dezembro 04, 2023

MAÇONARIA DE ISAAC NEWTON A INTERNET


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Entrevista de Michael Winetzki no canal do YouTube Papo de Bodes. Clique no link abaixo.

https://open.spotify.com/episode/7diXZVr50xu8JwQaMFCDjs?si=sZznAgG8Rlub0axqBFFJjA

A MAÇONARIA E O FASCISMO...

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CONTEXTO HISTÓRICO

Durante a primeira metade do Século XX, a Europa passou por um momento de turbulência, com a Revolução Russa, a expansão do socialismo e a crise do capitalismo liberal, que tiveram como consequência a ascensão do nazifascismo, na Polônia, Itália, Portugal, Espanha.

A Maçonaria estava neste contexto muitas vezes envolvida em uma contradição, de um lado a oposição ao totalitarismo fascista, de outro o combate ao socialismo.

A MAÇONARIA E O FASCISMO NA ITÁLIA

“A natureza essencialmente nacionalista do fascismo não era compatível com o espírito universal da Maçonaria. Mussolini dirigiu a revolução fascista visando à construção de um “novo homem”, forte, viril e marcial, livre dos vícios do velho liberalismo cosmopolita, materialista, pacifista e humanitário.MENEZES, 2014.

A Itália sempre teve forte ligação com a Igreja Católica, ela sempre foi uma grande proprietária de terras, governante de estados que compunham o país. Hoje unificada, foi no passado uma série de reinos e seu processo de nacionalização, foi liderado em diversos momentos por vários grupos e ideologias, a Igreja pleiteou a liderança do país, os maçons também tentaram pelo Reino das Duas Sicílias com os Carbonários. Esta disputa acirrou ainda mais a oposição entre Igreja Católica e Maçonaria.

A expansão do nazifascismo na Europa, também alcançou o país, sobre o comando de um ex-socialista, Benito Mussolini, inicialmente muitos maçons apoiaram a subida ao poder do Dulce, opondo-se ao comunismo, abriram mão dos ideais de liberdade da Revolução Francesa, para apoiar totalitarismo. Maçons participavam do alto escalão do partido fascista e Mussolini aceitava livremente o ingresso deles tanto no partido, como no movimento dos Camisas Negras, entretanto com a Marcha sobre Roma ele teve que  escolher entre a Maçonaria e a Igreja Católica.  Em 12 de Janeiro de 1925 o ministro da Justiça apresentou um projeto de lei, que aprovado estabeleceu o controle das sociedades secretas e tinha por objetivo a extinção da Maçonaria na Itália.

A situação era complexa, quando Mussolini surgiu como líder socialista, sofria o combate da Maçonaria. Quando o Duce torna-se fascista haverá uma aproximação com alguns maçons, todavia ele teve que escolher entre Maçonaria e Igreja Católica. O extremo  nacionalismo do movimento fascista será usado para opor-se à Maçonaria acusada de aproximar-se de ideias identificados como francesas.

A antiga união entre Maçonaria e fascismo esteve longe de ser unanime, os Carbonários foi uma organização revolucionária, patriótica, liberal e anticlerical, que atuou na Espanha, Portugal, França e Itália, tinham forte influência maçônica, eram divididos em mestres e aprendizes. Lideraram o movimento de unificação da Itália através do Reino das Duas Sicílias. A luta carbonária contra a Igreja e pela unificação foi tão forte que levou o papa Pio IX a editar 600 documentos contra a Maçonaria. Os fascistas usaram o elemento nacionalista para o expurgo da Maçonaria do governo Italiano. A ligação com os ideias da revolução francesa foram denunciados como antipatrióticos. Os maçons foram acusados de sabotadores  do Eixo (Roma-Berlim-Tóquio) e favoráveis aos  aliados, Inglaterra e França.

Completando o caos que povoava a Maçonaria na Itália os dois grupos maçônico principais que atuavam não bastando a perseguição do regime fascista ainda tiveram a “excelente” ideia de entrarem em disputa entre si facilitando ainda mais o trabalho de seus opositores, a contendo se deu entre A Grande Loja Simbólica e O Supremo Conselho do Rito Escocês.

A MAÇONARIA E A DITADURA DE FRANCO

A Espanha foi um país que surgiu da luta de cristãos contra os mouros, islâmicos que ocupavam a Península Ibérica, este caráter de Guerra Santa estabelecido na Guerra da Reconquista, foi renovado durante o período da Reforma Protestante, portador de um catolicismo medieval, propulsora da Santa Inquisição, o catolicismo espanhol sempre teve um caráter absolutista, medieval e intolerante.

A ACÁCIA NA MAÇONARIA - Kennyo Ismail








Não vamos entrar em discussão sobre as centenas de espécies de acácia, pois esse não é o objetivo. Tendo a acácia na maçonaria um papel simbólico, a espécie de  acácia pouco nos importa. Vamos ao que interessa: 

Como sabemos, os judeus sofreram forte influência dos egípcios durante o tempo em que estiveram naquele território. Assim, muitos traços culturais, sociais e religiosos do Egito Antigo foram incorporados pelos judeus. Como exemplos, podemos citar a lenda de Anúbis, filho ilegítimo jogado no rio e posteriormente encontrado por uma rainha que o cria, e a lenda da arca do dilúvio, as quais foram recontadas pelos judeus e tiveram seus protagonistas rebatizados com nomes judaicos: Moisés e Noé.

O mesmo se deveu com a acácia, árvore sagrada dos egípcios e adotada pelos judeus. A acácia era matéria-prima para a produção de artigos sagrados no Egito, adotada pela sua alta densidade e durabilidade, não sofrendo ataque de insetos. Sua goma (conhecida popularmente como “goma arábica”) era utilizada nas cerimônias sagradas de mumificação. 

Parece que os judeus aprenderam essa lição, pois a acácia foi a madeira indicada para a construção de todos os importantes objetos sagrados, como no tabernáculo, nos altares, e na arca da aliança. O fato de seu uso estar mais concentrado no “Êxodo” e aos poucos ser substituído pelo cedro e cipreste, confirma essa teoria da influência egípcia.

Até aí tudo bem, mas de onde sairia a inspiração para relacionar a acácia com a lenda de Hiram Abiff ? Basta recorrermos a uma das principais lendas egípcias: a lenda de Osíris. Seth odiava Osíris, que era tido como sábio e poderoso, então resolveu matá-lo. 

Ele fez um belo caixão com as exatas medidas de Osíris e convidou as pessoas para um jogo: aquele que se encaixasse perfeitamente no caixão, ganharia o mesmo de presente. Logicamente, quando a vez de Osíris chegou, o caixão era perfeito, e Seth e seus cúmplices trancaram Osíris dentro do caixão e o jogaram no rio. 

Sua mulher, Ísis, o procurou por muitos dias. O caixão havia encalhado e sobre ele havia brotado uma… acácia. A acácia serviu de indicação para que Isis encontrasse o corpo de Osíris. Por essa lenda, Osíris é considerado o deus da morte e da imortalidade da alma.

Um corpo sob uma acácia e os ensinamentos sobre a morte e a imortalidade da alma soam familiar...como atribuir à acácia também o significado de segurança, clareza, inocência e pureza, como alguns autores querem, é forçar demais. 

Deixemos para a acácia sua bela missão de simbolizar a vida após a morte, assim como herdamos dos egípcios. Isso já é o bastante para um único símbolo.

ESPÍRITO SOBRE A MATÉRIA EM MAÇONARIA - Paulo Valle


Vamos analisar primeiro a forma, ou melhor, amaneira  pela  qual  o  homem  vê  a  si  mesmo perante o universo, já que a percepção que o homem  tem  de  si  mesmo,  como  de  um indivíduo  distinto  dos  demais  e  com  uma individualidade  permanente,  é  apenas  uma ilusão,  pois  isso  demonstra,  tão  somente,  a forma  exacerbada  de  valorização  do  próprio eu, o egoísmo, a falibilidade, a maneira pela qual o homem apenas vê, enxerga, o universo através  de  um  prisma  e  de  uma  ótica deturpada. 

A bem da verdade, o que entendemos como nosso  “eu”  é  na  realidade  um  conjunto  de circunstâncias  e  de  agregados  temporários que,  na  nossa  ignorância,  tomamos  por  um todo  único  e  são  estes  componentes, conhecidos  tecnicamente  no  Budismo  como “skandas”,  e  estes  cinco  são,  o  corpo,  os sentimentos,  as  percepções,  os  impulsos  e emoções e finalmente os atos de consciência. 

A  combinação  destes  cinco  fatores  ou skandas, se dão através das leis de causa e efeito  e  eles  ocorrem  não  só  no  mundo material,  ou  seja,  no  indivíduo,  portanto,  em sua  essência,  não  correspondem  a  uma entidade isolada, eterna, mas pode-se falar de uma  consciência  individual  e  sem  uma  base física, como a entendemos, já que é o sujeito da lei de causa e efeito e, este sim, eterno. Quando  eu  consultei  o  livro  intitulado  O Monge Filosófico, escrito por Mathieu Ricard, nota-se que ele se refere a esta consciência individual  como  um  “fluxo  de  consciência independente  do  corpo,  portanto  fora  da matéria. 

Portanto a este fluxo de consciência, como resultado de suas ações se agregam os cinco “skandas”, resultando no ser, material ou espiritual  e  aí  Mathieu  fala  que  a  libertação espiritual é descrita como a purificação deste fluxo,  até  o  ponto  de  sua  pureza  máxima, sendo que a combinação dos fatores acima se dá através das leis de causa e efeito e eles ocorrem  não  só  no  mundo  material,  como também nos mundos espirituais. Achei incrível isto, porque eu entendi que não precisa do homem em si para haver o pensamento, pois ele  existe  até  no  mundo  espiritual.  

O  corpo sutil,  espiritual,  também  é  temporário  e,  do mesmo modo que o corpo físico, ele é também um elemento sujeito as vicissitudes da lei de causa  e  efeito,  porém,  o  ser  que  atinge  a iluminação  no  Budismo  por  exemplo,  pelo menos no Tibetano, não deixa de existir, mas sua existência não está mais sujeita ao ciclo de reencarnações ou presa as leis de causa e efeito,  pois  ela  está  completamente  livre  de todos os fatores que o prendem a um corpo perecível, seja nos mundos materiais, seja nos mundos sutis, portanto os preceitos filosóficos do Budismo reconhecem diferentes níveis de existência e ele goza de uma paz absoluta e da  compreensão  total  deste  mundo,  e  comisso, que fique claro, que o homem morre, mas a sua alma não, a sua “consciência” continua a existir,  consciente  de  si  mesma,  mas  sem  a ilusão de que é algo independente de todas as outras consciências ou do Universo. 

O espírito junta-se então ao próprio espírito do Buda quando ele atinge a iluminação total e essa  substância  chamada  espírito  sutil,  sem começo nem fim, independente do corpo e do cérebro, é sem dúvida a verdadeira causa da consciência, portanto esse espírito sutil que se manifesta,  finalmente  livre  de  todo  apego, eliminou  totalmente  os  obstáculos  que  se opunham à visão da última natureza de toda a existência. 

Nesta minha análise como falei antes, nós nos despimos de todos os preceitos e preconceitos judaico-cristão e com isso, não vamos analisara relação do corpo fluídico e corpo material à luz  do  que  entende  a  Bíblia  e  os  Livros Judaicos.  Afinal  de  contas  a  maçonaria, apenas no ocidente e nos países que segue mas  doutrinas  judaico-cristã  utilizam  a  Bíblia como parâmetro de verdade absoluta. Eu pelo menos vou limitar esta conversa dos nossos estudos sobre a prevalência do espírito sobre matéria apenas ao que diz e entende a sociedade  judaico-cristã,  sim,  mas  com  isso também estou limitando o conhecimento do ser absoluto.  

E  neste  caso  nós  estaríamos retrocedendo,  retornaríamos  ao  mais  negro período  do  conhecimento  humano,  quando tudo se via limitado pela instituição da Igreja Apostólica  Romana  como  detentora  do conhecimento  e  da  verdade  católica,  já  que naquela época o espírito estava submetido amais dura das ditaduras, aquela que impedia, inclusive,  o  próprio  espírito  de  pensar,  pois para  a  igreja,  tudo  já  estava  devidamente pensado,  os  seus  seguidores  tinham  apenas que seguir o que lhe ditavam como verdade, qual seja, eram repontados. 

Este  nome,  maçonaria  provém  do  francês “maçonnerie”,  que  na  sua  gênese,  significa construção  e  esta  construção  é  feita  pelos maçons  nas  suas  Lojas  (Lodges),  porém alguns  autores  dizem  que  a  palavra  é  mais antiga ainda e teria origem na expressão cota “Phree   Messen”   (Franco-maçom),   cujo significado  é  “filhos  da  luz”  e  daí,  o antagonismo entre o pensar maçônico e a dura tirania medieval onde na Idade Média haviam dois  tipos  de  pedreiros,  o  Rouch  Masson (pedreiro  bruto)  que  trabalhava  com  a  pedra sem  lhe  extrair  forma  ou  polimento  e  o “Freemason”  (pedreiro  livre)  que  detinha  o segredo  de  polir  a  pedra  bruta,  mas  isto  é  o que se pode encontrar da origem do nome da nossa instituição maçônica, entretanto a nós já nos basta o que somos, e não precisamos nos sujeita  a  interpretações  de  historiadores, muitas vezes contraditórias. 

Agora  eu  vou  falar  um  pouquinho  de meditação,  mas  alguns  autores  definem meditação  da  seguinte  maneira:  um  estado que  é  vivenciado  quando  a  mente  se  torna vazia e sem pensamentos; prática de focar amente  em  um  único  objeto  (por  exemplo:  em uma  estátua  religiosa,  na  própria  respiração, em  um  mantra);  uma  abertura  mental  para  o Divino,  invocando  a  orientação  de  um  poder mais alto. 

Somos contrários a qualquer tipo de definição, principalmente,  com  relação  a  “meditação”, porém uma coisa é mais do que certa, o que chamamos  de  mantra,  nada  mais  é  do  que ligar  a  mente  repetidamente  num  único pensamento  repetindo-o  por  infinitas  vezes, ainda  que  seja  apenas  assim:  1,  2,  3,  desde que dita centenas até milhares de vezes, a isto se  chama  mantra,  porque  tira  do  cérebro outros  pensamentos  indesejados,  já  que  a concentração  é  só  nesse  som,  123,123,123. Isso é meditar, e meditar é aliviar ou trocar os pensamentos indesejados pelos desejados. 

O  mestre  Régis  Jolivert  ensina  que,  definir significa delimitar e por se tratar a meditação um  ato  soberano  do  espírito,  tentar  defini-lo significaria,  buscar  limitá-lo,  o  que  seria impossível. Erro crasso é limitar a meditação a um estágio em que a mente se encontra vazia e  sem  pensamentos.  Vazia,  significa  sem qualquer  conteúdo.  

Como  poder-se-ia  dizer mente vazia quando a meditação consiste em abstrair os conceitos de espaço tempo. 

Assim, a meditação na maçonaria consiste na abstração de conceitos pré-estabelecidos a fim de atingirmos a plenitude da liberdade, da igualdade e da fraternidade, pois e só assim, é que  se  atinge  a  plenitude  do  eu  maçônico,  a plenitude do conhecimento, então aqui nos fica bem  claro  que  não  devemos  aceitar  como determinação o ato de ser liberto, ser igual e ser fraterno, precisamos entender o porquê de precisarmos  ser  assim. 

Meditar  sempre  até atingir  conhecimento  pleno  até  chegar  no  eu maçônico.

 

Adaptado por um “Filho da Viúva”

dezembro 03, 2023

GNOSE - José Stamato


Gnose – saber por excelência; ciência superior às crenças vulgares; conhecimento.

Gnóstico – seguidor do gnosticismo.

Gnosticismo – sistema teológico e filosófico que se atribui um conhecimento sublime da natureza e dos atributos divinos.

Agnóstico – relativo ao agnosticismo.

Agnosticismo – do grego “a”, sem; e “gnosis”, conhecimento; doutrina que declara o absoluto inacessível ao espírito humano e professa uma completa ignorância relativamente ao princípio e à essência de todos os fenómenos físicos e morais.

Hoje, os termos gnóstico ou agnóstico não são de uso comum, não fazem parte de nossa linguagem quotidiana. 

Normalmente os termos de pouco uso tem o risco de terem seu conceito deformado e desviado do seu real significado, sendo deturpado e mal compreendido com o passar do tempo, principalmente quando seu significado envolve conceitos que possam sustentar opiniões divergentes dos diversos interesses particulares de estruturas sociais ou filosóficas instituídas.

Observamos no dia-a-dia o uso de termos cujo conceito desconhecemos; repetimos e damos o crédito supondo que quem o utilizou nos deu uma base suficiente. 

Porém isso não é o bastante, pode ser enganoso e prejudicial, pois, podemos abraçar um conceito insuficiente e por vezes desvirtuado de seu sentido original. 

Mesmo nos dicionários verificamos mudanças que levam a uma má interpretação de seu sentido original pela ação do tempo e o famoso “uso e costumes”.

Temos ouvido falar em agnóstico como antónimo de gnóstico. 

Literalmente, agnóstico, significa um desconhecedor ou ignorante, mas, em sentido figurativo descreve uma pessoa sem fé religiosa, que não obstante se ressente de ser chamada de ateísta.

Gnostikoi em grego indica aqueles que possuem a gnose ou o conhecimento. 

O gnóstico é o conhecedor e não o seguidor de alguém que pode ser um conhecedor.

Em suas origens, os gnósticos viveram durante os 3 e 4 primeiros séculos da era cristã. 

O gnosticismo tornou-se um sistema definido de pensamento com sua origem num passado remoto, acumulando ao longo do tempo conhecimento das mais diversas fontes se fundindo em um sistema único. 

Esse sincretismo (3) vem do antigo Egito e com maior força da Pérsia (hoje Irão) como da Babilónia.

Eram ávidos escritores deixando vários textos em sua época, porém, dado suas ideias avançadas (como livre pensadores) e como não se submetiam a dogmas temporais, não eram estimados, pois ameaçavam, ou melhor, suas ideias incomodavam e punham em risco as instituições existentes, o que causou uma incansável perseguição e destruição de sua literatura (gnóstica), pelos queimadores de livros e caçadores de hereges da Igreja.

Não se intitularam gnósticos, mas assim foram denominados por não serem cristãos, nem judeus ou seguidores de tradições de antigos cultos, mas pessoas que compartilhavam entre si certas atitudes perante a vida, consistindo isso na convicção de que o conhecimento direto, pessoal e absoluto das verdades autênticas da existência é acessível aos seres humanos e que a obtenção de tal conhecimento deve sempre constituir a suprema realização da vida humana. 

Clement de Alexandria (150 / 220 A.D., data imprecisa) designa gnose como “o conhecimento de quem somos, o que nos tornamos, onde estamos, em que lugar fomos colocados; onde fomos precipitados, onde somos redimidos; que é nascimento, que é renascimento”. 

É uma espécie imediata de conhecimento que penetra na consciência como um lampejo sem esforço do raciocínio, uma iluminação da consciência. 

Essa aquisição de conhecimento, essa revelação intuitiva pode ser possibilitada pela realização de rituais e cerimónias.

A liberdade de pensamento na sua mais abrangente conceituação leva à psicologia profunda que nos direciona a uma transformação e visão interior capazes de nos conduzir a um conhecimento pessoal que prescinde tanto da Lei como da Fé.

A religião, a ciência, a filosofia, a arte, a literatura, a política, representam apenas abordagens parciais do grande mistério da Alma e do Homem. 

Cada qual apresenta uma faceta própria, mas sempre fragmentada do Todo. 

Todas essas abordagens buscam um equilíbrio e uma melhora na qualidade de vida e de bem-estar, e procuram de uma maneira dividida, isolada, buscar a harmonia num momento exterior a si mesmo, deixando de perceber que a única realidade é interior, que se encontra no âmago mais profundo de nossa psique.

A suprema realidade está além do alcance conceptual. 

A psicologia moderna nos mostra que a gnose se encontra na experiência vital da transformação psíquica pessoal. 

A prática ritualística (como exemplo, nossos rituais) pode induzir transformações, mas não pode ser confundida com fórmulas de sabedoria, pois cairia num terreno dogmático e nebuloso.

A experiência é sempre pessoal, e nunca conseguiremos expressa-la ou interpreta-la adequadamente, tentando organiza-la desta ou daquela forma direcionando apenas à razão, uma vez que toda conceituação tentada aponta apenas semelhanças na experiência.



O POR DO SOL - Sonia Cano

Faleceu no dia de ontem, aos 84 anos, a professora, poetisa e escritora, que participava do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e era minha confreira na Academia Sorocabana de Letras. Deixa além de muitas boas lembranças uma excelente obra em prosa e versos, da qual destacamos, em sua homenagem, o trecho abaixo. Michael Winetzki



Faz mais ou menos dois anos que estou morando num apartamento. A vida nos obriga a tantas reviravoltas, que acabamos nos acostumando a tudo.

A princípio, pensei que não me acostumaria fechada em quatro paredes, 'engaiolada', como disse um dia meu marido. Mas, aqui estamos e, para bem da verdade, acabei adorando nosso pequeno cantinho.

Já escrevi sobre minha casa. Grande, corredor largo, sala enorme, quartos imensos... Pra quê?

Só para juntar velharias, acumular 'coisas' sem nenhuma importância, talvez para ocupar espaços que estão sobrando.

Quando vejo os cristais, ainda intactos, perfeitos, e que foram presentes de casamento de meus avós, (ainda os conservo com carinho), penso que, na realidade, não deveriam importar para mim. Afinal, meus avós é que importavam. Sua presença amiga, seus conselhos, que na ocasião, via com desdém, seu sorriso, sua sabedoria, seu amor imenso e profundo como o mar. Os cristais, ora os cristais! Na sua fragilidade, permaneceram. As pessoas, não. Que ironia! Foram-se, como nuvens que passam. Deixaram, no entanto, uma mensagem forte, que não se diluiu com a ausência, nem se perdeu com o passar dos anos. E uma doce, suave e enorme saudade.

Mas... voltando ao apartamento, outro dia, descobri uma coisa maravilhosa. Estava eu preocupada com uma reunião importante que aconteceria naquele dia quando, ao olhar pela janela da cozinha (eram umas seis horas da manhã), vi o espetáculo maravilhoso do amanhecer. Momento inesquecível!

O sol, ainda menino, deixava-se descobrir no horizonte, tímido, róseo, para alguns minutos, após, aparecer redondo, belo, imponente e dourado como um rei, anunciando que o dia chegava, claro e belo, tal qual a esperança e a certeza de que tudo estaria bem e que Deus, em seu imenso AMOR, me respondia a questões e esclarecia as dúvidas.

Lembrei-me, então, que todas as tardes; quando o céu está limpo, se quiser sentar-me em minha cadeira de balanço diante da janela da sala, tenho o espetáculo maravilhoso do entardecer ao meu dispor.

O sol se põe para mim, extasiando-me com a beleza desses momentos que são quase eternos. Saint Éxupery, através de seu Pequeno Príncipe, nos diz: 'Assim eu comecei a compreender, pouco a pouco, meu pequeno principezinho, a tua vidinha melancólica. Muito tempo não tivesse outra distração que a doçura do pôr-do-sol. Aprendi esse novo detalhe quando me disseste, na manhã do quarto dia:

- Gosto muito de pôr-do-sol. Vamos ver um...

- Mas é preciso esperar...

- Esperar o quê?

- Esperar que o sol se ponha.

Tu fizeste um ar de surpresa e, logo depois, riste de ti mesmo. Disseste-me:

- Eu imagino sempre estar em casa!

... no teu pequeno planeta, bastava apenas recuar um pouco a cadeira. E contemplavas o crepúsculo todas as vezes que desejavas...

- Um dia, eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!

E um pouco mais tarde acrescentasse:

- Quando a gente está triste demais, gosta do pôr de sol...

- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?'

Pois é. De repente, descubro que posso assistir num mesmo dia à alvorada e ao pôr de sol. Descobri, também, que o apartamento, se eu quiser, pode se transformar em meu pequeno mundo, como o planeta do Pequeno Príncipe.

Afinal, considero-me privilegiada. Deus não me deixa nunca sem respostas. Está sempre a me tratar com carinho de Pai. E suas respostas estão aqui. Ao meu lado para que O sinta bem pertinho de mim.

Mesmo nesta época de tantas controvérsias, de tão avançada tecnologia e tanto progresso, em que a humanidade se vê esmagada por incompreensões, lutas de classes, violências desnecessárias, sequestros, ganâncias desmedidas, apego ao dinheiro e ao poder, sufocada por suspeitas e ameaças de 'vazamentos de substâncias químicas', ainda não se pode parar para assistir a um espetáculo grandioso e gratuito como a aurora e o crepúsculo

NÃO ENGANA - Adilson Zotovici

 


É necessário cautela

Com essa onda insana

Que algum tempo flagela

Douta Ordem soberana


A tão pedante procela

Feito invasão profana

Mil pins, brasão na lapela

Com desplante se engalana


Quem não viu tal Luz singela

Com intenção leviana

D’Arte Real ter tutela


Mas não induz, não engana

Pois o _artesão se revela_

_Pela sua Luz que emana_ !



dezembro 02, 2023

A VAIDADE - Almir Sant’Anna Cruz


Muito se fala que devemos reprovar a Vaidade, confundindo-a geralmente com um dos 7 Pecados Capitais, a Soberba, que é o Orgulho, a Arrogância e a Vaidade desmedidas.

A Vaidade em excesso devemos, sim, combater, mas quem não tem “um pingo de Vaidade” é um relapso, uma pessoa que não cuida da sua aparência, que não se valoriza.

Todos nós, em maior ou menor escala, somos Vaidosos, e a mulher comumente é mais que o homem. E apreciamos isso nelas.

Muitos casamentos são desfeitos justamente por uma mudança de comportamento, seja da mulher ou do homem, que durante a fase de namoro e noivado procuravam se mostrar de uma forma, e passados alguns anos de convívio deixaram de lado a Vaidade.

E nós, os Maçons? Não somos Vaidosos?

Alguns ingressam nos nossos Quadros com o único intuito de poderem se vangloriar de serem “Maçons”, como se isso acrescentasse algo ao seu status e não percebem que continuam sendo meros “Profanos de Avental”.

Outros, para demonstrar uma erudição, real ou imaginária, por mera Vaidade, se apresentam em Loja para fazerem longos discursos, enfadonhos e muitas vezes sem qualquer conteúdo.

E parece que a Maçonaria, sem se aperceber, estimula essa Vaidade desmedia, com diplomas disso, medalhas e comendas daquilo, aventais coloridos diferenciando os Mestres, seja por seu Grau ou por ocuparem cargos em sua Alta Administração.

E os chamados Graus Filosóficos, cursados por muitos que mal conhecem os Graus Simbólicos, criam inúmeros “pavões vaidosos”, com seus títulos pomposos, com uma infinidade de Graus que nem são iniciáticos, que se recebem por comunicação, mas com uma profusão de diplomas e aventais coloridos para afinal os Vaidosos poderem estufar o peito e dizer “sou 33”.

Portanto, meus IIrm.’. devemos nos policiar. Todos somos Vaidosos, mas o que não devemos é extrapolar, a Vaidade Desmedida deve ser combatida diuturnamente dentro de cada um de nós.

QUE VINDES AQUI FAZER? - José Prudêncio

 

QUE VINDES AQUI FAZER?

Existe uma resposta ritualística para esta pergunta.

Com facilidade, qualquer maçom a recita de cor, comprovando que está a par dos conhecimentos básicos para se fazer reconhecer.

A pergunta, porém, contém uma significação mais profunda, específica, que podemos analisar antes de adotarmos a resposta como real e sincera.

VENCER AS PAIXÕES

Ao declarar que deseja vencer suas paixões, o maçom está assumindo o compromisso de descobrir quais são aquelas que assolam o seu espírito e, mais ainda, como pretende removê-las ou substituí-las.

Para isso, ele deve ter plena consciência do que é, como está procedendo no seu meio e o que faz por si, pelos irmãos e pela humanidade.

Conhecer-se intimamente é o primeiro passo para derrotar os impulsos menos nobres e fazê-lo transformarem-se em movimento na direção do bem. 

Também é preciso identificar, com muita exatidão, o que são paixões, como se manifestam e do que provém, para que o processo de eliminação não se limite a remover os seus efeitos, e sim, destrua-lhes as causas. 

De fato, não projetar um ódio sobre o objeto desse sentimento evita que ele produza efeitos externos e, assim, contribui para um relacionamento mais harmonioso com as pessoas.

Mas essa atitude não remove o ódio em si mesmo, deixando-o lá, latente, pronto a eclodir a qualquer momento ou a inspirar posturas e ações não condizentes com o aperfeiçoamento que buscamos.

Tal como Teseu, que se internou no labirinto para aniquilar a besta - o Minotauro - também nós temos que percorrer esses caminhos escuros e sombrios do nosso espírito, para de lá extrair as bestas que devemos combater - nossos vícios - ou seja, nossos defeitos de caráter, a fim de vencida a porfia, de lá podermos assomar mais fortes, mais limpos, mais aptos para o trabalho social a que nos propomos.

Então, para declarar que vencemos uma paixão identificada, é necessário que tenhamos a certeza de que ela não mais existe e, se não se manifesta, não é por ter sido amordaçada, e sim, porque deixou de compor o nosso eu interior, definitivamente. Esse é o primeiro passo.

SUBMETER A VONTADE

A vontade é a capacidade que os seres vivos animados têm de determinarem o seu procedimento de acordo com o que lhe dita à consciência ou o instinto. 

Nossa vontade humana pode ser controlada pela inteligência, que escolhe os recursos de que disporá para manifestar-se. 

Assim, à luz dos costumes e leis, somos obrigados a restringir a manifestação da nossa vontade àquilo que pode ser feito ou representado, sem ofensa à lei ou aos bons costumes.

Isso, no entanto, não impede que, às vezes, procedamos em desacordo com essas leis e costumes, para satisfazer uma necessidade ou desejo. 

Esta violação das normas e usos vigentes representa um emprego volitivo das nossas capacidades sem o controle adequado da nossa consciência e da nossa mente, representando a fuga do ser de dentro dos limites impostos pelo contexto social.

É por isso que, na Maçonaria, exercitamos a nossa capacidade de fazer a nossa vontade ficar contida dentro dos limites dos nossos landmarks, leis usos e costumes, que são suficientes para assegurar que seremos pessoas capazes de viver dignamente em qualquer contexto legal. 

Esse domínio sobre o exercício da vontade depende de intenso treinamento ininterrupto e diuturno, pois sempre há alguma dessas manifestações de indisciplina intelectual e mental pronta para aparecer e nos vencer.

No labirinto, Teseu guiou-se pelo fio que Ariadne lhe deu e que ficou segurando, à saída, para que o herói pudesse achar o caminho de volta.

É esse fio que representa a submissão da vontade a um traçado pré-concebido e pré-existente: as leis os costumes e os usos da sociedade a que pertencemos. 

Enquanto não pudermos seguir esse fio dourado, não teremos dominado a nossa vontade, para que nos leve ao aperfeiçoamento que almejamos.

FAZER PROGRESSOS NA MAÇONARIA

Esta típica expressão maçônica nos mostra que somos maçons para aumentarmos nossos conhecimentos da Arte Real continuadamente, sem interrupção por qualquer motivo.

Se frequentamos regularmente a nossa loja, fazemo-lo para continuar esse progresso, através do convívio, da reflexão no silêncio e na meditação impostas pela austeridade ambiental e da atividade intelectiva provocada pelas ações que ali se desenrolam.

Cada sessão é uma aula sui generis específica, cujo conteúdo tem significado diferente para cada um dos irmãos.

As lições lá aprendidas e exercitadas devem se tornar nosso patrimônio intelectual e emocional exclusivo, formador da nossa personalidade maçônica e garante do aprendizado que se segue.

Nada substitui, em eficiência, no nosso método de aprendizado, o convívio dos diferentes, com a troca benfazeja e enriquecedora das experiências e opiniões de cada um com todos os outros.

Acumulando essas ricas experiências em loja, certamente seremos melhores como cidadãos e como integrantes da Maçonaria e estaremos em condições de propagar essa cultura multicentenária para os nossos pósteros.

Fica deste modo, respondida a pergunta em epígrafe.

Tomara que possamos ao respondê-la em alto e bom tom, quando inquiridos, ter consciência do grande significado que oculta, aos não iniciados, as verdades dos nossos trabalhos maçônicos. 

Que todos possamos refletir sobre ela e criarmos, nós próprios, as nossas respostas, de modo a que sejamos, todos, construtores de um mundo melhor.

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POSTURA - Newton Agrella


O exercício da genuflexão, ou seja, ajoelhar-se, em determinadas ocasiões e conforme preceitos ritualísticos maçônicos, é antes de mais nada um ato de "Consciência Moral", que exprime o juramento ou compromisso que o Iniciado assume perante a Sublime Ordem.

Cabe registrar que do ponto de vista histórico a genuflexão é um hábito trazido desde a Idade Média, em que a Igreja era protetora das Guildas ou Corporações de Ofício, que se constituíram na base do surgimento da Maçonaria Operativa.  

Mesmo após o advento da chamada Maçonaria Especulativa, este ato continuou sendo empreendido em razão do próprio aspecto tradicionalista e consuetudinário da Ordem.

Ainda sob a influência histórica absorvida pela Maçonaria, é relevante ressaltar que na civilização Latina, os romanos ajoelhavam-se como sinal de respeito, quando se deparavam com uma pessoa que simbolizasse a autoridade e o poder. Algo que poderia ser traduzido como uma espécie de saudação solene. 

A genuflexão na Maçonaria - mais do que qualquer associação ao divinal,  à adoração ou veneração - traz consigo o "simbolismo" do respeito, que o Obreiro deve para com os princípios filosóficos de uma instituição que não impõe dogmas aos seus adeptos, mas sim, os encorajam e os incentivam  a explorar a liberdade de pensar sem vínculos proselitistas doutrinários.

Na Maçonaria, ajoelhar-se, curvar-se ou inclinar-se são procedimentos simbólicos e ritualísticos que denotam a  predisposição do homem em trabalhar seu templo interior, utilizando-se das ferramentas disponibilizadas para seu aprimoramento físico, espiritual, anímico e intelectual.

É claro, que o fato da maioria dos ritos maçônicos dedicar os trabalhos realizados no Templo a um Princípio Criador e Incriado do Universo, traduz um significado de inteligência e bom senso, posto que o referido trabalho obedece a um critério de referência , que explica a nossa fonte de origem e existência. 

Porém, nada que se possa confundir Maçonaria com qualquer segmento religioso, credo ou crendice. 

Nunca é demais lembrar que do ponto de vista dialético na Maçonaria o protagonismo é a Consciência e na Religião o protagonismo é a Fé.

Que possamos continuar desenvolvendo a arte de debater e pensar em estreita relação com a retórica e sob o poder da argumentação fundamentar os postulados maçônicos no intelecto e na razão.



dezembro 01, 2023

PALESTRA DE MICHAEL WINETZKI

 


ESPERANTO - UMA LÍNGUA DE LABORATÓRIO - Newton Agrella


A narrativa e o aspecto histórico-lendário dão conta que a Torre de Babel - nome provavelmente derivado da língua acadiana BĀB-ILIM na Mesopotâmia - cujo significado é "Portão de Deus" - teria sido uma vã tentativa das pessoas à época, desejarem atingir o céu de maneira intrépida e ousada.

Porém, como em tese, falavam uma única língua, Deus preocupado  com o fato destas pessoas terem blasfemado erigindo uma torre com o intuito de evitar-se um segundo dilúvio -  ocupou-se de criar uma multiplicidade de línguas, de sorte que as pessoas ficassem incapazes de se entenderem entre si. 

Assim os humanos foram divididos em distintos grupos linguísticos, interrompendo a empreitada da construção da referida torre.

É claro que há, todo um simbolismo em torno desta lenda, cujo pano de fundo é o de fomentar a contínua busca pelo entendimento mútuo entre as pessoas - tornando a vida, um processo de  provas e experiências pela edificação de um templo interior baseado no exercício das virtudes, da compreensão, da capacidade de ceder e de compartilhar fraternamente a convivência humana.

A própria Bíblia em Gênesis 11:1-9 traz referência sobre este fenômeno.

No judaísmo há também uma explicação que se refere à construção da Torre como um "ato arrogante" de desafio a Deus.

Fato é, que inúmeras suposições são feitas a respeito da famigerada Torre de Babel.

Ironicamente, contudo, na contramão do preâmbulo feito acima, em Julho de 1887, ao final do século 19 - o estudante de medicina polonês, Ludwik Leijzer Zamenhof, um apaixonado estudioso de línguas, que vivia em Bialystok, na época Império Russo, constatando que naquela região viviam comunidades que falavam diversas línguas, o que tornava a comunicação no dia a dia algo bastante complicado - motivou-se a criar uma língua neutra, o Esperanto.

Isto é, elaborar uma língua artificial, aglutinante, sem flexões de gêneros gramaticais, sem conjugação de verbos variáveis por pessoa ou número, cujo propósito era o de torná-la um língua sintética e universal, que visasse de forma pragmática, o entendimento comum entre todos os povos.

Contudo, o vocabulário do Esperanto é primordialmente composto de línguas românicas, ou seja, línguas neolatinas, com algumas poucas inserções e contribuições de línguas germânicas e eslavas, sejam nos contextos morfológicos, fonéticos ou semânticos.

O sistema de escrita do Esperanto é o Alfabeto Latino.

Em razão da supremacia e imperialismo linguístico  herdado do Latim e de suas línguas descendentes em detrimento dos demais grupos linguísticos - o Esperanto jamais prosperou da maneira que seu idealizador pretendia, a de torná-la um língua de entendimento universal.

Como uma língua artificial e planejada, a mesma não conseguiu impor uma "cultura de identidade", isto é, uma língua sem literatura e sobretudo, "sem falantes nativos".

Por estas eloquentes razões, ainda que se encontrem alguns grupos de "esperantófonos" que buscam praticar e se comunicar nesta língua - , seu emprego e praticidade são irrisórios, podendo ser considerado apenas um hobby o seu estudo, especialmente quando se sabe que cerca de 7000 línguas naturais são faladas no planeta e pelo menos uma língua desaparece em média a cada ano.

Nunca é demais lembrar que uma língua é uma entidade viva, que carrega consigo propriedades legítimas e naturalmente humanas, capazes de transmitir todas as sensações, sentimentos, pensamentos e emoções e não pode ser substituída por um mecanismo artificial.

A vida não se terceiriza.



JEAN THEOPHILE DESAGULIERS - Alfério Di Giaimo Neto


A fundação da Grande Loja de Londres e Westminster, dita “Especulativa” deve-se, no papel principal, a dois homens: um escocês e um francês. O escocês era o reverendo James Anderson. O francês, uma figura mais importante, chama-se Jean Theóphile Desaguliers, era filho de Jean Desaguliers, Pastor de uma congregação protestante francesa, situada perto de Rochele.

Na França, quando o líder protestante Enrique de Navarra se converteu ao catolicismo romano, passou a ser o Rei Enrique IV, outorgando tolerância religiosa aos partidários protestantes da maior parte da França. Mas, no reinado de seu neto, Luiz XIV, os protestantes perderam gradualmente seus direitos. Todos perderam o direito de emigrar sem a autorização do rei. Aos Pastores Protestantes era permitido emigrar, porém não era permitido levar os filhos. Esses ficariam na França e seriam educados como católicos.

Desse modo, o casal Desaguliers tinha permissão de sair, mas não podiam levar o menino de dois anos, Jeam Theóphile Desaguliers. Resolveram levá-lo no contrabando, colocando-o num tonel cheio de roupas. A criança estava dormindo entre as roupas e assim a família passou na fileira de soldados, no porto. A família viveu alguns anos em Guernsey e depois se mudaram para Londres, Jean, o pai, foi ordenado na Igreja da Inglaterra e passou a ser ministro de uma congregação de refugiados franceses protestantes, em Piccadilly.

Jean Theóphile tinha 16 anos quando seu pai faleceu, em 1699. Ingressou, posteriormente, no Corpus Christi College de Oxford, estudando teologia, mas também era muito interessado em projetos científicos.

Em 1702 a Inglaterra e Países Baixos, entram em guerra com a França de Luiz XIV, que queria se apoderar do trono da Espanha, para seu neto. Nessa época Jean Theophile, concentrava-se pouco na Teologia e, desejando incorporar-se à luta contra Luiz XIV, dedicou-se aos conhecimentos científicos, desenhando um tipo de arma para ser utilizada no sitio de cidades. E enviou seu projeto para a Oficina de Guerra, em Londres.

Os entendidos em armas ficaram impressionados e ela foi utilizada contra os forte de Flanders, com sucesso.

Dava conferências sobre Filosofia Experimental em Oxford e, próximo aos trinta anos de idade, se casou e adquiriu uma casa em Londres. Continuou dando suas conferências, acrescentado agora, conferências sobre as teorias de Isaac Newton, de quem era amigo. Em 1714 foi admitido como membro da Royal Society. Em 1717 deu uma conferência ao Rei Jorge I, em Hampton Court.

É provável que a razão em se interessar pela Maçonaria, tenha sido, pela convicção dele, de que esta representava o caminho mais adequado para que a religião se convertesse em um “Deísmo” tolerante , que era o que ele acreditava e queria. Além do mais, acreditava que, com a revolução de 1688 e ascensão da Casa de Hanover no seu país de adoção, este seria dirigido por uma grande aristocracia. Se pudesse persuadir os membros da nobreza em se tornarem maçons, a Maçonaria floresceria como uma sociedade de “deístas”, livre de perseguição e ataques.

Não foi difícil convencer muitos de seus amigos da aristocracia inglesa para entrarem para a Maçonaria, uma instituição que respeitava as tradições da aristocracia e da classe dirigente. Um pouco diferente do que fizera a Igreja católica, durante séculos.

Seria uma organização em que todos os membros seriam “irmãos” e a diferenciação estaria no mérito de cada um e oferecia um atrativo a muitos aristocratas ingleses, famosos em toda a Europa pela sua disposição em confraternizar com os de classe social inferiores. Gostava da ideia de pertencer à uma sociedade que tinha longa história, que aceitava a Casa de Hanover e a sucessão protestante, mas que evitava as polêmicas religiosas e políticas e que organizava reuniões, nas quais os partidários de religiões em conflito, podiam encontra-se como amigos pessoais.