fevereiro 03, 2024

O QUE VALE SER LEMBRADO - Newton Agrella


Como é gratificante ser lembrado !

Notadamente quando isso ocorre pelo lado positivo da vida.

Ter a percepção de que você tem um significado especial na vida de outra pessoa, mesmo que você não a conheça pessoalmente, sugere esta nítida sensação.

Esse traço de identificação ganhou ainda mais consistência quando os canais virtuais de comunicação, tornaram-se uma realidade no dia a dia.

Particularmente no que diz respeito aos maçons, os contatos acabaram de algum modo, contribuindo para alastrar e até sedimentar o sentimento de fraternidade de forma mais expressiva,

sobretudo quando ocorrem sintonias naturais entre os mesmos, fruto da maneira de pensar, de se expressar, de expor ideias, de argumentar e contra-argumentar sobre infindáveis temas.

E mais que tudo isso, sobre respeitar com serenidade e bom senso as diferenças naturais que são ingredientes da nossa própria existência e tornam este nosso "exercício de passagem", um desafio cada vez maior para que possamos aprimorar nosso nível de consciência.

É por estas poucas e por tantas outras razões que ser lembrado é sempre uma espécie de recompensa e de reconhecimento do que cada um de nós representa para o outro.

Na carona do desejo de um trivial "bom dia" vai uma bagagem, muitas vezes despercebida, de valores da alma, que por vezes nem nos damos conta.

Coisas como uma tênue palavra de incentivo, uma  expressão de apoio, um gesto de carinho ou até mesmo uma menção de paz e tolerância que podem calar fundo as necessidades de cada um.

Ser lembrado é isto. 

É perceber que não estamos sozinhos e que não importa como nem onde, há sempre uma energia que nos vincula, nos traz abrigo e revela-nos que somos uma partícula de uma imensa engrenagem   que nos oferece a oportunidade de agirmos como verdadeiros construtores sociais.

Ser lembrado não é apenas a transcrição de uma crônica ou uma chamada telefônica. 

Trata-se de uma atitude espontânea, que flui lá de dentro de nós, um lugar relativamente recôndito e que muitas vezes deixamos de visitar.

Ao maçom é sempre interessante fazer um breve "tour" a um lugar só seu em que encontra a placa:

V.'.I.'.T.'.R.'.I.' O.'.L:

"Visita Interiorem Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem" 

(Visita o Centro da Terra, Retificando-te, que encontrarás a Pedra Oculta/ Filosofal). 

Ou seja, ampliando o campo semântico traduz-se:

"Visita o Teu Interior. Purificando-te, que Encontrarás o Teu Eu Oculto, ou, "a essência da Tua alma humana"."



fevereiro 02, 2024

POR QUE AS PESSOAS ENTRAM E PERMANECEM MEMBROS? - Ari Paes


As pessoas transformam-se em maçons por uma infinidade de razões, algumas como o resultado da tradição da família, outras por convite de um amigo e outras por uma curiosidade em saber o que é maçonaria. 

Há Aqueles que se transformam membros ativos e que crescem na maçonaria, principalmente porque a apreciam. 

Apreciam os desafios que a maçonaria os oferece. 

Há, entretanto, mais do que apenas a apreciação... 

A participação na apresentação dramática de lições morais e no funcionamento de uma loja fornece ao membro uma oportunidade original de aprender mais sobre si mesmo e incentiva-o a viver de tal maneira que estará sempre em busca de se transformar em um homem melhor, não melhor do que alguma outra pessoa, mas, melhor do que ele mesmo seria e consequentemente um membro exemplar da sociedade. 

A cada maçom é necessário aprender e mostrar a humildade com a iniciação. 

Então, pela progressão com uma série dos graus ganha a introspecção em conceitos morais e filosóficos cada vez mais complexos, e aceita uma variedade de desafios e das responsabilidades que são estimuladas e recompensadas. 

O trabalho em loja e a sequência dos eventos cerimoniais, são seguidos geralmente por busca da oferta dos membros pelo desenvolvimento do caráter e pela apreciação de experiências sociais compartilhadas. 





fevereiro 01, 2024

SOMOS O QUE ATRAÍMOS - Francisco Candido Xavier


Somos o que atraímos. Você nasceu no lar que precisava nascer, vestiu o corpo físico que merecia, mora onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com o teu adiantamento.

Você possui os recursos financeiros coerentes com tuas necessidades, nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas. Seu ambiente de trabalho é o que você elegeu espontaneamente para a sua realização. Teus parentes e amigos são as almas que você mesmo atraiu, com tua própria afinidade. Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.

Você escolhe, recolhe, elege, atrai, busca, expulsa, modifica tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes. São as fontes de atração e repulsão na jornada da tua vivência. Não reclame, nem se faça de vítima, não julgue ou condene. Antes de tudo, analise e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograma tua meta, busca o bem e você viverá melhor. Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.



ALEGORIA - Newton Agrella


Na Maçonaria é recorrente o uso de Alegorias como uma representação ou forma de expressão.

Há contudo que se fazer uma clara distinção entre Alegorias e Símbolos.  

As  Alegorias são os véus que ocultam o verdadeiro sentido das coisas.

E os Símbolos são sinais que procuram transmitir ideias.

 Neste sentido, Alegoria será exatamente como definida no dicionário Aurélio: 

"...Ficção que representa uma coisa para dar ideia de outra... "

Convém destacar que a  palavra alegoria advém do grego : *allos*, "outro", e *agoreuein*, "falar em público" . 

Trata-se na verdade de uma figura de linguagem, mais especificamente de uso retórico, que produz a virtualização do significado, ou seja, sua expressão transmite um ou mais sentidos além do literal. 

Diz-se B para significar A. 

Uma Alegoria não precisa ser expressa no texto escrito: pode dirigir-se aos olhos e, com frequência, encontra-se na pintura, escultura ou em outras formas da arte ou de linguagem.

Do ponto de vista filosófico trata-se de  uma figura de linguagem  caracterizada como sendo um conjunto simbólico criado para transmitir um segundo sentido além do sentido literal das palavras.

Entra-se assim no campo da linguagem simbólica, conotativa, figurativa. 

Eis aí o que sugere e identifica o Simbolismo Maçônico.

Cabe registrar que dentre os gêneros de expressão na Lenda  a aplicação da Alegoria torna-se mais patente, uma vez que acompanhada de uma moral que expressa claramente a relação entre o sentido literal (função denotativa) e figurado (função conotativa).  

Sem entrar no mérito dos Graus mais avançados, pode-se afirmar que  na Maçonaria veremos que a  Lenda do 3o.Grau   está repleta de Alegorias com relação ao Tempo, à História, ao Ambiente de Trabalho dos Construtores, aos Sentidos e às Sensações Humanas .  

Além da Ética,  da Moral, e dos elementos  Metafísicos da Alma Humana.

É interessante lembrar que a Alegoria permite transmitir  conhecimentos através de raciocínios por analogia.  

Ao desbastar a pedra bruta vamos incorporando esse processo como uma forma de evolução e aprimoramento de nosso nível de consciência.

O painel alegórico da Loja do 1º grau  contempla  muito mais do que um conjunto literal, figurado e oculto de símbolos, mas pretende sim, expressar nesse conjunto simbólico, o caminho, as ações e os instrumentos necessários ao aperfeiçoamento moral das nossas limitações e imperfeições.



VIVER E CONVIVER - Heitor Rodrigues Freire


 "Vivir todos viven, pero la cuestión és convivir". - Dorila Rodriguez de Freire

“O ser humano é complicado”, esta é uma frase que ouvimos frequentemente. Além de complicado é complexo.

Desde que o mundo é mundo, ele vive em conflito. Passaram-se milênios desde que o homem se pôs de pé e passou a olhar tudo e todos de forma arrogante. Essa arrogância, com o tempo, longe de ser combatida e eliminada, criou raízes profundas no ego e aí permanece “per omnia seculus seculorum”, e pelo jeito, apesar dos esforços de todos os líderes religiosos que por aqui passaram, ainda continua.

Por que o mundo está assim tão caótico? A meu ver, e pode ser uma visão simplista, mas que entendo consciente, é porque as pessoas não cumprem seus compromissos, suas palavras, vivem se iludindo e distraindo-se com coisas menores, mas que para elas representam algo sério; não realizam seus trabalhos com dedicação e perfeição, vivem se enganando e enganando os outros, cobrando comportamentos que não cumprem e exigindo que os outros cumpram. Não fazem o óbvio e vivem iludidos, buscando o extraordinário.  Também não basta fazer bem-feito, é preciso agir com ética e caráter. 

O caos decorre de um dado elementar: o fato de os cristãos não seguirem os ensinamentos de Cristo, os judeus não seguirem o exemplo de Moisés, os muçulmanos não seguirem os ensinamentos de Maomé, os budistas não seguirem os ensinamentos de Buda. Essas religiões constituem a quase totalidade de fiéis da Terra. 

Segundo o dicionário, viver é existir, ter vida, estar com vida, enquanto conviver é ter convivência, ter intimidade, viver com outrem. Portanto, a convivência é a ação ou o efeito de conviver; é familiaridade, uma reunião de pessoas que convivem em harmonia.

Não basta a ciência. É preciso consciência. 

É preciso percorrer a jornada, sabendo que haverá obstáculos e que, de vez em quando, você vai cair. O segredo é que, ao se deparar com o obstáculo, você terá alternativas para se desviar dele, e se vier a cair, terá motivação e força de vontade para se levantar, recomeçar e seguir em frente. 

É preciso saber também que seremos objeto de crítica e de censura de toda ordem. Algumas procedentes e até necessárias, e outras totalmente injustas e fruto do desconhecimento da essência de cada um.

Na teoria, conviver parece fácil; o difícil é na prática.  É aquela velha história: “na prática a teoria é outra”.

André Luiz, considerado pelo kardecismo um espírito esclarecido que zela pelo Brasil, nos proporciona um texto em que demonstra que tudo provém do amor e tudo se resume ao amor:

Vida – é o Amor existencial / Razão – é o Amor que pondera / Estudo – é o Amor que analisa / Ciência – é o Amor que investiga / Filosofia – é o Amor que pensa / Religião – é o Amor que busca Deus / Verdade – é o Amor que se eterniza / Ideal – é o Amor que se eleva / Fé – é o Amor que transcende / Esperança – é o Amor que sonha / Caridade – é o Amor que auxilia/...

E finaliza:

Finalmente, o ódio, que julgas ser a antítese do Amor, não é senão o próprio Amor que adoeceu gravemente / Tudo é Amor / Não deixes de amar nobremente / Respeita, no entanto, a pergunta que te faz, a cada instante, a Lei Divina: “COMO?”.

Essa é a questão: Como? Acredito que com atitudes conscientes.

Krishnamurti, filósofo e líder espiritual indiano, nos ensina em seu texto “A arte de morrer”:

“A arte de viver e a arte de morrer são um movimento único. Na união entre a vida e a morte não há começo nem fim, portanto, não há vestígio ou presença do tempo. Nessa união, vive-se constantemente com a morte e descobre-se o sentido da vida e da morte enquanto se vive. Se compreendermos esta unidade entre a vida e a morte, ambas podem coexistir.”

"Vivir todos viven, pero la cuestión és convivir". 

Essa frase eu ouvi muitas vezes da boca da minha mãe, Dorila, uma mulher que nasceu numa família rica que perdeu tudo, teve seis filhos, adotou mais um, vivia de bom humor e de bem com a vida, era adorada pelos netos, e sempre trazia muita luz por onde passasse. Na simplicidade da sua visão de mundo, resumiu numa frase essa lição que até hoje carrego comigo.

janeiro 31, 2024

A LEI INICIÁTICA DO SILÊNCIO - Jerônimo Lucena



O nascimento, simbolizado pela Iniciação, é precedido pelas fases de aprendizado e companheirismo. 

O homem novo, advento da eclosão do óvulo iniciático no interior da terra (Câmara das Reflexões) passará pelo processo de aculturamento. 

Assim como as letras que foram símbolos criados para que pudéssemos transmitir os nossos pensamentos, o Aprendiz aprenderá o significado oculto dos símbolos somente acessível aos iniciados. Trata-se de uma nova linguagem. 

Ser iniciado é ser um serviçal do Amor Maior que governa a existência e que dá vida a todos. 

Iniciar-se é perder, perder a arrogância, as quimeras, a ganância, o preconceito, as magoas e o ódio. 

Em troca, ganha a oportunidade de ceder ao movimento do seu coração para render graças ao Gr.’. A.’. D.’. U.’.. 

Ao receber a "LUZ" o neófito não deve confundi-la com a luz material que lhe agride a retina e sim, a "LUZ" verdadeira que alumia a todos os homens que vem a este mundo. 

A LUZ magnânima que a tudo compreende e preenche com infinita sabedoria.

O iniciado não é mais a mesma pessoa. 

Morreu o profano, sequioso do poder e cego pelas trevas e em seu lugar surge um novo ser dourado que alegra-se ao participar de alguma atividade altruística. 

O amor aplicado, o equilíbrio, a retidão, a disciplina e a inspiração profunda faz com que o verdadeiro iniciado na Arte Real se transforme em construtor de Templos, verdadeiros e inigualáveis pedreiros do universo. 

Uma criança em tenra idade começa a aprender a falar quando começa a distinguir os sons. 

Inicialmente os sons simbolizados pelas vogais, diz-se então que a criança está a "soletrar". 

A combinação das letras resulta em outros sons de natureza mais complexa, para tanto, surgem as consoantes que dão origem às silabas, passará então a criança a "silabar". 

Para o conhecimento da palavra, necessário se faz conhecer a letra e posteriormente a sílaba. 

Somente assim a palavra poderá ser utilizada de forma a se tornar compreensível e útil.

Mesmo no mundo profano os neófitos, em qualquer ramo da atividade humana, mais tem a ouvir e aprender do que falar. 

Calar para ouvir, ouvir para aprender, aprender para ensinar. 

O Falar não é reconhecidamente primordial em uma sessão maçônica. 

A interação entre os indivíduos se dá em uma dimensão além dos sentidos, não alcançada pela audição, olfato, tato, visão e locução.

A palavra é instrumento de transmissão, de convencimento daquilo que pensamos. 

O Trabalho maçônico é reconhecidamente hermético refletindo-se diretamente em sua liturgia.

Aqueles que desconhecem a profundidade do sentido oculto da Lei Iniciática do Silêncio argumentam que o silêncio dos aprendizes e companheiros se confronta com o principio maçônico da igualdade. 

Entretanto, há de se considerar que o principio da igualdade não é ferido quando a eles é proibido o conhecimento dos sinais, toques e palavras dos demais graus. 

"Há um tempo para cada coisa". 

Por fim, não deveis acreditar em tudo que vedes, nem mesmo nas coisas que eu te digo, se és um místico de qualquer escola ou ordem, mas desejas conhecer a tua religião ou a maçonaria, estuda-a e procuras por ti mesmo, a tua religiosidade intima e una, independente do que te ensinaram e te disseram, e sejas tu mesmo o que escolhes o caminho, a tua verdade absoluta alicerçada pelas três colunas simbólicas: "Sabedoria, Força e a Beleza".


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QUIPROQUÓS - Roberto Ribeiro Reis



Causa-nos espécie o quão a 𝙞𝙜𝙣𝙤𝙧𝙖̂𝙣𝙘𝙞𝙖 ainda faz morada no coração dos incautos, e também daquelas pessoas cujo conhecimento deveria ser utilizado para trazer luz ao mundo. 

Com efeito, a humanidade tem padecido pelas 𝙨𝙤𝙢𝙗𝙧𝙖𝙨 𝙙𝙤𝙨 𝙚𝙣𝙜𝙖𝙣𝙤𝙨, das perversidades gratuitas, da reverberação infrene das inverdades, de sorte que já não se fazem mais filtros severos, ou já não se buscam as fontes verdadeiras da informação.

A Maçonaria, a despeito da infeliz pecha com a qual foi presenteada pelo mundo profano, tem se mantido 𝙨𝙤𝙗𝙧𝙖𝙣𝙘𝙚𝙞𝙧𝙖, 𝙞𝙢𝙥𝙖́𝙫𝙞𝙙𝙖, e imune às maledicências que lhe são alvejadas.

Enquanto os beócios do mundo vulgar tentam descredibiliza-la, ela age com a sabedoria e o 𝙩𝙞𝙧𝙤𝙘𝙞́𝙣𝙞𝙤 de uma 𝙞𝙣𝙨𝙩𝙞𝙩𝙪𝙞𝙘̧𝙖̃𝙤 𝙙𝙚 𝙥𝙧𝙞𝙢𝙚𝙞𝙧𝙖 𝙡𝙞𝙣𝙝𝙖.

Essa beligerância gratuita e calcada (quiçá) na 𝙘𝙤𝙗𝙞𝙘̧𝙖 𝙝𝙪𝙢𝙖𝙣𝙖 pelos seus princípios e por seu patrimônio intelectual e filosófico não tem conseguido arrefecer o ânimo e o ideário da Augusta Ordem, que tem trabalhado, como nunca, na consecução precípua de seus sublimes objetivos.

São nos momentos caóticos, feitos os que estamos vivendo, é que a 𝙊𝙧𝙙𝙚𝙢 𝙨𝙚 𝙛𝙖𝙯 𝙧𝙚𝙨𝙩𝙖𝙗𝙚𝙡𝙚𝙘𝙚𝙧; nesse diapasão, a Maçonaria tem se preocupado em 𝙧𝙚𝙚𝙧𝙜𝙪𝙚𝙧 𝙤𝙨 𝙝𝙤𝙢𝙚𝙣𝙨 𝙘𝙖𝙞́𝙙𝙤𝙨, em educar aos ignóbeis, em amparar àqueles que buscam uma sociedade mais justa e igualitária.

Enquanto os cegos de espírito tentam macular a honradez de nossa Excelsa Instituição, promovendo uma artilharia pesada, do mais baixo padrão vibratório, a Maçonaria tem desdenhado a postura dos ignorantes, e seguido sua Marcha Real, com a 𝙨𝙚𝙧𝙚𝙣𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 e o 𝙚𝙦𝙪𝙞𝙡𝙞́𝙗𝙧𝙞𝙤 que a distinguem mundo afora.

Não devemos perder nosso sagrado tempo com o 𝙦𝙪𝙞𝙥𝙧𝙤𝙦𝙪𝙤́ fomentado pelos seres abjetos, vis, e cuja torpeza tem promovido sua própria ruína moral, sua decadência intelectual e, principalmente, seu 𝙥𝙚𝙧𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙚𝙨𝙥𝙞𝙧𝙞𝙩𝙪𝙖𝙡.

Maçonaria é 𝙛𝙤𝙣𝙩𝙚 𝙞𝙣𝙚𝙨𝙜𝙤𝙩𝙖́𝙫𝙚𝙡 𝙙𝙚 𝙘𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤, sabedoria e vida. Uma vida cheia de intensas vibrações, permeada pelo sutil toque da 𝙇𝙪𝙯 𝙄𝙣𝙛𝙞𝙣𝙞𝙩𝙖, com cuja centelha divina tem contribuído para nosso fortalecimento, e tem nos amparado para vencermos os desafios e agruras do quotidiano.

O Maçom deve fazer 𝙤𝙪𝙫𝙞𝙙𝙤𝙨 𝙢𝙤𝙪𝙘𝙤𝙨 aos julgamentos profanos, os quais são desprovidos de ciência, e consubstanciados em premente estado de ignorância. Devemos nos ater aos ensinamentos do 𝙈𝙖𝙞𝙤𝙧 𝙃𝙤𝙢𝙚𝙢 de que a humanidade tem conhecimento.

Ele não caminhava somente com os sábios e mansos de coração, mas tinha uma 𝙞𝙣𝙙𝙪𝙡𝙜𝙚̂𝙣𝙘𝙞𝙖 𝙞𝙣𝙚𝙭𝙖𝙪𝙧𝙞́𝙫𝙚𝙡 com os ignorantes, com os transviados, com os errantes, tendo para com eles 𝙞𝙣𝙚𝙭𝙘𝙚𝙙𝙞́𝙫𝙚𝙡 𝙥𝙖𝙘𝙞𝙚̂𝙣𝙘𝙞𝙖, 𝙘𝙖𝙡𝙢𝙖 e 𝙗𝙖𝙨𝙩𝙖𝙣𝙩𝙚 𝙘𝙖𝙧𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚. 

Seu Magistério foi à base da Lei de Amor e de Misericórdia. Que nEle nos espelhemos, buscando disseminar as 𝙇𝙪𝙯𝙚𝙨 𝙙𝙤 𝘾𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 e da 𝙑𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚, corolário lógico de quem caminha rumo à 𝙋𝙚𝙧𝙛𝙚𝙞𝙘̧𝙖̃𝙤.




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janeiro 30, 2024

VENERANÇA / VENERALATO - Aldo Gutemberg


Em intenso período de Posses de Veneráveis é comum ouvirmos em Loja: “Que o eleito seja feliz em sua Venerança” ou “Que seu Veneralato seja próspero”. Você certamente já ouviu. 

Notadamente os que chegam à Ordem, vão ouvindo os veteranos e seguem repetindo. E na verdade raros são os que poderiam explicar o uso deste ou daquele termo. 

Lidar com nossa Língua é algo desafiador mesmo para os que são profissionais da área. 

Visitamos Lojas com frequência e pudemos notar que pessoas das mais diversas graduações e das três Potências Regulares, mesmo membros da alta administração, usam costumeiramente ambos e sem muita suspeita de que um deles pode não estar sendo corretamente empregado. 

Na internet, em rápida pesquisa por blogs e sites de estudiosos e até nas páginas oficiais vamos também nos deparar com tais palavras, o que confirma a grande confusão que ainda reina em nosso meio.

Fiquei curioso... Seriam palavras sinônimas? Já que eu mesmo só fui conhecê-las depois de iniciado e ao participar da primeira Sessão de Posse; utilizava sem preocupação uma e outra. Certa vez escrevi singelo texto, sendo alertado por sábio Irmão, que me perguntou: “Venerança?” Sem muito me detalhar, já tinha feito o brilhante papel do instrutor – aguçar minha a vontade de pesquisar. E foi o que eu, grato, fui fazer.

Em nossa Língua temos como referência o VOLP - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa; não se trata de um dicionário, mas sim um catálogo oficial composto de um pouco mais de 380.000 palavras que são utilizadas na nossa língua. Nesta fonte, por incrível que pareça, não encontramos a palavra “Venerança”. Já a palavra “Veneralato”, sim, é encontrada. Este seguro referencial já poderia encerrar a celeuma.

Mas, vamos um pouco mais além:

A palavra Venerança seria composta de seu radical “Vener” + a vogal temática “a” e o sufixo nominal “nça”; este sufixo serve para indicar estado, ação ou qualidade. Portanto o significado da palavra seria ato ou qualidade de venerar. Notamos que não é bem o que pretendemos indicar ao usá-la em nosso meio.

Já na palavra Veneralato, seguindo o mesmo raciocínio acima, temos o sufixo “ato” significando posse ou grau relacionado a dignidades.

Embora a raiz etimológica seja a mesma, serão os sufixos que denotarão os diferentes significados.

A pessoa do Venerável é, de fato, digna de ser venerada, pois foi escolhido, eleito e será a grande Coluna de sua Loja. Pensando dessa forma, é evidente que a ação de venerá-lo poderia dar lugar ao neologismo “Venerança”; entretanto o ato de venerar, ou seja, a venerança seria nosso em relação ao Venerável e não dele próprio, como costumamos utilizar.

Concluímos, dessa forma, que Venerança é um termo inapropriado, que inclusive não existe no VOLP e nos principais dicionários que consultamos, embora tenha caído no gosto popular dentro da Ordem Maçônica. O termo correto, embora pouquíssimo utilizado é, portanto, Veneralato.

Nossos sistemas e ritos são repletos de “usos e costumes”. Esta breve, despretensiosa e singela pesquisa busca apenas trazer luz a este tema, ainda que saibamos, só o tempo depurará seu bom emprego em nossa língua.


TEMPERAMENTAL... EU ? - Newton Agrella


A própria origem do substantivo abstrato "temperamento" é motivo de detida ponderação.

 Sua etimologia é a composição de dois vocábulos advindos do Latim:  "tempus" e "mens" que respectivamente significam: "tempo" e "mente"

Cabendo aí uma observação linguística,  posto que "tempus", para os falantes do Latim semanticamente não se referia ao tempo do horário, mas abrangia o conceito de tempo e espaço concomitantemente.

Desse modo, no seu sentido mais amplo "temperamento" significa a relação íntima de como a mente se adapta ao conceito "tempo/espaço".

A partir do referido substantivo, encontramos seu derivativo que é o adjetivo "temperamental" - real objeto desta singela crônica - que diz respeito a uma característica humana sobre alguém complicado de se lidar, ou seja; uma pessoa temperamental é aquela que é dona um humor instável, que varia frequentemente e que de alguma sorte se mostra difícil de agradar. 

Interessante lembrar que o temperamento nada mais é do que o padrão de comportamento emocional e afetivo.

As relações entre as pessoas, inobstante o grau de parentesco, familiaridade, amizade, ou convivência para que se mantenham saudáveis, dependem antes de mais nada de uma atitude inegociável de respeito entre si.

É óbvio que pontos de vista diferentes, conflitos de ideias, opiniões contrárias e até o gosto pelas coisas fazem parte do caráter humano, mas antes de tudo, são prerrogativas que servem como combustível para que a Vida não se traduza como um exercício monótono e mecânico, impedindo que a partir das divergências não se possa chegar a um entendimento que nos conduza ao caminho da evolução.

O problema no entanto, no que se refere à pessoa temperamental é a surpresa que nos aguarda. É a incerteza do que virá pela frente. São as posturas e humores radicais que em muitas ocasiões levam a situações constrangedoras.

É muito desagradável não saber como se relacionar com esse caráter temperamental que mostra uma pessoa sensível e facilmente irritável: de natureza volúvel, alterável. 

Via de regra a pessoa temperamental age de acordo com o que está sentindo no momento, sob um comportamento irrefletido de maneira intensa e intempestiva.

E assim gira a roda das emoções humanas que encontra nas intempéries do tempo e da mente destas pessoas, se dentro de sí amanhã o coração se abrirá nublado, chuvoso ou ensolarado.



janeiro 29, 2024

O SANTO GRAAL - Adaptado por um Filho da Viúva



Santo Graal ( ou Sangraal ) é uma expressão medieval que designa normalmente o cálice usado por Jesus Cristo na Última Ceia. Ele está presente nas lendas arturianas, sendo o objetivo da busca dos cavaleiros da Távola Redonda, único objeto com capacidade para devolver a paz ao reino de Artur. No entanto, em outra interpretação, ele designa a descendência de Jesus ( o sangraal ou sangue real ), segundo a lenda, ligada a dinastia Merovíngia. Finalmente, também há uma interpretação em que ele é a representação do corpo de Maria Madalena, a suposta esposa de Jesus e sua herdeira na condução da nova religião.

O SIMBOLISMO DO GRAAL

O símbolo do cálice sagrado, enquanto motivo de poder e fonte de milagres, é tăo antigo quanto a História. O SANTO GRAAL teve múltiplos precursores e apareceu sob variadas formas antes de ter sido identificado com o cálice do ritual usado na missa católica. Muitas vezes o GRAAL foi descrito não como um cálice, mas como uma pedra. Neste sentido o símbolo é profundamente alquímico, ou seja – a conciliação dos opostos mediante a harmonia entre o céu e a terra. A etimologia da palavra Graal é controvertida. Costuma-se considerá-la como oriunda do latim "gradais" - cálice. Outros dizem que "Graal" vem de outra palavra latina - 'graduale' que significa 'gradual" um livro de orações e cânticos místicos.

Os celtas se referiam ao Graal como um caldeirão e a lenda em torno de um cálice sagrado pode ter relação com a importância que os celtas davam ao caldeirão, onde os druidas preparavam suas poções mágicas

Esse conceito popular lembrava-lhes abundância e renascimento. Muitos personagens míticos dos celtas estavam envolvidos com esse símbolo: Nasciens, foi transportado por mãos invisíveis para uma ilha onde lhe apareceu um caldeirão mágico; Dagda fortalecia os guerreiros com o alimento do caldeirão. Outro caldeirão célebre foi o pertencente a deusa Caridween, que preparou uma poção para infundir sabedoria em seu filho.

Os recipientes, como a taça, o caldeirão e os vasos, são símbolos do útero, a matriz da vida e a espada o órgão masculino fecundador. É no vazio que acontece o ciclo permanente de nascimento, morte e renascimento. Os cálices são oferendas ao espírito desconhecido que preside determinado tempo e local, uma oração que se eleva a Deus, pedindo que seu Espírito desça ŕ terra. Este é o significado sagrado da missa católica: dois movimentos de direções opostas – o cálice voltado para o céu e o espírito projetando-se sobre ele – formam o ciclo de dar e receber, o eixo entre o superior e o inferior.

A LENDA ORIGINAL

Antes do século VII, a tradição e a Bíblia propiciaram o desenvolvimento de uma lenda intrigante sobre o cálice sagrado. Diz essa lenda que, antes da criação do homem, houve uma grande batalha no céu. O Arcanjo Miguel e seus anjos guerrearam contra Lúcifer. O adversário e seus anjos combateram ferozmente, diz a Bíblia; "todavia não venceram, nem acharam mais seu lugar no céu. E a antiga serpente, o Grande Dragão chamado demônio ou satanás foi expulso de lá sendo atirado para a terra com seus anjos". Diz a lenda que Lúcifer trazia um pedra colada na testa, uma esmeralda que funcionava como um terceiro olho. Quando Lúcifer foi atirado pelo Arcanjo Miguel a terra, a esmeralda partiu-se e sua visão ficou prejudicada. Um pedaço permaneceu em sua testa dando-lhe uma visão distorcida de sua situação como anjo caído; o outro fragmento foi guardado pelos anjos. Mais tarde, o Graal foi esculpido neste segundo pedaço

AS LENDAS DO CÁLICE SAGRADO

Parece que durante sua presença na terra, o GRAAL necessitou de um abrigo e, dado ao seu caráter espiritual, essa habitação deveria ser um templo especialmente projetado para esse fim e oculto da visão dos profanos.

Mesmo se encararmos o GRAAL como um tema pertencente aos planos inexplorados da alma, restam-nos alguns enigmas históricos relacionados com a figura de Jesus Cristo, José de Arimatéia, o Rei Arthur e, mais tarde, com os estranhos acontecimentos que marcaram a vida e agonia dos Cátaros na região do Languedoc, no sul da França.

Esses episódios, custaram a vida de milhares de pessoas e permanecem até hoje como indicadores da provável existência física de um Rei e Sacerdote do Santo Graal. Seria esse o Rei, eterno e onipresente Sacerdote da Távola Redonda, uma versăo medieval inglesa relacionada ŕ mesa da Última Ceia, sob a proteção de Arthur ? Ou seria essa Mesa Redonda uma forma de os místicos simbolizarem os círculos do infinito celeste e a egrégora da Grande Fraternidade Branca?

Conta uma antiga lenda cristã, que José de Arimatéia teria recolhido no cálice, usado na Última Ceia, o sangue que jorrou de Cristo quando ele recebeu o golpe de misericórdia, dado pelo soldado romano Longinus, usando uma lança, depois da crucificação.

Em outra versão, teria sido a própria Maria Madalena, segundo a Bíblia a única mulher além de Maria (a mãe de Jesus) presente na crucificação de Jesus, que teria ficado com a guarda do cálice e o teria levado para a França, onde passou o resto de sua vida.

A lenda tornou-se popular na Europa nos séculos XII e XIII por meio dos romances de Chrétien de Troyes, particularmente através do livro "Le Conte du Graal" publicado por volta de 1190, e que conta a busca de Sir Percival pelo cálice.

Mais tarde, o poeta francês Robert de Boron publicou Roman de L'Estoire du Graal, escrito entre 1200 e 1210, e que tornou-se a versão mais popular da história, e já tem todos os elementos da lenda como a conhecemos hoje.

Finalmente, o poeta Wolfram von Eschenbach criou a mais inventiva e surpreendente versăo para a história do Graal, em sua obra "Parsifal", escrita entre os anos de 1210 e 1220. Ele supőe o Graal anterior a Cristo. O Graal teria sido, năo um cálice, mas uma pedra enviada a Terra há muito tempo atrás por espíritos celestiais. O Graal teria sido guardado por uma misteriosa irmandade de cavaleiros, chamados templáisen.

Na literatura medieval, a procura do Graal representava a tentativa por parte do cavaleiro de alcançar a perfeiçăo. Em torno dele criou-se um complexo conjunto de histórias relacionadas com o reinado de Artur na Inglaterra, e da busca que os cavaleiros da Távola Redonda fizeram para obtê-lo e devolver a paz ao reino. Nas histórias misturam-se elementos cristăos e pagăos relacionados com a cultura celta.

Segundo algumas histórias, o Santo Graal teria ficado sob a tutela da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomăo, também conhecida como Ordem do Templo, ou simplesmente "Templários". Instituiçăo militar-religiosa criada para defender as conquistas nas Cruzadas e os peregrinos na Terra Santa. Alguns associam os templários a irmandade que Wolfram cita em "Parsifal".

Segundo uma das versőes da lenda, os templários teriam levado o cálice para a aldeia francesa de Rennes-Le-Château. Em outra versăo, o cálice teria sido levado de Constantinopla para Troyes, na França, onde ele desapareceu durante a Revoluçăo francesa.

Os cátaros, acreditavam que este mundo é o verdadeiro inferno; que a encarnaçăo do Espírito do Cristo foi o verdadeiro sacrifício simbolizado na cruz do calvário. A Igreja Romana via o catarismo como um movimento reformista. No início do século XIII uma armada de cavaleiros do norte desceu pelo Languedoc para exterminar a heresia cátara e requisitar para si os ricos espólios da regiăo.

Conta-se que durante o assalto das tropas as fortalezas albigenses, apareceu no alto da muralha uma figura coberta por uma armadura branca. Os soldados recuaram, temendo ser um guardiăo do Santo Graal. Mas, prevendo a derrota, os cátaros, ocultaram o Santo Graal num dos numerosos subterrâneos onde estaria até hoje.

Nesse contexto histórico poderiam ser explicados os mistérios do Messias e as verdades que a Igreja proibiu sobre a "dinastia do cálice", a matança dos cátaros, as cruzadas e a história do abade Berenger Sauničre em Rennes-le-Château, no Languedoc.

A DINASTIA MEROVINGIA

Segundo algumas lendas, a descendência de Jesus era de sangue real, ele próprio herdeiro do trono de Jerusalém por ser descendente do Rei Davi, e migrou para a Europa, particularmente para a França e fundou a dinastia merovíngia, cuja posição, mais tarde, foi usurpada pelos carolíngios e pela Igreja Católica. Neste caso, o sangraal ou sangue real seria a própria descendência de Jesus, os merovíngios.

Os merovíngios se diziam descendentes de reis de Tróia, e isto justifica tantas localidades na França que possuem um nome que lembra Tróia, inclusive a cidade natal de Chrétien de Troyes, autor das primeiras histórias sobre o Graal.

Histórias revelam a existência de uma sociedade secreta, chamada Priorado de Siăo, que se dedica a defender a descendência Merovíngia e seu direito ao trono na Europa. Segundo algumas fontes, o Priorado do Siăo justifica este direito pela descendência direta de Jesus e do Rei Davi.

MARIA MADALENA

Além destas lendas, existem também outras histórias paralelas, como a que conta que o Santo Graal, na verdade, é o corpo de Maria Madalena.

Ela seria a esposa de Cristo e deveria ser a herdeira da nova religião.

A história também diz que junto ao cadáver desta, estariam preciosos pergaminhos e documentos escritos pelos apóstolos de Jesus e pelo próprio Cristo. Tais pergaminhos segundo a lenda, săo extremamente contraditórios com a Bíblia e portanto um verdadeiro tesouro sobre o legado de Cristo na Terra.

Em 1948, na localidade de Nag Hammadi, foram encontrados pergaminhos que continham evangelhos apócrifos, e cujo conjunto de textos foi chamado de biblioteca de Nag Hammadi

As cópias destes evangelhos supunham-se perdidas, pois haviam sido proibidas e queimadas pela Igreja após o concílio de Nicéia.

Entre estes documentos antigos encontra-se o "Evangelho de Maria Madalena", que apresenta inconsistęncias com os quatro evangelhos aceitos pela Igreja. Um dos pontos é que entre os seus discípulos, Maria Madalena é a preferida, e é ela que transmite os ensinamentos de Jesus aos outros.

Em outro documento da biblioteca de Nag Hammadi, o "Evangelho de Filipe", faz-se referência ao fato que Jesus a ama mais que aos outros discípulos e a beija com frequência.

Tudo isto fortalece a hipótese do casamento entre ambos, e que seja Maria Madalena e sua descendência os verdadeiros herdeiros da religiăo fundada por Jesus.

Um grande argumento em favor desta uniăo, é a de que era impensável que um judeu, naquela época, chegasse aos 30 anos sem estar casado.

A BUSCA DO GRAAL

Do ponto de vista místico, a busca do Graal representa a busca por uma vida superior, por progresso espiritual. Nas lendas arturianas, só é possível ŕs pessoas de coraçăo puro e isentas de pecado ver e tocar o cálice.

Para o iniciado, o caminho do GRAAL está indissoluvelmente unido a ideia de um sacrifício e de uma viagem cheia de perigos para alcançar a iluminaçăo, o renascimento ou a "vida eterna" segundo os cristăos. O início e o final da Busca do SANTO GRAAL săo, por isso mesmo, momentos cruciais, pois é uma busca que năo termina. O GRAAL tem que ser constantemente buscado no coraçăo, na mente e no espírito; sua revelaçăo final representa aquele ideal de subida aos planos superiores de existência, objetivo máximo de todos os místicos. Ao entrar em comunhăo consigo mesmo, o místico descobre năo uma melancolia - a cor negra, "nigredo" para os alquimistas - mas um parceiro interno, uma relaçăo que se assemelha ŕ alegria de um amor secreto. Este estágio da vida iniciática é representado pela primavera oculta, onde as sementes brotam da terra nua, trazendo as promessas de futuras colheitas.

Non Nobis Domine, Non Nobis, Sed Nomini Tuo, da Gloriam!

( Năo por nós Senhor, năo por nós, mas para a glória de Teu nome! )


A MAÇONARIA - Grêmio Fênix



Não possui a Maçonaria leis gerais nem livro santo que a definam ou obriguem todo o maçom através do Mundo; não sendo uma religião, não tem dogmas.

Em cada país e ao longo dos séculos, estatutos numerosos se promulgaram e fizeram fé para comunidades diferentes no tempo e nos costumes. Mas isso não obsta a que a Maçonaria possua certo número de princípios básicos, aceites por todos os irmãos em todas as partes do globo.

É essa aceitação, aliás, que torna possível a fraternidade universal dos maçons e a sua condição de grande família no seio da Humanidade, sem que, no entanto, exista uma potencia maçônica à escala mundial nem um Grão-Mestre, tipo Papa, que centralize o pensamento e a ação da Ordem.

CONSTRUÇÃO

Vejamos o seu nome Maçonaria vem provavelmente do Frances "Maçonnerie", que significa uma construção qualquer, feita por um pedreiro, o "maçom". A Maçonaria terá assim, como objetivo essencial, a edificação de qualquer coisa. O maçom, o pedreiro-livre em vernáculo português, será, portanto o construtor, o que trabalha para erguer um edifício.

JUSTIÇA SOCIAL

A Maçonaria admite, portanto, que o homem e a sociedade são susceptíveis de melhoria, é passível de aperfeiçoamento. Por outras palavras, aceita e promove a transformação do ser humano e das sociedades em que vive. 

Mas, para além da solidariedade e da justiça, não define os meios rigorosos por que essa transformação se há de fazer nem os modelos exatos em que ela possa desembocar. Nada há, por exemplo, no seio da Maçonaria, que faça rejeitar uma sociedade de tipo socialista ou de tipo liberal. O que lhe importa é um homem melhor dentro de uma sociedade melhor.

ACLASSISMO

Dos ideais de justiça e solidariedade humanas, levados até as últimas conseqüências, resulta naturalmente o ser a Maçonaria uma instituição aclassista e anticlassista, englobando representantes de todos os grupos sociais que, como maçons, devem tentar esquecer a sua integração de classe e comportar-se como iguais. "A Maçonaria honra igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual", rezava o artigo 6s da Constituição de 1926.

E, nos requisitos para se ser maçom, exige-se apenas, para além de diversas condições morais e intelectuais que mais adiante serão mencionadas, o exercer-se uma profissão honesta que assegure meios de subsistência.

É verdade que a exigência de se possuir a instrução necessária para compreender os fins da Ordem exclui, desde logo, os analfabetos e grande parte das massas populares (em Portugal, entenda-se). E é verdade também que a maioria dos maçons proveio e continua a provir dos grupos burgueses. Mas isso se deve apenas as condições históricas em que todas as sociedades tem vivido nos últimos 200 anos.

A medida que as classes trabalhadoras vão atingindo mais elevado nível social e cultural, assim o número de maçons delas oriundo tende a aumentar paralelamente. 

Em Maçonarias de países como a Grã-Bretanha, a França ou a Holanda, o caráter aclassista da Ordem Maçônica nota-se com muito maior intensidade do que em Portugal ou na Espanha.

APERFEIÇOAMENTO INTELECTUAL

O aperfeiçoamento do homem e da sociedade não se traduz apenas, para o maçom, em termos de melhoria economico-social. Traduz-se também, e, sobretudo, em termos de melhoria intelectual, do afinamento das faculdades de pensar e de enriquecimento adquiridos.

Livre pensamento, para começar. "A Maçonaria é livre-pensadora", dizia o artigo 3º da Constituição de 1926. Mas livre pensamento não coincide necessariamente com ateísmo. 

Já um texto famoso e respeitado dos primórdios da instituição, as Constituições de Anderson, de 1723, dizia que o maçom que entendesse bem de "Arte", "nunca será um ateu estúpido ou um libertino irreligioso. Mas embora - continuava o texto - nos tempos antigos os maçons fossem obrigados, em cada país, a ser da religião, fosse ela qual fosse desse país ou dessa nação, considera-se agora como mais a propósito obrigá-los apenas aquela religião na qual todos os homens estão de acordo, deixando a cada um as suas convicções próprias (...)".

Hoje, talvez a maioria dos maçons professe um deísmo ou teísmo de conceitos vagos e alegóricos, embora não faltem ateus nem crentes de variadas religiões, desde o cristão ao muçulmano. O que todos rejeitam são dogmatismos e exclusivismos confessionais.

FRATERNIDADE

Levados às últimas consequências, os princípios atrás mencionados teriam de implicar uma fraternidade de tipo universal. Este é não só um principio teórico, mas uma norma de prática quotidiana. "A Maçonaria é uma instituição universal (...). Todos os maçons constituem uma e a mesma família e dão-se o tratamento de irmãos, sendo iguais perante a lei", dizia o artigo 7º da Constituição de 1926.

“A Maçonaria estende a todos os homens os laços fraternais que unem os maçons sobre a superfície do globo" (artigo 5º do mesmo texto). Através do ritual, que inclui vocabulário próprio e sinais de reconhecimento específicos, um maçom português pode contatar com um maçom japonês e receber dele ou transmitir-lhe ajuda e apoio de qualquer gênero.

  De fato, um dos deveres importantes do maçom, inserto nas Constituições do mundo inteiro, consiste em reconhecer como irmãos todos os maçons, tratá-los como tais e prestar-lhes auxílio e proteção, a suas viúvas e filhos menores. A história da Maçonaria está cheia de casos que provam o geral cumprimento deste dever.

DEMOCRACIA E IGUALDADE

Democracia e igualdade encontram-se também entre os princípios básicos da instituição maçônica. Todo o poder reside no povo, como o atestava o artigo 18s da Constituição de 1926, ao dizer que "A Ordem Maçônica em Portugal só reconhece a soberania do povo maçônico". Todos os maçons são iguais, independentemente do grau a que pertençam. "Durante as sessões maçônicas - rezava o artigo 17º, § único - todos os obreiros, qualquer que seja o seu grau ou o seu rito, estão sujeitos a mais perfeita igualdade, prevalecendo à opinião da maioria, quando não seja contrárias as leis e regulamentos".

  Por sua vez, as células de organização e de trabalho da Ordem, as chamadas Oficinas, "são todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si" (artigo 12s da Constituição). Nas Maçonarias de todo o mundo, o Grão-Mestre e os Grão-Mestres adjuntos são eleitos pela totalidade do povo maçônico, variando apenas a forma dessa eleição. Em muitos países, qualquer maçom, aliás, desde que tenha atingido a condição de Mestre (ou seja, maçom perfeito) pode, em teoria, ser eleito Grão-Mestre. Outro tanto se verifica nas eleições para os múltiplos cargos de cada oficina.

OFICINAS (LOJAS)

Cada Maçonaria nacional está estruturada em células autônomas, "todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si", designadas por oficinas. Existem dois tipos de oficinas, chamados lojas e triângulos. A loja é composta por um mínimo de sete maçons perfeitos, não conhecendo limite máximo de membros. O triângulo é composto por três maçons perfeitos, pelo menos, e por seis, no máximo, passando a loja quando um sétimo membro se lhe vem agregar.

Uma loja completa possui sete funcionários, que são:

- Venerável ou Presidente, que preside aos trabalhos e os orienta.

- Primeiro Vigilante, que dirige os trabalhos dos companheiros e vela pela disciplina geral.

- Segundo Vigilante, que tem por função a instrução dos aprendizes.

- Orador, encarregado de fazer a síntese dos trabalhos e deles extrair as conclusões; é ainda o representante da Lei maçônica.

- Secretário, que redige as atas das sessões e se ocupa das relações administrativas entre a loja e a Obediência.

- Mestre de Cerimônias, que introduz na loja e conduz aos seus lugares os visitantes, e ajuda o Experto nas cerimônias de iniciação.

- Tesoureiro, que recebe as quotizações e outros fundos da loja e vela pela sua organização financeira.

Os cargos, do Venerável ao Segundo Vigilante, são chamados as luzes da oficina.

O MITO DE SÍSIFO - ENTRE ENGANOS E CASTIGOS - Jorge Gonçalves


Sísifo, rei da Tessália e, em algumas versões, fundador de Corinto, traiu Zeus ao revelar o segredo do rapto da filha do deus-rio Asopo. Em resposta, Zeus enviou Tânatos, deus da morte, para capturar Sísifo. Este, por sua vez, o enganou e o aprisionou, suspendendo as mortes. Ares, deus da guerra, teve que intervir para libertar Tânatos e restabelecer a ordem. Após a libertação, prevendo a inevitabilidade de sua morte, Sísifo instruiu astutamente sua esposa a não realizar seu funeral.

No submundo, Sísifo, ao iludir Hades, queixou-se sobre o desprezo de sua mulher e solicitou inteligentemente retornar à vida para puni-la. Hades concordou, mas Sísifo, é claro, não cumpriu o acordo. Em resposta às trapaças do rei, Hermes, filho bastardo de Zeus e mensageiro das almas, castigou-o por seu caráter questionável.

*Como punição, Sísifo foi condenado a rolar uma pedra até o topo de uma colina, apenas para vê-la cair novamente, repetindo essa tarefa eternamente.*

Sísifo, o rei inteligente, mas de caráter duvidoso, escolheu a enganação e artimanhas, resultando em um castigo implacável.

*Bibliografia*

Classical Mythology A to Z: An Enciclopédia of Gods & Goddesses, Heroes & Heroines, Nymphs, Spirits, Monsters, and Places

janeiro 28, 2024

RECORDAÇOES - Minhas experiências aéreas (2) - Michael Winetzki


        Por força do trabalho na divulgação da telemedicina, na empresa que eu trouxe para o Brasil, viajei incontáveis horas, em todos os horários, literalmente do Oiapoque ao Chuí, de Porto Alegre a Belém passando por todas as capitais e principais cidades do país. Nunca gostei muito de voar, porem ossos do ofício, eu tinha de o fazer. Mas nunca houve grandes problemas. Perdi um avião em Cuiabá porque não prestei atenção na diferença de fuso horário. A comida, na época, era boa, o pessoal de bordo e de aeroporto atencioso, as aeromoças bonitas, um colírio para os olhos.

        Mas nas viagens para o exterior houve aventuras sim.

        Indo para uma convenção no Havaí, perdemos o avião em Los Angeles porque a van da American Airlines que nos transportava ficou retida em um enorme congestionamento. Pronto, que grande problema pensei. Foi uma oportunidade de ouro. A companhia aérea nos realocou no próximo voo na primeira classe, como compensação do problema. Foi a primeira e única vez na vida que eu senti como vivem os milionários que podem pagar estas passagens. Foi maravilhoso.

        Num voo para Israel, com escala em Frankfurt, desembarcamos num terminal afastado que estava cercado por tanques e soldados armados. Parecia que estávamos entrando numa guerra. Nada, A segurança havia recebido uma ameaça de ataque terrorista a passageiros que se destinavam a Israel, razão daquela estrepolia toda. Mas houve mais. Eu estava levando cinco quilos (10 pacotes) de café da marca Brasileiro, com que iria presentear meus amigos em Israel. No Brasil não houve problemas no embarque, mas na Alemanha abriram todos os pacotes com uma faca e jogaram todo o café fora. Fiquei sabendo mais tarde que traficantes colocavam cocaína em pacotes de café porque o forte cheiro da bebida por vezes enganava os cães farejadores.

        Numa escala em Paris no Aeroporto Charles de Gaulle tínhamos de aguardar a conexão por umas quatro horas. Sem ter muito o que fazer sentei em um café e pedi caríssimos croissants. Foi extraordinário. Talvez um dos melhores sabores que provei na vida. Valeu cada centavo do valor que paguei por eles e nunca mais, em lugar algum, pude provar algo igual.

        Entrar e sair por aeroporto em Israel é sempre uma aventura. Eu fui muitas vezes, mas como tenho passaporte israelense para mim era apenas formalidade. Mas em ocasiões diferentes fui acompanhado uma vez pelo meu cliente, o médico Dr. Branco, um nordestino bem moreno com aparência de árabe e em outra pelo meu companheiro de Rotary e padrinho de casamento, Chucre Suaid, um descendente de libaneses nascido em Uberlândia. É complicado explicar como éramos parados para vistoria em praticamente todos os lugares que íamos, e após explicar que éramos do Brasil nos liberavamos, algumas vezes com desculpas e em outras com resmungos.

        Chucre, solteiro na época, foi uma noite em uma boate e nos contou na manhã seguinte que havia caído nas graças de uma linda loura, de pernas longas e roupa de tigresa, que quis saber detalhes de sua vida enquanto ele tomava seu uísque. Ele se encantou com a jovem que só veio a rever alguns dias depois, vestida em uniforme militar, quando estávamos no aeroporto retornando. Foi aí que a ficha caiu.

        Uma das ocasiões que fui a Israel levando comigo alguns médicos fizemos uma escala no Aeroporto de Zurich, na Suíça. Estávamos com as malas nos carrinhos e no carrinho do Dr. Luís César o seu notebook estava naquele suporte que fica próximo a barra de empurrar. Enquanto ele marcava a passagem no balcão da empresa deixando o carrinho um pouco atrás de si o notebook sumiu. Ninguém viu nada. Como o voo saía em seguida não deu nem tempo de reclamar na polícia, mas ficou a preciosa lição, não é só no Brasil que existem larápios em aeroportos.

        O aeroporto Incheon de Seul é o mais espetacular de todos os aeroportos que conheci. Enorme e limpíssimo, bem longe da cidade, ele parece uma cidade por si só. Tem hotéis, spa, jardins por toda a parte, um cassino e até acreditem, um campo de golfe. As lojas são maravilhosas e talvez seja necessária uma semana inteira para que se possa conhece-lo todo. No entanto tudo funciona com perfeição.

        Retornando da Coréia do Sul para o Brasil, em companhia de dois amigos, o avião ficou retido na Bélgica por conta de uma forte nevasca. Era por volta das 20h00 e o voo só sairia na manha seguinte depois que as máquinas retirassem a neve das pistas. Eu sempre uso uma bandeirinha do Brasil na roupa ou no boné quando viajo para o exterior. Decidimos ir experimentar a excelente cerveja belga na Grand Place, uma das principais atrações da cidade e onde nos disseram havia uma profusão de bares nas imediações. Verdade, havia mesmo. No primeiro bar que entramos, ao identificar a bandeira fomos chamados para participar de um alegre e ligeiramente embriagado grupo, umas seis pessoas. Dali a duas horas nos levaram para outro bar e o grupo aumentou. No quarto bar, já na hora de retornar para o aeroporto, um grupo de mais de 20 pessoas já bem mais alegre e alcoolizado, nos acompanhou de volta ao terminal cantando e gritando como se houvessem ganhado um campeonato de futebol. Noite inesquecível. Ah, não pagamos nenhuma conta.

     Uma outra ocasião ficaríamos aguardando por cerca de oito horas numa escala no Aeroporto de Amsterdã. Ele é bem grande, mas muito agradável. Tem uma estação de metrô dentro do aeroporto. Decidimos ir almoçar na cidade que nos disseram ficava a 20 ou 30 minutos de trem do terminal. Fomos comprar as passagens no guichê, mas dali até entrar no trem ninguém as pediu para ver. Não havia catraca nem nada. Entrava-se no vagão direto. Poder-se-ia viajar sem pagar nada.  Perguntamos a um nativo a razão disso e o holandês explicou, faz parte da cultura holandesa a confiança no cidadão. Ao retornarmos ainda havia muito tempo disponível e havia uma exposição com quadros de Rubens que o Museu Nacional da Holanda – Rijksmuseum – fornecia e trocava periodicamente. Era absolutamente espetacular. O tempo foi pouco para curtir algumas das mais espetaculares obras da história da arte.

        Há muitas outras aventuras que contarei em outra postagem.