dezembro 19, 2023

COMPLEXO DE MESSIAS - Newton Agrella



O "Complexo de Messias" tem sido uma ferramenta recorrente de que se valem inúmeros maçons, especialmente aqui no Brasil, quando escrevem algum texto a respeito da Sublime Ordem.

As exageradas e frequentes referências a Jesus Cristo,  a Apóstolos, a citações bíblicas e  por aí afora, acabam por revelar  algo que a própria Maçonaria rechaça, ou seja; o "proselitismo religioso", que significa um postulado, uma apologia ou uma clara preferência por determinada religião, credo ou doutrina.

Cabe deixar manifestado que este espírito messiânico em nada contribui para o desenvolvimento intelectual do maçom, especialmente em se tratando de uma Instituição Iniciática que trouxe consigo inúmeras influências históricas, lendárias, místicas e religiosas, especialmente do cristianismo e do judaísmo em menor escala, mas que desde o advento do Iluminismo, seu perfil e sua exegese ganharam  um caráter notadamente "Especulativo".  

Isso lhe confere portanto, a missão inequívoca da busca do Conhecimento e do Aprimoramento humano através da Investigação e do Estudo, sem se pautar pela insistente  explicação das coisas sob um prisma sobrenatural, divinal, transcendental e metafísico.

Não raro, deparamo-nos com Trabalhos, Palestras, Artigos e Textos em que a veneração e o culto às divindades não passam despercebidos. 

Pelo contrário, parecem peças religiosas.

Cabe salientar e deixar cristalinamente claro, que o fato de na maioria dos rituais maçônicos encontrarmos ainda fragmentos de orações e até mesmo de salmos e citações bíblicas, isso não lhe confere um aspecto religioso, senão histórico e ritualístico, fruto da Tradição, e em razão da significativa influência da Igreja no passado - mormente durante a Idade Média - quando a Ordem tinha um caráter Operativo e sua base era composta pelas Corporações de Ofício, guildas e operários,  cujo embasamento cultural se traduzia fundamentalmente através do pensamento religioso.

O Iluminismo, foi um divisor de águas na história da Maçonaria, que com os Maçons Aceitos, elencado por figuras exponenciais da cultura, dentre Filósofos, Escritores, Artistas, e Intelectuais, dotaram a Ordem de uma característica muito mais profunda e dialética que se constitui no trabalho do aprimoramento interior do Homem, sob a chancela antropocêntrica e hominal, sem no entanto abdicar de um senso comum que é a crença num "Princípio Criador e Incriado do Universo" a que os Maçons designam como "G.'.A.'.D.'.U.'."  



FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE NA VISÃO MAÇÔNICA. - Sidnei Godinho

 

Quando  se  analisa  a  arquitetura  de  uma  loja maçônica,  estruturada  em  suas  Joias  e  luzes,  e divididos  seus  conhecimentos  em  seus  graus hierárquicos,  representados  por  suas  ferramentas  de trabalho,  pode-se  bem  depreender  que  ao  Ap.’.  compete a  Força  e  a  Fé,  pois  é  o  início  e  como  todo  principiante, basta  somente  crer  naquilo  que  agora  tem  como Verdade  Absoluta,  para  malhar  e  cumprir  as  orientações que  lhe  são  ministradas. 

É  a  exploração  do  Corpo  como matéria,  pois  os sentimentos  afloram  enquanto  a  razão  é  ofuscada  pela empolgação  natural  do  desconhecido.  

A  Fé  se  define como  “a  primeira  das  três  virtudes  teologais;  um conjunto  de  dogmas  e  doutrinas  que  constituem  um culto”  (Aurélio,  2006)  e  sendo  o  dogma  “um  ponto fundamental  e  indiscutível  de  uma  doutrina  ou  um sistema”  (Aurélio,  2006),  clarifica-se  ao  Ap.’.  explorar  a Força  de  seu  corpo  e  crer  com  toda  sua  Fé. 

Já  ao C.’.M.’.,  a  maturidade  alcançada,  após  os trabalhos monitorados, permite-lhe avançar doutrinariamente  e  abandonar  o  Rés-do-Chão, alternando  seu caminhar e explorando novas crenças,  onde  o  corpo  é  deixado fora  e  a  Alma  é  trabalhada  para  fundamentar  o  que  era Fé  e  então  torná-la  em  Esperança  ou  seja  na  “segunda das  três  virtudes  teologais;  esperar  aquilo  que  se  deseja” (Aurélio,  2006).  

"Onde  outrora  se  cria,  hoje  se  deseja." 

A  literatura  maçônica  relata  que  nas  antigas escolas  operativas  e  mesmo  nos  primórdios  das  lojas especulativas  tinham-se  como  graus  apenas  o  Ap.’.  e  o C.’.M.’.,  visto  que  comparado  a  atividade  laboral  era  o Comp.’.  o  executor  das  tarefas  em  uma  obra  e  o habilitado  para  tal,  cabendo  ao  Ap.’.  ser  seu  auxiliar braçal.  

Somente  mais  tarde  a  função  de  M.’.  foi introduzida  como  um  controle  de  qualidade  e  um organizador  da  execução  de  um  empreendimento,  o  que também  foi  trazido  para  a  Ordem  como  o  mais  alto grau. 

Esta  visão  do  Maçom  somente  pode  ser conseguida  quando  ele  consegue  ver  a  si  mesmo, interiorizando-se  para  enfrentar  seus  temores  e questionar  suas  crenças,  libertando-se  de  preconceitos obscuros  e  alcançando  a  clarividência  no  meio  que  o circunda. 

É  o  que  na  psicologia  Junguiana  se  denomina Inconsciente  Individual,  ou  seja:  no  inconsciente estariam  ocultas  a  sede  de  poder  e  notoriedade,  além de  complexos  e  conflitos  que  se  traduzem  em dinâmicas  patológicas  e  demandam  profunda  reflexão como parte  de  um tratamento  psicoterapêutico. 

A  este  processo  de  diferenciação  da personalidade,  pela  seleção  psicológica  do  ego  de Freud,  Jung  chama  de  Individuação.

É  um  meio  pelo qual  a  pessoa  se  torna  singular,  ainda  que  sujeita  às forças  da  coletividade. 

É  uma  análise  dinâmica  que  passa  pela compreensão  da  finitude  da  existência  material, objetiva,  face  à  inevitabilidade  da  morte  física,  e  vai  ao limite  da  busca  da  existência  de  Deus,  para  justificar sua  autorrealização  como  o  encontro  da  totalidade  da Vida. 

Cabe  agora  ao  Mestre  propagar  a  Última  Virtude e  a  mais  importante,  o  AMOR,  pois  como  Aprendiz  e Companheiro  já  vislumbrou  a  Fé  e  a  Esperança. 



TEMPO X EXPERIÊNCIA NA MAÇONARIA



Já dizia Einstein que o tempo é relativo. Isso não se aplica apenas à ciência, mas na vida também. E sendo o tempo relativo, não é indício de experiência, pois enquanto o tempo é relativo, a experiência é absoluta.

A dependência entre o tempo e a experiência é de que o tempo não garante experiência, enquanto que para se ganhar experiência precisa-se de tempo. Isso porque a experiência depende de atividades, trabalhos, esforços, e esses gastam tempo para serem realizados. A verdade é que você pode ver os anos se passarem e não ganhar experiência alguma, ou pode agir e ganhar experiência a cada dia.

Na Maçonaria isso não é diferente. Você pode ter 40 anos de Maçonaria e não ter experiência alguma. Basta você não visitar outras Lojas, não conhecer outros Ritos, não visitar Obediências amigas, não participar dos mais diversos eventos maçônicos, não ingressar nos Altos Graus, não ler e estudar. Você terá muito tempo de Maçonaria, mas não terá experiência alguma além daquela obtida em sua própria Loja. Em contrapartida, a realização de tais atividades é diretamente proporcional à experiência maçônica, o que significa que um maçom atuante e estudioso, com o passar dos anos, poderá acumular bagagem o bastante para ser uma boa referência em seu meio e colaborar para o desenvolvimento de seus irmãos.

Em outras palavras, tempo está relacionado a sobreviver, enquanto que experiência está relacionada a viver. Se você viver a Maçonaria, você ganhará experiência, e se você apenas sobreviver na Maçonaria, apenas acumulará tempo. É uma questão de escolha e de vontade. Tempo só é sinal de experiência quando bem aproveitado. Então faça a escolha certa e aproveite o tempo, e assim você viverá experiências maravilhosas na Maçonaria.

dezembro 18, 2023

MAÇONS SE SENTEM SÁBIOS EM DOIS ANOS E MEIO


Pesquisadores da United States Chamber of Freemasonry (grupo de pesquisa maçônica com sede em Washington D.C.), divulgaram resultados de um estudo que demonstra que a quantidade média de tempo que um novo maçom acha que sabe tudo é de cerca de dois anos e meio

“Sim, ele vai variar de loja para loja”, explicou o Irmão Ledge Porter. 

“Mas de um modo geral, em algum momento entre dois e três anos, um maçom vai acreditar saber o suficiente para começar a se sentir superior aos novos iniciados”.

Falando sobre o paradoxo que contrasta os resultados do estudo com a afirmação de que a Maçonaria é um processo de aprendizagem ao longo da vida:

“Oh, não há dúvida de que muitos dos maçons realmente não acreditam que sabem tudo, mas uma vez que atingiu esse momento crítico, eles desenvolvem certos sentimentos de presunção de que eles têm bastante conhecimento e na verdade, o suficiente para que eles possam até mesmo começar a fazer julgamentos morais sobre o comportamento de um novo membro”.

Observando que muitos maçons são convidados a ocuparem cargos de oficiais em uma loja dentro de seus primeiros anos, nós entendemos que pode haver uma conexão.

“Nós não vimos uma conexão causal sólida”, disse Porter. 

“Isto é, nós ainda não descobrimos se ocupar um cargo de oficial nos faz sermos um pouco de burros moralizantes, ou se ele leva dois anos a fim de internalizar a cultura maçônica na medida em que a pessoa se sente confortável em fazer correções públicas aos novos irmãos”.

Porter acrescentou: “É claro, a satisfação presunçosa de corrigir um novo maçom em público é algo que fica com os maçons durante toda a sua carreira maçônica, por isso não esperamos que esta pesquisa leve a qualquer cura. 

No entanto, pensamos que isso pode ter alguma utilidade, porque alguns daqueles que atingiram este momento não estão apenas fazendo julgamentos sobre novos membros, mas também sobre oficiais mais velhos”.

Em resumo, lamentavelmente não é difícil encontramos tais atitudes em irmãos que se acham superiores, seja por tempo de iniciado ou por algum grau conquistado.

O conhecimento deve ser utilizado para nos igualarmos e não para nos tornar superiores aos mais novos.

Elogie em público e corrija em particular. 

"Um sábio orienta sem ofender e ensina sem humilhar”.

Retirado do site: http://www.oprumodehiram.com.br/macons-sabios-em-dois-anos-e-meio/

A ORIGEM E O SIGNIFICADO DO TRIPONTO - Kennyo Ismail


O triponto está presente nas abreviações contidas em diplomas, pranchas, manuais e rituais do REAA e na assinatura de todo maçom brasileiro que se preze. Mas qual é a origem desse costume e seu real significado?

Muitos se arriscam em chutar seu significado: os três graus simbólicos; o Esquadro e Compasso e o Livro da Lei; as Colunas Jônica, Dórica e Coríntia; o Venerável e seus dois Vigilantes; o triângulo superior da Árvore da Vida; as pirâmides de Quéops, Quefren e Miquerinos; o Enxofre, o Mercúrio e o Sal; Pai, Filho e Espírito Santo; ou mesmo Prótons, Elétrons e Nêutrons; etc, etc, etc. Daí, em cima do suposto significado, “deduzem” a origem: Grécia Antiga Cabala, Egito Antigo, alquimistas, Igreja e até na Física.

Temos que concordar que o tema colabora para o quase infinito número de interpretações, muitas sem pé nem cabeça, afinal de contas, o número 03 pode ser encontrado em todas as culturas, épocas e religiões. Aliás, pode-se encontrar nessas qualquer número entre 01 e 09, basta um pouco de criatividade! Os números acima de 09 não são tão populares exatamente por dar mais trabalho encontrá-los.

Mas não é possível que continuemos a utilizar o triponto nas abreviações e até mesmo em nossas assinaturas sem saber a real origem e significado do mesmo. 

Então, vamos ao que interessa: O triponto não está presente na Maçonaria Universal, e sim apenas nos Ritos de origem francesa. Sua forte presença no Brasil deve-se à supremacia do REAA no país. Conforme Rangon, em sua obra “Ortodoxia Maçônica”, o triponto começou a ser oficialmente usado nas abreviações a partir de 12/08/1774, através de determinação do Grande Oriente da França. Chapuis evidencia que o uso já era adotado por algumas Lojas francesas anteriormente, como na Loja “A Sinceridade”, de Besançon, em ata de 1764.

O costume de abreviar as palavras surgiu com os gregos e foi extensamente explorado pelos romanos através das “anotações tironianas” que, aliás, criaram a regra de duplicar a letra inicial quando da abreviação de termo no plural, regra ainda existente na abreviação maçônica.  

Esse sistema de abreviação do latim sobreviveu de tal forma na Europa pós-romana que, para se ter uma ideia do uso e abuso das abreviaturas na França, em 1304 o Rei Felipe IV, o Belo, publicou lei proibindo abreviações nas atas jurídicas.

Se sempre adotadas em atas e sinalizadas por traços, barras ou reticências é claro que nas atas maçônicas as abreviações não ficariam de fora e ganhariam um sinal correspondente com a instituição: uma variação das reticências, lembrando o símbolo geométrico mais importante para a Maçonaria, o Triângulo. 

Não demorou para que, pelo costume da escrita e exclusividade do uso, o triponto ultrapassasse sua utilidade caligráfica e alcançasse a assinatura dos Irmãos.

Por que os maçons ingleses e americanos não utilizam o triponto? 

Simplesmente porque a língua inglesa não é uma língua neolatina, românica. Ocorrem abreviações, porém respeitando outras regras e sem o uso de sinais.

Com a questão esclarecida, sejamos sinceros: a verdade é bem melhor do que imaginar que estamos desenhando Quéops, Elétrons ou Enxofre quando assinamos!

A LENDA DO PELICANO - Guilherme de Tyr ,



O simbolismo do pelicano assenta-se sobre uma comovente lenda com origem na idade média, que afirma que o pelicano, quando não encontra alimento para sustentar sua prole, rasga seu próprio ventre para alimentá-la com seu sangue.

O pelicano é uma ave de grande porte que vive nas regiões aquáticas em todos os continentes, possui bico avantajado e tem, no bico inferior uma bolsa onde acumula os peixes pescados. As fêmeas alimentam os filhotes despejando as reservas acumuladas na bolsa menbranosa. Para esvaziá-la, comprime o peito com o bico, fato este, que deu origem à essa antiga lenda, onde o pelicano abre o próprio peito para dele extrair sua carne a fim de alimentar os filhotes , quando não encontra alimento. Simboliza portanto, o amor com desprendimento.

O pelicano é também o símbolo alado da dedicação e das

obrigações sociais. É a mente provida de asas para que possa pairar sobre o mundo, desprendendo-se da matéria, e contemplar sob o prisma da Verdade, toda a obrada Maçonaria.

Os sete filhotes, que usualmente se encontram junto ao Pelicano, representam justamente, as sete cores do arco-íris ou sete estados de consciência representados por cada cor, ou ainda a hierarquia dos seres, onde o Maçons que exercem a verdadeira filosofia ocupam seu lugar dentre os mais elevados.

No simbolismo católico, o pelicano é Jesus Cristo dando seu sangue para a salvação da humanidade, ou alimentando o homem na eucaristia. Também é o símbolo da Redenção.

O símbolo do pelicano pertence também ao domínio da vida cotidiana, que não é contudo, menos comovedor, sobretudo para aqueles a quem as circunstâncias e as responsabilidades impõem uma escolha, pondo em jogo ao interesses vitais e mesmo a existência.

Escolha muitas vezes difícil, diante da qual o profano recua, mas não o Maçom, que não hesita, sacrificando-se à sua família, ao seu país, à humanidade inteira. Sacrificar o egoísmo, os interesses as vezes legítimos, a sua própria vida se preciso for, e a mais forte razão, seu orgulho e suas ambições, a fim de colocar em seu lugar, o altruísmo e a caridade. Tal como o pelicano, o Maçom alimenta simbolicamente os fracos com suas próprias entranhas, perecendo para permitir aos outros viver.

As vezes é preciso que a célula pereça para que o organismo perdure, é preciso ao indivíduo morrer e renascer para que a humanidade continue.

Essa é a lição simbólica que se aprende na lenda do pelicano, mostrando ao maçom a conduta que deve ter a todo instante.

O pelicano é o emblema mais característico da caridade. É também o símbolo da morte e do renascimento perpétuo da natureza. Num contexto um tanto Druida: é a terra que nutre os seus filhos, é a mãe que cumpre os seus sagrados deveres, é a caridade para com nossos irmãos.

A lenda do pelicano foi uma tradição que se enraizou também dentro da igreja cristã como símbolo, tomando aspectos muitas vezes inusitados e inesperados .

As igrejas medievais a aceitaram em suas decorações, mais de um católico o adotou em suas armas e Henrique VIII chegou a mudar as armas do Arcebispo de Granmer por três pelicanos.

No intuito de ajudar a guerra que os cruzados sustentavam na Terra Santa contra os muçulmanos, o Papa Inocêncio III ordenara que em toda as igrejas fossem colocados cofres, muitos feitos de troncos de árvores cavados, cujo objetivo seria recolher donativos dos fiéis, já que o clero medieval, embora detivessem suas mãos grande parte das riquezas da época, não se mostrava suficientemente generoso.

Dessa forma, os construtores das catedrais medievais, tomaram o costume de colocar troncos ao lado das pias de água benta, para que os fiéis pudessem neles depositar o "dinheiro da vida". E a fim de melhor inspirar o sentimento da caridade, estes artistas deram a esses troncos a forma do pelicano, como ainda pode ser visto em algumas catedrais europeias.

Nenhum outro símbolo podia melhor expressar o que se pretendia. Só o símbolo da abnegação da ave que se sacrificava a si mesma para alimentar a sua prole, podia representar aquele que se priva de seus haveres em benefício dos pobres.

O pelicano é o símbolo do próprio sacrifício, que indica que na medida em que damos, desenvolvemos o nosso caráter e a nossa personalidade, e a medida que os anos passam o próprio sacrifício se reflete em boas ações que perduram além da nossa vida e são reflexo dos sacrifícios que fizemos.

O mestre deve fazer-se amar, e não poderá ter êxito a não ser amando ele mesmo com uma generosidade que o leve até a dedicação absoluta, até o sacrifício de si mesmo. Deste ponto de vista, o pelicano é o emblema dessa caridade, sem a qual, na iniciação, tudo será irremediavelmente vão. Os dons mais brilhantes da inteligência e da vontade não farão outra coisa do adepto que não tenha cultivado as qualidades do coração, a não ser um falso Mago.

A lenda do pelicano, de certa forma comove pela sua extrema generosidade, encontra-se no cerne dos princípios da Maçonaria, o total sacrifício do ego em favor do próximo. Os ensinamentos exigem que o maçom que se encaminha na senda da perfeição, deve desprender-se de todos os sentimentos negativos do egoísmo, orgulho e ambição negativa, transformando-os alquimicamente em sentimentos de altruísmo, humildade e abnegação.

É preciso que o verdadeiro maçom, através do sacrifício do seu próprio eu, chegue ao conhecimento do amor. Cumprirá assim a sua finalidade de iniciado e atingirá por esse meio a meta almejada: a completa superação de sua personalidade humana para alcançar sua própria Redenção Crística, e se tornará um verdadeiro mestre!

É justamente dessa forma que o Maçom consegue a transmutação alquímica do que era inferior, do fogo em luz, do humano em Divino. É assim que terá encontrado a Pedra Filosofal e realizado a Grande Obra, a transmutação total do chumbo em ouro, do homem em Deus.



dezembro 17, 2023

GRÃO MESTRE VISITA EXPOSIÇÃO LITERÁRIA














O  Serenissimo Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, Ir Jorge Anysio Haddad me dá a honra de visitar a exposição de minhas obras literárias durante a Assembleia da GLESP. Valorizando a cultura maçônica e os produtores de conteúdo literário, uma parte do Templo Nobre da GLESP foi dedicado a uma exposição de livros de autores que pertencem a Ordem.

 

UM CLOCHARD - Heitor Rodrigues Freire


 O tempo passa, continuamente. À medida que o relógio corre, vão-se os minutos; e podemos estar certos do seguinte: agora, há menos minutos em nossa encarnação do que havia há alguns momentos atrás. Portanto, devemos ter sempre em mente a ideia de que o tempo tem o seu valor no que concerne ao seu emprego. Somente na medida em que utilizamos bem o nosso tempo, nos tornamos capazes de extrair dele algo de valor, transformando o no verdadeiro tesouro que ele representa. A experiência, o conhecimento acumulado nesta encarnação, no campo físico, mental e espiritual, fundamenta se naquilo que temos adquirido ao longo da vida.

E embora todos saibamos que o tempo é apenas uma contingência da situação terrena em que vivemos, ele é indiscutivelmente irreversível e leva em suas asas muitas oportunidades de nossa vida, que deixamos passar.

A velocidade imposta pelos tempos modernos em todas as atividades humanas, acaba se constituindo num fator de desperdício, e isso ocorre principalmente com os mais jovens, que quase sempre se tornam vítimas dos modismos e da necessidade de afirmação, querendo, a todo custo, mostrarem-se atualizados e “por dentro das coisas”.

A esse propósito, bem observou o escritor Juvenal Arduini, em Destinação Antropológica: “O homem é essencialmente utópico porque não se cansa de lutar para que a verdade, a liberdade, o alimento, a saúde, a solidariedade, a dignidade, a participação de todos nos bens econômicos e culturais fixem residência definitiva na sociedade. Identificar utopia com fantasia é expediente utilizado para impedir que ela se enraíze no chão da história”.

Reagindo a essa velocidade que nos consome, de repente me vi como um clochard, rimando com a perfeita definição de utopia, descrita por Juvenal Arduini. Clochard, no mais puro romântico e filosófico sentido do termo, significa vagabundo, pessoa que não trabalha, embora o meu caso seja de desfrute puro e simples. E merecido.

Clochardiar minha vida, é o momento que estou vivendo agora. Sempre trabalhei muito. Desde os sete anos, vendendo bilhetes de loteria na rua, sem saber direito o português, ajudando meu pai. E naturalmente, continuo provendo minha sustentabilidade. Mas num novo diapasão. De leve, de vanguê...

Enfim, assim, com a consciência do dever cumprido, me sinto no direito de usufruir de um dolce far niente, mas sempre com um olhar atento, para que possa ainda contribuir com todas as entidades de que participei e ainda participo, como no Sindicato dos Corretores de Imóveis, no Instituto Histórico e Geográfico e na Santa Casa, onde, aliás, coordeno o centro histórico e cultural.

Ou seja, como um clochard, mas não tanto. Sem pendurar as chuteiras. Na continuidade consciente de que a vida não se esgota numa encarnação e que utopia, tal como considerada, se constitui num ideal de vida, na concretização de sonhos que inspiram e ajudam a transformar este mundo, que se empobrece pela velocidade dos modismos e necessidade de afirmação, e que mais que nunca carece da utopia.


O GIRO DO HOSPITALEIRO - José de Oliveira Mendes


É algo que transmite robustez

Simbolizando a benevolência.

Por ensejar conteúdo, talvez,

Para uma eficaz beneficência. 


O Tronco não requer mesquinhez,

Mas uma pequena ou boa quantia,

Colocando, cada qual, na vez,

Como requer a Maçonaria.


Viagens fazem o hospitaleiro,

Segurando o “tronco” na mão.

Em seu passar, por certo, esgueiro


E portador de singela ação.

O Rito lhe é um timoneiro

Indicando qual a direção.

TEMPO VELOZ - Adilson Zotovici



O tempo, veloz, avança !

Não para nalgum canteiro

Não algoz, bom  agoireiro 

Em seu rasto a esperança 


E segue o livre pedreiro 

Em sua eterna aliança 

Levando a superna herança 

Luz, espírito duradeiro 


Busca a bem aventurança 

Inda que em paragem ingrata

Com coragem e confiança 


Passagem de pompa retrata  

Aprendizagem e mestrança

Até que rompa o fio de prata ! 


Adilson Zotovici

Academia Maçônica de Letras de Juiz de Fora

POR QUE LOJA MAÇÔNICA? - Kennyo Ismail


Qual maçom nunca foi questionado por um profano do porquê do termo “LOJA”? 

Muitos são aqueles que perguntam se vendemos alguma coisa nas Lojas, para justificar o nome. 

Alguns, fanáticos e ignorantes, chegam ai ponto de indagar que é na Loja que os maçons vendem suas almas! 

Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que, só porque “loja”, em português, denomina um estabelecimento comercial, isso não significa que o mesmo termo em outras línguas tem o mesmo significado. 

Vejamos: “Loge”, palavra francesa, pode se referir à casa de um caseiro ou porteiro, um estábulo, ou mesmo o camarote de um teatro. 

Mas os termos franceses para um estabelecimento comercial são “magasin”, “boutique” ou “commerce”. 

Da mesma forma, o termo usado na língua inglesa, “lodge”, significa cabana, casa rústica, alojamento de funcionários ou a casa de um caseiro, porteiro ou outro funcionário. 

Os termos mais apropriados para um estabelecimento comercial em inglês são “store” ou “shop”. 

Já o termo italiano “loggia” significa cabana, pequeno cômodo, tenda, mas também pode designar galeria de arte ou mesmo varanda. 

Os termos corretos para um estabelecimento comercial são “magazzino”, “bottega” ou “negozio”. 

Em espanhol, “logia”, derivada do termo italiano “loggia”, denomina alpendre ou quarto de repouso. 

As palavras mais adequadas para estabelecimento comercial são “tienda” e “comercio”. 

Por último, podemos pegar o exemplo alemão, “loge”, que não tem apenas a grafia em comum com o francês, mas também o significado: um pequeno cômodo mobiliado para porteiro ou caseiro, ou um camarote. 

Já os melhores termos para estabelecimento comercial em alemão são “kaufhaus”, “geschaft” ou “laden”. 

Com base nesses termos, que denominam as Lojas Maçônicas nas línguas francesa, italiana, espanhola, alemã e inglesa, pode-se compreender que as expressões referem-se a uma edificação rústica utilizada para alojar trabalhadores, e não a um estabelecimento comercial. 

Verifica-se então uma relação direta com a Maçonaria Operativa, em que os pedreiros costumavam e até hoje costumam construir estruturas rústicas dentro do canteiro de obras, onde eles guardam suas ferramentas e fazem seus descansos. 

Essas simples edificações que abrigam os pedreiros e suas ferramentas nas construções são chamadas de “loge, lodge, loggia, logia” nos países de língua francesa, alemã, inglesa, italiana e espanhola. 

A palavra na língua portuguesa que mais se aproxima desse significado não seria “loja” e sim “alojamento”. 

Nossas Lojas Maçônicas são exatamente isso: alojamentos simbólicos de construtores especulativos. 

Isso fica evidente ao se estudar a história da Maçonaria em muitos países de língua espanhola, que algumas vezes utilizavam os termos “Alojamiento” em substituição à “Logia”, o que denuncia que ambas as palavras têm o mesmo significado. 

À luz dos significados dos termos que designam as Lojas Maçônicas em outras línguas, podemos observar que a teoria amplamente divulgada no Brasil de que o uso da palavra “Loja” é herança das lojas onde os artesãos vendiam o “handcraft”, ou seja, o fruto de seu trabalho manual, além de simplista, é furada. 

Se fosse assim, os termos utilizados nas outras línguas citadas teriam significado similar ao de estabelecimento comercial, se seria usado em substituição às outras palavras que servem a esse fim. 

Na próxima vez que você passar em frente a um canteiro de obras e ver à margem aquela estrutura simples de madeira compensada ou placas de zinco, cheia de trolhas, níveis, prumos e outros utensílios em seu interior, muitas vezes equipada também com um colchão para o pedreiro descansar à noite, lembre-se que essa estrutura é a versão atual daquelas que abrigaram nossos antepassados, os maçons operativos, e que serviram de base para nossas Lojas Simbólicas de hoje.


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dezembro 16, 2023

ENCONTRO DE ACADEMICOS




Encontro na Assembleia da GLESP com o eminente intelectual e escritor Mauro Ferreira, presidente e um dos confrades fundadores da  Academia Maçônica Brasileira de Letras, Teatro, Artes, Ciências e Cultura, na qual tenho a honra de ocupar uma das cadeiras e fazemos pose com a nossa estola de acadêmicos defronte a mesa com as excelentes obras de Mauro Ferreira.

 

VISITA A ARLS SABEDORIA TRIUNFANTE 665 - SP


Visitei nesta sexta feira a ARLS Sabedoria Triunfante 665 da GLESP que faz jus ao nome.

Um aprendiz, que depois fiquei sabendo ser doutor pela USP, apresentou um trabalho tão extraordinário que o resto da sessão foi dedicado aos inteligentissimos comentários sobre o mesmo. Uma sessão notável pela cultura maçônica e pela participação dos irmãos. 

Agradeço ao muito simpático VM Anderson Basilio da Silva e ao quadro da Loja pela amável recepção.