dezembro 23, 2023

QUE TAL TOMAR UM CAFEZINHO COMIGO - Michael Winetzki

 


        Este blog teve início no dia 20 de setembro de 2011, há pouco mais de dois anos. Aproveitei um blog pessoal que já existia para dar início ao compartilhamento dos melhores trabalhos que eu recebia nos grupos maçônicos, e não só maçonaria, mas história, filosofia, ciência, arte, cultura, etc.

        Desde então foram mais de 2.000 excelentes textos, quase uma centena de autores, 380.000 acessos até o dia de hoje e bem mais de 1.500 horas de trabalho para proporcionar este conhecimento aos interessados.

         É um grande prazer fazer este blog e na medida de minhas forças continuarei a faze-lo. Mas dá trabalho e algumas despesas.

        Assim, não há obrigação nenhuma. Ele sempre será gratis, mas se você curte a minha companhia, ainda que virtual, quem sabe pode pagar um cafezinho. Apenas um café, que tenho certeza, ofereceria com alegria se nos encontrássemos ao vivo.

        Deposite, se quiser, o valor de um café no Pix de Michael Winetzki, na Caixa Econômica Federal, chave tel. cel. (61) 9.8199.5133. Não precisa se identificar, não precisa enviar comprovante, não precisa fazer nada. E nem tem obrigação de depositar nada. 

       Encaro apenas como cortesia de algum leitor que agradece pelo trabalho que me dá lhe proporcionar o prazer destas leituras.

       Um caloroso TFA

O SOLSTÍCIO - Jorge Gonçalves


Ontem celebramos o solstício, um marco importante na história humana. O solstício não representa a estação em si, mas marca o início do verão ou inverno, dependendo do hemisfério de observação. No hemisfério norte, é o Solstício de Inverno, o dia mais curto do ano, uma tradição antiga ligada a festividades pagãs realizadas há milhares de anos. Marcada por noites longas, esta data simboliza o renascimento solar, pois a partir de hoje o sol começa a ficar mais alto no horizonte, antecipando dias mais longos e o despertar da natureza para a primavera. 

O Solstício de Inverno, inicialmente uma celebração solar, influenciou a escolha do dia 25 de dezembro como o nascimento de Jesus Cristo. Essa data não é mencionada na Bíblia; ela foi reinterpretada, utilizando o simbolismo do solstício para representar Cristo como a luz do mundo. 

Desejo boas festas. 



dezembro 22, 2023

O SOLSTÍCIO - Bruno Macedo

 


O solstício corresponde ao instante em que o Sol atinge a sua declinação máxima ou mínima, dependendo do hemisfério em questão.

No solstício de Verão o Polo Norte apresenta uma inclinação de 23,5º em direção ao Sol, enquanto no solstício de Inverno o Polo Norte fica afastado do Sol com uma inclinação de 23,5º. 

No hemisfério sul (onde se encontra o Brasil), o solstício de verão acontece nos dias 21 ou 23 de dezembro e o solstício de inverno nos dias 21 ou 23 de junho.

Inversamente, no hemisfério norte, o solstício de verão acontece nos dias 21 ou 23 de junho e o solstício de inverno nos dias 21 ou 23 de dezembro.

Por ser o dia de maior noite no ano, o solstício de Inverno (21 de Dezembro, no hemisfério Norte e 21 de Junho no hemisfério Sul) é associado à morte, ao desconhecido ou à escuridão, enquanto que o dia de maior claridade (21 de Junho, no hemisfério Norte e 21 de Dezembro no hemisfério Sul) é associado a Vida ou à Luz (solstício de Verão).

Na antiguidade, as iniciações eram feitas sempre no solstício de Inverno, porque sendo o ultimo dia de maior noite, significava a marca do inicio do ciclo de dias de luz cada vez maiores; significava ainda a saída do mundo dos mortos (a noite, a escuridão), ou a entrada no mundo dos vivos (o dia, a Luz).

As iniciações tinham assim o significado de renascer, ou nascer de novo para a Luz; o renascimento assume assim o significado simbólico da vida que se renova, após a grande noite (morte).

No Egito antigo, os Faraós eram reiniciados a cada novo solstício de inverno.

As Pirâmides foram construídas em alinhamento para receber o Sol de frente à porta de entrada, exatamente no dia do solstício de Inverno.

Em diversas outras civilizações, as grandes obras de arquitetura foram construídas com este alinhamento e com este objetivo.

Acredita-se que, assim como os Romanos observavam o Solstício de Inverno, em homenagem ao deus Saturno, posteriormente chamado de “Sol Invencível”, esse costume também era observado pelas Guildas Romanas, os antigos Colégios e Corporações de Artífices, que nada mais eram do que a Maçonaria Operativa.

Porém, há fortes indícios de que a Maçonaria Especulativa, formada por europeus de predominância cristã e preocupados com a imagem da Maçonaria perante a “Santa Inquisição”, aproveitou a feliz coincidência das datas comemorativas de São João Batista (24/06) e São João Evangelista (27/12) serem muito próximas dos Solstícios, para relacionarem a observância dos Solstícios com os Santos de nome João, e assim protegerem a instituição e sua observação dos Solstícios da ignorância, tirania e fanatismo.

João Batista é o profeta que anuncia e prepara, no sistema iniciático, a vinda da Luz.

Ele ensina a humildade, a renúncia ao ego, sem as quais a iniciação e o progresso espiritual são impossíveis: "É preciso que ele cresça e que eu diminua" (João 3:30). 

Haverá expressão mais profunda deste sentido do que esta?

Pobre do Mestre que não aspire a ser ultrapassado pelo seu discípulo! 

São João Batista simboliza, assim, o grande iniciador, o Mestre sábio que prepara, humildemente, o caminho ao Aprendiz.

São João Evangelista, em contrapartida, representa o Irmão que recebeu a Luz e que a dimana na sua sabedoria, identificando-a com o Verbo e com o Amor. 

Tradicionalmente, tanto para o mundo oriental, quanto para o ocidental, o solstício de Câncer, ou da Esperança, alusivo a São João Batista (verão no hemisfério Norte e inverno no hemisfério Sul), é a porta cruzada pelas almas mortais e, por isso, chamada de Porta dos Homens, enquanto que o solstício de Capricórnio, ou do Reconhecimento, alusivo a São João Evangelista (inverno no hemisfério Norte e verão no hemisfério Sul), é a porta cruzada pelas almas imortais e, por isso, denominada Porta dos Deuses.

Nesse sentido, na Inglaterra, onde a primeira Obediência Maçônica do mundo, como se sabe, foi fundada em 1717, no dia de São João Batista, o antigo símbolo maçônico de um círculo ladeado por duas linhas paralelas, talvez um dos símbolos mais antigos da humanidade ainda em uso, teve a simbologia das linhas paralelas dos Trópicos de Câncer e Capricórnio, que possuem ligação direta com a observância dos Solstícios, transformados em São João Batista e São João Evangelista.

Ou seja, são Lojas Solsticiais e, antes de tudo, Lojas de São João.

Bom dia de solstício meus irmãos e seja bem vindo o *VERÃO*🙏




LÍNGUA É VIDA ! - Newton Agrella



Do jeito que a história está sendo escrita aqui no país, daqui a pouco, as chamadas figuras de linguagem de pensamento e de construção terão que ser exterminadas do vernáculo e da própria Língua Portuguesa como um todo.

O patrulhamento obsessivo da mídia e de um significativo contingente da autointitulada "elite intelectual"  tem se valido de toda e qualquer expressão linguística que envolva cores, formas ou gêneros, para interpretá-las, sem cerimônia, como instrumentos de ofensa ou de algum tipo de preconceito.

Importante registrar que a composição e estrutura de uma língua são fruto de uma imensa influência de fatores históricos, sociais, climáticos geográficos, étnicos e até mesmo religiosos, dentre tantos outros.

Tudo isso, contribui para que expressões que se consagraram na formação de uma língua, prosperassem e se sedimentassem como meio de comunicação, sem que necessariamente seus falantes estivessem imbuídos de carregar consigo, qualquer ideia ou noção de preconceito ou negatividade.

A transferência de significados e de tons pejorativos que se quer impor à linguagem, é descabida com relação a atitudes ou ações violentas ou preconceituosas que o ser humano despeja ao longo da vida.

Diferentemente do que um xingamento, ou o uso de maneira categórica e ofensiva de alguma expressão que denote a clara intenção de ferir, humilhar ou diminuir alguém, muitas expressões da Língua Portuguesa são analogias a repetidas situações socioculturais e comportamentais originárias de nossa própria história.

A herança cultural de uma língua obedece critérios que se adequam ao tempo e às circunstâncias, e portanto parecem inconsistentes quando se tornam objeto de monitoramento intermitente.

Ultimamente o que se percebe, é que as correntes anteriormente citadas têm empreendido uma instrumentalização política de nossa língua, agindo como verdadeiros censores, e de certa forma questionando até mesmo a legitimidade do exercício semântico seja no âmbito oral ou escrito.

O receio é que com essa postura tão intransigente e arrogante, as formas de expressão linguística ou até mesmo artísticas, sofram um processo de mecanização, tirando das pessoas a espontaneidade e capacidade de se manifestarem naturalmente.

O preconceito não está contido ou embutido na linguagem, mas sim,  na maneira despudorada com que as pessoas se tratam, se agridem e se desrespeitam.


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NINGÉM PODE SERVIR A DOIS SENHORES - Léo G. Santos


A sentença “Ninguém pode servir a dois Senhores” é parte de um preceito religioso ou regra de costumes, às vezes usado pelos críticos da Maçonaria, quando a tratam como uma religião.

Tratam-se de críticas desinformadas ou mal informadas.

A desinformação ocorre quando se sustenta dogmas que impedem o pretenso crítico de ser um livre pensador.

Por outro lado, há a má informação.

Muitos equívocos divulgados, até por Maçons, podem sustentar falsas criticas:

Não existe “Casamento Maçônico”. O que há é uma cerimônia de Reconhecimento Conjugal.

Não temos, na Maçonaria, nem sessão preta nem “Sessão Branca.” Existem Sessões Públicas.

E o Grande Arquiteto do Universo não é nosso Deus. É um Princípio (início, razão, regra, fundamento) Criador. Portanto, não é o Senhor dos Maçons.

A Maçonaria não é uma religião, não presta culto a nenhuma divindade, não difunde entre seus membros regras que garantirão o paraíso e muito menos obriga a todos seguirem uma mesma liturgia religiosa.

Mas a crença em um Ser Superior, tenha o nome que tiver, é obrigatória.

Pois, até mesmo o homem mais primitivo reconhece sua pequenez diante da complexidade da natureza e sente, em tudo que lhe rodeia, uma força que não consegue explicar e que lhe causa profundo respeito.

Para nós, o título de “SENHOR” não nos representa o respeito pela dignidade de alguém.

Mas sim ao nosso comportamento diante de situações e escolhas que fazemos na vida.

A simbologia está claramente expressa no Pavimento Mosaico: Podemos caminhar sobre várias alternativas, mas, ao pararmos, estaremos onde escolhemos estar.

Caminhamos por estradas tortuosas com entradas para as virtudes e vícios, verdades e mentiras, honra e lubricidade.

A cada trevo há o desvio, sempre voluntário e individual. 

O resultado pode ser o ponto final, onde nos relacionamos com o ambiente.

Esta sim será a relação de senhorio.

Assim como nos feudos medievais, as leis eram criadas por um Senhor.

Se ele for um bom Senhor, haverá virtudes, verdades e honra em sua vida.

Mas, se houver vícios, mentiras e libidinagem, estará sob o jugo da escravidão.

SOMOS NÓS QUE DIRECIONAMOS NOSSA VIDA.

EM ESSÊNCIA, NOS TORNAMOS NOSSOS PRÓPRIOS SENHORES, PELA CARTA DE ALFORRIA QUE NOS FOI DADA PELO SENHOR DEUS, QUALQUER QUE SEJA A SUA DENOMINAÇÃO.

ESTA CARTA DE ALFORRIA CHAMA-SE LIVRE ARBÍTRIO.

NASCEMOS LIVRES E DE BONS COSTUMES.

MAS, DURANTE NOSSO CRESCIMENTO SERÃO NOSSAS ESCOLHAS QUE NOS MANTERÃO OU NÃO NESTA CONDIÇÃO.

Em uma livre adaptação maçônica da Lei, poderemos dizer:

Ninguém pode servir a dois senhores, porque não há de honrar um e enganar o outro, ou mentir para um e dizer a verdade ao outro.

Não se pode com a boca falar o que fazer e com as ações contradizer sua própria fala.

O Verdadeiro Maçom não se acovarda perante o desafio da sinceridade e da Transparência de seus atos para subjugar suas ações ao agrado de grupos oportunistas.

O Verdadeiro Maçom é LEAL com sua consciência, o seu próprio SENHOR.

Não podeis servir à Virtude e ao Vício...

A História se escreve pela Virtude da Humildade e não pelo Vício das VAIDADES...



VIGILANTES - Rui Bandeira



Os membros das Lojas Maçónicas estão divididos em três categorias, Aprendiz, Companheiro e Mestre, segundo a sua antiguidade e a sua evolução na tarefa de autoaperfeiçoamento que constitui o desiderato maçónico

Os Vigilantes são os elementos das Lojas que têm a função de acompanhar, orientar e auxiliar, os Companheiros (1.º Vigilante) e os Aprendizes (2.º Vigilante), quer na sua integração na Loja, quer no conhecimento e compreensão dos princípios e valores maçónicos, instrumentos para o pretendido autoaperfeiçoamento pessoal, ético e moral.

Esta tarefa é sobretudo individual, pelo que os elementos que as Lojas designam para acompanhar esses obreiros não têm como função ensinar, antes auxiliar, estar atentos às necessidades e ao desenvolvimento de cada elemento a seu cargo, em suma, estar de vigília junto dos elementos que tem a seu cargo, em ordem a poderem, sempre que e quando necessário, intervir, sugerir, esclarecer e, assim, auxiliar a desejada evolução de cada um deles. 

Daí a designação de Vigilantes.

Constituindo a principal tarefa de uma Loja Maçónica o autoaperfeiçoamento, constante e contínuo dos seus membros, com o auxílio do grupo (tarefa nunca finda), obviamente que se tem especial cuidado com os elementos mais recentes, que é suposto serem os que mais necessitam desse apoio. 

Assim, os Vigilantes são, imediatamente após o Venerável Mestre, os elementos que exercem as funções de maior responsabilidade da Loja. 

Normalmente, são designados para as funções de Vigilantes maçons experientes, que exerceram já diversas funções em Loja e que, por isso, a conhecem bem. 

Procura-se assim auxiliar a rápida e frutífera integração dos novos elementos no grupo e nos seus Princípios, Valores e Ideais.

O 1.º Vigilante simboliza a Força (fortaleza de carácter, força moral, mas tembém a força concreta das ações, no sentido em que toda a obra, toda a construção, humana só persiste se tiver força para se manter, por si só). 

O 2.º Vigilante simboliza a Beleza (beleza das virtudes morais, mas também a beleza que se deve procurar imprimir em todos os nossos atos e em tudo o que construímos; "forte e feio" é, manifestamente, menos perfeito que "forte e belo").

Ao conjunto constituído pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes é costume dar-se a designação de "Luzes da Loja", pois que a iluminam com as três qualidades que devem nortear todos os atos e obras de um maçom: Sabedoria, Força e Beleza.

*Todas as decisões relativas à Loja que necessitem de ser tomadas entre reuniões são tomadas em conjunto por estes TRÊS ELEMENTOS .*


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dezembro 21, 2023

DA TRANSPARÊNCIA - Heitor Rodrigues Freire


“Haz  como si vivieras entre paredes de cristales”

Dorila Rodriguez de Freire

As vicissitudes da vida moderna, com todas suas exigências e modismos, aceleram nossas atitudes, criam ilusões, e acabam por mascarar e esconder as verdadeiras oportunidades que a encarnação nos proporciona.

Passamos a privilegiar o ter, em detrimento do ser. O que passou a ter valor é a forma física, a exibição de privilégios, o carro do ano, a aparência acima de tudo, numa total inversão de valores.

A soberba, a ganância e o egoísmo passaram a ocupar um lugar proeminente no concerto geral das coisas.

A simplicidade, a humildade e a sinceridade foram trancadas num armário fechado com a chave escondida. A vida, cada um de nós tem a sua, e vivê-la com consciência coroa um trabalho verdadeiro. Não precisamos e não devemos imitar ninguém.

Aprendi que no universo existem as leis universais – com o perdão pela redundância –, das quais destaco:  a Lei do Retorno, que determina que tudo o que fizermos, seja lá o que for, voltará multiplicado; a Lei da Verdade, que ensina que ela sempre prevalecerá, mais cedo ou mais tarde; e, por fim, a Lei do Mérito, que premiará as nossas iniciativas merecedoras de reconhecimento.

A falta de transparência em nossas atitudes e comportamentos caracteriza um desajuste, pois denota ações realizadas em função do interesse próprio, e não em harmonia com o bem da coletividade.

Outro fator que frequentemente nos conduz a atitudes equivocadas é a suposição. A suposição é a ação ou efeito de supor ou considerar algo como existente, dar existência àquilo que não existe, mas que se pretende adivinhar por meio de indícios ou sinais que não correspondem aos fatos, mas que exercem uma influência que pode ser decisiva. É preciso vencer a barreira da suposição. 

Suposições não são fatos, mas noções subjetivas, generalizadas, que não carecem de prova para serem validadas. São simples suposições que podem virar espuma.

Devemos nos tornar observadores atentos a tudo que nos cerca e nos influencia, para fazermos uma avaliação consciente e individual, sem acrescentar maior significado a um evento. Essa atitude simples contribui para o senso de imunidade em relação a acontecimentos imaginários. Observo que muitas pessoas se emprenham pelo ouvido, sem analisar criteriosamente as informações que chegam.

O que deve prevalecer é a busca do autoconhecimento que nos orientará e fornecerá segurança interna, pois todos somos capazes de desvendar a verdade dos fatos com nosso discernimento, dependendo unicamente de utilizar as ferramentas certas que nos conduzirão de forma clara aos nossos objetivos.

“Haz como si vivieras entre paredes de cristales” – este ensinamento era frequentemente repetido pela minha mãe, dona Dorila, aos filhos, como se fosse um mantra, e muito me orientou para a verdadeira coerência entre a palavra e o comportamento, a transparência em meus atos, e tem me servido desde sempre como um farol a iluminar o meu caminho.

Minha mãe era uma mulher sábia e experiente, soube superar desafios, com simplicidade e determinação, sem se dobrar às circunstâncias adversas que surgiram em seu caminho.

Meus pais, Luiz e Dorila, com seus exemplos, deixaram para nós uma herança imorredoura, forjando o caráter de cada um de nós. Meu pai inculcou em nosso espírito a disciplina espartana, e minha mãe, com sua doçura, amor e simplicidade, a filosofia ateniense. É uma herança que procuro transmitir às minhas filhas, genros e netos.


O VELHO TESTAMENTO DA MAÇONARIA


 

O judaísmo é uma doutrina de vida. Esta doutrina não é nem pretende ser, uma teoria abstrata que se destina apenas preparar as pessoas para a bem aventurança no mundo a vir, mas ser um guia para uma vida plena neste mundo. Como doutrina de vida, o Judaísmo tem uma atitude positiva para com a vida, antepondo otimismo ao pessimismo, alegria à tristeza, sociabilidade à reclusão.

A respeito do título de Povo Eleito ao povo hebreu, este conceito bíblico não pretende dizer “superioridade”. O “povo eleito” quer dizer o povo o qual recebeu uma missão na Terra. “Eleito” para desempenhar um importante papel, isto é, de introduzir o monoteísmo e derrubar o politeísmo entre os povos da época. “Ser eleito” não deu privilégios ao povo judeu, pelo contrário, trouxe enormes deveres morais e pesados encargos. O conceito de “povo eleito” não está por isso, em contradições com a filosofia judaica de igualdade entre os homens. Portanto, pertencem ao “povo eleito” todos aqueles que praticam o monoteísmo.

MONOTEÍSMO  E  ÉTICA

O politeísmo, isto é, a multidão de divindades, implica numa multidão de cultos e uma multidão de normas, o que um deus censura, o outro aprova; os deuses locais ou nacionais, brigam entre si, e o mesmo acontece entre os deuses do mesmo panteão. O monoteísmo estabeleceu pela primeira vez na história, uma só norma para toda a humanidade.

Segundo o Judaísmo, o princípio básico da vida é a maneira mais autêntica de adorar a Deus. É a imitação das virtudes divinas: Como Deus é Misericordioso, assim também devemos ser compassivos. Como Deus é Justo, assim devemos tratar com justiça o próximo. Como Deus é Perfeito, assim devemos nos aprimorar para sermos perfeitos nas boas ações. Como Deus é Tolerante, assim também devemos ser tolerantes em nossos julgamentos.

A Bíblia hebraica, ou Velho Testamento, como é conhecido pelos outros povos, é o Pentateuco, ou Lei de Moisés, em hebraico Torá, compreende o conjunto de cinco livros da Bíblia, que são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, nomes derivados do grego. A autoria do Pentateuco ou Torá é atribuída a Moisés, que o escreveu sob inspiração divina.

Os princípios básicos do Judaísmo, que se pode considerar como fundamento da democracia são:

Deus não fez distinção entre os homens levando em conta credos, cor ou distinção social, todos os homens são iguais a Seus olhos.

Todo homem é guarda do seu irmão, cabe-nos responsabilidade tanto pelas faltas  de nosso semelhante quanto pelas suas necessidades.

Feitos a imagem de Deus, todos os homens dispõe de infinitas possibilidades para o bem, por conseguinte, o papel da sociedade é destacar o que há de melhor em cada pessoa.

A liberdade deve ser apreciada acima de todas as coisas, logo, as primeiras palavras dos Dez Mandamentos descrevem Deus como o Grande Libertador.

A Torá legou a humanidade o seu magno princípio “ Amarás o teu semelhante como a ti mesmo”. Há um versículo na Bíblia, em Gênesis, que ensina que Deus criou o homem à Sua imagem, que pode ser interpretado como se o homem não fosse dotado de inteligência e alma, não se poderia exigir dele que amasse ao próximo como a si mesmo. Na 

Torá precisamente no Talmud, que é o estudo da Torá, nos relata que o homem é intitulado “sócio de Deus” no aperfeiçoamento do mundo, pois a ele foi entregue a tarefa de “dominar a natureza, não por força de milagres e fenômenos sobrenaturais, mas por esforço próprio”. Foi para este fim que “ Deus criou o homem à Sua imagem ”, isto é, dotou-o de inteligência.

Entre todos os monumentos escritos das antigas civilizações, é a Bíblia o único escrito antigo com a visão de uma fraternidade humana universal. Somente o monoteísmo permitiu conceber a unidade da humanidade. O politeísmo dividiu a terra em fragmentos autônomos, tendo cada um a sua tribo separada e a sua divindade privada; até as aspirações de um Platão não superam o sonho de uma Grécia unida. No monoteísmo, a terra e seus povos são um, os “filhos dos Etíopes” como os “filhos de Israel”. O monoteísmo une, o politeísmo divide.

Conceitos de igualdade e fraternidade encontramos em vários relatos do Talmud (que é o estudo da Torá): - Por que, pergunta um Mestre do Talmud, criou Deus, no princípio um só Adão e não muitos?

Para que alguns homens não se considerassem superiores a outros, e não se orgulhassem de sua linhagem dizendo: - Eu sou descendente de um Adão mais distinto que vocês.

Os dois princípios básicos do ideal ético do Judaísmo, que é essencialmente democrático são a fraternidade e a igualdade.

Entre todas as correntes do pensamento antigo, foi o Judaísmo o primeiro a postular o ideal ético de igualdade e liberdade. Este ideal não se restringe apenas a Israel bíblica, mas a toda espécie humana.

Comparando as relações sociais entre os povos antigos, em especial a Esparta, Atenas e Roma de um lado, e Israel do outro, a diferença ao tratamento com o estrangeiro resumia-se que na Grécia e em Roma haviam três escravos para cada cidadão. Para Grécia e Roma, os “direitos do homem” se limitavam a seus cidadãos, todos os outros eram “bárbaros”. Isócrates dizia: “A diferença entre gregos e os bárbaros, não é menor do que a diferença entre o homem e o animal”, e Eurípedes proclamava: “É justo que os bárbaros sejam subjugados pelos gregos, pois estes são homens livres e aqueles são de natureza, escravos”.

No império romano havia no século 1, nada menos de 20 milhões de escravos, na maior parte de estrangeiros. Em Esparta e Atenas, por exemplo, os estrangeiros só podiam permanecer um tempo muito curto, passado o qual, recebiam a ordem de sair do país. Em Atenas se um forasteiro quisesse permanecer, tinha que arranjar um patrão entre os cidadãos, e além de pagar impostos, era despojado de seus bens e de sua liberdade.

Entre os judeus, ao contrário, havia... Uma mesma lei e um mesmo direito para vós e para o estrangeiro que peregrina convosco (em Números 15: 5). Uma mesma lei haja para o natural e para o estrangeiro (em Levítico 19: 33 e 34). “ E quando o estrangeiro peregrinar contigo na vossa terra, não o oprimireis. Como um natural será o estrangeiro entre vós e o amarás como a ti mesmo (também em Levítico 19: 33 e 34).

Ao ideal Platônico limitado a uma “Grécia unida”. Isaias se antecipou quatro séculos antes com sua visão igualitária, proclamando em nome do Eterno: “E aos filhos dos estrangeiros, também os levareis ao Meu santo monte, e os festejareis na Minha casa de oração, porque a Minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos” (Isaias 56: 6 e 7)”.

Nada menos de 49 passagens da Bíblia se referem ao estrangeiro, para proteger seus direitos como homem livre e em nome da fraternidade humana. Esta igualdade foi formulada de um modo muito claro e minucioso: “Alimenta-se aos pobres dos estrangeiros como aos filhos de Israel; enterra-se a seus mortos, como aos de Israel; e os aflitos dos estrangeiros se atende da mesma maneira como se faz com os aflitos de Israel”.

O princípio de igualdade entre os homens e de fraternidade humana universal, supera todas as considerações de origem e cor, crenças religiosas ou classes sociais. Nós o encontramos na Bíblia quando interpretamos: “Deus não repele nenhuma criatura; as portas estão abertas; entre quem quiser. Todos são iguais perante Deus; as mulheres como os homens, os servos como os amos, os pobres como os ricos”.

Finalizando podemos afirmar que o Judaísmo como filosofia de vida, se resume em uma só fórmula esquematizada: O Judaísmo tem como ponto de partida o monoteísmo ético da Bíblia, como princípios básicos e normativos a Justiça (ou fazer Justiça), consequentemente a Democracia, espelhada na Liberdade, na Igualdade e na Fraternidade. 

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Fonte: Grupo Olho de Luz

A BIBLIOTECA DO TRINITY COLLEGE - Fagner Oliveira

 


A Biblioteca da Trinity College, com mais de 300 anos, é um tesouro literário situado em Dublin, Irlanda. Construída em 1732, abriga uma impressionante coleção de 200,000 dos livros mais antigos da biblioteca. Esta joia cultural é um testemunho do rico legado acadêmico e histórico da Trinity College.

Com suas imponentes estantes de madeira e arquitetura clássica, a biblioteca é não apenas uma instituição de conhecimento, mas também uma obra de arte visualmente deslumbrante. Seus corredores repletos de livros contam a história de séculos passados, proporcionando uma experiência única para os amantes da leitura.

A importância cultural desta biblioteca transcende suas paredes, conectando gerações através do conhecimento contido em suas páginas. É um farol intelectual que ilumina o caminho para a compreensão e apreciação da riqueza da história e da literatura irlandesas.

E agora, uma leve piada para os apaixonados por leitura: Por que os livros têm um ótimo desempenho? Porque eles sempre têm uma boa capa! 📚✨

Ficou bem evidente que o meu forte não é o humor rsrsrs

#TrinityLibrary #CulturaIrlandesa #AmoLer #HerançaLiterária #BibliotecaHistórica

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dezembro 20, 2023

LEMBRANÇA: CEF DOA 50 CESTAS DE NATAL







Nesta mesma data, 20 de dezembro, em 2014, há nove anos, fiz a  palestra "O caminho da Felicidade" para os funcionários da Diretoria Jurídica da CAIXA, durante a confraternização de Natal, na linda chácara do Dr. Leonardo, advogado da instituição, situada  nas colinas de Planaltina. 

Cerca de 80 servidores daquela Diretoria participaram do evento que durou o dia todo e que além do delicioso almoço ainda teve passeios de mula, dinâmicas de grupo e diversas brincadeiras. 

Cinquenta cestas de Natal foram doadas pelos servidores, que se cotizaram, como retribuição da palestra. A Caixa, assim como o Banco do Brasil, foram constantes parceiros nesta missão de beneficência. 

Fiz palestras em mais de 200 agências da CEF e do BB, em vários estados e inclusive nos edifícios sede de ambas as instituições em Brasília e a arrecadação somada dos alimentos doados por elas ultrapassou as 60 toneladas.

Só me resta agradecer e rogar as divinas bênçãos. 

AS CRUZADAS - final

 


Fatos Notáveis

Diante dos desmandos e da sandice religiosa que antecederam a transformação da Maçonaria Operativa em simbólica, alguém tinha que reagir a esse estado caótico de coisas. Alguns dos próprios sacerdotes, contrários àquela vexaminosa e vergonhosa perseguição religiosa, aliaram-se aos cadetes (nobres de sangue que não que só assumiam o poder em caso do impedimento do primogênito) e deram início a uma silenciosa resistência passiva. Reuniões eram efetuadas nos mais diversos e reservados lugares, com o finco de se discutir os desmandos da Igreja.

Como o poder era transferido por hereditariedade, aqueles que ousassem participar de uma reunião em público ou mesmo reservada, cujo fato chegasse ao conhecimento dos donos do poder, fatalmente seriam punidos com a pena capital. Isto porque, qualquer reunião fora ou dentro do espaço monárquico (todo o território sob o seu comando) era considerada conspiração contra o Rei e contra a Igreja. Por esse motivo, as oficinas dos pedreiros livres ou engenheiros e arquitetos daquela época (os maçons atuais), no mais das vezes, serviam de espaço para acobertar os descontentes da monarquia e da igreja. As oficinas dos pedreiros livres não eram objetos de suspeitas, porque todos os seus membros, em princípio, eram pessoas livres e de bons costumes. Seus membros tinham por dever iniciático de comportarem-se como pessoas puras, honestas e obedientes às determinações e decisões dos poderes constituídos.

Ser pedreiros livres era uma profissão quase nobre, já que a maioria dos seus membros era, também, os intelectuais, matemáticos, astrônomos, engenheiros, arquitetos e professores da época. Entre eles destacavam-se os sacerdotes mais brilhantes das monarquias, os grandes intelectuais daquele e de outros tempos idos. Os iniciados na arte de construir faziam parte de uma casta privilegiada, cujo prestígio era inabalável. Motivo pelo qual, num sistema de governo no qual quase todos senão todos eram escravos, os pedreiros podiam ir vir a qualquer outro país sem a necessidade de maiores delongas. Além disto, eles eram dispensados dos impostos. Pois, quase sempre eram requisitados para construírem em outros países, devido a alta capacidade e habilidade profissional, não lhes sendo exigidos o pagamento de tributos por nenhum dos poderes, o que era, de certa forma, mais que justo. Daí vem o atributo de pedreiros livres, já que podiam ir e vir livremente e eram dispensados dos tributos. Como conseqüência das reuniões que se realizavam nas dependências das oficinas dos pedreiros livres, sem maiores censuras, os nobres, o clero e os próprios pedreiros livres se conscientizaram de que era necessária a adoção de um novo posicionamento face às pressões dos poderes constituídos. Selou-se, então, a resistência passiva que deu início à reação contra a Igreja e o Poder Monárquico. O resultado foi a queda da monarquia imperialista. A seguir, vejamos a cronologia dos antecedentes que deram origem a transição da Maçonaria Operativa para a Simbólica, cujo maior estímulo foram as matanças religiosas, as Cruzadas e seus sucedâneos. by Reivax.

1095. Aleixo I Comneno, imperador bizantino, envia uma embaixada ao papa Urbano II, para lhe pedir ajuda. Ainda na primavera, o papa Urbano II inicia a sua viagem a França. Em 18 de Novembro, deu-se a abertura do Concílio de Clermont. A 26 de Novembro, Urbano II lança o seu apelo à Cruzada.

1096. Abril, parte a Cruzada popular dirigida por Pedro, o Eremita, e Gautier Sans Avoir.  Massacres de judeus na Renânia. A 6 de Julho, realiza-se o Concílio de Nimes, quando Urbano II confia a Raimundo de Saint-Gilles o comando de uma das expedições à Terra Santa. A 01 de Agosto, a Cruzada popular chega a Constantinopla. No verão, deu-se a partida da Cruzada dos barões (Godofredo de Bulhão; Raimundo IV conde de Toulouse; Boemundo de Tarento; Estêvão conde de Blois; Tancredo de Hauteville e Roberto II, Conde de Flandres). O imperador alemão, Henrique IV, e o rei de França, Filipe I, estando excomungados, não puderam dirigir a Cruzada. Em 21 de Outubro, as tropas turcas e búlgaras do sultão de Niceia, Kilij Arslan, aniquilaram a Cruzada popular na Anatólia. Pedro, o Eremita escapa ao massacre e foge para Constantinopla. Em 23 de Dezembro, Godofredo de Bulhão chega em Constantinopla. O imperador de Bizâncio exige, e obtém, após muitas recusas, a promessa de restituição das terras e das cidades retomadas aos muçulmanos, e a aceitação da sua soberania sobre as novas conquistas.

1097 Em fim de Abril, o exército dos barões abandona Constantinopla, passando para a Ásia Menor. Em maio, Tiro cai nas mãos dos Fatimidas do Egito. Em junho, ocorre a tomada de Nicéia pelos cruzados, restituída a Bizâncio. A 1 de Julho, registrou-se a vitória franca contra o sultão turco de Iconium (Konya), em Dorileia. Em 13 de setembro, os cruzados dividem o exército em duas forças, em Heracléia. Ainda em 20 de outubro, os cruzados atingem a Antioquia, e começa o cerco. A 15 de Novembro, Balduíno de Bolonha abandona o campo dos cruzados e toma a direção de Edessa.

1098. Em fevereiro, os Bizantinos abandonam o cerco de Antioquia. Balduíno chega a Edessa. Em março, Balduíno de Bolonha proclama-se príncipe de Edessa, após a morte de Thoros, príncipe armênio, que lhe tinha pedido ajuda e o tinha adotado. Funda assim o primeiro Estado Latino do Oriente. Em 3 de Junho, deu-se a tomada de Antioquia pelos Cruzados. Boemundo I de Tarento, chefe dos normandos da Itália meridional, recusa devolvê-la aos bizantinos e proclama-se príncipe de Antioquia. A 4 de Junho, os cruzados são cercados em Antioquia por um exército de socorro, comandado por Kerbogha, enviado pelo Sultanato seljúcida da Pérsia. Em 14 de Junho, Pedro Bartolomeu descobre a Santa Lança debaixo das lajes de uma igreja de Antioquia.  Em 28 de Junho, os cruzados de Antioquia derrotam as forças sitiantes muçulmanas. A 26 de Agosto, os Fatimidas ocupam Jerusalém. Em 12 de dezembro, os cruzados apoderam-se de Maarat An Noman, na Siria. A população é massacrada e a cidade destruída.

1099. Em 13 de Janeiro, os Francos retomam a sua marcha para Jerusalém. A 2 de Fevereiro, o exército passa por Qal’at-al-Hosn, o futuro Krak dos Cavaleiros. Em 7 de Junho, o exército franco chega a Jerusalém. Em 13 de Junho deu-se o primeiro assalto à cidade, sem qualquer preparação prévia, o que culminou em uma imperdoável falha. A 10 de Julho, ocorreu o assalto a Jerusalém. A muralha circundante foi atravessada. Em 15 de Julho, firmou-se a conquista de Jerusalém pelos cruzados, seguindo-se o massacre da população muçulmana e judia. Em, 22 de Julho, Godofredo de Bulhão foi eleito rei de Jerusalém pelos barões, aceitando apenas o título de defensor do Santo Sepulcro. Em 01 de Agosto, Arnoul Malecorne, patriarca de Jerusalém, foi substituído. A 12 de Agosto, os Francos derrotam os Egípcios em Ascalon, na costa mediterrânica, a norte de Gaza.

1100. Deu-se o acordo comercial entre Veneza e o Reino Franco de Jerusalém.

Ainda nesse ano, em 18 de Julho, ocorreu a morte de Godofredo de Bulhão. Balduíno de Bolonha, irmão de Godofredo, príncipe de Edessa, é coroado primeiro rei de Jerusalém em Belém, no dia 25 de Dezembro.

1100-1101. Tivemos as cruzadas de socorro. A primeira foi a Cruzada lombarda, dirigida pelo arcebispo de Milão, Anselmo du Buis, Raimundo de Saint-Gilles, Estêvão-Henrique, conde de Blois, Estêvão, conde da Borgonha e o primeiro oficial do Santo Sepulcro, Conrado. A segunda, foi a Cruzadas de Nevers e a terceira foi a Cruzada da Aquitânia. Nenhuma delas conseguiram atravessar a Ásia Menor, sendo sucessivamente vencidas por uma coligação dos diferentes potentados turcos da Anatólia.

1101. Em março, Tancredo de Hauteville, um dos chefes da primeira Cruzada, abandona Jerusalém, regressando ao Ocidente por Antioquia. Em 17 de maio desse mesmo ano, os francos tomam Cesareia.

1102. Raimundo de Saint-Gilles toma Tortosa e registra-se a vitória de Balduíno em Ramla.

1103. Deu-se o início do cerco de Trípoli pelos Francos.

1104. Em 7 de maio, ocorreu a derrota dos Francos em Harran: Balduíno du Bourg foi feito prisioneiro e deu-se o detimento do avanço da Cruzada na Mesopotâmia, que se dirigia para Mossoul, no rio Tigre. Em 26 de maio, os cruzados tomam Acre com a ajuda de uma esquadra genovesa.

1105. Em 28 de fevereiro, Raimundo de Saint-Gilles morre em Mont-Pèlerin, durante o cerco de Trípoli, sendo sucedido por Bertrand de Saint-Gilles.

1105 – 1113. Os “Assassinos” redobram suas atividades.

1108. Conflito entre Tancredo e Balduíno du Bourg a propósito da restituição de Antioquia a este último.

1109. Em julho, Trípoli cai na mão dos Francos. O conde Bertrand conquista finalmente a cidade de que é titular.

1110. Conquista do Castelo Branco (Safita) e do Krak dos Cavaleiros.

1111. Mawdud, emir ortoqida de Mossul, ataca os Francos, e massacra a população de Edessa quando esta se dirigia para a margem ocidental do rio Eufrates.

1113. Foi publicada a Bula do papa Pascoal II reconhecendo oficialmente a ordem do Hospital de São João de Jerusalém.

1115. Conquista pelos francos do castelo de Shawbak (Montréal), a sul do Mar Morto.

1118. Morte do imperador Aleixo Comneno; a sua filha Ana começa a redação da Alexíada. Em abril, ocorreu a morte de Balduíno I; sucede-lhe Balduíno du Bourg.

1119. Batalha de Ager Sanguinis (do campo de sangue). O emir el Ghazi, de Diyarbakir aniquila o exército franco de Antioquia, pertp de Atareb.

1119 – 1120. Nove cavaleiros ocidentais fundam, em Jerusalém, a Milícia dos Pobres Cavaleiros de Cristo, que mais tarde se constituiu na Ordem dos Cavaleiros Templários. Para alguns estudiosos essa fundação ocorreu em 1118 e para outros, ela teria surgido, de fato, em 1114.

1123. Em 29 de maio, os Egípcios foram derrotados em Ibelin pelo primeiro oficial do rei, Eustáquio Garnier, regente do reino durante o cativeiro de Balduíno II.

1124. Em 7 de Julho, ocorreu a tomada de Tiro pelos cruzados.

1129. Em Janeiro, deu-se o Concílio de Troyes: a Ordem do Templo (os Cavaleiros Templários) foi oficialmente reconhecida pelo papa Honório III. Em 18 de junho, Zinki instalou-se em Alepo e fez apelo à Jihad contra os Francos.

1131. Em 14 de setembro, morreu Balduíno II; Foulques V, de Anjou, rei de Jerusalém.

1135. O Hospital de São João de Jerusalém transformou-se em ordem militar.

1142. O Krak dos Cavaleiros foi cedido aos Hospitalários de São João.

1143. Em 25 de Dezembro, Zinki, atabaque de Alepo e de Mossul, toma Edessa.


AS CRUZADAS - parte 4




A Segunda Cruzada – 1147

Edessa foi tomada em 1144 pelo atabegue Mossul. Promovida por São Bernardo (Vézalay, 1146) e apoiada pelo Papa Eugênio III, a segunda cruzada foi integrada pelo rei da França, Luis VII e o imperador da Alemanha Conrado III. Os dois exércitos dessa expedição desceram o Danúbio em1147 e alcançaram a Antioquia e Acre por mar em 1148. Após ter sitiado Damasco em 1148, a desorganização das expedições e os desentendimentos entre os chefes cruzados resultaram numa fragorosa derrota. Assim, eles retornaram ao Ocidente em 1149, sem haver tentado libertar Edessa. Os muçulmanos resolviam suas diferenças a seus modos e, do ponto deles, sob o signo do combate aos infiéis. Saladino retoma Jerusalém em 1187.

SALADINO

Saladino, nascido Salah-ed-Din Yusuf, o grande sultão do Egito e da Mesopotâmia, um dos maiores líderes muçulmanos na história dos Cruzados, cujo caráter cavalheiresco causava a admiração dos amigos e dos inimigos, Reunificou todos os povos árabes contra os Cruzados.

Saladino era filho de um chefe curdo. Os curdos, que deram o nome da região montanhosa conhecida como Curdistão, eram um povo de origem iraniana, muito corajoso e apaixonado pela liberdade. Saladino não era um semita, mas indo-europeu. Em 1187 proclamou a guerra santa e invadiu a Palestina. O sangrento encontro com o rei de Jerusalém deu-se junto ao lago de Tiberíade. O exército cristão foi completamente derrotado e o rei feito prisioneiro. Depois da vitória de Tiberíade, Saladino apoderou-se de todas as praças forte que rodeavam Jerusalém e pôs, por fim, cerco à cidade. As grandes destruições causadas pelas máquinas de assédio tiraram a coragem dos defensores, que pediram um armistício. De início, Saladino recusou. “Eu quero conquistar Jerusalém como os cristãos o fizeram há noventa anos. Massacrarei todos os homens e escravizarei todas as mulheres. Amanhã conquistaremos a cidade”. Os cristãos responderam: “Se temos de renunciar toda a esperança de negociações, bater-nos-emos desesperadamente até o último homem, poremos fogo às casas e destruiremos os santuários. Os cinco mil prisioneiros muçulmanos que temos em nosso poder serão massacrados. Preferimos destruir todos os nossos bens a deixá-los para vós e mataremos os nossos filhos. Ninguém ficará vivo e perdereis todos os frutos da vossa vitória”. Esta resposta orgulhosa obrigou Saladino a refletir e a reunir um conselho de guerra. Estes aconselharam-no a aceitar a capitulação de Jerusalém mediante um determinado resgate por habitante. Com estas condições, a cidade rendeu-se. Eis, pois, a cidade santa em poder dos infiéis. Entre os gritos de alegria dos muçulmanos e as lamentações dos cristãos, as igrejas foram transformadas em mesquitas. As cruzes foram arrastadas pela lama dos caminhos e os sinos despedaçados. Mas depois do pagamento do resgate, os cristãos foram autorizados a abandonar a cidade. Vários milhares de cristãos pobres que não tinham como pagar o resgate foram, apesar disso, postos em liberdade. Saladino mandou-lhe mesmo distribuir esmolas. Mal esses desgraçados tinham saído das fronteiras da Terra Santa, foram perto de Trípoli, na Síria, atacados e despojados pelos próprios correligionários. Depois da queda de Jerusalém, toda a Palestina se encontrava em poder de Saladino. O Grande Saladino morreu com 55 anos deixando 17 filhos.

A Terceira Cruzada – 1189

Com a notícia da tomada de Jerusalém, o Papa Gregório VIII pregou a terceira cruzada. Participaram dela Ricardo Coração de Leão, Rei da Inglaterra de, 1189 a 1199, que nasceu em Oxford em 1157, filho de Henrique II a quem sucedeu no trono. Foi “mau filho, mau irmão e mau rei”. Originando-se seu cognome, coração de leão, de “suas numerosas aventuras e louca bravura”, revelada em inúmeros torneios, adquirindo grande reputação. Ardente e ambicioso, revoltou-se contra o pai, que ao morrer amaldiçoou Ricardo. Ricardo se juntou com os reis Frederico Barba Roxa, Imperador do Sacrossanto Império Romano-Germânico e Felipe Augusto da França, e partiram para a cruzada. Barba Roxa seguiu por terra, abateu os turcos na Ásia menor, e morreu afogado acidentalmente por haver-se banhado ao sair de copiosa refeição, na Cilícia, atravessando o Sélef (Anatólia) – hoje Goksu. Ricardo e Felipe Augusto chegaram ao Oriente por mar e ajudaram os Cristãos da Síria a tomar a cidade de São João d´Acre (1191). Entre os gritos de alegria que saudavam a tomada da cidade, Ricardo Coração de Leão, arrancou o estandarte do Duque Leopoldo da Áustria, que foi o primeiro a ocupar a praça, jogou-o a lama, e colocou no lugar o estandarte da Inglaterra. Este ato iria causar graves conseqüências para Ricardo no futuro, apesar disso, Ricardo não mostrou melhor relacionamento com os aliados franceses. Felipe Augusto voltou à França, com a maior parte de seu exército, deixando poucos homens sob o comando de Ricardo. Agora sozinho no comando, Ricardo Coração de Leão tinha tempo para maravilhar cristãos e muçulmanos com sua louca bravura. Sua primeira ação foi mandar matar 3000 prisioneiros muçulmanos dos quais Saladino não se apressava a pagar o resgate com urgência exigida. Em vez de marchar para Jerusalém, Ricardo deixou-se levar pelo astucioso sultão, assaltando uma série de praças fortes ou a fazendo emboscadas as caravanas. O tempo era aproveitado pelo sultão para preparar a defesa de Jerusalém. Ricardo fazia tudo para inspirar o temor aos muçulmanos, ao mesmo tempo em que tentava conquistar a amizade de seu adversário. Ricardo e Saladino enviavam presentes um ao outro. Quando Ricardo se lançou contra Jafa, a fim de libertar os cristãos que ali se encontravam sitiados, o seu cavalo foi abatido numa luta corpo a corpo, de modo que se viu forçado a combater a pé. Então, seu cavalheiresco adversário lhe enviou um cavalo descansado com um recado que dizia, que era mais conveniente que os reis se batam a cavalo. Ricardo pensou até mesmo em casar a irmã com o irmão de Saladino, Aladil, que prometera tornar-se cristão. Mas da Inglaterra chegavam notícias que o irmão de Ricardo, João Sem-Medo ou João Sem-Terra, havia usurpado o trono com a ajuda de Felipe Augusto. Antes de partir, Ricardo obteve um acordo que garantia aos cristãos por três anos, a posse da maior parte da costa palestina e lhes permitia irem em pequenos grupos não armados em peregrinação ao Santo Sepulcro.

 Ricardo Coração de Leão sobreviveu por muito tempo na memória dos muçulmanos. As mães turcas tinham o costume de ameaçar os filhos que não queriam dormir dizendo: “Ricardo vem aí.” Isso foi o resultado que se conseguiu, junto com a libertação de S. João d´Acre. Não foi sem aventuras que Ricardo chegou à Inglaterra. Primeiro as tempestades puseram o seu navio à deriva, pelo que foi parar na costa setentrional do mar Adriático. Como, além de Felipe Augusto, outros inimigos o espreitavam, disfarçou-se de mercador e prosseguiu viagem por terra. Nos arredores de Viena foi reconhecido e caiu em poder do seu mortal inimigo, o duque Leopoldo, a quem tão gravemente ofendera na Palestina. Este o manteve prisioneiro durante dois anos, enquanto seus fiéis vassalos não pagavam o enorme resgate exigido pelo duque. Quando Ricardo foi posto em liberdade, Felipe Augusto escreveu para João Sem-Terra, “Acautelai-vos: soltaram o Diabo!” Assim que chegou ao seu reino, acusou o irmão de alta traição, mas impulsivo como sempre, em breve lhe perdoou “Não é ele acima de tudo, meu irmão?”. Ricardo era novamente rei, e como tal, explorou o povo inglês, desta vez com razão, declarou guerra a Felipe Augusto. Desembarcou na Normandia, onde foi recebido pela multidão com aclamações. Seus inimigos fugiram, mas sem dinheiro tentou sitiar um castelo em Chalus, na França, ferido por uma flecha, morreu então com 42 anos. Apesar da sua crueldade e tirania, foi um dos reis mais conhecidos da Inglaterra.

A Quarta Cruzada – 1202

Preparada pelo papa Inocêncio III, conduzida por Bonifácio de Monferrat, a cruzada deveria ser para atacar o Egito e depois a Palestina. Mas Veneza exigiu 85.000 marcos de prata para transportar os cruzados. Foi proposto um acordo pelos venezianos, no qual os cruzados ajudariam a tomar a cidade de Zara (hoje, Zadar). Contra a ordem do Papa, Zara foi invadida e saqueada. Em seguida, os venezianos sugeriram um ataque a Constantinopla, pois não lhes interessava uma guerra contra os muçulmanos, com os quais comercializavam freqüentemente. Então, os cruzados decidiram atacar Constantinopla com uma frota de 480 navios. Constantinopla foi saqueada e parcialmente destruída. Preciosos manuscritos foram inutilizados ou perdidos, obras primas foram roubadas, mutiladas ou destruídas. Após a rapina, foi escolhido Balduíno de Flandres para chefiar o novo Império Latino de Constantinopla. Tornando o francês à língua oficial. Mas em 1261, com a ajuda de Gênova, conseguiram a restauração da monarquia bizantina. Veneza foi a grande beneficiada da quarta cruzada, reforçando suas posições comerciais no mediterrâneo. Assim, dominou o império Bizantino até 1261. Foi uma cruzada de cristãos contra cristãos.

A Quinta Cruzada – 1217

O fanatismo religioso levou a formação desta cruzada, na crença que só a pureza das crianças poderia libertar a Terra Santa. O movimento, considerado por alguns espontâneo, foi organizado e estimulado de forma sorrateira. Induzidas pelas autoridades e demais interessados, 31.000 crianças alemãs atravessaram os Alpes em direção a Gênova e 20.000 crianças francesas dirigiram-se a Marselha. Marcaram seu caminho com cadáveres dos mortos de fome e cansaço. Chegando ao mediterrâneo, as crianças alemãs dispersaram-se e muitas morreram, Nenhum navio quis levá-las a Palestina. Ficaram esperando o mar se abrir, como aconteceu na passagem de Moisés, segundo a escritura. O Papa mandou buscá-las. As crianças francesas em Marselha não tiveram a mesma sorte. Conseguiram dois proprietários de navios que se ofereceram para levá-las ao seu destino, sem despesa alguma. Dos sete navios que partiram, 2 naufragaram, tendo morrido todos destes navios. Os cinco outros navios foram para o Egito e a Tunísia, onde as crianças foram vendidas como escravas.

A Sexta Cruzada – 1228

Organizada por André II, Rei da Hungria e comandada por Frederico II, do Sacro Império Romano, alcançou a Palestina. Frederico II por ter sido excomungado, não recebeu nenhuma cooperação dos cristãos, mas os Sarracenos ficaram impressionados com o conhecimento que tinha o jovem imperador da língua, literatura, ciência e filosofia árabes. Frederico II e o sultão Al-Malik Al-Kamil, de Damasco, entenderam-se amistosamente e assinaram o Tratado de Jafa em 1229, mediante o qual o Islã restituía aos cristãos, S. João d´Acre, Jafa, Sidon, Nazaré, Belém e toda a Jerusalém, por dez anos. Alguns anos mais tarde, os muçulmanos dominaram a região e o acordo foi rompido.

A Sétima Cruzada – 1248

O santo rei da França, Luis IX, dirigiu seus esforços de cruzado ao Egito, partindo de Aigues Mortes em 1248. Tomaram Damieta em 1249, porém apesar de uma primeira investida, com sucesso, os turcos atacavam por muitas vezes, até que a fome e as doenças atacaram mais o exército de São Luis do que o inimigo. Por fim, conseguiram aprisioná-lo (Mansurá – 1250). Lá, o rei cativo foi tão bem tratado que recebeu os cuidados do médico particular do sultão. Dizem que a fé do rei era tamanha que alguns muçulmanos foram convertidos ao cristianismo. Libertado mediante a entrega de Damieta, o rei teve que deixar o Egito com os cruzados. Mesmo não conseguindo vitórias nesta cruzada, seu prestígio pessoal aumentou na França.

A Oitava Cruzada – 1270  

Tendo o Sultão Baybars I (Rukn ad-Din Baybars Bundukdari ibn Abdullah, líder do exército Mameluco de 1265 a 1277) se apoderado de Antioquia em 1268, Luis IX, atual São Luis, novamente organizou uma cruzada que, sob a influência de Carlos I de Anjou, se dirigiu para Túnis, a antiga Cartago, onde o cristianismo tinha, graças a Santo Agostinho, lançado profundas raízes e onde muitos mártires tinham dado a vida pela fé. São Luis esperava reconquistar esta região para o cristianismo e converter o sultão. Mas São Luis morreu no acampamento em Túnis. O sultão concordou em deixar os cruzados irem embora. A peste dizimou o que lhe restava de homens válidos. Os muçulmanos conquistaram a terra santa em 1271, anos depois da primeira cruzada. Os cavaleiros de São João d´Acre perderam a cidade para as forças de Salomão II, dali partiram para ilha de Malta, onde permaneceram até o fim do Século XVIII, tomando o nome de Cavaleiros de Malta. Graças às cruzadas, as artes, as línguas e as ciências dos Árabes e dos Bizantinos passaram a ser estudadas no Ocidente. Na agricultura, trouxeram o açafrão, o arroz, a cana e o damasco. Na indústria, a seda, o algodão, a fabricação de álcool e açúcar. Veludos, damasquinos, musselines, tapetes, couros, laminas foram adotados com processos do Oriente. As tinturas e tecidos finos foram igualmente imitados. No comércio, cresceu o intercâmbio do Oriente com os portos franceses e italianos do mediterrâneo. Barcelona, Marselha e Aigues-Mortes, de um lado, Gênova, Amalfi, Pisa e Veneza do outro. Todos tiraram grande proveito do tráfego marítimo no mediterrâneo com a supremacia dos italianos, o que deu início à decadência da navegação árabe e bizantina. No plano econômico, as Cruzadas foram diretamente responsáveis pela reabertura do Mediterrâneo à navegação e ao comércio da Europa. Essa reabertura possibilitou o reatamento das relações entre o Ocidente e o Oriente, interrompidas pela expansão muçulmana. Contribuiu, assim, para acelerar o renascimento comercial da Europa no Ocidente. O fracasso das Cruzadas contribuiu indiretamente para a decadência do sistema feudal. O reaparecimento do comércio, intensificado pela reabertura do Mediterrâneo, propiciou o renascimento das cidades na Europa. O renascimento comercial e urbano do ocidente europeu, a decadência do feudalismo, o declínio do poder da nobreza e o surgimento da burguesia foram, direta ou indiretamente, conseqüências das Cruzadas. Nada disto impediu que a Terra Santa permanecesse sobre o domínio dos muçulmanos até 1918.

Memo, excelsocon.org/old/literaturas/sintese_historica/historia_geral/as_cruzadas. Extraído da “Gesta Francorum” adaptado e traduzido por Cato.

A PRIMEIRA CRUZADA 1196 - parte 3



Entre vários príncipes ilustres, o nome de Godofredo de Bouillon (1058 – 1100) foi escolhido para comandar o exército. Descendente de Carlos Magno, pelo lado materno. Irmão do conde de Boulogne, e senhor de Bouillon em Ardennes. Um homem que já tinha mostrado sua força e coragem até contra a própria igreja, quando foi o primeiro a escalar os muros de Roma combatendo contra o Papa Hidelbrando (S. Gregório VII), quando servia ao rei alemão Henrique IV. E foi Godofredo que antes, matara Rodolfo com sua lança, o rei rebelde, que a igreja apoiara. (1080). Movido por um profundo arrependimento, Godofredo queria agora ser mártir pela libertação do Santo Sepulcro. Os chefes da Igreja viram neste guerreiro, um aliado poderoso e fiel. Dizem: “A prudência e a moderação temperavam seu valor. Sua piedade era sincera e cega.” Seus irmãos, Eustáquio, o mais velho, e Balduíno, o mais moço, o acompanhavam.

Quando a noticia da formação oficial da 1ª cruzada se espalhou o povo começou seus preparativos. Camponeses, mulheres e crianças partiram em marcha e os velhos aproveitavam a oportunidade de verem o santo sepulcro sob a proteção de um formidável exército. Diziam eles aos guerreiros: “Vós sois valentes e fortes, combatereis; nós sofreremos como o Cristo e faremos a conquista do céu”. Como consequência, a mais imediata das cruzadas, as terras e os castelos, as ferramentas de trabalho no campo e o gado, baixaram extraordinariamente de preço pelo excesso de ofertas. Em compensação, as armas e os cavalos subiram a preços fantásticos. Em vista da dificuldade que teriam para se manter uma formação numerosa, os príncipes acertaram de se encontrar nos arredores de Constantinopla. Até ai cada um mantinha como melhor pudesse a sua gente. Godofredo atravessou a Alemanha, que ele conhecia bem, quase em linha reta.

O Fabuloso Exército Contava Com Os Príncipes:

1. Godofredo de Bouillon, Duque de Lorena que reuniu 80.000 homens de infantaria e 10.000 cavaleiros. Seu ataque resultou na conquista de Jerusalém. Foi proclamado rei de Jerusalém, mas preferiu ser denominado como o “Protetor do Santo Sepulcro”, após a queda da cidade em 1099. Era visto como um grande cavaleiro e muito devotado ao Cristianismo. Fundou uma ordem chamada Prioré de Zion – Priorado do Sião.

2. Boemundo da Sicília – Príncipe de Trento, governador do sul da Itália, que trouxe 20.000 infantes e 10.000 cavaleiros.

3. Roberto – Duque de Flandres

4. Hugo, Duque de Vermandois, irmão mais moço do Rei de França.

5. Roberto II, Duque da Normandia, filho de Guilherme, o conquistador, vendeu o reino e o ducado à seu irmão e partiu para a cruzada.

6. Estevão, Conde de Chartres

7. Estevão, Conde de Blois, casado com Ade-la, Filha de Guilherme, o conquistador. Esse desertou na Primeira Cruzada.

8. Raimundo de Saint Gilles, Conde de Toulouse

9. Raimundo, Duque de Marbona.

10.Raimundo, Marques de Provença

Na fronteira com a Hungria, os húngaros lembraram muito bem o que Pedro, o Eremita e seu povo fizeram e tentaram impedir a passagem de Godofredo. Ele bem que podia ter atravessado a força, porque seu exército era muito mais forte. Mas, sua virtude fez com que pedisse desculpas pelos excessos cometidos pelos seus irmãos. Pediu humildemente a passagem livre e mantimentos, ao preço corrente de mercado. Enquanto Godofredo e seu irmão iam entregar-se ao rei Carlos da Hungria como garantia. Godofredo conteve a ferocidade de seus cruzados em território húngaro, sob pena de morte. Atravessada a Bulgária, Godofredo foi pela Dalmácia e a Sclavonia.

Todavia, os cruzados enfrentaram o mesmo problema da Hungria em Constantinopla. Os papéis se inverteram e os cruzados eram agora, mais temíveis que os turcos. Alexis Comneno quis também lhe impedir a passagem. A presença de Boemundo de Tentro, que ele muito bem conhecia, o fez mudar de idéia. O mesmo aconteceu com Hugo, Duque de Vermondois que ficou prisioneiro de Alexis, como garantia de que seus soldados se comportassem na cidade. Mas Roberto da França, que aprendeu a lidar com situações difíceis com seu pai, Guilherme, o conquistador, obrigou-o a libertar o Duque. Boemundo indignado com as atitudes do imperador queria que Godofredo depusesse Aleixo Comneno. Godofredo não somente resistiu a fazer-lhe a vontade, como conseguiu que os cruzados prestassem homenagem ao imperador bizantino. Além de tudo, fez-lhe uma promessa de devolver-lhe todas as terras que perdera aos turcos. 

Depois dessa intrincada missão diplomática, a travessia marítima foi feita sem problemas. E na primavera de 1097, os cruzados entraram na Ásia. Formavam um exército de 100.000 cavaleiros de elmo e cota (armadura/malha metálica com que se cobria o corpo), seguidos de 400.000 infantes, sem contar padres, monges, mulheres e crianças. A travessia do deserto foi mais difícil… “…Os homens mais robustos deitavam-se na areia, cavavam a superfície ardente para encontrar mais abaixo o solo fresco e nele colar à boca ressequida. Os próprios animais não resistiram… Podia-se rir ou chorar, como se quiser, vendo que por falta de bestas de carga, carregavam as bagagens sobre carneiros, cabras, porcos e cães. Viu-se mais de um cavaleiro montar um boi a guisa de cavalo de batalha.” Tomaram Nicéia e ganharam uma batalha desesperada na Frígia (Batalha de Ascalon, ganha dos Muçulmanos).

 Quando os cruzados chegaram a Antioquia, e preparavam para sitiar a cidade, apenas dois dias depois, foram surpreendidos pelo exército de Kerboga, sultão de Mossul. Desesperados e com fome esgotaram rapidamente seus mantimentos e se viram obrigados a abaterem seus cavalos e outros animais, inclusive ratos e cães, e dizem, até a comer a carne dos turcos, que para eles eram apenas animais. Estavam destinados ao fracasso, quando Raimundo, o Conde de Toulouse recebeu um pobre padre provençal chamado Pedro Bartolomeu, que lhe disse que o apóstolo André lhe tinha aparecido em sonhos e lhe dissera que uma relíquia capaz de trazer a vitória aos cruzados – a lança que traspassara o flanco de Jesus crucificado – estava enterrada no solo de uma das igrejas da cidade de Petrus Raimundo seguiu o homem até a igreja que indicava e mandou escavar o solo. Doze homens escavaram o dia todo, enquanto milhares de cruzados esperavam no lado de fora. Perto do Crepúsculo, o próprio Pedro desceu à escavação e voltou trazendo na mão a lança sagrada. Uma enorme ovação saudou sua reaparição. 

Quando os cruzados avançaram, precedidos da lança sagrada, mostraram-se irresistíveis. Comandava-os Boemundo. Graças ao seu incomparável talento militar e à fé fanática dos seus homens, as numerosas forças de Kerboga foram postas em debandada. No campo turco abandonado, encontraram víveres e bebidas em abundância, o que lhes garantiria a estadia prolongada ao sítio de Antioquia. Depois de oito meses de luta, tomaram a cidade que resistira desesperadamente. A vitória de Antioquia (1098) foi em todos os tempos celebrada como a mais admirável ação de todas as cruzadas, mas custou aos cruzados a fina flor de suas tropas. A devastação pela guerra, pela fome, pela peste, e as deserções, acabaram reduzindo o exército primitivo a 40.000 homens, apenas. Em junho de 1099, os cruzados chegaram em Jerusalém, em lágrimas beijavam o solo. Em uma primeira investida, as grossas muralhas e as torres da cidade, contiveram as tropas de Godofredo. Sendo obrigado a empregar um cerco. Os soldados sofriam com o calor e pegavam a água do rio Jordão. Neste meio tempo foram construídas máquinas de arremesso e torres móveis. Mas os sitiantes contavam com menos lanças que os sitiados. O cerco durou 30 dias. No dia 13 de julho, com as máquinas prontas, os cruzados tentaram mais uma investida. 

Depois de dois dias de batalha furiosa, no dia 15 de julho de 1099, uma sexta-feira santa, os cruzados tomaram Jerusalém. “…Alguns jovens acenderam flechas e lançaram-nas abrasadas sobre os colchões que guarneciam os redutos que os Sarracenos tinham construído a frente da torre de madeira que os cruzados haviam erguido. Esses colchões estavam cheios de algodão. O fogo pôs em fuga os que defendiam essa obra fortificada. Então o duque e os que com ele se achavam reconstruíram imediatamente a sebe que recobria a parte anterior da torre de madeira, desde o cimo até o meio, e, tendo feito uma espécie de ponte, lançaram-se intrepidamente para penetrar em Jerusalém. Todos os outros subiram atrás deles. Como os nossos se achavam de posse da muralha e das torres, viram-se coisas admiráveis. Entre os Sarracenos, uns tinham a cabeça cortada, o que era para eles a sorte mais suave. Outros, atravessados por flechas, viam-se forçados a saltar do alto das torres. Outros ainda, após prolongados sofrimentos, eram entregues as chamas e consumidos por elas. Viam-se nas ruas e nas praças montes de cabeças, de mãos, de pés. Infantes e cavaleiros abriam caminho através dos cadáveres. Mas tudo isso era pouco.

No templo e no pórtico de Salomão, nadava-se no sangue, até o joelho, dos cavaleiros e até as rédeas do cavalo. Justo e admirável o julgamento de Deus, que desejou recebesse aquele lugar o sangue dos que blasfemaram contra Ele, conspurcando por tanto tempo esse território”.  Godofredo e seus cavaleiros entraram no Santo Sepulcro com a cabeça descoberta, pés descalços, vestidos de estamenha (tecido grosseiro de lã) e banhados em lágrimas. Os judeus foram queimados vivos em suas sinagogas. Todos os prisioneiros foram mortos incluindo, mulheres e crianças. E as ruas de Jerusalém tiveram que ser lavadas para limpar o sangue. O saque foi colocado em monte comum, benefício dos sobreviventes e recompensa. Os cruzados agora senhores de Jerusalém, escolheram para seu rei o homem que os conduziu bravamente. Mas Godofredo, declarou que não lhe seria possível aceitar a coroa de rei, onde Cristo a tivera de espinhos, aceitou o título de barão e defensor do Santo Sepulcro e assumiu a soberania de um novo reino “O Reino Latino de Jerusalém”. Seguindo o modelo do ocidente, o novo reino foi dividido em feudos. Godofredo codificou leis e costumes feudais que deviam servir de legislação para o reino de Jerusalém com o nome de Assizas, pelo qual é conhecido. 

O patriarca da igreja grega fugiu imediatamente e as paróquias do novo reino aceitaram a liturgia latina e a supremacia do papa. O califa do Egito considerando perigosa a estadia dos cristãos em Jerusalém marchou contra Godofredo, mas foi vencido. Godofredo de Bouillon morreu aos 42 anos, em 1100, de uma moléstia desconhecida. Tendo governado apenas um ano, e nem esse mesmo completo, deixou seu irmão Balduíno que o sucedeu. Houve quem atribuísse a sua morte a um veneno que lhe teria sido ministrado por um emir. A Primeira Cruzada custou à vida de 500 mil cristãos. Foucher de Chartes escrevia, após a tomada da Terra Santa.”Nós nos tornamos orientais. O habitante de Reims ou de Chartres transformou-se em Sírio ou em habitantes de Antioquia. Já esquecemos os nossos lugares de nascimento. Um possui já neste país casas e servidores como se os tivesse herdado; outro casou-se, não com uma compatriota, mas com uma síria, uma Armênia ou mesmo uma sarracena convertida… Servimo-nos, alternadamente, das diversas línguas do país, e a confiança aproxima as raças mais afastadas. Realizam-se as palavras da Escritura:

– O leão e o boi comerão na mesma manjedoura.”

,Memo, excelsocon.org/old/literaturas/sintese_historica/historia_geral/as_cruzadas. Extraído da “Gesta Francorum” adaptado e traduzido por Cato.