janeiro 10, 2024

COLLEGIA FABRORUM E AS GUILDAS - Alfério Di Giaimo Neto



O Collegia Fabrorum era uma Associação romana na época (iniciada em 500a.C.) das grandes conquistas de cidades pelos romanos, até o ano aproximadamente 400 d.C. Os guerreiros destruíam as construções de todos os tipos, na subjugação dos povos e devido a selvageria das batalhas, e esse grupo de construtores, talhadores de pedras, artistas, carpinteiros, etc, iam atrás reconstruindo o que era de interesse para as tropas e aos comandantes de Roma.

Tinha um caráter religioso, politeísta, adorando e oferecendo seus trabalhos, aos seus deuses protetores e benfeitores. 

É possível que, com a aceitação do Cristianismo pelos romanos, essa associação tenha se tornado monoteísta (Cartilha do Aprendiz – José Castellani – Ed. A Trolha)

As Guildas eram Associações corporativistas, auto protetivas, que apareceram, na Idade Média, depois de 800 d.C. 

Eram grupos de operários, negociantes e outras classes. Existiram, com o passar do tempo, diversos tipos de “Guildas”: religiosas, de ofício, etc, entre outras. 

No caso das de oficio, se auto protegiam, e protegiam seus membros e, muito importante, protegiam seus conhecimentos técnicos, adquiridos pelos membros mais velhos e experientes, e os transmitiam, oralmente, em segredo, em locais afastados e adequados, longe de pessoas estranhas ao grupo formado. 

Como eram grandes, precisavam de sinais de reconhecimento, palavras de passe, etc. E, obviamente, de pessoas que coordenassem, que vigiassem tudo isso. 

Também é obvio, que para que a Guilda tivesse continuidade, precisavam de jovens, que seriam por um determinado tempo, aprendizes desses conhecimentos. 

Na festa de confraternização, comiam juntos, dividiam o mesmo pão entre eles ( do latim “cum panis”, gerando, talvez, a palavra “Companheiro”). Etc, etc, etc. 

O leitor Maçom , já entendeu aonde eu quero chegar.

A que mais se destacou e evolui grandemente, foi a Guilda dos Construtores em alvenaria, principalmente de igrejas e palácios. Como a Igreja Católica Apostólica Romana, na época, dominava tudo, e os padres, por dever de ofício, eram os únicos letrados, nada mais natural que os mestres (de maneira bem ampla) fossem eles. 

Como sacerdotes, eram venerados, e porque ensinavam, eram mestres. Há uma teoria, e é a minha também, que “Venerável Mestre” derivou disso aí explicado: Venerável por ser sacerdote e Mestre porque ensinava!

Posteriormente, essas confrarias perderam essa predominância da Igreja, apesar de não deixarem de serem altamente religiosas, e geraram os Ofícios Francos (ou Franco maçonaria) formados por artesões com privilégios ofertados pelo Feudo e pelo Clero.


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FALANDO E CONVENCENDO - UM MANUAL DE ORATÓRIA E PERSUASÃO

 


Queridos irmãos. Saiu a nova edição deste livro, que ensina as melhores técnicas de redação e apresentação de trabalhos e palestras. Vai incrementar muito a qualidade de seus trabalhos e de sua comunicação.

 Entre os muitos temas tratados estão:

1 - O que é comunicação

2 - O processo de comunicação e comunicação não verbal

3 - Preparando o discurso

4 - O discurso

5 - E quando dá "branco"

6 - Respondendo a perguntas

7 - O suporte audiovisual

8 - Dicas para escrever o roteiro

9 - Retórica, argumentação e persuasão

10 -Planilha de verificação para palestrantes

11 - Textos para praticar

12 - Exercícios de declamação

13 - A saúde de sua voz

14 - Exercícios para a voz


O valor do livro é de apenas 50,00 + postagem
e enviarei dedicado. 
Michael - whatsapp 61.9.8199.5133

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AFIANDO ESPADAS (A ORATÓRIA DOS MAÇONS) - Charles Evaldo Boller


Pela semelhança de formato, afiada em dois lados, a espada é fisicamente semelhante à língua. Os dois gumes da espada formam dois triângulos unidos pela base, assim como o corte transversal da língua. Expande-se o raciocínio para o pensamento afiado em dois lados, para o bem e para o mal. Assim como o afiar da espada, o que é da língua sem o aguçar da racionalidade que a dirige? Uma espada mal utilizada, mal dirigida pelo cérebro e pelos músculos, ao invés de defender dos inimigos, permite que o seu portador venha a ser morto no campo de batalha ou da honra. Os exercícios de esgrima do Maçom permanecem na mente, na articulação de novos e inusitados pensamentos e que se expressam formalmente pela ação da língua, uma espada de dois gumes afiada na oratória. Na Maçonaria isto obtém-se com debates de temas diversificados e interessantes. Afiam-se a língua, o pensamento, à semelhança de uma espada de dois gumes, para derrubar os pensamentos de déspotas e fanáticos.

Porque afiar o pensamento em dois sentidos? A dualidade é exercitada mais pela filosofia oriental, que vê em cada boa ação a semente para o mal e em cada ação má a semente para o bem. Algo difícil de entender na racionalidade ocidental. Na Maçonaria vemos claramente a manifestação do número dois, da dúvida, do balançar entre duas verdades. Afiar o pensamento para o mal tem por objetivo aprender a discernir o mal e não a praticá-lo. É treinar como se afastar do mal. A esgrima entre o bem e o mal é obtida pela constante prática, em Loja, do exercício de animados debates. A arte real é servida na Maçonaria como VITRIOL já na câmara de reflexões – mesmo que a presença da câmara de reflexões não seja utilizada em todos os ritos e obediências -, ocasião em que o Maçom é provocado, a partir de então, a permanentemente aparar as rugosidades da pedra bruta. É a visita ao interior de si mesmo, o interior da pedra filosofal de Zoroastro. É o constante exercício do pensamento, reduto e único lugar no Universo onde cada ser vivo é absolutamente livre. O próprio Grande Arquiteto do Universo nos proveu com uma capacidade que nem ele controla, nem deseja controlar. Se Ele controlasse o pensamento da criatura, Ele estaria corrompendo a perfeição da sua criação. É disto que se deduz ser no pensamento o local onde a criatura é absolutamente livre. Nem mesmo o Criador nela influi. Qualquer modificação só ocorre com o exercício da vontade da criatura. “Conhece-te a ti mesmo”, dizia Sócrates – este conhecer é o “Visita Interiorem Terrae Rectificandoque Invenies Occultum Lapidem”. Esta é a razão sublime de afiar o pensamento no ambiente onde apenas a própria criatura tem poder de modificar a si mesma em resultado da ação do livre-arbítrio, ação que ocorre dentro da pedra, dentro de si mesmo, por vontade própria.

A estrela de seis pontas definida pela circulação ritualística das bolsas implica destacar a capacidade de iluminar, fonte de luz. Só ilumina aquele que emite luz. Os dois triângulos entrelaçados e formando uma estrela de seis pontas, que representa a caminhada do Maçom naquela dança ritualística, aponta para o desenvolvimento da capacidade de raciocinar, afiar o pensamento para emitir a luz do conhecimento e derramar o seu efeito salutar sobre si mesmo, as outras criaturas e meio ambiente. Estrela é indicador de capacidade espiritual associada à capacidade racional. O homem só é equilibrado quando destina forças equitativas às suas capacidades racional, emocional e espiritual. É a estrela de Salomão, de seis pontas, que representa a sabedoria, por isso o trono de Salomão ser simbolicamente a fonte de onde irradia sabedoria, conhecimento, luz. Os dois triângulos invertidos, da circulação das bolsas, podem ser interpretados como se matéria e energia se misturassem na caminhada ritualística. E se luz é conhecimento, sabedoria, estas capacidades no homem são desenvolvidas em debates, na comunicação verbal. Observe-se a dualidade que os dois triângulos transmitem: o triângulo de ponta para cima representa o bem, o positivo; o outro, o seu inverso, com ponta para baixo, representa o mal. Representam também outras dualidades. Por ora, os triângulos assim dispostos, representam simbolicamente uma estrela, e esta, por sua vez, representa luz; a luz que cada Maçom foi pedir na entrada do templo.

O Maçom autoconstrói-se durante os debates em Loja. Sozinho é difícil. Apenas monges que praticam meditação obtém luz sem convivência e comunicação. Quantos maçons, envolvidos na busca diária do pão de cada dia, têm tempo, ou hábito de se concentrarem em recolhimento ou se submeterem ao costumeiro exame interior? Presas do sistema em que vivem quais autómatos, perambulam pelo mundo sem se darem conta que existem. Planeia-se o futuro longe do presente, a única realidade que realmente interessa. Estão ocupados nas suas lides nas fábricas e escritórios e comportam-se quais robôs manipuladores e sujeitos a poucos momentos de felicidade, enquanto a sua essência se mantém na mediocridade. Em Loja, onde são criadas as condições ideais, o Maçom se constrói pela constante provocação que a convivência lhe propicia. Nestas oportunidades, quando um irmão provoca os outros com novos pensamentos, todos afiam as suas espadas pela ação da comunicação. Despertam potenciais nunca antes percebidos pelo indivíduo. Isto não tem nada de mágico ou varinha de condão! É resultado de formação e condicionamento de milhões de anos de evolução natural.

Tirando o mágico de lado, a luz é um dos mais profundos segredos do esoterismo, só obtido quando se aprende a emitir luz, quando a pessoa se transforma numa estrela de luz em função da sua sabedoria. O Maçom é um construtor social que emite luz quando deixa fluir a intensidade da força do seu intelecto conduzindo a espada com maestria. Luz é conhecimento, o mesmo que espírito, ordenação do caos. O que parece caos ao não iniciado é apenas o resultado da incapacidade de visualizar a Luz do Criador do Universo na sua plenitude. Alguns percebem esta irradiação e alcançam o significado da luz que vem do Criador dos Mundos. Mas sem conhecimento enxerga-se apenas desorganização e confusão. Sem mistificação, o homem sábio que examina a sua natureza em profundidade, que afia constantemente a sua espada, sabe que possui a mesma natureza da Luz. Sabe que lá no mais recôndito do seu ser, ele nada mais é que energia, uns amontoados ordenados de campos magnéticos, eléctricos e gravitacionais, materializados pela velocidade com que tais fenómenos acontecem. A ilusão que confunde a percepção com a solidez da matéria demonstra que cada um é, em essência, da mesma natureza da luz. A matéria é energia, fenómeno oscilatório. Com esta visão, consciente da sua não existência, o Maçom que possui uma espada bem afiada aproveita da energia ao seu redor quando vive o presente e se dá conta daqui e agora. Entende que o receber da Luz não inicia e termina na iniciação. Ao afiar a sua espada o Maçom nada mais faz além do dever de adquirir o conhecimento transfigurador; a mudança radical do carácter, transformação espiritual que exalta e glorifica o Grande Arquiteto do Universo.


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janeiro 09, 2024

O DIA DO FICO: 09/01/1822 - Almir Sant’Anna Cruz















As Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, em seu claro intuito de reduzir a importância do Brasil no Reino Unido, acabaram dando um verdadeiro “tiro no pé” ao exigirem que D. Pedro retornasse para Portugal, como já o fizeram com D. João VI.

O Dia do Fico, foi o dia em que poderíamos chamar da união da “fome com a vontade de comer”. 

Por um lado, D. Pedro sentia-se incomodado com o fato de que sua regência, na verdade, estava limitada à província do Rio de Janeiro, capital do Reino do Brasil, pois as demais províncias continuavam sob as ordens de Portugal. Por outro lado os brasileiros desejavam que o Príncipe Regente, de fato, governasse todas as províncias, mantendo uma união política que favorecesse a independência do Reino do Brasil do Reino de Portugal. Então os Maçons trabalharam intensamente para que o Príncipe Regente descumprisse as ordens das Cortes e permanecesse no Brasil.

Em 9 de janeiro de 1822, que entrou para a História como o Dia do Fico, o Presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro, o Maçom José Clemente Pereira, entregou ao Príncipe Regente uma relação com cerca de 8 mil assinaturas pedindo-lhe que ficasse e fez o seguinte discurso, enérgico e de certa forma ameaçador:

(...)Vamos tentar agora imaginar o que se passou na cabeça do Príncipe Regente ao receber um abaixo assinado com 8 mil assinaturas e ouvir do Presidente da  Câmara do Senado do Rio de Janeiro esse discurso.

Provavelmente deve ter se desconcentrado em alguns trechos do longo discurso, lembrando que em Portugal passara apenas seus 9 primeiros anos de tenra infância; que por lá o ridicularizavam chamando-o de “rapazinho” e “brasileirinho”; que por aqui sua regência estava limitada à província do Rio de Janeiro, pois as demais estavam submetidas às Cortes portuguesas; que o Reverbero Constitucional Fluminense insistia na independência do Brasil; que o Desembargador Intendente Geral de Polícia já o informara sobre o fato das forças policiais não terem como combater os conspiradores Maçons sob a liderança de Gonçalves Ledo; e, sobretudo, o conselho de seu pai antes de embarcar para Portugal.

O resultado foi sua célebre decisão de descumprir as ordens que recebera, pronunciando sua histórica resposta aos anseios dos brasileiros: Como é para o bem de todos, e felicidade geral da Nação, estou pronto: diga ao povo que fico. Agora só tenho a recomendar-vos união e tranquilidade.

Com este gesto de desobediência às Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, a separação do Brasil de Portugal estava informalmente realizada.

A decisão de D. Pedro evidentemente contrariou os grupos que apoiavam a política portuguesa, sobretudo os comerciantes portugueses que tinham seus negócios no Rio de Janeiro.

A reação à decisão de D. Pedro foi quase que imediata: três dias depois, em 12 de janeiro, cerca de 2 mil homens das tropas portuguesas, sob o comando do Governador das Armas da Corte e Província do Rio de Janeiro, tenente-general Jorge de Avilez Zuzarte de Souza Tavares, acantonados de prontidão e em atitude hostil em frente ao Palácio Real, amotinaram-se e concentraram-se no morro do Castelo, tendo sido cercados por 10 mil brasileiros armados, sob o comando do Maçom Marechal Joaquim de Oliveira Álvares (que se tornou, mais tarde, o primeiro Grão Mestre Adjunto do Grande Oriente do Brasil).

Com suas tropas isoladas e cercadas, o comandante português demite-se e, com receio de um ataque das tropas brasileiras, recuou para o outro lado da baía de Guanabara, para a região da Praia Grande em Niterói, onde se fortificou e de onde finalmente foi expulso com suas tropas do Brasil. A divisão portuguesa embarcou em fevereiro rumo a Lisboa.

Excertos do livro *A História que a História não conta: A Maçonaria na Independência do Brasil*Interessados no livro contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

O SIMBOLISMO DA CADEIA DE UNIÃO - Luis Conceição G∴ O∴L∴ - Lisboa - Portugal


Há, em Magia, palavras de pronunciação perigosa; há também ritos maçónicos aos quais será melhor não nos associarmos quando não temos plena consciência do seu poder oculto. O tema da "Cadeia de União" é um desses que, apesar da sua aparente simplicidade, encarna uma das figuras mais complexas do Ritual, no sentido em que implica "entrelaçamentos secretos" que ultrapassam largamente a simples ideia de União no sentido simbólico. Do mesmo modo que, no plano físico, ao pretender estudar a qualidade de uma corrente metálica, o engenheiro terá que se preocupar com o número dos seus anéis, o seu encadeamento, o metal que os compõe, a sua secção e curvatura, para se entrar no sentido profundo da nossa "Cadeia de União", é necessária uma apropriação dos seus componentes, para os integrar numa síntese simbólica irrefutável.

Os principais elementos de que nos ocuparemos serão, assim:

· O círculo que forma a Cadeia, obrigatoriamente fechado.

· A polaridade, posta em evidência pelo cruzamento dos braços.

· O terceiro seria a mão, de que não me ocuparei aqui, e que detém um papel ativo na formação DA Cadeia.

Mas antes de mais convém rememorar o facto de que o rito DA "Cadeia de União" é a dinamização, a tomada de ação do princípio sugerido pela corda que serpenteia nos 3 lados da Loja, ligando a coluna J à coluna B, sem contudo as unir. Torna-se, assim, indispensável compreender, à partida, a mensagem muda dessa corda de nós abertos, nas suas relações com o conceito arcaico de "laço", de serpente protetora, do nó cerrado que se torna lasso e enfim das suas borlas terminais: teremos assim sondado em profundidade o valor e a força de um "rito constrangedor, que envolve o indivíduo e a coletividade".

Desta forma, se a simbólica da corda se assemelha ao da serpente que, fechada sobre si própria, com a cauda na boca, transmite a Luz e encarna o Sol; de corpo esticado e cabeça pendente, toma o papel do ceptro mágico egípcio, arquétipo da iniciação libertadora - patente na simbólica da serpente do Eden. Os nós lassos indicam um sentido evolutivo: a divindade ligante é vencida pelo Conhecimento; a coação dogmática não consegue já fechar a sua rede.

Mas o iniciado, promovido ao posto de herói, se for bom entendedor da Arte, aceitará e submeter-se-à voluntariamente às regras tradicionais da Ordem a que, de livre vontade, pediu adesão. Ele possui a liberdade do Maçom livre, numa Loja livre, mas conhece o relativismo da Liberdade. Sentirá honra em fazer respeitar os princípios adoptados pela maioria, e também em os fazer cumprir, junto dos seus pares. O laço do Amor é a imagem da Solidariedade.

Esta imagem é espantosamente explicitada pelo nó Isíaco, análogo à "lemniscata" do primeiro arcano do Tarot, signo expressivo do movimento contínuo, dos "circulus vitae", da interação constante das radiações, do movimento perpétuo, tanto da matéria como das galáxias. A Matemática adotou-o como signo do infinito. Na boa tradição do Rito Escocês, simbolizando em parte a separação do neófito relativamente à sua Mãe, em cujo útero se encontrou, previamente, em reflexão, e de onde saiu com uma corda ao pescoço - vestígios do seu cordão umbilical agora quebrado - o neófito é colocado no centro da Cadeia de União, que forma um círculo à sua Volta - verdadeira Cadeia de defesa - porque de cada vez que, na magia e nas artes, se encontra uma corda em torno de qualquer coisa, há uma intenção de defesa da coisa circunscrita e de a separar de todas as influencias exteriores (e não deriva a palavra Templo do verbo grego "separar").

É a razão pela qual o rito da "Cadeia de União" consiste na formação de um anel completo, enquanto que a sua homóloga - a corda denteada que contorna parcialmente o Templo - não constitui um círculo fechado, quedando-se, de um lado, na coluna B, e do outro, na coluna J.

De facto, as colunas não precisam de estar ligadas por uma corda para fechar o círculo. O círculo é o Universo, o Infinito, como a Loja se estende a todas as direções, do Nascente ao Poente, do Norte ao Sul, do Zénite ao Nadir. No seu trabalho sobre o Deus ligante e a simbólica dos nós, Mircea Eliade diz-nos que "o cosmos é em si mesmo concebido como um tecido, como uma enorme rede". É também significante a utilização de nós, cordéis e anéis nos rituais nupciais.

De entre OS símbolos mais expressivos que se nos oferecem à meditação, figura o "Ouroboros", a serpente que, ao morder a cauda, forma um círculo.

Ora a serpente leva-nos imediatamente a pensar na da Génese, Shaton, que tentou Eva, sugerindo-lhe que comesse o fruto proibido. O primeiro casal vivia no Jardim do Éden, alimentando-se de frutos que cresciam espontaneamente. Neste casal não havia desejo. Foi portanto a serpente que o despertou, e com ele o Amor. A serpente foi o primeiro Iniciador e não o vil tentador astuto e desonesto que a exegese religiosa nos apresenta, maldito pelo Criador.

Deveria assim ser glorificada pela Humanidade. A tentação de Eva não se deve à sua maior fragilidade, mas sobretudo à sua grande sensibilidade e receptividade, à sua imaginação intuitiva. Adão, cujo nome significa "terra ou barro vermelho", era um sujeito mais racional, mais "pesado", mais tímido, talvez. É porque a nossa "mãe" - Eva - escutou a serpente, que a Humanidade entrou na via do Conhecimento, encetou o seu processo de emancipação, de evolução. Nos templos gregos via-se frequentemente a figuração do Ouroboros. Simbolizava a vida em geral, no que ela tem de indestrutível e de eterno, pelo seu eterno recomeço. Nas procissões dos Mistérios de Eleusis, as cesteiras ligavam romãs (símbolo da solidariedade e da fraternidade), espigas de trigo (mito gregário da regeneração) e uma serpente, imagem da vida regenerada. (sobre o mito da serpente, aconselha-se a leitura do conto esotérico "A Serpente Verde", do nosso Ir∴ Goethe).

No Templo, como referido, a corda denteada contorna apenas em três lados o painel de Loja. Esta deve, de facto, manter-se em contacto com o mundo exterior: não se abrem 3 janelas da câmara de Comp∴ - Mas no quarto lado, o do Ocidente, nenhum ser, nenhum espírito se pode introduzir, porque a energia contida entre as duas colunas de polaridade contrária forma uma barreira intransponível para os não iniciados. Estes encontrariam aí, de qualquer modo, sob os seus passos, o pavimento mosaico, em que inadvertidamente tropeçariam. Na "Cadeia de União" é um magnetismo dinâmico que se vai desenvolver, pelo facto de se constituir de seres vivos. Nas sessões brancas (adopção, reconhecimento conjugal, etc.), a cadeia forma-se segundo uma roda infantil, de mãos dadas, em que toda a ideia metafísica e esotérica é excluída: trata-se apenas de um testemunho de amizade e de união. Mas na cadeia ritual, em que os braços cruzados ligam a mão direita com a mão esquerda, desenvolve-se uma força magnética. Em 1932 (e∴. v∴), Jacqueline Chantereine e o Dr. Camille Savoire, detectaram no interior e em torno do organismo humano, movimentos turbilhónicos e ondulatórios. Estes últimos são produzidos, para além de causas patológicas, por energias radiantes provenientes de tudo o que nos envolve: ação cósmica, por um lado, essencialmente proveniente da energia solar, à qual se junta a da Lua e dos restantes astros. A resultante destas ações energéticas traduz-se sob a forma de um turbilhão que penetra pelo lobo anterior da hipófise, para terminar no dedo grande do pé direito.

Uma outra fonte, não menos importante, é a força energética, dita "telúrica", que se manifesta sob a forma de uma corrente inversa da precedente, e portanto ascendente, penetrando pelo dedo pequeno do pé esquerdo, para se escapar pelo topo do crânio, contornando a precedente para formar uma figura semelhante ao "Caduceu" (o Caduceu é uma vara de louro de oliveira, com duas serpentes enroladas em sentido inverso, que era atributo de Mercúrio, e símbolo da polaridade e da paz). Estas duas serpentes entrelaçadas, transformam-se nos "laços de Amor" da corda denteada. Daqui a analogia com a Cadeia de União, em que o braço direito, positivo, passa por cima do esquerdo, negativo, para contactar com a mão esquerda do vizinho, formando uma cadeia de "pilhas em tensão", em que se reúne o eléctrodo positivo de cada um dos elementos ao eléctrodo negativo do seguinte, por forma a que a força electro motriz resultante seja "n" vezes superior à de um só elemento. Isto não é uma imagem, é uma realidade, que desenvolverá ao máximo a agregação das forças psíquicas da Loja, dirigidas para um mesmo objetivo.

Individualmente somos fracos, isolados e falíveis. Quando o Ven∴M∴, antes do encerramento dos trabalhos, evoca a união de todos os Maçons, quando as nossas mãos (nuas, sem luvas, para que a corrente circule) se juntam numa verdadeira Cadeia de União, parece que um sopro mágico se introduz no Templo. Logo que a Cadeia se forma, o movimento ascendente e descendente dos braços, três vezes repetido, lembra simbolicamente o ondular da serpente cósmica, de que a Cadeia é uma imagem energética. A quebra da Cadeia deverá ser lenta e suave, para que a força de cada um se estabilize no seu circuito fechado. A Cadeia de União é, assim, a simbólica solar posta em ação, na sua expressão mítica. Precedida por uma pequena invocação, proferida pelo Ven∴M∴, no sentido das preocupações e aspirações gerais e particulares da Loja, da Obediência e da Humanidade, a Cadeia de União é o corolário obrigatório das sessões de trabalho em Loja.

A MAÇONARIA HOJE - Rui Bandeira

Depois de ouvirmos e de lermos muitas opiniões sobre a Maçonaria, grande parte das quais elaboradas sobre preconceitos, em especial num País como o nosso onde durante décadas não foram consentidas instituições onde pudessem germinar ideias avessas ao poder dominante, formamos também as nossas opiniões. Estas eram, naturalmente as resultantes das informações tendenciosas transmitidas pelos meios que nos estavam mais próximos e eram, novamente, de esperança ou de suspeição. 

Se alguns imaginavam que a Maçonaria era uma escola de cidadãos perfeitos, outros garantiam que, quem nela entrasse tinha garantida a entrada no inferno com as mais vivas brasas. Se os segundos se mantiveram, para tranquilidade dos seus votos, afastados da Ordem, alguns dos outros ousaram franquear as portas do Templo.

Aqui chegados, mantiveram as posturas que na vida profana vinham já adaptando: os que procuravam o aperfeiçoamento, estudaram, valorizaram-se, tornaram-se mais exigentes consigo próprios e tolerantes com os outros; perceberam que os textos rituais são inesgotáveis fontes de ensinamentos ainda que não entendessem facilmente todas as lições neles contidas. 

Os que, na vida profana se acomodavam e usavam a crítica como escudo, prosseguiram, apesar dos exemplos dos seus Irmãos, na mesma senda; e, porque lhes escasseia a capacidade para polirem a própria pedra olham com azedume a forma como os seus irmãos cuidam das suas. Nada dão de si próprios já que colocam à frente de quaisquer conceitos a defesa dos seus próprios interesses. 

E, o que não pode deixar de ser motivo de reflexão, estes que entraram, sem respeito, no Templo, viram as portas franqueadas pelos que já se encontravam no seu interior; buscavam favores profanos e, o que nos entristecia, em muitos casos, o reconhecimento obtido com a mais rica decoração de um avental que compensava uma vida profana apagada e triste.

Uns e outros, como que esquecidos de que são todos filhos da mesma sociedade levados por um imaginário que a História ajudou a construir e que não podemos desprezar, vieram para o nosso convívio, na expectativa de, num mundo diferente, encontrarem modelos culturais e sociais diferentes.

E novamente aqui a dicotomia se manifestou: os que sabem, e sentem, o que é a Maçonaria, encontraram muitas das respostas que procuravam; para tal estudaram, para tal trabalharam, para tal confiaram nos seus Irmãos, a tal se deram na percepção plena de que, efetivamente a Maçonaria é muito mais do que parece e de que, tudo o que nos pode oferecer é o resultado do trabalho de muitos que já não estão conosco e do trabalho solidário, fraterno e consciente de cada um de nós.

Naturalmente, e poderei dizer felizmente, para os que entram com a intenção de muito receberem sem quase nada darem, a Maçonaria não é a instituição que gostariam de encontrar. Uma instituição que, pela sua forma discreta de viver pelas relações nacionais e internacionais que possui, poderia constituir um veículo útil. De entre estes muitos afastam-se, enquanto outros permanecem, apaticamente, lendo mecanicamente rituais sem os entenderem, participando de iniciativas sem entusiasmo, no desejo de que algum Irmão os possa apoiar na vida profana ou de que as aparências o satisfaçam com aventais, colares, medalhas, diplomas, etc. etc. Ficarão sempre na convicção de que a Maçonaria é pouco, sem perceberem que eles são muito pouco.

Porque, quando falamos em aperfeiçoamento espiritual, e fazemo-lo sem reticências, sabemos que a pedra não é polida por outros: é polida, laboriosamente por cada um de nós, com a fraterna ajuda dos outros.

Na certeza de que cada Maçom está a trabalhar num momento em que a humanidade, cercada por angústias e incertezas, espera que ele cumpra a sua missão. Porque hoje, e verificamo-lo todos os dias, o homem deixou de confiar em muitos dos apoios a que se agarrou durante séculos e, numa deriva de confusões, em que se vê obrigado a correr no meio de uma turba sem saber para onde nem porquê, tenta evitar situações de desregulação psicossocial onde a esperança nele e nos outros já não existirá.

As agências de controle social, a quem vinha entregando a responsabilidade de definir o que se deve fazer e o que não se deve fazer, no que devemos acreditar e no que não devemos acreditar, e às quais não eram feitas perguntas que não contivessem já as respostas acopladas, foram perdendo a função de bússola, impotentes que se foram mostrando face às novas avalanches de dúvidas e de contestações.

A Família já não representa o que representava, o Estado já não tem o poder que tinha, não se sabendo onde começa e onde acaba, desempenhando um papel crescentemente difuso, a Escola não logra emparelhar-se com a sociedade, a Religião, ainda que cada dia mais plurifacetada não é já respeitada nem temida como já foi, a Justiça perdeu credibilidade...

Mas o Homem, com as suas fragilidades carece, como sempre careceu, de se segurar em esperanças, pelo que é tentado a deitar a mão ao primeiro bote que passar desde que pareça sólido. Cedo se está a dar conta de que estes botes nenhuma confiança merece e de que, afinal, é bem mais seguro procurar a segurança dos princípios, com outros homens, em lugares onde seja ouvido e respeitado.

E a Maçonaria oferece, de forma que continua a ser ímpar, a possibilidade de progredirmos espiritualmente sem perdemos o direito de pensarmos livremente. É um caminho bem difícil, mas é, para nós, o que nos permite sermos melhores sem que seja menosprezada a nossa responsabilidade.

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Excerto do artigo "A atualidade da Maçonaria", da autoria do Mui Respeitável Grão Mestre da Grande Loja Legal de Portugal /GLRP, Alberto Trovão do Rosário, originalmente publicado em "O Aprendiz", Revista da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP - Nova Série, Ano 6, n.º 25. (Publicado em novembro de 2006)

janeiro 08, 2024

A AVENTALITE

A aventalite é uma afeção que assola alguns maçons, geralmente de forma aguda, passageira e facilmente curável, mas podendo evoluir para uma forma crónica, essa necessariamente mais séria e com um tratamento mais demorado e cura mais problemática.

Manifesta-se por uma despropositada inflação do ego, injustificada sensação de superioridade, perturbador sentimento de poder e, nos casos menos ligeiros, inadequado comportamento em relação aos seus iguais, vistos pelo afetado como inferiores ou subordinados, por não usarem aventais XPTO.

A aventalite é suscetível de atacar Grandes Oficiais e dignitários de Altos Graus, independentemente da Obediência, seja Grande Loja ou Grande Oriente, assuma orientação mais anglo-saxónica ou mais francesa, e pode atacar tanto homens como mulheres, embora empiricamente pareça ser mais frequente naqueles.

O tratamento da sua forma aguda é fácil e geralmente eficaz, se aplicado na fase inicial da doença. Consiste numa severa e sonora censura, com solene declaração de que se não tem paciência para aturar maneirices de armados em mete-nojo, acompanhada de expressa chamada de atenção para a Igualdade que obrigatoriamente reina entre os maçons e uma injeção de recordatória de que o exercício de ofícios em Grande Loja ou Grande Oriente ou funções em Altos Graus são meros serviços, tarefas, ofícios a serem desempenhados com zelo e humildade e não honrarias ou reconhecimentos de inexistentes superioridades.

Nos casos mais graves, pode ser necessário um reforço de tratamento com recurso a expressões vernáculas, envios para determinados sítios não propriamente prestigiados e solenes avisos de que, ou o afetado atina e deixa de se continuar a armar ao pingarelho, ou é melhor continuar a enganar-se dando voltas ao bilhar grande, que junto dos seus iguais (quer ele queira, quer não) não vai ter grande sorte.

Nas formas mais leves da afeção, e sobretudo quando o doente é de boa índole, o tratamento mais suave chega para debelar a afeção, sem sequelas. Podem, no entanto, ocasionalmente observar-se recaídas, em regra facilmente tratáveis com uma observação chocarreira e bem-humorada, como, por exemplo, Lá estás tu outra vez a deixar o aventaleco janota subir-te à cabeça. Deixa-o lá sossegadinho e não te estiques, que és melhor que isso…

Nas formas mais severas, afeção prolongada ou doentes com obtusidade cerebral, é indispensável o tratamento reforçado, repetido as vezes que forem necessários até o doente ir ao sítio. No entanto, quer a índole mais difícil do doente, quer a maior agressividade do tratamento podem dar origem a efeitos secundários ou sequelas desagradáveis, designadamente amuos e afastamentos. Nas situações verdadeiramente graves e reincidentes pode mesmo ser necessário aplicar quarentena.

A aventalite é uma afeção oportunista que se manifesta com mais frequência em ambientes poluídos por regras, expressas, implícitas ou consuetudinárias, que favoreçam, ou mesmo imponham, o uso com demasiada frequência e em locais inapropriados de aventais XPTO. O oportunismo da aventalite aproveita qualquer desatenção que permita ou propicie o uso desadequado e fora do seu ambiente próprio dos ditos aventais XPTO.

Para além do tratamento dos casos concretos dos afetados pela doença, é importante que se faça adequada prevenção, para evitar novas infeções, recidivas e recaídas.

Recomenda-se assim revisão das normas regulamentares e das práticas que não limitem o uso dos aventais XPTO aos locais e ocasiões adequados. Designadamente, é de toda a conveniência que se tenha presente que, na sua Loja, o obreiro é um elemento do Quadro desta, absolutamente igual aos demais, nem mais, nem menos que qualquer dos outros e, que, consequentemente, fique inquestionavelmente assente que nenhum obreiro, na sua Loja, usa avental XPTO, antes devendo usar o avental do seu grau e, se for caso disso, a insígnia da sua qualidade na Loja, sendo absolutamente indiferente posição ou ofício que porventura tenha na Grande Loja, Grande Oriente ou nos Altos Graus. A Loja é independente e livre e em nada inferior à Grande Loja ou Grande Oriente (pelo contrário, é a Loja que, juntamente com as outras, determina a regulamentação essencial da Grande Loja ou Grande Oriente e elege o seu responsável máximo). Esta regra deve ter como única exceção – certamente ocasional – a situação em que o obreiro se apresente na Loja, não na sua qualidade de obreiro dela, mas no efetivo exercício da sua função de Grande Oficial ou em representação expressa do Grão-Mestre.

Este princípio deve ser extensivo à visita a outras Lojas. Se o obreiro faz visita a título pessoal, não faz sentido, e propicia a aventalite, que use outro avental que não o do seu grau. Se a deslocação, porém, se fizer no exercício das suas funções de Grande Oficial ou em representação do Grão-Mestre, então, e só então, justifica-se que use o seu avental XPTO.

Claro que, em Assembleias de Grande Loja ou Grande Oriente, aí sim, está-se em pleno espaço e tempo em que é justificado e adequado o uso de aventais XPTO. Aí e nessas ocasiões, não há qualquer inconveniente. Trata-se de um uso moderado e adequado de avental XPTO, que, por regra, não propicia nem aumenta o risco de contágio pela irritante aventalite.

A bem da saúde dos maçons, exorto a que esta atividade de prevenção seja feita. É saudável. é amiga do ambiente e, sobretudo, é… maçônica!


Texto adaptado por um Filho da Viúva

MAÇONARIA E SIMBOLISMO – UMA VIAGEM PELO INCONSCIENTE COLETIVO DA HUMANIDADE - João Anatalino Rodrigues


Alexandrian sustenta que tanto o pensamento mágico quanto o racional é necessário à construção do espírito humano. O primeiro é inerente ao inconsciente, o segundo ao consciente. Ambos, porém, tem génese tão antiga quanto o próprio homem e teriam, segundo as suas próprias palavras, uma função reparadora do eu pressionado pela necessidade de dar respostas a questões que nem a razão pura, nem a razão prática, conseguem responder.

Não raramente a nossa mente precisa recorrer a simbolismos e outros artifícios para exprimir os conteúdos do nosso inconsciente, uma vez que a linguagem lógica, que se exprime através de símbolos pictóricos e expressões linguísticas verbais e não verbais, não tem meios para fazê-lo. As profecias de Nostradamus, o Apocalipse de São João, as obras alquímicas, o simbolismo da Cabala, as fábulas infantis e algumas histórias bíblicas são exemplos dessas estratégias mentais, cujo conteúdo, muitas vezes, é irredutível à lógica da linguagem codificada. Por isso elas têm que ser representadas através da linguagem simbólica.

O pensamento mágico não é exclusividade de espíritos místicos que procuram, irrefletidamente, penetrar nos mistérios do universo. Na verdade, a sua utilização, ao longo da história da humanidade, sempre teve um sentido mais pragmático do que os amantes do positivismo científico podem pressupor. Pensadores tidos como racionalistas tiveram as suas experiências com o pensamento mágico. Freud, a quem se atribui a sistematização dos conteúdos do inconsciente humano, confessou a influência que recebeu desse tipo de pensamento quando elaborou a sua tese sobre o significado dos sonhos. Jung, principalmente, deve a sua fama às descobertas que fez sobre as relações que o inconsciente humano mantém com o mundo mágico dos símbolos e dos arquétipos. Pela sua importância na compreensão desse tema apresentamos o resumo que segue.

Carl Gustav Jung (1873 — 1961) foi um grande estudioso da simbologia que influencia o pensamento humano e gera uma grande parte das nossas crenças e tradições. A sua teoria a respeito dos arquétipos que informam a nossa vida psíquica é ainda hoje muito respeitada. Segundo ele, a espécie humana compartilha um Inconsciente Coletivo, ou seja, um conjunto de institutos culturais simbólicos, que se tomam padrões psíquicos para todos os grupos humanos, em todos os tempos. Exemplos desses arquétipos são o amor fraternal, o ritual do casamento, o medo do escuro, a associação de estados psicológicos com certas cores, a crença de que o movimento dos astros no céu influencia a vida na terra, o respeito para com os mortos, a crença na existência de seres sobrenaturais, etc. além de outros padrões simbólicos universais que informam a moral social, a religião, o sistema legal e outras estruturas sociocultural dos povos, em todos os tempos e lugares. Estas estruturas psicológicas são arquétipos, ou seja, modelos culturais formatados na sensibilidade da existência de forças ou “entidades” que a humanidade aprendeu a amar, temer, respeitar, enfim, dar a elas uma determinada valoração no seu material consciente ou inconsciente. Todos nós sabemos que devemos respeito aos mortos. Que precisamos procriar para perpetuar a espécie, que devemos prestar respeito e homenagens a determinados símbolos, que devemos crer na existência de forças superiores, etc. Quer dizer, essas são noções que existem anteriormente a nós e conformam a nossa maneira de pensar e de viver, por que deixar de atender a elas causar-nos-á algum tipo de constrangimento ou limitação. Não precisamos de entendê-las nem de as justificar, e muitas vezes praticamos inconscientemente o culto a esses arquétipos até como necessidade de sobrevivência.

Jung associa esses arquétipos aos temas mitológicos que aparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. São os mesmos temas, encontrados em sonhos e fantasias de muitos indivíduos e também nos mitos e lendas de todos os povos em tempos e lugares diversos. Isso denota, segundo ele, a origem comum da humanidade, que nos seus primórdios enfrentou os mesmos desafios e fez as mesmas indagações. Arquétipos como Adão, Hércules, Cristo, Osíris, Prometeu, bem como duendes, magos e feiticeiros, todas as entidades do bem e do mal, temores e crenças em determinados elementos da natureza, são comuns a toda raça humana.

Lugares e acontecimentos também constituem estruturas arquetípicas. A noção de um paraíso (Éden), por exemplo, assim como o temor de um apocalipse (um final dos tempos) são comuns para todos os povos e épocas. Estados psicológicos de felicidade e desgraça coletiva estão na origem dessas noções arquetípicas, que denunciam a necessidade de a mente humana construir uma escatologia (uma história cósmica com princípio, meio e fim) para se poder sentir como partícipe dessa história.

O mito grego de Édipo é um claro exemplo desse simbolismo. Édipo é um motivo tanto mitológico quanto psicológico, que representa uma situação arquetípica que se relaciona com o conteúdo da mente inconsciente do filho em relação aos seus pais. Quer dizer, o mito de Édipo tem a ver com o ciúme natural que um filho (ou filha) tem da relação entre o seu pai e a sua mãe.

Muitas histórias bíblicas também revelam conteúdos semelhantes, que são fundamentados, ou em sensibilidades que a mente humana sublimou ou reprimiu, ou em conflitos ambientais que conformaram a história do homem e as suas sociedades. É fácil ver na metáfora de Caim e Abel, por exemplo, um conflito entre a agricultura e o pastoreio, patente em territórios onde a natureza não é muito pródiga em recursos naturais, especialmente pastagens e água. Assim também é a história das filhas de Lot, que reflete uma crítica dos cronistas de Israel aos seus belicosos vizinhos amonitas e moabitas. Da mesma forma, a história dos irmãos Jacó e Esaú é uma metáfora das lutas entre membros da mesma família pela herança patriarcal, que sempre foi regulada pelo princípio da primogeniture.

Na mesma moldura podemos colocar também a lenda da Torre de Babel, a história do dilúvio universal e a formação das raças humanas a partir dos três filhos de Noé, cujas origens podem estar em memórias que se referem a situações e personagens arquetípicos de um tempo em que os primeiros grupos humanos ainda estavam procurando encontrar as suas próprias identidades e fixar as suas características dentro de um ambiente que lhes parecia competitivo e hostil. Normalmente os arquétipos são construídos a partir das esperanças, dos desejos e dos anseios de um povo. Como as necessidades e as lutas dos grupos humanos para construir os seus sistemas de vida e fixar os seus valores são mais ou menos semelhantes, essas estruturas mentais acabam sendo comuns. Por isso também é que encontraremos, em todas as literaturas sagradas os mesmos temas e praticamente as mesmas personagens, caracterizadas à maneira das necessidades e da identidade de cada povo. Talvez não tenha existido, historicamente, um Adão, um Noé, um Moisés, um Josué, da mesma forma que Aquiles, Ulisses, Hércules, Teseu, Jasão e outros heróis gregos. Da mesma forma, Arjuna, Rama e os demais heróis brâmanes, podem ser apenas imagens mentais das virtudes cultivadas por esses povos, que as retrataram na forma de personagens heroicas, da mesma forma que as lendas e folclores encontrados na cultura dos mais diversos povos do mundo, em todos os temas, são retratos dessas estruturas. Destarte, encontraremos o simbolismo do herói sacrificado pela salvação do seu povo em praticamente todas as culturas antigas, da mesma forma que o legislador, o guerreiro, o homem santo, o sábio, e também arquétipos do mal e do bem, retratados em feiticeiros, bruxas, duendes, demónios, gigantes malvados e monstros de todas as espécies.

Um dos principais estudos de Jung refere-se à simbologia. Os símbolos são a linguagem do inconsciente, que retrata através de analogias, aproximações e outras relações menos inteligíveis, o conteúdo de uma determinada sensibilidade, que a mente racional ainda não conseguiu classificar. É que a nossa mente racional só entende o que ela pode representar. E a nossa capacidade de representação é do tamanho da nossa capacidade de linguagem. Daí o símbolo ser a representação de uma sensibilidade não organizada na nossa mente, mas muito forte nos nossos sentidos. E mesmo que nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um arquétipo, quanto mais representativo ele for do material existente no nosso inconsciente, mais capacitado ele estará para eliciar uma resposta emocionada do nosso sistema neurológico. Por isso, um alemão responde mais intensamente à visão de uma cruz gamada, por exemplo, pois tal símbolo tem uma identificação profunda com conteúdo arquetípicos da sua cultura, da mesma forma que os judeus com o pentagrama, os cristãos com a cruz, a cultura xamânica com determinados animais, etc. Assim, na estrutura mais profunda do pensamento humano o arquétipo é um elemento básico que muitas vezes o conforma e o dirige. Não há tradição popular que não tenha na sua base um ou mais arquétipos a sustentá-la. Da mesma forma as religiões, sejam elas metafísicas, como a religião dos Vedas, o Budismo e o Taoísmo, que se baseiam em doutrinas desenvolvidas por inspirações reconhecidamente cerebrinas, ou as reveladas, como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, cujos seguidores acreditam que tenham sido ensinadas pela própria Divindade, também são informadas por arquétipos.

Como a Maçonaria é uma cultura fundamentalmente simbólica, é interessante conhecer um pouco o trabalho de Jung. Por isso fizemos este pequeno excerto dos seus estudos acerca dos arquétipos fundamentais que estão nas raízes das crenças e tradições da humanidade. Nele encontraremos as noções fundamentais para o entendimento dos verdadeiros significados dos símbolos, lendas e metáforas que informam a estrutura mais subtil da Arte Real.



CARÁTER - ESSÊNCIA HUMANA - Newton Agrejja


De repente nos deparamos com um substantivo, cuja etimologia é grega, e cujo significado, até hoje não encontrou um símbolo que se pudesse adotar como uma convenção universal.

Referência é feita à palavra grega KHARAKTER, que quer dizer  “marca gravada, sulcada ou esculpida”.

O termo ainda se traduz metaforicamente como “marca, impressão ou símbolo na alma”.

Fato é, que para a língua portuguesa, ela ganhou a forma "Caráter", que dentre tantas definições, aquela que talvez se traduza com maior densidade, consistência e concisão de significado seja a de  "formação dos traços morais de natureza ou feitio do ser humano".

Aliás, é justamente a questão da moral que diferencia o Caráter da Personalidade, vez que esta segunda propriedade humana, refere-se às características psicológicas que indicam como uma pessoa pensa e sente.

O Caráter é o que determina a forma frequente e habitual sobre como uma pessoa age e reage, baseada em um conjunto de valores herdados e acumulados como legado que passa de geração em geração. 

Algo igualmente relacionado com a índole da pessoa, bem como com sua firmeza e voluntariedade.

Por outro lado, a Personalidade diz respeito particularmente à individuação e à maneira como o ser humano se relaciona socialmente e emocionalmente.

Cabe lembrar que o Caráter compreende tanto qualidades positivas quanto negativas, que determinam o conceito de moral que rege as atitudes de um indivíduo.

Especificamente num processo de Sindicância que diga respeito à indicação de um Candidato para uma possível admissão na Sublime Ordem, há que se ponderar e perguntar-se a sí próprio :

"No que devemos nos pautar durante a entrevista com o postulante: no seu caráter ou na sua personalidade ?

Embora esta seja uma questão quase impossível de ser respondida ou solucionada, fato é, que o processo de selecionamento e indicação, antes de uma Sindicância, precisa inequivocamente ser melhor elaborado e mais rigoroso, por mais que se busque incrementar o quadro de Obreiros na Maçonaria.

O cenário requer que se esmere sim muito pela  qualidade do que pela quantidade.

Talvez isto contribua para que o êxodo de Obreiros sofra um menor impacto, diante do quadro com que nos deparamos atualmente.



janeiro 07, 2024

20 ANOS SEM MEU PAI


No dia de hoje, 7 de janeiro, faz 20 anos que meu pai passou para o outro plano. Em sua homenagem conto alguns trechos de sua história a partir de Israel.

Embora na então Palestina (de Philistia, dos Filisteus) ainda sob o Mandato Britânico, já existissem inúmeras colônias judaicas, desde o século 19, em terrenos adquiridos e pagos por mecenas europeus como os Rothschild e o Barão Hirsch, após a Declaração da Independência de Israel, em 1948, o país se tornou uma colcha de retalhos de imigrantes judeus de todas as partes do mundo.

 Era uma multidão procurando um lar definitivo para se estabelecer, a Terra Ancestral dada pelo Senhor a Moisés. Pessoas de todas as idades, de todas as formações, com ou sem qualificações, com idiomas e dietas diversos, algo impossível de dar certo. O país não oferecia nada, nem terra fértil, nem indústrias, nem agricultura extensiva, nem sequer um governo que se entendia entre si. Mas todos unidos no ideal expresso por uma tradicional oração dos judeus, ‘’O ano que vem em Jerusalém”.

Papai foi um destes imigrantes. Apesar de sua formação militar e em matemática, estabeleceu-se em um pequeno aldeamento, ‘kiriat” em hebraico, nos arredores de Hadera, onde nasci, palavra que significa pântano em hebraico, o que descreve bem o local. Lá sustentava a família com uma charrete entregando barras de gelo de casa em casa no país que em seu início tinha pouca energia elétrica e quase nenhuma refrigeração, mas a escassa comida precisava ser conservada. Cuidava ainda de uma pequena roça e muitas noites, com seus vizinhos, fazia a ronda para proteger a aldeia dos constantes ataques dos terroristas árabes, os ‘fedayin”. Aliás, meu pai andou armado a vida inteira e a não ser na guerra, nunca feriu nem matou ninguém, o que mais uma vez prova que o perigo não está no instrumento, mas em quem puxa o gatilho.

Curiosidade. Nasci no Hospital Militar Inglês. Na minha última viagem a Israel fui rever a minha cidade natal, atualmente uma grande cidade que tem inclusive uma usina nuclear, e o local onde vim ao mundo era agora um Hospital de Doenças Mentais. Foi o meu alfa. Que não seja o meu ômega.

Seu maior tesouro era o cavalo, o mais cobiçado troféu de furto dos ‘fedayin’ e na casinha de madeira ele dormia com a janela aberta, com a corda que amarrava o cavalo presa no braço e o revolver na mão, mas nunca houve problemas. Sua reputação de bom atirador não justificava o risco para os larápios. E o país ia sendo construído passo a passo pela força e pela fé de quem retornava à sua Pátria ancestral, apesar da absurda escassez de recursos.

Em 1956, o ditador Nasser fechou o Estreito de Tiran, única saída de Israel para o Mar Vermelho e foram criadas condições para mais uma guerra, que de fato ocorreu pouco depois. Em junho do mesmo ano, farto de guerras, papai decidiu buscar viver em país lindo e pacífico. O Canadá, a Argentina, os EUA e o Brasil estavam proporcionando vistos para que tivesse alguma profissão, e meu pai, devido a sua experiência de artilheiro conhecia engrenagens, ferramentas e parafusos, e tendo declarado a profissão de mecânico conseguimos embarcar para o Brasil do navio Andrea C, da empresa italiana Linea C. As passagens foram pagas com a venda da casinha, dos poucos bens e do cavalo, ah, o bendito cavalo. 

QUANDO COMEÇA A INICIAÇÃO? - Sérgio Quirino Guimarães



O homem desde os primórdios da criação de sociedades que uniam pessoas com o mesmo propósito, criou cerimônias para a introdução de um novo membro em seu quadro de associados. Estas cerimônias visam além de apresentar o novo membro, passar para ele os princípios, a cultura e as diretrizes do grupo que agora ele fará parte.

Como exemplos temos o batismo (iniciação à cultura religiosa), casamento (iniciação à vida conjugal), formatura (iniciação à vida profissional) e na Maçonaria temos a Iniciação ao Grau de Aprendiz Maçom.

A Sessão Magna de Iniciação tem a função de "Rito de Passagem", onde o candidato deverá passar por atividades que lhe causem mudanças de estado moral e espiritual, deixando para trás o mundo profano e entrando em sintonia com os preceitos da Sublime Ordem.

Para que isto ocorra é mister que toda a Oficina esteja preparada para a grandiosidade da sessão; recordemos que o candidato terá apenas três sentidos para captar todas as mensagens subliminares que serão passadas. É importantíssimo a teatralidade, é pelo drama ritualístico que marcaremos no âmago do ser valores que às vezes conscientemente ele não captou, mas seu espírito e alma também foram iniciados.

A iniciação não começa após a abertura dos trabalhos pelo Venerável Mestre, cabe ao padrinho preparar o afilhado com antecedência. A Maçonaria é envolta de mil crendices que atrapalham em muito o relaxamento e a estabilidade emocional do candidato, é função do padrinho esclarecer todas as dúvidas, ele não pode contar o que acontece na sessão, mas deve dizer o que não acontece.

Também deve o padrinho procurar saber como anda a saúde do candidato e suas condições físicas, exemplo: hipoglicemia (lembremos que ele vai ficar horas sem se alimentar); labirintite (ele pode perder o equilíbrio conforme o movimento que for feito com ele), artrites ou cirurgias que o impeça de fazer alguma coisa; tudo isto deve ser levado à Loja para que haja a devida adaptação na ritualística e não quebre a egrégora formada.

Cabe também ao padrinho alertar ao candidato que ele deve cuidar da higiene do corpo; já presenciei uma iniciação em que o candidato estava profundamente constrangido por conta do tamanho das unhas do pé, ele ficou mais preocupado em esconder o pé do que ouvir o ritual.

Na noite que antecede a reunião, deve o candidato antes de deitar fazer suas orações e agradecer pelos dias já vividos, pois na noite da iniciação antes de se deitar ele deve ter em seu interior a paz e a felicidade para orar pedindo muitos dias de vida para colaborar na obra do GADU, pois a ele foi revelado a V∴L∴.

A intenção deste pequeno artigo é despertar em você a vontade de saber um pouco mais sobre o assunto, fazer uma pesquisa e quando ela estiver pronta, levar para sua Loja enriquecendo nosso Quarto de Hora de Estudos. Lembrem-se, todos nós somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

PEDRA DE PALERMO



A Pedra de Palermo é o maior fragmento de uma laje de pedra negra (basalto) que tem gravados em hieróglifo um conjunto de eventos desde os últimos anos do pré dinástico até a dinastia V do Egito (Império Antigo), tais como cerimônias, censos de gado, nível anual da ascensão do Nilo, e o nome dos reis e faraós. Deve seu nome à cidade de Palermo, Itália, onde foi inicialmente exposta, sendo agora exibida no Museu Arqueológico de Roma.

O fragmento tem cerca de 43 cm de altura por 30 cm de largura, embora venha de uma laje que mediria cerca de 2 metros de comprimento por 60 cm de altura. Outros fragmentos menores deste documento, ou outro similar, encontram-se no Museu Egípcio do Cairo e no Museu Petrie de Londres.

O texto está dividido em três registros horizontais:

o superior mostra o nome do faraó desse período,

o intervalo dos eventos principais: festas, contagens de gado, etc. ,

o inferior indica o maior nível anual da inundação do rio Nilo.

Na faixa superior estão os nomes de vários reis predinásticos (Império Arcaico) do Baixo Egito: «... pu», Seka, Jaau, Tiu, Tyesh, Neheb, Uadynar, Mejet e «... a».

A pedra de Palermo (datada no século vi a. C. , copiando um original do Império Antigo) e os outros seis fragmentos encontrados (cinco no Museu Egípcio do Cairo e um em Londres) são provavelmente os únicos textos históricos conhecidos dos reis e faraós desde 3050 a. C. A pedra de Palermo era suposto estar em Heliópolis.

Essa pedra foi comprada por um advogado siciliano Fernando Guidano em 1859 e permaneceu em Palermo desde 1866. 19 de outubro de 1877 foi apresentada ao Museu Arqueológico de Palermo onde permanece desde então.

 Fonte: Guidano Family (Brignolle- Sanzio).

TRAÇANDO PARALELOS - Newton Agrella




A originalidade é uma expressão única e singular da capacidade humana de tornar absolutamente autêntica sua engenhosidade e seu processo de criatividade.

Particularmente no campo das Artes, da Música e da Literatura essa condição se torna evidente quando provoca reações que podem variar de humor conforme o perfil de seu ineditismo.

A originalidade está implicitamente associada ao modo de expressar-se, mas sobretudo à forma independente e individual de expor uma pintura, uma escultura, uma música ou uma obra literária. 

Ela se substancia a partir do momento que consiga traduzir "legitimamente" um novo conceito ou uma nova ideia que impacte o espectador, o ouvinte ou o leitor, e cuja essência seja capaz de convencê-los disso.

A originalidade remete-nos desde os textos bíblicos, quando a mesma se manifestava como inequívoco qualificativo do Pecado.

Sim, o Pecado Original, no universo cristão, dá conta sobre a autenticidade da imperfeição humana.

De qualquer forma é uma propriedade que traz consigo o caráter de ser genuína, inimitada e inteiramente própria em sua compleição.

No que diz respeito às peças literárias, o que mais se vê no dia a dia é o famoso "chupa e cola" ; 

Pois é, esse tal do "chupa e cola" ou a  desaforada "não citação de fontes e autores" de que se valem muitos dos que se atrevem a mergulhar no terreno da escrita são extremamente prejudiciais à saúde cultural.

Por mais infame que possa parecer, no ambiente maçônico é algo um tanto rotineiro, aventureiros travestidos de escritores procederem cópias fiéis de inúmeros textos, sem ao menos se preocuparem em dar um mínimo de caráter pessoal aos mesmos.

Imprescindível lembrar, que além de  indevido, este tipo de expediente em nada contribui para um suposto desenvolvimento intelectual do "pseudoautor".

Ainda no que tange à natureza da originalidade, espera-se de um artista, músico, escultor ou escritor  um mínimo de esforço, discernimento, reflexão e arbítrio para elaborar sua obra na esfera de sua verdadeira capacidade intelectual.

O pensamento e o raciocínio são os agentes transmissores desse exercício, os quais encerram em si um caráter incomparável.

No que contempla a originalidade no campo literário, o texto deve possuir um mérito dialético e argumentativo, alicerçado antes de mais nada, pela ética, como diretriz pelos princípios que motivam e disciplinam o comportamento humano,   manifestando o respeito da essência das normas e valores, atinentes a qualquer realidade social.