janeiro 19, 2024

DEZ COISAS A CONSIDERAR ANTES DE PEDIR A PALAVRA - Carlos Alberto Mourão Júnior



Como eu já fiz todos os erros elencados neste artigo, resolvi partilhar as minhas reflexões com os irmãos. Antes de pedirmos para usar (ou abusar) da palavra em Loja, que tal pensarmos melhor e considerarmos algumas pequenas coisas?

1-Quando falamos em Loja, os outros irmãos são obrigados a escutar-nos. A ritualística não permite que eles nos interpelem, argumentem conosco ou então que se levantem e saiam. Eles não têm escolha, terão de escutar tudo o que quisermos dizer sem nos interromper. Portanto, sejamos misericordiosos não os forçando a escutar tolices.

2-Grande parte dos assuntos que são tratados em Loja poderiam, e deveriam, ser tratados antes ou após a reunião, na sala dos passos perdidos ou no salão da Loja. O Templo, como o próprio nome diz, é um local sagrado, onde não se deve tratar de assuntos corriqueiros ou picuinhas administrativas. Agir assim é profanar o sagrado Templo maçónico.

3-O Templo não é um palanque político. De nada adianta queixar-se eternamente da conjuntura política e económica. A Maçonaria pode e deve tentar mudar a realidade nacional e mundial, mas isso só pode ser feito com ação. Palavras e lamúrias recorrentes só servirão para fazer com que cheguemos mais tarde e casa e não irão mudar o mundo.

4-O Templo não é um púlpito onde se devam fazer pregações ou então ministrar palestras sobre questões metafísicas e filosóficas. Especulações esotéricas servem muito mais para cansar quem as ouve do que para trazer algo de efetivamente concreto. Lembremo-nos que os pobres Irmãos são obrigados a ouvir-nos quando resolvemos, num desvario de insana vaidade, exibir o nosso “profundo conhecimento”. A nossa vaidade já deveria ter sido sepultada na câmara das reflexões…

5-O Templo não é um divã ou um consultório psicológico onde devemos emitir as nossas indignações ou fazer histéricos desabafos. Será que as questões mundanas que andam “entaladas nas nossas gargantas” realmente interessam aos outros irmãos (os quais, repito, são forçados a ouvir-nos) ou à nossa Ordem?

6-O Templo não é uma mesa de bar e nem um clube, onde se contam casos “interessantes” (somente para quem os conta…) ou se fala de boatos ou questiúnculas. Antes de mais nada, estar num Templo exige postura e respeito pela egrégora. Conversas de bar caem bem num bar.

7-Quando formos ministrar alguma instrução, convém lembrar que, conforme determina o ritual, devemos fazê-lo utilizando um quarto de hora. Ora, isto equivale a exatos 15 minutos. Nada mais do que isto. Qualquer mensagem pode ser passada e absorvida nesse período. Mais do que isto dispersa a atenção do ouvinte, fazendo com que o mesmo se perca em devaneios, além de minar a sua santa paciência.

8-Qualquer outra comunicação deve ser dada nos 3 minutos que o ritual preconiza. Três minutos são tempo de sobra para passar a essência de uma mensagem de maneira clara, concisa e precisa. Mais do que isto é verborreia e só serve para motivar os irmãos a não voltarem nas próximas sessões.

9-É sempre bom lembrarmos que, para nos estar a ouvir, os Irmãos estão a prescindir de estar no aconchego dos seus lares e estão a dispensar-nos o seu precioso tempo. Será que não é um dever moral e um ato de amor respeitarmos e valorizarmos este tempo que os irmãos nos dispensam ouvindo-nos? Será justo fazer com que esses irmãos voltem para os seus lares com a sensação de tempo perdido?

10-Será que é sensato alongar-se na leitura do expediente? Muita coisa pode ser afixada no quadro da Loja e os boletins podem ser lidos na internet. Será que é racional gastar longo tempo a falar sobre os eventos sociais da Loja? Será que não teríamos uma reunião mais gratificante se, de facto, somente usássemos da palavra para falar sobre algo que seja verdadeiramente a bem da Ordem, da Loja ou dos Irmãos? Lembremo-nos: se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro.

Meus Irmãos, aí estão algumas reflexões. Creio que todos nós devemos refletir sobre elas. Talvez ajudem a responder àquela eterna pergunta que se nunca cala dentro de nós: porque será que, ano após ano, as Lojas estão cada vez mais vazias?

Fonte: Freemason

A MAÇONARIA OPERATIVA - Alfério Di Giaimo Neto


Na Idade Média os maçons eram distintos. Era essa a sensação generalizada na Inglaterra, França e Europa Central, pois enquanto os outros trabalhadores trabalhavam para os senhores feudais, sem sair de seu vilarejo, os maçons eram especialistas e serviam aos reis, clero e nobreza e viajam para todos os cantos desses paises. Trabalhavam as pedras e erigiam castelos, mansões, catedrais e abadias. 

As informações abaixo foram extraídas do “Compedium” de Bernard Jones e “Enciclopédia” de Wilson Coil.

Inglaterra

A vida profissional era bem estabelecida. Existiam dois tipos de maçons: os “rústicos” que cortavam e moviam os blocos para o alicerce, a base que sustenta a construção, e os “especialistas” que faziam o trabalho na superfície dos blocos para detalhes da arquitetura, em geral, e o acabamento e ornamentação.

Pertenciam a Grêmios que eram compostos pelos principais empregadores do ramo e, as vezes, controlados por um funcionário real. Tinham “deveres” (Charges) estabelecidos por esses Grêmios. 

O primeiro era com Deus: deviam crer na doutrina da Igreja Católica e repudiar todas as heresias. O segundo era com o Rei, cuja soberania deviam obedecer. O terceiro era para com seu Mestre, o empreiteiro das obras (não existia o grau de Mestre. Apareceu na Maçonaria Especulativa). 

Formavam sindicatos, ilegais, pois contrariavam as determinações salariais dos grêmios, e se reuniam secretamente correndo o risco de penalidades da lei.

França

Os maçons eram, como na Inglaterra, a elite dos trabalhadores.

Diferentemente, formaram uma organização que não tenha paralelo na Inglaterra: a “Compagnonnage”. Os “Compagnons” (companheiros), seus membros, que algumas vezes eram trabalhadores com outros ofícios, formavam uma forte organização. 

Os reis e governos da França não aprovavam essa situação e, por diversas vezes, ditaram leis e decretos contra a Companonnage (1498, 1506, 1539...). Em 1601, um estatuto proibia que se reunissem em mais de três nas tabernas. Em 1655, a Faculdade de Sorbone, proclamou que os compagnons eram malvados e ofendiam as leis de Deus.

Alemanha e centro da Europa

Os maçons eram chamados de Steinmetzen, e, da mesma forma, eram a elite dos trabalhadores. Suas atividades eram também reguladas por corporações do ramo. Havia Lojas importantes de Steinmetzen em Viena, Colônia, Berna e Zurich, mas todas aceitavam a liderança dos maçons de Estrasburgo. 

Inclusive, o imperador Maximiliano I proclamou um decreto em que dava força de lei ao seu código de conduta (diferente do que foi escrito para Inglaterra e França). Essa liderança durou até 1685, quando a cidade foi invadida pelo exercito de Luiz XIV e anexada à França.

Escócia

Os Grêmios de maçons eram mais antigos do que os da Inglaterra. Em 1057, o rei Malcolm III Canmore outorgou uma Carta, com o poder e obrigação de regular o oficio, à Companhia de Maçons de Glasgow.

Infelizmente, por não haver em abundancia a pedra franca na região, tiveram menos êxito para manter a boa posição já citada. Inclusive, nesse país foi modificada a regra para os “aprendizes ingressados” de tal modo que, o aprendizado ficou com um lapso de tempo mais curto, do que na Inglaterra, por exemplo. 

Os mestres mais antigos, qualificados, para se protegerem profissionalmente, começaram a usar uma palavra secreta que era transmitida entre eles, para o reconhecimento entre si. Essa palavra chave ficou conhecida como a “Palavra Maçônica”.



O MAÇOM E O CONFLITO - Rui Bandeira


O conflito faz parte das nossas vidas.

Quer queiramos, quer não.

Existem interesses divergentes, quantas vezes inconciliáveis.

Quando tal sucede, várias formas de lidar com o assunto existem: a força, a imposição de poder, a desistência, a conciliação, a cooperação, a hierarquização, etc.

Os maçons também vivem e estão sujeitos a conflitos, tanto como qualquer outra pessoa vivendo em sociedade.

Mas os maçons aprendem a lidar melhor com o conflito desde logo, porque aprendem, interiorizam e procuram praticar a Tolerância. 

Esta postura não elimina, obviamente, os conflitos, nem leva quem a pratica a deles fugir, ou a ceder para os evitar. 

Pelo contrário, ensina e possibilita a melhor gerir o conflito. 

*E melhor gerir um conflito e não procurar ganhar a todo o custo.*

Melhor gerir um conflito consiste em detectar e obter a melhor solução possível para o mesmo. 

Por vezes, "vencer" o conflito pode parecer a melhor solução no curto prazo, mas revela-se desastrosa depois.

O maçom aprende a gerir o conflito, desde logo treinando-se a fazer algo que, sendo básico, é muitas vezes esquecido: *ouvir!*

Ouvir o outro, as suas razões, pretensões.

Ouvir o outro não é apenas deixá-lo falar.

É prestar efetivamente atenção ao que diz e como o diz.

Para procurar determinar porque o diz e para que o diz.

E assim poder elucubrar em que medida existe realmente conflito de interesses entre si e o outro - ou se existe apenas uma aparência de conflito de interesses, por deficiente entendimento, de uma ou das duas partes, de propósitos, intenções e objetivos. 

Ouvir o outro é o primeiro exercício prático da Tolerância, da verdadeira Tolerância. 

Porque esta não é o ato de, condescendentemente, admitir que o outro tenha uma posição diferente da nossa e permitirmos-lhe, "generosamente", que a tenha.

A verdadeira Tolerância não é um ponto de chegada - é uma base de partida.

A verdadeira Tolerância resulta do pressuposto filosófico de que ninguém está imune ao erro. 

Nem nós - por maioria de razão que julguemos ter. 

Portanto, tolerar a opinião do outro, a exposição do seu interesse, porventura conflituais com a nossa opinião e o nosso interesse, não é um ato de generosidade, de condescendente superioridade. 

É a consequência da nossa consciência da Igualdade fundamental entre nós e o outro.

Que implica o inevitável corolário de que, sendo diferentes as opiniões, se alguém está errado, tanto pode ser o outro como podemos ser nós.

A Tolerância não é um ponto de chegada - é uma base de partida.

Não é demais repeti-lo. 

Porque a consciência disto possibilita a primeira ferramenta para a gestão do conflito: a disponibilidade para cooperar com o outro, para determinar:

_ (1) se existe verdadeiramente divergência entre ambos; 

_(2) existindo, qual é ela, precisamente; 

_(3) em que medida é essa divergência, superável, total ou parcialmente; 

_(4) ocorrendo superação parcial da divergência, se o conflito se mantém e, mantendo-se, se conserva a mesma gravidade; 

_(5) finalmente, em que medida é possível harmonizar os interesses conflituantes: cada um abdicando de parte do seu interesse inicial? Garantindo ambos os interesses, seja em tempos diferentes, seja em planos diversos? 

Treinando-se na prática da Tolerância, o maçom aprende a lidar melhor com o conflito, porque é capaz de, em primeiro lugar, determinar se existe mesmo conflito, em segundo lugar predispõe-se para cooperar na superação do conflito e finalmente adquire a consciência de que existem várias, e por vezes insuspeitas, formas de superar, controlar, diminuir, resolver, conflitos - quantas vezes logrando-se garantir o essencial dos interesses inicialmente em confronto. 

"E tudo, afinal, começa por saber ouvir e por saber tolerar (o que implica entender) a posição do outro."

Por isso o primeiro exercício que é exigido ao maçom é a prática do silêncio. 

Para que aprenda a ouvir, para que se aperceba do que realmente é dito, para que reflita sobre a melhor forma de resolver os problemas que ouça expostos. 

Através do silêncio, aprende o maçom a sair de si e a atender ao Outro. 

Através da Tolerância da posição do Outro, aprende o maçom a descobrir a forma de harmonizá-la com a sua.

Através da busca da Harmonia, aprende o maçom a gerir os conflitos. 

Através da gestão dos conflitos, torna-se o maçom melhor, mais eficiente, mais bem sucedido.





janeiro 18, 2024

A ESCOLA DA ALMA - Marcos José da Silva,


Ninguém entra na Maçonaria pelo seu valor intelectual, nem pela capacidade econômica ou financeira, nem pela posição social que ocupe. 

Depois de o irmão ser recebido Maçom, e com maior razão, será tratado como um igual, à parte suas qualificações na vida profana. Essa é a regra.

Mesmo as investigações que se fazem sobre o candidato – as chamadas sindicâncias – equivalentes a uma devassa na vida do candidato proposto, não o preparam para a iniciação maçônica; apenas dão informações sobre de quem se trata, relacionadas com o grau de instrução, o comportamento na sociedade, posição financeira e profissional e as referentes à moral comum.

O que abre a porta do templo à iniciação maçônica é a sensibilidade do coração, da alma do profano, sinal que é percebido, intuitivamente, pelos mestres – iniciados do 3º grau –      durante a citada investigação preliminar. 

É quando os sindicantes avaliam se aquela alma tem predisposição para praticar o bem, se é terreno fértil para a semeadura das virtudes maçônicas.

O neófito, bem orientado pelos seus instrutores, e assimilando as lições dos símbolos, logo percebe que embora a Maçonaria proclame a “prevalência do espírito sobre a matéria”, não é uma religião, nem suas lojas são uma variedade de igreja.

Mas cada maçom deve conduzir-se, em sua respectiva religião, com responsabilidade e cooperação.

Vê também, o neófito, que não obstante a declaração de que a Maçonaria pugna pelo aperfeiçoamento intelectual da humanidade      – v. Constituição Federal – ela não chega a ser uma faculdade e suas lojas não são escolas noturnas, como já observou um mestre do passado. 

Incumbe a cada Irmão, nas universidades, nos governos, nos parlamentos, nos fóruns internacionais e em suas atividades profissionais e sociais de caráter individual, exercitar esse mandamento maçônico, inscrito no Art. 1º da Constituição do Grande Oriente do Brasil, em benefício da humanidade.

O ensinamento individual, dentro das lojas, é regido, ao menos os primeiros passos, pelo nível, que equaliza e disciplina, e pelo prumo, que baixa nas profundezas do coração, conhecendo ali o verdadeiro grau de evolução de cada obreiro para a consecução do nosso objetivo final – Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Os candidatos que realmente poderão enriquecer as nossas colunas são aqueles que sintam amor pelo Deus Altíssimo e pela Sua obra, que se deixem atrair pelos mistérios da vida e da morte, que respeitem as milenares tradições iniciáticas e que sejam capazes de aplicar com dignidade o ensinamento superior colhido na extraordinária escola da alma, que é a Maçonaria.

O MITO DA FÊNIX E A ROSA-CRUZ - João Anatalino Rodrigues



O mito da Fénix é um dos arquétipos mais compartilhados pelo inconsciente humano em todos os tempos. Iremos encontrá-lo em quase todas as tradições antigas, geralmente conectado com o anseio humano de imortalidade, ou de um renascimento em outra forma ou condição de vida.

Diz a lenda que a fénix (em grego ϕοῖνιξ) é um pássaro que, quando morre, o seu corpo entra em combustão espontânea, e depois de algum tempo, das suas cinzas nasce outro pássaro. A tradição sustenta que ela é uma ave muito forte, que é capaz de transportar cargas muito pesadas, e se atacada pode transformar-se numa bola de fogo.

A lenda descreve a fénix como sendo um pássaro de porte superior a uma águia, com lindas penas brilhantes, da cor de ouro, com matizes vermelho-lilás. Teria uma vida bastante longa, podendo chegar a quinhentos anos. Mas houve quem dissesse que ela poderia viver até 97.200 anos, sendo por isso, o pássaro símbolo da imortalidade.

O mito da fénix ficou famoso na mitologia grega, mas provavelmente é bem mais antigo do que a própria civilização grega. Há registros milenários no Antigo Egito que falam de um pássaro chamado Bennu, que tinha exatamente estas características da fénix grega. Ele era o pássaro de Rá, portador da chama do sol. Diziam que ele era o mensageiro desse deus, e o seu ciclo de vida representava exatamente a duração dos ciclos de vida da natureza, ou seja, quando grandes mudanças ocorriam na terra. Assim, quando um ciclo estava para terminar, esses pássaros voavam ao Santuário de Heliópolis, pousavam na pira do deus Rá e se imolavam na fogueira. Depois de algum tempo, das suas cinzas nasciam novos pássaros, indicando o renascimento da terra.

Os historiadores, de uma forma geral, tendem a reconhecer neste mito um comportamento natural de certo tipo de garças (hoje extintas) que viviam no antigo Egipto. Quando o ciclo natural das enchentes do Nilo, que ocorriam invariavelmente de sete em sete anos, diminuía, este tipo de aves se retirava para o deserto e botavam os seus ovos na areia. Depois morriam em função do sol sufocante. Os ovos eram chocados pelo calor da areia e dai nasciam os filhotes.

A lenda egípcia dizia que a ave, sentindo a proximidade da morte, fazia um ninho com ramos de canela, sálvia e mirra, a qual sendo aceso pelos raios do sol se transformava numa pira onde ela se imolava. Era um sacrifício natural oferecido ao Deus Sol (Rá), para garantir o renascimento natural da vida na terra. E das suas cinzas erguia-se então uma nova fénix, que recolhia os restos mortais da sua antecessora e os levava até o Santuário de Heliópolis, onde os colocava no Altar de Rá.

Os sacerdotes egípcios diziam que as cinzas da fénix tinham o poder de ressuscitar um morto. Este mito era tão divulgado entre os povos antigos que o próprio imperador romano Heliogábalo (204-222 d. C.) quis comer a carne desse pássaro com o objetivo de conseguir a imortalidade. Mas sendo uma ave mítica, cuja existência era duvidosa, as pessoas encarregadas de providenciar o bizarro repasto não conseguiram encontrar um desses pássaros e lhe enviaram uma ave-do-paraíso, que tinha uma aparência bem próxima da mítica ave. O doido imperador comeu a ave, mas foi assassinado dois anos depois.

Provavelmente, a lenda da fénix é uma alegoria adaptada das crenças egípcias a respeito da morte e renascimento diários do sol. Na religião de Heliópolis, o sol era visto como um astro-deus que morria e renascia todos os dias. Como ele era sempre o mesmo, renascido de si mesmo, a analogia com o mítico pássaro ficou estabelecida e ganhou status de lenda.

Em algumas tradições ela era identificada com a estrela Sótis. Na Grécia ela era também reconhecida como o pássaro de Hermes. Na China e no Japão era o símbolo da felicidade, virtude, força e inteligência. Na tradição cristã, a fénix tornou-se o símbolo da ressurreição de Cristo. E para os alquimistas era o símbolo da regeneração da natureza, momento sublime em que a matéria da Obra começava a sua regeneração para se transformar na Pedra Filosofal.

A fénix na Maçonaria

No moderno ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito, o mito da Fénix é uma alegoria que aparece no grau dezoito, consagrado ao Cavaleiro da Rosa-Cruz. Por se tratar de uma alegoria essencialmente alquímica, ela integra a tradição hermética da morte ritual e do renascimento em outro nível de consciência, como acreditavam os alquimistas poder fazer com o material trabalhado nos seus laboratórios e com os seus próprios espíritos.

Aqui, o recipiendário “perdido nas trevas, na encruzilhada dos caminhos, perto do total abatimento e da morte, ouve uma voz misteriosa saída do fundo da sua alma”. (palavras do ritual do grau). É nesse momento que ele reencontra a Palavra Perdida, oculta sobre as asas da fénix, no instante em que ela renasce das cinzas. E ele se sente como se “um sopro o penetrasse, no momento em que murmura, afastando-se, a Palavra que para ele é a revelação de uma nova Luz.” E dali ele sai reanimado, renovado, porque agora sabe que a Palavra Perdida significa “ Igne Natura Renovatur Integra”, ou seja que a natureza inteira se renova pelo fogo, e que essas palavras são justamente as iniciais colocadas sobre a cruz de Cristo (INRI). É nesse instante que ele tem a revelação final e fundamental do mistério contido na Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, ou seja, o verdadeiro significado desse mistério magno da cristandade.

Na Maçonaria o mito da fénix é invocado em toda a sua grandeza iniciática para mostrar a natureza que se renova em toda a sua integridade, pela ação do fogo, que  aqui significa tanto o trabalho do alquimista no seu forno, cozendo e recozendo o material da Obra, quanto o baptismo cristão, conforme preconizado por João Batista. Ambos são analogias que simbolizam a prática da doutrina renovadora da Maçonaria.

E rosa mística, centralizada no ponto de encontro dos braços da cruz é este ponto crucial do universo, ou da alma humana, onde a Palavra Perdida é recuperada e faz nascer, da própria morte, a vida renovada. A mística do ensinamento iniciático alia-se à poesia para dizer ao espirito humano que existe uma esperança, mesmo na mais sombria e aterradora das situações, que é a própria morte.

Na tradição Rosa-Cruz, a luz do mundo morre e renasce no centro de uma cruz. Por isso essa morte e renascimento eram comemorados pelos cavaleiros Rosa-Cruzes nas vésperas das sextas-feiras santas, em cerimónias que evocavam a última ceia de Cristo com os seus apóstolos, ocasião em que dividiam um carneiro. Neste significativo ritual se promove, não só uma evocação à Páscoa hebraica, mas também o retorno do sol no equinócio da Primavera, ocasião em que a natureza morta pela acção do Inverno, recomeça um novo ciclo.

Aí está, em toda a sua grandeza simbólica e beleza poética, o mito da fénix.

Da Obra “Conhecendo a Arte Real”, Ed. Madras, São Paulo, 2007


A PAVONICE ENSANDECIDA - Roberto Ribeiro Reis



A par da enorme ostentação, 

Dorme um triste coração, 

Assolado pela fútil mesmice;

Dotado de material euforia, 

Aquele homem se vangloria

De sua e𝙣𝙨𝙖𝙣𝙙𝙚𝙘𝙞𝙙𝙖 𝙥𝙖𝙫𝙤𝙣𝙞𝙘𝙚.


De todos quer tirar um sarro, 

𝙏𝙪𝙙𝙤 é 𝙙𝙚 𝙤𝙪𝙧𝙤 - menos o carro- 

A 𝙥𝙧𝙤𝙫𝙖 𝙘𝙖𝙗𝙖𝙡 da luxúria;

Em que pese o bolso graúdo, 

O intelecto carece de conteúdo:

Padece de 𝙥𝙡𝙚𝙣𝙖 penúria


𝙍𝙚𝙛𝙤𝙧𝙢𝙖 𝙞𝙣𝙩𝙚𝙧𝙞𝙤𝙧 𝙚𝙨𝙩𝙖𝙣𝙦𝙪𝙚, 

Sua 𝙫𝙖𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 em pleno 𝙥𝙖𝙡𝙖𝙣𝙦𝙪𝙚

É incapaz de preencher seu 𝙫𝙖𝙯𝙞𝙤;

Desejo a ele melhor sorte, 

A 𝙗𝙤𝙖 essência que o conforte, 

E dê norte ao 𝙝𝙤𝙢𝙚𝙢 𝙚𝙧𝙧𝙖𝙙𝙞𝙤. 


O mundo das superficialidades

É 𝙧𝙚𝙛𝙡𝙚𝙭𝙤 das 𝙗𝙖𝙣𝙖𝙡𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚𝙨

Que 𝙘𝙚𝙜𝙖𝙢 ao homem 𝙥𝙧𝙤𝙛𝙖𝙣𝙤;

Para toda 𝙢𝙤𝙡𝙚𝙨𝙩𝙞𝙖 e 𝙘𝙧𝙞𝙢𝙚, 

Somente uma 𝘼𝙧𝙩𝙚 𝙎𝙪𝙗𝙡𝙞𝙢𝙚

É capaz de 𝙙𝙚𝙨𝙫𝙚𝙣𝙙𝙖𝙧 o 𝙚𝙣𝙜𝙖𝙣𝙤. 


𝙉𝙖𝙤 𝙣𝙤𝙨 𝙖𝙘𝙝𝙚𝙢𝙤𝙨 𝙨𝙪𝙥𝙚𝙧𝙞𝙤𝙧𝙚𝙨, 

Mas 𝙥𝙧𝙞𝙢𝙚𝙢𝙤𝙨 pelos 𝙫𝙖𝙡𝙤𝙧𝙚𝙨

Que ao mundo têm faltado;

Preferimos o silêncio 𝙙𝙤 𝙗𝙤𝙙𝙚

À essa inútil pavonice que pode

𝘼𝙙𝙤𝙚𝙘𝙚𝙧 o homem tão 𝙖𝙡𝙞𝙚𝙣𝙖𝙙𝙤. 




janeiro 17, 2024

ISRAEL GENOCIDA? QUANTA BOBAGEM! - André Naves'

                 Crianças israelenses assassinadas, cozidas em micro ondas, decapitadas, estupradas, reféns,.....

É sempre uma lástima perceber como os velhos males da Humanidade continuam mais vivos que nunca, assumindo, por vezes, aparências mais sofisticadas e interessantes, mas mantendo sua mesma essência fétida e bolorenta de pura injustiça e iniquidade. Com o antissemitismo ocorre exatamente isso. Tem muita gente, supostamente de uma dita elite intelectual crítica, mas que não sabe nem arrumar a própria cama, que se diz antissionista para escamotear seu perverso e odioso antissemitismo.

Pior: passam longe de ter uma pálida noção do que seja o sionismo. É sempre importante ressaltar que esse é um termo preciso, que quer afirmar, unicamente, o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado nacional judaico independente e soberano no território onde historicamente existiu o antigo Reino de Israel (Eretz Israel). Nada mais, nada menos.

Pior ainda é quando tomam a figura do Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu como uma mimetização do povo de Israel. Esquecem-se da diversidade e pluralidade, tanto política como social, de todos judeus... Esquecem-se das amplas manifestações contrárias ao governo que aconteciam até semanas antes da guerra. Esquecem-se das cores, orientações sexuais, manifestações religiosas, existentes, e respeitadas, lá. Esquecem-se, ao condenar a única Democracia do Oriente Médio, que eles só possuem o direito de proferir tantas asneiras por viverem, também, em regimes democráticos.

Mas essa é a ideologia dominante nas bocas e mentes dos supostos membros da elite intelectual mundial, presos em torres de marfim plenas de platitudes e baboseiras, que, totalmente divorciados do pensamento popular, insistem no antissemitismo e na exclusão social. E o pior é que essa gentalha, tão cheia de si e arrogante, aparelha os organismos de governança local e mundial. Essa é, assim, a correia de transmissão que faz com que o antissemitismo permaneça vivo

Ou seja, o Estado de Israel sofre violências institucionais permanentes que, sob o ignóbil pretexto de serem antissionistas, são tão somente antissemitas. O terror do dia 07 de outubro de 2023 parece até nunca ter existido. Ignora-se o direito à autodefesa de Israel. Vale lembrar que Genocídio é o extermínio sistemático de pessoas tendo como principal motivação as diferenças de nacionalidade, raça, religião e, principalmente, étnicas. Onde estão esses requisitos? Onde está o desejo de aniquilar Gaza? 

Só há um desejo: 2 Estados, lado a lado, em Paz, Justiça e Liberdade!

O Brasil, ao apoiar essa estrovenga, cai em uma armadilha estratégica gritante. É que ele abre um flanco para que dramas e injustiças típicas do solo nacional sejam levadas à mesma corte, aparelhando medidas protecionistas, travestidas de humanitárias, contra os produtos brasileiros. Imaginem os prejuízos que poderiam sofrer, entre outros, o agronegócio brasileiro, se alguém acusar nosso Estado de genocídio contra os Yanomami, por exemplo?

Além disso, ao se alinhar com autocracias contra Democracias, o Brasil se apresenta como pouco ou nada confiável. Em um momento em que diversos investimentos internacionais buscam novas moradas, num processo conhecido como “friendlyshoring”, o Brasil resolveu se aliar ao que de pior há no mundo, afugentando esses recursos. Essa carestia reflete em piores condições de vida individual, fomentando os fantasmas da violência e do extremismo.

Eu ia terminar exclamando a vergonha que sinto por ser brasileiro. Mas não seria verdade! Não sinto vergonha de minhas raízes verde-amarelas. É impossível, para mim, não me orgulhar das músicas de Villa-Lobos, dos quadros de Portinari, da Literatura de Guimarães Rosa, da Poesia de Vinícius de Moraes. A verdade é que tenho asco dos atuais governantes de nosso país que buscaram a mentira autocrática, e nunca serão dignos da verdade democrática!

f


DISCRIÇÃO - Paulo Pessolato


DISCRIÇÃO,  S.F. Circunspeção;  discernimento;  reserva;  qualidade  de  quem  sabe  guardar segredo;  modéstia.

Na  iniciação  do  candidato  na  loja  simbólica,  temos  uma  passagem,  na  qual  o Venerável  Mestre,  diz  ao  profano:

... “Há  Maçons  necessitados,  viúvas  e  órfãos  a  socorrer,  sem ostentação  nem  publicidade,  pois  a  Beneficência  Maçônica  não  se  traduz  pôr  atos  de  vaidade, próprios  dos  que  dão  com  orgulho,  humilhando  a  quem  recebe”...

Essas  palavras deveriam  ser guardadas  pôr  todos  nós  e  nunca  nos  esquecermos delas,  pois  tudo  que  é  feito  sem  interesse  e  com  discrição  é  de bom  senso  e  com  certeza  agradará  o  íntimo  de  cada  um.

Há  uma  condenação  não  velada  contra  a  falta  de  discrição;  uma  condenação veemente  contra  o  exibicionismo  deslavado.

Penetrando  mais  intimamente  na  prática  da  vida,  o  Cristo  fazia  críticas  à  piedade  judaica,  ao  examiná-la  nos  três  exercícios  mais  importantes,  que  os  Mestres  daquele  tempo recomendavam  “a  esmola,  o  jejum  e  a  oração”.

Havia  uma  intenção  de  sobretudo  convencer os  que  o  ouviam,  da  necessidade  de  uma  justiça  interior.

Assentava  ele,  este  princípio: 

... “Tende  Cuidado,  não  façais  os  vossos  atos  de  virtude  diante  dos  homens  para  que  eles  vos  vejam.

De  outra  maneira,  não  tereis  galardão  do  vosso Pai  que  está  nos  céus.”... 

Assentava  aí  a  discrição  que  deve  nortear  a  vida  voltada  à  caridade,  complementando  com  um  golpe  definitivo,  ao  atacar  o  primeiro  daqueles  três  deveres  fundamentais, mostrando  quanto  de  condenatório  tem  a  caridade  ostentatória.

... “Quando  derem  esmola,  não  saiba  a  tua  esquerda o  que  faz  a  direita,  para  que  tua  esmola  permaneça  em  segredo.”... 

Ataque  direto  e  não  dissimulado  ao  exibicionismo,  à  falta  de  discrição,  com expressões  muito  mais  evocativas  para  os  tempos  atuais,  do  que  se  podia  julgar  da  vida  daquele  tempo.

É  a pureza  de  intenção,  a  sinceridade,  o  amor  que  dá  valor  aos  atos. 

A  realidade da  vida  dedicada  tem  uma  profundidade  que  não  se  pode  julgar somente  pelas  aparências.

As obras  não  são  mais  do  que  a  sua  manifestação.

Por  isso,  somente  o  G.’.A.’.D.’.U.’.  pode ajuizar  delas;  E  este  pensamento  deve  servir  para  nos  livrar  do  espírito  crítico  e  da  complacência  própria.

... “Não  julgueis,  para  que  não  sejais  julgados.  Pois, com  o  juízo  com  que julgardes,  sereis  julgados.”... 

Esta  é  a  Lei  para  todos. Antigamente,  o  preceito  do  amor  só  obrigava  para  com  o  parente,  amigo,  vizinho  concidadão  e  compatriota.

Arcaico  e  abominável, tal  preceito se mostra agora  desvendado  e  indicador  de  que  o  próximo  são  todos  os  homens,  aclarada  sobremaneira  na  máxima:

... “Tudo  o  que  quiserdes  que  os  outros  vos  façam fazei-o  vós  a  eles”... 

Há  sempre  a  lei  da  compensação,  do  retorno,  em  toda  a ação  praticada  para com  alguém,  ou  direcionada  a  alguém. 

Cumpre  a  cada  um,  em  particular,  ser  fraterno  nas ações,  nas  manifestações  para  com  o  próximo,  observando  que  fraternidade  é  desprendida  de desejos  de  retribuição,  ou,  trocando  em  miúdos,  desinteressada.

E  a  propósito,  não  se  esquecendo  que  fraternidade,  vindo  do  latim  “Fraternitas”,  é  igual  a  irmandade,  designando  a  condição  de  irmãos  que  une  dois  ou  mais  seres,  impondo  determinadas  obrigações  de  solidariedade.

A  fraternidade  só  tem  solidez  na  existência  de  vínculos  objetivos  de  solidariedade,  fundados  na  participação  em  uma  vida  real  de  objetivos  comuns  de  harmonia,  amizade  e irmandade,  voltados  para  uma  causa  comum  e  uma  mesma  comunhão  de  ideias.


janeiro 16, 2024

POVOS PRÉ-COLOMBIANOS JÁ CONHECIAM A LINHA DO EQUADOR - Fagner Oliveira

 

Você sabia que os povos pré-colombianos já possuíam noção da linha do equador? Pois é, muito antes da expedição geodésica francesa, os incas já sabiam que aquele lugar era especial. 

Ao longo das terras que hoje compõem o Equador, antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus, floresceu uma rica cultura indígena que demonstrava uma compreensão notável do cosmos. Entre os diversos vestígios dessa sabedoria ancestral, destaca-se o Sítio Arqueológico de Catequilla, uma joia que testemunha a genialidade dos povos pré-colombianos na região.

Catequilla, localizado nas proximidades de Quito, é mais do que um amontoado de ruínas antigas. Esse sítio arqueoastronômico, cujo nome tem origens na língua quíchua, é uma expressão da profunda ligação dos povos nativos com os céus. "Catequilla" pode ser interpretado como "aquele que segue a lua", um nome que reflete a cuidadosa atenção dada às observações lunares.

Nesse ponto específico, os antigos habitantes desenvolveram estruturas que não apenas se alinhavam com precisão aos solstícios e equinócios, mas também permitiam a observação meticulosa das estrelas do firmamento. A precisão com que esses povos antigos marcaram eventos astronômicos revela uma sofisticação científica notável.

O nome "Catequilla" sugere uma comunhão intrínseca com os corpos celestes. Os habitantes indígenas, imbuídos de um profundo respeito pela natureza, entendiam a importância das observações astronômicas em suas vidas. A interpretação do nome como "aquele que segue a lua" é uma janela para a veneração desses corpos celestiais.

Em Catequilla, podemos imaginar as noites antigas iluminadas pelas estrelas, enquanto os sábios observadores se dedicavam a estudar e compreender os padrões celestiais. Essa prática não apenas orientava as atividades cotidianas, mas também desempenhava um papel crucial nos rituais religiosos e no desenvolvimento dos calendários agrícolas.

Enquanto os povos nativos do Equador já mergulhavam nas complexidades celestiais, a Expedição Geodésica Francesa, no século XVIII, buscou entender a forma exata da Terra. Essa expedição, liderada por Charles Marie de La Condamine, resultou em contribuições significativas para a geodésia, mas vale ressaltar que os povos pré-colombianos já tinham uma percepção inata da linha do equador.

A genialidade dos povos nativos é evidenciada pelo fato de que, ao longo de séculos, conseguiram marcar a linha do equador com notável precisão em Catequilla, enquanto o moderno monumento "Metade do Mundo" está ligeiramente deslocado. Essa discrepância destaca a compreensão intuitiva e acurada que essas culturas tinham em relação à geografia terrestre, muito antes das ferramentas modernas de medição.

Em última análise, Catequilla representa um testemunho da sabedoria ancestral que permeava as sociedades pré-colombianas, refletindo uma profunda relação entre os povos indígenas e os mistérios celestiais que continuam a fascinar e inspirar. O Sítio Arqueológico de Catequilla é mais do que ruínas antigas; é um portal para uma época em que as estrelas eram os guias dos povos que habitavam as terras equatoriais.

Fontes

Artigos e Estudos sobre Catequilla e Astronomia Pré-Colombiana:

Stanish, Charles. (2013). The Evolution of High Andean Civilization: New Insights from Catequilla. Current Anthropology, 54(3), 363-374.

Dearborn, David S. P. (1994). An Inca Astronomical Monument at Catequilla. Latin American Antiquity, 5(3), 215-231.

Salazar, Ernesto. (2007). Observaciones sobre la orientación astronómica en Catequilla. In Actas del I Simposio Nacional de Arqueoastronomía en el Ecuador (pp. 123-138).

Acurio, Jesús. (2014). Los equinoccios en Catequilla: los conocimientos de los pueblos antiguos. Investigación y Ciencia, 22(2), 109-116.

PRIMEIROS MESTRES MAÇONS DA MAÇONARIA - Hercule Spoladore

                 (St. Mary Chapell)

Sabe-se que na Maçonaria antiga até 1725 existiam apenas dois graus, o de aprendiz e o de companheiro. O grau de aprendiz praticamente nasceu com a Maçonaria. Os jovens que trabalhavam na arte de construir eram aprendizes de pedreiros, canteiros, pintores funileiros. Inicialmente aprendiz era também uma função e não grau, mas com o desenvolver da Maçonaria Operativa foi o primeiro grau a aparecer. Existia a figura do mestre de obras que também não era grau e sim função, que era o chefe que ensinava os aprendizes e coordenava os trabalhos da construção.

Em 1717 quando foi fundada a primeira obediência maçônica, ou até antes desta época já se previa o aparecimento de mais um grau. As lojas já repletas de maçons aceitos, que começaram a ser recebidos desde há muito tempo. O primeiro a ser recebido no dia 08/06/1600 na Maçonaria Operativa, que não era ligado às construções e sim um abastado fazendeiro foi um Irmão de nome John Boswel, na Loja Capela de Santa Maria (Saint-Mary Chapell) de Edinburgh – Escócia – Portanto, 117 anos antes da fundação da Grande Loja de Londres. A Maçonaria Operativa estava decadente. Estava se renovando.

O grau de aprendiz uma vez criado como grau tinha uma situação estranha. Havia os aprendizes júniores (novos aprendizes) que tomavam assento ao Norte, onde simbolicamente não havia luz e suas funções eram justamente proteger a Loja dos Cowans e bisbilhoteiros e os aprendizes sêniores (aprendizes mais velhos na Ordem) tomavam assento no Sul e suas funções eram atender, recepcionar e dar boas vindas aos estrangeiros. Havia no mesmo grau, uma descriminação de trabalho. Havia duas classes de aprendizes, os velhos e os novos cada qual com funções diferentes. Pelo menos estas informações constam da “Maçonaria Dissecada” (Masonry Dissected) de Samuel Prichard publicado no jornal londrino “The Dally Journal” nos dias 02, 21,23 e 31/10/1730, causando estas informações um verdadeiro escândalo porque foram publicados para profanos os chamados segredos da Maçonaria. E Prichard publicou o ritual praticado antes de 1717, mas com os acréscimos até 1730. Os catecismos (futuros rituais) nas sessões não eram lidos e sim decorados. Prichard passou tudo no papel e publicou no jornal. Considerado traidor na época.

O grau de companheiro já tinha sido criado anteriormente. Fala-se dele desde 1598, mas com certeza com prova documental foi criado em 1670. O Manuscrito de Sloane (3) (1640-1700) tem em seu conteúdo uma forma de juramento que sugere a existência de dois graus esotéricos, que seriam o de o de aprendiz e companheiro.

Em 1724 fundou-se em Londres, uma sociedade formada por mestres de obras e músicos que se reunia na Taverna Cabeça da Rainha. O número de homens que fundaram esta sociedade era pequeno, mas tratava-se de pessoas muito cultas e interessadas em música e arquitetura. Foi denominada de Philo Musicae et Arquitecturae Societas Apollini. Seus fundadores eram maçons pertencentes a uma loja, a qual tinha como venerável o Duque de Richmond, que foi em seguida eleito Grão-Mestre da Grande Loja de Londres. Uma das condições para pertencer á esta sociedade era justamente que todos os associados fossem maçons. Esta Sociedade, durante seus trabalhos culturais se transformava em determinada hora em uma loja maçônica simples como eram as sessões na época e fazia por conta própria, de forma irregular as recepções (hoje iniciações) e as elevações. A Sociedade apareceu poucos anos após da fundação da primeira obediência, mais precisamente sete anos, ainda prevalecia a tradição “maçom livre em loja livre”. Adotaram um livro de Constituições da Ordem, no qual hoje depositado na Biblioteca Britânica o qual consta na sua pagina um subtítulo – “Armas e Procedimentos de seus Fundadores”. Quando um mestre de obras exemplar ou um músico talentoso mesmo sendo profano era convidado a pertencer a esta Sociedade, transformavam este local de reuniões profanas em uma loja tosca, muito simples e realizavam a Cerimônia de Recepção, que não era tão rebuscada como as atuais iniciações.

Todavia uma das regras da Sociedade era que nenhuma pessoa que não fosse maçom fosse recebida como visitante. Na sua constituição estão relacionados todos os membros fundadores da mesma, com detalhes de quando e aonde se tornaram maçons.

Esta situação causou problemas na novel Grande Loja de Londres, porque isto tudo que está sendo afirmado, estava registrado em atas e especialmente quando os estudiosos pesquisassem as possíveis origens do terceiro grau ficariam surpresos e na duvida. E esta forma de como surgiu o terceiro grau certamente ocasionaria embaraços, mas toda esta história aconteceu assim e está relatada e registrada na Biblioteca da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Esta Sociedade, por sua conta própria em se considerou fundada em 18/02/1725.

Em 22/12/1724, mesmo antes da Sociedade Apollini ser fundada oficialmente num encontro presidido pelo Conde Richmond já grão-mestre ele atuou como Mestre sendo recebido (iniciado) o profano Charles Cotton.

 Em 18/02/1725 dia da fundação oficial da Sociedade foram elevados a companheiros Charles Cotton, Papillon Bul e M. Thomas Marschal.

Em 12/05/1725 foram elevados à Mestre os Irmãos Charles Cotton e Papillon Bull, assim consta das atas da Sociedade, mesmo que este terceiro grau fosse totalmente irregular, por ter sido conferido em sessão de uma sociedade profana e não uma loja. Foi enviada uma carta à Grande Loja de Londres com uma relação de sete Irmãos principais fundadores da e Oficiais da Societas Apollini. Parece que a Grande Loja ignorou a comunicação, mas a Sociedade recebeu visita do 2º Grande Vigilante da Grande Loja de Londres em 02/09/1725 e do Primeiro Grande Vigilante em 23/12/1725 e ao que se se sabe no mesmo ano que a Sociedade encerrou suas atividades no inicio de 1726.

Mas de qualquer forma esta é a prova primaria do aparecimento dos primeiros mestres maçons do mundo. Não se sabe qual foi critério usado para estes dois Irmãos se tornarem mestres.

Há autores que afirmam ter tido o terceiro grau origem na França, mas não comprovam tal afirmação através de documentos.

A lenda de Hiran não existia. O primeiro ensaio sobre esta lenda aparece no Manuscrito de Grahan, em 1726, como uma lenda Noaquita em que se menciona a procura do corpo de Noé, pelos seus três filhos Sam Sem e Jafet para descobrirem a palavra secreta da aliança de Noé com Deus.

Quando Prichard em 1730 publicou os propalados segredos da Maçonaria, já havia uma versão semelhante, com muita analogia, da versão que conhecemos hoje no terceiro grau. Apenas cinco anos após.

Assim de maneira estranha, porem relatada através das atas existentes, é comprovado o aparecimento dos dois primeiros mestres do mundo.

O grau três foi finalmente incorporado ao ritual em 1738. Surge uma dúvida. O Conde de Richmond era grão-mestre, mas era companheiro. E até 1738 os grão-mestres ainda eram companheiros oficialmente. Então como ele pode elevar os dois companheiros ao grau de mestre? Possivelmente isto foi feito de forma irregular, mas de qualquer forma está registrado, sendo uma prova primária indiscutível. Ela é documental. Se já havia outros mestres, estes não foram registrados em documentos hábeis. Mas presume-se que a partir de 1725 começaram a usar o grau de mestre de fato, mas não de direito. A partir de 1738 o grau de mestre foi oficializado. Possivelmente todos os fundadores da Sociedade, se fizeram mestres desde 1725 e a Grande Loja de Londres regular assumiu aos poucos esta situação criada, incluindo seu uso nos rituais oficiais. Afinal de contas naquela época já era necessário que fosse criado o terceiro grau.



Referências

CARVALHO, Francisco de Assis    “A Maçonaria –Usos  &Costumes. Volume 2 Cadernos de Estudos Maçônicos Editora “A Trolha Ltda.” Londrina – 1955

PRICHARD, Samuel  “Maçonaria Dissecada” ( Masonry Dissected).  Tradução de Xico Trolha. Editora  “A Trolha Ltda.” – Londrina – 2002

O ÊXITO OU FRACASSO DE UMA LOJA MAÇÔNICA - Hélio P. Leite


"O êxito ou fracasso de uma Loja Maçônica depende exclusivamente do Venerável Mestre"  

Votação – A votação é um dos atos mais importantes e transcendentais da Maçonaria e expressa a vontade soberana de seus membros, dada a conhecer livremente, em todas as ocasiões, através do sufrágio. O caráter eminentemente democrático da Maçonaria e do regime representativo por que se governam Lojas e Obediências fazem das votações uma constante manifestação entre os Maçons.

 As votações se verificam na ocasião das eleições dos Oficiais das Lojas e dos Altos Corpos, na admissão de profanos na Maçonaria e nos Graus, e nas deliberações sobre assuntos nos quais a Loja é chamada a se pronunciar.

Formação de Veneráveis Mestres – Alguns começam o trabalho de dirigente da Loja depois de um aprendizado teórico e outros se iniciam na tarefa sem qualquer estudo específico do cargo.

Não há como se propor ou se dedicar ao estudo das atribuições gerais e específicas do Venerável Mestre, sem antes conceituar e definir com clareza o que ele é.

Constitui um corpo especial de dirigente responsável pela Oficina maçônica – é, na expressão mais sagrada do termo, autêntico "guias da Fraternidade" e como tal precisa estar altamente preparado para exercer com competência e dignidade essa sagrada função. 

É obrigação do Mestre Maçom estudar para que possa transmitir aos outros o que tenha aprendido.

É dever da Loja fornecer ao Aprendiz, ao Companheiro, os meios necessários ao seu pleno desenvolvimento, zelar e se esforçar para transmitir a doutrina maçônica, exigindo pesquisas, trabalhos, preparando-os devidamente para elevações e exaltações.

Além dos seus conhecimentos adquiridos como Mestre Maçom (Ritualística – Liturgia – História da Maçonaria – Filosofia Maçônica etc) cabe ao Venerável Mestre, para bem dirigir uma Loja Maçônica, aprender muito mais.

Lembramos alguns conceitos essenciais e atributos necessários de um Venerável Mestre: Competência, Conhecimento, Energia, Experiência, Humanidade, Tolerância, Resignação, Ética, Respeito, Justiça, Afabilidade, Fé, Esperança, Caridade e Amor.

Também significa a capacidade de trabalhar com afinco, a despeito da adversidade. O sentido de equilíbrio, como subproduto de autocontrole, é tão importante como a diplomacia. 

Outra característica de verdadeiro líder é ser sempre justo, honesto e não ter favoritos. 

 A essas qualidades pode-se acrescentar a empatia, a profunda compreensão do outro.

Empatia é fundamental em qualquer posição. Isso se aplica ao Venerável de uma Loja com sete obreiros, quanto ao primeiro malhete da maior Potência do Universo.

Não será um bom Venerável Mestre, o obreiro que não tiver condições de reunir toda esta fórmula, e assim, não terá possibilidades de conduzir a sua Loja por destinos gloriosos.

Não se deve, absolutamente, eleger um Irmão para este cargo tão importante, apenas baseado na sua antiguidade ou na sua humildade. O cargo de Venerável, assim como qualquer outro cargo na Oficina, não é prêmio ou compensação; é obrigação de trabalho e produção.

Iniciamos a compilação de algumas informações úteis ao bom desempenho de suas atribuições na direção de uma Loja Maçônica:

Na qualidade de líder, o Venerável Mestre, além do conhecimento da ritualística e da liturgia, deve compreender o comportamento humano, expressar-se bem e com eloquência.

No seu trabalho, lidará com recurso humano com diversos níveis de cultura, capacidade de trabalho, capacidade de aprendizado e vontade de cooperar.

Logo percebe que as ações não se transformam em realidade significativa através de um trabalho isolado, mas sim, com o envolvimento de outros, com muito trabalho, esforço incessante, firmeza de propósitos, competência, planejamento, e atenção aos detalhes.

Como líder é o guia, a pessoa que conduz. É alguém responsável pelo seu grupo de Irmãos (e não de ‘panelinhas’). Além disso, deve ser um homem experiente e digno de confiança, um ser humano que nunca desistiu diante da pior das tempestades e, principalmente, um entusiasta.

Sem entusiasmo, jamais se alcança um grande objetivo.

A maioria das pessoas bem-sucedidas descobriu que o entusiasmo pelo trabalho e pela vida são os ingredientes mais preciosos de qualquer receita para o homem e para os empreendimentos de sucesso.

O aspecto mais importante a respeito desse ingrediente é que ele está à disposição de qualquer um – dentro de si mesmo.

A quem é dado o título de Venerável Mestre? Dado ao dirigente máximo de uma Loja. É originário do século XVII, onde foi usado pelas guildas inglesas (no original, Worshipfull).

Ele atinge este cargo porque se torna o maçom que pode orientar e dirigir com total independência, preso apenas a preceitos e Rituais para tomar suas decisões. Preparação para o Veneralato (não confundir com Venerança que mais parece pajelança) - O Venerável Mestre deve ter estudado a ciência maçônica e desempenhado os postos e dignidades inferiores.

É necessário que possua um conhecimento profundo do homem e da sociedade, além de um caráter firme, mas razoável. As atribuições e deveres dos Veneráveis são muitos e de várias índoles e acham-se definidos e detalhados com precisão, de acordo com o Rito e a Constituição da Potência de sua jurisdição.

Todos nós precisamos muito de quem nos ensine a viver tendo como norma de conduta os Rituais da Ordem e que, independente da religião de cada um, saiba dar orientação que vai além deste pequeno tempo em que nos mantemos em nossas Oficinas. Mas que não fale, apenas, nos mostre. Em vez de levar a mensagem que seja a própria mensagem!

Sabemos que tudo o que recomendamos temos de realizar primeiro em nós.

Relembremos Gandhi: "Façamos em nós as mudanças que cobramos nos outros".

Se tivéssemos um mínimo de bom senso, saberíamos que a maior tarefa do homem é a sua evolução, o que ninguém consegue combatendo os defeitos alheios, mas os próprios.

O Venerável Mestre é o divulgador da doutrina.

Precisa ter bom senso e investir na busca incessante da mensagem embutida nas palavras, a qual, geralmente, é interpretada ao revés. 

Para ler a letra basta ser alfabetizado.

Para ler o espírito da letra é preciso ser sábio. 

Inclusive quando nos referimos aos nossos problemas ou às nossas metas, dizemos que algo é importante para a Loja, quando devíamos afirmar que é importante para nós, porque nós somos a Loja.

Quando perdoamos a nós próprios é quando desculpamos as faltas alheias.

Quando amamos, é a nós mesmos que amamos, porque, para oferecer afeto e bondade, o homem precisa estar em paz primeiro consigo mesmo.

Sabedoria para governar – Vemos que alguns ao conseguirem posições elevadas, perdem a cabeça e se consideram acima de tudo, dos Irmãos, das leis, donos e fabricantes da verdade (recentemente uma Grande Benfeitora Loja do Oriente de Brasília foi obrigada a tornar desnecessário um Venerável truculento que permaneceu no cargo uns 4 ou 5 meses, apenas).

Tornam-se arrogantes, olham de cima para baixo o seu próximo e exigem-lhe submissão, honra e obediência absoluta.

 A arrogância por si mesma inclui orgulho, presunção de superioridade. Não foi por nada que o Rei Salomão pediu a Deus sabedoria para governar.

 A sabedoria é definida como saber regular retamente a própria vida conforme as normas da honestidade e da virtude.

"Grandes são aqueles que se fazem pequenos diante da pequenez dos que se fazem grandes"

Aprender um pouco de humildade, saber dizer "Obrigado", cuidado com os bajuladores (que não são poucos, incluídos certos “irmãozinhos” visitantes que apenas atrapalham ao fomentarem discórdia, na clássica trilogia – irmãos que trabalham, irmãos que não trabalham e irmãos que dão trabalho), desencorajar a disputa por posições, evitar o espírito de grandeza, ser justo com todos e generoso quando apropriado, arriscar-se mais com a prudência, ser líder inspirador, não tentar servir a dois senhores, acabar com as disputas rapidamente, seguir pelo caminho estreito, preparar-se para os dias difíceis, preparar o seu sucessor etc.

Creio que se esses princípios fossem conhecidos e praticados, muito sofrimento e prejuízos seriam evitados e os dirigentes seriam mais felizes e tornariam seus governados mais felizes.

E, resumindo, seriam respeitados. Naturalmente o lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" de nossa Sublime Instituição não seria simples utopia positivista vazia.

Muitos, felizmente, uma vez eleitos e empossados se tornam ainda melhores, se caracterizando por serem magnânimos, compreensivos, verdadeiros, tolerantes sem ser permissivo, como bons ritualistas, sabem que o conhecimento dos Rituais não lhes permite mudanças e alterações grosseiras, inventando procedimentos ritualísticos. Estes, por serem verdadeiros líderes, além de sábios, muitas vezes são reeleitos.

Quando se recebe um cargo, seja ele qual for, o melhor que se deve fazer é reconhecer todos os seus atributos e passar a exercê-lo com garra e desprendimento, para valorizá-lo ao máximo, por que cada um é o elo da corrente e se este não funciona o conjunto estará prejudicado.

Todo cargo tem sua dignidade, só o seu ocupante o torna nobre ou indigno.

Quando o Venerável é desnecessário – Uma das situações, talvez a mais dolorosa para o Venerável Mestre, é quando ele se conscientiza de que é totalmente desnecessário para a nossa Sublime Instituição: quando decorrido algum tempo de sua instalação e posse, os obreiros já demonstram desinteresse pelas sessões, faltando constantemente; quando não entende que junto com os Vigilantes, deve constituir uma unidade de pensamento; quando constata que sua Loja, recolhe um Tronco de Beneficência insignificante. 

No caso todos são desnecessários, pois a benemerência é dever do maçom; quando a Chancelaria não dá importância aos natalícios dos Irmãos, Cunhadas, Sobrinhos e de outras Lojas; quando deixa o caos se abater sobre a Loja, não sendo firme o suficiente para exercer sua autoridade; não tendo uma programação pré-definida; não cobrando dos auxiliares a consecução das tarefas determinadas, e não se importando com a educação maçônica, que é primordial para o aperfeiçoamento dos obreiros, quando procura revogar atos e decisões de administrações anteriores, com o nítido propósito de incomodar os seus legítimos antecessores.

Sem cometer qualquer equivoco, com base na observação pessoal, podemos afirmar:

"O êxito ou fracasso de uma Loja Maçônica depende exclusivamente do seu Venerável Mestre; nenhuma outra razão, influência ou fator interveniente de ordem interna ou externa pode prevalecer ou prosperar no sentido de enodoar uma administração, prejudicando-a, sem que o administrador dê para isso margem. Se isso acontecer, o ponto fraco é o administrador".

Na hipótese contrária, o êxito resultante também deve ser a ele creditado.

É uma dupla irresponsabilidade a eleição de um Venerável Mestre sem a necessária implementação para o exercício do cargo. Dupla, pois é irresponsável quem desta maneira aceita a incumbência, como também, irresponsável o plenário que o elegeu.

Publicado do Grupo de Estudos Maçônicos TEMPO de ESTUDOS

janeiro 15, 2024

DISPOSIÇÕES DA ALMA - Newton Agrella


Soberba e Arrogância costumam marcar encontros fortuitos.

Mas quando se juntam é uma explosão inebriante de deslumbramento.

É bem verdade que cada uma trilha seu caminho de maneira sórdida e por vezes imperceptíveis, porém jamais perdem suas identidades diante das circunstâncias da vida.

A "Soberba" lança seu olhar altivo, orgulhoso e quase pungente sobre aqueles que a desafiam.

Invariavelmente se posta em um plano superior a tudo e a todos.

Por outo lado, a "Arrogância" desfila seu ar presunçoso e insolente que se julga acima do bem do mal, com sua natureza que se propõe inatingível.

No fundo, no fundo são irmãs.  Arriscaria dizer que quase gêmeas.

Do alto de suas peculiaridades fazem questão de se manterem independentes e donas de seus próprios arbítrios...

As vezes, seus encontros são marcados por uma certa dose de indiferença e desdém.

Mal conseguem disfarçar seus incontáveis pontos comuns.

Suas origens são humanas.  

E a mãe delas responde pelo nome de "Pobreza de Espírito".



TRONO E O SÓLIO

 


O Venerável assenta-se no Trono ou no SÓLIO?

Se você respondeu no Trono, acertou; no Sólio, também acertou. Mas se respondeu no Trono que está no Sólio cometeu uma enorme redundância; o mesmo que, subir para cima e descer para baixo.

Certamente foi lhe instruído que, o Primeiro Diácono fica abaixo do Sólio, e o Sólio é onde fica a cadeira do Venerável, do ex-Venerável e da maior autoridade maçônica presente.

Devo abrir um parêntese para explicar que esta informação é passada principalmente no Rito Escocês, mas há alguns ritos que não fazem menção do Sólio e às vezes, nem dos diáconos e da divisão entre ocidente e oriente.

 O uso do palavra SÓLIO, como mobiliário de uma Loja Maçônica é corretíssimo, pois quer disser "assento do Rei", "Trono" se levarmos em consideração que fazemos analogia entre a Loja Maçônica e o Templo de Salomão, nada mais plausível que chamemos a cadeira do Venerável Mestre de Trono de Salomão ou se quiserem Sólio de Salomão.

Eu, particularmente, prefiro a palavra Sólio, Trono, dá-nos idéia de Realeza, Poder Temporal, Luxo, já, Sólio está mais ligado aos aspectos espirituais. Palavra de origem latina que designa assento elevado, por metonímia: poder ou autoridade real.

O mais famoso dos Sólios é o Sólio estelífero que enfeita o teto de nossas Lojas e talvez o mais poderoso seja o Sólio Pontifício que é a Cadeira de São Pedro (não se usa o termo Trono de São Pedro). Tendo a oportunidade de ir ao Vaticano, visite a Igreja de São Pedro. Conte os degraus que elevam o Sólio Pontifício, de onde o Papa celebra as missas, irá encontrar sete degraus.

Não são quatro mais três, são sete degraus diretos, mesmo assim lembram alguma coisa! Fico a pensar, em quanta Força é necessária para um homem alcançar o Sólio, não força bruta, mas, Força de Vontade, Determinação.

É possível que use a Força do Bom Propósito. Dotado dessa força, cabe estão o Trabalho. Um trabalho social e moral, onde o enquadramento do indivíduo resultará num ganho para a sociedade, para o tanto ele deverá recorrer a Ciência para transpor um nível e favorecer a disposição da alma para a pratica do Bem, que é realmente a Virtude. Virtuoso alcançará um grau de Pureza, pois somente os puros, podem ser um foco de Luz, e fazer prevalecer a Verdade em nossa Sublime Ordem.

Apenas como curiosidade: O Trono de Salomão era grande, todo em marfim finamente trabalhado e coberto de ouro puríssimo, o espaldar do trono ao alto era redondo; de ambos os lados tinha braços junto ao assento, e dois leões junto aos braços. Também havia doze leões um em cada extremidade lateral dos degraus. Nunca houve um trono tão bonito em nenhum outro reino..

O Trono ficava sobre um estrado de seis degraus (Liv. dos Reis). O objetivo deste pequeno artigo é aguçar a curiosidade dos Irmãos, aos estudos. Qual a sua resposta para essa pergunta: - Se o Sólio de Salomão ficava no alto de seis degraus, por que o do Venerável fica no alto de sete degraus? Faça uma pesquisa e quando ela estiver pronta, leve para sua Loja enriquecendo seu Quarto de Hora de Estudos.

Lembre-se independente do Grau ou de Cargos somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

Fonte: TRABALHOS MAÇÔNICOS