fevereiro 21, 2024

Acreditar ou não acreditar, eis a questão?




Muito cedo, em todas as nossas vidas, esta questão nos veio à mente: Por que o homem existe? E por que nós mesmos, homens entre homens, embarcamos nesta aventura? Existe um projeto por trás de tudo isso? Existe algum projeto que nos diz respeito pessoalmente? Não teria corrido tão bem se não estivéssemos lá? Sentimos tanta falta da era de Péricles, de Júlio César, da dinastia Yuan, da grandeza de Luís neste século XXI?  “A comédia não teria sido menos bem interpretada se eu tivesse permanecido atrás do teatro”,  disse Bossuet quando se perguntou sobre as razões de sua própria presença na comédia humana.

Diante dessa questão existencial, duas respostas possíveis:

Aí está a resposta do ateu... o ateu não pretende saber o que havia antes do universo, nem afirmar quem criou este universo, nem de onde vem o homem, nem de onde vem toda a energia que o compõe, nem de onde ela vem. vai. Ou melhor, o ateu diz que não há nada. Existe vida, nada antes, nada depois. Para o ateu, o sentido da vida deve ser construído dia a dia; vamos inexoravelmente do nascimento à morte, essa é a única certeza, e devemos aproveitar ao máximo este breve momento que é dado à consciência que temos de existir. Então não adianta perder tempo procurando um sentido metafísico, a vida é muito curta, não encontraremos nada... Concentremo-nos no que há para fazer neste preciso momento em que vivemos.

Assim, para o filósofo Jean-Paul Sartre, a vida não tem significado intrínseco, é a própria existência que fixa o significado das coisas: famosa fórmula:  “A existência precede a essência”  que é a própria definição do existencialismo. Posição muito próxima da de Aristóteles que dizia:  “Nós somos o que fazemos”.  Em oposição à posição essencialista de Platão que afirma, de alguma forma, que  “A Essência precede a existência. »  isto é, o homem não se torna, ele já é... Ele é o que é por natureza... Há um determinismo no ar, algo inato.

Para Nietzsche, que recusa a transcendência divina, o facto de não haver um plano à partida, para o mundo e para o homem, significa que nada tem sentido no absoluto, é inútil procurar encontrar um, é o que ele quer dizer quando diz : "Deus está morto! » . Devemos, portanto, aproveitar a vida sem fazer perguntas sobre outra realidade muito hipotética.

O que não significa fazer nada. A ausência de Deus não nos impede de ter moralidade.

Há, na calçada oposta ao mesmo caminho de vida, a resposta dos crentes... Para eles não é necessário que o homem procure, sozinho, por si mesmo, um sentido para a vida porque isso - isto é dado por Deus . Para a religião cristã em particular, o significado é simples e todos os teólogos desde Cristo aprovam esta ideia segundo a qual o destino do homem é aperfeiçoar-se elevando-se ao seu criador, a Deus, por ele. Deus é o objetivo. Depois de colocar o homem na terra, para testá-lo, por assim dizer, Deus o chama de volta a si mesmo. Santo Irineu disse sobre este assunto:  “Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus”.  Para este bispo de Lyon, ele afirma que a Bíblia revela o plano de Deus para salvar os homens. Está tudo na Bíblia.

Assim, para os crentes, a terra é, como mostrou Cristo, um caminho, um caminho de cruz, onde o sofrimento e o bem servirão para obter méritos para a vida após a morte. Esta noção de sofrimento continua a ser unânime entre os teólogos atuais. O que leva o filósofo austríaco Wittgenstein a escrever:  “Acreditar em Deus é compreender que a vida tem sentido, acreditar em Deus é ver que os fatos do mundo não são a última palavra”.

O sentido da vida reside num princípio que está além do mundo físico, do mundo tangível. Este princípio é Deus. Todas as nossas ações adquirem então um significado em relação ao julgamento que nos espera depois da nossa vida terrena, um julgamento que determina qual será a qualidade de vida após a morte: recompensa ou punição.

E para os maçons, e então? Eu diria que para eles, entre estes dois caminhos o seu coração oscila... e até oscila tão bem e tão fortemente que temos maçons bastante ateus e maçons bastante crentes, tendo estes últimos resolvido chamar Deus de: Grande-arquiteto do Universo, uma entidade sem dúvida igualmente considerável, mas menos figurativa, menos ingénua, talvez, do que um Deus masculino, idoso, barbudo e celibatário.

Quer sejam ateus ou crentes, o importante para os maçons é que se reconheçam como Irmãos, se abracem como tais, porque eles, como uns aos outros, fazem parte de um pensamento transcendental... para eles o sentido da vida é trabalhar pelo progresso intelectual e moral da humanidade... o maçom aplica a famosa fórmula do Hic et Nunc: Aqui e agora... E é aqui e agora que tudo deve ser feito... e o sagrado se revela através esse trabalho incessante de elevação; o homem emerge do homem para se tornar mais que homem. Este é provavelmente  o " super-homem  " de Nietzche

Talvez exista um projeto escrito para o homem, lá em cima, em algum lugar, ou talvez não, que não diminua a nossa determinação de agir pelo bem comum, aqui e agora... A missão do homem é muito terrena, não há necessidade de olhar em outros lugares, se agirmos para melhorar a sorte dos homens, não é necessariamente para agradar, por trás, a um Deus e garantir um bom lugar perto dele, após a nossa morte, é para construir uma sociedade aqui embaixo, mais justa, mais aberta, finalmente pacífica . O Maçom tem, acima de tudo, uma confiança inabalável no homem. Ele acredita no progresso do pensamento, no progresso do nosso comportamento, no controle da violência. O maçom não se compromete com a vida após a morte, não promete a vida eterna, não se pronuncia sobre os pecados, não se dedica à confissão, mesmo que tenha uma noção muito apurada do bem e do mal... O maçom não apaga, através a contrição, o duro golpe do cinzel que ele poderia ter dado ao acertar erradamente a sua pedra diária.

Nesta postura do maçom continua a razão de ser deste movimento de pensamento, nascido na Inglaterra no final do século XVII. Tratava-se, entre outras coisas, de reconciliar os diferentes clãs políticos e todas as igrejas que estavam envolvidas numa guerra abominável. A Maçonaria traçou, portanto, um caminho para conter os ódios habituais que separam os crentes. A primeira delas é a intolerância, a intolerância para com aqueles que não adoram o mesmo Deus, ou da mesma forma.

O maçom é um reconciliador nato.

A Maçonaria parece-me, portanto, oferecer a vantagem de ser uma espiritualidade de liberdade. O homem é responsável pelos seus atos, perante si mesmo, perante a sociedade, e perante uma transcendência, um poder, denominado Grande Arquiteto do Universo, sobre o qual não se pronuncia mais do que isso e do qual não espera nenhuma recompensa... Este Grande Arquiteto não veio falar aos homens, não enviou um filho ou um profeta para lhes ditar a conduta, nenhuma imagem particular o rodeia, nenhuma lenda ou fato glorioso pode ser atribuído a ele. Eu diria que é uma  “religião”  para grandes, livre dos seus contos e lendas e das diversas superstições que rodeiam a maioria das crenças, não se preocupa com o que está no prato dos homens, nem com o caminho. eles se vestem, e se alguém deve ou não cobrir a cabeça ao falar com ele e em que lugares deve construir os edifícios que ergue para se comunicar com ele. Para o maçom, é toda a natureza que se torna um templo e o céu é a sua abóbada.

É sem dúvida por isso que as religiões tradicionais são tão relutantes em relação à Maçonaria e recordam-nos regularmente a impossibilidade fundamental de pertencer conjuntamente a estes dois exercícios de espiritualidade.

Acreditamos que a vida tem um sentido, um sentido que eleva o homem, que o torna maior... Um sentido que mantém intacta a esperança... que esta esperança se chama Deus ou Grande Arquiteto do universo... certos homens já precisam têm uma resposta, precisam inscrever-se em algo que os esperaria em outro lugar, além, e têm religiões, outros não têm necessidade deste invisível, mas todos, ao praticarem a Maçonaria, encontram-se unidos na fé que têm no homem... neste sentido são realmente Irmãos e é isso que conta acima de tudo.

É por isso que considero a Maçonaria preciosa e insubstituível: acreditar ou não acreditar, essa não é a questão, não há necessidade de perguntar, não há necessidade de responder, é uma questão, certamente respeitável, e que leva a respostas igualmente respeitáveis, mas que se tornam secundárias quando entendemos que a nossa tarefa é salvar primeiro o homem.



Bibliografia  :

* Bossuet: em Pléiade “Meditações sobre a brevidade da vida”.

*Revista Filosofia.

* Vergez – Huisman: em Filosofia (Fernand Nathan)

O IGNORANTE AFIRMA, O SÁBIO DUVIDA, O SENSATO REFLETE - Newton Agrella

 


"O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete..."

A frase acima é atribuída ao notável filósofo grego Aristóteles.

Fica-nos a clara impressão de que esse pensamento, no mínimo, tem o poder de nos levar às fronteiras do raciocínio  antes de radicalmente decretarmos uma asserção absoluta sobre qualquer matéria. 

Que fique claro que nada disso repousa no mero campo da divagação.

Ao atingir a capacidade da contra-argumentação, respeitando as diferenças e os pontos de vista divergentes, inicia-se o processo do direito à liberdade de exercer o pensamento.

Dar murro em ponta de faca, fere o corpo, machuca a alma e desguarnece o espírito.

O valor mais profundo da discussão repousa na liberdade da expressão e na ponderação do que o interlocutor propõe.

A verdade absoluta constitui-se em mera falácia, especialmente porque a vida é um incessante processo de transformação. 

Atribui-se ao franco-maçom o trabalho de uma construção.

Essa construção obedece um princípio prático, cujo caráter é Operativo.

Por outro lado essa mesma construção atende a um processo de elaboração esotérica, espiritual e intelectual cujo âmbito é Especulativo.

Inobstante sua senda estrutural  que guarda segredos operativos e especulativos, a Maçonaria propõe o aperfeiçoamento interior do Ser humano.

Na busca do conhecimento, não há como evoluir se não se conseguir extrair a essência da sabedoria.

Cabe ao Sensato portanto, a árdua missão de refletir, sem o risco de cair na tentadora e perigosa "afirmação" ou tampouco apoiar-se na intempestiva e frugal alternativa da "dúvida".

Talvez por isso, a atribuição da frase-tema ao filósofo grego Aristóteles, cuja maior preocupação residia em meditar, ponderar, e refletir na mais profunda condição intelectual, sobre as questões que ensejassem a interpretação  universal.

Dão-se nomes às coisas conforme as conveniências, tempos, usos e costumes, de tal modo que venham a atender as necessidades dos mais variados grupos sociais. 

O critério é subjetivo, pois sujeita-se à relação do que se deseja e do que se espera...

Nunca é demais registrar que Cultura é a expressão coletiva do homem no contexto social onde atua e estabelece suas relações.

Ler mais, Pensar mais e Achar menos


 



NEWTON AGRELLA M.'.M.'.

fevereiro 20, 2024

A MAÇONARIA E SUA CIRCUNSTÂNCIA - Carlos Newton Pinto


Inicialmente, cito e parafraseio a Ortega y Gasset, que, na sua obra "A Rebelião das Massas"  salienta a necessidade de que o aprendizado individual, transforma a essência pessoal e assim, também o sentido da substância humana amorfa que é a _massa_ pois sempre defendeu que a evolução em Vida é um eterno Aprendizado.

O que isto tem a ver com a Maçonaria?

A Sublime Ordem não é política-partidária.

Seu espírito é universalista-ético.

Quando trata de política -e deve fazê-lo diuturnamente- acaba por  tratar de políticas institucionais e sempre no seu sentido mais ético e mais universal e geral, gerando aprendizado e sempre postulando e agindo pelo afastamento total da corrupção, do estelionato, de todo e qualque tipo de ilicitude, imoralidade ou ilegalidade que exista.

A ela não interessa a cor abraçada pelos governos.

Maçonaria NÃO TEM DE CUIDAR DE PARTES, E SIM DO TODO, AINDA, QUE NÃO ABARQUE OU ENGLOBE COMPLETAMENTE ESTE TODO, exatamente porque é uma Escola Iniciática.

Como Escola Iniciática de Moral e Ética deve expressar-se prontamente contra atitudes e posições IMORAIS E AMORAIS -estas últimas, as _amorais_, que suposta e aparentemente não ferem em direto (mas o fazem em pior situação, pois ferem à solapa), a Moral e a Ética, tornam-se, por estas atitudes circunstanciais e reprováveis,  verdadeiros meios-caminhos asfaltados para a prática de imoralidades, como o desvirtuamento de valores, como a sua relativização, levando à medianização ou à mediocrização das virtudes morais as quais defendemos como princípios fundamentais de nossa Ordem.

- *"Qual seria nossa atuação em concreto",* peguntaria o Irmão curioso?

Em efetividade, já passou da hora em que deveríamos atuar, *EM UNIÃO DE OBEDIÊNCIAS* como verdadeiros órgãos inter-complementares e auxilares, elaborando projetos sociais para execução de políticas ESTRUTURAIS (de criação, organização e execução PERMANENTES e E NÃO CONJUNTURAIS (que se alteram a cada goveno e que são dependentes de suas orientações política-partidárias!

*Sugestões sobre Temas de elaboração e projetos acerca de  políticas institucionais* sérias que independeriam de partidarismos e cujos projetos poderiam ser apresentados,aos governos quaisquer que fossem:

1. EDUCAÇÃO; 

2. EMPREGO; 

3. TRANSPORTE PÚBLICO; 

4. HABITAÇÃO (MORADIA), 

5. SAÚDE.

*Características desses projetos:*

a. definitividade (ser permanente);

b. sustentável (ser ou auto-financiável ou facilmente financiável com participação privada;

c. ser de fácil excução ou prontamente exequível e não violar a lei ou a Constituição sob qualquer ângulo de análise.

Esta,é minha opinião, meu Entendimento sobre as Circunstâncias e o Momento que vivemos Hoje, na Maçonaria, no Brasil e no Mundo.

*Precisamos ser e fazer a nossa própria Circunstância.*

*Se não a fazemos não a seremos; e senão a fizermos e nem formos nossa própria Circunstância não nos salvamos!*

TAF.

A BALANÇA DE ANUBIS - Jorge Gonçalves


Uma das mais antigas divindades egípcias, Anúbis, representado com cabeça de chacal e pintado de preto, associado ao processo de mumificação, guiava e protegia os mortos em sua jornada para o Além.

Anúbis participava do julgamento das almas no Tribunal de Osíris (deus da vegetação, associado à morte e ao renascimento). Durante o julgamento dos mortos, Anúbis pesava o coração do falecido contra a Pena da Verdade (representação da deusa Maat).

Se o coração fosse mais leve que a pena, indicava uma vida virtuosa, permitindo a entrada no paraíso. Se, pelo contrário, o coração fosse mais pesado, indicava todos os males realizados em vida, e a alma seria devorada por Ammit (uma criatura demoníaca que misturava partes de crocodilo, leão e hipopótamo).

A Balança de Anúbis simboliza a busca pela justiça divina, cujas ações em vida determinam o destino eterno da alma no Além

Bibliografia - Blanc, Cláudio. *O Grande Livro da Mitologia Egípcia*. Barueri, SP: Camelot, 2021.

A ACLAMAÇÃO HUZZÉ, HUZZÉ, HUZZÉ! - Valdemar Sansão


Existem momentos fortemente marcantes na Iniciação e nas sessões maçônicas normais. Um deles é a aclamação: "Huzzé, Huzzé, Huzzé", firmemente pronunciada e três vezes repetida. 

Aclamação e não exclamação de alegria entre os Maçons, usual no R.E.A.A., cuja origem é considerada obscura. 

Aclamar = aplaudir, aprovar bradando, saudar, proclamar, ovacionar. 

Exclamar  =  bradar, gritar. 

Pesquisas feitas a esse respeito pelo historiador Albert Lantoine, declara em 1815: "Acrescenta-se a tríplice aclamação Huzzé que deve ser escrita Huzza, palavra inglesa que significa Viva o Rei e substitui o Vivat dos latinos".

Aclamada por três vezes, Huzza! (pronunciar huzzé). Eis a causa da diferença entre a ortografia e a pronúncia: é empregada em sinal de alegria. Citando o mesmo Albert Lantoine, a palavra Huzza (Huzzé!) é simplesmente sinônimo de Hurrah!, aclamação muito conhecida dos antigos torcedores das partidas de futebol, com o Hip! Hip! Hurra!...

Existe mesmo na língua inglesa o verbo “to huzza”, que significa aclamar. A bateria de alegria era sempre feita em honra a um acontecimento feliz para uma Loja ou para um Irmão. Era natural que os Maçons escoceses usassem esta aclamação. 

O dicionário "Michaelis" diz: huzza, interj. (de alegria) – v. gritar hurra, aclamar. Traduzindo corretamente do árabe "Huzzah" (Viva), significa Força e Vigor.

Huzzé era também o nome dado a uma espécie de Acácia consagrada ao Sol, como símbolo da imortalidade. 

"Huzzé, Huzzé, Huzzé" por constituir uma aclamação, é pronunciada com voz forte. Ela é feita apenas por duas vezes em cada reunião, por ocasião da abertura e do encerramento. Alivia tensões que eventualmente possam ter surgido entre os Irmãos.

Trazemos às Sessões as preocupações de ordem material que podem criar correntes vibratórias que põem obstáculos e restringem nossas percepções. 

Ao contrário, no decorrer dos trabalhos, o esforço constante para o bem e o belo, forma correntes que estabelecem as relações com os planos superiores. 

Nesse sentido, a aclamação na abertura do trabalho oferece passagem à energia habilitando-nos a benefícios (saúde, força e vigor) bem mais consistentes e duradouros. 

O importante é que, ao iniciar a Sessão, tenhamos presente que, em Loja, tudo, verdadeiramente tudo, tem uma razão para sua existência. Nada, absolutamente nada, se faz no interior de um Templo por acaso.

Ao se aproximar do objeto mais sagrado, existente no Templo Maçônico – o Livro da Lei -, os maçons lembram pelo nome de Huzzé, expressando com essa aclamação alegria e contentamento, por crerem que o Grande Arquiteto do Universo se faz presente a cada sessão de nossos trabalhos.

E é a ELE que os Maçons rendem graças pelos benefícios advindos de Sua infinita bondade e de Sua presença que, iluminando e espargindo bênçãos em todos aqueles que ali vão imbuídos do Espírito Fraterno, intencionados a praticar a Tolerância, subjugar as suas Intransigências, combater a Vaidade e, crentes que assim procedendo, estarão caminhando rumo a evolução espiritual do Homem, meta do maçom.

A Maçonaria é uma Obra de Luz; a prática da saudação está arraigada nos ensinamentos maçônicos. A consideração da saudação Huzzé na abertura dos trabalhos está relacionada ao meio-dia, hora de grande esplendor de iluminação, quando o sol a pino subentende que não há sombra, tornando-se um momento de extrema igualdade – ninguém faz sombra a ninguém. 

Lembra também as benesses da Sabedoria, representada pelo nascer do sol, cujos raios vivificantes espalham luz e calor, ou seja, a Sabedoria e seus efeitos. 

Quando do encerramento dos trabalhos, a saudação está relacionada à meia-noite, nos dando o alento de que um novo dia irá raiar, pois quanto mais escura é a madrugada, mais próximo está o nascer de um novo dia. 

A aclamação ao sol no seu ocaso, lembra que a Luz da Sabedoria irradiou os trabalhos, agora prestes a terminar, em alusão ao fim da nossa vida (meia-noite) quando devemos estar certos de que nossa passagem pelo plano terreno fora pautada por atos de Sabedoria.

No Rito Moderno a aclamação é "Igualdade, Liberdade e Fraternidade"; no Adonhiramita é "Vivat, Vivat, Vivat"; no Brasileiro "Glória, Glória, Glória!" E nos ritos de York (Emulation) e Schroeder não existe aclamação.

Huzzé! é, pois, a reiteração que os Irmãos fazem de sua fé no Grande Criador, que tudo pode e tudo governa. E só através DELE encontram o caminho para a ascensão.

A primeira reflexão, portanto, em torno da aclamação sugere que analisemos nossa vida e verifiquemos se sustentamos os propósitos de paz ou espalhamos a agitação.

O Mahatma Gandhi dizia que alguém capaz de realizar a plenitude do amor neutralizará o ódio de milhões. Certamente estamos distanciados de suas realizações. Não obstante, podemos promover a paz evitando que ressentimentos e mágoas fermentem no coração dos que conosco congregam e se transformem nesse sentimento desajustante que é o ódio.

Certa feita o Obreiro de uma Loja queixava-se do Mestre de Cerimônias ao Venerável por sempre lhe oferecer, na falta dos titulares, os cargos que, segundo ele, eram de mais difícil desempenho ou de menor evidência. O Venerável, um semeador da paz o desarmou.

- Está enganado, meu Irmão, quanto ao nosso Mestre de Cerimônias. Ele o admira muito, sabe que é eficiente e digno de confiança. Por isso o tem encaminhado para desempenho das funções e encargos onde há problemas, consciente de que sabe desempenhá-los e resolvê-los melhor que qualquer outro Obreiro do quadro da Loja.

Desnecessário dizer que com sua intervenção pacificou o Irmão que passou a ver com simpatia as iniciativas a seu respeito. Desarmou, assim, o possível desafeto passando a ideia de que o Mestre de Cerimônias não tinha a mesma opinião a seu respeito, fazendo prevalecer a sugestão de Francisco de Assis: "Onde houver ódio que eu semeie o Amor".

Existem aqueles que entendem huzzé como força poderosa, ou seja, um mantra, que deve ser com a consciência de quem a emprega direcionada no sentido do bem. Seria essa a razão e significação da palavra Huzzé como proposta na ritualística maçônica?

Devemos acrescer, ainda, que Cristo, em várias oportunidades, saudava os Apóstolos com um "Adonai Ze" (O Senhor esteja entre vós). Essa aclamação os deixava mais alegres e confiantes, formando uma corrente de otimismo. 

Na Idade Média quando um católico se encontrava com outro, dizia: DOMINUS VOBISCUM (O Senhor esteja convosco); PAX TECUM (A paz esteja contigo). 

Até pelo exemplo citado, façamos tudo ao nosso alcance para que reine em nossa Loja uma atmosfera de carinho, afeição, tranquilidade, paz, amor e harmonia para nossa constante elevação e glória do Grande Arquiteto do Universo. 

O emprego da aclamação Huzzé na Maçonaria tem também o sentido esotérico, numa indução moral a que se busque o prazer no que se pratica, para o bem da humanidade (isto no começo) e, no final, a mesma alegria pelo bem praticado, não sem também invocar particularmente o duplo sentido do "Ele é ou ele está..." (com todos, evidentemente).

O importante é que, no momento exato, gritemos de alegria sempre que pudermos estar reunidos em Templo e rendermos graças por estarmos juntos mais uma vez!

Huzzé, Huzzé, Huzzé!

MEMÓRIAS E REFLEXÕES MAÇONICAS - Walter Sarmento de Sá Filho



As qualidades que se esperam de um profano para que possa ingressar na Maçonaria devem ser as que têm por base as condições morais e a sabedoria, no que diz respeito ao sentimento profundo e altruísta, com relação ao procedimento legítimo de respeito e apreço aos semelhantes. 

Em evento realizado na cidade de Campina Grande (PB), ouvíamos falatório de profanos, alusivos à nossa Sublime Ordem, da decadência que atravessava a Instituição em função do grande número de Irmãos iniciados em nossos Augustos Mistérios e, atualmente, que se declaravam ex Maçons. E que, para confirmar tal estado de coisas, bastaria simples pesquisa com os Irmãos adormecidos a fim de indagar sobre quais os motivos que os levaram a abandonar a Ordem Maçônica. 

Dentre os motivos alocados suscitaram a falta de cultura dos Maçons, a falta de força moral dos que a dirigem, a realidade de que a Maçonaria é um simples clube de serviço e entretenimento, além de que as bandeiras que defendia na Antiguidade, tais como liberdade, igualdade e fraternidade, estão fora de época, ultrapassadas, sem serventia para os nossos dias. Assim, após presenciar tantos disparates e arrogância, filhas legítimas da ignorância, respeitosamente, pedi licença e solicitei a palavra para expressar a verdade sobre o significado da filosofia maçônica, tão trágica e covardemente agredida, começando pelos seguintes pontos: 

1 - Embora todos os candidatos à iniciação sejam honrados e justos, não perseveram na luta íntima de combate aos vícios e às paixões e fogem para continuarem com esses vícios e paixões nos seus corações. 

2 - A finalidade primeira da Ordem é melhorar os que lá se matricularam em seres humanos mais dignos e honrados, por meio de boas ações e de estudos edificantes, para poderem contribuir com um futuro melhor para toda a humanidade. 3 - Salvo as exceções, a grande maioria dos que abandonam a Maçonaria o fazem por fraqueza íntima, pois não conseguem suportar a qualidade de vida que lhes é orientada para construir um homem de ideal, humilde, honesto em todos os aspectos, tanto no profissional, no familiar, no cidadão e perante o que seja bom, belo e justo, no mais fiel entendimento de uma estrita moral. 

4 - Percebemos que ao saírem da Maçonaria não aprenderam a dominar as más paixões e, consequentemente, não realizaram nenhum progresso na Sublime Instituição. 

5 - Ao ingressar na Ordem, o verdadeiro Maçom lança o olhar para a luz, para o alto, para o GADU; ao contrário, em atitude exatamente oposta, o incauto se compraz em continuar alimentando o seu orgulho, olhando para baixo, persistindo em fomentar os vícios e as paixões que o animalizam. 

6 - Todo verdadeiro Maçom goza de boa reputação, ou seja, apresenta um som espiritual de evolução. A partir daí identifica-se em qual degrau da escada evolutiva cada um se encontra, falando e exemplificando aquilo que sai da boca em consonância com seu coração. 

7 - O bem está em alta, e é a moeda corrente de nossa INSTITUIÇÃO, a qual, em hipótese alguma, está decadente. Ao contrário, decadente está o mal, cabendo aos Maçons a responsabilidade de extirpá-lo definitivamente da face da Terra, a fim de cumprir o seu o objetivo maior que é o de tornar feliz a humanidade. 

8 - Não obstante, serve de alerta para todos nós Maçons, que, peremptoriamente, inadvertidamente, muitas vezes, descuidamo-nos de beber da fonte fecunda de nossa Respeitável Ordem. 

9 - Percebe-se que a ignorância anda solta a todo vapor. Prudência e cautela nos competem assumir. Enfim, quando Buda foi indagado por um discípulo para que resumisse todos os seus ensinamentos, depois de pensar um momento, respondeu: “cessa de praticar o mal; aprende a praticar o bem; limpa teu coração”. Tal é a religião dos Budas. Nós somos um só. Qualidades para a iniciação maçônica 


fevereiro 19, 2024

LÍNGUA e LINGUAGEM, POLÍTICA e POLITICAGEM - Newton Agrella


Sem qualquer intenção de subestimar o nível intelectual de nosso povo, mas fazendo um breve exercício de constatação quanto ao nível de compreensão de sua própria língua, fica a seguinte pergunta: 

Você entende que o brasileiro conhece ou pelo menos consegue entender grande parte dos vocábulos que fazem parte de seu Hino Nacional ?

Senão vejamos alguns destes vocábulos como:

plácidas, brado, retumbante, fúlgidos, penhor, vívido, impávido, fulguras, florão, garrida, lábaro, ergues, clava...

Pois é, se neste mero exemplo, seguramente um imenso contingente ficará desconcertado para interpretar o significado dos termos acima, que aliás, são legítima propriedade imaterial de cada um de nós, que dirá querer discutir a elaboração semântica, a raiz morfológica, a etimologia e o processo de construção gramatical e sintático do idioma, sem ao menos conseguir conjugar um verbo com naturalidade e tampouco saber o que significa uma flexão de gênero, número e grau, em nome de uma pretensa apologia pela instauração da neo-qualificada Linguagem Neutra, impactando a estrutura da Língua ???

Sejamos razoáveis. 

Respeito, Direitos e Obrigações não se conquistam através de um cínico patrulhamento linguístico ou de humorísticas tentativas inócuas e sem qualquer consistência no sentido de valer-se da língua como instrumento político-ideológico.

O que falta mesmo neste país é vontade de estudar, de aprender, de entender que a Língua é a nossa própria Pátria e constitui-se no símbolo mais legítimo que representa a identidade de um povo e não pode ser agredida e vilipendiada como se isso fosse sinônimo de evolução e vanguardismo.

A propósito, a Língua em sí, constitui-se num conjunto organizado de elementos (sons, fonemas e articulações) que possibilitam a comunicação e que tem na palavra, o seu código e elemento principal.

A Língua possui uma "estrutura gramatical".

Por outro lado a Linguagem é a maneira utilizada para interpretar ou representar nosso pensamento ou sentimento. 

A Linguagem, é qualquer forma de expressão utilizada pelo ser humano para se comunicar.

O que um determinado grupo da mídia e de outros segmentos que se autoproclamam intelectuais estão fazendo é uma sopa de letrinhas insossa, confundindo Língua e Linguagem, como forma de querer padronizar e impor a aceitação de determinados comportamentos, subvertendo a ordem em favor de alguns grupos sociais.



MITOS E RITOS - Izautonio Machado


As ligações que encontramos em rituais e antigos documentos maçônicos com personalidades bíblicas são lendas, e não histórias reais. 

É que a Maçonaria faz uso de símbolos e alegorias como recurso para transmissão de seus conteúdos iniciáticos.

Diz-se que o Mito é o Coração do Rito. Este existe em função daquele.

Nossos mitos carregam lições de cunho moral, e não pretendem ser histórias reais, mas carregam em si um conteúdo "esotérico". Não no sentido de misticismo ou ocultismo, mas no sentido de um conhecimento para além da superficialidade. O objetivo é que você capte, a partir das alegorias, a sabedoria nelas contida.

Este mesmo recurso sempre foi usado na história da humanidade. Veja as mitologia grega e egípcia, as parábolas de Jesus, os Contos, etc, etc.

Assim, o nosso herói Hiram, por mais um exemplo, é um arquétipo e representa uma integridade humana acima da média, que todo maçom deveria almejar alcançar.

fevereiro 18, 2024

PALESTRA: PRECEITOS DA ARCA DE NOÉ PARA UM RELACIONAMENTO FELIZ


 

AGORA, DEIXEM-NOS EM PAZ - Howard Klineberg



Quando fomos levados para a câmara de gás, VOCÊ não disse nada.

Quando fomos convertidos à força, VOCÊ não disse nada.

Quando fomos expulsos de um país apenas por sermos judeus, VOCÊ não disse nada.

Quando agora nos defendemos de repente, VOCÊ tem algo a dizer.

Como nos vingamos contra os alemães por sua Solução Final?

Como nos vingamos dos espanhóis por sua Inquisição?

Como nos vingamos do Islã por serem dhimmis?

Como nos vingamos contra as mentiras dos Protocolos de Sião?

Estudamos nossa Torá

Inovamos na medicina

Inovamos nos sistemas de defesa

Inovamos em tecnologia

Inovamos na agricultura

Criamos música

Escrevemos poesia

Fizemos o deserto florescer

Ganhamos prêmios Nobel

Fundamos a indústria cinematográfica

Financiamos a democracia

Cumprimos a palavra de Hashem, tornando-nos uma luz para as nações da Terra.

Portanto, MUNDO, quando vocês nos criticam por defender nossa herança e nossa terra natal ancestral, nós, os judeus do mundo, fazemos exatamente o que vocês fizeram: ignoramos vocês.

Vocês nos provaram, nos últimos 2.000 anos, que quando a situação está difícil, vocês não se importam.

Agora, deixe-nos em paz e vá cuidar de seu próprio quintal, enquanto nós continuamos nossa missão de 5784 anos, melhorando o mundo que compartilhamos.

Por favor, passe adiante para o maior número possível de pessoas.

Por Howard Klineberg, no Jerusalem Post de 2 de fevereiro de 2015.


A PARTIDA - Roberto Ribeiro Reis



Um bom homem, a partida,

Deixa sempre a lembrança

De que haverá esperança

Do outro lado da vida.


Ter nosso nome no caderno

Gravado pela obra e legado,

Saber da vida doutro lado,

Conhecido por Or.’. Eterno.


Esse caderno do Arquiteto

Composto de IIr.’. de valor

Cuja vida dedicada ao amor

Traduz o bem completo.


Os momentos na memória

São uma saudade sem fim,

Algo irradiante pra mim,

Revividos à base de glória.


Que vivamos a boa história,

Ao lado dos que 𝙖𝙢𝙖𝙢𝙤𝙨, 

Sabendo dos muitos planos

Da vida, que é tão 

RESPEITO - Adilson Zotovici


Cultura que de SEM nasceu  

Procura Sionista a Estado 

Por Grande Arquiteto Louvado 

Nas artes, ciências, cresceu 


Quiçá pouco observado 

Que ao mundo muito concedeu 

O Inefável Cristo nos deu 

Amável e tanto ensinado 


Perseguido e humilhado 

E desde os primórdios sofreu 

Que pelo que é seu tem lutado  


Preconceito, não o venceu...

Sua história sagaz tem mostrado 

*Respeito e paz ao Povo Judeu* !!! 



fevereiro 17, 2024

ANIMAL SOCIAL - EM PAZ CONSIGO MESMO - Newton Agrella*

É dado e sabido que o ser humano é um animal gregário e que convive socialmente, até mesmo para sua evolução, física, mental, espiritual e intelectual.

Inobstante este aspecto, cabe lembrar que "dar um tempo a sí mesmo", invariavelmente se revela uma necessidade pessoal.

Nascemos, atamo-nos a vínculos naturais, circunstantes à própria vida e somos parte de uma complexa engrenagem universal.

Apesar de tantas andanças e experiências que acumulamos, lá no fundo, somos indivíduos.

Convivemos e  compartilhamos.

Porém, a cada dia desta nossa aventura chamada vida, dividimos e multiplicamos, somamos e subtraímos numa complexa ciranda aritimética que nos acompanha ao longo de toda nossa existência.

Apesar de tudo, ainda assim, dispomos de uma propriedade única e intransferível que é a nossa individuação.

Pois é, esta individuação, se traduz como um processo pelo qual uma parte do todo vai se revelando gradativamente uma característica cada vez mais distinta e independente no nosso interior mais recôndito como combustível de nossa personalidade.

Nesse processo comportamental, há que se registrar uma explícita diferença entre "afastamento" e "isolamento".

No primeiro caso, o afastamento reside na necessidade voluntária ou involuntária de - em caráter transitório -  buscar abrigo num território onde podemos refletir, repensar e fazer um balanço de certo modo mais profundo e equilibrado sobre nossas açõe e reações. 

Para que isso se materialize é preciso que esse tempo possa nos reanimar e nos fazer sentir mais firmes e confiantes na retomada do caminho para o nosso aprimoramento da consciência.

Por outro lado, o isolamento,  remete-nos a um estado de abstenção do convívio com outros indivíduos ou com a sociedade de forma muito mais  preocupante.

Sua característica, via de regra, reveste-se de razões mais agudas de ordem emocional, tais como: depressão,  sentimento de não identificação ou de  não pertencimento e até mesmo de insatisfação consigo mesmo ou com outros grupos sociais. 

Neste caso uma ajuda terapêutica é de indiscutível valor.

O que vale no final das contas é a percepção para descobrir que estrada estamos percorrendo e com que habilidade conseguimos transitar sem sofrer maiores percalços.

Portanto, "dar um tempo pra sí mesmo" não faz mal a ninguém. 

Pelo contrário, é uma oportunidade sem igual, para que possamos reencontrar nosso próprio eixo e justificar nosso lugar no mundo.