novembro 23, 2023

COMO NASCERAM OS RITUAIS MAÇONICOS

        



        A maior parte do nosso conhecimento inicial sobre o ritual maçônico tem como fonte a literatura antimaçônica (exposições) divulgada na Inglaterra e na França. O primeiro ritual foi provavelmente uma simples cerimônia de admissão, que se desenvolvia em dois graus, por volta da época em que a primeira Grande Loja da Inglaterra foi formada em 1717, e mais tarde em um sistema de três graus. Essas primeiras cerimônias eram realizadas principalmente na forma catequética e evidentemente eram mais breves e menos estruturadas do que as cerimônias posteriores. O ritual inicial também tinha conteúdo cristão - de fato, a primeira Grande Loja se reuniu no dia de São João (24 de junho).

       Devido à maneira como o Ofício se desenvolveu desde muito cedo, havia uma considerável diversidade de práticas na Inglaterra de uma regiãodo país para outra, e particularmente entre as lojas das duas grandes lojas rivais, a Premier e a Grande Loja dos Antigos. Para preparar o caminho para a união dessas duas Grandes Lojas, foi formada em 1809 uma Loja de Promulgação sob a Premier Grande Loja (ou Modernos) para examinar os rituais e fazer recomendações.

    Após a união das duas Grandes Lojas em 1813, foi fundada a Loja da Reconciliação para concluir a racionalização do ritual em uma forma aceitável para ambas as partes da então recém-constituída Grande Loja Unida da Inglaterra. O trabalho da Loja de Reconciliação entre 1813 e 1816 incluiu demonstrações das cerimônias de abertura e encerramento, dos juramentos e das perambulações. Provavelmente foi também quando a maioria das referências cristãs foram removidas.

      Sua outra função principal  era demonstrar o ritual unificado. Os representantes das Lojas de Londres e das Províncias foram convidados a participar das demonstrações especiais organizadas pelos experts da Loja da Reconciliação, que completaram seu trabalho em 1816. Ficou proibido imprimir o ritual ou mesmo produzir manuscritos, de modo que a comunicação do trabalho às diversas Lojas dependia fortemente da capacidade, para não mencionar da memória, dos participantes das demonstrações. Sua tarefa era então de instruir seus próprios membros nas práticas aprovadas. 

        Foi somente em 1835 que o primeiro livro do ritual regular foi publicado na Inglaterra por George Claret. Isso é algo surpreendente, porque naquela época a impressão do ritual ainda era rigorosamente reprovada pela Grande Loja, e vários autores posteriores foram firmemente advertidos por tais transgressões.

        No final do século XIX e no século XX, surgiu um número crescente de rituais. Hoje, na Inglaterra, existem cerca de 40 rituais publicados e várias centenas de trabalhos menores, alguns exclusivos de determinadas Lojas. O Emulação é o mais utilizado. Alguns rituais são praticados em certas Províncias, como o Oxford Working e o Sussex Working, e muitos outros são populares em determinadas áreas geográficas. Com exceção de algumas Lojas em Bristol e no Norte da Inglaterra, que conservam mais das práticas anteriores, o grau de variação entre os rituais é muito pequeno.

   A GLUI nunca reconheceu oficialmente nenhum trabalho de ritual em particular. As lojas são até hoje livres para ensinar e praticar o ritual que desejarem, desde que os marcos não sejam violados.

        Nos EUA, existem vários e diferentes rituais simbólicos em uso, geralmente exibindo apenas pequenas variações e, de uma maneira geral, são muito semelhantes com a Inglaterra. No entanto, de uma maneira muito curiosa, o visitante da Inglaterra que conhece seu ritual descobrirá que as versões americanas soam estranhamente antiquadas, repetitivas e de alguma forma mais antigas do que as usadas hoje na Inglaterra. Surpreendentemente, isto é verdade! Os Estados Unidos receberam seu ritual da Grã-Bretanha, mas é, de fato, mais antigo.

        O trabalho maçônico americano deve suas origens, inquestionavelmente, à Inglaterra, Escócia, Irlanda, mas a estabilização de seu ritual foi feita por um americano, Thomas Smith Webb, que, em 1797, publicou um livro sob o título de “Freemasons’ Monitor” ou “Illustrations of Freemasonry” (Monitor do Maçom ou Ilustrações da Maçonaria). O que aconteceu de fato foi que Webb pegou o livro Ilustrações da Maçonaria do Maçom inglês William Preston (que era quase uma bíblia para o Ofício inglês), manteve 64 páginas de trabalho intacto, palavra por palavra, recortou alguns itens menores, e reorganizou outros. Embora a contribuição escrita do próprio Webb tenha sido muito pouca, ele pode muito bem ser descrito como o pai do ritual Americano.

        Por esse motivo, é justo dizer que o ritual usado na América, embora tenha vindo da Grã-Bretanha, é realmente muito mais antigo do que o usado atualmente na Inglaterra, e não é meramente “antiquado”, mas também mais discursivo, em razão de suas Preleções serem muito mais explicativas do que as usadas na Inglaterra, especialmente no que tange ao significado simbólico de seus procedimentos. Com a criação do GLUE, o ritual na Inglaterra foi alterado, reduzido e polido (diziam alguns, quase irreconhecível), mas não nos EUA onde o preservaram.

        O material do ritual americano é essencialmente o mesmo que na Inglaterra e facilmente reconhecível. Os sinais e segredos são praticamente os mesmos, exceto que os Estados Unidos utilizam o sinal escocês para os Aprendizes. O segundo grau é mais elaborado e o terceiro é basicamente o mesmo, mas, como as lojas executam o drama como se fosse uma peça de teatro, tratando o candidato como se ele fosse realmente H.A., o resultado é ocasionalmente um tanto rude e assustador, especialmente naquelas lojas que se orgulham do realismo de sua atuação.

        Também é interessante a forma como a América salvaguarda seu ritual. Na Inglaterra, a Grande Loja vê o ritual como um “assunto doméstico”, ou seja, a maioria dos Irmãos em qualquer Loja pode decidir com que versão de ritual irá trabalhar e, a menos que a Loja seja culpada de alguma violação grave, a Grande Loja não interferirá. Nos EUA ocorre o inverso. Cada Grande Loja prescreve o ritual que suas Lojas devem trabalhar, e geralmente a Grande Loja imprime e publica também as partes “monitoriais” ou explicativas dos rituais. Algumas Grandes Lojas também publicam o ritual esotérico, em código ou cifra, mas isso é proibido em outras. Além disso, para evitar inovações, as Grandes Lojas protegem suas formas de trabalho ritualístico mediante a nomeação de oficiais, chamados Grandes Conferencistas, cujo dever não é o de dar palestras, mas garantir que os grupos de lojas sob seus cuidados sigam o funcionamento oficial

Fonte:

http://goldenstatechapter.org/wpcontent/ uploads/2019/03/HOW_DID_MASONIC_RITUAL_COME_ABOUT.pdf

Livre tradução: Madruga

A ACADEMIA MAÇONICA DE LETRAS DE RONDONIA CONVIDA

 

A  ACADEMIA MAÇÔNICA DE LETRAS DE RONDÔNIA, 

convida os irmãos para o tempo de estudos com o

 IRMÃO MICHAEL WINETZKI, com o título: O CAMINHO DA FELICIDADE*.

Palestra aberta ao público em geral 

Data: 02/12/2023 (sábado)

Horário: 9h da manhã (Rondônia) | 10h horas da manhã (Brasília)

Plataforma: Zoom

Link:* https://us06web.zoom.us/j/86708398313?pwd=PkKZOLwuumd0qh2VtqqBguYZsqa8ej.1

ID da reunião:* 867 0839 8313

Senha de acesso:* AMLRO

VANDERLEI COELHO DOS SANTOS - Presidente

ANTÔNIO FERNANDO FERNANDES - Vice-Presidente


MAÇONARIA EMPÍRICA (Influência do Empirismo no processo de Iniciação) - Newton Agrella



O empirismo é uma teoria filosófica que defende a ideia de que o conhecimento sobre tudo o que nos cerca advém da experiência.

Esta corrente preconiza que o conhecimento se processa por graus contínuos, desde a sensação até atingir as ideias. 

A fonte do conhecimento é a experiência sensível

As experiências humanas são responsáveis pela formação das ideias e conceitos existentes no mundo.

Nesse sentido não há dúvida que o processo de Iniciação Maçônico passa por um exercício altamente empírico em que o candidato se submete a um conjunto de transições.

Nesse processo o candidato protagoniza concomitantemente o papel de espectador e de ator  durante todos os acontecimentos que se desenvolvem à sua volta.

Essa inédita experiência que envolve, símbolos, alegorias, leituras, movimentos, sons, e ruídos, remete o candidato a um estado transcendental de conhecimento humano.

A experimentação do medo, do desconhecido, da escuridão, da limitação dos sentidos e da ansiedade desmedida constituem-se num legítimo exercício empírico.

A Iniciação transporta o candidato para além do tempo e do espaço, o que de algum modo impacta seu subconsciente.

Essa experiência instigante e esse fluxo místico e misterioso aguça a percepção.

É nesse sentido que o Empirismo Maçônico se manifesta de forma veemente como fonte de desenvolvimento para que o Iniciado possa, ainda que inconscientemente,  dar Início ao trabalho de construção e lapidação de seu Templo Interior como caminho para o aprimoramento da consciência.

O Empirismo contido na Iniciação Maçônica, não torna o candidato perfeito e tampouco promete salvação.

Ele apenas oferece as ferramentas e a chance de se aprimorar como criatura humana, cada qual à sua maneira e de acordo com sua respectiva intensidade de percepção.



novembro 22, 2023

DENIS - 48 ANOS DE MAÇONARIA


Exatamente no dia de ontem, o Irmão Geraldo José Denis, de minha ARLS Tríplice Aliança 341 de Mongaguá, completou 48 anos de iniciado, o recordista da Loja. 

Como Venerável Mestre teve em trabalho maravilhoso e tantos anos decorridos, apesar de residir em outra cidade, continua sendo um irmão presente e sempre prestativo.

A Loja lhe prestou merecida homenagem na sessão, que teve até a entrega de uma lembrança e um delicioso bolo.


Na foto: o VM Oswaldo Takakura, o homenageado é o Delegado Distrital irmão João Roberto.




RELAÇÃO ENTRE MAÇONARIA E PRESBITERIANISMO - Wilson Ferreira de Souza Neto



        Ao se tomar conhecimento da trajetória da Maçonaria, pode-se perceber que ela está e sempre esteve presente na maior parte dos acontecimentos históricos.

        Talvez a Revolução Francesa venha a ser o exemplo mais destacado, uma vez que os ideais de Igualdade, Liberdade e Fraternidade eram comuns aos revolucionários e aos Maçons.

         Além disso, tendo por objetivo unir todas as religiões do mundo, a Maçonaria entra em conflito com a igreja Católica e, como resultado deste conflito, surge o primeiro documento a estabelecer o distanciamento entre as duas instituições: A constituição Apostólica (Bula Papal) In eminenti apostolatus specula, do papa Clemente XII (1730 - 1740), datada de 28 de abril de 1738, que afirma em parte de seu texto: Por isto proibimos seriamente, e em virtude da santa obediência, a todos e a cada um dos fieis de Jesus Cristo, de qualquer estado, grau, condição, classe, dignidade e preeminência, que sejam laicos ou clérigos, seculares ou regulares, ainda os que mereçam uma menção particular, ousar ou presumir sobre qualquer pretexto, entrar nas ditas sociedades de Francomaçons ou as Chamadas maneira (COLUSSI, 2002, p.13). Esta Bula Papal foi suficiente para difundir uma imagem e um conceito subversivos a respeito da Maçonaria, fato que ocorre ate os dias atuais.

         O presente artigo não visa defender e nem atacar os Maçons e simpatizantes da Sublime Ordem, mas promover um pouco mais de conhecimento a todos os que se interessam pelo assunto e mostrar que a Maçonaria, com a proposta de unir os homens e as religiões, contribui para o avanço a fixação de um ramo do cristianismo em solo brasileiro: o Presbiterianismo. 

        Desta forma, amparados em fontes secundarias, abordemos a ‘‘ Relação entre Maçonaria e Presbiterianismo’’, apresentando algumas das varias formas em que, amigavelmente, a Maçonaria contribuiu para a inclusão desta tradição reformada no Brasil do Século XIX.

        Sabe-se que a Maçonaria tem por objetivo levar adiante o seu lema: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Assim, propomo-nos a apresentar neste artigo alguns fatos históricos que comprovam a relação amigável entre a Maçonaria e o Presbiteriano neste Brasil do Século XIX. 

        Ao analisarmos o trabalho presbiteriano em solo brasileiro, sem duvida alguma, não podemos desconsiderar a relação e a contribuição que a Maçonaria ofereceu para a inclusão do Presbiterianismo no Brasil. Em carta datada de 03. 02. 2007, endereçada ao presbítero Athos Vieira de Andrade, o pastor presbiteriano Waldur Carvalho Luz diz: ... "Forçoso me é reconhecer que a Maçonaria, nos primórdios da igreja Presbiteriana do Brasil, preciosa cobertura e apoio, quando forte era a oposição e hostilidade por parte da igreja dominante e das autoridades adversas' (apud, ANDRADE, s/d p.22)

        Esta contribuição tornou-se bastante estreita, e não passou despercebida ao clero católico da época que se opôs á inclusão das novas religiões – no caso, o Presbiterianismo – em solo brasileiro.

        Quando o primeiro pastor Presbiterianismo Ashebel Green Simonton (1833 - 1867) chegou ao Brasil, em 12 de agosto de 1859, encontrou na província de São Paulo, cerca de 700 alemães Protestantes. Com a preocupação de reuni-los, Simonton procura um salão para pratica do trabalhos religiosos, porem sem sucesso. Chega a negociar o salão da loja Maçônica ‘‘Amizade’’. Mas por dificuldades financeiras , desiste de usar o local. Porem os Maçons paulistas insistem para que Simonton continue a realizar os trabalhos religiosos, e oferecem a ele o Salão da Loja gratuitamente. 

        Andrade, citando a obra de Descartes de Souza Teixeira, faz o seguinte relato:...Estudos e pesquisas recentes, revelando a historia da mais antiga daslojas Maçônicas de São Paulo, ‘‘ Amizade’’, realizados por José Castellani e Claudio Ferreira, permitiram extrair preciosa informação sobre cultos dos protestantes em são Paulo. A ata da sessão da Loja, datada de 15 de maio de 1858, contem a seguinte informação, aqui destacada ‘‘ in verbis’’.- ...O tronco de propostas produziu uma peça de arquitetura propondo que se empreste, para os domingos, aos nossos Irmãos Protestantes, para celebraremos atos de sua religião, as salas externas deste templo."

        Requerida e concedida foi a proposta aprovada... e dando a palavra a bem da ordem em Geral e da Loja , o irmão H. Shroeder agradeceu a cessão das salas aos nossos irmãos Protestantes ao que respondeu o Irmão Venerável...’’.‘‘...O episodio em si mesmo é testemunho exemplar da convivência fraterna existente entre os Maçons e protestantes da época." É especialmente revelador denominar os ‘‘ Irmãos Protestantes’’.

        A loja além de contar com vários clérigos católicos, conforme o registro de Castellani, contava com ‘‘ Irmãos Protestantes também. Esse relacionamento estendeu-se por longo tempo, atravessando mesmo o período inicial da Republica. Os Maçons prosseguiram oferecendo apoio à expansão do protestantismo no Brasil. Pastores e leigos, Protestantes ( presbiterianos e episcopais) integravam muitas Lojas Maçônicas’’ ( apud, ANDRADE, 2004, PP.55-56).

        Através do registro acima, vemos a Maçonaria se relacionando de forma amigável e contribuindo para a inclusão do Presbiterianismo, cedendo seu salão para a realização das reuniões religiosas dos Presbiterianos. Além deste episodio, outros fatos da Historia oferecem informações sobre o relacionamento entre Maçonaria e Presbiterianismo.

        Um dos Grandes nomes que aqui citamos, e que fez partes do quadro de pastores da igreja Presbiteriana, é o de Miguel Rizzo Junior, filho de imigrantes italianos, que chegou ao Brasil ainda adolescente. Por volta de 1880, o missionário Ver. John Boyle (1845-1892) chega á cidade de Cajuru, onde  encontra forte Oposição por parte do Catolicismo, para desenvolver seu trabalho religioso. Por onde quer que passasse, o Ver. Boyle não teria sucesso, pois o padre da cidade proibiu o povo de dar ouvidos, atender ou se comunicar com ‘‘ um certo pregador visitante’’. Com medo das advertências, a população obedeceu e ignorou o Ver. Boyle. Porem, o Ver. Boyle encontra o Maçom Miguel Rizzo, que lhe deu toda a atenção. E este Maçom cedeu-lhe seu auditório para a realização dos serviços presbiterianos. Esta amigável acolhida resultou na conversão do respeitável Pastor Presbiteriano Miguel Rizzo Junior.

        O estado do Paraná também é palco do histórico relacionamento entre a Maçonaria e o Presbiterianismo. Guarapuava foi o local das pregações Presbiterianas realizadas pelo Ver. Roberto Lenington (1833-1903), em maio de 1886. Estas pregações eram realizadas na casa do Maçom Francisco de Paula Pletz. Mais uma Vez, vemos o Presbiterianismo iniciando na casa de um Maçom. Mas a contribuição da Maçonaria não para ai. A relação que a Maçonaria desenvolveu com o  Presbiterianismo foi além do que imaginamos. Dois anos após a organização da Igreja Presbiteriana de Guarapuava, as instalações locais se encontravam em péssimas condições. Observando o que se passava, o Maçom e membro da igreja Francisco de Paula Pletz encaminha solicitação á Loja Maçônica ‘‘ Philantropia Guarapuavana’’ para o uso de suas dependências com fins religiosos. A igreja é atendida.

        Em Minas Gerais, a cidade de Cabo Verde, especialmente, nos apresenta a relação e a contribuição que a Maçonaria amigavelmente realizou. A Loja Maçônica Deus e Caridade contribuiu e presenciou naquela cidade. Em 20 de agosto de 1870, chega a Cabo Verde o missionário Presbítero Ver. John Boyle. A loja acompanhou as dificuldades enfrentadas pelo pastor missionário, e não fugiu à sua responsabilidade, cedendo uma sala para a realização das reuniões presbiterianas.

        Gostaríamos de citar aqui todos os fatos, mas não o faremos para que o curioso espírito de pesquisa seja despertado no leitor. Entretanto, cremos que os relatos aqui expostos já são suficientes para demonstrar que a Maçonaria se relaciona muito bem com instituições religiosas. E, de acordo com que pudemos pesquisar, observamos que tanto a Igreja Presbiteriana como a Maçonaria se relacionam para o desenvolvimento das religiões cristãs em solo brasileiro. Desta forma, baseados na historia, podemos afirmar que a Maçonaria foi a grande auxiliadora das novas ideias, inclusive religiosas, sobretudo quando  a Igreja Presbiteriana se viu perseguida pela igreja Romana. 

Colaboração do Irmão João Alves de Oliveira Filho – MM Loja Maçônica Paz e Progresso – Nº 1.184 Governador Valadares – MG. Trabalho Feito Pelo Senhor Wilson Ferreira de Souza Neto é Pastor  da igreja Presbiteriana do Brasil, Bacharel em teologia e Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo – SP. Trabalho Transcrito da Revista A Trolha Edição Nº 274 – de Agosto de 2009.

novembro 21, 2023

O RIO DO ESQUECIMENTO - Roberto Ribeiro Reis


Sábio é o homem que consegue selecionar as lembranças e recordações que ficarão abrigadas nas prateleiras de sua memória. Ao bem fazê-lo, ele estará cuidando de sua saúde mental, consolidando o império de suas emoções e mitigando todo e qualquer sentimento inferior.

Não raro, temos percebido o quão rancorosas, odiosas e magoadas têm estado as pessoas. Seja por uma simplória discussão envolvendo futebol, política ou religião, seja ainda por uma triste palavra mal empregada numa conversa, logo se de deflagra uma guerra sem precedentes. O caos se instala no coração do homem que, incontinenti, vomita suas desilusões e amarguras em cima do próximo.

Felizmente, essa beligerância quase gratuita não ocorre no seio de nossas lojas maçônicas. O maçom carrega consigo a chama ardente e indelével da tolerância e da indulgência, razão pela qual é considerado um homem distinto e de nobres sentimentos. Sua mente só é alcançada por pensamentos positivos, e a cada instrução recebida em oficina ele torna-se enlevado, ante a riqueza de tantos ensinamentos.

O Obreiro Real não se rende às armadilhas dos sentimentos inferiores; desde sua iniciação, ele continua a se banhar no rio do esquecimento, onde ele se depura, renovando sua alma e enriquecendo-se de serenidade.

As águas sujas do rancor ou do ódio jamais chegam ao seu encontro. Ele está imune a qualquer tipo de contaminação, e sua alma é de uma translucidez inconfundível, dantes vista. Ele tem a consciência de que, agindo com a fé raciocinada e um bom coração, seu próximo destino será um oceano de inexaurível paz, graça e amor.

Amados Irmãos! Purifiquemo-nos, dia após dia, nas correntezas inefáveis que nos são oferecidas pela Excelsa Ordem. Alimentemos nossa mente de boas vibrações, busquemos propagar o verbo de amor, experenciemos a prática das boas ações.

Tudo o que se encontra ao nosso derredor nos foi dado com fartura e extrema abundância. Seria desarrazoado de nossa parte não devolver algo ao Criador – compartilhando o que de melhor temos com os Irmãos, Iniciados ou profanos – as infindáveis bênçãos que temos recebido, desde o dia em que nascemos.

Não será através da imersão nos mares da ignorância, do ódio, do desamor e da intolerância que conseguiremos refletir a Luz emanada pelo Supremo Arquiteto. Precisamos ascender à superfície, a fim de que o sol da esperança nos traga o calor da certeza de que o esquecimento do mal só abre espaço para o recebimento do bem.


Todas as vezes em que formos confrontados pela visita dos maus sentimentos, cujo objetivo exclusivo é o de solapar a nossa paz de espírito, busquemos o refrigério nas águas transluzentes do rio do esquecimento. 

Experimentaremos uma serenidade inexcedível, digna de quem aspira viver À.’. G.’. D.’. G.’. A.’. D.’. U.’.





A REDENÇÃO PELO PERDÃO - Sidnei Godinho


Esta semana foram muitas oportunidades de exercer a Tolerância e o Perdão, mas é curioso como o ser humano só é pacífico e compreensivo se a discussão lhe é favorável... 

Interessante como nossa natureza nos conduz instintivamente a aceitar reformular um mal entendido "se e somente se" o opositor ceder em suas proposições. 

Redigi algo sobre o tema e me valho da reflexão para compartilhar uma abordagem Filosófica sobre a necessidade de sermos racionais e vencermos nossas paixões. 

Na cruz havia dois salteadores crucificados junto ao Filho de Deus. 

Um venceu sua arrogância e no último momento se redimiu reconhecendo seus atos falhos e cônscio de que não mudaria sua sentença neste mundo, mas na confiança de um recomeço na vida vindoura. 

O outro petulante ainda debochou e certamente não evoluiu seja lá para onde tenha ido. 

É preciso coragem para enfrentar suas próprias convicções e se reconhecer tão falho quanto aquele a quem você aponta os erros. 

A linguagem foi desenvolvida para expressar em palavras o que se pensa, mas nem sempre é o que se sente... 

Neste impasse reina o conflito ideológico onde as emoções são incompreensíveis pela razão e a sequência de meras palavras são insuficientes para apaziguar a angústia de ser incompreendido.

Contudo, é só através do diálogo que tais impasses são suscitados e podem ser resolvidos. 

É preciso um primeiro passo para apaziguar mágoas da incompreensão por formações sociais distintas, onde até mesmo o timbre de uma voz pode ser mal interpretado, afinal ninguém segue um comandante se não ouvir sua voz alta e firme a comandar sua tropa. 

O que seria totalmente incompatível em um centro cirúrgico onde o simples olhar já diz o que precisa ser feito. 

E ambos comportamentos são igualmente importantes...  

Então não há porque um condenar o outro e somente a catarse de uma dialética sincera é capaz de perceber tais nuances e possibilitar o tratamento adequado do PERDÃO. 

Hoje caminhamos para uma melhor compreensão dos "Por Quê?", ainda que os "Porquê" nas respostas não sejam, por completo, a solução...

Faz parte nas relações a dubiedade na interpretação do que se diz e do que se diz ter dito.

Aproveite então a oportunidade de crescer com cada um de seus irmãos, amigos, seus pares e de igualmente poder contribuir para o aperfeiçoamento de sua família, seu trabalho, seu clube, etc... 

Precisamos resgatar a Palavra perdida nessa cegueira que por vezes nos acomete e demonstrar com ações adiante de que realmente houve um aprendizado de que o coletivo vale mais que nossas meras opiniões, nossas pretenciosas verdades... 

E essa palavra é *PERDÃO*!!!  






novembro 20, 2023

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - Newton Agrella


O dia da Consciência Negra tem um propósito inequívoco.  

Trata-se de um legitimo resgate na memória de nossa história para lembrar, indistintamente a todos os brasileiros, que a abolição da escravatura não foi um mero ato protocolar registrado através da assinatura de uma princesa.  

Muito pelo contrário, este foi um episódio marcado pela ação de milhões de negros que lutaram e morreram por este mesmo ato, mas que os inúmeros livros de História jamais se ocuparam de relatar. 

É preciso despertar a consciência  para que as gerações presentes e vindouras saibam o que realmente aconteceu e de que forma esse processo se desenvolveu, sob os ângulos mais algozes e desoladores que marcaram esta vergonhosa mancha na história de nosso país.

É necessário entender e sobretudo reconhecer o porquê desta data e de que forma comemorá-la com justiça, seriedade, compromisso e profundo respeito.

Só se entende o significado verdadeiro do sofrimento, da vicissitude, do preconceito e da humilhação quem passa ou  quem já passou por esta experiência.

Ser "humano", é antes de mais nada entender que cor, características físicas, tipos de pele e de cabelo são meras circunstâncias estéticas.

São arquétipos que basicamente explicam uma realidade material.

São "embalagens".

Infinitamente mais do que isto, ser "humano" é ter a percepção de nossa alma, de nosso espírito e das propriedades interiores que trazemos conosco. É buscar sem medo o aprimoramento de nossa Consciência.

Definitivamente , ninguém é superior a outrem. Ninguém é melhor que outro.

Somos todos humanamente iguais, e o que nos diferencia, não é a nossa capacidade de raciocinar ou de pensar, mas sim, as "oportunidades" que se nos oferecem ao longo de nossas vidas e consequentemente as circunstâncias que nos permitem aproveitá-las.

Respeito, Amor e Dignidade são a tríade que nos abrem caminho para explicar e justificar a nossa existência.

Isto tudo, por si só, e pela  própria História impõe que hoje se celebre esta data e que jamais deixe caí-la no esquecimento.



CONSCIÊNCIA SEM PRECONCEITO - Joab Nascimento



Hoje é dia da consciência

Que não precisa de cor

Necessita é de amor

Respeito e compadecência

Atitude, inteligência,

Viva o seu idealismo

Dê um basta no racismo

Valorize sua epiderme

Ame e cuide da sua derme

Com o seu positivismo


Não existe tonalidade

Seja preta ou seja branca

A consciência pra ser franca

Precisa só dá verdade

Busque sempre a igualdade

Para o irmão tenha respeito

Reavalie o seu conceito

Ponha a mão na consciência

Pro racista, só clemência,

Diga não ao preconceito


A pele é só embalagem

Serve como cobertor

Não necessita de cor

Pra fazer a camuflagem

Racismo é libertinagem

Temos a mesma matéria

Preconceito é coisa séria

E ignorância também

Ser melhor que outro alguém

É motivo de pilhéria


O sangue que tens nas veias

Todos trazem nas artérias

Em palácios ou misérias

Sejam lindas, sejam feias,

Com os corpos de sereias

Esbanjando ostentação

O final é num caixão

Com destino a sepultura

Finaliza sua frescura

Só restando podridão!


Notas sobre a contribuição judaica para a cultura brasileira - Michael Winetzki

 




        A chuva caía em grossas gotas sobre os paralelepípedos encharcados formando rápidos cursos e inúmeras poças. Os cavalos apressavam-se, espargindo água para os lados, enquanto a comitiva cortava a madrugada. Dentro da carruagem com as cortinas cerradas, o padre procurava obter do prisioneiro a derradeira confissão. Este, usando uma camisola de algodão grosseiro, mãos atadas com cordas rústicas, ia murmurando de olhos fechados as suas últimas orações. As torturas não tinham conseguindo quebrantar o seu espírito e há muito, a dor, de acérrima inimiga, havia se transformado em suave companheira.

        Ainda é madrugada quando chegam ao local. A execução não havia sido anunciada e não havia público, mas, apesar do segredo, os rituais legais da morte precisavam ser seguidos. Sobre o patíbulo, o carrasco, o sacerdote e o prisioneiro que pediu para não ser vendado. Como testemunhas os soldados da guarda e o condutor da carruagem.
Eleva-se a voz do sacerdote: - pela última vez infeliz, renegas a heresia e aceitas Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador ?    Enquanto o carrasco ajeita a corda em seu pescoço, o prisioneiro murmura: - Ouve ó Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é um!

        Ouve-se um forte estalido do alçapão se abrindo e outro, mais fraco, do pescoço se quebrando. A corda balança algumas vezes e pára. Os guardas retiram o corpo, enfiam-no em um grande saco de aniagem e o jogam no chão da carruagem. O padre esparge água benta em forma de cruz sobre o cadáver que seria queimado e reduzido a pó, "para que dele não restasse qualquer memória".    
A chuva torrencial lava qualquer sinal do acontecido. O sol começa a nascer em úmida Lisboa em meados de fevereiro de 1744.

        Quem era afinal a vítima do carrasco ?

        Pedro de Rates Hanequim, cristão-novo, erudito historiador, geógrafo, astrônomo, matemático, e aventureiro, um dos maiores cérebros do império português, viveram 26 anos no Brasil e finalmente morreu em sua própria terra como apóstata.

        Esse notável estudioso, que sabia ler os livros sagrados no original em hebraico e aramaico e as versões em latim e grego, após décadas de estudo identificou o lugar onde teria sido o paraíso terrestre, o Éden.    Dizia que do local do paraíso seria possível ver uma constelação em cruz, o trono de Deus, o Cruzeiro do Sul; que a arvore do conhecimento era não a macieira e sim a bananeira, que ele chamava de árvore da vida e os nove rios que demarcavam o paraíso seriam os rios que formam a bacia amazônica : Amazonas, Juruá, Tefé, Guará, Purus, Madeira, Tapajós. Xingu e Tocantins.    O paraíso terrestre teria sido onde hoje se situa o Estado do Pará, que aliás, em hebraico, significa "vaca".

        Entre os anos de 1492 e 1540, a o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição obrigou a conversão ao catolicismo de cerca de 190.000 judeus em Portugal e Espanha. Outras centenas de milhares de homens, mulheres e crianças que se negaram à conversão foram torturados e dizimados da forma mais cruel. Observe-se que nesta época cerca de metade de população de Portugal, em torno de um milhão de habitantes, era composta de judeus.
Basta dizer que o primeiro livro impresso em Portugal, em 1487, foi a Torah (Pentateuco) em caracteres hebraicos.

        Em 1500 o Brasil é descoberto pela esquadra de Pedro Álvares Cabral, abrindo-se, assim, um "Mar Vermelho" para a fuga dos judeus portugueses que corriam risco de vida. Um dos importantes oficiais da esquadra de Cabral era o interprete judeu Gaspar da Gama, bem como eram confeccionados por cartógrafos e instrumentadores como o judeu Jehuda Cresques da Escola Naval de Sagres, os mapas que conduziram Cabral e outros navegadores, durante as suas expedições.

        Em 1503 o judeu Fernão de Loronha, que passou para a história com o nome de Fernando de Noronha lidera um grupo de judeus portugueses e apresenta a D. Manuel a primeira proposta de colonização do novo território. Por este documento o grupo de judeus cristãos-novos liderados por Noronha arrendava todo o Brasil e obtinha o monopólio de tudo que o país produzia, principalmente pau-brasil e comércio de escravos, em troca de mandar anualmente seis barcos carregados de mercadoria para a metrópole, descobrirem 300 léguas de novas terras e construírem e manterem algumas fortificações.

        Em 1516, D. Manuel distribui ferramentas aos que quisessem se mudar para o Brasil. Ele queria implantar engenhos de cana nesta terra "recém descoberta". Milhares de judeus aproveitam esta oportunidade.

        Em 1531, Martin Afonso de Souza, discípulo do judeu português Pedro Nunes foi mandado pelo Rei D. João III para a primeira expedição sistemática colonizadora tendo implantado o primeiro engenho de açúcar do país em S. Vicente. As primeiras usinas de açúcar do Brasil foram criadas por judeus egressos da Ilha da Madeira, onde esta cultura era tradicional.

        Em 1550 havia 5 engenhos no país. Em 1600 havia 120. Segundo os historiadores Oliveira Lima e Gilberto Freyre,"a industria do açúcar foi importada pelo Brasil pela maior parte por judeus, que constituíam o melhor elemento econômico de sua época, e lucravam com fugir à fúria religiosa que grassava na Península Ibérica". Um dos maiores usineiros de açúcar de Pernambuco era Diogo Fernandes, marido da judia Branca Dias, uma das poucas brasileiras executadas pela Inquisição e que dá nome nos dias de hoje a um belíssimo palacete tombado, sede de uma Loja Maçônica em João Pessoa.

        Em 1577 com o término do domínio espanhol sobre Portugal, muitos judeus vieram para o Brasil direto da Península Ibérica. Alguns destes foram para a América do Norte, Holanda e América Espanhola. Entre os anos de 1591 e 1618 os judeus se espalharam pelo Brasil, principalmente para o Sul.

        1601 - Licença para a saída do Reino e promessa de nunca mais se renovar a proibição. Serviço de 170 mil cruzados. A licença para a saída era expedida em forma de um salvo-conduto, com direito apenas a uma ida (e nunca à volta) e exigia que o nome do solicitante fosse aportuguesado.

        Há milhares de sobrenomes judeus utilizando a combinação das cores, dos elementos da natureza, dos ofícios, cidades e características físicas, tendo como raiz, por exemplo as seguintes palavras: Cores: Roit ou Roth (vermelho); Grun ou Grinn (verde); Wais ou, Weis ou Weiss (branco); Schwartz ou Swarty (escuro, negro); Gelb ou Gel (amarelo); Blau (azul)
Panoramas: Berg (montanha); Tal ou Thal (vale); Wasser (água); Feld (campo); Stein (pedra); Stern (estrela); Hamburguer (morador da vila). Metais, pedras preciosas e mercadorias: Gold (ouro), Silver (prata), Kupfer (cobre), Eisen (ferro), Diamant ou Diamante (diamante), Rubin (rubi), Perl (pérola), Glass, (vidro), Wein (vinho) 
Vegetação ou natureza: Baum ou Boim (árvore); Blat (folha); Blum ou Blume (flor); Rose (rosa); Holz, (Madeira).
Características físicas: Shein ou Shen (bonito); Hoch (alto); Lang (comprido); Gross ou Grois (grande), Klein (pequeno), Kurtz (curto); Adam (homem). Ofícios: Beker (padeiro); Schneider (alfaiate); Schreiber (escriturário); Singer; (cantor); Holtzkocker (cortador de madeira), Geltschimidt (ourives), Kreigsman, Krigsman, Krieger, Kriger (guerreiro, soldado), Eisener (ferreiro), Fischer (peixeiro ou pescador), Glass ou Gleizer (vidreiro).
    
        Utilizaram-se as palavras de forma simples, combinadas e com a agregação de sílabas como son, filho; man, homem ou er, que designa lugar. Na versão para o português ou espanhol, procurou-se aproximar o máximo possível os mesmos critérios. Considere-se também a mudança do idioma português através dos séculos.

        Alguns dos sobrenomes de judeus aportuguesados são: Alves; Andrade; Alencar, Amaral; Alfaia; Aguiar; Arruda; Benjamim; Bento; Bentes; Bezerra; Brito; Botelho; Cáceres; Cabral; Carvalho; Cardoso; Cerqueira; Costa; Cintra, Contente; Daniel; David; Duarte; D?Avila; Dias; Elias; Franco; Ferreira; Fundão; Feijão; Fonseca; Gabai; Gabilho; Gomes; Henriques; Laredo; Ladeira; Lisboa; Linhares; Levi; Leite; Madeira; Machado; Marques; Matos; Matatias, Moreno; Mendes; Mello; Medina; Muniz; Navarro; Neto; Nunes; Noronha; Osório; Oliveira; Obadia; Passarinho; Pina; Pinto; Pereira; Prado: Porto; Rocha; Ribeiro; Regatão; Rego; Rodrigues; Salomão; Santos; Saraiva; Salvador; Serra; Silva; Silveira; Simão; Soares; Vasconcelos; Viana, Vieira e muitos outros.

         Recentemente fotografei na parede da primeira sinagoga das Américas, a Zur Israel, em Recife, um quadro com centenas de sobrenomes aportuguesados dos judeus que vieram da Península Ibérica nos anos da Inquisição.

        1605 - (16 de janeiro). Perdão geral em troca do donativo de 1.700.000 cruzados. Em 1610 retira-se a concessão de saída de 1601.
De 1637 a 1644 ? São tempos áureos para os judeus no governo holandês de Maurício de Nassau. Neste período, funda-se a 1ª Sinagoga "Zur Israel", em Pernambuco, quando vem da Holanda o 1º rabino de descendência Portuguesa Isaac Aboab da Fonseca. Com a derrota dos holandeses para os portugueses em 1654, um grupo de prósperas famílias judias estabelecidas havia décadas no Recife, temendo a volta da Inquisição toma uma navio e ruma para uma outra colônia holandesa mais ao norte, Nova Amsterdã. Esse grupo faria parte dos fundadores da cidade de Nova York. A família proprietária do maior jornal do mundo, o New York Times, descende em linha direta desses judeus de Pernambuco.

        1770-1824 - Período de liberalização progressiva, forte imigração de judeus marroquinos e alsacianos para a Amazônia,que acabaram por monopolizar a produção e exportação de borracha durante o seu período de maior apogeu e gradual assimilação dos judeus.    Os imigrantes judeus vinham para Belém do Pará e se estabeleceram em Belém, Manaus, Cametá, Gurupá, Breves, Baião, Macapá, Santarém, Itaituba, Óbidos, Parintins, Maués, Itacoatiara, Manacapuru, Coari, Tefé, Humaitá, Porto Velho, e outras cidades.
Outro ramo foi para o Nordeste e se estabeleceu no Ceará, criando uma grande e próspera colônia em Sobral, especialmente por causa do porto de Camocim, que nesta época não era alfandegado, e da excelente estrada de ferro, construída por D. Pedro II, que ligava o porto a Sobral. Outra grande colônia se estabeleceu em Recife, e menores na Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte.

        Os judeus foram os primeiros regatões da Amazônia e a bordo de seus barcos e batelões levavam mercadorias para vender no mais remotos rincões em troca de castanha, borracha, bálsamo de copaíba, peles e couros e outros produtos que depois eram exportados.

        Entre 1824-1855 ocorreu a fase da assimilação profunda, subsequente à cessação da imigração judaica homogênea e a equalização total entre judeus e cristãos perante a lei.
O período entre 1855 e 1900 marcou o início do momento imigratório moderno, caracterizado pelas primeiras levas de imigrantes judeus, oriundos, sucessivamente, da África do Norte, da Europa Ocidental, do Oriente Próximo e mesmo da Europa Oriental, precursores das correntes caudalosas que, nas Primeiras décadas do século XX, viriam gerara e moldar a atual coletividade israelita do país.

        Esses judeus se estabeleceram no sul e sudeste do país e se dedicaram principalmente ao comércio, a indústria, a construção civil e a área de comunicação. Por exemplo: o primeiro prédio feito em concreto armado em todo o Brasil, foi uma sinagoga em S. Paulo.
A Rede Brasil Sul de Comunicação com sede no Rio Grande do Sul, a Editora Abril; a Editora Nova América (dos gibis), a TVS; a rádio e TV Vanguarda de Sorocaba e outras tantas pertencem a famílias de origem judia.

        Segundo alguns estudiosos, cerca de 10% da população brasileira, algo em torno de 15 a 17 milhões de pessoas, é descendente direta dos judeus fugidos da Inquisição. Isso quer dizer que a população de cristãos novos, descendentes de judeus no Brasil, é praticamente igual a população total de judeus em todo o mundo.

        Três curiosas contribuições do judaísmo para a cultura brasileira são a carne de sol, a tapioca e talvez o chapéu de couro dos vaqueiros no Nordeste. A dieta judaica chamada "kasher" obriga a comer a carne sem sangue, por isso, os cortes eram pendurados em varais para dessangrar. Ao se repetir o procedimento no Brasil, o sol, a umidade e temperatura cozinhavam a carne. Pronto: estava criada uma das mais tradicionais iguarias da região.
A tapioca é a tentativa de reproduzir o "matzá", o pão ázimo de Moisés, com farinha de tapioca, porque não existia farinha de trigo no Brasil. Nascia mais uma delícia da cozinha regional brasileira.

        A forma tradicional do chapéu de couro nordestino aproxima-se da forma da "kipá", o solidéu, que era provavelmente usado pelos primeiros fazendeiros judeus da região. Observa-se enorme diferença entre os chapéus de palha do México, da Colômbia, do Panamá e dos Pampas, embora a mesma matéria prima estivesse disponível em todas as regiões.

        Para encerrar, o nome Brasil tem como origem o pau-brasil, madeira de cor avermelhada que foi o primeiro produto de exportação do país, e que também é conhecido como pau-tinta ou pau-ferro. Curioso é notar que em hebraico, ainda hoje, a palavra que denomina ferro é barzel. Brasil poderia ser assim uma derivação dessa expressão.

Bibliografia:
1) A presença dos judeus em Sobral e circunvizinhanças....
Padre João Mendes Lira ? Rio de Janeiro ? 1988
2) Eretz Amazônia ? Os judeus na Amazônia
Samuel Benchimol ? Manaus, AM ? 1998
3) Os judeus no Brasil Colonial
Arnold Wiznitzer ? Ed. Pioneira ? 1966
4) O ultimo cabalista de Lisboa
Richard Zimler ? Companhia de Letras ? 1997
5) O mistério do cubo sagrado ( no prelo)
Michael Winetzki ? Brasília, DF ? 2005
6) A fênix de Abraão
Sonia Bloomfield Ramagem - Brasília ? 1994
7) Cristãos Novos na Bahia
Anita Novinsky ? São Paulo ? 1972
8) Visão Judaica on Line ? diversos

novembro 19, 2023

TEORIA DO CONHECIMENTO MAÇÔNICO - Charles Boller


A vida em sociedade impõe a necessidade de politização, desenvolver o exercício do poder em favor da coletividade. 

Em sendo o humano um ser social por excelência, a sociedade não funcionaria de forma equilibrada sem o exercício do poder, de forma equitativa e livre, sem a política. 

Aí o desenvolvimento filosófico maçônico tem sua mola mestra ao impulsionar pessoas a pensarem e agirem mais.

Lideranças são forjadas no fogo da convivência em Lojas. 

De nada adianta revelar os segredos maçônicos, através de livros, com objetivo meramente comercial, se não se oferecer a oportunidade da pessoa viver a Maçonaria, de não possibilitar que a Maçonaria penetre nela???

Pela política, o poder é concentrado de forma natural, pelo convencimento com argumentos da razão e pela formação de relacionamentos fortes.

Platão detratava o retórico e o considerava mentiroso, pois este usa o poder do convencimento para a adulação e adulteração do verdadeiro, e adicionalmente, o tinha como crédulo e instável. 

Segundo Platão, poetas e retóricos estão para o filósofo no mesmo nível em que está a realidade para as imitações da verdade.

Por ser uma coletividade diminuta, cada Loja cobra imediatamente resultado da liderança.

Não existe espaço para ações evasivas e dissimuladas, como é comum observar-se na sociedade. 

Sentar no trono de Salomão, antes de ser privilégio que destaca e enaltece, é ato de fé, lição de humildade, exercício real de política, como ela deveria ser executada no mundo externo.

O cidadão forjado nestas Oficinas filosóficas vai, certamente, mudar e passa a praticar a política honesta, no exato sentido que Platão e Sócrates deram a tão nobre profissão.

O Maçom não faz da filosofia a finalidade de sua própria vida, mas usa da filosofia maçônica para especializar sua capacidade cognitiva e emocional no exercício da Política. 

A Maçonaria é uma escola de política, pois com sua filosofia e sua organização desenvolve-se a verdadeira política.

Foi Platão o primeiro a estabelecer a doutrina da anamnese, que é a lembrança de dentro de si mesmo das verdades que já existem a priori, em latência. 

O conhecimento maçônico, alicerçado em suas simbologias e lendas é um exercício permanente de anamnese. 

E fica tão fácil deduzir verdades complexas latentes que não há necessidade alguma de frequentar escola superior, basta viver o dia a dia maçônico, que estas verdades afloram naturalmente, como se sempre estivessem plantadas na mente e no coração, a priori. 

É aí que nasce o verdadeiro homem politizado. 

Este não busca um ganha-pão com este conhecimento, mas, pela ação, busca exercer a verdadeira atitude política, para tornar-se pedra polida dentro da sociedade ideal. 

Uma pedra cúbica que não rola ao sabor dos fluxos dos manipuladores, como se fosse um seixo rolante de fundo de rio. 

Por ter desenvolvida a capacidade de pensar, é um obstáculo para os políticos despóticos e desonestos.



novembro 18, 2023

IMPORTÃNCIA DOS POETAS E DE SUA POESIA - Denizart Silveira de Oliveira Filho



Os Poetas e suas Poesias têm relevância significativa na Maçonaria. Os Poetas, por fazerem uso simbólico da linguagem poética na transmissão de ensinamentos, para inspirar reflexão e estimular o pensamento filosófico entre os Maçons; suas Poesias, por fazerem bem a nossa alma.

É como nos disse Camilo F. B. Castelo Branco (1825-1890), o grande romancista português e Maçom: “Poesia é tudo o que se nos revela ao espírito sem nos molestar o entendimento; é tudo o que nos banha a alma de unção, desprendendo-a dos liames terrenos; é, enfim, esse toque súbito, chamado arroubamento, ao qual o espírito segue espontaneamente como librando-se muito acima da terra”.

Na Maçonaria, a poesia desempenha várias funções importantes:

(1) A Maçonaria transmite seus ensinamentos através de simbolismos e alegorias. Então, a poesia pode ser usada como forma artística para expressar simbolicamente os conceitos maçônicos, ajudando-nos na compreensão de seus princípios éticos, morais, filosóficos e espirituais.

(2) A poesia tem o poder de evocar emoções e estimular a reflexão e a contemplação. Então, a poesia nos incentiva a pensar mais profundamente sobre nossa jornada espiritual, a natureza da fraternidade e a busca por autoaperfeiçoamento.

(3) Nas Lojas Maçônicas, a poesia pode ser incorporada à Cerimônias e Rituais como parte da experiência simbólica. Então, a poesia pode ser recitada durante as Sessões de instrução, cerimônias cívicas ou em outros momentos significativos para enfatizar princípios maçônicos e inspirar seus membros.

(4) Algumas poesias têm uma longa história e tradição, transmitidas de geração em geração. Então, as poesias ajudam a preservar a história e os valores fundamentais da Maçonaria ao longo do tempo.

Através de metáforas, imagens e ritmo poético, a poesia na Maçonaria busca elevar a experiência dos Maçons, inspirar a busca pela verdade, beleza e conhecimento, e promover uma compreensão mais profunda dos princípios maçônicos. A poesia maçônica também é uma forma de celebrar a amizade, a fraternidade e a solidariedade entre os Maçons. É, portanto, uma manifestação da cultura, da espiritualidade e da identidade maçônica.

Alguns poetas famosos, como Camilo Castelo Branco, já citado acima, Fernando Pessoa, Rudyard Kipling, Manuel M. B. du Bocage, Almeida Garrett, Feliciano de Castilho, Antero de Quental, entre outros tantos, foram Maçons e deixaram obras que refletem sua visão maçônica do mundo. E, entre nós hoje, temos a honra e o orgulho de termos nosso Poeta Irmão Adilson Zotovici, a quem dedico este “BOA NOITE IRMÃOS!”.

15 DE NOVEMBRO - Adilson Zotovici



República aos Brasileiros ! 

Bradavam  estudantes, artistas, 

Grupos e grupos inteiros, 

Comerciantes, jornalistas , 

Todos patriotas, ordeiros 


Mescla de ativistas  

Com um propósito sério, 

Face ao jugo dos imperialistas, 

De ver findar o império 

Dos persistentes absolutistas  


Ao povo  então, vitupério 

Ver reinar a improbidade

Corruptível e sem critério  

Daquela isolada sociedade 

 Qual vivia, envolta em mistério  


Premente a necessidade,

Do sonho republicano 

Tornar-se pois, realidade 

Fez crescer no cotidiano 

A obstinação pela igualdade  


Um sentimento ufano  

Arvora-se pela democracia  

Marechais Deodoro, Floriano,

Pela liberdade à porfia, 

Que, anseio humano 

 

Cresceu pois, a maçonaria 

Homens em nobre missão 

Bocaiúva, Constant, em sinergia      

Junto a Sales, Barbosa, em união 

A repudiar a monarquia ! 


E consagrou-se assim a nação ! 

Desse povo ordeiro e varonil 

Com a força da fé, da razão,  

Fez-se a República do Brasil 

Com sua justa Proclamação !