
Panoramas: Berg (montanha); Tal ou Thal (vale); Wasser (água); Feld (campo); Stein (pedra); Stern (estrela); Hamburguer (morador da vila). Metais, pedras preciosas e mercadorias: Gold (ouro), Silver (prata), Kupfer (cobre), Eisen (ferro), Diamant ou Diamante (diamante), Rubin (rubi), Perl (pérola), Glass, (vidro), Wein (vinho) 
Vegetação ou natureza: Baum ou Boim (árvore); Blat (folha); Blum ou Blume (flor); Rose (rosa); Holz, (Madeira).
Características físicas: Shein ou Shen (bonito); Hoch (alto); Lang (comprido); Gross ou Grois (grande), Klein (pequeno), Kurtz (curto); Adam (homem). Ofícios: Beker (padeiro); Schneider (alfaiate); Schreiber (escriturário); Singer; (cantor); Holtzkocker (cortador de madeira), Geltschimidt (ourives), Kreigsman, Krigsman, Krieger, Kriger (guerreiro, soldado), Eisener (ferreiro), Fischer (peixeiro ou pescador), Glass ou Gleizer (vidreiro).
    
        Utilizaram-se as palavras de forma simples, combinadas e com a agregação de sílabas como son, filho; man, homem ou er, que designa lugar. Na versão para o português ou espanhol, procurou-se aproximar o máximo possível os mesmos critérios. Considere-se também a mudança do idioma português através dos séculos.

        Alguns dos sobrenomes de judeus aportuguesados são: Alves; Andrade; Alencar, Amaral; Alfaia; Aguiar; Arruda; Benjamim; Bento; Bentes; Bezerra; Brito; Botelho; Cáceres; Cabral; Carvalho; Cardoso; Cerqueira; Costa; Cintra, Contente; Daniel; David; Duarte; D?Avila; Dias; Elias; Franco; Ferreira; Fundão; Feijão; Fonseca; Gabai; Gabilho; Gomes; Henriques; Laredo; Ladeira; Lisboa; Linhares; Levi; Leite; Madeira; Machado; Marques; Matos; Matatias, Moreno; Mendes; Mello; Medina; Muniz; Navarro; Neto; Nunes; Noronha; Osório; Oliveira; Obadia; Passarinho; Pina; Pinto; Pereira; Prado: Porto; Rocha; Ribeiro; Regatão; Rego; Rodrigues; Salomão; Santos; Saraiva; Salvador; Serra; Silva; Silveira; Simão; Soares; Vasconcelos; Viana, Vieira e muitos outros.

         Recentemente fotografei na parede da primeira sinagoga das Américas, a Zur Israel, em Recife, um quadro com centenas de sobrenomes aportuguesados dos judeus que vieram da Península Ibérica nos anos da Inquisição.

        1605 - (16 de janeiro). Perdão geral em troca do donativo de 1.700.000 cruzados. Em 1610 retira-se a concessão de saída de 1601.
De 1637 a 1644 ? São tempos áureos para os judeus no governo holandês de Maurício de Nassau. Neste período, funda-se a 1ª Sinagoga "Zur Israel", em Pernambuco, quando vem da Holanda o 1º rabino de descendência Portuguesa Isaac Aboab da Fonseca. Com a derrota dos holandeses para os portugueses em 1654, um grupo de prósperas famílias judias estabelecidas havia décadas no Recife, temendo a volta da Inquisição toma uma navio e ruma para uma outra colônia holandesa mais ao norte, Nova Amsterdã. Esse grupo faria parte dos fundadores da cidade de Nova York. A família proprietária do maior jornal do mundo, o New York Times, descende em linha direta desses judeus de Pernambuco.

        1770-1824 - Período de liberalização progressiva, forte imigração de judeus marroquinos e alsacianos para a Amazônia,que acabaram por monopolizar a produção e exportação de borracha durante o seu período de maior apogeu e gradual assimilação dos judeus.    Os imigrantes judeus vinham para Belém do Pará e se estabeleceram em Belém, Manaus, Cametá, Gurupá, Breves, Baião, Macapá, Santarém, Itaituba, Óbidos, Parintins, Maués, Itacoatiara, Manacapuru, Coari, Tefé, Humaitá, Porto Velho, e outras cidades.
Outro ramo foi para o Nordeste e se estabeleceu no Ceará, criando uma grande e próspera colônia em Sobral, especialmente por causa do porto de Camocim, que nesta época não era alfandegado, e da excelente estrada de ferro, construída por D. Pedro II, que ligava o porto a Sobral. Outra grande colônia se estabeleceu em Recife, e menores na Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte.

        Os judeus foram os primeiros regatões da Amazônia e a bordo de seus barcos e batelões levavam mercadorias para vender no mais remotos rincões em troca de castanha, borracha, bálsamo de copaíba, peles e couros e outros produtos que depois eram exportados.

        Entre 1824-1855 ocorreu a fase da assimilação profunda, subsequente à cessação da imigração judaica homogênea e a equalização total entre judeus e cristãos perante a lei.
O período entre 1855 e 1900 marcou o início do momento imigratório moderno, caracterizado pelas primeiras levas de imigrantes judeus, oriundos, sucessivamente, da África do Norte, da Europa Ocidental, do Oriente Próximo e mesmo da Europa Oriental, precursores das correntes caudalosas que, nas Primeiras décadas do século XX, viriam gerara e moldar a atual coletividade israelita do país.

        Esses judeus se estabeleceram no sul e sudeste do país e se dedicaram principalmente ao comércio, a indústria, a construção civil e a área de comunicação. Por exemplo: o primeiro prédio feito em concreto armado em todo o Brasil, foi uma sinagoga em S. Paulo.
A Rede Brasil Sul de Comunicação com sede no Rio Grande do Sul, a Editora Abril; a Editora Nova América (dos gibis), a TVS; a rádio e TV Vanguarda de Sorocaba e outras tantas pertencem a famílias de origem judia.

        Segundo alguns estudiosos, cerca de 10% da população brasileira, algo em torno de 15 a 17 milhões de pessoas, é descendente direta dos judeus fugidos da Inquisição. Isso quer dizer que a população de cristãos novos, descendentes de judeus no Brasil, é praticamente igual a população total de judeus em todo o mundo.

        Três curiosas contribuições do judaísmo para a cultura brasileira são a carne de sol, a tapioca e talvez o chapéu de couro dos vaqueiros no Nordeste. A dieta judaica chamada "kasher" obriga a comer a carne sem sangue, por isso, os cortes eram pendurados em varais para dessangrar. Ao se repetir o procedimento no Brasil, o sol, a umidade e temperatura cozinhavam a carne. Pronto: estava criada uma das mais tradicionais iguarias da região.
A tapioca é a tentativa de reproduzir o "matzá", o pão ázimo de Moisés, com farinha de tapioca, porque não existia farinha de trigo no Brasil. Nascia mais uma delícia da cozinha regional brasileira.

        A forma tradicional do chapéu de couro nordestino aproxima-se da forma da "kipá", o solidéu, que era provavelmente usado pelos primeiros fazendeiros judeus da região. Observa-se enorme diferença entre os chapéus de palha do México, da Colômbia, do Panamá e dos Pampas, embora a mesma matéria prima estivesse disponível em todas as regiões.

        Para encerrar, o nome Brasil tem como origem o pau-brasil, madeira de cor avermelhada que foi o primeiro produto de exportação do país, e que também é conhecido como pau-tinta ou pau-ferro. Curioso é notar que em hebraico, ainda hoje, a palavra que denomina ferro é barzel. Brasil poderia ser assim uma derivação dessa expressão.

Bibliografia:
1) A presença dos judeus em Sobral e circunvizinhanças....
Padre João Mendes Lira ? Rio de Janeiro ? 1988
2) Eretz Amazônia ? Os judeus na Amazônia
Samuel Benchimol ? Manaus, AM ? 1998
3) Os judeus no Brasil Colonial
Arnold Wiznitzer ? Ed. Pioneira ? 1966
4) O ultimo cabalista de Lisboa
Richard Zimler ? Companhia de Letras ? 1997
5) O mistério do cubo sagrado ( no prelo)
Michael Winetzki ? Brasília, DF ? 2005
6) A fênix de Abraão
Sonia Bloomfield Ramagem - Brasília ? 1994
7) Cristãos Novos na Bahia
Anita Novinsky ? São Paulo ? 1972
8) Visão Judaica on Line ? diversos

novembro 19, 2023

TEORIA DO CONHECIMENTO MAÇÔNICO - Charles Boller


A vida em sociedade impõe a necessidade de politização, desenvolver o exercício do poder em favor da coletividade. 

Em sendo o humano um ser social por excelência, a sociedade não funcionaria de forma equilibrada sem o exercício do poder, de forma equitativa e livre, sem a política. 

Aí o desenvolvimento filosófico maçônico tem sua mola mestra ao impulsionar pessoas a pensarem e agirem mais.

Lideranças são forjadas no fogo da convivência em Lojas. 

De nada adianta revelar os segredos maçônicos, através de livros, com objetivo meramente comercial, se não se oferecer a oportunidade da pessoa viver a Maçonaria, de não possibilitar que a Maçonaria penetre nela???

Pela política, o poder é concentrado de forma natural, pelo convencimento com argumentos da razão e pela formação de relacionamentos fortes.

Platão detratava o retórico e o considerava mentiroso, pois este usa o poder do convencimento para a adulação e adulteração do verdadeiro, e adicionalmente, o tinha como crédulo e instável. 

Segundo Platão, poetas e retóricos estão para o filósofo no mesmo nível em que está a realidade para as imitações da verdade.

Por ser uma coletividade diminuta, cada Loja cobra imediatamente resultado da liderança.

Não existe espaço para ações evasivas e dissimuladas, como é comum observar-se na sociedade. 

Sentar no trono de Salomão, antes de ser privilégio que destaca e enaltece, é ato de fé, lição de humildade, exercício real de política, como ela deveria ser executada no mundo externo.

O cidadão forjado nestas Oficinas filosóficas vai, certamente, mudar e passa a praticar a política honesta, no exato sentido que Platão e Sócrates deram a tão nobre profissão.

O Maçom não faz da filosofia a finalidade de sua própria vida, mas usa da filosofia maçônica para especializar sua capacidade cognitiva e emocional no exercício da Política. 

A Maçonaria é uma escola de política, pois com sua filosofia e sua organização desenvolve-se a verdadeira política.

Foi Platão o primeiro a estabelecer a doutrina da anamnese, que é a lembrança de dentro de si mesmo das verdades que já existem a priori, em latência. 

O conhecimento maçônico, alicerçado em suas simbologias e lendas é um exercício permanente de anamnese. 

E fica tão fácil deduzir verdades complexas latentes que não há necessidade alguma de frequentar escola superior, basta viver o dia a dia maçônico, que estas verdades afloram naturalmente, como se sempre estivessem plantadas na mente e no coração, a priori. 

É aí que nasce o verdadeiro homem politizado. 

Este não busca um ganha-pão com este conhecimento, mas, pela ação, busca exercer a verdadeira atitude política, para tornar-se pedra polida dentro da sociedade ideal. 

Uma pedra cúbica que não rola ao sabor dos fluxos dos manipuladores, como se fosse um seixo rolante de fundo de rio. 

Por ter desenvolvida a capacidade de pensar, é um obstáculo para os políticos despóticos e desonestos.



novembro 18, 2023

IMPORTÃNCIA DOS POETAS E DE SUA POESIA - Denizart Silveira de Oliveira Filho



Os Poetas e suas Poesias têm relevância significativa na Maçonaria. Os Poetas, por fazerem uso simbólico da linguagem poética na transmissão de ensinamentos, para inspirar reflexão e estimular o pensamento filosófico entre os Maçons; suas Poesias, por fazerem bem a nossa alma.

É como nos disse Camilo F. B. Castelo Branco (1825-1890), o grande romancista português e Maçom: “Poesia é tudo o que se nos revela ao espírito sem nos molestar o entendimento; é tudo o que nos banha a alma de unção, desprendendo-a dos liames terrenos; é, enfim, esse toque súbito, chamado arroubamento, ao qual o espírito segue espontaneamente como librando-se muito acima da terra”.

Na Maçonaria, a poesia desempenha várias funções importantes:

(1) A Maçonaria transmite seus ensinamentos através de simbolismos e alegorias. Então, a poesia pode ser usada como forma artística para expressar simbolicamente os conceitos maçônicos, ajudando-nos na compreensão de seus princípios éticos, morais, filosóficos e espirituais.

(2) A poesia tem o poder de evocar emoções e estimular a reflexão e a contemplação. Então, a poesia nos incentiva a pensar mais profundamente sobre nossa jornada espiritual, a natureza da fraternidade e a busca por autoaperfeiçoamento.

(3) Nas Lojas Maçônicas, a poesia pode ser incorporada à Cerimônias e Rituais como parte da experiência simbólica. Então, a poesia pode ser recitada durante as Sessões de instrução, cerimônias cívicas ou em outros momentos significativos para enfatizar princípios maçônicos e inspirar seus membros.

(4) Algumas poesias têm uma longa história e tradição, transmitidas de geração em geração. Então, as poesias ajudam a preservar a história e os valores fundamentais da Maçonaria ao longo do tempo.

Através de metáforas, imagens e ritmo poético, a poesia na Maçonaria busca elevar a experiência dos Maçons, inspirar a busca pela verdade, beleza e conhecimento, e promover uma compreensão mais profunda dos princípios maçônicos. A poesia maçônica também é uma forma de celebrar a amizade, a fraternidade e a solidariedade entre os Maçons. É, portanto, uma manifestação da cultura, da espiritualidade e da identidade maçônica.

Alguns poetas famosos, como Camilo Castelo Branco, já citado acima, Fernando Pessoa, Rudyard Kipling, Manuel M. B. du Bocage, Almeida Garrett, Feliciano de Castilho, Antero de Quental, entre outros tantos, foram Maçons e deixaram obras que refletem sua visão maçônica do mundo. E, entre nós hoje, temos a honra e o orgulho de termos nosso Poeta Irmão Adilson Zotovici, a quem dedico este “BOA NOITE IRMÃOS!”.

15 DE NOVEMBRO - Adilson Zotovici



República aos Brasileiros ! 

Bradavam  estudantes, artistas, 

Grupos e grupos inteiros, 

Comerciantes, jornalistas , 

Todos patriotas, ordeiros 


Mescla de ativistas  

Com um propósito sério, 

Face ao jugo dos imperialistas, 

De ver findar o império 

Dos persistentes absolutistas  


Ao povo  então, vitupério 

Ver reinar a improbidade

Corruptível e sem critério  

Daquela isolada sociedade 

 Qual vivia, envolta em mistério  


Premente a necessidade,

Do sonho republicano 

Tornar-se pois, realidade 

Fez crescer no cotidiano 

A obstinação pela igualdade  


Um sentimento ufano  

Arvora-se pela democracia  

Marechais Deodoro, Floriano,

Pela liberdade à porfia, 

Que, anseio humano 

 

Cresceu pois, a maçonaria 

Homens em nobre missão 

Bocaiúva, Constant, em sinergia      

Junto a Sales, Barbosa, em união 

A repudiar a monarquia ! 


E consagrou-se assim a nação ! 

Desse povo ordeiro e varonil 

Com a força da fé, da razão,  

Fez-se a República do Brasil 

Com sua justa Proclamação ! 


novembro 17, 2023

VIRTUDE OU VÍCIO - Amâncio Couto





Justiça é uma constante e perpétua vontade de viver honestamente, não prejudicar a outrem e dar a cada um o que lhe pertence (Justiniano, Imperador Bizantino – 483/565 d.C.).

Levantam-se templos à virtude e cavam-se masmorras ao vício!

Temos realmente uma responsabilidade muito grande ao sermos Maçons. 

Levantar templos à Virtude significa preservar os bons costumes, manter a liberdade a todo custo, sermos sempre iguais em todos os momentos e viver a fraternidade no dia-a-dia.

A virtude e o vício estão ao alcance de qualquer ser humano. 

Aqui, dentro da Maçonaria, somos colocados de frente com os vícios e com as virtudes.

No mundo profano, dificilmente temos essa oportunidade. 

E já que essa chance nos apareceu hoje, procuremos então estudá-la.

Devemos estar sempre unidos e compartilharmos todos os momentos de nossas vidas com nossos Irmãos. 

Temos vários vícios, essa é uma verdade!

Analisando, assim, reconheçamos que temos de conviver com os vícios dos Irmãos! 

É um tolerando o outro, pelo menos até que haja uma disposição interior de cada Irmão para se dominar e superar esse ou aquele vício.

O que dizer de um Irmão que tenha o vício da vaidade? 

Digo que a vaidade nos move a fazer as coisas somente para aparecermos. 

A vaidade é o alicerce de todo egoísta. 

Ele quer ser sempre o centro das atenções, quer todas as honras para si próprio.

*E do Irmão que tenha falsidade?*

Que a falsidade é a ponta de um iceberg, que é a mentira. 

No fundo, toda pessoa falsa é uma mentirosa. 

Mente para si e para os outros. 

Nunca podemos confiar em uma pessoa falsa.

*O que podemos falar de um Irmão que tenha inveja?*

É uma pessoa desestruturada, fracassada ou até mesmo desestimulada. 

Essa pessoa deseja obter tudo que os outros conseguem, mas quer realizar tal desejo sem esforço algum. 

Tudo que os outros fazem dá por mal-empregado. 

...Quando vê alguém se saindo bem, deseja o mal e que o outro também sinta o que ele já sentiu, ou seja, o gosto do fracasso...

*O que dizer de um rancoroso?*

É uma pessoa má!

Não se perdoa e não perdoa a ninguém. 

Por ser muito exigente, não aceita que os outros possam errar, principalmente se errar contra ele. 

É muito difícil conviver com uma pessoa assim, pois temos a preocupação de estarmos sempre como que “pisando em ovos”. 

..."Com certeza, seremos seu próximo inimigo se tivermos qualquer deslize de atitude com essa pessoa, engordando assim sua longa lista de inimizades"...

*...E um Irmão que é crítico?...*

O crítico sempre tenta comparar as pessoas. 

Procura constantemente falha nas atitudes dos outros. 

É incapaz de ajudar a solucionar um problema sequer. 

*"Jamais soma esforços com os irmãos, mas está sempre pronto a atirar farpas para destruir qualquer iniciativa que venha a surgir de qualquer irmão que seja".*

Podemos analisar também o tagarela. 

Esse não é confiável. 

Temos sempre a preocupação com o que passa em sua cabeça, pois tudo o que ele venha a saber será logo levado como notícia a todos que encontrar. Sua língua não cabe em sua boca. 

Por ser assim, sempre evitamos discutir assunto sigiloso em sua presença.

Esses são alguns vícios que temos, eu e vocês!

Passemos a analisar as virtudes. 

Sabemos também que temos várias virtudes e, portanto, devemos preservá-las, custe o que custar.

O que dizer de um Irmão que seja humilde? 

Esse é um obreiro sereno e pacato. 

Reconhece o seu lugar e não complica o bom andamento da vida dos companheiros.

O humilde sempre cabe em qualquer lugar, aceita a todos como são e busca em qualquer ocasião estar em sintonia com todos os que o rodeiam.

Quem dera se cada um de nós fosse humilde. 

Certamente teríamos poucos problemas e atritos em nossas vidas e também dentro de nossas Lojas.

O que podemos dizer de um Irmão autêntico? 

É um companheiro fiel em quem podemos confiar, visto que o autêntico não se esforça para dizer a verdade.

Tem sempre uma amizade sincera e notadamente será destacado como um ótimo companheiro por ser leal.

O que dizer de um Irmão que tenha a mansidão? 

A mansidão é um dom da serenidade com a qual temos a tranquilidade para resolver os problemas existentes. 

Esse irmão não se deixa abalar pelas adversidades. 

Ele será sempre um conciliador e um amigo fácil de se conviver.

E o Irmão que possui a sabedoria? 

*A sabedoria, juntamente com uma boa dose de mansidão, falará o que vê de errado e não causará constrangimentos.*

A sabedoria vem com o passar dos anos. 

Ela consiste em saber sair das adversidades que a vida nos traz.

Sabedoria não é ser inteligente e passar os outros para trás, mas é contornar todas as situações fazendo com que a vida tenha mais alegrias e menos contrariedades.

É o dom mais sublime, pois todos querem ouvir sábios conselhos nos momentos de contrariedades. 

O sábio sempre facilita a compreensão das dificuldades e mantém a harmonia.

Parece que nada o abala, pois consegue tirar o melhor das piores situações que possam surgir.

Esse Irmão não critica ninguém, colocando-se sempre na posição de defesa da fraqueza humana.

Devemos, pois, meus Irmãos, continuar a levantarmos templos às virtudes e procurar acabar com os vícios. 

Somente assim seremos verdadeiros Irmãos e poderemos, neste momento, expandir o verdadeiro amor que existe na nossa Maçonaria.





novembro 16, 2023

POEMA PARA A ACADEMIA - Aldy Carvalho

Poema composto durante a solenidade de posse dos Acadêmicos,  hoje 15 11 23


Abertura


Eu não sou um repentista

Sou poeta de bancada

Um humilde cantador 

Cumprindo minha jornada

Recebi pedido augusto

Para nobre empreitada:


I

Que maravilha este dia!

Encontro belo, de efeito 

Um grupo que se reúne 

Para o propósito eleito

Criar uma Academia

Em ato justo e perfeito.


II

Grande Arquiteto Do Universo

No princípio pensou bem

E é  só  quem pode dizer

"De onde a poesia vem

Pois que quando o mundo fez

Fez a poesia tambem".


III

Falar desta Academia (A.B.M.de T.C.A. e M.)

É  preciso inspiração 

Eu não  sou bom trovador

Mas digo com emoção 

Aqui se cuida das artes

Com real satisfação.


IV

E dentro destas paredes

A musa vem visitar

E traz a luz da razão 

Com efeito salutar

Esta Academia sã

Já  nasceu para brilhar.



PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA NA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL - Rogério Oliveira


A maçonaria brasileira nasceu com o Brasil, e esteve presente em todos os principais acontecimentos históricos e que culminaram no País que hoje vivemos.

Diferente não poderia ser a sua participação na Proclamação da República.⁹

“A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode-se considerar finda a Monarquia, passando a regime francamente democrático com todas as consequências da Liberdade – Assim iniciava o editorial da  Gazeta da Tarde,  da edição de 15 de novembro de 1889.”

Implantação de um Estado Republicano foi, sem dúvida, o fato histórico mais importante de nosso País e teve como líderes e idealizadores deste movimento, Maçons ilustres que hoje estão nos nossos livros de História, tais como Marechal Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Ruy Barbosa, Campos Salles, Quintino Bocayuva, Prudente de Morais, Silva Jardim e outros mais.

A idéia republicana é antiga no Brasil; nós a vemos na Guerra dos Mascates (1710), na Inconfidência Mineira (1788), na Revolução Pernambucana (1817), na Confederação do Equador (1824), na Sabinada (1837) e na Revolução Farroupilha (1835-1845).

Portanto, o Brasil clamava pela República!

Era uma questão de Tempo.

O Império Brasileiro estava desgastado e vagarosamente ruía-se.

Iniciou a sua queda em 1870, após a Guerra do Paraguai, onde, mesmo o Brasil saindo vitorioso daquela campanha, o Exército, seu principal agente, não foi devidamente valorizado, causando sérios descontentamentos.

A igreja, por sua vez queria a liberdade, pois, encontrava-se submetida ao padroado Imperial.

Mas o fato principal, que fez com que o Império perdesse a sua sustentação, foram as leis antiescravistas, defendidas fervorosamente nas Lojas Maçônicas Brasileiras.

Leis como a do Ventre Livre (1871), dos Sexagenários (1885) e finalmente a Lei Áurea (1888).

Atentos a todos estes fatos, a Maçonaria, através de várias Lojas como a Vigilância e Fé, de São Borja – RS, Loja Independência e Regeneração III, ambas de Campinas – SP, aprovaram um manifesto contrário ao advento do Terceiro Reinado e enviaram a todas as Lojas Maçônicas do Brasil, para que tomassem conhecimento e que apoiassem esta causa.

Mais uma vez a Maçonaria estava à frente para liderar um Movimento Democrático.

Em 10 de novembro de 1889, em uma reunião na casa do Irmão Maçom Benjamin Constant, onde compareceram os Irmãos Maçons Francisco Glicério e Campos Salles, que decidiram pela queda do Império.

Benjamin Constant foi incumbido de persuadir o Marechal Deodoro da Fonseca, já que este era muito afeiçoado ao Imperador.

Por fim, Deodoro assumiu o comando do movimento e Proclamou a 15 de Novembro de 1889, a República no Brasil.

Faz-se necessário aqui uma justiça ao Imperador D. Pedro II, um homem culto, ponderado, que contrariando a opinião pública, não lutou pelo trono, pois não queria ver derramado o sangue de brasileiros, demonstrando um alto sentimento altruísta,  reconhecendo que para o Brasil este seria o seu novo e melhor destino.

E em resposta dada à mensagem ao Novo Governo diz:

... “À vista da representação escrita que me foi entregue hoje, às 3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir, com toda a minha família, para a Europa, deixando esta Pátria, de nós tão estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranho amor e dedicação, durante mais de meio século em que desempenhei o cargo de chefe de Estado.

Ausentando-me, pois, com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo os mais ardentes votos por sua grandeza e prosperidade.”... 

(Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1889

D. Pedro de Alcântara.) 

Segue, para o exílio, o Imperador, e com ele, meio século de história do Brasil imperial.

Estava proclamada a República e voltavam as esperanças de se construir uma nova nação, dentro dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.

No dia 21 de novembro, o jornal República Brasileira, publicava  o seguinte trecho em seu editorial:

_Comecemos de pensar.

"(...) Esta República que veio assim, no meio do delírio popular, cercada pela bonança esperançosa da paz; esta República no século XIX que surgiu com a precisão dos fenômenos elétricos, sem desorganizar a vida da família, a vida co comércio e a vida da indústria; esta República americana que trouxe o símbolo da paz, que fez-se entre o pasmo e o temor dos monarquistas e a admiração dos sensatos – esta República é um compromisso de honra e um compromisso de sangue. (…)”

A exemplo de todos estes fatos devemos ter os mesmos atos de coragem que tiveram os maçons que hoje fazem parte da história da Humanidade.

Temos a obrigação de agir para que, no futuro, sejamos citados pelos maçons que nos sucederem, e que, da mesma forma, os nossos nomes fiquem registrados, como cidadãos atuantes, na memória histórica de cada rua, cada bairro, cada cidade, cada Estado, por toda a Nação.

E que estes maçons do futuro tenham em nós, como tivemos nos maçons do passado, o exemplo motivador da defesa da cidadania como instrumento de busca de uma sociedade mais igualitária, mais justa e fraterna, portanto mais feliz.


LEMBRA-TE QUE ÉS MORTAL



Na época do Império Romano os Generais ao voltarem das batalhas eram recebidos em Roma para serem homenageados pela população. A homenagem consistia numa aclamação pelo povo e no recebimento das mãos de um dos representantes do Senado de uma bandeja de prata com folhas da palmeira (esta era a mais alta honraria dada a um cidadão romano).

O General romano entrava na cidade sozinho numa biga (os exércitos eram proibidos de entrarem na cidade, ficavam em campos de treinamento fora dos muros de Roma) e percorria um longo caminho até o Senado, durante o percurso o povo o aclamava.

Junto ao General, na biga, iam dois escravos, o primeiro para conduzir a biga, e o segundo ficava ao lado do general agachado. A função do segundo escravo era extremamente interessante e nos faz refletir sobre a sabedoria dos povos da antiguidade.

Um General voltando vitorioso de várias batalhas, sendo aclamado pelo povo e sentindo-se invencível poderia ser uma ameaça a democracia romana, para evitar isso a função do escravo era uma só. A cada 500 metros do percurso, o escravo levantava-se, aproximava-se do ouvido do general e dizia :

- “Lembra-te que és mortal!”

Mais 500 metros, e novamente:

- “Lembra-te que és mortal!”

Quando no sentirmos invencíveis e acima de tudo e de todos, nos lembremos que somos mortais!”

FUNDADA NOVA ACADEMIA MAÇONICA DE LETRAS

 

        Oficialmente instalada nesta quarta-feira, dia 15, a Academia Brasileira Maçônica de Letras, Teatro, Ciências, Artes e Música tem como objetivo congregar maçons para promover a cultura, estimular e desenvolver estudos, produção literária, artística, social e cultural. A instalação da nova academia ocorreu durante cerimônia pública no templo da centenária loja maçônica Quintino Bocaiuva, localizada na rua Catulo da Paixão Cearense, no bairro Bosque da Saúde, em São Paulo. Essa loja, que leva o número 10, foi uma das primeiras a ser fundada na Grande Loja Maçônica. A cerimônia contou com a participação do ex-Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo (GLESP), Ronaldo Fernandes, e também do jornalista e apresentador de televisão Gilberto Barros Filho.

        Ao todo são 33 cadeiras para acomodar maçons considerados como imortais. Todos receberam estolas, nas cores verde e amarelo com o desenho do brasão da Academia bordado nos dois lados. Cada cadeira tem o nome de patrocinador histórico. Entre os nomes estão os dos compositores Amadeus Mozart e Antônio Carlos Gomes, do desenhista Walt Disney, de Melvim Jones (fundador do Lions), Paul Harris (fundador do Rotary), George Savalla Gomes (palhaço Carequinha), Frank Shermam Land (fundador da Ordem DeMolay) e  Jacques Demolay, último Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários.

        A academia tem também como objetivo contribuir na construção, reconstrução, preservação e valorização da memória e história da Maçonaria brasileira. A academia tem como seu primeiro presidente o escritor e advogado Mauro Ferreira de Souza. Entre os 33 integrantes titulares estão o escritor Amilcar Alabarce Mathias, os músicos Leo Cinezi e Wilmar Cirino (Londrina-PR) e o responsável por este blog, o escritor e palestrante Michael Winetzki.

        Os Grão-Mestres Jorge Anysio Haddad (GLESP),  Fernando Fernandes (Grande Oriente Paulista) e Paulo Benevenute Tupan (Grande Loja de Rondônia) figuram entre os 33 acadêmicos honorários e correspondentes, assim como os jornalistas Manoel Alves dos Santos e Nelson Gonçalves, ambos com atuação profissional e  em lojas na região de São José do Rio Preto.

            Abaixo as cadeiras, os Patronos e os  Acadêmicos Fundadores: 

1 Albert Gallatin Mackey Autor e Escritor Maçom MAURO FERREIRA DE SOUZA

2 Albert Pike Autor e Escritor Maçom ANTONIO JOÃO SANTO

3 Mário Behring Fundador das Grandes Lojas no Brasil AMILCAR ALABARCE MATHIAS

4 James Anderson Autor e Escritor Maçom JOÃO FERNANDES LOPES

5 José Castellani Escritor Maçom ANTONIO DO CARMO FERREIRA

6 José Rodrigues Trindade (Zé Rodrix) Escritor, Cantor e Compositor LEO CINEZI

7 José Maria Silva Paranhos (Visconde do Rio Branco) Estadista, Diplomata ZILDO PACHECO DE ÁVILA

8 Melvin Jones Fundador do Lions International SERGIO GUILLEN

9 Nicola Aslan Escritor Maçom CARLOS TOSCHI NETO

10 Luiz Gonzaga Cantor JARICÉ BRAGA RAMOS

11 Francisco de Assis Carvalho (Xico Trolha) Escritor Maçom ALDY CARVALHO

12 Irineu Evangelista de Sousa Barão de Mauá ALMIR SANT'ANNA CRUZ

13 Ruy Barbosa Estadista Brasileiro EUGENIO GOWSZA TSCHELAKOW

14 Waldemar Seyssel Ator, Palhaço Arrelia IZAUTONIO DA SILVA MACHADO JR

15 Prince Hall Primeiro Grão Mestre Negro GILDECI DE OLIVEIRA LEITE

16 George Savalla Gomes Ator, Palhaço Carequinha JOÃO BATISTA SALGADO LOUREIRO

17 Francisco Ge Acayaba de Montezuma Fundador do SC33 REAA Brasil PAULO ANDRÉ DE SENA

18 Alfredo Rocha Vianna Filho (Pixinguinha) Cantor e Compositor LUIZ CLAUDIO NOGUEIRA DO NASCIMENTO

19 Robert Lomas Escritor Maçom WALLAS DE OLIVEIRA

20 Paul Percy Harris Fundador do Rotary Internacional MICHAEL WINETZKI

21 Walter Elias Disney (Walt Disney) Ator e Cineasta MARCELO GERALDI RAFAEL

22 Jules Boucher Estadista Brasileiro, Patrono da Diplomacia NEVIO GUILHERME DOS SANTOS BURGOS

23 Joaquim da Silva Rabelo (Frei Caneca) Revolucionário e Libertário LUIGI GOMES

24 João Paulo dos Santos Barreto Fundador do REAA Brasil CLOVES GREGÓRIO

25 Jacques Demolay Grão Mestre Templário JOHN VAZ LOPES

26 Jorge Adoum Escritor Maçom MARCELO PEREIRA REZENDE DA SILVA

27 Luís Alves de Lima e Silva Duque de Caxias DENIS SALVATORE CURCURUTO

28 João Salvador Perez Cantor: Tonico da Dupla Tonico e Tinoco WILMAR CIRINO

29 José Bonifácio de Andrada e Silva Estadista Brasileiro e Escritor ARNALDO DEBIAGI

30 Frank Sherman Land Fundador da Ordem Demolay DIEGO PEREIRA FRANZEN

31 Wolfgang Amadeus Mozart Músico e Compositor JOSE OMAR TELLEZ JIMENEZ

32 Antônio Carlos Gomes Músico e Compositor PAULO EDUARDO TEMPLE DELGADO

33 José Maria da Silva P. Jr (Barão do Rio Branco) Estadista Brasileiro, Patrono da Diplomacia SAMIR NAKHE KHOURY