janeiro 27, 2024

OITO PASSOS PARA A EXCELÊNCIA: A LOJA OBSERVANTE- Andrew Hammer





        A crescente popularidade da ideia da Maçonaria “observante” encontrou Irmãos em todos os cantos da Ordem perguntando o que é exatamente uma Loja observante e como poderiam fazer para aumentar a observância Maçônica nas suas próprias Lojas. Este documento oferece oito medidas básicas que, se respeitadas, devem resultar no desenvolvimento de uma Loja observante. Cada uma destas etapas é inteiramente consistente com as Constituições de Anderson (o documento fundamental da Primeira Grande Loja, publicado em 1723 e doravante referido simplesmente como o Livro das Constituições), ou com a prática Maçônica histórica na América do Norte, ou ambas. Nada proposto nelas é estranho às nossas Grandes Lojas ou às suas respectivas histórias. O sucesso ou fracasso destas etapas depende inteiramente dos Irmãos de cada Loja.

        Em primeiro lugar, no entanto, pode ser útil oferecer uma resposta à questão principal: o que se entende exatamente por “observante”?

        De forma simplificada, a Maçonaria observante significa observar a intenção dos fundadores da Maçonaria especulativa. Essa intenção não era construir um mero clube social ou uma organização de serviços. Embora a Ordem – como qualquer outra organização humana – tenha sido sempre sobrecarregada por homens nas suas fileiras que subverteram os propósitos da fraternidade para um empreendimento mais mundano ou profano, esta nunca foi a intenção da instituição.

        A intenção era construir uma instituição que convocasse o homem ao seu mais alto nível de ser social, em estado de dignidade e decoro, que pudesse servir de espaço para um discurso sério e atento sobre as lições e o sentido da vida, e a busca do melhor desenvolvimento de si mesmo. Esta intenção significa construir um espaço onde tal experiência possa ser criada e conduzir-nos de uma maneira que seja consistente com os nossos mais elevados ideais e mais nobres comportamentos.

        Os Maçons observadores acreditam que, observando o que a história da nossa Ordem nos diz em relação a essa intenção, encontraremos a experiência Maçônica ideal. Dizemos observador, e falamos de observância, porque procuramos observar os projetos dessa intenção com o melhor do nosso conhecimento e capacidade. Ainda mais simplesmente, queremos fazer as coisas certas e não queremos contentar-nos com menos. Queremos encontrar a excelência em todos os aspectos do nosso trabalho Maçônico.

        Os oito passos oferecidos aqui provaram ser bem-sucedidos em aumentar em muito a experiência da Maçonaria para os Irmãos, novos e antigos. Eles servem como um sistema de controle de qualidade para a operação de qualquer Loja e, quando seguidos, resultam num grupo de homens que, independentemente do número de membros da sua Loja ou da natureza externa do seu templo, podem encontrar um sentimento de realização e orgulho no que fizeram e em quem se tornaram. Isto também é consistente com a intenção dos nossos fundadores.

1. GUARDAR A PORTA DO OCIDENTE

        Este ponto é o primeiro de todos, porque nós somos nada mais, nada menos, do que aqueles que deixamos entrar na nossa Fraternidade. Nem todo o homem deve ser Maçom, e nem todo homem que deve ser Maçom pertence a uma Loja. Os Irmãos têm o direito e a responsabilidade de determinar os padrões da sua própria Loja e de fazer perguntas incisivas aos homens que batem à sua porta. As Lojas deveriam dedicar algum tempo para primeiro conhecer os homens que batem à sua porta, e não simplesmente assinar qualquer petição apenas porque um homem tem um interesse. Os Irmãos que assinam uma petição por um homem precisam de saber por quem estão assinando e, mais importante, precisam de estar dispostos a servir como seu mentor. Este é um ponto fundamental da responsabilidade para com todos os Irmãos. Não peça a um Irmão da sua Loja para fazer o trabalho de mentor por si. Se não está disposto a dar o seu tempo ao peticionário, como pode pedir à sua Loja que o dê?

2. SER PROFICIENTE EM DIREITO E RITUAL MAÇÔNICO

        Proficiência é uma função essencial de qualquer Loja observante, porque devemos saber o que estamos a fazer e porquê, se queremos manter os mais altos padrões das nossas respectivas Grandes Lojas. Não adianta reivindicar o manto de excelência se a sua Loja não for conhecedora do ritual e da lei maçônica da sua Obediência. A Maçonaria significa ordem, não anarquia. Se deseja manter essa ordem, bem como a harmonia entre a sua Loja e a Grande Loja, deve aprender e seguir as regras que cada Irmão se obrigou a respeitar. Uma Loja observante não é uma Loja renegada. Pretende ser exemplar.

3. UM COMPROMISSO DE FAZER PROGREDIR OS IRMÃOS ATRAVÉS DOS GRAUS POR ESFORÇO MÚTUO E GENUÍNO

        O progresso nos graus requer um compromisso mútuo de tempo e esforço do candidato e do mentor. Alguma forma de proficiência, seja pelo catecismo, ou pelos documentos entregues perante a Loja, deve ser exigida antes de permitir que qualquer Irmão avance. Caso contrário, o Irmão fica a saber que o seu progresso não tem valor mensurável, a não ser pela sua mera presença. Certamente, nem todo homem pode fazer o trabalho de memória, e nem todo homem é um escritor. Mas se não está disposto a sequer tentar fazer qualquer um deles, então talvez simplesmente não deva ser um Maçom para começar. O mesmo vale para o mentor, que, embora possa ser experiente, não deve escolher o caminho mais fácil quando se trata do conhecimento que se comprometeu a transmitir ao seu aprendiz.

4. A SELEÇÃO E PROGRESSÃO DOS OFICIAIS DEVEM SER FEITA APENAS COM BASE NO MÉRITO

        Este passo, embora reconhecidamente difícil para alguns, está firmemente alicerçado no Livro das Constituições, sem dúvida. A Maçonaria nunca pretendeu a adoção de uma linha progressiva. Uma linha de progressão só deve funcionar quando o próximo homem na linha, tiver a plena fé e confiança dos seus companheiros de que ele dirigirá e governará a sua Loja adequadamente, porque aprendeu cabalmente os requisitos da sua função. Claro, a natureza humana é o que é, e erros sempre podem acontecer, mas eles podem ser mitigados se tal padrão for estabelecido, porque ninguém avança até e a menos que esteja pronto para o fazer. A única forma de justificar uma linha de progressão é se cada oficial carrega o peso até ao limite do seu cargo, enquanto ao mesmo tempo se prepara diligentemente para avançar para o próximo. As Lojas ignoram esta etapa por sua própria conta e risco.

5. VESTINDO O SEU MELHOR PARA A SUA LOJA

        O modo como cada um se apresenta diante da Loja é um sinal de quanto valoriza tanto os Irmãos como a Ordem. Na maioria das Lojas do mundo, fato escuro e gravata é o mínimo necessário para se conseguir admissão. É o que os Irmãos esperam uns dos outros numa Loja observante, e certamente acrescenta à noção de que uma reunião Maçônica não é apenas mais uma noite fora, mas um evento especial, digno de ser considerado tão especial quanto cada um de nós deveria acreditar que a Maçonaria deve ser. Para além disto, a dignidade expressa externamente através do vestuário, serve como uma superestrutura, ajudando a realçar aquela dignidade que só pode ser criada a partir de dentro.

6. UMA LOJA DEVE OFERECER CERIMÔNIAS DE QUALIDADE E ESTAR DISPOSTA A INVESTIR NELAS

        As quotas de uma Loja devem ser fixadas num nível que permita à Loja não apenas se sustentar e apoiar, mas poder disponibilizar uma qualidade de experiência que diga aos Irmãos que as suas Sessões são oportunidades para se elevar acima do comum. Boas refeições, servidas em mesas festivas adequadas, são essenciais. A mesa festiva transmite a sensação de convivência que ajuda a construir uma verdadeira fraternidade, e é historicamente estabelecida na Fraternidade não apenas como um simples jantar, mas, honestamente, como a segunda metade de uma Sessão da Loja. Uma Loja observante não pode renunciar a isto.

        Uma Loja deve decidir que a Maçonaria é uma coisa de valor e determinar adequadamente esse valor de tal forma que permita à Loja trabalhar de uma maneira que reflita claramente esse valor. Os nossos jantares e eventos sociais devem refletir o valor que colocamos em nós mesmos. O excesso não é o objetivo; a qualidade é. O problema é que muitos de nós esquecemos o que é qualidade, a ponto de considerarmos pretensiosos quaisquer gastos conosco. Mas se os maçons devem ser homens de distinção interior, então estamos totalmente justificados em nos tratarmos com o melhor que podemos pagar na vida. Não devemos esperar menos da Ordem ou de nós mesmos.

7. O RETORNO DE UM SENTIMENTO DE ADMIRAÇÃO ÀS NOSSAS CERIMÔNIAS

        Devemos trazer de volta aquelas coisas que em tempos estavam nas nossas lojas, e que ajudavam a criar uma atmosfera contemplativa única tanto para o candidato quanto para a Loja. Entre elas estão o uso da música, a manipulação da luz e das trevas, a Câmara de Reflexão e o momento de encerramento que forma o que é conhecido como Cadeia de União. Considere que a sala de preparação do candidato não é e nunca foi concebida para ser um mero vestiário. Considere que a noção de um “grupo sagrado de Irmãos” pode aludir a uma manifestação física dessa sacralidade. Considere que a música sempre fez parte das nossas cerimônias e que o Livro das Constituições termina com uma coleção de cantos. Todas estas coisas fazem parte de quem somos; não são inovações de jurisdições posteriores ou empréstimos da Maçonaria Europeia. 

        Até mesmo o uso de incenso é ritualmente mencionado nas primeiras Sessões da Ordem. A ideia é estimular e gerir a experiência sensorial dos Irmãos, no esforço de criar o sentido de singularidade que se espera de uma experiência Maçônica. Aqui, novamente, nada há de estranho em usar os sentidos numa reunião Maçônica. Os nossos rituais ensinam a importância de cada um desses sentidos, de forma extensiva; não os usar nas nossas Sessões é da maior negligência e erro. Recusar a aura de mistério aos nossos rituais é recusar-se a reconhecer a nossa própria herança e história, e negar o lugar apropriado e a aplicação do pilar da Beleza à Loja.

8. EDUCAÇÃO MAÇÔNICA EM TODAS AS SESSÕES

        
A própria origem da Maçonaria está na educação. Quer seja a educação prática em lapidação encontrada na parte operativa da Maçonaria, ou a busca do conhecimento interior e da ciência que nos é apresentada pela parte especulativa; a fundação da Ordem é inexoravelmente baseada no ensino e na aprendizagem. Sem ela, simplesmente não há Maçonaria a ocorrer numa Loja. Portanto, cada reunião da Loja deve oferecer alguma quantidade de educação Maçônica, seja através dos graus, ou através de apresentações sobre as várias lições da Arte. Mesmo uma palestra de dez minutos focada no significado simbólico de uma única ferramenta de trabalho é muito melhor do que uma reunião em que nada além de doações, regulamentos e quotas estão na agenda. Uma Loja atenta valoriza a função educacional da Maçonaria no seu florescimento; o Maçom observante responsabiliza a fraternidade pela sua promessa de conceder luz, e pretende recebê-la da Ordem em todos os sentidos: espiritual, literal e intelectual. Numerosos documentos e manuais das nossas Grandes Lojas, abrangendo pelo menos os últimos dois séculos, tornam clara a injunção para que todos os maçons busquem conhecimento. Esta mesma injunção estende-se por progressão natural a cada Loja e, como resultado, uma Loja sem educação Maçônica não pode ser uma Loja observante e, sem dúvida, não é uma Loja, na verdadeira acepção da palavra. A busca por mais luz está no cerne da Maçonaria. A observância é impossível sem ela.



COMPREENSÃO x CONHECIMENTO - Sidnei Godinho


Meus irmãos,

Quantas vezes já não nos deparamos com situações similares em nossas lojas???...

Irmãos que por terem iniciados há mais tempo se julgam os "Donos" do conhecimento e insistem em suas falas como "Senhores" da Verdade.

Irmãos que se esqueceram da Frequência em Loja e nas pouquíssimas vezes que aparecem, fazem questão de tudo retrucar, na prepotência de um falso saber, e se manifestam, com aquelas alegações de que: ... Sempre fiz assim; é assim que funciona; quando fui VM fiz assim; vocês ainda têm muito a aprender, etc...

Enfim, o que lhes falta é a HUMILDADE para reconhecer que ainda nada Compreenderam dos princípios que regem esta Sagrada Ordem Iniciática.

Observem esta pequena história (ou que seja uma parábola) e tomem como aprendizado para que tenhamos não apenas o Conhecimento, mas principalmente a COMPREENSÃO. 

No Curso de Medicina, o professor se dirige ao aluno e pergunta:

- Quantos rins nós temos?

- Quatro! Responde o aluno.

- Quatro? Replica o professor, arrogante, daqueles que sentem prazer em tripudiar sobre os erros dos alunos.

- Tragam um feixe de capim, pois temos um asno na sala, ordena o professor a seu auxiliar.

- E para mim um cafezinho! Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.

O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala.

O aluno (alguns dizem) era Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), o 'Barão de Itararé',  (ou Ghandi para outros). (à confirmar) 

O importante é a lenda criada para servir como arquétipo da prepotência para alguns ou da tolerância para outros. 

Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:

- O senhor me perguntou quantos rins " *NÓS TEMOS*".

'NÓS' temos quatro: dois meus e dois seus. "

*NÓS*" é uma expressão usada para o plural.

Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.

Moral da História:

A VIDA EXIGE MUITO MAIS COMPREENSÃO DO QUE CONHECIMENTO.

Às vezes as pessoas, por terem um pouco a mais de Conhecimento, ou acreditarem que o tem, acham-se no direito de subestimar os outros...

E haja capim!!!




janeiro 26, 2024

DEVER PARA O MAÇOM - Celso Sichieri


Desde  a  iniciação  o  maçom  aprende  sobre  seus  deveres, muito  antes  de  saber  quais  os  seus  direitos.

Já  antes  do início  da  cerimônia,  o  candidato  responde  a  um  questionário onde  encontra  perguntas  como:  “Quais  são  seus  deveres  para com  a  família?”  e  “Quais  são  seus  deveres  para  com  o próximo?” 

E  assim  o  iniciando  vai  sendo  informado  de  seus  deveres como  maçom,  como  pai  e  patriota.

Sentindo-se  assim  não obrigado  a  cumprir  seu  dever,  mas  fazendo  tudo  com  prazer, mudando  suas  paixões  e  sua  natureza. 

O  dever  é  a  ação  conforme  a  uma  ordem  racional  ou  a  uma norma.

A  doutrina  do  dever  é,  como  se  vê,  originariamente própria  de  uma  ética  fundada  na  norma  do  “viver  segundo  a natureza”, que  é,  de  resto,  a  norma  de  conformar-se  à  ordem racional  de  um  todo. 

Dever  é  para  Kant  a  ação  cumprida  unicamente  em  vista da  lei  e  por  respeito  à  lei.

O  dever  é  a  única  ação  racional autêntica. 

É  a  ação  conforme  a  lei,  mas  não  feito  por respeito  da  lei. 

Na  ética  contemporânea a doutrina  do  dever  continua  a vincular-se  com  a  de  uma  ordem  racional  necessária,  ou  de uma  norma  (ou  conjunto  de  normas)  apta  a  dirigir  o comportamento  humano.

Para  Bergson,  o  dever  não  é  mais  do  que  um  hábito  de comportamento  dos  membros  de  um  grupo  social.

É  essencial  que  os  maçons  estejam  atentos  ao  problema da  ética  da  sociedade  contemporânea,  tão  desmobilizada  sócio politicamente  quanto  imediatista  em  sua  vontade  de  consumir ou  de  fazer  progressos  materiais.

Por trás de um "só cumpri meu dever” pode estar um “fiz por interesse”, ou “pague-me melhor”.

Daí umas cem frases feitas, que surgiram para ironizar ou reduzir a piada do conceito de dever como a de Alexandre Dumas: "O dever é o que se exige dos outros".

Entretanto, na ética maçônica constante de todos os seus manuais, encontram-se belos exemplos de quão sublime e simples é para o maçom o cumprimento dos seus deveres.       

É fácil compreender os postulados maçônicos existentes em seus princípios fundamentais do amor fraternal (amor a Deus, à pátria, à família e ao próximo) com tolerância, virtude e sabedoria, para a busca da verdade, sob a luz dos conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, com a finalidade essencial de levar ao mundo a felicidade geral e a paz universal.

Porém, tais qualidades que são dever de um maçom, devem ser obrigações morais fundamentais, porque preocupada com o progresso, assiste à maçonaria o direito de exigir de seus adeptos o cumprimento de sérios deveres, sendo considerado traidor quem vai contra.

É razão mais que suficiente para se refletir sobre a ideia e o conceito do dever: *O alicerce da Maçonaria.*


,

DO PECADO ORIGINAL - Heitor Rodrigues Freire



Santo Agostinho (354-430), um dos doutores da Igreja, criou uma base teológica e doutrinária para o catolicismo que até então carecia de uma orientação que fundamentasse sua força institucional.

A discussão sobre o “pecado original” perpassa os séculos desde que Agostinho, baseado em seus estudos teológicos, cunhou essa expressão, criando um dos grandes traumas da porção ocidental cristã da humanidade. 

Esse pecado decorre da desobediência de Adão e Eva, que segundo narra o Antigo Testamento, comeram o fruto proibido da árvore do conhecimento, e com isso infringiram a única regra imposta em todo o paraíso. O deus bíblico parecia querer que Adão e Eva vivessem para sempre em estado de contemplação. E se assim fosse, como ficaria a evolução da espécie?

Ainda segundo a Bíblia, esse pecado de origem seria congênito e hereditário, isto é, inato e passaria de uma geração para outra. Todos nós, de formação cristã, já nasceríamos com a mancha de um pecado para o qual não contribuímos e que nos foi imposto por hereditariedade. Nasceu, já é pecador. Um pecado contraído de forma hereditária e não cometido, mas penalizado.

A imposição do pecado original disseminada pela Igreja ganhou força por essa interpretação de Santo Agostinho, no ano 400 da era cristã, em decorrência de sua imensa influência, e o estendeu ao resto da humanidade, como consequência do ato fundador da expulsão de Adão e Eva do paraíso.

Assim, conforme Agostinho, o pecado seria herdado por toda a humanidade, cuja redenção dependeria unicamente do sacrifício de Jesus, que teria vindo ao mundo para nos salvar.

Essa imposição contraria a justiça infinita de Deus: Ele é justo e não nos impõe algo que supere nossas forças, e não dá a alguém um auxílio maior do que a outrem. Perante Deus, somos todos iguais, titulares de direitos e de deveres igualitários. A diferença vai decorrer do comportamento de cada um.

É exatamente essa a tese do monge bretão Pelágio (360-435), que corajosamente se contrapôs ao todo-poderoso bispo Agostinho, cuja palavra era lei nos lugares de influência da Igreja Católica. Segundo Pelágio, o pecado de Adão afeta apenas a Adão, não seria congênito. Ao homem foi dada absoluta liberdade: a vontade do homem é perfeitamente livre, dependente apenas de si mesmo para evitar o pecado. A essa doutrina foi dado o nome de pelagianismo, em homenagem ao seu autor.

A doutrina espírita, no livro A Gênese, ensina que “a única interpretação racional do pecado original é o pecado próprio de cada indivíduo, e não o resultado da responsabilidade da falta de um outro que nunca conheceu...” – ou seja, para o espiritismo não há pecado hereditário.

Santo Agostinho também defendia a pré-destinação, ou seja, a ideia de que a vida de todas as pessoas é traçada anteriormente por Deus. A prevalecer esse entendimento, ao nascimento de cada pessoa deveria corresponder um manual, indicando todo esse traçado.

Mas há nesse pensamento uma grande contradição, porque ele mesmo, Agostinho, em outra interpretação, afirmava que algumas pessoas alcançariam a salvação pelo uso do livre arbítrio. Dessa forma, o indivíduo teria a chance de determinar sua conduta de acordo com a própria consciência, sendo assim o agente da própria salvação, de acordo com seus atos.  

São Tomás de Aquino (1224-1274), outro eminente doutor da Igreja, veio dar força à teoria do pecado original de Agostinho, que acabou consagrando essa tese, sacramentada definitivamente durante a realização do Concílio de Trento (1545-1563) – ganhando, assim, o respaldo oficial da Igreja no Concílio mais longo de toda a história do catolicismo.

Mas Tomás de Aquino também cai em contradição: entre tantos estudos e teses, ele elaborou o Tratado da Prudentia, que afirma a primazia da virtude da prudentia, no qual  destaca dois elementos-chave: “o mistério e a liberdade, na qual cada pessoa é a protagonista de sua própria vida, só ela é responsável por suas decisões livres, por encontrar os meios de atingir o seu fim, ou seja, a sua realização pessoal”.

Aprendi, como livre-pensador que sou, que o importante é entender que as respostas, todas, estão dentro de cada um de nós. O que implica a consciência da responsabilidade de cada um.  Nada é certo, nada é errado. O que existem são consequências.

Quando começamos a despertar para o verdadeiro significado da nossa encarnação, percebemos que somos seres em evolução; nenhum de nós foi criado pronto e acabado. Tudo vai depender dos nossos atos, e essa situação nos põe como verdadeiros construtores do nosso ser – e como tal, parceiros de Deus. E isso se constitui no grande encanto da nossa existência.

A única certeza do que possuiremos em toda a nossa encarnação é o nosso corpo. Que deixaremos quando desencarnarmos.

Assim, libertando-nos da pecha do pecado original pela consciência do que somos verdadeiramente, cabe-nos fazer a nossa parte, porque só cada um pode decidir a própria vida. 

Somos criados originalmente livres, maravilhosamente livres e responsáveis pelo nosso destino, responsáveis por tudo aquilo que fizermos, pois na medida exata do que dermos, receberemos. Entender isso é o começo da libertação. Não existe nenhuma mágica. É dar e receber, como magistralmente ensinou Jesus.

Assim, concluo que o pecado original, na verdade não existe, apesar de toda sua fundamentação doutrinária e teológica. 


COMIGO NINGUEM BODE - Roberto Ribeiro Reis


A despeito do bem que existe,

A humanidade inda insiste

Em fazer culto à maldade;

Uma triste apologia incisiva

Criada pela mídia televisiva

E pelos meios de publicidade.


Assistimos à destruição da terra,

E à banalização da guerra,

Qual uma série hollywoodiana;

O mal reverbera pelo noticiário,

Isso é bem próprio do ideário

Da mentalidade profana.


Meu Irmão, jamais se acomode,

Use a Arte Real,que ela pode

Promover a mudança necessária;

O triste cenário que vemos agora

Só vai mudar de dentro para fora

Sendo a Maçonaria revolucionária.


Usemos o “comigo ninguém bode”,

Planta maçônica que nos acode

Quando precisamos de energia;

Ela extermina qualquer falácia,

Pois é inspirada na Acácia,

Gera paz e harmonia.


A natureza é bem que veio do céu,

Vai descortinar esse obscuro véu

Da matéria que a todos assola;

A Luz Infinita é doação do Criador,

Recebê-la é bênção de vital valor:

Ao homem cura e também consola!






janeiro 25, 2024

JOÃO RAMALHO - O PATRIARCA DOS PAULISTAS



João Ramalho Maldonado foi um aventureiro e explorador português. Viveu boa parte de sua vida entre índios tupiniquins, após chegar no Brasil em 1515. Foi, inclusive, chefe de uma aldeia, após se tornar amigo próximo do cacique Tibiriçá, importante líder indígena tupiniquim na época dos primeiros anos da colonização portuguesa no Brasil. Teve um papel importante na aproximação pacífica entre índios e portugueses, principalmente na chegada de Martim Afonso de Sousa no Brasil, com quem se encontrou no território de São Vicente, e criou grande amizade. Vivia no povoado de Santo André da Borda do Campo, que em 1553 foi transformado em uma vila pelo governador-geral do país na época, Tomé de Sousa. Ramalho foi vereador e alcaide (prefeito) da vila. 


Em 1562, João Ramalho foi designado a capitão-mor da Praça ou de São Paulo (uma espécie de protetor da região) por decisão popular, e lhe teve atribuída a tarefa de comandar a resistência da vila.  Ao lado de Tibiriçá, Ramalho e o povo de São Paulo conseguiram repelir os índios que cercaram a região. Teve relações com várias mulheres indígenas, mas sob influência do Padre Manuel da Nobrega casou-se com Bartira, filha de Tibiriçá, maior chefe guerreiro da região, batizada de Isabel Dias, tiveram nove filhos juntos, e dessa união descendem inúmeras das mais tradicionais famílias paulistas atuais.


João Ramalho deixou como descendentes a chamada dinastia de mamelucos, filhos de portugueses com indígenas, e teria recebido apelidos como o pai dos paulistas e o fundador da paulistanidade. Entre as famílias tradicionais fundadoras de São Paulo de Piratininga (em 1554) que se misturaram com os descendentes de João Ramalho, destacam-se, entre outras: os Leme, Prado, Almeida, Castro, Monteiro de Castro, Almeida Prado, Silva Prado, Castro Prado, Cardoso de Almeida, Pinheiro Guimarães, Bueno da Silva, Furquim, Castanho, Almeida Castanho, Freitas, Cunha Gago, Cunha Bueno, Dias, Botelho, Arruda, Arruda Botelho, Afonso Gaia, Rendon, Moraes Antas, Fernandes Reis, Fernandes Gonçalves Reis, Fernandes , Gama, Nogueira da Gama, etc


Fonte: A Capital da Solidão: Uma História de São Paulo das origens a 1900.

Ref Terra de Santa Cruz

SALVE SÃO PAULO - Newton Agrella

São Paulo é uma cidade singular.

Aliás, o que de mais intrigante ocorre por aquí é que o que menos se encontra na cidade são "paulistanos".

Os sotaques são múltiplos. 

Os sons se propagam sob fortes influências externas.

São estrangeiros das mais diversas nacionalidades e brasileiros que aqui vivem ou que  simplesmente por aquí transitam, vindos dos mais diversos locais do país. 

Sejam do interior do próprio Estado quanto dos mais distantes rincões do Brasil.

Esse "melting pot" é o que enseja uma espécie de caleidoscópio de cores, imagens e traços culturais que conferem à cidade um caráter realmente cosmopolita.

São Paulo não dorme. Cochila quando muito. 

Viiver aquí  não é tarefa das mais fáceis. 

Não é mesmo.

Ainda que se encontre praticamente tudo nesta cidade, os acessos, filas, trânsito infernal, poluição e a burocracia que se enfrenta para a maioria dos serviços é o que faz desse lugar um território inóspito, mesmo para quem nasceu e cresceu aqui.

Imprimir um tom lírico à cidade, conforme decantado através de versos e canções, é claro que amenizam a alma por um átimo de tempo.

Porém, a indisfarçável violência urbana que impõe ao cidadão caminhar aos sobressaltos com medo da própria sombra e dirigir sob olhos atentos diante dos inexpugnáveis assaltos mesmo à luz do dia, são verdades que consomem quem aqui vive ou quem por aqui passa. 

Nem mesmo a tentativa de uma leveza que a mídia busca transmitir, consegue esconder o medo e a angústia das pessoas.

São Paulo é uma cidade que abriga a contramão e o controverso, como se fosse a síntese do Antagonismo.

É a cidade que respira e transpira, mas que pouco inspira.  

A coisa chega a tal ponto que o turismo que aqui se vende é  o "turismo de negócios", algo que cá entre nós, dói o ouvido, uma vez que turismo traz na sua bagagem semântica a idéia de viagem de passeio, lazer, descanso, diversão e cultura. 

De qualquer forma, vamos dar uma colher de chá, tendo em vista que as palavras têm ganho novas motivações e significados, até como paliativos para o que se quer exprimir...

Lá no fundo, São Paulo é bem isso, um lugar em que a maioria esmagadora de sua gente, vive para trabalhar, e trabalha para sobreviver.  

Mas é vida que segue. 

E tá tudo muito bom. Tá tudo muito bem...

Salve São Paulo, com um econômico ponto de exclamação !


PEDREIRO LIVRE (FREE MASON - Alfério Di Giaimo Neto


Qual seria a origem desse nome? Quando, onde e por que foi dado?

Algumas supostas respostas, dadas a seguir, foram baseadas no conteúdo do livro do Ir.:Bernard Jones “The Freemason’s Guide and Compendium”.

Na verdade, muitas explicações são dadas sobre esse assunto. O que se sabe é que nos tempos das construções das Catedrais, os Maçons eram divididos em duas categorias: os maçons “rústicos”, quebradores de pedras, que extraiam os blocos e davam uma preparação preliminar aos mesmos, e os “especialistas” cujo trabalho era o de “acabamento” das referidas pedras, dando corte, formato e acabamento conforme o requerido na etapa final da construção.

Esses últimos eram os mais qualificados do grupo de Maçons. 

Podemos dizer que eram verdadeiros artistas na arte de acabamento em pedras. 

Estes maçons é que foram chamados de “Freemasons”.

Aparentemente esse nome foi usado nos primórdios dos Operativos.

Bernard Jones esclarece que a palavra “free” tinha muitos significados e é difícil precisar qual deles foi utilizado no termo “Freemason”. 

Três deles serão dados a seguir:

1) “Free” pode indicar a pessoa que era imune a leis e regras restritivas, particularmente com a liberdade de ir e vir para diversos lugares, conforme a necessidade do seu trabalho. 

2) Muitos Maçons de hoje acham que o termo foi aplicado originalmente, àquele fisicamente livre, que não era servo, muito menos um escravo.

3) O “Freemason” seria talvez aquele que trabalhava na pedra livre (free stone) que é um tipo de pedra calcárea, fácil de manusear, não muito dura.


,

A ORIGEM DA ROMÃ E SEU SIMBOLISMO NA MAÇONARIA - Ernande Costa Macedo



A ROMÃ é o fruto da romãzeira é delicioso e, oriundo da Pérsia ou Irão que se começou a espalhar há milhares de anos por toda a Ásia, pela África, região do Mediterrâneo e até há poucos séculos pelas Américas, chegando ao Brasil através do portugueses. Este fruto é do tamanho duma maçã, apresentando uma casca dura com uma cor que vai desde o alaranjado até ao vermelho escuro.

Segundo estudioso da cultura da alimentação este fruto possui até 613 sementes que são as partes comestíveis, para os povos antigos, como os gregos, os romanos e os persas, havia a concepção de que a ROMÃ era a ponte entre a mortalidade e a imortalidade. "O homem apaixonado que comia a ROMÃ se tornaria imortal, Já, si, um Deus que a consumia se transformaria em um mortal", era o que diziam. A fruta era tida como símbolo de amor e fertilidade por causa de suas numerosas sementes. A romã, que muitos acham sem graça e difícil de ser comida, sempre foi respeitada pelos poderosos. Reis e Bispos a ostentavam nas suas vestes", Dizem que na mitologia Iraniana, o fruto desejado da árvore sagrada é a ROMÃ E não a maçã, como foi difundida pela cultura ocidental. "Na versão hebraica, há o Jardim do Éden e a serpente. Na versão greco-romana, há o Jardim das Hespérides e o dragão Ladon.  

Segundo a Bíblia, quando os judeus chegaram à terra prometida, após abandonarem o Egito, os 12 espias que foram enviados para aquele lugar voltaram carregando ROMÃS e outros frutos como amostras da fertilidade da terra que Deus prometera. Ela estaria presente nos jardins do Rei Salomão. Foi cultivada na antiguidade pelos fenícios, gregos e egípcios. Em Roma, a ROMÃ era considerada nas cerimônias e nos cultos como símbolo de ordem, riqueza e fecundidade.

Os judeus a chamavam de rimmon; entre os árabes, era conhecida como rumman; mais tarde, os portugueses a chamaram de ROMÃ ou "roman". Na Idade Média, a romã era, frequentemente, considerada como um fruto cortês e sanguíneo, aparecendo também nos contos e fábulas de muitos países. Os povos árabes salientavam os poderes medicinais dos seus frutos e como alimento. Tanto a planta como o fruto têm sido utilizados em residências ou em banquetes pelo efeito decorativo das suas flores e dos seus frutos, além do seu uso como cerca viva e planta ornamental.

As sementes secas da romã eram usadas como condimento pelos antigos e o seu suco como remédio até o renascimento. No Oriente Médio, é usada concentrada em pratos salgados, como almôndegas e peixe recheado, e, fresca em saladas, com berinjelas.  ROMÃ Tem 32 calorias por 100 gramas e é muito rica em fósforo. Possui ainda propriedades terapêuticas e é usada na medicina popular. Alguns especialistas em plantas medicinais, diz que o chá da casca de romã é indicado para o tratamento de problemas de garganta.

Na Maçonaria a ROMÃ é o símbolo menos analisado na filosofia maçônica; colocada sobre os capiteis das CCol.·. na entrada do T.·., sempre acima do olhar físico de cada Ir.·. ela passa despercebida e, por isso, mais ignorada, porque “parece” que da muito trabalho olhar para cima e sondar os mais elevados ideais que a Maçonaria busca. “A UNIÃO”. Na maioria dos trabalhos maçônicos eu vejo muito sobre significados e interpretações dos símbolos que envolvem as CCol.·. B e J, mas, pelo que vejo não se tem dado muita atenção às ROMÃS que, embora sustentadas pelas colunas, representam o que há de mais essencial em nossa instituição. “A UNIÃO”.

Se “tomemos uma ROMÃ em nossas mãos” vejamos que é uma fruta bastante diferente das demais e não foi por acaso que entrou como peça decorativa dos Templos Maçônicos. A sua casca, dura e resistente, representa a Loja em si, o templo material que mantem os OObr.·. reunidos, e, as sementes representam os OObr.·.; como sabemos, uma semente não é exatamente igual à outra, em tamanho e formato, mas o paladar de todas é invariavelmente idêntico.  Daí extraímos uma lição: não importa quem saboreia a fruta, quais as sementes são pequenas e quais as grandes mas, o que importa sim, o paladar.

Na Loja, temos IIr.·. de menor porte na vida profana e outros, com maior gabarito social e econômico. Se a sabedoria do G.·.A.·.D.·.U.·. assim o quis, cabe nos lembrar que a mesma seiva que alimentou o pequeno grão, alimentou igualmente o maior. Não obstante, as sementes pequenas e grandes estão unidas, todas compondo um único fruto, com um só objetivo: servir de alimento e fonte de prazer ao paladar.

O que mantém as sementes da ROMÃ unidas é a pele interna, essa pele, feita da mesma substancia carnuda e consistente da casca e do miolo, representa o selo, ou melhor, o sigilo maçônico; rompido esse selo, as sementes ficam expostas ao ataque de pragas, deteriorando-as e estas perdem assim sua finalidade.  Igualmente nas nossas Lojas, todos os nossos assuntos carecem da proteção do sigilo, sob pena de rompido este, a Loja, que é a ROMÃ, vir a sofrer sérias consequências como a perda da união que deve reinar em nosso meio em prol do bem comum.  O nosso juramento é representado pela seiva que alimenta as sementes (que são os OObr.·.)  foi contraído sem o mínimo de coação moral e sem reserva mental ou equivoco.

Rompido esse juramento, a fruta definha seca e, por fim, apodrece. Assim, o sigilo, representado pela pele que UNE e SELA as sementes, merece de nossa parte o máximo de cuidados. A fruta, ao soar da primeira batida do malhete até a última, deve ser saboreada enquanto durem os trabalhos.

É responsabilidade do fruticultor, que representa o “Venerável”, zelar para que a árvore da Maçonaria venha a produzir frutos não afetados por pragas e doenças, zelando pela preservação não só da casca da fruta (o material), como também pela unidade garantida pelo sigilo, que é simbolizado pela pele interna da fruta.

Essa Peça de Arquitetura é dedicada à A.·.R.·.L.·.S.·. ROMÃ DO PROGRESO nº 34, Jurisdicionada a Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia (GLEB) e todos os seus membros, da qual, tenho o prazer de ser Membro Honorário.



NOSSA SÃO PAULO - Adilson Zotovici


Neste dia em que a cidade de São Paulo completa 470 anos, prestamos-lhe homenagem com este belo poema de um dos maiores poetas da maçonaria.


Linda e  quão interessante

Ainda que tão sofrida

Bela e dura qual diamante

Noite e dia é pura vida


Cada rua, veia pulsante

Cidade  nua e garrida

Coração materno, gigante

Superno, pujante à acolhida


Da Arte Real radiante

Pelo habitante escolhida

Universal, aconchegante...


Da principal avenida

Ao arraial quão distante

*Nossa “São Paulo” querida* !   


janeiro 24, 2024

TERGIVERSEMOS - Roberto Ribeiro Reis

A 𝙖𝙜𝙧𝙚𝙨𝙨𝙞𝙫𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙜𝙧𝙖𝙩𝙪𝙞𝙩𝙖, via de regra, tem sido a arma dos ignorantes. Quantas pessoas há no mundo que destilam seu veneno contra aquilo que não conhecem. O prejulgamento e o preconceito se revelam companheiros inseparáveis dos que não têm o desejo de conhecerem ou de se aprofundarem sobre determinado tema.

Essa atitude também ocorre em relação a pessoas; quantos de nós já não nos arvoramos no direito de achar uma pessoa antipática ou mal-humorada, sem que com ela tivéssemos tido a 𝙤𝙥𝙤𝙧𝙩𝙪𝙣𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 de um momento de boa prosa.

Esse 𝙗𝙤𝙢𝙗𝙖𝙧𝙙𝙚𝙞𝙤 𝙤𝙧𝙖𝙡 𝙙𝙚𝙨𝙖𝙧𝙧𝙖𝙯𝙤𝙖𝙙𝙤, regado a vitupérios e ignomínias de toda sorte, sempre atingiu nossa Sublime Ordem. Com efeito, é só mantermos o anonimato, e observarmos as discussões -dos incautos- envolvendo a Maçonaria, desde uma resenha pós-futebol, até reuniões de outros grupos sociais ou religiosos.

Quanta sandice é reverberada, muitas das vezes até pela boca de pessoas “instruídas”. Um 𝙧𝙤𝙨𝙖́𝙧𝙞𝙤 de 𝙞𝙣𝙫𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚𝙨, motivado, a meu sentir, por uma 𝙘𝙪𝙧𝙞𝙤𝙨𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙚𝙭𝙩𝙧𝙖𝙫𝙖𝙜𝙖𝙣𝙩𝙚, que não comporta o grau elevado de nossa discrição e, às vezes, até mesmo justificado por uma inveja sem precedentes em relação aos grandes feitos histórico-humanitários promovidos por nossa Honrosa Instituição.

O fato é que não devemos combater a ignorância com 𝙧𝙚𝙖𝙘̧𝙤̃𝙚𝙨 𝙙𝙚𝙨𝙥𝙧𝙤𝙥𝙤𝙧𝙘𝙞𝙤𝙣𝙖𝙞𝙨 e 𝙘𝙖𝙡𝙤𝙧𝙤𝙨𝙖𝙨; todas as vezes que alguém queira, deliberadamente ou não, macular o nome da Maçonaria, a sugestão que se nos impõe é: 𝙩𝙚𝙧𝙜𝙞𝙫𝙚𝙧𝙨𝙚𝙢𝙤𝙨!

Isso mesmo. Façamos 𝙤𝙪𝙫𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙢𝙤𝙪𝙘𝙤𝙨, viremos de costas, deixando a 𝙚𝙨𝙘𝙪𝙧𝙞𝙙𝙖̃𝙤 𝙖𝙜𝙖𝙨𝙖𝙡𝙝𝙖𝙧 o 𝙞𝙢𝙖𝙜𝙞𝙣𝙖́𝙧𝙞𝙤 de quem se acha dono da verdade, mesmo sem qualquer embasamento doutrinário, histórico, filosófico e cientifico.

Se o grau de 𝙖𝙗𝙚𝙧𝙧𝙖𝙘̧𝙤̃𝙚𝙨 𝙫𝙚𝙧𝙗𝙖𝙡𝙞𝙯𝙖𝙙𝙖𝙨 for maior ainda, que comecemos a discorrer, por exemplo, sobre a cor do cavalo branco de Napoleão, sobre o efeito indelével provocado na camada de ozônio pela atividade humana, enfim, até mesmo sobre comodities. É questão de piscar de olhos, para que os 𝙙𝙤𝙪𝙩𝙤𝙨 𝙙𝙚 𝙥𝙡𝙖𝙣𝙩𝙖̃𝙤 desapareçam, instantaneamente.

O verdadeiro Maçom não deve perder o seu valioso tempo, discutindo com pessoas cujo cérebro foi tomado pelos realities shows ou programas congêneres. É se nivelar bem por baixo, permitindo a 𝙘𝙤𝙣𝙩𝙖𝙢𝙞𝙣𝙖𝙘̧𝙖̃𝙤 𝙙𝙚𝙡𝙚𝙩𝙚́𝙧𝙞𝙖. É migrar do sagrado para o profano, sem sombra de dúvidas!

A 𝙩𝙚𝙧𝙜𝙞𝙫𝙚𝙧𝙨𝙖𝙘̧𝙖̃𝙤 é remédio fundamental no mundo em que vivemos. Ela evita contendas, acalma os ânimos e 𝙖𝙧𝙧𝙚𝙛𝙚𝙘𝙚 𝙤 𝙚𝙨𝙥𝙞́𝙧𝙞𝙩𝙤 𝙗𝙚𝙡𝙞𝙘𝙤𝙨𝙤 que tem tomado conta do homem. Nossa Missão Real é a de 𝙖𝙥𝙖𝙨𝙘𝙚𝙣𝙩𝙖𝙧 𝙖𝙨 𝙤𝙫𝙚𝙡𝙝𝙖𝙨 𝙖𝙙𝙤𝙚𝙘𝙞𝙙𝙖𝙨, conduzindo-as ao 𝙍𝙚𝙗𝙖𝙣𝙝𝙤 da 𝙎𝙖𝙗𝙚𝙙𝙤𝙧𝙞𝙖, conquanto estas assim o permitam.




,

A DOUTRINA MAÇÔNICA E A ÉTICA DO OBREIRO - Leon Grinberg



O fundamento doutrinário maçônico é gnóstico, porque o homem interior habita a Verdade. Por isso a Instituição Maçônica propicia a busca e realização do homem interior, em todo homem e em todos os homens.

Ortega Grasset disse: “Eu sou eu e minha circunstância”, mas também o profeta Natan disse ao Rei David: “Tu és o homem. De ti depende o destino da humanidade”.

Focalizar especificamente o homem é contemplá-lo como um lento processo evolutivo de um princípio de consciência. 

Princípio de consciência ou substância primordial que se manifestou como matéria inerte na primeira etapa. Logo surgiu o fenômeno da vida, aparecendo nas formas vegetal e animal.

No reino animal, coincidindo talvez com a linha do pensamento de Telhard de Chardin, foi ocorrendo o processo de aparecimento e formação do sistema nervoso central, culminando na configuração do cérebro humano. Cérebro este que possibilitou, a nível da mente humana, a faculdade da reflexão e da consciência de se fazer autoconsciente.

Todo este breve relato, em síntese, é expressão do movimento natural da consciência humana rumo a uma expansão e liberdade. A experiência central do mundo moderno é a busca da liberdade.

Claramente, ao sair da Idade Média, vislumbrou-se que o homem buscou a liberdade, para dar forma ao seu próprio destino como pessoa humana. Para muitos, a procura e o encontro dessa liberdade (qualquer que seja a acepção tomada, e ainda melhor: o conjunto de todas) é um fim em si próprio. Erich Fromm, na sua clássica obra O medo da liberdade diferenciou o conceito de liberdade de e de liberdade para.

Para outros, a liberdade não é um fim em si própria: é um meio para se atingir um fim superior ou mais transcendente. E este fim não poderá ser outro que o da Vida. Vida plena e real, com um autêntico sentido integrado. Viver é outorgar um sentido à existência.

Acreditemos ou não, sejamos ou não conscientes, nós, os homens, somos os únicos gestores e realizadores da História, através da nossa concepção da vida. A dialética do porvir humano de todos os tempos aparenta surgir de duas concepções divergentes: a materialista e a idealista.

Concepção que se manifesta na luta ou no defrontar do que poderíamos chamar: poder político e poder espiritual. A verdade da realidade vital contra os interesses criados. Verdades absolutas contra Verdades relativas, acomodadas. Liberdade individual contra autoritarismo. Liberdade versus dogmatismo.

O primeiro intento ocidental de unir ambas concepções, ou seja, os dois poderes, foi o dos pensadores gregos. Entre eles, Platão, no seu livro A República, tratou de espiritualizar a realidade, de onde surgiu a utopia de que os governantes deveriam ser filósofos, homens do espírito, segundo Martin Buber, é o encontro entre o homem e o transcendente. 

Daí ser necessária inevitavelmente a integração. As ideias têm valor contanto e enquanto se transformem em vida palpável, concreta. Não é possível permutar a vida pelo espírito, a ideia abstrata. Nem emancipar o transcendente, o espiritual, da vida cotidiana.

Espírito sem compromisso do dever é um dos sintomas da nossa atualidade, e também a sua contraparte: o materialismo desconhece a essência da vida. O material e o vital devem se fundir para que o espírito seja vida.

Responsabilidade, base da ética

Ser significa ser totalmente. Sermos nós mesmos, assumir. É nos comprometermos com cada hora de nossos dias, é sermos um homem em plenitude. Reiteramos: viver é dar sentido à vida. Cada momento da existência põe à prova o homem. Assumirá ele a responsabilidade de responder com todo seu ser à invocação do momento? É livre. Pode escolher e decidir. Nesta eleição ele joga o sentido da sua existência. E ao eleger para si mesmo, estará elegendo para a humanidade.

A responsabilidade é a única insofismável base de toda ética. É precisamente a responsabilidade que possibilita o exercício da ética e a prática da moral.

O que é conflitante? O que cria a crise do homem e no homem? A cisão da existência em tabela valorativas distintas. Pode ser que individualmente estabeleçamos a nossa própria escala de valores, nossa própria mensuração com prioridades diferentes. 

O importante é o ajustamento da nossa conduta à nossa tabela valorativa, evitando a multiplicidade de morais. Não há uma ética para o Templo e outra para o mercado.

O processo formativo maçônico nos encaminha, desde o primeiro grau, rumo a uma coerência entre pensamento, palavra e ação. Guia-nos para alcançar afirmativamente a unidade da vida do homem em todos os campos. Uma única vida, uma única resposta, uma única responsabilidade, um único compromisso, uma única ética.

Sempre há no recôndito do homem uma voz interior que o chama, que pergunta que indaga que reclama. Às vezes a chamamos de consciência. Perante ela, alguns se ocultam entre palavras, entre ideias. Entre ações. Outros se revelam se manifestam tal como são. 

Alguns argumentam tranquilizando-a, se justificando. Outros se realizam se ajustam. Lutam contra a fragmentação, a divisão da vida em categorias distintas e em recintos temáticos, qual compartimentos estanques, que nenhuma relação estabelece entre si. O ético, o estético, o religioso, o metafísico, o sociológico, o econômico, o psicológico etc., que em definitivo refletem aspectos do homem, nunca do homem total.

Karl Jasper disse: “O modo como vejo a grandeza e como em comporto perante ela, me faz chegar ao meu próprio ser”.

Ante um ideal de perfeição alguns expressam: são utopias; negam-no e reduzem tal ideal ao comodismo do nível em que se encontram. Outros, pelo contrário, e entre eles estão os maçons, tentam-se elevar, se realizar nessa meta de perfeição. Essa meta de perfeição. Essa meta de perfeição logicamente leva implícita a efetivação dos nossos princípios básicos.

Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Amor à justiça; procura da verdade. Respeito à sabedoria; reconhecimento da harmonia e da justiça. Tolerância no seu legitimo limite.

Rejeição, superação ou controle da hipocrisia, ambição, inveja, egoísmo etc. Mas, acima de tudo, a pedra básica, o fundamento da nossa Instituição; a Fraternidade. E ela depende da compreensão.

Ambas, fraternidade e compreensão determinam e descansam na responsabilidade, forjada, no nosso caso, como maçons, na real interiorização do que os nossos símbolos dinamizam.

Nossa formação maçônica implica ao menos estarmos a coberto de intenções e ideias espúrias, vigilantes de que a sabedoria, harmonizada pela beleza e pelo amor, seja a potência das nossas ações, e por onde a nossa conduta esteja nas vinte e quatro horas do dia, a prumo, no transcurso do reto caminho a transitar pela vida.

SAUDAÇÃO MAÇÔNICA DO ORIENTE - Charles Evaldo Boller



Sinopse: Especulação sobre qual o objeto de saudação no oriente da loja: O Delta? O Iod? A presença de Jeová? A espada flamígera? O venerável mestre? A carta constitutiva?

Nossa sociedade ocidental hodierna tem suas raízes plantadas no humanismo renascentista, de onde também vieram as influências culturais da Maçonaria. O que vivemos em nosso dia-a-dia é o resultado de longo caminho de desenvolvimento cultural. Passou pelo pensamento grego, pelo direito romano e assimilou a filosofia cristã. Ao compreender o mundo no qual se vive entende-se a sociedade em que se está imerso. Deste entendimento depende como cada cidadão se porta e vive em sociedade e a expressão desta é revelada pelos mitos, religiões e filosofias que desenvolve.

Toda a cultura humana está alicerçada no pensamento filosófico e isto era o que os fundadores da Maçonaria do século XVI tinham interesse. Desde então ocorreram enxertos e modificações, algumas linhas de pensamento trouxeram desde longínqua idade do homem influências às quais nada se pode debitar no aspecto evolucionista da Maçonaria. Em essência, a Maçonaria apenas usa das antigas crenças, ciências e religiões o indispensável para auxiliar na formação da cultura maçônica, porque é isto que os adeptos possuem em suas bases culturais ao serem iniciados.

Exemplo de ciência morta é a Astrologia; há muito que os vaticínios desta antiga ciência foram superados pela astronomia e tecnologias. As colunas zodiacais existem em nossos templos como referência para orientação simbólica no Universo; é sabido da física elementar que sem referencial não existe apoio sensorial ao deslocamento pelo Universo, e a loja é uma simulação do Universo tridimensional.

Na religião a influência dos deuses e deusas do antigo Egito na Maçonaria serve de referência e não como deuses a serem venerados, daí excluir qualquer tipo de adoração, inclusive a Jeová, o Deus exclusivo dos judeus e cujo nome a maioria das religiões cristãs não usam. Na Maçonaria criou-se o conceito de Grande Arquiteto do Universo, que não representa o Deus de nenhuma religião. Esta foi uma das grandes invenções dos criadores da Maçonaria, pois possibilita cada crente adaptar o conceito às suas próprias necessidades de adoração e representações antropomórficas ou espiritualistas. No Rito Escocês Antigo e Aceito, em todos os graus, as representações divinas são influenciadas pelas linhas filosóficas do judaísmo e do cristianismo em seu culto a Jeová, expressas pelo iod inserido no delta do oriente da loja simbólica e outros símbolos da filosofia maçônica do Rito.

Se numa loja maçônica não existe culto de adoração a deuses, então o que realmente é saudado pelo maçom no oriente? Certamente não é o iod, a primeira letra do nome de Jeová em aramaico! Nem qualquer outro objeto ou criatura do oriente. Maçonaria não é religião! Por simples exclusão é possível determinar que a saudação seja exclusiva para a representação simbólica da coluna da sabedoria, cujo guardião é o venerável mestre. E se esta é saudada cerimonialmente, o que existe por detrás desta demonstração de respeito marcial. Ali acontece o homem e sua filosofia; o amigo da sabedoria que todo maçom é por definição desde a sua iniciação.

Existem diversas maneiras de interpretar filosofia: atitude de vida individual; conhecimento impossível de provar; conhecimento abstrato e teorias lógicas; modo de ver o Universo e a realidade; representação teórica da ilusão que os sensores induzem ao ser. Em essência, filosofia é apenas conhecimento, certo tipo de conhecimento. É a ciência preocupada com o todo, que vai fundo na revelação especulativa da realidade. Não se trata de matemática, astrologia, astronomia ou medicina; cada ciência destas foi influenciada pelo filosofar, pela busca em profundidade do sentido de totalidade que os gregos denominaram sabedoria, em grego "sophía". O homem que se dedicava a ação do pensamento para discernir o Universo que o cercava era denominado sábio, em grego verbalizado "sophós", ou simplesmente amigo, em grego "phílos"; amigo da sabedoria. A existência dos amigos da sabedoria cunhou o verbete "filosofia". Depois dos gregos, a filosofia passou pela idade média e chegou a nossos dias com outra aparência, porque ela mesma passou a ser criticada pelos filósofos. De ciência de todas as coisas, da totalidade, e de suas causas primeiras ela acaba fragmentada em: filosofia experimental ou empírica, reflexão crítica das ciências ou epistemologia, positivismo, filosofia analítica, dialética, e assim por diante. Isto não diz alguma coisa a respeito da diversidade de ritos que a Maçonaria alberga?

Na Maçonaria não interessam os detalhes da divisão da filosofia. A assimilação cultural filosófica maçônica, mesmo dentro da mistura de pensamento grego, direito romano e filosofia cristã possibilita obter rico e explicito conhecimento a respeito da sociedade ocidental e o que esta pensa de si. O filosofar maçônico não visa erudição, antes, provoca seus adeptos a pensarem em temas da sociedade nos quais já estão experimentados e familiarizados, mas impedidos de pensar nestes devido às atividades do dia-a-dia. O sistema humano é cruel quando aprisiona a grande massa em condições de autômatos vivos, sem possibilitar tempo à contemplação e recolhimento. É disso que o maçom foge em suas reuniões. Nestas ocasiões é desperto para assuntos que já são de seu conhecimento, mas jazem sepultos debaixo da busca do sustento e em virtude das vicissitudes que a vida apresenta.

Para tal objetivo são utilizadas filosofias usadas pelas religiões, mas apenas como coadjuvantes ao grande objetivo de conduzir cada maçom ao autoconhecimento visando o bem da sociedade. Não significa proselitismo religioso quando são introduzidos conceitos cristãos - poderia ser budista, hinduísta, vedanta, egípcio, islâmico, ou outro. Quando aparentemente defende princípios da democracia cristã não significa propaganda ideológica - poderia ser democracia: direta, indireta, representativa presidencialista, semipresidencialista, parlamentarista; ou sistemas oligárquicos como: meritocracia, gerontocracia, plutocracia, tecnocracia, etc. Qualquer sistema ideológico político e religioso que respeita liberdade, igualdade e fraternidade é caminho para facilitar a transmissão de conhecimento filosófico alicerçado no que cada maçom já tem em si. O que já é bom torna-se melhor. Nada de perfeição, esta pertence ao Grande Arquiteto do Universo, o maçom busca em suas lojas apenas uma condição aperfeiçoada.

Partindo do princípio que para entrar na Maçonaria o homem já deve ser dotado de luz espiritual, quando se exige dele a crença em Deus para ser iniciado, ocasião em que vem desejoso de ver a luz simbólica do conhecimento, da sabedoria, tornar-se amigo da sabedoria, viver a especulação maçônica, filosofar. Logo depois, na ritualística de suas sessões de trabalho, o que ele saúda no oriente é o fato de ver ali, simbolicamente, a luz do conhecimento que pediu e para o que trabalhará arduamente para dela nutrir-se. Esta é representada simbolicamente pela diminuta coluneta jônica que nunca é deitada e está sempre à disposição. A luz está ali a sua disposição, basta pensar na totalidade dos problemas do agrupamento de seres que vivem em estado gregário ao seu redor e levantar ideias para melhorá-la, que o representado pela coluna do venerável mestre não será apenas visto, mas internalizado. Em um dos graus do Rito Escocês Antigo e Aceito aprende-se que a sabedoria não emana do venerável mestre, orador ou vigilantes, a sabedoria está potencialmente dentro de cada coluna que cada obreiro é quando filosofa e melhora a si mesmo.

Sessão maçônica não é mera leitura de atas, expediente e planejamento de festas; a essência do trabalho é o filosofar maçônico. Significa: autoeducação; humanização; fomento e manutenção de amizades fraternas; pratica da beneficência; patriotismo; servir a humanidade; desenvolvimento de empatia; superação de vícios; controle de paixões desenfreadas e degradantes; evitar a maledicência; tudo alicerçado no desenvolvimento do filosofar maçônico; a conquista da luz simbólica do conhecimento maçônico. A busca desta luz é tarefa individual intransferível! Ninguém a dá e constituem os louros da vitória de uma longa jornada, ao final da qual, o maçom dá honra e glorifica a maravilhosa obra criativa do Grande Arquiteto do Universo.

Bibliografia:

1. ANATALINO, João, Conhecendo a Arte Real, A Maçonaria e Suas Influências Históricas e Filosóficas, ISBN 978-85-370-0158-5, primeira edição, Madras Editora Ltda., 320 páginas, São Paulo, 2007;

2. BACHL, Hans, Nos Bastidores da Maçonaria, Memórias de um Ex-secretário, Coletânea de Artigos e Traduções, segunda edição, Editora Aurora Limitada, 136 páginas, Rio de Janeiro;

3. D'OLIVET, Antoine Frabre, A Verdadeira Maçonaria e a Cultura Celeste, tradução: Caroline Kazue R. Furukawa, ISBN 85-7374-873-7, primeira edição, Madras Editora Ltda., 150 páginas, São Paulo, 2004;

4. GUIMARÃES, João Francisco, Maçonaria, A Filosofia do Conhecimento, ISBN 85-7374-565-7, primeira edição, Madras Editora Ltda., 308 páginas, São Paulo, 2003;

5. ISRAEL, Jonathan I., Iluminismo Radical a Filosofia e a Construção da Modernidade 1650-1750, Radical Enlighttenment, Philosofy, Making of Modernity, 1650-1750, tradução: Cláudio Blanc, ISBN 978-85-370-0432-6, primeira edição, Madras Editora Ltda., 878 páginas, São Paulo, 2009;

6. LARA, Tiago Adão, Caminhos da Razão no Ocidente, A Filosofia Ocidental do Renascimento Aos Nossos Dias, segunda edição, Editora Vozes Ltda., 176 páginas, Petrópolis, 1986;

7. LOCKE, John, Ensaio Acerca do Entendimento Humano, tradução: Anoar Aiex, ISBN 85-13-01239-4, primeira edição, Editora Nova Cultural Ltda., 320 páginas, São Paulo, 2005;

8. OLIVEIRA FILHO, Denizart Silveira de, Comentários Aos Graus Inefáveis do Ritual Escocês Antigo e Aceito, Coleção Biblioteca do Maçom, ISBN 85-7252-035-X, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Ltda., 192 páginas, Londrina, 1997;

9. PANSANI, João, Cuidado, Maçom! Primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Ltda., 116 páginas, Londrina, 1992;

10. PUSCH, Jaime, ABC do Aprendiz, segunda edição, 146 páginas, Tubarão Santa Catarina, 1982;

11. RODRIGUES, Raimundo, A Filosofia da Maçonaria Simbólica, Coleção Biblioteca do Maçom, Vol. 04, ISBN 978-85-7252-233-5, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Ltda., 172 páginas, Londrina, 2007;

12. ROHDEN, Humberto, Educação do Homem Integral, primeira edição, Martin Claret Editores Limitada, 140 páginas, São Paulo, 2007;

13. RUSSELL, Bertrand Arthur William, A Filosofia Entre a Religião e a Ciência, 16 páginas;

14. SILVA, Roberto Aguilar M. S., A Genealogia do Poder, primeira edição, 4 páginas, Corumbá, 2011;

15. SOUZA FILHO, Ubyrajara de, Cognição e Evolução dos Rituais Maçônicos, ISBN 978-85-7252-278-6, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Ltda., 152 páginas, Londrina, 2010.