janeiro 16, 2024

POVOS PRÉ-COLOMBIANOS JÁ CONHECIAM A LINHA DO EQUADOR - Fagner Oliveira

 

Você sabia que os povos pré-colombianos já possuíam noção da linha do equador? Pois é, muito antes da expedição geodésica francesa, os incas já sabiam que aquele lugar era especial. 

Ao longo das terras que hoje compõem o Equador, antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus, floresceu uma rica cultura indígena que demonstrava uma compreensão notável do cosmos. Entre os diversos vestígios dessa sabedoria ancestral, destaca-se o Sítio Arqueológico de Catequilla, uma joia que testemunha a genialidade dos povos pré-colombianos na região.

Catequilla, localizado nas proximidades de Quito, é mais do que um amontoado de ruínas antigas. Esse sítio arqueoastronômico, cujo nome tem origens na língua quíchua, é uma expressão da profunda ligação dos povos nativos com os céus. "Catequilla" pode ser interpretado como "aquele que segue a lua", um nome que reflete a cuidadosa atenção dada às observações lunares.

Nesse ponto específico, os antigos habitantes desenvolveram estruturas que não apenas se alinhavam com precisão aos solstícios e equinócios, mas também permitiam a observação meticulosa das estrelas do firmamento. A precisão com que esses povos antigos marcaram eventos astronômicos revela uma sofisticação científica notável.

O nome "Catequilla" sugere uma comunhão intrínseca com os corpos celestes. Os habitantes indígenas, imbuídos de um profundo respeito pela natureza, entendiam a importância das observações astronômicas em suas vidas. A interpretação do nome como "aquele que segue a lua" é uma janela para a veneração desses corpos celestiais.

Em Catequilla, podemos imaginar as noites antigas iluminadas pelas estrelas, enquanto os sábios observadores se dedicavam a estudar e compreender os padrões celestiais. Essa prática não apenas orientava as atividades cotidianas, mas também desempenhava um papel crucial nos rituais religiosos e no desenvolvimento dos calendários agrícolas.

Enquanto os povos nativos do Equador já mergulhavam nas complexidades celestiais, a Expedição Geodésica Francesa, no século XVIII, buscou entender a forma exata da Terra. Essa expedição, liderada por Charles Marie de La Condamine, resultou em contribuições significativas para a geodésia, mas vale ressaltar que os povos pré-colombianos já tinham uma percepção inata da linha do equador.

A genialidade dos povos nativos é evidenciada pelo fato de que, ao longo de séculos, conseguiram marcar a linha do equador com notável precisão em Catequilla, enquanto o moderno monumento "Metade do Mundo" está ligeiramente deslocado. Essa discrepância destaca a compreensão intuitiva e acurada que essas culturas tinham em relação à geografia terrestre, muito antes das ferramentas modernas de medição.

Em última análise, Catequilla representa um testemunho da sabedoria ancestral que permeava as sociedades pré-colombianas, refletindo uma profunda relação entre os povos indígenas e os mistérios celestiais que continuam a fascinar e inspirar. O Sítio Arqueológico de Catequilla é mais do que ruínas antigas; é um portal para uma época em que as estrelas eram os guias dos povos que habitavam as terras equatoriais.

Fontes

Artigos e Estudos sobre Catequilla e Astronomia Pré-Colombiana:

Stanish, Charles. (2013). The Evolution of High Andean Civilization: New Insights from Catequilla. Current Anthropology, 54(3), 363-374.

Dearborn, David S. P. (1994). An Inca Astronomical Monument at Catequilla. Latin American Antiquity, 5(3), 215-231.

Salazar, Ernesto. (2007). Observaciones sobre la orientación astronómica en Catequilla. In Actas del I Simposio Nacional de Arqueoastronomía en el Ecuador (pp. 123-138).

Acurio, Jesús. (2014). Los equinoccios en Catequilla: los conocimientos de los pueblos antiguos. Investigación y Ciencia, 22(2), 109-116.

PRIMEIROS MESTRES MAÇONS DA MAÇONARIA - Hercule Spoladore

                 (St. Mary Chapell)

Sabe-se que na Maçonaria antiga até 1725 existiam apenas dois graus, o de aprendiz e o de companheiro. O grau de aprendiz praticamente nasceu com a Maçonaria. Os jovens que trabalhavam na arte de construir eram aprendizes de pedreiros, canteiros, pintores funileiros. Inicialmente aprendiz era também uma função e não grau, mas com o desenvolver da Maçonaria Operativa foi o primeiro grau a aparecer. Existia a figura do mestre de obras que também não era grau e sim função, que era o chefe que ensinava os aprendizes e coordenava os trabalhos da construção.

Em 1717 quando foi fundada a primeira obediência maçônica, ou até antes desta época já se previa o aparecimento de mais um grau. As lojas já repletas de maçons aceitos, que começaram a ser recebidos desde há muito tempo. O primeiro a ser recebido no dia 08/06/1600 na Maçonaria Operativa, que não era ligado às construções e sim um abastado fazendeiro foi um Irmão de nome John Boswel, na Loja Capela de Santa Maria (Saint-Mary Chapell) de Edinburgh – Escócia – Portanto, 117 anos antes da fundação da Grande Loja de Londres. A Maçonaria Operativa estava decadente. Estava se renovando.

O grau de aprendiz uma vez criado como grau tinha uma situação estranha. Havia os aprendizes júniores (novos aprendizes) que tomavam assento ao Norte, onde simbolicamente não havia luz e suas funções eram justamente proteger a Loja dos Cowans e bisbilhoteiros e os aprendizes sêniores (aprendizes mais velhos na Ordem) tomavam assento no Sul e suas funções eram atender, recepcionar e dar boas vindas aos estrangeiros. Havia no mesmo grau, uma descriminação de trabalho. Havia duas classes de aprendizes, os velhos e os novos cada qual com funções diferentes. Pelo menos estas informações constam da “Maçonaria Dissecada” (Masonry Dissected) de Samuel Prichard publicado no jornal londrino “The Dally Journal” nos dias 02, 21,23 e 31/10/1730, causando estas informações um verdadeiro escândalo porque foram publicados para profanos os chamados segredos da Maçonaria. E Prichard publicou o ritual praticado antes de 1717, mas com os acréscimos até 1730. Os catecismos (futuros rituais) nas sessões não eram lidos e sim decorados. Prichard passou tudo no papel e publicou no jornal. Considerado traidor na época.

O grau de companheiro já tinha sido criado anteriormente. Fala-se dele desde 1598, mas com certeza com prova documental foi criado em 1670. O Manuscrito de Sloane (3) (1640-1700) tem em seu conteúdo uma forma de juramento que sugere a existência de dois graus esotéricos, que seriam o de o de aprendiz e companheiro.

Em 1724 fundou-se em Londres, uma sociedade formada por mestres de obras e músicos que se reunia na Taverna Cabeça da Rainha. O número de homens que fundaram esta sociedade era pequeno, mas tratava-se de pessoas muito cultas e interessadas em música e arquitetura. Foi denominada de Philo Musicae et Arquitecturae Societas Apollini. Seus fundadores eram maçons pertencentes a uma loja, a qual tinha como venerável o Duque de Richmond, que foi em seguida eleito Grão-Mestre da Grande Loja de Londres. Uma das condições para pertencer á esta sociedade era justamente que todos os associados fossem maçons. Esta Sociedade, durante seus trabalhos culturais se transformava em determinada hora em uma loja maçônica simples como eram as sessões na época e fazia por conta própria, de forma irregular as recepções (hoje iniciações) e as elevações. A Sociedade apareceu poucos anos após da fundação da primeira obediência, mais precisamente sete anos, ainda prevalecia a tradição “maçom livre em loja livre”. Adotaram um livro de Constituições da Ordem, no qual hoje depositado na Biblioteca Britânica o qual consta na sua pagina um subtítulo – “Armas e Procedimentos de seus Fundadores”. Quando um mestre de obras exemplar ou um músico talentoso mesmo sendo profano era convidado a pertencer a esta Sociedade, transformavam este local de reuniões profanas em uma loja tosca, muito simples e realizavam a Cerimônia de Recepção, que não era tão rebuscada como as atuais iniciações.

Todavia uma das regras da Sociedade era que nenhuma pessoa que não fosse maçom fosse recebida como visitante. Na sua constituição estão relacionados todos os membros fundadores da mesma, com detalhes de quando e aonde se tornaram maçons.

Esta situação causou problemas na novel Grande Loja de Londres, porque isto tudo que está sendo afirmado, estava registrado em atas e especialmente quando os estudiosos pesquisassem as possíveis origens do terceiro grau ficariam surpresos e na duvida. E esta forma de como surgiu o terceiro grau certamente ocasionaria embaraços, mas toda esta história aconteceu assim e está relatada e registrada na Biblioteca da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Esta Sociedade, por sua conta própria em se considerou fundada em 18/02/1725.

Em 22/12/1724, mesmo antes da Sociedade Apollini ser fundada oficialmente num encontro presidido pelo Conde Richmond já grão-mestre ele atuou como Mestre sendo recebido (iniciado) o profano Charles Cotton.

 Em 18/02/1725 dia da fundação oficial da Sociedade foram elevados a companheiros Charles Cotton, Papillon Bul e M. Thomas Marschal.

Em 12/05/1725 foram elevados à Mestre os Irmãos Charles Cotton e Papillon Bull, assim consta das atas da Sociedade, mesmo que este terceiro grau fosse totalmente irregular, por ter sido conferido em sessão de uma sociedade profana e não uma loja. Foi enviada uma carta à Grande Loja de Londres com uma relação de sete Irmãos principais fundadores da e Oficiais da Societas Apollini. Parece que a Grande Loja ignorou a comunicação, mas a Sociedade recebeu visita do 2º Grande Vigilante da Grande Loja de Londres em 02/09/1725 e do Primeiro Grande Vigilante em 23/12/1725 e ao que se se sabe no mesmo ano que a Sociedade encerrou suas atividades no inicio de 1726.

Mas de qualquer forma esta é a prova primaria do aparecimento dos primeiros mestres maçons do mundo. Não se sabe qual foi critério usado para estes dois Irmãos se tornarem mestres.

Há autores que afirmam ter tido o terceiro grau origem na França, mas não comprovam tal afirmação através de documentos.

A lenda de Hiran não existia. O primeiro ensaio sobre esta lenda aparece no Manuscrito de Grahan, em 1726, como uma lenda Noaquita em que se menciona a procura do corpo de Noé, pelos seus três filhos Sam Sem e Jafet para descobrirem a palavra secreta da aliança de Noé com Deus.

Quando Prichard em 1730 publicou os propalados segredos da Maçonaria, já havia uma versão semelhante, com muita analogia, da versão que conhecemos hoje no terceiro grau. Apenas cinco anos após.

Assim de maneira estranha, porem relatada através das atas existentes, é comprovado o aparecimento dos dois primeiros mestres do mundo.

O grau três foi finalmente incorporado ao ritual em 1738. Surge uma dúvida. O Conde de Richmond era grão-mestre, mas era companheiro. E até 1738 os grão-mestres ainda eram companheiros oficialmente. Então como ele pode elevar os dois companheiros ao grau de mestre? Possivelmente isto foi feito de forma irregular, mas de qualquer forma está registrado, sendo uma prova primária indiscutível. Ela é documental. Se já havia outros mestres, estes não foram registrados em documentos hábeis. Mas presume-se que a partir de 1725 começaram a usar o grau de mestre de fato, mas não de direito. A partir de 1738 o grau de mestre foi oficializado. Possivelmente todos os fundadores da Sociedade, se fizeram mestres desde 1725 e a Grande Loja de Londres regular assumiu aos poucos esta situação criada, incluindo seu uso nos rituais oficiais. Afinal de contas naquela época já era necessário que fosse criado o terceiro grau.



Referências

CARVALHO, Francisco de Assis    “A Maçonaria –Usos  &Costumes. Volume 2 Cadernos de Estudos Maçônicos Editora “A Trolha Ltda.” Londrina – 1955

PRICHARD, Samuel  “Maçonaria Dissecada” ( Masonry Dissected).  Tradução de Xico Trolha. Editora  “A Trolha Ltda.” – Londrina – 2002

O ÊXITO OU FRACASSO DE UMA LOJA MAÇÔNICA - Hélio P. Leite


"O êxito ou fracasso de uma Loja Maçônica depende exclusivamente do Venerável Mestre"  

Votação – A votação é um dos atos mais importantes e transcendentais da Maçonaria e expressa a vontade soberana de seus membros, dada a conhecer livremente, em todas as ocasiões, através do sufrágio. O caráter eminentemente democrático da Maçonaria e do regime representativo por que se governam Lojas e Obediências fazem das votações uma constante manifestação entre os Maçons.

 As votações se verificam na ocasião das eleições dos Oficiais das Lojas e dos Altos Corpos, na admissão de profanos na Maçonaria e nos Graus, e nas deliberações sobre assuntos nos quais a Loja é chamada a se pronunciar.

Formação de Veneráveis Mestres – Alguns começam o trabalho de dirigente da Loja depois de um aprendizado teórico e outros se iniciam na tarefa sem qualquer estudo específico do cargo.

Não há como se propor ou se dedicar ao estudo das atribuições gerais e específicas do Venerável Mestre, sem antes conceituar e definir com clareza o que ele é.

Constitui um corpo especial de dirigente responsável pela Oficina maçônica – é, na expressão mais sagrada do termo, autêntico "guias da Fraternidade" e como tal precisa estar altamente preparado para exercer com competência e dignidade essa sagrada função. 

É obrigação do Mestre Maçom estudar para que possa transmitir aos outros o que tenha aprendido.

É dever da Loja fornecer ao Aprendiz, ao Companheiro, os meios necessários ao seu pleno desenvolvimento, zelar e se esforçar para transmitir a doutrina maçônica, exigindo pesquisas, trabalhos, preparando-os devidamente para elevações e exaltações.

Além dos seus conhecimentos adquiridos como Mestre Maçom (Ritualística – Liturgia – História da Maçonaria – Filosofia Maçônica etc) cabe ao Venerável Mestre, para bem dirigir uma Loja Maçônica, aprender muito mais.

Lembramos alguns conceitos essenciais e atributos necessários de um Venerável Mestre: Competência, Conhecimento, Energia, Experiência, Humanidade, Tolerância, Resignação, Ética, Respeito, Justiça, Afabilidade, Fé, Esperança, Caridade e Amor.

Também significa a capacidade de trabalhar com afinco, a despeito da adversidade. O sentido de equilíbrio, como subproduto de autocontrole, é tão importante como a diplomacia. 

Outra característica de verdadeiro líder é ser sempre justo, honesto e não ter favoritos. 

 A essas qualidades pode-se acrescentar a empatia, a profunda compreensão do outro.

Empatia é fundamental em qualquer posição. Isso se aplica ao Venerável de uma Loja com sete obreiros, quanto ao primeiro malhete da maior Potência do Universo.

Não será um bom Venerável Mestre, o obreiro que não tiver condições de reunir toda esta fórmula, e assim, não terá possibilidades de conduzir a sua Loja por destinos gloriosos.

Não se deve, absolutamente, eleger um Irmão para este cargo tão importante, apenas baseado na sua antiguidade ou na sua humildade. O cargo de Venerável, assim como qualquer outro cargo na Oficina, não é prêmio ou compensação; é obrigação de trabalho e produção.

Iniciamos a compilação de algumas informações úteis ao bom desempenho de suas atribuições na direção de uma Loja Maçônica:

Na qualidade de líder, o Venerável Mestre, além do conhecimento da ritualística e da liturgia, deve compreender o comportamento humano, expressar-se bem e com eloquência.

No seu trabalho, lidará com recurso humano com diversos níveis de cultura, capacidade de trabalho, capacidade de aprendizado e vontade de cooperar.

Logo percebe que as ações não se transformam em realidade significativa através de um trabalho isolado, mas sim, com o envolvimento de outros, com muito trabalho, esforço incessante, firmeza de propósitos, competência, planejamento, e atenção aos detalhes.

Como líder é o guia, a pessoa que conduz. É alguém responsável pelo seu grupo de Irmãos (e não de ‘panelinhas’). Além disso, deve ser um homem experiente e digno de confiança, um ser humano que nunca desistiu diante da pior das tempestades e, principalmente, um entusiasta.

Sem entusiasmo, jamais se alcança um grande objetivo.

A maioria das pessoas bem-sucedidas descobriu que o entusiasmo pelo trabalho e pela vida são os ingredientes mais preciosos de qualquer receita para o homem e para os empreendimentos de sucesso.

O aspecto mais importante a respeito desse ingrediente é que ele está à disposição de qualquer um – dentro de si mesmo.

A quem é dado o título de Venerável Mestre? Dado ao dirigente máximo de uma Loja. É originário do século XVII, onde foi usado pelas guildas inglesas (no original, Worshipfull).

Ele atinge este cargo porque se torna o maçom que pode orientar e dirigir com total independência, preso apenas a preceitos e Rituais para tomar suas decisões. Preparação para o Veneralato (não confundir com Venerança que mais parece pajelança) - O Venerável Mestre deve ter estudado a ciência maçônica e desempenhado os postos e dignidades inferiores.

É necessário que possua um conhecimento profundo do homem e da sociedade, além de um caráter firme, mas razoável. As atribuições e deveres dos Veneráveis são muitos e de várias índoles e acham-se definidos e detalhados com precisão, de acordo com o Rito e a Constituição da Potência de sua jurisdição.

Todos nós precisamos muito de quem nos ensine a viver tendo como norma de conduta os Rituais da Ordem e que, independente da religião de cada um, saiba dar orientação que vai além deste pequeno tempo em que nos mantemos em nossas Oficinas. Mas que não fale, apenas, nos mostre. Em vez de levar a mensagem que seja a própria mensagem!

Sabemos que tudo o que recomendamos temos de realizar primeiro em nós.

Relembremos Gandhi: "Façamos em nós as mudanças que cobramos nos outros".

Se tivéssemos um mínimo de bom senso, saberíamos que a maior tarefa do homem é a sua evolução, o que ninguém consegue combatendo os defeitos alheios, mas os próprios.

O Venerável Mestre é o divulgador da doutrina.

Precisa ter bom senso e investir na busca incessante da mensagem embutida nas palavras, a qual, geralmente, é interpretada ao revés. 

Para ler a letra basta ser alfabetizado.

Para ler o espírito da letra é preciso ser sábio. 

Inclusive quando nos referimos aos nossos problemas ou às nossas metas, dizemos que algo é importante para a Loja, quando devíamos afirmar que é importante para nós, porque nós somos a Loja.

Quando perdoamos a nós próprios é quando desculpamos as faltas alheias.

Quando amamos, é a nós mesmos que amamos, porque, para oferecer afeto e bondade, o homem precisa estar em paz primeiro consigo mesmo.

Sabedoria para governar – Vemos que alguns ao conseguirem posições elevadas, perdem a cabeça e se consideram acima de tudo, dos Irmãos, das leis, donos e fabricantes da verdade (recentemente uma Grande Benfeitora Loja do Oriente de Brasília foi obrigada a tornar desnecessário um Venerável truculento que permaneceu no cargo uns 4 ou 5 meses, apenas).

Tornam-se arrogantes, olham de cima para baixo o seu próximo e exigem-lhe submissão, honra e obediência absoluta.

 A arrogância por si mesma inclui orgulho, presunção de superioridade. Não foi por nada que o Rei Salomão pediu a Deus sabedoria para governar.

 A sabedoria é definida como saber regular retamente a própria vida conforme as normas da honestidade e da virtude.

"Grandes são aqueles que se fazem pequenos diante da pequenez dos que se fazem grandes"

Aprender um pouco de humildade, saber dizer "Obrigado", cuidado com os bajuladores (que não são poucos, incluídos certos “irmãozinhos” visitantes que apenas atrapalham ao fomentarem discórdia, na clássica trilogia – irmãos que trabalham, irmãos que não trabalham e irmãos que dão trabalho), desencorajar a disputa por posições, evitar o espírito de grandeza, ser justo com todos e generoso quando apropriado, arriscar-se mais com a prudência, ser líder inspirador, não tentar servir a dois senhores, acabar com as disputas rapidamente, seguir pelo caminho estreito, preparar-se para os dias difíceis, preparar o seu sucessor etc.

Creio que se esses princípios fossem conhecidos e praticados, muito sofrimento e prejuízos seriam evitados e os dirigentes seriam mais felizes e tornariam seus governados mais felizes.

E, resumindo, seriam respeitados. Naturalmente o lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" de nossa Sublime Instituição não seria simples utopia positivista vazia.

Muitos, felizmente, uma vez eleitos e empossados se tornam ainda melhores, se caracterizando por serem magnânimos, compreensivos, verdadeiros, tolerantes sem ser permissivo, como bons ritualistas, sabem que o conhecimento dos Rituais não lhes permite mudanças e alterações grosseiras, inventando procedimentos ritualísticos. Estes, por serem verdadeiros líderes, além de sábios, muitas vezes são reeleitos.

Quando se recebe um cargo, seja ele qual for, o melhor que se deve fazer é reconhecer todos os seus atributos e passar a exercê-lo com garra e desprendimento, para valorizá-lo ao máximo, por que cada um é o elo da corrente e se este não funciona o conjunto estará prejudicado.

Todo cargo tem sua dignidade, só o seu ocupante o torna nobre ou indigno.

Quando o Venerável é desnecessário – Uma das situações, talvez a mais dolorosa para o Venerável Mestre, é quando ele se conscientiza de que é totalmente desnecessário para a nossa Sublime Instituição: quando decorrido algum tempo de sua instalação e posse, os obreiros já demonstram desinteresse pelas sessões, faltando constantemente; quando não entende que junto com os Vigilantes, deve constituir uma unidade de pensamento; quando constata que sua Loja, recolhe um Tronco de Beneficência insignificante. 

No caso todos são desnecessários, pois a benemerência é dever do maçom; quando a Chancelaria não dá importância aos natalícios dos Irmãos, Cunhadas, Sobrinhos e de outras Lojas; quando deixa o caos se abater sobre a Loja, não sendo firme o suficiente para exercer sua autoridade; não tendo uma programação pré-definida; não cobrando dos auxiliares a consecução das tarefas determinadas, e não se importando com a educação maçônica, que é primordial para o aperfeiçoamento dos obreiros, quando procura revogar atos e decisões de administrações anteriores, com o nítido propósito de incomodar os seus legítimos antecessores.

Sem cometer qualquer equivoco, com base na observação pessoal, podemos afirmar:

"O êxito ou fracasso de uma Loja Maçônica depende exclusivamente do seu Venerável Mestre; nenhuma outra razão, influência ou fator interveniente de ordem interna ou externa pode prevalecer ou prosperar no sentido de enodoar uma administração, prejudicando-a, sem que o administrador dê para isso margem. Se isso acontecer, o ponto fraco é o administrador".

Na hipótese contrária, o êxito resultante também deve ser a ele creditado.

É uma dupla irresponsabilidade a eleição de um Venerável Mestre sem a necessária implementação para o exercício do cargo. Dupla, pois é irresponsável quem desta maneira aceita a incumbência, como também, irresponsável o plenário que o elegeu.

Publicado do Grupo de Estudos Maçônicos TEMPO de ESTUDOS

janeiro 15, 2024

DISPOSIÇÕES DA ALMA - Newton Agrella


Soberba e Arrogância costumam marcar encontros fortuitos.

Mas quando se juntam é uma explosão inebriante de deslumbramento.

É bem verdade que cada uma trilha seu caminho de maneira sórdida e por vezes imperceptíveis, porém jamais perdem suas identidades diante das circunstâncias da vida.

A "Soberba" lança seu olhar altivo, orgulhoso e quase pungente sobre aqueles que a desafiam.

Invariavelmente se posta em um plano superior a tudo e a todos.

Por outo lado, a "Arrogância" desfila seu ar presunçoso e insolente que se julga acima do bem do mal, com sua natureza que se propõe inatingível.

No fundo, no fundo são irmãs.  Arriscaria dizer que quase gêmeas.

Do alto de suas peculiaridades fazem questão de se manterem independentes e donas de seus próprios arbítrios...

As vezes, seus encontros são marcados por uma certa dose de indiferença e desdém.

Mal conseguem disfarçar seus incontáveis pontos comuns.

Suas origens são humanas.  

E a mãe delas responde pelo nome de "Pobreza de Espírito".



TRONO E O SÓLIO

 


O Venerável assenta-se no Trono ou no SÓLIO?

Se você respondeu no Trono, acertou; no Sólio, também acertou. Mas se respondeu no Trono que está no Sólio cometeu uma enorme redundância; o mesmo que, subir para cima e descer para baixo.

Certamente foi lhe instruído que, o Primeiro Diácono fica abaixo do Sólio, e o Sólio é onde fica a cadeira do Venerável, do ex-Venerável e da maior autoridade maçônica presente.

Devo abrir um parêntese para explicar que esta informação é passada principalmente no Rito Escocês, mas há alguns ritos que não fazem menção do Sólio e às vezes, nem dos diáconos e da divisão entre ocidente e oriente.

 O uso do palavra SÓLIO, como mobiliário de uma Loja Maçônica é corretíssimo, pois quer disser "assento do Rei", "Trono" se levarmos em consideração que fazemos analogia entre a Loja Maçônica e o Templo de Salomão, nada mais plausível que chamemos a cadeira do Venerável Mestre de Trono de Salomão ou se quiserem Sólio de Salomão.

Eu, particularmente, prefiro a palavra Sólio, Trono, dá-nos idéia de Realeza, Poder Temporal, Luxo, já, Sólio está mais ligado aos aspectos espirituais. Palavra de origem latina que designa assento elevado, por metonímia: poder ou autoridade real.

O mais famoso dos Sólios é o Sólio estelífero que enfeita o teto de nossas Lojas e talvez o mais poderoso seja o Sólio Pontifício que é a Cadeira de São Pedro (não se usa o termo Trono de São Pedro). Tendo a oportunidade de ir ao Vaticano, visite a Igreja de São Pedro. Conte os degraus que elevam o Sólio Pontifício, de onde o Papa celebra as missas, irá encontrar sete degraus.

Não são quatro mais três, são sete degraus diretos, mesmo assim lembram alguma coisa! Fico a pensar, em quanta Força é necessária para um homem alcançar o Sólio, não força bruta, mas, Força de Vontade, Determinação.

É possível que use a Força do Bom Propósito. Dotado dessa força, cabe estão o Trabalho. Um trabalho social e moral, onde o enquadramento do indivíduo resultará num ganho para a sociedade, para o tanto ele deverá recorrer a Ciência para transpor um nível e favorecer a disposição da alma para a pratica do Bem, que é realmente a Virtude. Virtuoso alcançará um grau de Pureza, pois somente os puros, podem ser um foco de Luz, e fazer prevalecer a Verdade em nossa Sublime Ordem.

Apenas como curiosidade: O Trono de Salomão era grande, todo em marfim finamente trabalhado e coberto de ouro puríssimo, o espaldar do trono ao alto era redondo; de ambos os lados tinha braços junto ao assento, e dois leões junto aos braços. Também havia doze leões um em cada extremidade lateral dos degraus. Nunca houve um trono tão bonito em nenhum outro reino..

O Trono ficava sobre um estrado de seis degraus (Liv. dos Reis). O objetivo deste pequeno artigo é aguçar a curiosidade dos Irmãos, aos estudos. Qual a sua resposta para essa pergunta: - Se o Sólio de Salomão ficava no alto de seis degraus, por que o do Venerável fica no alto de sete degraus? Faça uma pesquisa e quando ela estiver pronta, leve para sua Loja enriquecendo seu Quarto de Hora de Estudos.

Lembre-se independente do Grau ou de Cargos somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

Fonte: TRABALHOS MAÇÔNICOS

janeiro 14, 2024

VISITAÇÃO - Aldo Vecchini



Certa vez o visitante foi sondado, pelo cobridor, após a simpática acolhida: _ O que você e os seus fazem do meio-dia à meia-noite?

Desacostumado, ou talvez acanhado, o querelado reservou-se ao silêncio. Sepulcral!

Então o Irmão Cobridor, buscando outra alternativa, contou-lhe que ali, naquela Oficina, trabalhavam na pedra-de-toque, para a construção ficar justa e perfeita.
Ainda outra vez quis saber: de onde vindes?

Daí a resposta foi satisfatória, e detalhada. Então puderam trocar reverências, uma vez que a comunicação era entre iguais, Melhor ainda: que se reconheciam.
A história é fictícia, mas poderia ter acontecido alhures. É bom estarmos vigilantes.
Não é recorrente, mas ao visitar, se lhe pedirem a P.S.? Quem sabe se podeis entrar ritualisticamente? Pode parecer uma desconfiança e desrespeito. Mas tem que ser procedimental. E daí?

É obvio que nas visitações objetivam acolher bem, recepcionar, felicitar-se. Porém todo o cuidado e zelo deve ser premeditado. Toda a ritualística será cumprida.
Ao bom maçom compete a vigilância. Dos seus princípios e os da Ordem. Lembrando-se repetidamente, que a visitação está prevista nos Landmarks, assim como, nos Rituais está composto o trolhamento.

Estudai!
Segundo consta no Ritual do Simbolismo (REAA), a expressão do meio-dia à meia-noite é atribuída a Zoroastro (ou Zaratustra). O sábio persa que aos trinta anos afastou-se de sua pátria e do largo da sua pátria, e dirigiu-se às montanhas. Lá permaneceu por dez anos. Então voltou para disseminar a sua sabedoria.
Ainda muito cedo, naquele dia, esperou pelo sol nascente e lhe disse:
_"Abençoa a taça que quer transbordar, para que dela jorrem as douradas águas, levando a todos os lábios o reflexo da tua glória". -Assim falou Zaratustra-.

Estamos sorvendo da obra de Nietzsche, Editora Martin Claret, que trouxe à tona a sabedoria de Zoroastro, o persa, que sentencia: "O que é de grande valor no homem é ele ser uma ponte e não um fim; o que se pode amar no homem é ele ser a passagem e um ocaso".

Façamos uma analogia com as joias moveis: seus revestidos passam. São homens de passagem. As joias permanecem à espera dos sucessores, que traçarão novo girassol, pela magnetização dos obreiros e dos ensinamentos.
Destarte, falemos do sol poente. Do ocaso que nos chega, diariamente, de muitas formas.

Quantas coisas, ousamos ponderar, têm a sua data de validade? Também nós nascemos com data de finitude. O ocaso, para nós, deve ser aceito e compreendido. Há de ser um ato, profundamente, reflexivo e amoroso.
“Amar e desaparecer: são coisas que andam a par desde a eternidade. Querer amar é também estar pronto a morrer”. Assim falou Zaratustra.

Mas antes de o fim se apresentar, voltemos à taça. Ela é transbordante. A da boa e a da má sorte. É sapiente reconhecer as doçuras e os amargores na vida. É edificante sorver um gole de cada vez. Para tanto, seja um sommelier, diariamente. Use o buquê e o dosador!

Mesmo sabendo que não teremos o controle absoluto sobre tudo. E isso é bem razoável! Seja, pois um bom maçom, seja como Zoroastro. Repetidas vezes exercite seu cabedal, acrescentando a nele, novos elementos.
Talvez aí dosemos a parte ideal de doce, bem como do agridoce e até do profundo amargor.

A caverna...
E as diferentes percepções dos visitantes. Tudo muito particular; e bastante individualizado também. Inconfessável, mas é reveladora essa visitação, pois cada sepultamento traz consigo as possibilidades de reencontro com o que estivera perdido, e mais, renovará o ser, inteiramente.
Zaratustra escolheu nas montanhas, uma caverna. As Ordens Iniciáticas, no ocidente, a masmorra. Talvez com a mesma significação.  E o adverbio utilizado ali, não é de dúvida, mas de possibilidade.

Retirar-se às montanhas ou trancar-se na masmorra tem a possibilidade de revelação e reencontro: sempre pela disseminação do que foi aprendido.
A grande mediadora nesse processo é, indubitavelmente, a vontade. Como manifestação da consciência, seguida de sapiência e amor/ação.
Pois assim falou Zaratustra: "Na terra nada cresce mais satisfatório do que uma elevada e firme vontade. Uma elevada e firme vontade é a planta mais bela na terra. Semelhante árvore anima uma paisagem inteira".

E nas paredes daquele compartimento estão completando todo o cenário, mensagens de ânimo e restauração. Enigmas ou advertências que promovem a imaginação, que a faz decolar em busca de um novo amanhecer.

Acolhimento
Extremamente necessário para a construção do pertencimento... E o obreiro que não trabalhar nessa edificação, não cativar o seu lugar entre todos, corre o risco de autoisolamento.
Coloquemos em análise que as desistências sejam causadas, entre outras coisas, pela barreira edificada no lugar do pertencimento.
E mesmo tendo suplantado as provas, vencido o confronto com as diferentes nuances, superado o desconhecido e distinguido virtude/vício, se não completar a fase das fundações, seu edifício poderá ruir.

Ensejamos e conspiramos para que toda a semente se transforme em belas árvores que animarão todas as paisagens e passagens (ou portas) que sempre se abrirão, a quem bater/percorrer. Que os pedidos sejam revestidos de acolhimento para alcançarem êxito. E todas as buscas que iniciam como sorte de principiante, sejam enfeitadas de coragem e sapiência para o verdadeiro encontro.
Assim, encontraremos os Irmãos em todas as visitações. Resgataremos o que estava oculto, em cada imersão. Lançaremos as sementes como os semeadores fizeram desde sempre, colaborando com a renovação, com outras paisagens, com novos brotos.

Para tanto o trabalho, do meio-dia à meia-noite, dedicado ao aperfeiçoamento dos costumes, por uma sã moral, mais a incorruptibilidade do corpo e indestrutibilidade da alma, mantenha acesa as luzes adornando, sobre o altar, o ponto central, onde vigora o poder.
Se assim o for, a chave de acesso ou a senha de abertura emanará do conhecimento, enriquecido de sabedoria e vontade que, coroando a pessoa do presidente, determina ao Oficiante a composição ordeira dos três elementos.

Reunidos e instalados sob um céu azulado, os trabalhadores manterão a união e a ordem universal. Celebrarão a paz sob um fundo musical. E quando o sol alcançar o nadir, assinalando seu ocaso, que anunciem a chegada do ágape fraternal.
Então poderão regozijar a amizade e a fraternidade, compartilhando o alimento do corpo, uma vez que a alma e o espírito foram nutridos pelos melhores eflúvios advindos da magnetização e das trocas entre os polos.

Alimentados e satisfeitos a dispersão acontece em meio a esperança e o aguardo pelo eterno retorno, às atividades, à construção e ao labor incessante. Sapientes e contentes, todos retornarão aos seus postos, com exceção dos que desistiram, principalmente, pelo não pertencimento ou quem sabe, por conta do ocaso. Oxalá! 


PERENAL DESAFIO - Adilson Zotovici



Um "novo ano" está perto 

Faça calor ou faça frio 

Tempo fechado ou aberto

Se maço pesado ou macio 


Na caminhada por certo

Inda que casual desvio 

Feito pássaro liberto

_É perenal o desafio_


Breve canteiro  reaberto 

À boa colheita o plantio 

Receita dum templo a coberto 


Do livre pedreiro é feitio 

Não parar a obra decerto 

_Cada ano...de fio a pavio_ ! 



OS ALQUIMISTAS



A alquimia é uma prática milenar que combina ciência, arte e magia, visando compreender e transformar a matéria. Ela envolve a aplicação de métodos de produção e manipulação de elementos, mas sem as técnicas científicas de comprovação. Um dos seus principais objetivos era obter o elixir da vida, um medicamento que curaria todas as doenças e daria vida longa ou eterna a quem o tomasse. Outro objetivo importante era a criação da pedra filosofal, uma substância capaz de transformar metais inferiores em ouro. Alguns alquimistas também buscavam gerar uma vida humana artificial, os homunculus (pequenos homens).

A origem da alquimia é incerta, mas há estudiosos que acreditam que ela já era praticada em Alexandria, no Egito Antigo, por volta do século III a.C. Lá, foram desenvolvidas técnicas de manipulação de metais e embalsamento de corpos, que foram associadas aos conhecimentos árabes e greco-romanos. A alquimia chinesa, porém, pode ser ainda mais antiga, com indícios de sua prática há mais de 6 mil anos. Na China, os alquimistas se dedicavam à busca pela imortalidade, usando ervas, minerais e metais, além de exercícios físicos e respiratórios.

A alquimia se espalhou pelo mundo antigo e medieval, sendo praticada por diversos povos, como os persas, os babilônios, os mesopotâmicos, os gregos, os árabes e os europeus. Ela foi influenciada por várias correntes de pensamento, como a filosofia de Aristóteles, que afirmava que havia quatro elementos essenciais na natureza (água, ar, fogo e terra), que podiam se combinar para formar qualquer objeto físico. A alquimia também se baseava na astrologia, na crença de que os astros tinham influência sobre os fenômenos terrestres, e no misticismo, na ideia de que havia forças ocultas e divinas que podiam ser invocadas ou manipuladas.

A alquimia foi precursora de várias ciências, como a química, a medicina, a metalurgia, a física e a farmácia. Os alquimistas usavam instrumentos, materiais e aparelhos para realizar experimentos e procedimentos químicos, como a destilação, a sublimação, a calcinação, a fermentação e a dissolução. Eles também contribuíram para a descoberta e o estudo de vários elementos, como o mercúrio, o enxofre, o sal, o arsênio, o antimônio e o fósforo.

No entanto, a alquimia também enfrentou muitas dificuldades e resistências, principalmente durante a Idade Média. Por ser uma prática secreta e misteriosa, ela era vista com desconfiança e medo por muitas pessoas, que a confundiam com bruxaria ou charlatanismo. A Igreja Católica, que dominava o cenário político e religioso da época, também condenava e perseguia os alquimistas, acusando-os de ter pacto com o demônio ou de enganar a população com promessas de riqueza fácil. Muitos alquimistas foram excomungados, presos, torturados e queimados na fogueira pela Inquisição.

Para se protegerem, os alquimistas criaram uma linguagem própria, cheia de símbolos, códigos e metáforas, que só era acessível aos iniciados. Eles também escreviam seus conhecimentos em livros, chamados de tratados alquímicos, que eram ilustrados com imagens enigmáticas e alegóricas. Esses livros eram raros e valiosos, e muitas vezes eram destruídos ou escondidos pelos seus autores ou pelos seus perseguidores.

Entre os alquimistas mais famosos da história, podemos citar:

- Hermes Trismegisto: considerado o pai da alquimia, ele teria vivido no Egito Antigo e escrito o livro Corpus Hermeticum, que reúne os princípios da alquimia, da astrologia e da magia. Ele também é atribuído a criação da Tábua de Esmeralda, um texto que resume a doutrina alquímica.

- Maria, a Judia: alquimista e filósofa grega que viveu no século II a.C. Ela é considerada a primeira alquimista da história e a inventora de vários instrumentos, como o banho-maria, o alambique e o tribicos.

- Avicena: alquimista, filósofo e médico árabe que viveu entre 980 e 1037. Ele escreveu vários livros sobre alquimia, medicina, filosofia e ciências naturais, sendo um dos maiores representantes da cultura islâmica.

- Alberto Magno: alquimista, bispo e santo católico que viveu na Alemanha entre 1200 e 1280. Ele foi um dos primeiros a defender a alquimia como uma ciência legítima e a estudar os elementos químicos, como o arsênio e o antimônio.

- Roger Bacon: alquimista, filósofo e frade franciscano que viveu na Inglaterra entre 1214 e 1294. Ele foi um dos pioneiros na aplicação do método científico e na experimentação na alquimia, além de ter escrito sobre óptica, astronomia, matemática e linguística.

- Nicolau Flamel: alquimista e escriba francês que viveu entre 1330 e 1418. Ele ficou famoso por ter supostamente conseguido criar a pedra filosofal e o elixir da vida, após decifrar um livro misterioso que continha os segredos da alquimia.

- Paracelso: alquimista, médico e místico suíço que viveu entre 1493 e 1541. Ele foi um dos fundadores da iatroquímica, o ramo da química que estuda as aplicações dos elementos químicos na medicina. Ele também introduziu o conceito dos três princípios alquímicos: o sal, o enxofre e o mercúrio.

- Isaac Newton: alquimista, físico e matemático inglês que viveu entre 1643 e 1727. Ele é considerado um dos maiores gênios da ciência, por ter formulado as leis da mecânica, da gravitação e da óptica. Ele também se dedicou à alquimia, escrevendo mais de um milhão de palavras sobre o assunto, mas mantendo seus estudos em segredo.

A alquimia foi perdendo força e prestígio com o surgimento da ciência moderna, que se baseava na razão, na experimentação e na comprovação dos fenômenos naturais. No século XVIII, a química se consolidou como uma ciência autônoma, que se distanciava da alquimia e de seus aspectos místicos e religiosos. No entanto, a alquimia ainda possui um papel importante na história da cultura e do pensamento humano, sendo considerada uma fonte de inspiração para a arte, a literatura, a filosofia e a psicologia.

fonte; autor não identificado

janeiro 13, 2024

TRABALHE ENQUANTO ELES DORMEM...- André Naves



    

Jacareí, como toda cidade brasileira, também tem suas carências, suas dificuldades e suas feiuras... Mas, igual a todas as outras, tem suas belezas, suas alegrias, sua poesia cotidiana. E de uma coisa ela pode se orgulhar! 

A localização é encantadora: Jacareí, a Atenas Paulista e Cabrocha da Dutra... Estamos perto da praia, da montanha, do aeroporto, de São Paulo, do Rio e de Minas. Jacareí é um tipo de encruzilhada sudestina...

A fornalha carioca também é uma rosa cheia de espinhos... Purgatório da beleza e do caos, cantaria Fernanda Abreu... Vinícius, cheio de saudades, lembraria dos sons do piano na rua Nascimento Silva, 107, e de tudo o que já não era mais.

Mas a verdade é que o Criador também gosta de algum lirismo... Ele escreveu a mais bela poesia em forma de cidade: Rio de Janeiro.

Uma prima minha morou lá por vários anos. Ela também tem um nome poético, desses que parece um pouco a luz do luar. No fundo, se a gente pensar bem, todo nome é lírico! Toda gente é bela! A humanidade é poeta!

Mas voltando, antes que eu perca o rumo da prosa ainda mais... A casa dela ficava em Santa Tereza, bairro que une o samba à Mata Atlântica. Era um antigo convento, transformado em morada. Verde, música e lar...

E que bela decoradora, além de tantas outras coisas boas, ela é! Ela pega o objeto mais comum, normal, corriqueiro, e coloca num lugar que o enche de significado e graça. Ela taca uma moldura no ordinário e constrói o extraordinário! Enfeita a casa e constrói um lar! 

Sabe quem enxerga a beleza no comum?

Acho até que isso já vem de berço. É que minha tia, a mãe dela, é desse mesmo jeitinho... Meu tio, o pai dela, que já caminha pelas luzes do luar, também...

Eu pousei naquele encanto da Beleza uma vez. Era uma reunião de trabalho que eu teria com meu amigo João, e com um tal de Zé, num boteco de Copacabana. Trabalho, boteco e domingo não rimam...

Não existe trabalho ruim... O ruim é ter que trabalhar, resmungava o seu Madruga.

Mas fazer o que, né? O João era um daqueles monstros sagrados que me tinha como aprendiz. Ele queria desbastar um pouco meu pedregulho interno, fazer minha poética interna se derramar no texto...

Era domingo que ele queria? Era boteco? Era Copacabana? Eu nem questionei... Eu só fui... Mesmo sem ter nem roupa, fui!

No caminho fomos passando pelo bonde, pelas árvores, pela passarada, e por vários botecos em que a gente carioca cantava, bebia e torcia. Domingo no boteco é só samba e futebol, gostava de dizer o João. 

É a poesia do povo! Um pingo de igualdade social naquele oceano de iniquidade! Como é belo o feio Rio! Como é feio o belo Rio!

Naquela mesma mesinha de latão, já na calçada, estava, como sempre, o João. Óculos, bigode, a careca típica da meia idade já avançando, uma camisa azul aberta, calção e chinelas meio vermelhos... Um copo americano de cerveja pela metade...

Na cambaleante cadeira do lado estava o Zé. Um português já idoso, também de óculos, mas sem bigode, de calça cinza, camisa branca, um impressionante pulôver preto que gritava de tanto sufocar naquele abafamento tropical... 

Os europeus nunca entenderão a civilização do Sol e da Beleza!

Aproximei-me, puxei uma cadeira de lado e, tentando me equilibrar, me sentei. A mesinha, de um latão mambembe, em cima daquele chão em que o mosaico português brigava com as raízes dos flamboyants, parecia dançar um jongo ancestral... 

João deu uma risada e falou:

“Se achegue no meu escritório! Vou pedir um copo para você também!”, com aquele sotaque, doce e arrastado como o chocolate de Itaparica.

Eu ainda sem acreditar, encarei bem o Zé... Como eu poderia estar ali? Um “nada”, ao lado de dois “tudo”. Sabe o João Batista, que repetia não servir nem para amarrar as sandálias de seu primo? Era bem assim que eu me sentia.

Mas, a vida quer da gente é coragem... Fui direto ao ponto:

“Vamos comer o que?”

“Sardinhas assadas e torradas com manteiga e alho”, foi direto ao ponto o Zé. 

O João parecia concordar, já que ficou calado enquanto olhava para mais uma de tantas sereias que passavam...

E o Zé continuou: “a gente tem de comer o que o povo come! A gente escreve como o povo fala. Se a literatura não dissolve as correias que prendem nossa gente, ela não serve para nada!”.

O João, batucando a mesa e admirando as ondas no copo de cerveja, quis dar seu pitaco também: “Isso é verdade pura! No ‘Viva o Povo Brasileiro’, o personagem principal, o mais importante, é o povo. Ele que tem costumes, tradições e trabalho. É ele que cultiva a língua na fala. É ele que escreve na labuta cotidiana. O Povo sabe!”

Eu queria ficar rouco de tanto ouvir! Só conseguimos escutar quando abrimos as alas para o silêncio e para a reflexão...

Zé interrompeu: “Acho que escrever é um ato de esforço e disciplina. Todo dia sento e escrevo, e as palavras vão me guiando por caminhos de luz e sombras que eu nunca imaginava poder pensar... Uma vez, eu tava escrevendo ‘Levantando do Chão’... Já tinha escrito umas 20 páginas quando percebi que para falar eu precisava ser entendido. Foi aí que fui buscar a língua da gente! A linguagem popular!”

“Mas a linguagem popular é tinhosa! Ela é traiçoeira e rápida igual uma caninana!”, falou por cima o João... “Uma vez eu tava tomando uma cachaça de rolha lá na praia, contente, sossegado. Chegou um consagrado e ligou o rádio bem alto. Eu até gostei da música, mas naquela hora eu queria escutar a melodia do vento... A falta de educação também é parte da língua do povo!”.

“Aliás, vamos de caninha?”, perguntou. Na verdade, ele já sabia da resposta... É que ele nem deu tempo e já foi chamando o garçom: “Meu consagrado! 3 da boa, por favor!”, e com a mão fez o gesto, tão verde-amarelo, da cachaça.

O Zé, com uma cara de poucos amigos, falou: “Falta de educação igual a sua, João, que já atropelou meu discurso! Há uns dias Pilar e eu nos banhávamos nos mares de Cabo Frio. Era muito gostoso. Um cardume colorido se acercava de nós, e, aos poucos, beliscava nossas pernas. Chegava a fazer cosquinha... Quando eu ia pegar um deles, o cardume fugia. Estavam ali, encostando em mim, mas eu não conseguia tocar!

A linguagem popular é igual esse cardume! Se a gente força demais, fica parecendo um bobo da corte escrevendo. Se a gente força de menos, continuamos presos nas masmorras da incompreensão.

Pegar o idioma popular é uma arte! É pra poucos!”

Nesse momento apareceu o garçom. Na bandeja, as sardinhas tostadas, uma porção de pães assados, mais uma cerveja e uma garrafa de pinga. Era a da casa, feita artesanalmente, lá em Paraty, pela família do dono.

“Essa é das boas!”, celebrou o João! “Qual seu nome, por gentileza, meu amigo?”

“Johnny. Mas você já me conhece. Eu te atendo sempre aqui, seu João.”

“Eu sei. É que eu queria te apresentar para os meus amigos, o paulistinha André e o portuga Zé.”

“Olá pessoal! Qualquer coisa, estamos às ordens!”

O Zé sorriu amarelado: “Vocês do lado de cá tem cada costume! Uma sonoridade lírica e linda ‘JOÃO’ que não se acha em lugar nenhum do mundo... E vocês insistem em emporcalhá-la com esse lixo estrangeiro... “Johnny, onde já se viu? Esse mundo se perde!”

João, rindo muito, completou: “Sonoridade ainda mais linda aqui no Brasil, em que as vogais parecem ter se espreguiçado e deitado numa esteira de vime... JOÃO! Só esse nome já dá música... João...”

“É... Olha como a língua popular é um camaleão! João é muito mais linda! É de um lirismo lusitano gigantesco... Mas o povo prefere o lixo inglês! Johnny! São os peixes daquele cardume... Tão à mão, tão intocáveis!”, suspirou Zé, como Don Quixote que adoraria vencer os gigantes mas sabe que eles não passam de moinhos de vento...

“Pindura aí, Johnny! Pago na próxima! Vou levar meus amigos ali para ver o Sol se deitar em Copacabana!”

Levantamos os três e fomos pela areia maravilhados pelas cores alaranjadas que iam desabando sobre o mar... “As artes nascem de quem consegue enxergar esse espetáculo! Tentem escutar o pôr do Sol... Será que Beethoven era brasileiro?” riu demais o Zé!

“Nossa próxima reunião será em Itapoã!”, gritou o João.

A gente riu demais...

Até hoje, quando me perguntam dessa reunião de trabalho, dou uma de Chicó, o amigo de João Grilo: “Não sei... Só sei que foi assim...”.

Será?




ACÁCIA. . . - José Mendes



Ah... como te vejo em diferentes formas...

altaneira...suave...bela.

Da janela do meu quarto, vejo-te Acácia.

Compartilho contigo teus estágios

em diferentes mutações das estações.

Perpassam em meus pensamentos

teus valores religiosos,

tua tradição e teus inúmeros símbolos.

Ao contemplar-te recordo do que representou

a arca da aliança, a coroa de espinhos.

Ainda, aquele que foi plantado

no túmulo de Hiram e

todo o pensamento judaico-cristão.

Símbolo solar de renascimentos e imortalidade.

Ao olhar-te percebo a tua fortaleza

ante as vicissitudes da vida.

Sinto tua sede quando todas as tuas folhas

tombam no inverno.

Compreendo que te despedes

para adubar as plantinhas

que nascem ao teu redor e deixar,

por algum período,

que o sol as revitalize com a tua energia.

Estou sempre a reverenciar-te e,

muitas vezes, com sentimentos de gratidão

e misericórdia; outras, com ternura, amor e esperança.

Procuro aprender contigo as lições da perseverança e da

obediência às leis naturais que vem transmitindo através dos tempos.

Aos poucos estou entendendo, com o teu exemplo, que é preciso saber

morrer para renascer... 

a cada estação, a cada emoção,

a cada encontro,

a cada decepção,

a cada sonho

e a cada adeus...


O LATIM NOSSO DE CADA DIA - Newton Agrella


As expressões idiomáticas, e elas são inúmeras na Língua Portuguesa, via de regra, originam-se de usos e costumes  que ganharam vida ao longo da História e sobretudo no tocante ao comportamento humano.

Uma dessas expressões que denota literalmente sua origem é do "bajulador".  

Aliás, cabe aí, breve explicação etimológica. 

"Bajulare" do Latim "bajulus" significa, o que leva a carga para outro, mensageiro.

Essa palavra está intimamente ligada à expressão popular "puxa-saco", cujos relatos orais dão conta que  parece ter surgido da época do Brasil Colônia, quando os oficiais do Exército, ao serem transferidos para outra cidade, chegavam levando os seus pertences num saco de pano. 

Ao chegarem ao seu destino, procurando um lugar para pousar, sempre aparecia alguém querendo pegar o saco para ajudá-los, de olho na gorjeta ou em qualquer outra vantagem.

Esse viés do comportamento humano, estende-se frequentemente e ganha raias do chamado "people pleaser", expressão amplamente utilizada na língua inglesa, que nada mais é, senão o puxa-saco desmedido, por alguns aqui no Brasil,  também chamado de "bajulador psíquico".

Essa expressão faz referência a alguém que adota determinadas atitudes e comportamentos com o claro e inequívoco intento de agradar e bajular o outro. 

Dizer sempre "sim", externar elogios gratuitos, bater palminhas, concordar com tudo, fazer favores a cada pouco, colocar-se sempre à disposição dos outros, fingir que concorda com a opinião alheia mesmo que isso fira seus valores mais recônditos, são exemplos tácitos desse tipo de pessoa.

Diferente do que possa parecer, o objetivo não é nada altruísta.

A bem da verdade, o “bajulador psíquico” quer sim  induzir o outro a satisfazer seus mais íntimos desejos psíquicos.

Esse tipo bem característico é facilmente encontrável nos mais diversos segmentos da sociedade humana, e independe de sexo, gênero, tamanho ou idade e até mesmo do nível sociocultural.

Cabe contudo lembrar, que ninguém consegue agradar a todos o tempo todo e uma hora ou outra a insatisfação e a frustração vão bater à porta do bajulador.

Talvez esse comportamento e essa predisposição estejam ligados à questão da autoestima e à busca de aceitação.

Seja qual for o grupo social a que se esteja atrelado, aprender a se valorizar e enxergar o mundo com mais personalidade, pode ser um caminho para a própria evolução.

É missão do Maçom, projetar, esculpir e buscar  aprimoramento de formas e conteúdo de seu templo interior, independentemente de agradar aos outros, mas sabendo conviver, e sendo natural, sincero e transparente em cada atitude que traduza o seu ritual de vida.

Respeitar-se a si mesmo é o primeiro passo.