janeiro 31, 2024

QUIPROQUÓS - Roberto Ribeiro Reis



Causa-nos espécie o quão a 𝙞𝙜𝙣𝙤𝙧𝙖̂𝙣𝙘𝙞𝙖 ainda faz morada no coração dos incautos, e também daquelas pessoas cujo conhecimento deveria ser utilizado para trazer luz ao mundo. 

Com efeito, a humanidade tem padecido pelas 𝙨𝙤𝙢𝙗𝙧𝙖𝙨 𝙙𝙤𝙨 𝙚𝙣𝙜𝙖𝙣𝙤𝙨, das perversidades gratuitas, da reverberação infrene das inverdades, de sorte que já não se fazem mais filtros severos, ou já não se buscam as fontes verdadeiras da informação.

A Maçonaria, a despeito da infeliz pecha com a qual foi presenteada pelo mundo profano, tem se mantido 𝙨𝙤𝙗𝙧𝙖𝙣𝙘𝙚𝙞𝙧𝙖, 𝙞𝙢𝙥𝙖́𝙫𝙞𝙙𝙖, e imune às maledicências que lhe são alvejadas.

Enquanto os beócios do mundo vulgar tentam descredibiliza-la, ela age com a sabedoria e o 𝙩𝙞𝙧𝙤𝙘𝙞́𝙣𝙞𝙤 de uma 𝙞𝙣𝙨𝙩𝙞𝙩𝙪𝙞𝙘̧𝙖̃𝙤 𝙙𝙚 𝙥𝙧𝙞𝙢𝙚𝙞𝙧𝙖 𝙡𝙞𝙣𝙝𝙖.

Essa beligerância gratuita e calcada (quiçá) na 𝙘𝙤𝙗𝙞𝙘̧𝙖 𝙝𝙪𝙢𝙖𝙣𝙖 pelos seus princípios e por seu patrimônio intelectual e filosófico não tem conseguido arrefecer o ânimo e o ideário da Augusta Ordem, que tem trabalhado, como nunca, na consecução precípua de seus sublimes objetivos.

São nos momentos caóticos, feitos os que estamos vivendo, é que a 𝙊𝙧𝙙𝙚𝙢 𝙨𝙚 𝙛𝙖𝙯 𝙧𝙚𝙨𝙩𝙖𝙗𝙚𝙡𝙚𝙘𝙚𝙧; nesse diapasão, a Maçonaria tem se preocupado em 𝙧𝙚𝙚𝙧𝙜𝙪𝙚𝙧 𝙤𝙨 𝙝𝙤𝙢𝙚𝙣𝙨 𝙘𝙖𝙞́𝙙𝙤𝙨, em educar aos ignóbeis, em amparar àqueles que buscam uma sociedade mais justa e igualitária.

Enquanto os cegos de espírito tentam macular a honradez de nossa Excelsa Instituição, promovendo uma artilharia pesada, do mais baixo padrão vibratório, a Maçonaria tem desdenhado a postura dos ignorantes, e seguido sua Marcha Real, com a 𝙨𝙚𝙧𝙚𝙣𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 e o 𝙚𝙦𝙪𝙞𝙡𝙞́𝙗𝙧𝙞𝙤 que a distinguem mundo afora.

Não devemos perder nosso sagrado tempo com o 𝙦𝙪𝙞𝙥𝙧𝙤𝙦𝙪𝙤́ fomentado pelos seres abjetos, vis, e cuja torpeza tem promovido sua própria ruína moral, sua decadência intelectual e, principalmente, seu 𝙥𝙚𝙧𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙚𝙨𝙥𝙞𝙧𝙞𝙩𝙪𝙖𝙡.

Maçonaria é 𝙛𝙤𝙣𝙩𝙚 𝙞𝙣𝙚𝙨𝙜𝙤𝙩𝙖́𝙫𝙚𝙡 𝙙𝙚 𝙘𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤, sabedoria e vida. Uma vida cheia de intensas vibrações, permeada pelo sutil toque da 𝙇𝙪𝙯 𝙄𝙣𝙛𝙞𝙣𝙞𝙩𝙖, com cuja centelha divina tem contribuído para nosso fortalecimento, e tem nos amparado para vencermos os desafios e agruras do quotidiano.

O Maçom deve fazer 𝙤𝙪𝙫𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙢𝙤𝙪𝙘𝙤𝙨 aos julgamentos profanos, os quais são desprovidos de ciência, e consubstanciados em premente estado de ignorância. Devemos nos ater aos ensinamentos do 𝙈𝙖𝙞𝙤𝙧 𝙃𝙤𝙢𝙚𝙢 de que a humanidade tem conhecimento.

Ele não caminhava somente com os sábios e mansos de coração, mas tinha uma 𝙞𝙣𝙙𝙪𝙡𝙜𝙚̂𝙣𝙘𝙞𝙖 𝙞𝙣𝙚𝙭𝙖𝙪𝙧𝙞́𝙫𝙚𝙡 com os ignorantes, com os transviados, com os errantes, tendo para com eles 𝙞𝙣𝙚𝙭𝙘𝙚𝙙𝙞́𝙫𝙚𝙡 𝙥𝙖𝙘𝙞𝙚̂𝙣𝙘𝙞𝙖, 𝙘𝙖𝙡𝙢𝙖 e 𝙗𝙖𝙨𝙩𝙖𝙣𝙩𝙚 𝙘𝙖𝙧𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚. 

Seu Magistério foi à base da Lei de Amor e de Misericórdia. Que nEle nos espelhemos, buscando disseminar as 𝙇𝙪𝙯𝙚𝙨 𝙙𝙤 𝘾𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 e da 𝙑𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚, corolário lógico de quem caminha rumo à 𝙋𝙚𝙧𝙛𝙚𝙞𝙘̧𝙖̃𝙤.




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janeiro 30, 2024

VENERANÇA / VENERALATO - Aldo Gutemberg


Em intenso período de Posses de Veneráveis é comum ouvirmos em Loja: “Que o eleito seja feliz em sua Venerança” ou “Que seu Veneralato seja próspero”. Você certamente já ouviu. 

Notadamente os que chegam à Ordem, vão ouvindo os veteranos e seguem repetindo. E na verdade raros são os que poderiam explicar o uso deste ou daquele termo. 

Lidar com nossa Língua é algo desafiador mesmo para os que são profissionais da área. 

Visitamos Lojas com frequência e pudemos notar que pessoas das mais diversas graduações e das três Potências Regulares, mesmo membros da alta administração, usam costumeiramente ambos e sem muita suspeita de que um deles pode não estar sendo corretamente empregado. 

Na internet, em rápida pesquisa por blogs e sites de estudiosos e até nas páginas oficiais vamos também nos deparar com tais palavras, o que confirma a grande confusão que ainda reina em nosso meio.

Fiquei curioso... Seriam palavras sinônimas? Já que eu mesmo só fui conhecê-las depois de iniciado e ao participar da primeira Sessão de Posse; utilizava sem preocupação uma e outra. Certa vez escrevi singelo texto, sendo alertado por sábio Irmão, que me perguntou: “Venerança?” Sem muito me detalhar, já tinha feito o brilhante papel do instrutor – aguçar minha a vontade de pesquisar. E foi o que eu, grato, fui fazer.

Em nossa Língua temos como referência o VOLP - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa; não se trata de um dicionário, mas sim um catálogo oficial composto de um pouco mais de 380.000 palavras que são utilizadas na nossa língua. Nesta fonte, por incrível que pareça, não encontramos a palavra “Venerança”. Já a palavra “Veneralato”, sim, é encontrada. Este seguro referencial já poderia encerrar a celeuma.

Mas, vamos um pouco mais além:

A palavra Venerança seria composta de seu radical “Vener” + a vogal temática “a” e o sufixo nominal “nça”; este sufixo serve para indicar estado, ação ou qualidade. Portanto o significado da palavra seria ato ou qualidade de venerar. Notamos que não é bem o que pretendemos indicar ao usá-la em nosso meio.

Já na palavra Veneralato, seguindo o mesmo raciocínio acima, temos o sufixo “ato” significando posse ou grau relacionado a dignidades.

Embora a raiz etimológica seja a mesma, serão os sufixos que denotarão os diferentes significados.

A pessoa do Venerável é, de fato, digna de ser venerada, pois foi escolhido, eleito e será a grande Coluna de sua Loja. Pensando dessa forma, é evidente que a ação de venerá-lo poderia dar lugar ao neologismo “Venerança”; entretanto o ato de venerar, ou seja, a venerança seria nosso em relação ao Venerável e não dele próprio, como costumamos utilizar.

Concluímos, dessa forma, que Venerança é um termo inapropriado, que inclusive não existe no VOLP e nos principais dicionários que consultamos, embora tenha caído no gosto popular dentro da Ordem Maçônica. O termo correto, embora pouquíssimo utilizado é, portanto, Veneralato.

Nossos sistemas e ritos são repletos de “usos e costumes”. Esta breve, despretensiosa e singela pesquisa busca apenas trazer luz a este tema, ainda que saibamos, só o tempo depurará seu bom emprego em nossa língua.


TEMPERAMENTAL... EU ? - Newton Agrella


A própria origem do substantivo abstrato "temperamento" é motivo de detida ponderação.

 Sua etimologia é a composição de dois vocábulos advindos do Latim:  "tempus" e "mens" que respectivamente significam: "tempo" e "mente"

Cabendo aí uma observação linguística,  posto que "tempus", para os falantes do Latim semanticamente não se referia ao tempo do horário, mas abrangia o conceito de tempo e espaço concomitantemente.

Desse modo, no seu sentido mais amplo "temperamento" significa a relação íntima de como a mente se adapta ao conceito "tempo/espaço".

A partir do referido substantivo, encontramos seu derivativo que é o adjetivo "temperamental" - real objeto desta singela crônica - que diz respeito a uma característica humana sobre alguém complicado de se lidar, ou seja; uma pessoa temperamental é aquela que é dona um humor instável, que varia frequentemente e que de alguma sorte se mostra difícil de agradar. 

Interessante lembrar que o temperamento nada mais é do que o padrão de comportamento emocional e afetivo.

As relações entre as pessoas, inobstante o grau de parentesco, familiaridade, amizade, ou convivência para que se mantenham saudáveis, dependem antes de mais nada de uma atitude inegociável de respeito entre si.

É óbvio que pontos de vista diferentes, conflitos de ideias, opiniões contrárias e até o gosto pelas coisas fazem parte do caráter humano, mas antes de tudo, são prerrogativas que servem como combustível para que a Vida não se traduza como um exercício monótono e mecânico, impedindo que a partir das divergências não se possa chegar a um entendimento que nos conduza ao caminho da evolução.

O problema no entanto, no que se refere à pessoa temperamental é a surpresa que nos aguarda. É a incerteza do que virá pela frente. São as posturas e humores radicais que em muitas ocasiões levam a situações constrangedoras.

É muito desagradável não saber como se relacionar com esse caráter temperamental que mostra uma pessoa sensível e facilmente irritável: de natureza volúvel, alterável. 

Via de regra a pessoa temperamental age de acordo com o que está sentindo no momento, sob um comportamento irrefletido de maneira intensa e intempestiva.

E assim gira a roda das emoções humanas que encontra nas intempéries do tempo e da mente destas pessoas, se dentro de sí amanhã o coração se abrirá nublado, chuvoso ou ensolarado.



janeiro 29, 2024

O SANTO GRAAL - Adaptado por um Filho da Viúva



Santo Graal ( ou Sangraal ) é uma expressão medieval que designa normalmente o cálice usado por Jesus Cristo na Última Ceia. Ele está presente nas lendas arturianas, sendo o objetivo da busca dos cavaleiros da Távola Redonda, único objeto com capacidade para devolver a paz ao reino de Artur. No entanto, em outra interpretação, ele designa a descendência de Jesus ( o sangraal ou sangue real ), segundo a lenda, ligada a dinastia Merovíngia. Finalmente, também há uma interpretação em que ele é a representação do corpo de Maria Madalena, a suposta esposa de Jesus e sua herdeira na condução da nova religião.

O SIMBOLISMO DO GRAAL

O símbolo do cálice sagrado, enquanto motivo de poder e fonte de milagres, é tăo antigo quanto a História. O SANTO GRAAL teve múltiplos precursores e apareceu sob variadas formas antes de ter sido identificado com o cálice do ritual usado na missa católica. Muitas vezes o GRAAL foi descrito não como um cálice, mas como uma pedra. Neste sentido o símbolo é profundamente alquímico, ou seja – a conciliação dos opostos mediante a harmonia entre o céu e a terra. A etimologia da palavra Graal é controvertida. Costuma-se considerá-la como oriunda do latim "gradais" - cálice. Outros dizem que "Graal" vem de outra palavra latina - 'graduale' que significa 'gradual" um livro de orações e cânticos místicos.

Os celtas se referiam ao Graal como um caldeirão e a lenda em torno de um cálice sagrado pode ter relação com a importância que os celtas davam ao caldeirão, onde os druidas preparavam suas poções mágicas

Esse conceito popular lembrava-lhes abundância e renascimento. Muitos personagens míticos dos celtas estavam envolvidos com esse símbolo: Nasciens, foi transportado por mãos invisíveis para uma ilha onde lhe apareceu um caldeirão mágico; Dagda fortalecia os guerreiros com o alimento do caldeirão. Outro caldeirão célebre foi o pertencente a deusa Caridween, que preparou uma poção para infundir sabedoria em seu filho.

Os recipientes, como a taça, o caldeirão e os vasos, são símbolos do útero, a matriz da vida e a espada o órgão masculino fecundador. É no vazio que acontece o ciclo permanente de nascimento, morte e renascimento. Os cálices são oferendas ao espírito desconhecido que preside determinado tempo e local, uma oração que se eleva a Deus, pedindo que seu Espírito desça ŕ terra. Este é o significado sagrado da missa católica: dois movimentos de direções opostas – o cálice voltado para o céu e o espírito projetando-se sobre ele – formam o ciclo de dar e receber, o eixo entre o superior e o inferior.

A LENDA ORIGINAL

Antes do século VII, a tradição e a Bíblia propiciaram o desenvolvimento de uma lenda intrigante sobre o cálice sagrado. Diz essa lenda que, antes da criação do homem, houve uma grande batalha no céu. O Arcanjo Miguel e seus anjos guerrearam contra Lúcifer. O adversário e seus anjos combateram ferozmente, diz a Bíblia; "todavia não venceram, nem acharam mais seu lugar no céu. E a antiga serpente, o Grande Dragão chamado demônio ou satanás foi expulso de lá sendo atirado para a terra com seus anjos". Diz a lenda que Lúcifer trazia um pedra colada na testa, uma esmeralda que funcionava como um terceiro olho. Quando Lúcifer foi atirado pelo Arcanjo Miguel a terra, a esmeralda partiu-se e sua visão ficou prejudicada. Um pedaço permaneceu em sua testa dando-lhe uma visão distorcida de sua situação como anjo caído; o outro fragmento foi guardado pelos anjos. Mais tarde, o Graal foi esculpido neste segundo pedaço

AS LENDAS DO CÁLICE SAGRADO

Parece que durante sua presença na terra, o GRAAL necessitou de um abrigo e, dado ao seu caráter espiritual, essa habitação deveria ser um templo especialmente projetado para esse fim e oculto da visão dos profanos.

Mesmo se encararmos o GRAAL como um tema pertencente aos planos inexplorados da alma, restam-nos alguns enigmas históricos relacionados com a figura de Jesus Cristo, José de Arimatéia, o Rei Arthur e, mais tarde, com os estranhos acontecimentos que marcaram a vida e agonia dos Cátaros na região do Languedoc, no sul da França.

Esses episódios, custaram a vida de milhares de pessoas e permanecem até hoje como indicadores da provável existência física de um Rei e Sacerdote do Santo Graal. Seria esse o Rei, eterno e onipresente Sacerdote da Távola Redonda, uma versăo medieval inglesa relacionada ŕ mesa da Última Ceia, sob a proteção de Arthur ? Ou seria essa Mesa Redonda uma forma de os místicos simbolizarem os círculos do infinito celeste e a egrégora da Grande Fraternidade Branca?

Conta uma antiga lenda cristã, que José de Arimatéia teria recolhido no cálice, usado na Última Ceia, o sangue que jorrou de Cristo quando ele recebeu o golpe de misericórdia, dado pelo soldado romano Longinus, usando uma lança, depois da crucificação.

Em outra versão, teria sido a própria Maria Madalena, segundo a Bíblia a única mulher além de Maria (a mãe de Jesus) presente na crucificação de Jesus, que teria ficado com a guarda do cálice e o teria levado para a França, onde passou o resto de sua vida.

A lenda tornou-se popular na Europa nos séculos XII e XIII por meio dos romances de Chrétien de Troyes, particularmente através do livro "Le Conte du Graal" publicado por volta de 1190, e que conta a busca de Sir Percival pelo cálice.

Mais tarde, o poeta francês Robert de Boron publicou Roman de L'Estoire du Graal, escrito entre 1200 e 1210, e que tornou-se a versão mais popular da história, e já tem todos os elementos da lenda como a conhecemos hoje.

Finalmente, o poeta Wolfram von Eschenbach criou a mais inventiva e surpreendente versăo para a história do Graal, em sua obra "Parsifal", escrita entre os anos de 1210 e 1220. Ele supőe o Graal anterior a Cristo. O Graal teria sido, năo um cálice, mas uma pedra enviada a Terra há muito tempo atrás por espíritos celestiais. O Graal teria sido guardado por uma misteriosa irmandade de cavaleiros, chamados templáisen.

Na literatura medieval, a procura do Graal representava a tentativa por parte do cavaleiro de alcançar a perfeiçăo. Em torno dele criou-se um complexo conjunto de histórias relacionadas com o reinado de Artur na Inglaterra, e da busca que os cavaleiros da Távola Redonda fizeram para obtê-lo e devolver a paz ao reino. Nas histórias misturam-se elementos cristăos e pagăos relacionados com a cultura celta.

Segundo algumas histórias, o Santo Graal teria ficado sob a tutela da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomăo, também conhecida como Ordem do Templo, ou simplesmente "Templários". Instituiçăo militar-religiosa criada para defender as conquistas nas Cruzadas e os peregrinos na Terra Santa. Alguns associam os templários a irmandade que Wolfram cita em "Parsifal".

Segundo uma das versőes da lenda, os templários teriam levado o cálice para a aldeia francesa de Rennes-Le-Château. Em outra versăo, o cálice teria sido levado de Constantinopla para Troyes, na França, onde ele desapareceu durante a Revoluçăo francesa.

Os cátaros, acreditavam que este mundo é o verdadeiro inferno; que a encarnaçăo do Espírito do Cristo foi o verdadeiro sacrifício simbolizado na cruz do calvário. A Igreja Romana via o catarismo como um movimento reformista. No início do século XIII uma armada de cavaleiros do norte desceu pelo Languedoc para exterminar a heresia cátara e requisitar para si os ricos espólios da regiăo.

Conta-se que durante o assalto das tropas as fortalezas albigenses, apareceu no alto da muralha uma figura coberta por uma armadura branca. Os soldados recuaram, temendo ser um guardiăo do Santo Graal. Mas, prevendo a derrota, os cátaros, ocultaram o Santo Graal num dos numerosos subterrâneos onde estaria até hoje.

Nesse contexto histórico poderiam ser explicados os mistérios do Messias e as verdades que a Igreja proibiu sobre a "dinastia do cálice", a matança dos cátaros, as cruzadas e a história do abade Berenger Sauničre em Rennes-le-Château, no Languedoc.

A DINASTIA MEROVINGIA

Segundo algumas lendas, a descendência de Jesus era de sangue real, ele próprio herdeiro do trono de Jerusalém por ser descendente do Rei Davi, e migrou para a Europa, particularmente para a França e fundou a dinastia merovíngia, cuja posição, mais tarde, foi usurpada pelos carolíngios e pela Igreja Católica. Neste caso, o sangraal ou sangue real seria a própria descendência de Jesus, os merovíngios.

Os merovíngios se diziam descendentes de reis de Tróia, e isto justifica tantas localidades na França que possuem um nome que lembra Tróia, inclusive a cidade natal de Chrétien de Troyes, autor das primeiras histórias sobre o Graal.

Histórias revelam a existência de uma sociedade secreta, chamada Priorado de Siăo, que se dedica a defender a descendência Merovíngia e seu direito ao trono na Europa. Segundo algumas fontes, o Priorado do Siăo justifica este direito pela descendência direta de Jesus e do Rei Davi.

MARIA MADALENA

Além destas lendas, existem também outras histórias paralelas, como a que conta que o Santo Graal, na verdade, é o corpo de Maria Madalena.

Ela seria a esposa de Cristo e deveria ser a herdeira da nova religião.

A história também diz que junto ao cadáver desta, estariam preciosos pergaminhos e documentos escritos pelos apóstolos de Jesus e pelo próprio Cristo. Tais pergaminhos segundo a lenda, săo extremamente contraditórios com a Bíblia e portanto um verdadeiro tesouro sobre o legado de Cristo na Terra.

Em 1948, na localidade de Nag Hammadi, foram encontrados pergaminhos que continham evangelhos apócrifos, e cujo conjunto de textos foi chamado de biblioteca de Nag Hammadi

As cópias destes evangelhos supunham-se perdidas, pois haviam sido proibidas e queimadas pela Igreja após o concílio de Nicéia.

Entre estes documentos antigos encontra-se o "Evangelho de Maria Madalena", que apresenta inconsistęncias com os quatro evangelhos aceitos pela Igreja. Um dos pontos é que entre os seus discípulos, Maria Madalena é a preferida, e é ela que transmite os ensinamentos de Jesus aos outros.

Em outro documento da biblioteca de Nag Hammadi, o "Evangelho de Filipe", faz-se referência ao fato que Jesus a ama mais que aos outros discípulos e a beija com frequência.

Tudo isto fortalece a hipótese do casamento entre ambos, e que seja Maria Madalena e sua descendência os verdadeiros herdeiros da religiăo fundada por Jesus.

Um grande argumento em favor desta uniăo, é a de que era impensável que um judeu, naquela época, chegasse aos 30 anos sem estar casado.

A BUSCA DO GRAAL

Do ponto de vista místico, a busca do Graal representa a busca por uma vida superior, por progresso espiritual. Nas lendas arturianas, só é possível ŕs pessoas de coraçăo puro e isentas de pecado ver e tocar o cálice.

Para o iniciado, o caminho do GRAAL está indissoluvelmente unido a ideia de um sacrifício e de uma viagem cheia de perigos para alcançar a iluminaçăo, o renascimento ou a "vida eterna" segundo os cristăos. O início e o final da Busca do SANTO GRAAL săo, por isso mesmo, momentos cruciais, pois é uma busca que năo termina. O GRAAL tem que ser constantemente buscado no coraçăo, na mente e no espírito; sua revelaçăo final representa aquele ideal de subida aos planos superiores de existência, objetivo máximo de todos os místicos. Ao entrar em comunhăo consigo mesmo, o místico descobre năo uma melancolia - a cor negra, "nigredo" para os alquimistas - mas um parceiro interno, uma relaçăo que se assemelha ŕ alegria de um amor secreto. Este estágio da vida iniciática é representado pela primavera oculta, onde as sementes brotam da terra nua, trazendo as promessas de futuras colheitas.

Non Nobis Domine, Non Nobis, Sed Nomini Tuo, da Gloriam!

( Năo por nós Senhor, năo por nós, mas para a glória de Teu nome! )


A MAÇONARIA - Grêmio Fênix



Não possui a Maçonaria leis gerais nem livro santo que a definam ou obriguem todo o maçom através do Mundo; não sendo uma religião, não tem dogmas.

Em cada país e ao longo dos séculos, estatutos numerosos se promulgaram e fizeram fé para comunidades diferentes no tempo e nos costumes. Mas isso não obsta a que a Maçonaria possua certo número de princípios básicos, aceites por todos os irmãos em todas as partes do globo.

É essa aceitação, aliás, que torna possível a fraternidade universal dos maçons e a sua condição de grande família no seio da Humanidade, sem que, no entanto, exista uma potencia maçônica à escala mundial nem um Grão-Mestre, tipo Papa, que centralize o pensamento e a ação da Ordem.

CONSTRUÇÃO

Vejamos o seu nome Maçonaria vem provavelmente do Frances "Maçonnerie", que significa uma construção qualquer, feita por um pedreiro, o "maçom". A Maçonaria terá assim, como objetivo essencial, a edificação de qualquer coisa. O maçom, o pedreiro-livre em vernáculo português, será, portanto o construtor, o que trabalha para erguer um edifício.

JUSTIÇA SOCIAL

A Maçonaria admite, portanto, que o homem e a sociedade são susceptíveis de melhoria, é passível de aperfeiçoamento. Por outras palavras, aceita e promove a transformação do ser humano e das sociedades em que vive. 

Mas, para além da solidariedade e da justiça, não define os meios rigorosos por que essa transformação se há de fazer nem os modelos exatos em que ela possa desembocar. Nada há, por exemplo, no seio da Maçonaria, que faça rejeitar uma sociedade de tipo socialista ou de tipo liberal. O que lhe importa é um homem melhor dentro de uma sociedade melhor.

ACLASSISMO

Dos ideais de justiça e solidariedade humanas, levados até as últimas conseqüências, resulta naturalmente o ser a Maçonaria uma instituição aclassista e anticlassista, englobando representantes de todos os grupos sociais que, como maçons, devem tentar esquecer a sua integração de classe e comportar-se como iguais. "A Maçonaria honra igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual", rezava o artigo 6s da Constituição de 1926.

E, nos requisitos para se ser maçom, exige-se apenas, para além de diversas condições morais e intelectuais que mais adiante serão mencionadas, o exercer-se uma profissão honesta que assegure meios de subsistência.

É verdade que a exigência de se possuir a instrução necessária para compreender os fins da Ordem exclui, desde logo, os analfabetos e grande parte das massas populares (em Portugal, entenda-se). E é verdade também que a maioria dos maçons proveio e continua a provir dos grupos burgueses. Mas isso se deve apenas as condições históricas em que todas as sociedades tem vivido nos últimos 200 anos.

A medida que as classes trabalhadoras vão atingindo mais elevado nível social e cultural, assim o número de maçons delas oriundo tende a aumentar paralelamente. 

Em Maçonarias de países como a Grã-Bretanha, a França ou a Holanda, o caráter aclassista da Ordem Maçônica nota-se com muito maior intensidade do que em Portugal ou na Espanha.

APERFEIÇOAMENTO INTELECTUAL

O aperfeiçoamento do homem e da sociedade não se traduz apenas, para o maçom, em termos de melhoria economico-social. Traduz-se também, e, sobretudo, em termos de melhoria intelectual, do afinamento das faculdades de pensar e de enriquecimento adquiridos.

Livre pensamento, para começar. "A Maçonaria é livre-pensadora", dizia o artigo 3º da Constituição de 1926. Mas livre pensamento não coincide necessariamente com ateísmo. 

Já um texto famoso e respeitado dos primórdios da instituição, as Constituições de Anderson, de 1723, dizia que o maçom que entendesse bem de "Arte", "nunca será um ateu estúpido ou um libertino irreligioso. Mas embora - continuava o texto - nos tempos antigos os maçons fossem obrigados, em cada país, a ser da religião, fosse ela qual fosse desse país ou dessa nação, considera-se agora como mais a propósito obrigá-los apenas aquela religião na qual todos os homens estão de acordo, deixando a cada um as suas convicções próprias (...)".

Hoje, talvez a maioria dos maçons professe um deísmo ou teísmo de conceitos vagos e alegóricos, embora não faltem ateus nem crentes de variadas religiões, desde o cristão ao muçulmano. O que todos rejeitam são dogmatismos e exclusivismos confessionais.

FRATERNIDADE

Levados às últimas consequências, os princípios atrás mencionados teriam de implicar uma fraternidade de tipo universal. Este é não só um principio teórico, mas uma norma de prática quotidiana. "A Maçonaria é uma instituição universal (...). Todos os maçons constituem uma e a mesma família e dão-se o tratamento de irmãos, sendo iguais perante a lei", dizia o artigo 7º da Constituição de 1926.

“A Maçonaria estende a todos os homens os laços fraternais que unem os maçons sobre a superfície do globo" (artigo 5º do mesmo texto). Através do ritual, que inclui vocabulário próprio e sinais de reconhecimento específicos, um maçom português pode contatar com um maçom japonês e receber dele ou transmitir-lhe ajuda e apoio de qualquer gênero.

  De fato, um dos deveres importantes do maçom, inserto nas Constituições do mundo inteiro, consiste em reconhecer como irmãos todos os maçons, tratá-los como tais e prestar-lhes auxílio e proteção, a suas viúvas e filhos menores. A história da Maçonaria está cheia de casos que provam o geral cumprimento deste dever.

DEMOCRACIA E IGUALDADE

Democracia e igualdade encontram-se também entre os princípios básicos da instituição maçônica. Todo o poder reside no povo, como o atestava o artigo 18s da Constituição de 1926, ao dizer que "A Ordem Maçônica em Portugal só reconhece a soberania do povo maçônico". Todos os maçons são iguais, independentemente do grau a que pertençam. "Durante as sessões maçônicas - rezava o artigo 17º, § único - todos os obreiros, qualquer que seja o seu grau ou o seu rito, estão sujeitos a mais perfeita igualdade, prevalecendo à opinião da maioria, quando não seja contrárias as leis e regulamentos".

  Por sua vez, as células de organização e de trabalho da Ordem, as chamadas Oficinas, "são todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si" (artigo 12s da Constituição). Nas Maçonarias de todo o mundo, o Grão-Mestre e os Grão-Mestres adjuntos são eleitos pela totalidade do povo maçônico, variando apenas a forma dessa eleição. Em muitos países, qualquer maçom, aliás, desde que tenha atingido a condição de Mestre (ou seja, maçom perfeito) pode, em teoria, ser eleito Grão-Mestre. Outro tanto se verifica nas eleições para os múltiplos cargos de cada oficina.

OFICINAS (LOJAS)

Cada Maçonaria nacional está estruturada em células autônomas, "todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si", designadas por oficinas. Existem dois tipos de oficinas, chamados lojas e triângulos. A loja é composta por um mínimo de sete maçons perfeitos, não conhecendo limite máximo de membros. O triângulo é composto por três maçons perfeitos, pelo menos, e por seis, no máximo, passando a loja quando um sétimo membro se lhe vem agregar.

Uma loja completa possui sete funcionários, que são:

- Venerável ou Presidente, que preside aos trabalhos e os orienta.

- Primeiro Vigilante, que dirige os trabalhos dos companheiros e vela pela disciplina geral.

- Segundo Vigilante, que tem por função a instrução dos aprendizes.

- Orador, encarregado de fazer a síntese dos trabalhos e deles extrair as conclusões; é ainda o representante da Lei maçônica.

- Secretário, que redige as atas das sessões e se ocupa das relações administrativas entre a loja e a Obediência.

- Mestre de Cerimônias, que introduz na loja e conduz aos seus lugares os visitantes, e ajuda o Experto nas cerimônias de iniciação.

- Tesoureiro, que recebe as quotizações e outros fundos da loja e vela pela sua organização financeira.

Os cargos, do Venerável ao Segundo Vigilante, são chamados as luzes da oficina.

O MITO DE SÍSIFO - ENTRE ENGANOS E CASTIGOS - Jorge Gonçalves


Sísifo, rei da Tessália e, em algumas versões, fundador de Corinto, traiu Zeus ao revelar o segredo do rapto da filha do deus-rio Asopo. Em resposta, Zeus enviou Tânatos, deus da morte, para capturar Sísifo. Este, por sua vez, o enganou e o aprisionou, suspendendo as mortes. Ares, deus da guerra, teve que intervir para libertar Tânatos e restabelecer a ordem. Após a libertação, prevendo a inevitabilidade de sua morte, Sísifo instruiu astutamente sua esposa a não realizar seu funeral.

No submundo, Sísifo, ao iludir Hades, queixou-se sobre o desprezo de sua mulher e solicitou inteligentemente retornar à vida para puni-la. Hades concordou, mas Sísifo, é claro, não cumpriu o acordo. Em resposta às trapaças do rei, Hermes, filho bastardo de Zeus e mensageiro das almas, castigou-o por seu caráter questionável.

*Como punição, Sísifo foi condenado a rolar uma pedra até o topo de uma colina, apenas para vê-la cair novamente, repetindo essa tarefa eternamente.*

Sísifo, o rei inteligente, mas de caráter duvidoso, escolheu a enganação e artimanhas, resultando em um castigo implacável.

*Bibliografia*

Classical Mythology A to Z: An Enciclopédia of Gods & Goddesses, Heroes & Heroines, Nymphs, Spirits, Monsters, and Places

janeiro 28, 2024

RECORDAÇOES - Minhas experiências aéreas (2) - Michael Winetzki


        Por força do trabalho na divulgação da telemedicina, na empresa que eu trouxe para o Brasil, viajei incontáveis horas, em todos os horários, literalmente do Oiapoque ao Chuí, de Porto Alegre a Belém passando por todas as capitais e principais cidades do país. Nunca gostei muito de voar, porem ossos do ofício, eu tinha de o fazer. Mas nunca houve grandes problemas. Perdi um avião em Cuiabá porque não prestei atenção na diferença de fuso horário. A comida, na época, era boa, o pessoal de bordo e de aeroporto atencioso, as aeromoças bonitas, um colírio para os olhos.

        Mas nas viagens para o exterior houve aventuras sim.

        Indo para uma convenção no Havaí, perdemos o avião em Los Angeles porque a van da American Airlines que nos transportava ficou retida em um enorme congestionamento. Pronto, que grande problema pensei. Foi uma oportunidade de ouro. A companhia aérea nos realocou no próximo voo na primeira classe, como compensação do problema. Foi a primeira e única vez na vida que eu senti como vivem os milionários que podem pagar estas passagens. Foi maravilhoso.

        Num voo para Israel, com escala em Frankfurt, desembarcamos num terminal afastado que estava cercado por tanques e soldados armados. Parecia que estávamos entrando numa guerra. Nada, A segurança havia recebido uma ameaça de ataque terrorista a passageiros que se destinavam a Israel, razão daquela estrepolia toda. Mas houve mais. Eu estava levando cinco quilos (10 pacotes) de café da marca Brasileiro, com que iria presentear meus amigos em Israel. No Brasil não houve problemas no embarque, mas na Alemanha abriram todos os pacotes com uma faca e jogaram todo o café fora. Fiquei sabendo mais tarde que traficantes colocavam cocaína em pacotes de café porque o forte cheiro da bebida por vezes enganava os cães farejadores.

        Numa escala em Paris no Aeroporto Charles de Gaulle tínhamos de aguardar a conexão por umas quatro horas. Sem ter muito o que fazer sentei em um café e pedi caríssimos croissants. Foi extraordinário. Talvez um dos melhores sabores que provei na vida. Valeu cada centavo do valor que paguei por eles e nunca mais, em lugar algum, pude provar algo igual.

        Entrar e sair por aeroporto em Israel é sempre uma aventura. Eu fui muitas vezes, mas como tenho passaporte israelense para mim era apenas formalidade. Mas em ocasiões diferentes fui acompanhado uma vez pelo meu cliente, o médico Dr. Branco, um nordestino bem moreno com aparência de árabe e em outra pelo meu companheiro de Rotary e padrinho de casamento, Chucre Suaid, um descendente de libaneses nascido em Uberlândia. É complicado explicar como éramos parados para vistoria em praticamente todos os lugares que íamos, e após explicar que éramos do Brasil nos liberavamos, algumas vezes com desculpas e em outras com resmungos.

        Chucre, solteiro na época, foi uma noite em uma boate e nos contou na manhã seguinte que havia caído nas graças de uma linda loura, de pernas longas e roupa de tigresa, que quis saber detalhes de sua vida enquanto ele tomava seu uísque. Ele se encantou com a jovem que só veio a rever alguns dias depois, vestida em uniforme militar, quando estávamos no aeroporto retornando. Foi aí que a ficha caiu.

        Uma das ocasiões que fui a Israel levando comigo alguns médicos fizemos uma escala no Aeroporto de Zurich, na Suíça. Estávamos com as malas nos carrinhos e no carrinho do Dr. Luís César o seu notebook estava naquele suporte que fica próximo a barra de empurrar. Enquanto ele marcava a passagem no balcão da empresa deixando o carrinho um pouco atrás de si o notebook sumiu. Ninguém viu nada. Como o voo saía em seguida não deu nem tempo de reclamar na polícia, mas ficou a preciosa lição, não é só no Brasil que existem larápios em aeroportos.

        O aeroporto Incheon de Seul é o mais espetacular de todos os aeroportos que conheci. Enorme e limpíssimo, bem longe da cidade, ele parece uma cidade por si só. Tem hotéis, spa, jardins por toda a parte, um cassino e até acreditem, um campo de golfe. As lojas são maravilhosas e talvez seja necessária uma semana inteira para que se possa conhece-lo todo. No entanto tudo funciona com perfeição.

        Retornando da Coréia do Sul para o Brasil, em companhia de dois amigos, o avião ficou retido na Bélgica por conta de uma forte nevasca. Era por volta das 20h00 e o voo só sairia na manha seguinte depois que as máquinas retirassem a neve das pistas. Eu sempre uso uma bandeirinha do Brasil na roupa ou no boné quando viajo para o exterior. Decidimos ir experimentar a excelente cerveja belga na Grand Place, uma das principais atrações da cidade e onde nos disseram havia uma profusão de bares nas imediações. Verdade, havia mesmo. No primeiro bar que entramos, ao identificar a bandeira fomos chamados para participar de um alegre e ligeiramente embriagado grupo, umas seis pessoas. Dali a duas horas nos levaram para outro bar e o grupo aumentou. No quarto bar, já na hora de retornar para o aeroporto, um grupo de mais de 20 pessoas já bem mais alegre e alcoolizado, nos acompanhou de volta ao terminal cantando e gritando como se houvessem ganhado um campeonato de futebol. Noite inesquecível. Ah, não pagamos nenhuma conta.

     Uma outra ocasião ficaríamos aguardando por cerca de oito horas numa escala no Aeroporto de Amsterdã. Ele é bem grande, mas muito agradável. Tem uma estação de metrô dentro do aeroporto. Decidimos ir almoçar na cidade que nos disseram ficava a 20 ou 30 minutos de trem do terminal. Fomos comprar as passagens no guichê, mas dali até entrar no trem ninguém as pediu para ver. Não havia catraca nem nada. Entrava-se no vagão direto. Poder-se-ia viajar sem pagar nada.  Perguntamos a um nativo a razão disso e o holandês explicou, faz parte da cultura holandesa a confiança no cidadão. Ao retornarmos ainda havia muito tempo disponível e havia uma exposição com quadros de Rubens que o Museu Nacional da Holanda – Rijksmuseum – fornecia e trocava periodicamente. Era absolutamente espetacular. O tempo foi pouco para curtir algumas das mais espetaculares obras da história da arte.

        Há muitas outras aventuras que contarei em outra postagem.

É UM POEMA - Adilson Zotovici


O mundo é um poema !

Que o Arquiteto Universal

Brindou-nos profundo tema

De afeto, a “Arte Real”


Quão grandiosa, genial

Que desfaz algum dilema

E apraz desde o inicial

Atemporal o sistema


Antropocêntrica, fulcral

Geometria, teorema

Sabedoria, filosofal


As Artes como emblema

E o puro amor fraternal

Como o principal lema 

RECORDAÇÕES (Minhas experiências aéreas 1) - Michael Winetzki




        Eu me permito postar no blog algumas lembranças que povoam minha memoria em noites insones e aqui recordo minhas experiências aéreas - a primeira parte delas. 

            Voei pela primeira vez em 1966, quando um colega de classe no curso ginasial, Cory Ronald Blume de Araújo, que era instrutor do Aero Clube de Sorocaba, muito ativo na época, me levou para um voo panorâmico sobre a cidade. Voei mais algumas vezes com ele em domingos. Fiquei muitos e muitos anos sem voar, até a minha mudança para Campo Grande, MS, em 1976, quando fui trabalhar como corretor de imóveis com Alípio Rodrigues, então dono da Imobiliária Radar e nas horas vagas piloto de acrobacias. Alípio chegou a comprar um avião para realizar o que na época eu considerava loucuras. Ele fazia as mesmas manobras realizadas pela Esquadrilha da Fumaça, mas jamais se acidentou com o avião. Veio a falecer em um banal acidente de automóvel.

        Também cheguei a dar um voo com o piloto que tinha o brevê de aviador número 1 do país, Comte. Rocha, e que era então esposo de minha secretária Rosangela. Mas tive contato mais frequente com aviões no Mato Grosso do Sul quando encontrei o querido amigo Francisco Antônio van Spitzenbergen, que todos conheciam por Chico Piloto e que voava para o empresário José Adelino de Carvalho, o Zelão de Coxim, que era nosso patrão em comum. Zelão tinha supermercados, máquinas de arroz, concessionária de automóveis, mas seu negócio principal era o garimpo de diamantes em Poxoréu, Torixoréu e outras localidades. Era um dos maiores comerciantes da pedra preciosa no país e voava continuamente para seus garimpos. Eu era sócio minoritário da Brilhante Joias em Campo Grande, de sua propriedade, e voei muitas vezes de Campo Grande para Coxim em seu avião. Meu amado amigo Chico faleceu muitos anos depois em um acidente aéreo pilotando seu próprio avião em MT.

        Através do Alípio conheci o Cel. Aral Cardoso, cuja mãe recebeu um honroso título da Aeronáutica, porque seus seis filhos se tornaram pilotos, alguns militares e outros civis. Tenho um livro que conta a história da família, e através do Aral fui apresentado ao Angelo Coló, de família sorocabana e que era o agente da Vasp na cidade. Nos tornamos bons amigos. Coló era conhecido do Comte. Rolim, da TAM, e este lhe ofereceu a representação da sua empresa aérea. O contrato com a Vasp não permitia, ele me apresentou ao Comte. Rolim e acabei me tornando o agente da TAM em Campo Grande, Três Lagoas e Ilha Solteira, e passei a voar com frequência nos apertados aviões Bandeirantes e depois nos Fokker.

        Os voos para São Paulo através de Araçatuba e Bauru ou através de Londrina eram diários, exceto aos domingos. O Bandeirante chegava a Campo Grande no sábado e decolava na segunda. Tive a ideia de fazer uma conexão para Porto Murtinho, um dos paraísos de pesca no Brasil, em parceria com um belíssimo hotel na beira do Rio Paraguai que pertencia à família Baís. O voo levava o grupo de pescadores no sábado para uma semana de pescaria e trazia de volta o grupo da semana anterior. Na primeira temporada de pesca a linha foi um sucesso, mas fora da temporada não havia demanda e Rolim acabou por desativá-la. Foi o fim de minha efêmera experiência como empreendedor aéreo. Ainda permaneci como agente da TAM por alguns anos, mas eu tinha outros negócios em vista, montei uma loja e a agência tomava tempo demais. Pesei os prós e contras e devolvi a representação, mas permaneci amigo do Comte. Rolim até a sua morte em Pedro Juan Caballero.

        A TAM tinha sua agência principal na Av. S. Luiz com a Major Quedinho, na galeria do prédio onde funcionava o Hotel Jaraguá e o jornal O Estado de S. Paulo, e Rolim que era louco pela Pantanal me pediu para organizar uma exposição de fotografias na agência com um coquetel, quando da inauguração da linha de Porto Murtinho. Ele convidaria a imprensa para documentar. Organizei um belo evento e recebi da TAM um voucher para hospedagem no Hotel Hilton, (foto) que era próximo e dava para ir a pé. Depois da festa, ao retornar ao hotel descobri que o frigobar estava trancado. Liguei para a portaria e alguém me disse, que por estar hospedado como cortesia, não tinha direito ao frigobar.

        Comentei o fato com o Comandante no dia seguinte e ele ligou para o gerente do hotel dizendo que quando dava uma cortesia de voo para os funcionários do hotel ele não mandava cortar o lanche servido nos aviões e me orientou a descrever o fato numa carta que iria encaminhar. Fiz isso e a partir daí passei a ser assediado pela gerência do Hilton me convidando insistentemente para voltar ao hotel. Retornei a SP dois meses depois e fui atender o convite. Já havia uma ficha minha com um enorme carimbo VIP. Fui encaminhado para uma suíte maravilhosa cuja cama tinha uns 3x3 mts. Havia uma grande cesta de frutas no quarto, vinho, champanhe e uma necessaire com todo tipo de perfumarias e cosméticos personalizados, um bilhete dizendo que tudo era cortesia e ainda um convite para jantar com o gerente. Durante o jantar o gerente me contou que a carta havia pousado na matriz nos Estados Unidos e por se tratar de documento enviado pelo dono de uma das maiores empresas aéreas do país criou uma revolução. A ordem era que eu, a vítima, deveria me retratar por escrito ou as consequências seriam sérias. Por isso aquela mordomia toda. Passei uns três dias com vida de milionário, escrevi a tal carta dizendo que estava satisfeito e nunca mais voltei ao Hilton, mas devo destacar o cuidado com que eles tratam o hóspede desde a matriz e o enorme prestígio internacional do Comte. Rolim. Vi ainda outras coisas com o Comte., um notório paquerador, mas o respeito à sua memória e a sua família jamais permitirão que eu as conte.

SEGUE

janeiro 27, 2024

DIA INTERNACIONAL EM MEMORIA DAS VITIMAS DO HOLOCAUSTO

A libertação de Auschwitz é relembrada mundialmente a 27 de janeiro, data que marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. 

Na manhã de 27 de janeiro de 1945, 7500 prisioneiros em Auschwitz foram libertados pela 322ª Divisão de Rifles do 60.º Exército de Frente Ucraniana do Exército Vermelho. Os oficiais da URSS enfrentaram duras penas e batalhas, fome e frio, e situações de desespero extremo, o indizível, para libertar o mundo do terror nazi-fascista.

O primeiro homem a abrir os portões de Auschwitz foi o Comandante Anatoly Pavlovich Shapiro, judeu ucraniano, herói condecorado por bravura em quatro ocasiões com as honrarias máximas do Exército Vermelho.

O Comandante Shapiro treinou 900 homens para a Libertação de Auschwitz-Birkenau. Recebeu em vida as honras pela sua coragem, e faleceu em 2005. Deixou registrado em livros suas memórias e concedeu entrevistas.

Os homens que libertaram Auschwitz seriam suas vítimas. Honra e glória ao destacamento do Comandante Shapiro, para todo o sempre! 

OITO PASSOS PARA A EXCELÊNCIA: A LOJA OBSERVANTE- Andrew Hammer





        A crescente popularidade da ideia da Maçonaria “observante” encontrou Irmãos em todos os cantos da Ordem perguntando o que é exatamente uma Loja observante e como poderiam fazer para aumentar a observância Maçônica nas suas próprias Lojas. Este documento oferece oito medidas básicas que, se respeitadas, devem resultar no desenvolvimento de uma Loja observante. Cada uma destas etapas é inteiramente consistente com as Constituições de Anderson (o documento fundamental da Primeira Grande Loja, publicado em 1723 e doravante referido simplesmente como o Livro das Constituições), ou com a prática Maçônica histórica na América do Norte, ou ambas. Nada proposto nelas é estranho às nossas Grandes Lojas ou às suas respectivas histórias. O sucesso ou fracasso destas etapas depende inteiramente dos Irmãos de cada Loja.

        Em primeiro lugar, no entanto, pode ser útil oferecer uma resposta à questão principal: o que se entende exatamente por “observante”?

        De forma simplificada, a Maçonaria observante significa observar a intenção dos fundadores da Maçonaria especulativa. Essa intenção não era construir um mero clube social ou uma organização de serviços. Embora a Ordem – como qualquer outra organização humana – tenha sido sempre sobrecarregada por homens nas suas fileiras que subverteram os propósitos da fraternidade para um empreendimento mais mundano ou profano, esta nunca foi a intenção da instituição.

        A intenção era construir uma instituição que convocasse o homem ao seu mais alto nível de ser social, em estado de dignidade e decoro, que pudesse servir de espaço para um discurso sério e atento sobre as lições e o sentido da vida, e a busca do melhor desenvolvimento de si mesmo. Esta intenção significa construir um espaço onde tal experiência possa ser criada e conduzir-nos de uma maneira que seja consistente com os nossos mais elevados ideais e mais nobres comportamentos.

        Os Maçons observadores acreditam que, observando o que a história da nossa Ordem nos diz em relação a essa intenção, encontraremos a experiência Maçônica ideal. Dizemos observador, e falamos de observância, porque procuramos observar os projetos dessa intenção com o melhor do nosso conhecimento e capacidade. Ainda mais simplesmente, queremos fazer as coisas certas e não queremos contentar-nos com menos. Queremos encontrar a excelência em todos os aspectos do nosso trabalho Maçônico.

        Os oito passos oferecidos aqui provaram ser bem-sucedidos em aumentar em muito a experiência da Maçonaria para os Irmãos, novos e antigos. Eles servem como um sistema de controle de qualidade para a operação de qualquer Loja e, quando seguidos, resultam num grupo de homens que, independentemente do número de membros da sua Loja ou da natureza externa do seu templo, podem encontrar um sentimento de realização e orgulho no que fizeram e em quem se tornaram. Isto também é consistente com a intenção dos nossos fundadores.

1. GUARDAR A PORTA DO OCIDENTE

        Este ponto é o primeiro de todos, porque nós somos nada mais, nada menos, do que aqueles que deixamos entrar na nossa Fraternidade. Nem todo o homem deve ser Maçom, e nem todo homem que deve ser Maçom pertence a uma Loja. Os Irmãos têm o direito e a responsabilidade de determinar os padrões da sua própria Loja e de fazer perguntas incisivas aos homens que batem à sua porta. As Lojas deveriam dedicar algum tempo para primeiro conhecer os homens que batem à sua porta, e não simplesmente assinar qualquer petição apenas porque um homem tem um interesse. Os Irmãos que assinam uma petição por um homem precisam de saber por quem estão assinando e, mais importante, precisam de estar dispostos a servir como seu mentor. Este é um ponto fundamental da responsabilidade para com todos os Irmãos. Não peça a um Irmão da sua Loja para fazer o trabalho de mentor por si. Se não está disposto a dar o seu tempo ao peticionário, como pode pedir à sua Loja que o dê?

2. SER PROFICIENTE EM DIREITO E RITUAL MAÇÔNICO

        Proficiência é uma função essencial de qualquer Loja observante, porque devemos saber o que estamos a fazer e porquê, se queremos manter os mais altos padrões das nossas respectivas Grandes Lojas. Não adianta reivindicar o manto de excelência se a sua Loja não for conhecedora do ritual e da lei maçônica da sua Obediência. A Maçonaria significa ordem, não anarquia. Se deseja manter essa ordem, bem como a harmonia entre a sua Loja e a Grande Loja, deve aprender e seguir as regras que cada Irmão se obrigou a respeitar. Uma Loja observante não é uma Loja renegada. Pretende ser exemplar.

3. UM COMPROMISSO DE FAZER PROGREDIR OS IRMÃOS ATRAVÉS DOS GRAUS POR ESFORÇO MÚTUO E GENUÍNO

        O progresso nos graus requer um compromisso mútuo de tempo e esforço do candidato e do mentor. Alguma forma de proficiência, seja pelo catecismo, ou pelos documentos entregues perante a Loja, deve ser exigida antes de permitir que qualquer Irmão avance. Caso contrário, o Irmão fica a saber que o seu progresso não tem valor mensurável, a não ser pela sua mera presença. Certamente, nem todo homem pode fazer o trabalho de memória, e nem todo homem é um escritor. Mas se não está disposto a sequer tentar fazer qualquer um deles, então talvez simplesmente não deva ser um Maçom para começar. O mesmo vale para o mentor, que, embora possa ser experiente, não deve escolher o caminho mais fácil quando se trata do conhecimento que se comprometeu a transmitir ao seu aprendiz.

4. A SELEÇÃO E PROGRESSÃO DOS OFICIAIS DEVEM SER FEITA APENAS COM BASE NO MÉRITO

        Este passo, embora reconhecidamente difícil para alguns, está firmemente alicerçado no Livro das Constituições, sem dúvida. A Maçonaria nunca pretendeu a adoção de uma linha progressiva. Uma linha de progressão só deve funcionar quando o próximo homem na linha, tiver a plena fé e confiança dos seus companheiros de que ele dirigirá e governará a sua Loja adequadamente, porque aprendeu cabalmente os requisitos da sua função. Claro, a natureza humana é o que é, e erros sempre podem acontecer, mas eles podem ser mitigados se tal padrão for estabelecido, porque ninguém avança até e a menos que esteja pronto para o fazer. A única forma de justificar uma linha de progressão é se cada oficial carrega o peso até ao limite do seu cargo, enquanto ao mesmo tempo se prepara diligentemente para avançar para o próximo. As Lojas ignoram esta etapa por sua própria conta e risco.

5. VESTINDO O SEU MELHOR PARA A SUA LOJA

        O modo como cada um se apresenta diante da Loja é um sinal de quanto valoriza tanto os Irmãos como a Ordem. Na maioria das Lojas do mundo, fato escuro e gravata é o mínimo necessário para se conseguir admissão. É o que os Irmãos esperam uns dos outros numa Loja observante, e certamente acrescenta à noção de que uma reunião Maçônica não é apenas mais uma noite fora, mas um evento especial, digno de ser considerado tão especial quanto cada um de nós deveria acreditar que a Maçonaria deve ser. Para além disto, a dignidade expressa externamente através do vestuário, serve como uma superestrutura, ajudando a realçar aquela dignidade que só pode ser criada a partir de dentro.

6. UMA LOJA DEVE OFERECER CERIMÔNIAS DE QUALIDADE E ESTAR DISPOSTA A INVESTIR NELAS

        As quotas de uma Loja devem ser fixadas num nível que permita à Loja não apenas se sustentar e apoiar, mas poder disponibilizar uma qualidade de experiência que diga aos Irmãos que as suas Sessões são oportunidades para se elevar acima do comum. Boas refeições, servidas em mesas festivas adequadas, são essenciais. A mesa festiva transmite a sensação de convivência que ajuda a construir uma verdadeira fraternidade, e é historicamente estabelecida na Fraternidade não apenas como um simples jantar, mas, honestamente, como a segunda metade de uma Sessão da Loja. Uma Loja observante não pode renunciar a isto.

        Uma Loja deve decidir que a Maçonaria é uma coisa de valor e determinar adequadamente esse valor de tal forma que permita à Loja trabalhar de uma maneira que reflita claramente esse valor. Os nossos jantares e eventos sociais devem refletir o valor que colocamos em nós mesmos. O excesso não é o objetivo; a qualidade é. O problema é que muitos de nós esquecemos o que é qualidade, a ponto de considerarmos pretensiosos quaisquer gastos conosco. Mas se os maçons devem ser homens de distinção interior, então estamos totalmente justificados em nos tratarmos com o melhor que podemos pagar na vida. Não devemos esperar menos da Ordem ou de nós mesmos.

7. O RETORNO DE UM SENTIMENTO DE ADMIRAÇÃO ÀS NOSSAS CERIMÔNIAS

        Devemos trazer de volta aquelas coisas que em tempos estavam nas nossas lojas, e que ajudavam a criar uma atmosfera contemplativa única tanto para o candidato quanto para a Loja. Entre elas estão o uso da música, a manipulação da luz e das trevas, a Câmara de Reflexão e o momento de encerramento que forma o que é conhecido como Cadeia de União. Considere que a sala de preparação do candidato não é e nunca foi concebida para ser um mero vestiário. Considere que a noção de um “grupo sagrado de Irmãos” pode aludir a uma manifestação física dessa sacralidade. Considere que a música sempre fez parte das nossas cerimônias e que o Livro das Constituições termina com uma coleção de cantos. Todas estas coisas fazem parte de quem somos; não são inovações de jurisdições posteriores ou empréstimos da Maçonaria Europeia. 

        Até mesmo o uso de incenso é ritualmente mencionado nas primeiras Sessões da Ordem. A ideia é estimular e gerir a experiência sensorial dos Irmãos, no esforço de criar o sentido de singularidade que se espera de uma experiência Maçônica. Aqui, novamente, nada há de estranho em usar os sentidos numa reunião Maçônica. Os nossos rituais ensinam a importância de cada um desses sentidos, de forma extensiva; não os usar nas nossas Sessões é da maior negligência e erro. Recusar a aura de mistério aos nossos rituais é recusar-se a reconhecer a nossa própria herança e história, e negar o lugar apropriado e a aplicação do pilar da Beleza à Loja.

8. EDUCAÇÃO MAÇÔNICA EM TODAS AS SESSÕES

        
A própria origem da Maçonaria está na educação. Quer seja a educação prática em lapidação encontrada na parte operativa da Maçonaria, ou a busca do conhecimento interior e da ciência que nos é apresentada pela parte especulativa; a fundação da Ordem é inexoravelmente baseada no ensino e na aprendizagem. Sem ela, simplesmente não há Maçonaria a ocorrer numa Loja. Portanto, cada reunião da Loja deve oferecer alguma quantidade de educação Maçônica, seja através dos graus, ou através de apresentações sobre as várias lições da Arte. Mesmo uma palestra de dez minutos focada no significado simbólico de uma única ferramenta de trabalho é muito melhor do que uma reunião em que nada além de doações, regulamentos e quotas estão na agenda. Uma Loja atenta valoriza a função educacional da Maçonaria no seu florescimento; o Maçom observante responsabiliza a fraternidade pela sua promessa de conceder luz, e pretende recebê-la da Ordem em todos os sentidos: espiritual, literal e intelectual. Numerosos documentos e manuais das nossas Grandes Lojas, abrangendo pelo menos os últimos dois séculos, tornam clara a injunção para que todos os maçons busquem conhecimento. Esta mesma injunção estende-se por progressão natural a cada Loja e, como resultado, uma Loja sem educação Maçônica não pode ser uma Loja observante e, sem dúvida, não é uma Loja, na verdadeira acepção da palavra. A busca por mais luz está no cerne da Maçonaria. A observância é impossível sem ela.



COMPREENSÃO x CONHECIMENTO - Sidnei Godinho


Meus irmãos,

Quantas vezes já não nos deparamos com situações similares em nossas lojas???...

Irmãos que por terem iniciados há mais tempo se julgam os "Donos" do conhecimento e insistem em suas falas como "Senhores" da Verdade.

Irmãos que se esqueceram da Frequência em Loja e nas pouquíssimas vezes que aparecem, fazem questão de tudo retrucar, na prepotência de um falso saber, e se manifestam, com aquelas alegações de que: ... Sempre fiz assim; é assim que funciona; quando fui VM fiz assim; vocês ainda têm muito a aprender, etc...

Enfim, o que lhes falta é a HUMILDADE para reconhecer que ainda nada Compreenderam dos princípios que regem esta Sagrada Ordem Iniciática.

Observem esta pequena história (ou que seja uma parábola) e tomem como aprendizado para que tenhamos não apenas o Conhecimento, mas principalmente a COMPREENSÃO. 

No Curso de Medicina, o professor se dirige ao aluno e pergunta:

- Quantos rins nós temos?

- Quatro! Responde o aluno.

- Quatro? Replica o professor, arrogante, daqueles que sentem prazer em tripudiar sobre os erros dos alunos.

- Tragam um feixe de capim, pois temos um asno na sala, ordena o professor a seu auxiliar.

- E para mim um cafezinho! Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.

O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala.

O aluno (alguns dizem) era Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), o 'Barão de Itararé',  (ou Ghandi para outros). (à confirmar) 

O importante é a lenda criada para servir como arquétipo da prepotência para alguns ou da tolerância para outros. 

Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:

- O senhor me perguntou quantos rins " *NÓS TEMOS*".

'NÓS' temos quatro: dois meus e dois seus. "

*NÓS*" é uma expressão usada para o plural.

Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.

Moral da História:

A VIDA EXIGE MUITO MAIS COMPREENSÃO DO QUE CONHECIMENTO.

Às vezes as pessoas, por terem um pouco a mais de Conhecimento, ou acreditarem que o tem, acham-se no direito de subestimar os outros...

E haja capim!!!




janeiro 26, 2024

DEVER PARA O MAÇOM - Celso Sichieri


Desde  a  iniciação  o  maçom  aprende  sobre  seus  deveres, muito  antes  de  saber  quais  os  seus  direitos.

Já  antes  do início  da  cerimônia,  o  candidato  responde  a  um  questionário onde  encontra  perguntas  como:  “Quais  são  seus  deveres  para com  a  família?”  e  “Quais  são  seus  deveres  para  com  o próximo?” 

E  assim  o  iniciando  vai  sendo  informado  de  seus  deveres como  maçom,  como  pai  e  patriota.

Sentindo-se  assim  não obrigado  a  cumprir  seu  dever,  mas  fazendo  tudo  com  prazer, mudando  suas  paixões  e  sua  natureza. 

O  dever  é  a  ação  conforme  a  uma  ordem  racional  ou  a  uma norma.

A  doutrina  do  dever  é,  como  se  vê,  originariamente própria  de  uma  ética  fundada  na  norma  do  “viver  segundo  a natureza”, que  é,  de  resto,  a  norma  de  conformar-se  à  ordem racional  de  um  todo. 

Dever  é  para  Kant  a  ação  cumprida  unicamente  em  vista da  lei  e  por  respeito  à  lei.

O  dever  é  a  única  ação  racional autêntica. 

É  a  ação  conforme  a  lei,  mas  não  feito  por respeito  da  lei. 

Na  ética  contemporânea a doutrina  do  dever  continua  a vincular-se  com  a  de  uma  ordem  racional  necessária,  ou  de uma  norma  (ou  conjunto  de  normas)  apta  a  dirigir  o comportamento  humano.

Para  Bergson,  o  dever  não  é  mais  do  que  um  hábito  de comportamento  dos  membros  de  um  grupo  social.

É  essencial  que  os  maçons  estejam  atentos  ao  problema da  ética  da  sociedade  contemporânea,  tão  desmobilizada  sócio politicamente  quanto  imediatista  em  sua  vontade  de  consumir ou  de  fazer  progressos  materiais.

Por trás de um "só cumpri meu dever” pode estar um “fiz por interesse”, ou “pague-me melhor”.

Daí umas cem frases feitas, que surgiram para ironizar ou reduzir a piada do conceito de dever como a de Alexandre Dumas: "O dever é o que se exige dos outros".

Entretanto, na ética maçônica constante de todos os seus manuais, encontram-se belos exemplos de quão sublime e simples é para o maçom o cumprimento dos seus deveres.       

É fácil compreender os postulados maçônicos existentes em seus princípios fundamentais do amor fraternal (amor a Deus, à pátria, à família e ao próximo) com tolerância, virtude e sabedoria, para a busca da verdade, sob a luz dos conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, com a finalidade essencial de levar ao mundo a felicidade geral e a paz universal.

Porém, tais qualidades que são dever de um maçom, devem ser obrigações morais fundamentais, porque preocupada com o progresso, assiste à maçonaria o direito de exigir de seus adeptos o cumprimento de sérios deveres, sendo considerado traidor quem vai contra.

É razão mais que suficiente para se refletir sobre a ideia e o conceito do dever: *O alicerce da Maçonaria.*


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