janeiro 08, 2024

CARÁTER - ESSÊNCIA HUMANA - Newton Agrejja


De repente nos deparamos com um substantivo, cuja etimologia é grega, e cujo significado, até hoje não encontrou um símbolo que se pudesse adotar como uma convenção universal.

Referência é feita à palavra grega KHARAKTER, que quer dizer  “marca gravada, sulcada ou esculpida”.

O termo ainda se traduz metaforicamente como “marca, impressão ou símbolo na alma”.

Fato é, que para a língua portuguesa, ela ganhou a forma "Caráter", que dentre tantas definições, aquela que talvez se traduza com maior densidade, consistência e concisão de significado seja a de  "formação dos traços morais de natureza ou feitio do ser humano".

Aliás, é justamente a questão da moral que diferencia o Caráter da Personalidade, vez que esta segunda propriedade humana, refere-se às características psicológicas que indicam como uma pessoa pensa e sente.

O Caráter é o que determina a forma frequente e habitual sobre como uma pessoa age e reage, baseada em um conjunto de valores herdados e acumulados como legado que passa de geração em geração. 

Algo igualmente relacionado com a índole da pessoa, bem como com sua firmeza e voluntariedade.

Por outro lado, a Personalidade diz respeito particularmente à individuação e à maneira como o ser humano se relaciona socialmente e emocionalmente.

Cabe lembrar que o Caráter compreende tanto qualidades positivas quanto negativas, que determinam o conceito de moral que rege as atitudes de um indivíduo.

Especificamente num processo de Sindicância que diga respeito à indicação de um Candidato para uma possível admissão na Sublime Ordem, há que se ponderar e perguntar-se a sí próprio :

"No que devemos nos pautar durante a entrevista com o postulante: no seu caráter ou na sua personalidade ?

Embora esta seja uma questão quase impossível de ser respondida ou solucionada, fato é, que o processo de selecionamento e indicação, antes de uma Sindicância, precisa inequivocamente ser melhor elaborado e mais rigoroso, por mais que se busque incrementar o quadro de Obreiros na Maçonaria.

O cenário requer que se esmere sim muito pela  qualidade do que pela quantidade.

Talvez isto contribua para que o êxodo de Obreiros sofra um menor impacto, diante do quadro com que nos deparamos atualmente.



janeiro 07, 2024

20 ANOS SEM MEU PAI


No dia de hoje, 7 de janeiro, faz 20 anos que meu pai passou para o outro plano. Em sua homenagem conto alguns trechos de sua história a partir de Israel.

Embora na então Palestina (de Philistia, dos Filisteus) ainda sob o Mandato Britânico, já existissem inúmeras colônias judaicas, desde o século 19, em terrenos adquiridos e pagos por mecenas europeus como os Rothschild e o Barão Hirsch, após a Declaração da Independência de Israel, em 1948, o país se tornou uma colcha de retalhos de imigrantes judeus de todas as partes do mundo.

 Era uma multidão procurando um lar definitivo para se estabelecer, a Terra Ancestral dada pelo Senhor a Moisés. Pessoas de todas as idades, de todas as formações, com ou sem qualificações, com idiomas e dietas diversos, algo impossível de dar certo. O país não oferecia nada, nem terra fértil, nem indústrias, nem agricultura extensiva, nem sequer um governo que se entendia entre si. Mas todos unidos no ideal expresso por uma tradicional oração dos judeus, ‘’O ano que vem em Jerusalém”.

Papai foi um destes imigrantes. Apesar de sua formação militar e em matemática, estabeleceu-se em um pequeno aldeamento, ‘kiriat” em hebraico, nos arredores de Hadera, onde nasci, palavra que significa pântano em hebraico, o que descreve bem o local. Lá sustentava a família com uma charrete entregando barras de gelo de casa em casa no país que em seu início tinha pouca energia elétrica e quase nenhuma refrigeração, mas a escassa comida precisava ser conservada. Cuidava ainda de uma pequena roça e muitas noites, com seus vizinhos, fazia a ronda para proteger a aldeia dos constantes ataques dos terroristas árabes, os ‘fedayin”. Aliás, meu pai andou armado a vida inteira e a não ser na guerra, nunca feriu nem matou ninguém, o que mais uma vez prova que o perigo não está no instrumento, mas em quem puxa o gatilho.

Curiosidade. Nasci no Hospital Militar Inglês. Na minha última viagem a Israel fui rever a minha cidade natal, atualmente uma grande cidade que tem inclusive uma usina nuclear, e o local onde vim ao mundo era agora um Hospital de Doenças Mentais. Foi o meu alfa. Que não seja o meu ômega.

Seu maior tesouro era o cavalo, o mais cobiçado troféu de furto dos ‘fedayin’ e na casinha de madeira ele dormia com a janela aberta, com a corda que amarrava o cavalo presa no braço e o revolver na mão, mas nunca houve problemas. Sua reputação de bom atirador não justificava o risco para os larápios. E o país ia sendo construído passo a passo pela força e pela fé de quem retornava à sua Pátria ancestral, apesar da absurda escassez de recursos.

Em 1956, o ditador Nasser fechou o Estreito de Tiran, única saída de Israel para o Mar Vermelho e foram criadas condições para mais uma guerra, que de fato ocorreu pouco depois. Em junho do mesmo ano, farto de guerras, papai decidiu buscar viver em país lindo e pacífico. O Canadá, a Argentina, os EUA e o Brasil estavam proporcionando vistos para que tivesse alguma profissão, e meu pai, devido a sua experiência de artilheiro conhecia engrenagens, ferramentas e parafusos, e tendo declarado a profissão de mecânico conseguimos embarcar para o Brasil do navio Andrea C, da empresa italiana Linea C. As passagens foram pagas com a venda da casinha, dos poucos bens e do cavalo, ah, o bendito cavalo. 

QUANDO COMEÇA A INICIAÇÃO? - Sérgio Quirino Guimarães



O homem desde os primórdios da criação de sociedades que uniam pessoas com o mesmo propósito, criou cerimônias para a introdução de um novo membro em seu quadro de associados. Estas cerimônias visam além de apresentar o novo membro, passar para ele os princípios, a cultura e as diretrizes do grupo que agora ele fará parte.

Como exemplos temos o batismo (iniciação à cultura religiosa), casamento (iniciação à vida conjugal), formatura (iniciação à vida profissional) e na Maçonaria temos a Iniciação ao Grau de Aprendiz Maçom.

A Sessão Magna de Iniciação tem a função de "Rito de Passagem", onde o candidato deverá passar por atividades que lhe causem mudanças de estado moral e espiritual, deixando para trás o mundo profano e entrando em sintonia com os preceitos da Sublime Ordem.

Para que isto ocorra é mister que toda a Oficina esteja preparada para a grandiosidade da sessão; recordemos que o candidato terá apenas três sentidos para captar todas as mensagens subliminares que serão passadas. É importantíssimo a teatralidade, é pelo drama ritualístico que marcaremos no âmago do ser valores que às vezes conscientemente ele não captou, mas seu espírito e alma também foram iniciados.

A iniciação não começa após a abertura dos trabalhos pelo Venerável Mestre, cabe ao padrinho preparar o afilhado com antecedência. A Maçonaria é envolta de mil crendices que atrapalham em muito o relaxamento e a estabilidade emocional do candidato, é função do padrinho esclarecer todas as dúvidas, ele não pode contar o que acontece na sessão, mas deve dizer o que não acontece.

Também deve o padrinho procurar saber como anda a saúde do candidato e suas condições físicas, exemplo: hipoglicemia (lembremos que ele vai ficar horas sem se alimentar); labirintite (ele pode perder o equilíbrio conforme o movimento que for feito com ele), artrites ou cirurgias que o impeça de fazer alguma coisa; tudo isto deve ser levado à Loja para que haja a devida adaptação na ritualística e não quebre a egrégora formada.

Cabe também ao padrinho alertar ao candidato que ele deve cuidar da higiene do corpo; já presenciei uma iniciação em que o candidato estava profundamente constrangido por conta do tamanho das unhas do pé, ele ficou mais preocupado em esconder o pé do que ouvir o ritual.

Na noite que antecede a reunião, deve o candidato antes de deitar fazer suas orações e agradecer pelos dias já vividos, pois na noite da iniciação antes de se deitar ele deve ter em seu interior a paz e a felicidade para orar pedindo muitos dias de vida para colaborar na obra do GADU, pois a ele foi revelado a V∴L∴.

A intenção deste pequeno artigo é despertar em você a vontade de saber um pouco mais sobre o assunto, fazer uma pesquisa e quando ela estiver pronta, levar para sua Loja enriquecendo nosso Quarto de Hora de Estudos. Lembrem-se, todos nós somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

PEDRA DE PALERMO



A Pedra de Palermo é o maior fragmento de uma laje de pedra negra (basalto) que tem gravados em hieróglifo um conjunto de eventos desde os últimos anos do pré dinástico até a dinastia V do Egito (Império Antigo), tais como cerimônias, censos de gado, nível anual da ascensão do Nilo, e o nome dos reis e faraós. Deve seu nome à cidade de Palermo, Itália, onde foi inicialmente exposta, sendo agora exibida no Museu Arqueológico de Roma.

O fragmento tem cerca de 43 cm de altura por 30 cm de largura, embora venha de uma laje que mediria cerca de 2 metros de comprimento por 60 cm de altura. Outros fragmentos menores deste documento, ou outro similar, encontram-se no Museu Egípcio do Cairo e no Museu Petrie de Londres.

O texto está dividido em três registros horizontais:

o superior mostra o nome do faraó desse período,

o intervalo dos eventos principais: festas, contagens de gado, etc. ,

o inferior indica o maior nível anual da inundação do rio Nilo.

Na faixa superior estão os nomes de vários reis predinásticos (Império Arcaico) do Baixo Egito: «... pu», Seka, Jaau, Tiu, Tyesh, Neheb, Uadynar, Mejet e «... a».

A pedra de Palermo (datada no século vi a. C. , copiando um original do Império Antigo) e os outros seis fragmentos encontrados (cinco no Museu Egípcio do Cairo e um em Londres) são provavelmente os únicos textos históricos conhecidos dos reis e faraós desde 3050 a. C. A pedra de Palermo era suposto estar em Heliópolis.

Essa pedra foi comprada por um advogado siciliano Fernando Guidano em 1859 e permaneceu em Palermo desde 1866. 19 de outubro de 1877 foi apresentada ao Museu Arqueológico de Palermo onde permanece desde então.

 Fonte: Guidano Family (Brignolle- Sanzio).

TRAÇANDO PARALELOS - Newton Agrella




A originalidade é uma expressão única e singular da capacidade humana de tornar absolutamente autêntica sua engenhosidade e seu processo de criatividade.

Particularmente no campo das Artes, da Música e da Literatura essa condição se torna evidente quando provoca reações que podem variar de humor conforme o perfil de seu ineditismo.

A originalidade está implicitamente associada ao modo de expressar-se, mas sobretudo à forma independente e individual de expor uma pintura, uma escultura, uma música ou uma obra literária. 

Ela se substancia a partir do momento que consiga traduzir "legitimamente" um novo conceito ou uma nova ideia que impacte o espectador, o ouvinte ou o leitor, e cuja essência seja capaz de convencê-los disso.

A originalidade remete-nos desde os textos bíblicos, quando a mesma se manifestava como inequívoco qualificativo do Pecado.

Sim, o Pecado Original, no universo cristão, dá conta sobre a autenticidade da imperfeição humana.

De qualquer forma é uma propriedade que traz consigo o caráter de ser genuína, inimitada e inteiramente própria em sua compleição.

No que diz respeito às peças literárias, o que mais se vê no dia a dia é o famoso "chupa e cola" ; 

Pois é, esse tal do "chupa e cola" ou a  desaforada "não citação de fontes e autores" de que se valem muitos dos que se atrevem a mergulhar no terreno da escrita são extremamente prejudiciais à saúde cultural.

Por mais infame que possa parecer, no ambiente maçônico é algo um tanto rotineiro, aventureiros travestidos de escritores procederem cópias fiéis de inúmeros textos, sem ao menos se preocuparem em dar um mínimo de caráter pessoal aos mesmos.

Imprescindível lembrar, que além de  indevido, este tipo de expediente em nada contribui para um suposto desenvolvimento intelectual do "pseudoautor".

Ainda no que tange à natureza da originalidade, espera-se de um artista, músico, escultor ou escritor  um mínimo de esforço, discernimento, reflexão e arbítrio para elaborar sua obra na esfera de sua verdadeira capacidade intelectual.

O pensamento e o raciocínio são os agentes transmissores desse exercício, os quais encerram em si um caráter incomparável.

No que contempla a originalidade no campo literário, o texto deve possuir um mérito dialético e argumentativo, alicerçado antes de mais nada, pela ética, como diretriz pelos princípios que motivam e disciplinam o comportamento humano,   manifestando o respeito da essência das normas e valores, atinentes a qualquer realidade social.



NOS RITUAIS - Adilson Zotovici



Se te convém bom futuro 

E te agrada transpor portais

Muito além do alto muro

Tens a escada em manuais 


Planos sem pressa mensuro 

Que as paragens são cabais 

Pra que viajes seguro 

Desde os três anos e mais... 


Inda que às vezes no escuro 

Há altares de luz, sinais

Se praticares...asseguro  


História,  símbolos, reais...

Antigos, atuais...auguro 

A glória tens nos Rituais ! 




janeiro 06, 2024

POTOSÍ - Roberto Ribeiro Reis


Não é preciso ser um abastado para experimentar a verdadeira felicidade. Se isso se consubstanciasse em verdade, não haveria bilionários infelizes, ou padecendo em aguda depressão. A verdadeira riqueza, sem sombra de dúvidas, não é deste mundo!

Pode parecer simples figura de retórica, mas o grande êxtase espiritual não está atrelado à efemeridade material e à fugacidade dos prazeres que a permeiam, mas à construção de um patrimônio singular, integrado por tesouros d’alma, de riquezas singulares e não aquilatáveis pelo homem de raciocínio médio.

A vida nos oferece um potosí de oportunidades, as quais muitas vezes passam despercebidas aos nossos olhos; prendemo-nos àquilo que nos impressione a visão, somos ludibriados pelas superficialidades, e, geralmente, esquecemo-nos de que a maior riqueza advém da essência das coisas.

A Maçonaria é um manancial farto de possibilidades sublimes. Dada a sua matriz veementemente filosófica, oferece-nos um arcabouço de imprescindíveis instruções, que nos auxiliarão na pavimentação de um caminho sólido, firme e ideal para a concretização de objetivos altaneiros.

Ela detém uma fonte inesgotável de conhecimento e sabedoria, capaz de alimentar o nosso espírito de luz e esclarecimento, mantendo-se resoluta na consecução de sua principal meta, como seja a de resgatar os homens das cavernas lúgubres da ignorância.

É mister que nos embebedemos dessa rica fonte, sorvendo dela todas as benesses que se encontram ao nosso dispor; é fundamental que nos refresquemos nas sombras frondosas da árvore da vida, que é a nossa Magnífica Ordem.

A nossa existência é abençoada dádiva, pela qual temos que lutar, infatigavelmente; por mais que os homens continuem flertando cada vez mais com a morte, através das guerras, da cobiça desmesurada pelo poder e da intolerância sem precedentes, temos o dever de reverenciar a vida e toda sua grandeza, e de rendermos glória e respeito ao Grande Criador de Tudo.

A difícil tarefa tem sido a de nos apegarmos menos ao que é fugaz, efêmero, fútil e vulgar, e de nos interessarmos mais por aquilo que realmente possa nos engrandecer o interior. O fato de o homem querer sempre a aprovação alheia, reproduzindo os gestos e ações comuns do próximo, acaba se tornando um enorme obstáculo à sua evolução.

Em suma, vive-se o estado de coisas da superficialidade, da perecibilidade dos bons sentimentos e práticas, com ênfase visceral no poder da matéria. O homem, inevitavelmente, só perceberá isso no fim de sua vida, quando verificará que pôs tudo a perder, por não ter atendido aos reclames e súplicas de sua consciência.

Queridos Irmãos! Agradeçamos ao Arquiteto Maior pela parte material necessária que Ele tem proporcionado às nossas vidas; não nos desfaçamos do conforto ou daquilo que fartamente temos recebido, pois isso seria uma flagrante hipocrisia; todavia, jamais nos olvidemos que o nosso verdadeiro legado diz respeito às coisas do espírito, sem as quais nos tornamos pessoas ocas, ignóbeis e verdadeiramente pobres.






QUANTO CUSTA TER SEMPRE RAZÃO? - Sidnei Godinho


Ao começar mais um ano, sob a graça do Grande Geômetra, achei propício a Reflexão sobre condutas que precisam ser revistas para o aperfeiçoamento Moral, Social e Maçônico. 

Muitos dos irmãos já assistiram em loja, irmãos impondo suas opiniões, suas formas de condução dos trabalhos, seu jeito pouco democrático de conduzir uma sessão ou mesmo seus projetos de poder eterno no Oriente. 

Alguns já viram aquela expressão : Aquele irmão é o dono da loja... ou, hoje tem sessão na loja do fulano....

E ainda: "Quem manda na Loja é o Coronel, ou o Doutor, ou o Professor, etc... 

Alguns irmãos são sempre os donos da razão, causando assim transtornos muitas vezes irreversíveis à loja.

Aí eu pergunto : Qual é o preço de sempre se achar este dono da razão???

Qual o preço que se paga Em pensar ou agir assim??? 

Em algum momento, alguém já parou para analisar esta questão??? 

Já pensaram quais são as consequências de sempre querer provar que se está certo??? 

É claro que defender um ponto de vista é corriqueiro.

Colocar nosso posicionamento ou nossas ideias perante um fato, de maneira sensata, é mesmo saudável.

Trocar ideias a respeito de um tema, argumentar a favor de um conceito no qual se acredita, são posturas naturais e comuns nas relações cotidianas.

Porém, quando essa atitude supera todas as barreiras, está sempre como ponto de honra de nossa palavra, quando se torna fundamental ter a razão, qual o preço a ser pago??? 

Quantas vezes se aborrece com alguém pelo simples fato de querer convencê-lo de que ele está errado em sua forma de pensar???  

Quem de nós não se pegou transformando uma discussão tranquila em um afrontamento pessoal???

Ou ainda, quantas vezes não se eleva o tom da conversa, tornando-se ríspido no enfrentamento de ideias?

Defendemos nosso ponto de vista como acreditamos ser o mais adequado.

E, naturalmente, temos nossa maneira de ver a realidade, conforme nossos valores, conceitos e capacidades. 

Quatro pessoas, cegas de nascença, ao serem colocadas junto a um elefante vão conseguir relatar o que puderem tocar do animal.

Se não lhes derem a oportunidade de perceber as diferenças entre orelha, cauda, tromba, corpo, terão apenas uma ideia parcial.

Não estarão erradas, apenas cada uma terá somente parte da razão.

Muitas vezes isso acontece nos relacionamentos.

Temos a nossa percepção, a nossa capacidade de análise.

Não quer dizer que estejamos errados ou que não tenhamos razão em nossos argumentos.

Porém não podemos esquecer de que o outro tem sua própria forma de ver, seus valores, suas ideias.

Enfrentar-se, nessas situações, será o duelo de idéias, a briga de argumentos, em que, quase sempre, o que existe, de verdade, é o desejo de impor nosso raciocínio, nossa argumentação.

Inúmeras vezes, em nome de desejarmos provar que a razão nos pertence, usamos nossa palavra como quem está numa batalha, não desejando nunca perder. 

Ter sempre razão às vezes custa o preço de uma amizade ou pior, custa o preço de toda uma existência, de toda a imagem que se criou e se esvai pela prepotência não de se achar "Estar Certo", mas de afirmar que o outro está Errado... 😔 

Buscar impor aos outros nossos argumentos, repetidamente, pode ocasionar o desgaste da relação.

Querer estar sempre certo, no campo das ideias e reflexões, pode causar fissuras nas relações Familiares e Sociais. 

Amizades de décadas são rompidas por não aceitar um pensamento diferente do nosso. 

Assim, antes de se buscar ter razão, melhor buscar a preservação da harmonia.

Antes de querer ser vencedores em uma argumentação, melhor que se tenha paz de espírito.

A verdade, mais dia, menos dia, se fará presente, duradoura, perene, independente de quem estiver, naquele momento certo ou errado. 

Assim, mesmo quando toda a razão nos pertença, vale refletir se devemos continuar nossos duelos de ideias.

Talvez, o melhor, em determinadas situações, seja utilizar a capacidade pensante, o senso de validação para buscar compreender o próximo.

Ao assim proceder, poderemos entender o porquê dos argumentos alheios, de sua forma de agir, facilitando e aprofundando nossas relações.

Dessa maneira, evitar-se-á o granjear de atritos e dissabores, pesos desnecessários ao nosso coração.

*Por vezes Recuar não é fraqueza, mas PAZ DE ESPÍRITO.*  

Pensemos nisso.



janeiro 05, 2024

ACADEMIA SOROCABANA DE LETRAS


Recebi, com grata satisfação, o diploma de sócio correspondente da Academia Sorocabana de Letras, tão bem conduzida pelo acadêmico Antônio Luiz Pontes. É uma das cinco Academias as quais tenho a honra de pertencer, mas esta tem um sabor especial. 

Há cerca de 55 anos, em Sorocaba, fui trabalhar como jornalista na redação do Jornal Cruzeiro do Sul e o meu guia e mentor foi o jornalista, escritor, historiador e emérito intelectual Geraldo Bonadio, um dos primeiros a me guiar no caminho das letras.

Mais de meio século depois o mesmo Geraldo Bonadio, então presidente da Academia que reúne os melhores autores sorocabanos, foi o meu padrinho para ingresso neste sodalicio.




G DE… MAÇONARIA - Rui Bandeira


Embora a Maçonaria Continental use o símbolo do esquadro e compasso apenas com estes dois elementos, a Maçonaria anglo-saxónica, de tradição e língua inglesa, usa como símbolo notoriamente reconhecido como o da Maçonaria uma imagem similar à que encima este texto, com o esquadro, o compasso e a letra “G”.

É inevitável! O neófito, o recém iniciado, uma das primeiras perguntas que coloca é qual o significado desta letra.

Também eu, naquele tempo em que era Aprendiz, fiz essa pergunta. Mas como eu sempre gostei de “beber do fino”, não fui de modas e, quando se apresentou a oportunidade, fiz a pergunta ao Grão-Mestre! Era então Grão-Mestre, Fundador, o já falecido e, independentemente de infelizes sucessos posteriores, por mim muito admirado, Fernando Teixeira. Já noutro escrito o classifiquei como um vero príncipe da Renascença. Governava a Obediência com mão ferro envolta em luva de veludo. Experiente, sabedor – muito sabedor! -, inteligente e matreiro, bonacheirão na hora do descanso e ferreamente sério na altura do trabalho, era um líder carismático. Carisma que cultivava. E parte do cultivo desse carisma fazia-o com a disponibilidade que manifestava para ensinar, esclarecer, iluminar os Aprendizes com quem gostava de confraternizar.

Portanto, para mim não foi nada de mais fazer a pergunta que – imagino-o hoje – antes de mim dezenas ou centenas de outros lhe tinham feito: o que significa o “G”?.

O Fernando sorriu, recostou-se na cadeira e, mais uma vez, deu a resposta que já dezenas ou centenas de vezes dera: havia vários significados possíveis; uns defendiam que o “G” significava Gnose; outros que aludia a Geometria ou Geómetra, e por aí fora. Matreiro que era, nunca dizia o que se esperava que também dissesse e aguardava que a “brilhante sugestão” viesse do Aprendiz: e não significaria simplesmente “GOD” (Deus em inglês)? Mais um sorriso confirmava que a pergunta era aguardada e lá esclarecia que a Maçonaria era Universal, inerente a todas as línguas, que não parecia muito curial que um símbolo tão universal respeitasse a uma língua, e lá repisava as teses da Gnose (que lhe era cara, estudioso como era dos Mistérios Mitraicos) e da Geometria ou Geómetra.

Pese embora a minha admiração por ele, na altura pensei cá para os meus botões, aproveitando na íntegra o silêncio do Aprendiz, que “tá bem, abelha, a Maçonaria teve origem em Inglaterra, os ingleses são aqueles tipos que têm a mentalidade de pensar que, quando existe uma tempestade no Canal da Mancha e a navegação tem de ser ali suspensa, é o Continente Europeu que fica isolado deles, queriam lá saber da língua dos outros; o “G” era de GOD e não se falava mais nisso!” A solução mais simples costuma ser a correta, para quê complicar?

Os anos passaram, a Mestre cheguei e Mestre sou e, cá para mim, embora, quando perguntado, exponha a tese da Geometria ou Geómetra (a da Gnose nunca foi do meu agrado, demasiado rebuscada que a acho), sempre que do meu interlocutor lá vinha a referência ao “GOD” eu lá admitia como possível, se calhar provável. Não podia eu desmerecer do que intimamente eu próprio pensava…

Pois bem! Aprender até morrer! Só os burros não mudam de opinião!

Estou finalmente convencido que o “G” significa Geometria.

Nos antigos manuscritos da Maçonaria Operativa, a palavra Maçonaria era comumente usada como sinônimo de Geometria e da Geometria aplicada à construção, a Arquitetura. Pois bem, se “Maçonaria” era sinónimo de “Geometria”, a inversa também era verdadeira. Na Maçonaria Operativa, falar-se de maçonaria era falar-se de geometria, falar-se de geometria era falar-se de maçonaria. Então, nada mais simples do que criar o símbolo da Ordem com os artefatos da profissão e a letra inicial da ciência em que se baseava: o esquadro, o compasso e o “G”.

Portanto, afirmo e proclamo, abjurando das minhas antigas dúvidas e reservas: o “G” do símbolo da Fraternidade simboliza a Geometria. O que é o mesmo que dizer que… simboliza a Maçonaria!

Está assim explicado o título: “G” de… Maçonaria!

(E quanto a ti, meu caro Fernando Teixeira, meu sempre lembrado Grão-Mestre Fundador, que só por isso e pelo teu carisma obnubilas divergências posteriores, bem o sinto: se lá do assento etéreo em que subiste, memória deste mundo se consente… estou a ver o teu sorriso bonacheirão, contente e vitorioso! O “rapaz” foi teimoso, demorou vinte anos a lá chegar, mas finalmente acabou de te reconhecer a razão… – Não, meu caro, quanto à Gnose, não insistas… Já era um exagero… Concordemos em discordar… – Fica prometido: no próximo ágape ritual em que eu estiver, depois dos sete brindes rituais, chegada a hora dos brindes livres, eu proporei um brinde à tua memória. Porque de ti guardo e guardarei sempre enquanto por aqui andar a memória do teu carisma, da tua inteligência, da tua sabedoria, do muito de bom que fizeste e deixaste. Do resto, da divergência final, não cura a minha memória: já não eras tu, já era a doença final que te levou daqui. É assim que se constroem e se lustram as memórias daqueles que prezamos e admiramos!)



O POEMA REGIUS E O SEGREDO - Almir Sant’Anna Cruz


O Poema Regius, Manuscrito Regius ou Documento Halliwell, que se acha atualmente no Museu Britânico de Londres, foi manuscrito entre 1356 e 1450 e encontrado em 1839 na Régia Biblioteca do Museu Britânico de Dnodes pelo antiquário inglês não maçom Orchard Halliwell.

Trata-se de uma compilação dos antigos regulamentos, de data incerta, dos talhadores de pedra (Maçons), apresentada em 33 folhas de pergaminho, numa bela escrita gótica e sob a forma de um poema de 790 versos, para que os operários analfabetos pudessem facilmente decorá-los.

Seu autor foi provavelmente um clérigo com conhecimento de vários antigos documentos relativos à história da Ordem, pois, naquela época, os letrados eclesiásticos assumiam frequentemente as funções de secretário nas Lojas dos Maçons operativos, ou seja, foram os primeiros Maçons aceitos.

Presume-se também que o autor tenha sido encarregado de redigir um manual com as lendas do ofício e as regras da fraternidade, compilando-as das que já eram usadas nas assembleias dos Maçons. 

Está dividido em nove seções (três vezes três).

A terceira seção compreende quinze Pontos, sendo particularmente interessante o terceiro, que impõe o segredo profissional, provável embrião do segredo maçônico: 

Os conselhos de seu Mestre devem ser guardados e não revelados, assim como os conselhos de seus Companheiros.

 Não revelar a ninguém o que se passa na Loja.

O que ouvir ou que veja fazer deve ser guardado em seu coração. Não dizer a ninguém, onde quer que vá, os conselhos da sala e os conselhos da câmara. 

Guardar os segredos com a maior honra, temeroso de que os revelando se torne culpável e, com sua falta, seja motivo de opróbrio para o ofício.

Excertos do livro O que um Mestre Maçom deve saber -Interessados no livro contatar o autor, Irmão Almir, no WhatsApp *(21) 99568-1350

janeiro 04, 2024

MAÇONARIA: PODCAST SALMO 133 - Entrevista com Michael Winetzki

RONDÔNIA - A ESTRELA GAMA DO CÃO MAIOR - Aldino Brasil

Fim da manhã de 4 de janeiro de 1982, um temporal que desabava sobre Porto Velho não afastava a multidão de frente do Palácio Presidente Vargas e o aguaceiro, como sempre por aqui, chegou a ameaçar a cerimônia de instalação do mais novo Estado da Federação.

E sem qualquer previsão, como acontecera com a chuva, eis que o Sol “deu o ar da graça” e o ato solene pode ser realizado, com discursos do gov. Jorge Teixeira, do ministro Mário Andreazza e do ministro Abi-Ackel, representando o presidente da República.

Em 1962 que o deputado federal Aluízio Ferreira, apresentou um projeto de lei, que criaria o Estado, mas o Congresso não reconheceu a proposta, e aprovou naquele ano a criação do Estado do Acre.

A partir de 4 de janeiro de 1982 Rondônia passaria a integrar a Bandeira do Brasil, na parte inferior da legenda “Ordem e Progresso”. Rondônia foi ocupar a constelação Gama do Canis Majoris, onde já se encontrava MT e depois foram inseridos os estados de TO, AP e RR. Rondônia é a estrela n. (sete) 7.