janeiro 04, 2024

ISAAC NEWTON







No dia 4 de janeiro de 1643 nascia na Inglaterra Isaac Newton, físico e matemático, conhecido pela criação da lei da gravitação universal. 

Ele é considerado um dos homens mais brilhantes da história. Filho de camponeses, órfão de pai e criado pelos avós, Newton viveu uma infância bastante infeliz, da qual não tinha boas recordações. 

Aos 12 anos, ingressou para a The King�s School em Grantham, onde estudou latim, grego e conceitos básicos de geometria e aritmética, onde mostrou grande facilidade de raciocínio. Desde aquele tempo, Newton já se dedicava a invenções e diversos trabalhos mecânicos. Além disso, gostava de reformar utensílios domésticos ou ferramentas, que tornavam-se mais produtivas depois de suas alterações. 

Aos 18 anos, ingressou em Cambridge, onde não foi um aluno extremamente brilhante, já que dedicava mais tempo aos seus próprios estudos e a pesquisas do que ao programa oficial da universidade. 

Em 1687, sua reputação como cientista estava consolidada, porém, seria a publicação de seu livro "Philosophiae Naturalis Principia Mathematica" que o transformaria no cientista mais importante da época. 

O livro, onde expõe sua famosa "Lei da Gravitação Universal", é considerado ainda hoje o mais importante da história da Ciência e o ápice da revolução científica iniciada por Copérnico, 200 anos antes.


Texto: HISTORY

AS ESCOLHAS EM NOSSA VIDA


Na obra de Shakespeare, Hamlet nos apresenta a angústia existencial de fazer escolhas cruciais em nossas vidas. Assim como o príncipe dinamarquês (Hamlet), nós, maçons, também enfrentamos momentos de dúvidas e decisões que moldam nossa trajetória na Ordem.

O Maçom se depara com a busca pelo autoconhecimento, questionando seu propósito e papel na sociedade. Assim como Hamlet diante das revelações, nós nos confrontamos com a verdade sobre nós mesmos e o mundo ao nosso redor.

Em nossa caminhada maçônica, a seleção criteriosa de novos membros é fundamental para preservar nossos valores e propósitos. A rigidez na escolha dos candidatos assegura que a Ordem se mantenha forte e coesa, reafirmando nossa probidade, honra e consciência cidadã.

À medida que avançamos em nosso percurso maçônico, somos instigados a aprimorar valores como tolerância, amor ao próximo e solidariedade. Cada irmão é convidado a contribuir para a felicidade da humanidade, almejando o combate aos vícios e a busca incessante por virtudes.

No entanto, tanto para a Loja quanto para o obreiro, a reflexão é necessária. Lojas devem criar ambientes dinâmicos e acolhedores, proporcionando crescimento intelectual e familiarizando os membros com os Princípios da Ordem.

Já ao obreiro, cabe o autoquestionamento: o que tenho feito pela Loja? Estou comprometido e engajado nas atividades? Participo das discussões e das festividades com entusiasmo? Cuido dos aprendizes e companheiros, oferecendo meu suporte?

Se os sinais de insatisfação e desinteresse surgirem, é hora de uma reflexão pessoal e profunda, assim como a de Hamlet. Se não nos sentimos preparados para fazer escolhas conscientes e alinhadas com os princípios da Ordem, devemos considerar a opção de buscar o "quite-placet".

Assim, seguindo o exemplo do príncipe Hamlet, enfrentemos nossos dilemas e façamos escolhas com sabedoria, sabendo que a Maçonaria é um caminho de comprometimento e crescimento contínuo. Que cada passo em nossa jornada maçônica seja pautado pela verdade, amor e respeito ao próximo.

 CURIOSIDADES DA MAÇONARIA


 


ANIMAL SOCIAL - EM PAZ CONSIGO MESMO - Newton Agrella-


É dado e sabido que o ser humano é um animal gregário e que convive socialmente, até mesmo para sua evolução, física, mental, espiritual e intelectual.

Inobstante este aspecto, cabe lembrar que "dar um tempo a sí mesmo", invariavelmente se revela uma necessidade pessoal.

Nascemos, atamo-nos a vínculos naturais, circunstantes à própria vida e somos parte de uma complexa engrenagem universal.

Apesar de tantas andanças e experiências que acumulamos, lá no fundo, somos indivíduos.

Convivemos e  compartilhamos.

Porém, a cada dia desta nossa aventura chamada vida, dividimos e multiplicamos, somamos e subtraímos numa complexa ciranda aritimética que nos acompanha ao longo de toda nossa existência.

Apesar de tudo, ainda assim, dispomos de uma propriedade única e intransferível que é a nossa individuação.

Pois é, esta individuação, se traduz como um processo pelo qual uma parte do todo vai se revelando gradativamente uma característica cada vez mais distinta e independente no nosso interior mais recôndito como combustível de nossa personalidade.

Nesse processo comportamental, há que se registrar uma explícita diferença entre "afastamento" e "isolamento".

No primeiro caso, o afastamento reside na necessidade voluntária ou involuntária de - em caráter transitório -  buscar abrigo num território onde podemos refletir, repensar e fazer um balanço de certo modo mais profundo e equilibrado sobre nossas açõe e reações. 

Para que isso se materialize é preciso que esse tempo possa nos reanimar e nos fazer sentir mais firmes e confiantes na retomada do caminho para o nosso aprimoramento da consciência.

Por outro lado, o isolamento,  remete-nos a um estado de abstenção do convívio com outros indivíduos ou com a sociedade de forma muito mais  preocupante.

Sua característica, via de regra, reveste-se de razões mais agudas de ordem emocional, tais como: depressão,  sentimento de não identificação ou de  não pertencimento e até mesmo de insatisfação consigo mesmo ou com outros grupos sociais. 

Neste caso uma ajuda terapêutica é de indiscutível valor.

O que vale no final das contas é a percepção para descobrir que estrada estamos percorrendo e com que habilidade conseguimos transitar sem sofrer maiores percalços.

Portanto, "dar um tempo pra sí mesmo" não faz mal a ninguém. 

Pelo contrário, é uma oportunidade sem igual, para que possamos reencontrar nosso próprio eixo e justificar nosso lugar no mundo.



janeiro 03, 2024

MAÇONARIA - MORAL E DOGMA


A Maçonaria possui em sua filosofia um ensinamento que pode ser expresso num simples ditame: “Proteja os oprimidos dos opressores; e dedique-se à honra e aos interesses de seu País”.

Maçonaria não é especulativa nem teórica, mas experimental, não sentimental, mas prática. Ela requer renúncia e autocontrole. Ela apresenta uma face severa aos vícios do homem e interfere em muitos de nossos objetivos e prazeres. Penetra além da região do pensamento vago; além das regiões em que moralizadores e filósofos teceram suas belas teorias e elaboraram suas esplêndidas máximas, alcançando as profundezas do coração, repreendendo-nos por nossa mesquinhez, acusando-nos de nossos preconceitos e paixões e guerreando contra nossos vícios.

É uma luta contra paixões que brotam do seio dos mais puros sentimentos, um mundo onde preconceitos admiráveis contrastam com práticas viciosas, de bons ditados e más ações; onde paixões abjetas não são apenas refreadas pelos costumes e pelos cerimoniais, mas se escondem por trás de um véu de bonitos sentimentos. Esse solecismo tem existido por todas as épocas. O sentimentalismo católico tem muitas vezes acobertado a infidelidade e o vício. A retidão dos protestantes apregoa, frequentemente, a espiritualidade e a fé, mas negligencia a verdade simples, a candura e a generosidade; e a sofisticação do racionalismo ultraliberal em muitas ocasiões conduz ao céu em seus sonhos, mas chafurda na lama de suas ações.

Por mais que exista um mundo de sentimentos maçônicos, ainda assim ele pode ser um mundo onde ela está ausente. Ainda que haja um sentimento vago de caridade maçônica, generosidade e desprendimento, falta a prática ativa da virtude, da bondade, do altruísmo e da liberalidade. A Maçonaria assemelha-se aí às luzes frias, embora brilhantes.

Há clarões ocasionais de sentimentos generosos e viris, um esplendor fugaz de pensamentos nobres e elevados, que iluminam a imaginação de alguns. Mas não há o calor vital em seus corações.

Boa parte dos homens tem sentimentos, mas não princípios. Os sentimentos são sensações temporárias, enquanto os princípios são como virtudes permanentemente impressas na alma para seu controle. Os sentimentos são vagos e involuntários; não ascendem ao nível da virtude. Todos os têm. Mas os princípios são regras de conduta que moldam e controlam nossas ações. Pois é justamente neles que a Maçonaria insiste.

Nós aprovamos o que é certo, mas geralmente fazemos o que é errado; essa é a velha história das deficiências humanas. Ninguém encoraja e aplaude injustiça, fraude, opressão, ambição, vingança, inveja ou calúnia; ainda assim, quantos dos que condenam essas atitudes são culpados delas, eles mesmos.

Já nos foi dito: “Homem, quem quer que sejas, se julgas, para ti não há desculpa, porque te condenas a ti mesmo, uma vez que fazes exatamente as mesmas coisas.”

É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam suas vidas nem por uma nem por outra. A boca exprime o que o coração deveria ter em abundância, mas quase sempre é o reverso do que o homem pratica.

Os homens podem realmente, de um certo modo, interessar-se pela Maçonaria, mesmo que muitos deficientes em virtudes. Um homem pode ser bom em geral e muito mau em particular: bom na Loja e ruim no mundo profano, bom em público e mau para com a família.

Muitos desejam sinceramente ser bons maçons. Mas é preciso que resistam a certos estímulos, que sacrifiquem certos caprichos. Como é ingrato aquele que morre medíocre, sem nada fazer que o glorifique para os Céus. Sua vida é como árvore estéril, que vive, cresce, exaure o solo e ainda assim não deixa uma semente, nenhum bom trabalho que possa deixar outro depois dele! Nem todos podem deixar alguma coisa para a posteridade, mas todos podem deixar alguma coisa, de acordo com suas possibilidades e condições.

Quem pretender alçar-se aos Céus, sozinho dificilmente encontrará o caminho.

A operosidade jamais é infrutífera. Se não trouxer alegria com o lucro, ao menos, por mantê-lo ocupado, evitará outros males. Tem-se liberdade para fazer qualquer coisa, devemos encará-la como uma dádiva dos Céus; tem-se a predisposição de usar bem essa liberdade, então é uma dádiva da Divindade.

Maçonaria é ação, não inércia. Ela exige de seus iniciados que trabalhem, ativa e zelosamente, para o benefício de seus Irmãos, de seu país e da Humanidade. É a defensora dos oprimidos, do mesmo modo que consola e conforta os desafortunados. Frente a ela é muito mais honroso ser o instrumento do progresso e da reforma do que se deliciar nos títulos pomposos e nos autos cargos que ela confere. A Maçonaria advoga pelo homem comum no que envolve os melhores interesses da Humanidade. Ela odeia o poder insolente e a usurpação desavergonhada. Apieda-se do pobre, dos que sofrem, dos aflitos; e trabalha para elevar o ignorante, os que caíram e os desafortunados.

A fidelidade à sua missão será medida pela extensão de seus esforços e pelos meios que empregar para melhorar as condições dos povos. Um povo inteligente, informado de seus direitos, logo saberá do poder que tem e não será oprimido. Uma nação nunca estará segura se descansar no colo da ignorância. Melhorar a massa do povo é a grade garantia da liberdade popular. Se isso for negligenciado, todo o refinamento, a cortesia e o conhecimento acumulado nas classes superiores perecerão mais dia menos dia, tal como capim seco no fogo da fúria popular.

Não é a missão da Maçonaria engajar-se em tramas e conspirações contra o governo civil. Ela não faz propaganda fanática de qualquer credo ou teoria; nem se proclama inimiga de governos. Ela é o apóstolo da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Não faz pactos com seitas de teóricos, utopistas ou filósofos. Não reconhece como seus iniciados aqueles que afrontam a ordem civil e a autoridade legal, nem aqueles que se propõem a negar aos moribundos o consolo da religião. Ela se coloca à parte de todas as seitas e credos, em sua dignidade calma e simples, sempre a mesma sob qualquer governo.

A Maçonaria reconhece como verdade que a necessidade, assim como o direito abstrato e a justiça ideal, devem ter sua participação na elaboração das leis, na administração dos afazeres públicos e na regulamentação das relações da sociedade. Sabe o quanto a necessidade tem por prioridade nas lidas humanas. A Maçonaria espera e anseia pelo dia em que todos os povos, mesmo os mais retrógrados, se elevem e se qualifiquem para a liberdade política, quando, como todos os males que afligem a terra, a pobreza, a servidão e a dependência abjeta não mais existirão. Onde quer que um povo se capacite à liberdade e a governar-se a si próprio, aí residem as simpatias da Maçonaria.

A Maçonaria jamais será instrumento de tolerância para com a maldade, de enfraquecimento moral ou de depravação e brutalização do espírito humano. O medo da punição jamais fará do maçom um cúmplice para corromper seus compatriotas nem um instrumento de depravação e barbarismo. Onde quer que seja, como já aconteceu, se um tirano mandar prender um crítico mordaz para que seja julgado e punido, caso um maçom faça parte do júri cabe a ele defendê-lo, ainda que à vista do cadafalso e das baionetas do tirano.

O maçom prefere passar sua vida oculto no recesso da penumbra, alimentando o espírito com visões de boas e nobres ações, do que ser colocado no mais resplandecente dos tronos e ser impedido de realizar o que deve.

Se ele tiver dado o menor impulso que seja a qualquer intento nobre; se ele tiver acalmado ânimos e consciências, aliviado o jugo da pobreza e da dependência ou socorrido homens dignos do grilhão da opressão; se ele tiver ajudado seus compatriotas a obter paz, a mais preciosa das possessões; se ele cooperou para reconciliar partes conflitantes e para ensinar aos cidadãos a buscar a proteção das leis de seu país; se ele fez sua parte, com os melhores e pautou-se pelas mais nobres ações, ele pode descansar, porque não viveu em vão.

A Maçonaria ensina que todo poder é delegado para o bem e não para o mal do povo. A resistência ao poder usurpado não é meramente um dever que o homem deve a si próprio e a seu semelhante, mas uma obrigação que ele deve a Deus para restabelecer e manter a posição que Ele lhe confiou na criação. O maçom sábio e bem informado dedicar-se-á à Liberdade e à Justiça. Estará sempre pronto a lutar em sua defesa, onde quer que elas existam. Não será nunca indiferente a ele quando a Liberdade, a sua ou a de outro homem de mérito, estiver ameaçada.

O verdadeiro maçom identifica a honra de seu país como a sua própria. Nada conduz mais à glória e à beleza de um país do que ter a justiça administrada a todos de igual modo, a ninguém negada, vendida ou preterida.

Não se esqueçam, pois daquilo a que você devotou quando entrou na Maçonaria: defenda o fraco contra o truculento.

Publicado na revista Universo Maçônico, Edição 11, de 15 de Junho de 2010

A DOUTRINA MAÇÔNICA E A ÉTICA DO OBREIRO - Leon Grinberg



O fundamento doutrinário maçônico é gnóstico, porque o homem interior habita a Verdade. Por isso a Instituição Maçônica propicia a busca e realização do homem interior, em todo homem e em todos os homens.

Ortega Grasset disse: “Eu sou eu e minha circunstância”, mas também o profeta Natan disse ao Rei David: “Tu és o homem. De ti depende o destino da humanidade”.

Focalizar especificamente o homem é contemplá-lo como um lento processo evolutivo de um princípio de consciência. 

Princípio de consciência ou substância primordial que se manifestou como matéria inerte na primeira etapa. Logo surgiu o fenômeno da vida, aparecendo nas formas vegetal e animal.

No reino animal, coincidindo talvez com a linha do pensamento de Teilhard de Chardin, foi ocorrendo o processo de aparecimento e formação do sistema nervoso central, culminando na configuração do cérebro humano. Cérebro este que possibilitou, a nível da mente humana, a faculdade da reflexão e da consciência de se fazer autoconsciente.

Todo este breve relato, em síntese, é expressão do movimento natural da consciência humana rumo a uma expansão e liberdade. A experiência central do mundo moderno é a busca da liberdade.

Claramente, ao sair da Idade Média, vislumbrou-se que o homem buscou a liberdade, para dar forma ao seu próprio destino como pessoa humana. Para muitos, a procura e o encontro dessa liberdade (qualquer que seja a acepção tomada, e ainda melhor: o conjunto de todas) é um fim em si próprio. Erich Fromm, na sua clássica obra O medo da liberdade diferenciou o conceito de liberdade de e de liberdade para.

Para outros, a liberdade não é um fim em si própria: é um meio para se atingir um fim superior ou mais transcendente. E este fim não poderá ser outro que o da Vida. Vida plena e real, com um autêntico sentido integrado. Viver é outorgar um sentido à existência.

Acreditemos ou não, sejamos ou não conscientes, nós, os homens, somos os únicos gestores e realizadores da História, através da nossa concepção da vida. A dialética do porvir humano de todos os tempos aparenta surgir de duas concepções divergentes: a materialista e a idealista.

Concepção que se manifesta na luta ou no defrontar do que poderíamos chamar: poder político e poder espiritual. A verdade da realidade vital contra os interesses criados. Verdades absolutas contra Verdades relativas, acomodadas. Liberdade individual contra autoritarismo. Liberdade versus dogmatismo.

O primeiro intento ocidental de unir ambas concepções, ou seja, os dois poderes, foi o dos pensadores gregos. Entre eles, Platão, no seu livro A República, tratou de espiritualizar a realidade, de onde surgiu a utopia de que os governantes deveriam ser filósofos, homens do espírito, segundo Martin Buber, é o encontro entre o homem e o transcendente. 

Daí ser necessária inevitavelmente a integração. As ideias têm valor contanto e enquanto se transformem em vida palpável, concreta. Não é possível permutar a vida pelo espírito, a ideia abstrata. Nem emancipar o transcendente, o espiritual, da vida cotidiana.

Espírito sem compromisso do dever é um dos sintomas da nossa atualidade, e também a sua contraparte: o materialismo desconhece a essência da vida. O material e o vital devem se fundir para que o espírito seja vida.

Responsabilidade, base da ética

Ser significa ser totalmente. Sermos nós mesmos, assumir. É nos comprometermos com cada hora de nossos dias, é sermos um homem em plenitude. Reiteramos: viver é dar sentido à vida. Cada momento da existência põe à prova o homem. Assumirá ele a responsabilidade de responder com todo seu ser à invocação do momento? É livre. Pode escolher e decidir. Nesta eleição ele joga o sentido da sua existência. E ao eleger para si mesmo, estará elegendo para a humanidade.

A responsabilidade é a única insofismável base de toda ética. É precisamente a responsabilidade que possibilita o exercício da ética e a prática da moral.

O que é conflitante? O que cria a crise do homem e no homem? A cisão da existência em tabela valorativas distintas. Pode ser que individualmente estabeleçamos a nossa própria escala de valores, nossa própria mensuração com prioridades diferentes. 

O importante é o ajustamento da nossa conduta à nossa tabela valorativa, evitando a multiplicidade de morais. Não há uma ética para o Templo e outra para o mercado.

O processo formativo maçônico nos encaminha, desde o primeiro grau, rumo a uma coerência entre pensamento, palavra e ação. Guia-nos para alcançar afirmativamente a unidade da vida do homem em todos os campos. Uma única vida, uma única resposta, uma única responsabilidade, um único compromisso, uma única ética.

Sempre há no recôndito do homem uma voz interior que o chama, que pergunta que indaga que reclama. Às vezes a chamamos de consciência. Perante ela, alguns se ocultam entre palavras, entre ideias. Entre ações. Outros se revelam se manifestam tal como são. 

Alguns argumentam tranquilizando-a, se justificando. Outros se realizam se ajustam. Lutam contra a fragmentação, a divisão da vida em categorias distintas e em recintos temáticos, qual compartimentos estanques, que nenhuma relação estabelece entre si. O ético, o estético, o religioso, o metafísico, o sociológico, o econômico, o psicológico etc., que em definitivo refletem aspectos do homem, nunca do homem total.

Karl Jasper disse: “O modo como vejo a grandeza e como em comporto perante ela, me faz chegar ao meu próprio ser”.

Ante um ideal de perfeição alguns expressam: são utopias; negam-no e reduzem tal ideal ao comodismo do nível em que se encontram. Outros, pelo contrário, e entre eles estão os maçons, tentam-se elevar, se realizar nessa meta de perfeição. Essa meta de perfeição. Essa meta de perfeição logicamente leva implícita a efetivação dos nossos princípios básicos.

Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Amor à justiça; procura da verdade. Respeito à sabedoria; reconhecimento da harmonia e da justiça. Tolerância no seu legitimo limite.

Rejeição, superação ou controle da hipocrisia, ambição, inveja, egoísmo etc. Mas, acima de tudo, a pedra básica, o fundamento da nossa Instituição; a Fraternidade. E ela depende da compreensão.

Ambas, fraternidade e compreensão determinam e descansam na responsabilidade, forjada, no nosso caso, como maçons, na real interiorização do que os nossos símbolos dinamizam.

Nossa formação maçônica implica ao menos estarmos a coberto de intenções e ideias espúrias, vigilantes de que a sabedoria, harmonizada pela beleza e pelo amor, seja a potência das nossas ações, e por onde a nossa conduta esteja nas vinte e quatro horas do dia, a prumo, no transcurso do reto caminho a transitar pela vida.

janeiro 02, 2024

DOIS MIL E VINTE E QUATRO SERÁ O ANO DA ROMÂ - Sérgio Quirino Guimarães


Saudações, estimado Irmão!

Neste último artigo do ano, justamente no último dia de 2023, qual reflexão devemos fazer após 365 dias vividos e tendo à frente o início de mais um ciclo de 365 dias?

Uma vez que trabalhamos com simbolismos e alegorias, peço aos Irmãos que à meia-noite de hoje visualizem uma semente de Româ e pensem:

ESTA SEMENTE SOU EU! E O QUE SOU? E O QUE ME TORNAREI EM 20247

A Romă, por conta de sua cor, sua forma e sua relação mitológica com Perséfone, simboliza o amor e a fertilidade. Quando aberta, expressa abundância, fartura, em virtude de suas muitas sementes. Inclusive, há uma lenda de que cada Romă carrega em si o número de 613 sementes, mesmo número dos mandamentos judaicos (613 Mitsvol da Torá).

Outra situação interessante é que, na cultura iraniana, a fruta proibida no Jardim do Éden era a Roma.

No entanto, como pode ter havido a troca das frutas no Livro Sagrado?

Talvez por questão de tradução, afinal romă, em inglês, é pomegranate, palavra de origem latina formada de pomum (maçă) e granatus (com semente).

Retornando, porém, ao tema e trazendo-o para os estudos maçônicos, a Roma carrega o simbolismo da polidez redonda externa, embora seja formada internamente por cubos irregulares e com muitas arestas.

E justamente sobre esses pequenos cubos irregulares que devemos especular. Apesar de multifacetados, cada qual se encontra integrado de maneira harmoniosa com os que estão ao seu lado.

ASSIM SÃO OS IRMÃOS. CADA UM COM SUAS CARACTERÍSTICAS PARA CADA UMA DELAS, HAVERÁ UMA JUNÇÃO. OMBRO A OMBRO! PARTICULARES E,

Não existe hierarquia ou classificação entre as sementes, pois o único propósito é dar forma e cumprir a missão do fruto. Oh! Quão bom e quão suave seria se todos entendêssemos esse simbolismo.

Conscientizados de que, enquanto Maçons, não somos o fruto, mas parte dele, entendemos que a missão dar-se forma (lavrar-se), ajudar a dar forma a outros (tornar feliz a humanidade) e sementar (inspirar).

Então, eu sou semente da Roma! Então, eu sou Maçom da Maçonaria!

O que sou como semente? O que sou como Maçom?

Como semente, o que me tornarei em 2024? Como Maçom, o que me tornarei em 2024? Recorro à Parábola do Semeador (Marcos 4,1-9). CUIDADO, SOMOS SEMENTES DESEJADAS POR SEMEADORES NÃO PREPARADOS E AMBICIOSOS.

Todo mundo aspira eternizar seu nome, ser o responsável por um grande pomar de romās. Deixarão sementes á beira do caminho; jogarão sementes sobre as pedras das injúrias; outras irão para os espinhos das falácias hipócritas, mas haverá algumas que sobreviverão.

Seja uma dessas. Mantenha-se integro, conhecendo o cerne do discernimento, da missão intrínseca para a qual você foi gerado e pela qual foi nutrido. Não espere milagres ou sorte. Construa um 2024 com base em suas raízes. Que você mesmo dirija seus braços à procura da Luz e, em especial, lembre-se de que você veio de outra semente e, portanto, deve se esforçar para ser a origem de outras sementes.

Que essas, por sua vez, sejam Limpas e Puras, que seu nome seja lembrado como quem fez e seguiu em frente.





A CONQUISTA DE GRANADA - Carlos Solera ASL


02 de janeiro de 1492: Os reis de Castela e Aragão conquistam Granada, último reino islâmico da Península Ibérica. Termina a reconquista de sete séculos

Último reduto muçulmano na Península Ibérica, até 1492, o reino de Granada resistiu mas floresceu, assumindo por um lado uma atitude guerreira e constantemente defensiva, e por outro incrementando o desenvolvimento das letras, das artes, das ciências e do urbanismo.

A cidade espanhola de Granada, pertencente à Região Autónoma da Andaluzia, formou-se em torno de uma fortaleza construída pelos Árabes. No centro da cidade encontra-se a Catedral de Santa Maria da Encarnação (1523-1703), onde estão sepultados os Reis Católicos.

Explorada por Fenícios, Cartagineses e Gregos, dominada por Romanos e Visigodos, assolada por Vândalos e Alanos, a região de Granada, como quase toda a Península Ibérica, foi ocupada em 711 pelos muçulmanos comandados por Tariq, acontecimento este de real importância para a sua definição histórica e territorial.Dominada por Córdova, emirado e depois califado, Garnatha Alyejud (designação árabe da cidade perto da atual Granada, a Iliberis dos Romanos ou a Elvira dos Visigodos) conheceu um grande desenvolvimento no século VIII, sendo uma das mais importantes cidades do Al Andalus. 

Com a desagregação do califado de Córdova em 1031 em vários reinos taifa (designação jurídica árabe), devido à fitna (guerra civil), num deles se transformou Granada, governada entre 1010 e 1090 pela dinastia berbere dos Ziríadas (povo do Norte de África, que obriga os habitantes de Garnatha a fugir para Elvira), suprimida no último ano pela dos Almorávidas, substituídos em 1156 pelos Almóadas. Em 1231, chegaram os nazerís, de Ibn Nasr, cujo título real era Muhammad I, que se mantiveram em Granada até ao século XV. A partir desta dinastia, o reino passou a designar-se por Granada.

Em 1247, aquele rei árabe apoiou os castelhanos na tomada de Sevilha, o que gerou descontentamentos generalizados no reino, principalmente depois de os cristãos transformarem a mesquita em catedral. Os ataques de Castela, apesar da ajuda granadina em Sevilha, sucederam-se contra o reino nazerí, que apoiava revoltas mouriscas em Castela. 

Entre múltiplas tréguas, alianças e cedências de praças de parte a parte, Granada, para sobreviver como reduto muçulmano peninsular, teve que procurar até ao século XV um equilíbrio de forças com Castela e mesmo com os muçulmanos do Norte de África, ambos com políticas expansionistas sobre este território. 

Para além desta diplomacia, ora política ora guerreira, o reino de Granada teve que enfrentar revoltas internas ocasionais, e serviu de acolhimento aos muçulmanos que fugiam de todas as regiões peninsulares face ao avanço da Reconquista, principalmente da Andaluzia ocidental e do Levante (Valência, Múrcia), onde se sucediam pressões militares de Aragão, com quem se firmaram pactos também.

Neste clima de instabilidade quase permanente e de esforço de guerra, a riqueza e a grandeza da civilização nazerí de Granada não perderam brilho, esmaltando o reino, nomeadamente a capital, de belas jóias arquitectónicas ainda existentes, com o apoio e interesse constantes da corte. É o caso do conjunto monumental da Alhambra (do árabe, Al Hamra, a vermelha), começado a edificar no século XIII, bem como do Generalife, do século XIV, casa de campo e descanso dos reis de Granada. 

Deste século são também os poetas e eruditos Ibn Alcatib e Ibn Zamrak, cujos versos estão gravados nas paredes dos palácios da Alhambra. Por aquela altura brilharam ainda outras figuras da filosofia, das artes e da medicina, entre outras ciências, e até uma célebre universidade medieval - La Madraza. O desenvolvimento de técnicas agrícolas, com introdução de novas culturas e com os regadios, cimenta a exponencia civilizacional a que chegou este reino, o que despertou cobiças e apressou a Reconquista.

Em 1309, Castela tomou Gibraltar, mantendo-se árabe, porém, Algeciras. Estes dois pontos eram estratégicos (passagem para África) para o reino de Granada, que daí se estendia até Almería, a leste, onde se continuavam a dar frequentes ataques aragoneses, ainda que sem resultados. No primeiro quartel do século XIV, os castelhanos chegaram às portas de Granada, sendo porém rechaçados para fora do reino, entretanto reorganizado em termos de defesa. 

Em 1333, Granada reconquistou Gibraltar, apoiada por genoveses e dinastias norte africanas, conhecendo porém em 1340 a derrota na Batalha do Salado perante forças combinadas luso castelhanas, o que deitou por terra o desejo de reconquista muçulmana da Península. Ao longo do século XIV, a Alhambra continuou a construir-se; a Reconquista deteve-se por vezes; mas o século XV, com a pressão demográfica e a expansão económica de Castela, seria a centúria da derrocada do reino de Granada. 

Para além de lutas internas (conspirações, rebeliões, guerra civil em 1427) e de falta de apoios do mundo árabe, Granada, apesar de conseguir suster alguns avanços de Castela e obter algumas tréguas, não conseguiu reestruturar-se internamente e começou a ceder aos ataques cristãos. Ainda desencadeou um contra-ataque entre 1433 e 1440, recuperando praças de Castela, mas a partir daqui, a história de Granada foi de defesa contra Castela, bloqueios económicos, tréguas e devolução de cativos, até ao golpe final dos Reis Católicos, em 2 de janeiro de 1492, quando a conquistaram ao rei Boabdil.

Este, diz a lenda, terá chorado e morrido de desgosto e nostalgia por abandonar a joia da civilização árabe da Península Ibérica. No século XVI, apesar do embelezamento e da valorização cultural da cidade e da região pelos espanhóis, ainda havia, na minoria mourisca, sentimentos saudosistas do antigo reino nazerí, como nos levantamentos nas Alpujarras, último foco de resistência árabe.

Fonte: Reino de Granada. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. 

Conquista de Granada. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.


QUEM FOI HIRAM ABIF? - Almir Sant’Anna Cruz


Os livros bíblicos que tratam da construção do Templo de Salomão e mencionam Hiram Abif, divergem quanto à sua filiação:

Em I Reis (7:14), Hiram Abif é apresentado como “filho de uma viúva da tribo de Neftali e fora seu pai um homem de Tiro”. 

Em II Crônicas (2:14) é mencionado como sendo “filho duma mulher das filhas de Dã, e cujo pai foi homem de Tiro”.

Portanto, os textos bíblicos são concordes quanto ao seu pai: um homem de Tiro, isto é, um fenício da cidade-estado de Tiro. Concordam também quanto ao fato de ser ele um “filho da viúva”: em I Reis é assim apresentado e em II Crônicas está implícito, com a utilização do verbo no passado (“foi homem ...”).

Assim, a divergência é quanto à tribo a que pertencia sua mãe, uma judia: Dã ou Neftali. Historicamente, tanto a tribo de Dã quanto a de Neftali tinham uma origem comum: eram descendentes da relação entre Jacó (Israel) e Bilha, escrava de Raquel, uma de suas esposas.

Geograficamente, Neftali dispunha de um território mais extenso e fértil, as duas tribos situavam-se no extremo norte e eram fronteiriças, com Dã a leste e Neftali a oeste. Dã não fazia fronteira com a Fenícia, ao contrário de Neftali, situada a leste de Tiro.

Politicamente, ambas as tribos participaram do cisma ocorrido no reinado de Roboão, filho e sucessor de Salomão, formando o Reino de Israel sob o reinado de Jeroboão. Somente as tribos de Judá e Benjamim permaneceram fiéis a Roboão, formando o Reino de Judá.

Sob o ponto de vista religioso, após o cisma, foi erigido em Dã um bezerro de ouro para ser cultuado pelo povo. 

Além disso, segundo o profeta Isaías, Neftali um dia veria a luz da libertação (Isaías 9:1), esperança que se realizou com Jesus, que fez das cidades de Neftali o centro de todo o seu ministério na Galiléia. 

Dã, ao contrário, é a única tribo sem eleitos a serem salvos, conforme o livro do Apocalipse (7:4-8).

Entre os autores – cristãos, judeus ou Maçons – que se detiveram neste tema, não há consenso. Uns consideram a mãe de Hiram Abif como sendo da tribo de Dã e outros da tribo de Neftali. 

No nosso entendimento, o que menos importa é a tribo de sua mãe. O fato é que ela era uma judia.

Quanto a seu pai, não resta dúvida que era um fenício de Tiro, embora existam os que afirmam, sem qualquer argumento lógico – sobretudo judeus – que seu pai era um judeu que morava em Tiro.

Hiram Abif morava na Fenícia (se morasse em território judeu Salomão e não Hiram o conheceria), e quando seu pai morreu já possuía idade suficiente para dele receber os ensinamentos que o fez famoso em Tiro, a ponto de o Rei Hiram conhecê-lo e indicá-lo nominalmente ao Rei Salomão. Além disso, em II Crônicas (2:14), consta que ele sabia trabalhar em púrpura, maior riqueza e um dos principais segredos dos fenícios, que detinham o monopólio da fabricação do corante. 

Sumariando, Hiram Abif era filho de um fenício de Tiro e de uma judia. Foi criado em Tiro, dentro da tradição fenícia. Depois, foi indicado pelo Rei de Tiro ao Rei dos Judeus, para fazer todas as obras de adorno do Templo de Salomão.

Consoante o que consta na Bíblia (I Reis 7:14 e II Crônicas 2:13-14), o Rei de Tiro ao apresentar Hiram Abif a Salomão, disse ser ele um homem inteligente, sábio, engenhoso e conhecedor de todas as ciências necessárias à realização de qualquer gênero de obras. Era, portanto, extremamente versátil. Entendia de metalurgia, trabalhando em ouro, prata, cobre, bronze e ferro; de alvenaria, de escultura, de carpintaria e de marcenaria, manejando o buril com habilidade em todos os tipos de pedras, mármores e madeiras; de tinturaria e de tecidos, usando púrpura, carmesim, azul, jacinto e linho fino.

Além de todos esses atributos, a tradição maçônica credita a Hiram Abif amplos conhecimentos de Arquitetura e o considera como sendo o arquiteto chefe do Templo de Salomão.

Gerard Brett, citado por Alex Horne in O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica, afirma que tanto Clemente (século II) quanto Eusébio (século IV), este utilizando como fonte o escritor judeu Eupolemo (150 a.C.), se referem a Hiram Abif “mais como arquiteto do que como fundidor de bronze”.

Bernard E. Jones, igualmente citado por Horne, assim se posiciona a respeito: “Como os escritos desses dois autores antigos (Clemente e Eusébio) duraram até hoje e são conhecidos dos estudiosos, deve ter havido, em todo o decorrer do período medieval, homens doutos sabedores de que, nos primeiros séculos da era cristã, Hiram tivera um lugar na tradição de um arquiteto. É portanto possível, e até não é improvável, que persistisse uma lenda em alguns setores, através dos séculos, de que Hiram era mais do que o fundidor de metais de Salomão – pois era, na realidade, seu principal arquiteto” 

E Alex Horne conclui: “Os modernos estudiosos da Bíblia de um modo geral – fora do campo maçônico – aceitam, satisfeitos, a imputação arquitetural que se transformou no núcleo central da tradição maçônica, a despeito da ausência de uma clara corroboração das Escrituras. Assim, o Dicionário da Bíblia de Smith fala de Hiram como nós o fazemos, como ‘o arquiteto-chefe do Templo’. O Dicionário da Bíblia de Hastings faz o mesmo, ao passo que o Professor Paul Leslie Garber, o planejador de um dos mais autênticos modelos modernos do Templo, baseado ‘nos últimos achados do estudo dos textos e nos dados importantes da arqueologia bíblica’ escreve sobre ‘O Templo de Jerusalém que Hiram desenhou e construiu.’

A isso, acrescente-se que, segundo o relato bíblico, Hiram Abif era conhecedor de todas as ciências necessárias à realização de qualquer gênero de obras, podendo-se incluir, no rol dessas ciências, a Arquitetura.

Para a Maçonaria, Hiram Abif representa a Beleza, pois foi ele quem fez as obras que adornaram e embelezaram o Templo de Salomão. Nas Lojas maçônicas, o Segundo Vigilante personifica Hiram Abif e a deusa Vênus, símbolo clássico da Beleza.

Excerto do livro *Personagens Bíblicos da Maçonaria Simbólica* do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

janeiro 01, 2024

JANO, O DEUS DE DUAS FACES - O INÍCIO E O FIM - Rogério Vaz de Oliveira


Seja bem vindo a Janeiro! 

A pouco encerramos um ano, um período recheado de aprendizados, alegrias, tristezas, de ganhos e perdas. A sensação de finalizar algo é tão importante quanto começar, e com ele todos os desafios. Chegou o novo ano, onde depositaremos esperanças, sonhos e realizações; a mitologia romana possuía e venerava o Deus Jano (do latim Janus ou Ianus), o Deus das Duas Faces, era o porteiro celestial, simbolizando os términos e os começos, o passado e o futuro, o dualismo relativo de todas as coisas. 

Graças a ele ganhamos o janeiro, que marca o inicio de um novo ano e a transição do passado para o futuro. A propósito, janeiro só passou a ser o primeiro mês quando o Imperador Júlio Cesar (100-44 a.C.) introduziu, em 46 a.C., o ano de 365 dias, antes era de somente 304 dias e dividido em dez meses – a contagem começava em março e terminava em dezembro. 

O Templo em honra a Jano permanecia com as portas principais abertas em tempos de guerra e eram fechadas em tempos de paz. Ele presidia tudo o que se abre, era o deus tutelar de todos os começos; regia o que regressa ou que se fechava. Tornou-se, então, patrono dos exércitos. 

Costumava ser o primeiro deus a ser mencionado nas cerimônias religiosas. Era adorado no início da época de colheita, plantio, casamento, nascimento, e outros tipos de origens, especialmente os começos de acontecimentos importantes na vida de uma pessoa. 

Originalmente, uma face possuía barba e a outra não, e, às vezes, era masculino e feminino - provavelmente uma representação do sol e da lua (Janus e Jana). No entanto, é mais fácil encontrar duas faces com barba. Existem em alguns locais, representações suas com quatro faces. 

A dualidade de Jano se apresentava quando uma das faces falava a verdade enquanto a outra mentia, confundindo assim a pessoa na hora de fazer uma escolha importante que poderia trazer grandes consequências, demonstrando claramente o seu papel como Deus das indecisões, pois representava assim aquele que acalenta e guia, protege e ama ao mesmo tempo que é aquele que engana, que trai, que odeia e que trapaceia. Algumas tradições acreditavam que Janus também encarnava o caos, tanto exterior como interior. 

A dualidade sempre esteve presente no ser humano, desde o momento em que ele começou a pensar, desenvolvendo a capacidade de discernir. Os opostos têm-lhe constituído desafios para a consciência, que deve eleger o que lhe é melhor, em detrimento daquilo que lhe é pernicioso, perturbador, gerador de conflitos. 

É também representado com uma chave em uma das mãos, e na outra uma vara para mostrar que é o guardião das portas e que preside os caminhos. É provável que o cristianismo utilizou a figura de Jano para apresentar São Pedro, como o Porteiro do Céu, e carregando uma chave. Outra curiosidade a respeito deste Deus Romano, eram que as suas estátuas apontavam muitas vezes com a mão direita o número trezentos, e com a esquerda o sessenta e cinco, representando o total de dias do ano.

A ele se atribui a invenção dos navios e possivelmente o dinheiro, em moedas, pois as primeiras foram cunhadas com a cabeça de duas faces. 

Janus, portanto, é aquele se apresenta para nos mostrar que questões como bem/mal, dia/noite, fé/descrença ou qualquer coisa que seja dual na realidade são separadas apenas pelos humanos, pois a divindade é em si mesma detentora de todos os mistérios e encerra em si mesma o conceito do Um, do Todo. Janus nos permite observar os ciclos que já passaram e visualizar o que o futuro nos reserva em virtude das escolhas que já fizemos e fazemos no presente. Ele traz consigo o poder da transição de um estado para outro e traz sempre movimento a existência.

Encerramos este pequeno artigo rogando ao Deus Jano que o ano que inicia seja repleto de harmonia, paz e fraternidade. Que a tolerância e a ética sejam constantes nas decisões dos nossos dirigentes.

O VELHO SÁBIO - Roberto Ribeiro Reis


Eu andava por uma estrada vazia, coberta somente de terra, mas ladeada por generosa vegetação, donde avistava ipês amarelos e flamboyants das mais variadas tonalidades. Meu pensamento erradio mal valorizava a exuberância de enorme cachoeira, cuja abundância d’água precipitava num espetáculo de força e graça suprema.

Não obstante a esse contato sublime com a mãe natureza, um vendaval de aflições me perturbava o ânimo. Por mais que eu tivesse de tudo –amores, amigos e entes queridos- um vazio sem explicação ocupava parte do meu interior despedaçado.

Ao invés de enveredar meus pensamentos pelas regiões da gratidão e do reconhecimento, só conseguia me afogar nas águas lamacentas da insatisfação e da incompreensão. Foi quando – para meu espanto - surgiu do nada um pequeno ancião, qual um mago de baixa estatura, cuja tez enrugada denunciava-lhe a idade e a  experiência de vida, e virou-se, em minha direção:

- meu filho, por que tanto choras?

Fiquei assustado, tão logo percebi que o senhor de baixa estatura não enxergava, mas que ainda assim sentiu minha presença quando de sua repentina aparição. Sem quase nada entender, respondi a ele:

- eu não estava chorando, senhor..?

- Tempo, pode me chamar de Tempo, meu querido filho.  Você pode não estar com os olhos marejados, mas sinto sua alma vertida em prantos, em profunda aflição e numa extrema angústia, a qual parece não ter fim.

Assustei-me com a serenidade e precisa ponderação daquele estranho e velho sábio; todavia, não querendo dar o braço a torcer, dissimulei:

- Senhor Tempo, deve ser somente o cansaço e o calor do dia-a-dia. Não tenho motivo nenhum para chorar ou mesmo reclamar. A vida me tem sido muito benevolente. Por quais motivos uma pessoa tão privilegiada feito eu poderia chorar ou mesmo reclamar? Agradeço ao senhor, mas estou muito bem!

- Fico muito feliz, meu filho. Afinal, já escutei diversos relatos feito o seu. Pessoas cujos maiores patrimônios eram os amigos e a família; no entanto, a correria e loucura do cotidiano faziam com que elas se distanciassem de todos. Elas sempre buscavam amealhar fortuna material, deixando seus afetos para um segundo, terceiro ou quarto planos. Eis que um dia a morte, inexorável e impiedosa visitante, veio estar junto delas, não oportunizando sequer uma breve despedida. Você ainda tem tempo para rever seus conceitos, querido irmão! Reflita bem sobre isso, e não desperdice as oportunidades de viver o verdadeiro amor, em sua plenitude.

Aquelas breves palavras tocaram a fundo o imo de minha alma. Como um velho sábio, desconhecido, conseguiu ler meus pensamentos, fazendo com que um filme de minha existência passasse por minha cabeça tão eficiente e rapidamente? Foi quando os ventos irromperam daquela extasiante vegetação, trazendo um frescor jamais sentido por mim antes, e uma brisa leve e carinhosa insistiu em tocar minha face, proporcionando-me uma paz indizível ao coração.

Olhei para todos os lados, à procura daquele ser carismático e misterioso, para externar a ele meu agradecimento, mas o “generoso amigo” havia sumido, tal quais sumiram os sentimentos de amargura e dor que me inquietavam o âmago. O que acontecera comigo? Afinal, quem era aquele distinto e nobre senhor? Por que aparecera em meu caminho e por qual razão houvera sua intervenção em meu favor?

Até hoje, penso ter vivido bons instantes de epifania, mesmo sem ter feito por aquilo merecer. Num primeiro momento, não havia entendido por que aquele velho sábio havia aparecido e sumido do nada, como num piscar de olhos. Porém, com o passar dos anos, pude constatar que, em tudo nessa vida, existe o Toque Magistral de Deus. Aquele pacífico e sereno senhor mostrou-me que o Tempo surge, e passa muito rápido para todos nós. Portanto, é fundamental que saibamos valorizá-lo, com todas as forças d’alma!

O Senhor Tempo é uma das dádivas do Grande Arquiteto, capaz de cicatrizar todas as feridas, e de trazer o bálsamo necessário para as dores dos homens. Não o desperdicemos com aquilo que é efêmero e frívolo. Aproveitemos seu auxílio fraterno, para vivermos em companhia daqueles a quem amamos, e que são os verdadeiros responsáveis por nossos momentos de felicidade em sua plenitude. 



dezembro 31, 2023

FELIZ ANO NOVO


Mais um ano que se encerra. O próximo ano renova a nossa esperança de dias de saúde, paz, alegria, amor e prosperidade. 

Que o nosso país reencontre o caminho da justiça social e do desenvolvimento. Do equilíbrio e da ética. 

Que venhamos a estreitar ainda mais os laços que nos unem aos nossos amigos e irmãos. Nossa família estendida.

Que nossa relação amorosa seja um romance a cada dia. Não deixe de dizer sempre "eu amo você".

Que nossos filhos nos proporcionem orgulho e prazer.

São os nossos votos. Alice e Michael

SOIS MAÇOM? - Almir Sant'Anna Cruz


Quem poderia responder essa pergunta conscientemente e com a absoluta certeza de que é um verdadeiro Maçom?

O verdadeiro Maçom é aquele que lê, que estuda as origens, a história, o simbolismo, a filosofia, enfim, tudo o que a Maçonaria nos oferece em termos de compreensão da Ciência Maçônica e distribui a Luz do Conhecimento a todos que estão nas Trevas da Ignorância e não aqueles que por usarem um avental maçônico, se acham superiores a quem não os usa, como se todos nós não fomos um dia profanos.

E uma das formas de demonstrarem sua “superioridade", evidentemente inexistente, é tratar tudo como se fossem "grandes segredos maçônicos", na verdade pseudo segredos. 

São os "profanos de avental”, que pouco ou nada sabem do que é verdadeiramente a Maçonaria e por isso para eles tudo é segredo ou landmarque. 

Quando perguntados sobre um assunto maçônico trivial, para encobrir seu total desconhecimento, respondem profissionalmente com um enigmático “isso é segredo”.

 *SOIS MAÇOM?*

PERENAL DESAFIO - Adilson Zotovici


 







Um "novo ano" está perto 

Faça calor ou faça frio 

Tempo fechado ou aberto

Se maço pesado ou macio 


Na caminhada por certo

Inda que casual desvio 

Feito pássaro liberto

_É perenal o desafio_


Breve canteiro  reaberto 

À boa colheita o plantio 

Receita dum templo a coberto 


Do livre pedreiro é feitio 

Não parar a obra decerto 

_Cada ano...de fio a pavio_ !