O local onde uma Loja maçônica se reúne é pelos maçons designado de Templo.
Dentro do Templo, e no decorrer de uma reunião de Loja, tudo existe segundo uma
ordem determinada e todos têm assento em locais definidos.
O sentido de ordem, a segurança que psicologicamente é transmitida a quem se
encontra num local ordenado, onde tudo e todos estão no seu lugar, ajudam à
criação de uma atmosfera de confiança, descontração e concentração que é
preciosa, quer para o bom desenrolar da sessão, quer para o conforto de todos,
quer para a predisposição para atender aos assuntos do espírito, deixando-se
efetivamente os metais à porta do Templo.
Como todos os outros obreiros, o Aprendiz tem o seu lugar determinado. Ou,
melhor dizendo, uma zona da sala destinada a que ele ali se coloque e assista a
tudo o que se passa. Esse lugar, essa zona, situa-se nas cadeiras traseiras do
lado Norte da sala.
O lado Norte aqui em causa é, como quase tudo em Maçonaria, simbólico. Pode,
portanto, corresponder ou não ao Norte geográfico. Normalmente, as salas onde
decorrem as reuniões de Lojas têm a forma retangular, com a entrada colocada num
dos lados mais pequenos. E quando não tem essa forma, utilizam-se os adereços
necessários para que o local onde decorre a reunião tenha essa disposição.
O lado onde se situa a entrada é, por convenção, designado de Ocidente. Logo, o
lado oposto, onde se coloca a Cadeira de Salomão, é o Oriente. A generalidade
dos obreiros toma assento nos lados direito e esquerdo da entrada. Convencionado
que está que a entrada se situa no Ocidente, o lado direito de quem entra é,
portanto, o Sul e o lado esquerdo de quem entra é o Norte.
Portanto, o Aprendiz toma assento na segunda fila do lado esquerdo de quem
entra. Como sempre, esta disposição tem um significado simbólico. Para ser
entendido, há que ter presente que a Maçonaria nasceu no hemisfério Norte. Neste
hemisfério, o que está situado a Norte é menos ensolarado, menos iluminado. Em
termos de Maçonaria, o Aprendiz ainda está na fase de transição da vida profana
para a vivência maçónica.
Está em processo de aprendizagem dos símbolos, dos princípios, da vivência, da
Maçonaria. Está no início do percurso que todos os maçons procuram fazer, do seu
aperfeiçoamento, da busca do Conhecimento do significado da Vida e da Morte, da
Criação, do Universo, do Material e do Imaterial. Está, como os maçons dizem, no
início do caminho para a Luz. O Sol nasce a Oriente. Simbolicamente a Luz que o
Maçom busca encontra-se a Oriente.
Daí que seja no lado que simboliza o Oriente que se encontra a Cadeira de
Salomão, onde toma assento o Venerável Mestre, que conduz a Loja e os seus
Obreiros na busca, individual e coletiva, do aperfeiçoamento e do Conhecimento,
na busca da Luz. O Conhecimento, para quem não está preparado, pode ser nefasto,
pode ser incompreendido ou mal compreendido e, logo, recusado, afastado,
distorcido. Portanto, o acesso à Luz deve ser gradual, em função da capacidade,
da preparação, do Caminhante. Consequentemente, aquele que está ainda menos
preparado, aquele que está ainda na fase inicial da sua Jornada, deve ser
protegido do excesso de Luz, para que nele se não torne nefasto o que deve ser
benfazejo. Assim, deve tomar assento na zona mais protegida da Luz, ou seja, no
Norte.
Quanto ao facto de tomar assento nas cadeiras traseiras, e não na primeira fila,
tal deve-se, quer ao facto de, quanto mais ao Norte estiver, mais protegido
estar da Luz em excesso, quer, muito mais prosaicamente, ao facto de o Aprendiz
ainda ter uma reduzida intervenção nos trabalhos e ser conveniente deixar a
primeira fila ser ocupada por quem pode intervir ou necessita de circular pela
sala...
Esta regra só tem uma exceção: no dia da Iniciação, finda a respectiva
Cerimônia, o novo Aprendiz toma assento, até ao final da sessão (e só nessa
sessão), na primeira fila do Norte. Também por uma razão muito prática: não faz
sentido ser colocado mais atrás, porventura obrigando outros obreiros a
desviarem-se para lhe dar passagem, para o que resta da sessão.
Dá muito mais jeito manter reservado um lugar na primeira fila que, a seu tempo,
será então ocupado pelo recém-iniciado. Afinal, depois do turbilhão de emoções
que constitui a Iniciação, sabe bem sentar-se pertinho, pertinho, no primeiro
lugar disponível e facilmente acessível...
A partir da sessão seguinte, e durante todo o tempo em que for Aprendiz, tomará,
então assento na zona que lhe está destinada, os assentos traseiros do lado
Norte. Protegido na sua zona, subtraído a movimentações, o Aprendiz está
sossegado, em plenas condições de se concentrar, de tudo observar, de tudo
apreender. Em Maçonaria, o Aprendiz é um Homem