dezembro 03, 2023

GNOSE - José Stamato


Gnose – saber por excelência; ciência superior às crenças vulgares; conhecimento.

Gnóstico – seguidor do gnosticismo.

Gnosticismo – sistema teológico e filosófico que se atribui um conhecimento sublime da natureza e dos atributos divinos.

Agnóstico – relativo ao agnosticismo.

Agnosticismo – do grego “a”, sem; e “gnosis”, conhecimento; doutrina que declara o absoluto inacessível ao espírito humano e professa uma completa ignorância relativamente ao princípio e à essência de todos os fenómenos físicos e morais.

Hoje, os termos gnóstico ou agnóstico não são de uso comum, não fazem parte de nossa linguagem quotidiana. 

Normalmente os termos de pouco uso tem o risco de terem seu conceito deformado e desviado do seu real significado, sendo deturpado e mal compreendido com o passar do tempo, principalmente quando seu significado envolve conceitos que possam sustentar opiniões divergentes dos diversos interesses particulares de estruturas sociais ou filosóficas instituídas.

Observamos no dia-a-dia o uso de termos cujo conceito desconhecemos; repetimos e damos o crédito supondo que quem o utilizou nos deu uma base suficiente. 

Porém isso não é o bastante, pode ser enganoso e prejudicial, pois, podemos abraçar um conceito insuficiente e por vezes desvirtuado de seu sentido original. 

Mesmo nos dicionários verificamos mudanças que levam a uma má interpretação de seu sentido original pela ação do tempo e o famoso “uso e costumes”.

Temos ouvido falar em agnóstico como antónimo de gnóstico. 

Literalmente, agnóstico, significa um desconhecedor ou ignorante, mas, em sentido figurativo descreve uma pessoa sem fé religiosa, que não obstante se ressente de ser chamada de ateísta.

Gnostikoi em grego indica aqueles que possuem a gnose ou o conhecimento. 

O gnóstico é o conhecedor e não o seguidor de alguém que pode ser um conhecedor.

Em suas origens, os gnósticos viveram durante os 3 e 4 primeiros séculos da era cristã. 

O gnosticismo tornou-se um sistema definido de pensamento com sua origem num passado remoto, acumulando ao longo do tempo conhecimento das mais diversas fontes se fundindo em um sistema único. 

Esse sincretismo (3) vem do antigo Egito e com maior força da Pérsia (hoje Irão) como da Babilónia.

Eram ávidos escritores deixando vários textos em sua época, porém, dado suas ideias avançadas (como livre pensadores) e como não se submetiam a dogmas temporais, não eram estimados, pois ameaçavam, ou melhor, suas ideias incomodavam e punham em risco as instituições existentes, o que causou uma incansável perseguição e destruição de sua literatura (gnóstica), pelos queimadores de livros e caçadores de hereges da Igreja.

Não se intitularam gnósticos, mas assim foram denominados por não serem cristãos, nem judeus ou seguidores de tradições de antigos cultos, mas pessoas que compartilhavam entre si certas atitudes perante a vida, consistindo isso na convicção de que o conhecimento direto, pessoal e absoluto das verdades autênticas da existência é acessível aos seres humanos e que a obtenção de tal conhecimento deve sempre constituir a suprema realização da vida humana. 

Clement de Alexandria (150 / 220 A.D., data imprecisa) designa gnose como “o conhecimento de quem somos, o que nos tornamos, onde estamos, em que lugar fomos colocados; onde fomos precipitados, onde somos redimidos; que é nascimento, que é renascimento”. 

É uma espécie imediata de conhecimento que penetra na consciência como um lampejo sem esforço do raciocínio, uma iluminação da consciência. 

Essa aquisição de conhecimento, essa revelação intuitiva pode ser possibilitada pela realização de rituais e cerimónias.

A liberdade de pensamento na sua mais abrangente conceituação leva à psicologia profunda que nos direciona a uma transformação e visão interior capazes de nos conduzir a um conhecimento pessoal que prescinde tanto da Lei como da Fé.

A religião, a ciência, a filosofia, a arte, a literatura, a política, representam apenas abordagens parciais do grande mistério da Alma e do Homem. 

Cada qual apresenta uma faceta própria, mas sempre fragmentada do Todo. 

Todas essas abordagens buscam um equilíbrio e uma melhora na qualidade de vida e de bem-estar, e procuram de uma maneira dividida, isolada, buscar a harmonia num momento exterior a si mesmo, deixando de perceber que a única realidade é interior, que se encontra no âmago mais profundo de nossa psique.

A suprema realidade está além do alcance conceptual. 

A psicologia moderna nos mostra que a gnose se encontra na experiência vital da transformação psíquica pessoal. 

A prática ritualística (como exemplo, nossos rituais) pode induzir transformações, mas não pode ser confundida com fórmulas de sabedoria, pois cairia num terreno dogmático e nebuloso.

A experiência é sempre pessoal, e nunca conseguiremos expressa-la ou interpreta-la adequadamente, tentando organiza-la desta ou daquela forma direcionando apenas à razão, uma vez que toda conceituação tentada aponta apenas semelhanças na experiência.



O POR DO SOL - Sonia Cano

Faleceu no dia de ontem, aos 84 anos, a professora, poetisa e escritora, que participava do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e era minha confreira na Academia Sorocabana de Letras. Deixa além de muitas boas lembranças uma excelente obra em prosa e versos, da qual destacamos, em sua homenagem, o trecho abaixo. Michael Winetzki



Faz mais ou menos dois anos que estou morando num apartamento. A vida nos obriga a tantas reviravoltas, que acabamos nos acostumando a tudo.

A princípio, pensei que não me acostumaria fechada em quatro paredes, 'engaiolada', como disse um dia meu marido. Mas, aqui estamos e, para bem da verdade, acabei adorando nosso pequeno cantinho.

Já escrevi sobre minha casa. Grande, corredor largo, sala enorme, quartos imensos... Pra quê?

Só para juntar velharias, acumular 'coisas' sem nenhuma importância, talvez para ocupar espaços que estão sobrando.

Quando vejo os cristais, ainda intactos, perfeitos, e que foram presentes de casamento de meus avós, (ainda os conservo com carinho), penso que, na realidade, não deveriam importar para mim. Afinal, meus avós é que importavam. Sua presença amiga, seus conselhos, que na ocasião, via com desdém, seu sorriso, sua sabedoria, seu amor imenso e profundo como o mar. Os cristais, ora os cristais! Na sua fragilidade, permaneceram. As pessoas, não. Que ironia! Foram-se, como nuvens que passam. Deixaram, no entanto, uma mensagem forte, que não se diluiu com a ausência, nem se perdeu com o passar dos anos. E uma doce, suave e enorme saudade.

Mas... voltando ao apartamento, outro dia, descobri uma coisa maravilhosa. Estava eu preocupada com uma reunião importante que aconteceria naquele dia quando, ao olhar pela janela da cozinha (eram umas seis horas da manhã), vi o espetáculo maravilhoso do amanhecer. Momento inesquecível!

O sol, ainda menino, deixava-se descobrir no horizonte, tímido, róseo, para alguns minutos, após, aparecer redondo, belo, imponente e dourado como um rei, anunciando que o dia chegava, claro e belo, tal qual a esperança e a certeza de que tudo estaria bem e que Deus, em seu imenso AMOR, me respondia a questões e esclarecia as dúvidas.

Lembrei-me, então, que todas as tardes; quando o céu está limpo, se quiser sentar-me em minha cadeira de balanço diante da janela da sala, tenho o espetáculo maravilhoso do entardecer ao meu dispor.

O sol se põe para mim, extasiando-me com a beleza desses momentos que são quase eternos. Saint Éxupery, através de seu Pequeno Príncipe, nos diz: 'Assim eu comecei a compreender, pouco a pouco, meu pequeno principezinho, a tua vidinha melancólica. Muito tempo não tivesse outra distração que a doçura do pôr-do-sol. Aprendi esse novo detalhe quando me disseste, na manhã do quarto dia:

- Gosto muito de pôr-do-sol. Vamos ver um...

- Mas é preciso esperar...

- Esperar o quê?

- Esperar que o sol se ponha.

Tu fizeste um ar de surpresa e, logo depois, riste de ti mesmo. Disseste-me:

- Eu imagino sempre estar em casa!

... no teu pequeno planeta, bastava apenas recuar um pouco a cadeira. E contemplavas o crepúsculo todas as vezes que desejavas...

- Um dia, eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!

E um pouco mais tarde acrescentasse:

- Quando a gente está triste demais, gosta do pôr de sol...

- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?'

Pois é. De repente, descubro que posso assistir num mesmo dia à alvorada e ao pôr de sol. Descobri, também, que o apartamento, se eu quiser, pode se transformar em meu pequeno mundo, como o planeta do Pequeno Príncipe.

Afinal, considero-me privilegiada. Deus não me deixa nunca sem respostas. Está sempre a me tratar com carinho de Pai. E suas respostas estão aqui. Ao meu lado para que O sinta bem pertinho de mim.

Mesmo nesta época de tantas controvérsias, de tão avançada tecnologia e tanto progresso, em que a humanidade se vê esmagada por incompreensões, lutas de classes, violências desnecessárias, sequestros, ganâncias desmedidas, apego ao dinheiro e ao poder, sufocada por suspeitas e ameaças de 'vazamentos de substâncias químicas', ainda não se pode parar para assistir a um espetáculo grandioso e gratuito como a aurora e o crepúsculo

NÃO ENGANA - Adilson Zotovici

 


É necessário cautela

Com essa onda insana

Que algum tempo flagela

Douta Ordem soberana


A tão pedante procela

Feito invasão profana

Mil pins, brasão na lapela

Com desplante se engalana


Quem não viu tal Luz singela

Com intenção leviana

D’Arte Real ter tutela


Mas não induz, não engana

Pois o _artesão se revela_

_Pela sua Luz que emana_ !



dezembro 02, 2023

A VAIDADE - Almir Sant’Anna Cruz


Muito se fala que devemos reprovar a Vaidade, confundindo-a geralmente com um dos 7 Pecados Capitais, a Soberba, que é o Orgulho, a Arrogância e a Vaidade desmedidas.

A Vaidade em excesso devemos, sim, combater, mas quem não tem “um pingo de Vaidade” é um relapso, uma pessoa que não cuida da sua aparência, que não se valoriza.

Todos nós, em maior ou menor escala, somos Vaidosos, e a mulher comumente é mais que o homem. E apreciamos isso nelas.

Muitos casamentos são desfeitos justamente por uma mudança de comportamento, seja da mulher ou do homem, que durante a fase de namoro e noivado procuravam se mostrar de uma forma, e passados alguns anos de convívio deixaram de lado a Vaidade.

E nós, os Maçons? Não somos Vaidosos?

Alguns ingressam nos nossos Quadros com o único intuito de poderem se vangloriar de serem “Maçons”, como se isso acrescentasse algo ao seu status e não percebem que continuam sendo meros “Profanos de Avental”.

Outros, para demonstrar uma erudição, real ou imaginária, por mera Vaidade, se apresentam em Loja para fazerem longos discursos, enfadonhos e muitas vezes sem qualquer conteúdo.

E parece que a Maçonaria, sem se aperceber, estimula essa Vaidade desmedia, com diplomas disso, medalhas e comendas daquilo, aventais coloridos diferenciando os Mestres, seja por seu Grau ou por ocuparem cargos em sua Alta Administração.

E os chamados Graus Filosóficos, cursados por muitos que mal conhecem os Graus Simbólicos, criam inúmeros “pavões vaidosos”, com seus títulos pomposos, com uma infinidade de Graus que nem são iniciáticos, que se recebem por comunicação, mas com uma profusão de diplomas e aventais coloridos para afinal os Vaidosos poderem estufar o peito e dizer “sou 33”.

Portanto, meus IIrm.’. devemos nos policiar. Todos somos Vaidosos, mas o que não devemos é extrapolar, a Vaidade Desmedida deve ser combatida diuturnamente dentro de cada um de nós.

QUE VINDES AQUI FAZER? - José Prudêncio

 

QUE VINDES AQUI FAZER?

Existe uma resposta ritualística para esta pergunta.

Com facilidade, qualquer maçom a recita de cor, comprovando que está a par dos conhecimentos básicos para se fazer reconhecer.

A pergunta, porém, contém uma significação mais profunda, específica, que podemos analisar antes de adotarmos a resposta como real e sincera.

VENCER AS PAIXÕES

Ao declarar que deseja vencer suas paixões, o maçom está assumindo o compromisso de descobrir quais são aquelas que assolam o seu espírito e, mais ainda, como pretende removê-las ou substituí-las.

Para isso, ele deve ter plena consciência do que é, como está procedendo no seu meio e o que faz por si, pelos irmãos e pela humanidade.

Conhecer-se intimamente é o primeiro passo para derrotar os impulsos menos nobres e fazê-lo transformarem-se em movimento na direção do bem. 

Também é preciso identificar, com muita exatidão, o que são paixões, como se manifestam e do que provém, para que o processo de eliminação não se limite a remover os seus efeitos, e sim, destrua-lhes as causas. 

De fato, não projetar um ódio sobre o objeto desse sentimento evita que ele produza efeitos externos e, assim, contribui para um relacionamento mais harmonioso com as pessoas.

Mas essa atitude não remove o ódio em si mesmo, deixando-o lá, latente, pronto a eclodir a qualquer momento ou a inspirar posturas e ações não condizentes com o aperfeiçoamento que buscamos.

Tal como Teseu, que se internou no labirinto para aniquilar a besta - o Minotauro - também nós temos que percorrer esses caminhos escuros e sombrios do nosso espírito, para de lá extrair as bestas que devemos combater - nossos vícios - ou seja, nossos defeitos de caráter, a fim de vencida a porfia, de lá podermos assomar mais fortes, mais limpos, mais aptos para o trabalho social a que nos propomos.

Então, para declarar que vencemos uma paixão identificada, é necessário que tenhamos a certeza de que ela não mais existe e, se não se manifesta, não é por ter sido amordaçada, e sim, porque deixou de compor o nosso eu interior, definitivamente. Esse é o primeiro passo.

SUBMETER A VONTADE

A vontade é a capacidade que os seres vivos animados têm de determinarem o seu procedimento de acordo com o que lhe dita à consciência ou o instinto. 

Nossa vontade humana pode ser controlada pela inteligência, que escolhe os recursos de que disporá para manifestar-se. 

Assim, à luz dos costumes e leis, somos obrigados a restringir a manifestação da nossa vontade àquilo que pode ser feito ou representado, sem ofensa à lei ou aos bons costumes.

Isso, no entanto, não impede que, às vezes, procedamos em desacordo com essas leis e costumes, para satisfazer uma necessidade ou desejo. 

Esta violação das normas e usos vigentes representa um emprego volitivo das nossas capacidades sem o controle adequado da nossa consciência e da nossa mente, representando a fuga do ser de dentro dos limites impostos pelo contexto social.

É por isso que, na Maçonaria, exercitamos a nossa capacidade de fazer a nossa vontade ficar contida dentro dos limites dos nossos landmarks, leis usos e costumes, que são suficientes para assegurar que seremos pessoas capazes de viver dignamente em qualquer contexto legal. 

Esse domínio sobre o exercício da vontade depende de intenso treinamento ininterrupto e diuturno, pois sempre há alguma dessas manifestações de indisciplina intelectual e mental pronta para aparecer e nos vencer.

No labirinto, Teseu guiou-se pelo fio que Ariadne lhe deu e que ficou segurando, à saída, para que o herói pudesse achar o caminho de volta.

É esse fio que representa a submissão da vontade a um traçado pré-concebido e pré-existente: as leis os costumes e os usos da sociedade a que pertencemos. 

Enquanto não pudermos seguir esse fio dourado, não teremos dominado a nossa vontade, para que nos leve ao aperfeiçoamento que almejamos.

FAZER PROGRESSOS NA MAÇONARIA

Esta típica expressão maçônica nos mostra que somos maçons para aumentarmos nossos conhecimentos da Arte Real continuadamente, sem interrupção por qualquer motivo.

Se frequentamos regularmente a nossa loja, fazemo-lo para continuar esse progresso, através do convívio, da reflexão no silêncio e na meditação impostas pela austeridade ambiental e da atividade intelectiva provocada pelas ações que ali se desenrolam.

Cada sessão é uma aula sui generis específica, cujo conteúdo tem significado diferente para cada um dos irmãos.

As lições lá aprendidas e exercitadas devem se tornar nosso patrimônio intelectual e emocional exclusivo, formador da nossa personalidade maçônica e garante do aprendizado que se segue.

Nada substitui, em eficiência, no nosso método de aprendizado, o convívio dos diferentes, com a troca benfazeja e enriquecedora das experiências e opiniões de cada um com todos os outros.

Acumulando essas ricas experiências em loja, certamente seremos melhores como cidadãos e como integrantes da Maçonaria e estaremos em condições de propagar essa cultura multicentenária para os nossos pósteros.

Fica deste modo, respondida a pergunta em epígrafe.

Tomara que possamos ao respondê-la em alto e bom tom, quando inquiridos, ter consciência do grande significado que oculta, aos não iniciados, as verdades dos nossos trabalhos maçônicos. 

Que todos possamos refletir sobre ela e criarmos, nós próprios, as nossas respostas, de modo a que sejamos, todos, construtores de um mundo melhor.

.'.

POSTURA - Newton Agrella


O exercício da genuflexão, ou seja, ajoelhar-se, em determinadas ocasiões e conforme preceitos ritualísticos maçônicos, é antes de mais nada um ato de "Consciência Moral", que exprime o juramento ou compromisso que o Iniciado assume perante a Sublime Ordem.

Cabe registrar que do ponto de vista histórico a genuflexão é um hábito trazido desde a Idade Média, em que a Igreja era protetora das Guildas ou Corporações de Ofício, que se constituíram na base do surgimento da Maçonaria Operativa.  

Mesmo após o advento da chamada Maçonaria Especulativa, este ato continuou sendo empreendido em razão do próprio aspecto tradicionalista e consuetudinário da Ordem.

Ainda sob a influência histórica absorvida pela Maçonaria, é relevante ressaltar que na civilização Latina, os romanos ajoelhavam-se como sinal de respeito, quando se deparavam com uma pessoa que simbolizasse a autoridade e o poder. Algo que poderia ser traduzido como uma espécie de saudação solene. 

A genuflexão na Maçonaria - mais do que qualquer associação ao divinal,  à adoração ou veneração - traz consigo o "simbolismo" do respeito, que o Obreiro deve para com os princípios filosóficos de uma instituição que não impõe dogmas aos seus adeptos, mas sim, os encorajam e os incentivam  a explorar a liberdade de pensar sem vínculos proselitistas doutrinários.

Na Maçonaria, ajoelhar-se, curvar-se ou inclinar-se são procedimentos simbólicos e ritualísticos que denotam a  predisposição do homem em trabalhar seu templo interior, utilizando-se das ferramentas disponibilizadas para seu aprimoramento físico, espiritual, anímico e intelectual.

É claro, que o fato da maioria dos ritos maçônicos dedicar os trabalhos realizados no Templo a um Princípio Criador e Incriado do Universo, traduz um significado de inteligência e bom senso, posto que o referido trabalho obedece a um critério de referência , que explica a nossa fonte de origem e existência. 

Porém, nada que se possa confundir Maçonaria com qualquer segmento religioso, credo ou crendice. 

Nunca é demais lembrar que do ponto de vista dialético na Maçonaria o protagonismo é a Consciência e na Religião o protagonismo é a Fé.

Que possamos continuar desenvolvendo a arte de debater e pensar em estreita relação com a retórica e sob o poder da argumentação fundamentar os postulados maçônicos no intelecto e na razão.



dezembro 01, 2023

PALESTRA DE MICHAEL WINETZKI

 


ESPERANTO - UMA LÍNGUA DE LABORATÓRIO - Newton Agrella


A narrativa e o aspecto histórico-lendário dão conta que a Torre de Babel - nome provavelmente derivado da língua acadiana BĀB-ILIM na Mesopotâmia - cujo significado é "Portão de Deus" - teria sido uma vã tentativa das pessoas à época, desejarem atingir o céu de maneira intrépida e ousada.

Porém, como em tese, falavam uma única língua, Deus preocupado  com o fato destas pessoas terem blasfemado erigindo uma torre com o intuito de evitar-se um segundo dilúvio -  ocupou-se de criar uma multiplicidade de línguas, de sorte que as pessoas ficassem incapazes de se entenderem entre si. 

Assim os humanos foram divididos em distintos grupos linguísticos, interrompendo a empreitada da construção da referida torre.

É claro que há, todo um simbolismo em torno desta lenda, cujo pano de fundo é o de fomentar a contínua busca pelo entendimento mútuo entre as pessoas - tornando a vida, um processo de  provas e experiências pela edificação de um templo interior baseado no exercício das virtudes, da compreensão, da capacidade de ceder e de compartilhar fraternamente a convivência humana.

A própria Bíblia em Gênesis 11:1-9 traz referência sobre este fenômeno.

No judaísmo há também uma explicação que se refere à construção da Torre como um "ato arrogante" de desafio a Deus.

Fato é, que inúmeras suposições são feitas a respeito da famigerada Torre de Babel.

Ironicamente, contudo, na contramão do preâmbulo feito acima, em Julho de 1887, ao final do século 19 - o estudante de medicina polonês, Ludwik Leijzer Zamenhof, um apaixonado estudioso de línguas, que vivia em Bialystok, na época Império Russo, constatando que naquela região viviam comunidades que falavam diversas línguas, o que tornava a comunicação no dia a dia algo bastante complicado - motivou-se a criar uma língua neutra, o Esperanto.

Isto é, elaborar uma língua artificial, aglutinante, sem flexões de gêneros gramaticais, sem conjugação de verbos variáveis por pessoa ou número, cujo propósito era o de torná-la um língua sintética e universal, que visasse de forma pragmática, o entendimento comum entre todos os povos.

Contudo, o vocabulário do Esperanto é primordialmente composto de línguas românicas, ou seja, línguas neolatinas, com algumas poucas inserções e contribuições de línguas germânicas e eslavas, sejam nos contextos morfológicos, fonéticos ou semânticos.

O sistema de escrita do Esperanto é o Alfabeto Latino.

Em razão da supremacia e imperialismo linguístico  herdado do Latim e de suas línguas descendentes em detrimento dos demais grupos linguísticos - o Esperanto jamais prosperou da maneira que seu idealizador pretendia, a de torná-la um língua de entendimento universal.

Como uma língua artificial e planejada, a mesma não conseguiu impor uma "cultura de identidade", isto é, uma língua sem literatura e sobretudo, "sem falantes nativos".

Por estas eloquentes razões, ainda que se encontrem alguns grupos de "esperantófonos" que buscam praticar e se comunicar nesta língua - , seu emprego e praticidade são irrisórios, podendo ser considerado apenas um hobby o seu estudo, especialmente quando se sabe que cerca de 7000 línguas naturais são faladas no planeta e pelo menos uma língua desaparece em média a cada ano.

Nunca é demais lembrar que uma língua é uma entidade viva, que carrega consigo propriedades legítimas e naturalmente humanas, capazes de transmitir todas as sensações, sentimentos, pensamentos e emoções e não pode ser substituída por um mecanismo artificial.

A vida não se terceiriza.



JEAN THEOPHILE DESAGULIERS - Alfério Di Giaimo Neto


A fundação da Grande Loja de Londres e Westminster, dita “Especulativa” deve-se, no papel principal, a dois homens: um escocês e um francês. O escocês era o reverendo James Anderson. O francês, uma figura mais importante, chama-se Jean Theóphile Desaguliers, era filho de Jean Desaguliers, Pastor de uma congregação protestante francesa, situada perto de Rochele.

Na França, quando o líder protestante Enrique de Navarra se converteu ao catolicismo romano, passou a ser o Rei Enrique IV, outorgando tolerância religiosa aos partidários protestantes da maior parte da França. Mas, no reinado de seu neto, Luiz XIV, os protestantes perderam gradualmente seus direitos. Todos perderam o direito de emigrar sem a autorização do rei. Aos Pastores Protestantes era permitido emigrar, porém não era permitido levar os filhos. Esses ficariam na França e seriam educados como católicos.

Desse modo, o casal Desaguliers tinha permissão de sair, mas não podiam levar o menino de dois anos, Jeam Theóphile Desaguliers. Resolveram levá-lo no contrabando, colocando-o num tonel cheio de roupas. A criança estava dormindo entre as roupas e assim a família passou na fileira de soldados, no porto. A família viveu alguns anos em Guernsey e depois se mudaram para Londres, Jean, o pai, foi ordenado na Igreja da Inglaterra e passou a ser ministro de uma congregação de refugiados franceses protestantes, em Piccadilly.

Jean Theóphile tinha 16 anos quando seu pai faleceu, em 1699. Ingressou, posteriormente, no Corpus Christi College de Oxford, estudando teologia, mas também era muito interessado em projetos científicos.

Em 1702 a Inglaterra e Países Baixos, entram em guerra com a França de Luiz XIV, que queria se apoderar do trono da Espanha, para seu neto. Nessa época Jean Theophile, concentrava-se pouco na Teologia e, desejando incorporar-se à luta contra Luiz XIV, dedicou-se aos conhecimentos científicos, desenhando um tipo de arma para ser utilizada no sitio de cidades. E enviou seu projeto para a Oficina de Guerra, em Londres.

Os entendidos em armas ficaram impressionados e ela foi utilizada contra os forte de Flanders, com sucesso.

Dava conferências sobre Filosofia Experimental em Oxford e, próximo aos trinta anos de idade, se casou e adquiriu uma casa em Londres. Continuou dando suas conferências, acrescentado agora, conferências sobre as teorias de Isaac Newton, de quem era amigo. Em 1714 foi admitido como membro da Royal Society. Em 1717 deu uma conferência ao Rei Jorge I, em Hampton Court.

É provável que a razão em se interessar pela Maçonaria, tenha sido, pela convicção dele, de que esta representava o caminho mais adequado para que a religião se convertesse em um “Deísmo” tolerante , que era o que ele acreditava e queria. Além do mais, acreditava que, com a revolução de 1688 e ascensão da Casa de Hanover no seu país de adoção, este seria dirigido por uma grande aristocracia. Se pudesse persuadir os membros da nobreza em se tornarem maçons, a Maçonaria floresceria como uma sociedade de “deístas”, livre de perseguição e ataques.

Não foi difícil convencer muitos de seus amigos da aristocracia inglesa para entrarem para a Maçonaria, uma instituição que respeitava as tradições da aristocracia e da classe dirigente. Um pouco diferente do que fizera a Igreja católica, durante séculos.

Seria uma organização em que todos os membros seriam “irmãos” e a diferenciação estaria no mérito de cada um e oferecia um atrativo a muitos aristocratas ingleses, famosos em toda a Europa pela sua disposição em confraternizar com os de classe social inferiores. Gostava da ideia de pertencer à uma sociedade que tinha longa história, que aceitava a Casa de Hanover e a sucessão protestante, mas que evitava as polêmicas religiosas e políticas e que organizava reuniões, nas quais os partidários de religiões em conflito, podiam encontra-se como amigos pessoais.




novembro 30, 2023

QUE TAL TOMAR UM CAFÉ COMIGO

        


             Este blog teve início no dia 20 de setembro de 2011, há pouco mais de dois anos. Aproveitei um blog pessoal que já existia para dar início ao compartilhamento dos melhores trabalhos que eu recebia nos grupos maçônicos, e não só de maçonaria, mas história, filosofia, ciência, arte, cultura, etc.

          Desde então foram mais de 1.900 excelentes textos de mais de uma centena de autores, 370.000 acessos até o dia de hoje e bem mais de 1.500 horas de trabalho para proporcionar este conhecimento aos interessados.

         É um grande prazer fazer este blog e na medida de minhas forças continuarei a faze-lo. Mas dá trabalho e algumas despesas.

         Assim, não há obrigação nenhuma. Ele sempre será gratis, mas se você curte a minha companhia, ainda que virtual, quem sabe pode pagar um cafezinho. Apenas um café, que tenho certeza, ofereceria com alegria se nos encontrássemos ao vivo.

        Deposite, se quiser, o valor de um café no Pix de Michael Winetzki, na Caixa Econômica Federal, chave tel. cel. (61) 9.8199.5133. Não precisa se identificar, não precisa enviar comprovante, não precisa fazer nada. E nem tem obrigação de depositar nada. 

       Encaro apenas como cortesia de algum leitor que agradece pelo trabalho que me dá lhe proporcionar o prazer destas leituras.

       Um caloroso TFA

O QUE VOCÊ SABE SOBRE O CÉREBRO HUMANO?

 


A capacidade de armazenamento do cérebro é virtualmente ilimitada.


O cérebro humano contém entre  80-100 bilhões de neurônios.


Mais de cem mil reações químicas ocorrem no cérebro a cada segundo.


O cérebro humano é o único objeto de qualquer tipo que pode contemplar a si mesmo.


O cérebro humano pesa aproximadamente cerca de 1,4 kg.


O cérebro humano pode gerar cerca de 23 watts de potência (o suficiente para alimentar uma lâmpada).


60% do cérebro humano é feito de gordura. Isso o torna o órgão mais gordo do corpo.


O cérebro usa 20 por cento do total de oxigênio e energia do corpo.


O cérebro não tem receptores de dor, então não pode sentir a dor. ,


Acredita-se que o cérebro médio gere até 50.000 pensamentos por dia.


O cérebro tem uma configuração de piloto automático que nos permite realizar tarefas comuns, como dirigir, sem pensar ativamente nelas.


Seu cérebro nunca dorme enquanto você está dormindo, seu cérebro está ocupado realizando manutenção.


Ao morrer uma pessoa ainda tem 7 minutos de atividade cerebral.

RITOS MORTUÁRIOS - AS POMPAS FUNEBRES NA MAÇONARIA


Da concepção de Morte para os maçons

Sendo a Instituição Maçônica uma Ordem Iniciática, portanto detentora de axiomas próprios, configurando-se tal qual um estamento; possui uma concepção assaz particularizada sobre o “grande mistério” da morte.

Conforme Bayard, a analise da Morte pressupõe antes uma análise da Vida. Para o Maçom, conforme já foi dito neste trabalho através das palavras de José Mattias Lopes, a vida resume-se a um constante aperfeiçoamento, um labor que visa o melhoramento do ser in terrae, não estando desta forma, o homem, fadado a permanecer perpetuamente neste plano corruptível.

Desta feita, a morte para a Maçonaria é, senão, uma passagem, uma transferência de um plano corrupto para uma vida post mortem em um plano maior, junto à perfeição divina, transferência esta que sugestiona o câmbio do status do morto, colocando-o na esfera do sagrado, o que nos remete, analogamente, às concepções judaico-cristãs, conforme explicita o Ritual de Pompas Fúnebres do Rito Adonhiramita em citação de Job:

“Nós ouvimos, sombra cara, as tuas queixas e teus suspiros, dirigimos-te estas palavras ternas e consoladoras. Está escrito que seremos revestidos de uma carne incorruptível no seio da Glória, que então veremos o Pai, o Criador de tudo que respira; nós O contemplaremos com os nossos olhos despidos de qualquer emblema.”

Este lugar imaculado, habitáculo dos maçons já falecidos chama-se maçonaria celeste, que é uma espécie de loja regida diretamente pelo Grande Arquiteto do Universo, o Senhor dos Mundos, Pai da “perfeição” tão almejada pelo maçom em vida.

É certo que estas concepções de morte são propostas a fim de se obter um tipo de universalização no qual se contemple todo tipo de credo, posto que, como já foi colocado, a maçonaria é uma instituição laica, ou seja, sem grilhões dogmáticos, o que implica que seus membros já possuem seus credos advindos de sua vida extra-maçônica.

 Monografia apresentada á disciplina Introdução à Antropologia, ministrada pela Profº. Eneida de Assis para a obtenção de nota parcial referente à 3º avaliação da turma do 2º semestre/manhã do curso de Ciências Sociais da UFPA.

Cícero Pedrosa Neto, Ernesto Feio Boulhosa, João Paulo de Oliveira & Raphael Gomes:



CONVERTIDOS EM PEDRA - Roberto Ribeiro Reis



Meus Irmãos! Como têm estado nossos corações?  As mazelas e agruras do cotidiano têm o tornado mais frágil e suscetível à dor? A banalização das barbáries a que temos assistido continua a provocar sulcos em nosso âmago? Temos tido o cuidado da manutenção de nossa morada íntima?

Temos vivido o jugo do ódio, da ira, do rancor e da belicosidade em seu patamar mais extremo; as pessoas têm tido a capacidade de explodirem instantaneamente, levando consigo amores, amigos, parentes e desconhecidos. Nesse diapasão, o coração tem funcionado como um detonador voraz e implacável, quando por nós impensadamente acionado.

Nossas bocas têm falado do que está cheio nossos corações. E quanta coisa má, vil, desumana e perversa tem sido reverberada, deliberadamente! Não mais ouvimos discursos de amor, de misericórdia, de paz e união. Nossos pensamentos vão de encontro ao que reza a Cartilha de Amor; eles estão permeados de cobiça pelo poder, de uma avidez intrépida pela fama, pela luxúria e pela suntuosidade.

Na condição de “Filhos da Viúva”, que legado deixaremos aos nossos, se tudo que temos lhes ensinado é como terem mais, e não como serem mais? Nossas mãos estão sujas do sangue de inocentes e desvalidos, os quais não encontram abrigo em nossos corações egoístas.

Como daremos a palavra sagrada, se nosso coração encontra-se empedernido, feito rocha intransponível, que não deixa uma pequena fresta sequer para que recebais a luz? Seremos dignos de pronunciá-la, silabicamente, se de nossas bocas só saem fel e amargor?

Persistimos na vaidade incontida de nos intitularmos Obreiros da Arte Real; todavia, a bem da verdade, temos primado mais pelas coisas materiais em detrimento das espirituais. É duro confessar, mas façamos um mea-culpa, refletindo mais sobre o que temos feito –verdadeiramente- na Sublime Ordem.

Concluiremos, atônitos, estarrecidos e profundamente perplexos, que temos estado mais preocupados com a fachada de nosso Edifício Interior – aquela que cria a persona, e busca enganar ao próximo – do que com tudo aquilo que diga respeito à essência espiritual desse edifício.

Nossos corações têm pagado o preço injusto e cruel de nossos pensamentos, palavras e ações. Pensamos no mal, diuturnamente, dando-lhe uma roupagem de permissividade; temos usado as palavras, descontroladamente, sem que façamos um filtro mínimo possível (especialmente quando enxergamos o cisco no olho alheio, e preterimos a trave em nossos olhos); por derradeiro, nossas ações têm sido mais voltadas para a superficialidade, de sorte que é preciso ter plateia para que façamos o bem. O bem praticado no anonimato, amados Irmãos, em nada tem nos importado!

Como todo dia é uma excelente oportunidade para recomeçar, que voltemos todos para a Câmara de Reflexões; que façamos o inventário moral de nossas vidas, enquanto é tempo; que nos permitamos viajar, sempre que preciso, para o nosso interior, retificando-nos, a fim de encontrarmos nossa pedra oculta.

Respeitemos nossas vidas, começando pelo uso profícuo do verbo, erguendo pontes de sabedoria, ao invés de derrubá-las com palavras vulgares. Sejamos verdadeiros transformadores sociais, operando na pacificação do meio em que vivemos. Talvez assim, com os corações um pouco mais amolecidos, façamos por merecer o título de Construtores Reais.