Vamos analisar primeiro a forma, ou melhor, amaneira pela qual o homem vê a si mesmo perante o universo, já que a percepção que o homem tem de si mesmo, como de um indivíduo distinto dos demais e com uma individualidade permanente, é apenas uma ilusão, pois isso demonstra, tão somente, a forma exacerbada de valorização do próprio eu, o egoísmo, a falibilidade, a maneira pela qual o homem apenas vê, enxerga, o universo através de um prisma e de uma ótica deturpada.
A bem da verdade, o que entendemos como nosso “eu” é na realidade um conjunto de circunstâncias e de agregados temporários que, na nossa ignorância, tomamos por um todo único e são estes componentes, conhecidos tecnicamente no Budismo como “skandas”, e estes cinco são, o corpo, os sentimentos, as percepções, os impulsos e emoções e finalmente os atos de consciência.
A combinação destes cinco fatores ou skandas, se dão através das leis de causa e efeito e eles ocorrem não só no mundo material, ou seja, no indivíduo, portanto, em sua essência, não correspondem a uma entidade isolada, eterna, mas pode-se falar de uma consciência individual e sem uma base física, como a entendemos, já que é o sujeito da lei de causa e efeito e, este sim, eterno. Quando eu consultei o livro intitulado O Monge Filosófico, escrito por Mathieu Ricard, nota-se que ele se refere a esta consciência individual como um “fluxo de consciência independente do corpo, portanto fora da matéria.
Portanto a este fluxo de consciência, como resultado de suas ações se agregam os cinco “skandas”, resultando no ser, material ou espiritual e aí Mathieu fala que a libertação espiritual é descrita como a purificação deste fluxo, até o ponto de sua pureza máxima, sendo que a combinação dos fatores acima se dá através das leis de causa e efeito e eles ocorrem não só no mundo material, como também nos mundos espirituais. Achei incrível isto, porque eu entendi que não precisa do homem em si para haver o pensamento, pois ele existe até no mundo espiritual.
O corpo sutil, espiritual, também é temporário e, do mesmo modo que o corpo físico, ele é também um elemento sujeito as vicissitudes da lei de causa e efeito, porém, o ser que atinge a iluminação no Budismo por exemplo, pelo menos no Tibetano, não deixa de existir, mas sua existência não está mais sujeita ao ciclo de reencarnações ou presa as leis de causa e efeito, pois ela está completamente livre de todos os fatores que o prendem a um corpo perecível, seja nos mundos materiais, seja nos mundos sutis, portanto os preceitos filosóficos do Budismo reconhecem diferentes níveis de existência e ele goza de uma paz absoluta e da compreensão total deste mundo, e comisso, que fique claro, que o homem morre, mas a sua alma não, a sua “consciência” continua a existir, consciente de si mesma, mas sem a ilusão de que é algo independente de todas as outras consciências ou do Universo.
O espírito junta-se então ao próprio espírito do Buda quando ele atinge a iluminação total e essa substância chamada espírito sutil, sem começo nem fim, independente do corpo e do cérebro, é sem dúvida a verdadeira causa da consciência, portanto esse espírito sutil que se manifesta, finalmente livre de todo apego, eliminou totalmente os obstáculos que se opunham à visão da última natureza de toda a existência.
Nesta minha análise como falei antes, nós nos despimos de todos os preceitos e preconceitos judaico-cristão e com isso, não vamos analisara relação do corpo fluídico e corpo material à luz do que entende a Bíblia e os Livros Judaicos. Afinal de contas a maçonaria, apenas no ocidente e nos países que segue mas doutrinas judaico-cristã utilizam a Bíblia como parâmetro de verdade absoluta. Eu pelo menos vou limitar esta conversa dos nossos estudos sobre a prevalência do espírito sobre matéria apenas ao que diz e entende a sociedade judaico-cristã, sim, mas com isso também estou limitando o conhecimento do ser absoluto.
E neste caso nós estaríamos retrocedendo, retornaríamos ao mais negro período do conhecimento humano, quando tudo se via limitado pela instituição da Igreja Apostólica Romana como detentora do conhecimento e da verdade católica, já que naquela época o espírito estava submetido amais dura das ditaduras, aquela que impedia, inclusive, o próprio espírito de pensar, pois para a igreja, tudo já estava devidamente pensado, os seus seguidores tinham apenas que seguir o que lhe ditavam como verdade, qual seja, eram repontados.
Este nome, maçonaria provém do francês “maçonnerie”, que na sua gênese, significa construção e esta construção é feita pelos maçons nas suas Lojas (Lodges), porém alguns autores dizem que a palavra é mais antiga ainda e teria origem na expressão cota “Phree Messen” (Franco-maçom), cujo significado é “filhos da luz” e daí, o antagonismo entre o pensar maçônico e a dura tirania medieval onde na Idade Média haviam dois tipos de pedreiros, o Rouch Masson (pedreiro bruto) que trabalhava com a pedra sem lhe extrair forma ou polimento e o “Freemason” (pedreiro livre) que detinha o segredo de polir a pedra bruta, mas isto é o que se pode encontrar da origem do nome da nossa instituição maçônica, entretanto a nós já nos basta o que somos, e não precisamos nos sujeita a interpretações de historiadores, muitas vezes contraditórias.
Agora eu vou falar um pouquinho de meditação, mas alguns autores definem meditação da seguinte maneira: um estado que é vivenciado quando a mente se torna vazia e sem pensamentos; prática de focar amente em um único objeto (por exemplo: em uma estátua religiosa, na própria respiração, em um mantra); uma abertura mental para o Divino, invocando a orientação de um poder mais alto.
Somos contrários a qualquer tipo de definição, principalmente, com relação a “meditação”, porém uma coisa é mais do que certa, o que chamamos de mantra, nada mais é do que ligar a mente repetidamente num único pensamento repetindo-o por infinitas vezes, ainda que seja apenas assim: 1, 2, 3, desde que dita centenas até milhares de vezes, a isto se chama mantra, porque tira do cérebro outros pensamentos indesejados, já que a concentração é só nesse som, 123,123,123. Isso é meditar, e meditar é aliviar ou trocar os pensamentos indesejados pelos desejados.
O mestre Régis Jolivert ensina que, definir significa delimitar e por se tratar a meditação um ato soberano do espírito, tentar defini-lo significaria, buscar limitá-lo, o que seria impossível. Erro crasso é limitar a meditação a um estágio em que a mente se encontra vazia e sem pensamentos. Vazia, significa sem qualquer conteúdo.
Como poder-se-ia dizer mente vazia quando a meditação consiste em abstrair os conceitos de espaço tempo.
Assim, a meditação na maçonaria consiste na abstração de conceitos pré-estabelecidos a fim de atingirmos a plenitude da liberdade, da igualdade e da fraternidade, pois e só assim, é que se atinge a plenitude do eu maçônico, a plenitude do conhecimento, então aqui nos fica bem claro que não devemos aceitar como determinação o ato de ser liberto, ser igual e ser fraterno, precisamos entender o porquê de precisarmos ser assim.
Meditar sempre até atingir conhecimento pleno até chegar no eu maçônico.
Adaptado por um “Filho da Viúva”