fevereiro 26, 2024

NA MAÇONARIA VALORIZA-SE 0 SILÊNCIO. Cleber Basso

 

Nossos  dicionários  são  fartos  em  descrever  o  silêncio  como  sendo  a  atitude  mística  diante  da infalibilidade  do  Ser  supremo,  o  calar-se  diante  de  determinada  situação,  estar  mudo  ou  somente pensando. 

Para  filosofia,  o  silencio  não  se  confunde  com  ausência  de  ruído,  pois  nada  mais  é  do  que  a abolição  da  palavra  ou  da  linguagem.

Independentemente  da  interpretação  que  se  tem  do  silêncio  no  mundo  profano,  aqui  neste  trabalho temos  o  silêncio  como  instrumento  de  transformação  e  aprendizado.

Simbolicamente,  o  Apr∴  não  sabe  falar,  não  podendo,  portanto,  fazer  uso  da  palavra.  

Esse  impedimento, todavia,  é  apenas  simbólico,  pois  o  Apr∴  tem  direito  de  falar  em  loja,  desde  que  não  aborde  assuntos ainda  incompatíveis  com  seu  Grau. 

Esse  impedimento  simbólico  tem  raízes  históricas  e  místicas.

Sendo,  a  mística  maçônica,  muito influenciada  pelos  costumes  das  antigas  civilizações. 

Esse  simbolismo  pode  ser  visto  em  duas instituições  da  antiguidade:  o  Mitraísmo  persa  e  o  Pitagorismo.  

Embora  não  se  possa  procurar  profundas semelhanças  entre  graus  simbólicos  da  Maçonaria  e  os  Graus  do  Mitraísmo,  existem  pontos  em  comum entre  Apr∴  Maçônico  e  o  Corvo  Mitráico,  pois  ambos  não  podem,  simbolicamente,  criar  ideias  próprias, limitando-se  a  ouvir,  sem  falar.   

O  mesmo  ocorre  em  relação  aos  Ouvintes,  do  Pitagorismo,  os  quais,  durante  o  seu  aprendizado,  se limitavam  a  ouvir  e  aprender,  numa  situação  muito  similar  à  do  Apr∴,  que,  simbolicamente,  é  uma criança,  que  não  sabe  falar  e  que  se  limita,  também,  a  ouvir  e aprender. 

Pitágoras  na  antiguidade afirmava  a  seus  discípulos  que  “aquele  que  não  sabe  ouvir,  não  sabe  falar”.

Importante  ressaltar  que  o  silencio  aqui  em  comento  não  é  o  silencio  maçônico  propriamente  dito,  aquele que  cogita  inúmeras  e  infundadas  especulações  profanas,  ou  o  silêncio  no  juramento  ocorrido  ao  término da  ritualística.

O  silêncio  em  testilha  tem  como  por  finalidade  o  aprendizado,  tendo  como  destaque  o  APRENDIZ MAÇON. 

Como  ato  de  humildade  que  o  homem  “iniciado”  se  vê  obrigado  a  trazer  de  volta  para  si  e  para seu  comportamento  depois  de  tê-lo  perdido  em  algum  momento  de  sua  vida,  como  o  cinzel  a  talhar  a pedra  bruta  para  transformá-la  em  pedra  polida,  sendo  que  tal  silêncio  deve  ocorrer  de  forma desinteressada  e  sem  reservas  ou  intenções!

Quando  o  recém  iniciado  é  advertido  de  que  não  poderá  falar  em  loja,  desde  a  sua  iniciação  até  à  sua passagem  a  mestre,  devendo  apenas  ouvir  e  observar,  está-se  simplesmente  a  dar  continuidade  a  um dos  mais  antigos  costumes  das  ordens  iniciáticas:  o  silêncio.

O  profano,  ao  iniciar-se,  não  tem  como  expor  suas  ideias  justamente  porque  nada  sabe  e,  diante  desta constatação,  o  silêncio  é  seu  melhor  companheiro,  pois  é  o  singular  momento  de  criação  e  transformação. 

O  Aprendiz  Maçom  encontra-se  em  processo  de  integração  ao  novo  grupo,  com  regras  específicas,  com uma  ligação  pessoal  forte. 

Desejaria,  porventura,  ter  uma  atitude  proativa  de  se  dar  a  conhecer,  de intervir,  de  mostrar  o  seu  valor.  

Mas  não  precisa:  que  tem  valor,  já  todo  o  grupo  o  sabe  por  isso  o  aceitou no  seu  seio,  o  conhecimento  advirá,  nos  dois  sentidos,  com  o  tempo  e  o  aprendizado.

Está  num  processo  de  mudança  de  paradigma  quanto  à  forma  de  estar  social. 

Muitos  dos  valores apreciados  nos  meios  profanos  não  serão  os  mesmos  que  são  preferidos  entre  os  maçons.  

Na  Maçonaria não  se  busca  eficiência,  produtividade,  riqueza,  estatuto,  etc..  

Na  Maçonaria  valoriza-se  a  força  de caráter,  o  reconhecimento  das  próprias  imperfeições,  o  desejo  de  melhorar,  a  ponderação,  o  respeito pelo  outro,  a  tolerância  e  a  paciência,  dentre  outros. 

Na Maçonaria valoriza-se o SILÊNCIO. 


JOHANN WOLFGANG VON GOETHE


Johann Wolfgang Von Goethe nasceu em Frankfurt, Alemanha, no dia 28 de agosto de 1749. Era o filho mais velho de Johan Kaspar Goethe, um homem austero e culto, entusiasmado pela ciência e amante das artes, além de advogado rico e conselheiro da corte de Frederico II; e de Katharine Elizabeth Textor, vinte anos mais jovem que o marido, era uma pessoa alegre e disposta que cultivava um talento especial para contar estórias.

Quando Johann tinha apenas dez anos de idade, sua cidade natal foi ocupada pelos franceses, no período da Guerra dos Sete Anos, que envolvia França, Áustria e Rússia de um lado; e em oposição, Inglaterra e Prússia. Nesta época, para desagrado do Sr. Kaspar Goethe, que não simpatizava com as causas francesas, o comandante do exército francês hospedou-se na casa da família. Por outro lado, o infante Johann teve a oportunidade de familiarizar-se com o idioma e empolgou-se com as referências de escritores franceses.

Inicialmente, sua instrução foi dada por seu pai e, posteriormente, prosseguida por mestres contratados como tutores. Com 16 anos de idade, em outubro de 1765, deu início aos estudos de Direito na universidade de Leipzig, que considerava uma "pequena Paris". Além deste curso, estudou também desenho e desenvolveu interesse pela pintura.

Neste período em Leipzig, Johann descobriu a boêmia e a vida noturna, e passou a escrever suas primeiras poesias inspiradas em fatos da própria vida. Apaixonou-se por Anna Katharina Schonkopf, filha de um comerciante de vinhos local. Inspirado nesse amor escreveu Das Leipziger Liederbuch.

Em 1768, com a saúde debilitada devido aos excessos da vida noturna, foi obrigado a retornar para Frankfurt a fim de tratar-se. Neste período, ocupava seu tempo com leitura, experiências alquímicas e astrológicas. Recuperado, foi enviado pelos pais à cidade francesa de Alsácia, a fim de retomar seus estudos.

Em 1770, já formado em direito, participa do movimento "Sturm und Drang" (Tempestade e Ímpeto) liderado pelo amigo pessoal Johan Gottfried Herder. A peça Geschichte Gottfriedens von Berlichingen mit der eisernen Hand dramatisiert (História de Gottfriedens von Berlichingen dramatizada com mão de ferro) escrita entre 1771 e 1773, e o poema Prometheus, são referências literárias do movimento. Nesta época apaixona-se e mantém um romance com Frederica Brion, filha do pastor de Sessenheim. Após o término da relação, retorna a sua cidade natal onde exerceu sua profissão de advogado, escreveu poesias e peças teatrais, além de colaborar com o jornal "Frankfurter Gelehrte Anzeigen". Devido à profissão, passou quatro meses em Wetzlar e apaixonou-se por Charlotte Buff, noiva de um colega; este sentimento foi tão intenso que quase o levou a cometer suicídio.

Em 1774, mudou-se para Wetzlar onde continuou escrevendo poesias. Neste mesmo ano, publicou sua primeira história auto-reveladora, uma obra que se tornaria conhecidíssima e o poria entre os grandes escritores da literatura européia, o romance Die Leiden des Jungen Werthers (Os sofrimentos do jovem Werther). Werther, personagem principal, suicida-se e torna-se o protótipo do herói romântico. A influência deste romance foi tanta que foi considerado o responsável pelo suicídio de diversos jovens que a leram. Esta obra é inspirada pela paixão intensa de Goethe por Charlotte Buff. Em seguida, o autor inicia um flerte com Maximiliane von La Roche, filha da escritora Sophie von La Roche. No final deste ano, o duque de Saxe-Weimar-Eiisenach, Carlos Augusto, numa viagem à Paris, convidou Johann Goethe a visitar Weimar, capital do ducado.

O ano de 1775 foi repleto de acontecimentos importantes em sua vida. Enamorou-se de Lili Schonemann, viúva de um rico banqueiro de Frankfurt e figura da elite social da cidade. O pouco interesse que tinha de atuar no meio aristocrático o levou a romper a relação.

Mas este romance o inspirou a escrever duas operetas, Erwin und Elmire e Claudine von Villa Bella. Posteriormente, viajou à Suíça ao lado do Conde von Haugwitz e de Friedrich Leopold. Neste mesmo ano, escreveu a peça Stella, abordando a vida de um homem que encontra uma forma de conciliar a convivência com a esposa e a amante. Obviamente, a peça provocou diversos protestos e o autor viu-se obrigado a alterar o final, de modo que dois personagens cometessem suicídio.

Após herdar o governo do Ducado, o então príncipe, Carlos Augusto, refez o convite ao escritor, que aceitou imediatamente e mudou-se para Weimar disposto a desfrutar dos benefícios da corte. Pouco tempo depois, a população acusava Goethe de desvirtuar o príncipe. A reação de Carlos Augusto foi ocupá-lo de atividades administrativas. Este fato obrigou o escritor a abandonar parcialmente suas obras Egmont, Fausto, Torquato Tasso e Iphigenie auf Tauris.

Goethe envolveu-se num novo romance. Desta vez, com Charlotte von Stein, mulher refinada e esposa de outro funcionário. Mãe de sete filhos e sete anos mais velha, o autor referiu-se a ela como "O belo talismã de minha vida". Esta relação estendeu-se por 12 anos e o autor escreveu mais de 1.500 cartas. Foi este romance que inspirou a obra Die Geschwister.

Sua irmã Cornélia falece em 1777. No início da década de 1780, supostamente, filia-se à ordem "Maçonaria Iluminada" que seria a continuidade do Illuminati. Em meados desta década, viajou repentinamente para a Itália. Usando um nome falso, transitou por algumas cidades da região até chegar à Roma, onde foi acolhido numa colônia de artistas alemães.


Em 1784, descobre o intermaxillare, osso do corpo humano desconhecido pelos anatomistas, e elabora teses que antecipam a "Teoria Darwinista". Seu pai falece em 1786. Ainda nesta cidade, voltou suas atividades à literatura e retomou a peça Iphigenie Auf Tauris (Ifigênia na Táurida), concluída em 1787. Esta estadia em Roma ainda lhe rendeu um diário intitulado Italianische Reise (Viagem Italiana).

Mas o principal fruto foi Romische Elegien (Elegias Romanas), escritos de 1788 a 1789. Esta obra constitui-se de poemas nos quais admira a Antigüidade clássica. Nesta mesma época, ao lado de Christiane Vulpis, filha de um humilde funcionário do ducado, constituiu um lar. Desta relação, nasceu August. Em 1790, conclui Torquato Tasso, peça teatral que aborda dificuldades da linguagem e o problema do conflito entre o compromisso social a preservação da individualidade. Neste mesmo ano, foi publicada a primeira parte da célebre obra, Fausto. Ainda neste ano, publica Die Metamorphose der Pftanzen Zu Erklaren, uma obra que aborda a "metamorfose das plantas" e foi muito criticada pelos biólogos.

Em 1792, na companhia do Duque, transita por território francês pouco antes do início da batalha de Valmy, que o escritor registraria nas obras Campagne in Frankreich - 1792 e Belagerung von Mainz.

A partir de 1794, em Weimar, torna-se amigo do escritor alemão Friedrich von Schiller. Diversas cartas foram trocadas entre ambos. Nos anos seguintes, contribuiu para o jornal de Schiller "Die Horen", publicou Wilhelm Meisters Lehrjahre (Os anos de aprendiz de Wilhelm Meister) entre 1795 e 1796 , que aborda o mesmo tema de Torquato de Tasso.

Nos primeiros anos de 1800, atuou como advogado em causa do amigo pessoal Schelling, e obteve grande prestígio profissional e pessoal. A morte do amigo em 1805 o abalou profundamente; em sua homenagem escreveu Epilog zu Schillers Glocke.

Em 1806, Goethe adoece gravemente. Neste mesmo ano, devido à invasão francesa em Weimar, temendo pelos seus bens, consolidou o casamento com Christiane Vulpis, que tinha zelado por sua saúde, e até este momento, a apresentava apenas como governanta. Mas, devido ao romance pouco aceito pela sociedade, o casal não era bem recebido nos lares.

Ao invadir a Alemanha em 1808, Napoleão quis conhecer pessoalmente o escritor que foi condecorado com a "Grande Cruz da Legião de Honra". Em seguida, publicou a primeira parte de Fausto e começou a escrever Der Wahlverwandtschaften (Afinidades eletivas), que terminaria ao final do ano seguinte. Este livro é inspirado pelo seu amor por Minna Herzlieb, uma jovem de dezoito anos, filha adotiva de amigos. A obra foi considerada imoral e gerou protestos.

Em 1810, o escritor fez mais uma incursão pela ciência na obra Zur Farbenlehre (Teoria das cores) ignorando as recentes descobertas de Newton e propondo uma nova teoria. Obviamente o trabalho não foi levado a sério no meio científico. No ano seguinte, escreveu uma autobiografia intitulada Dichtung und Wahrheit (Poesia e Verdade).

Até meados da década de 1810, Goethe, já sem compromissos com sua atividade no governo, dedica-se a coordenar o teatro da corte. Sua esposa, Christiane Vulpis, falece em 1816. No ano seguinte, seu filho casa-se e Goethe abandona a direção do teatro. A obra Italianische Reise (Viagem Italiana), escrita vinte anos antes, é publicada.

No ano de 1819, durante um novo romance com Mariana Von Willemer, de apenas dezoito anos, escreve West-östlicher Divan (Divã do Leste e Oeste), que foi inspirada na versão dos poemas persas de Hafiz, traduzidos por Joseph, Barão von Hammer-Purgstall. No mesmo ano publicou também Trilogie der Lindenschuaf.

A partir de 1823, Jean-Pierre Eckermann, passa a auxiliá-lo na escrita e revisão de seus trabalhos. Uma última paixão pela jovem Ulrique von Levetzow marca seus últimos anos de vida e lhe inspira l'Élégie de Marienbad. Paralelamente, trabalha na obra Wilhelm Meisters Wanderjahre oder Die Entsagenden (Os anos de viagem de Wilhelm Meister ou os Renunciantes) escrita entre os anos de 1821 e 1829. Em 1830, seu único filho, August, morre e lhe deixa três netos.

Em 1832, é publicada a segunda parte de Fausto e o autor mantém-se criativo até os últimos dias de vida. Sabe-se, porém, que a idéia original de Fausto não é inspiração do autor. Na verdade, Fausto teria sido uma pessoa real, um místico que viveu na Alemanha no século XVI, e a sua vida foi adaptada para a ficção em 1587 por Christopher Marlowe.

Em 22 de março de 1832, na cidade de Weimar, Goethe está sentado na poltrona, ao lado da cama. Seu estado de saúde havia piorado nos últimos dias devido à um resfriado. O dia amanhece, mas o quarto mantém-se escuro. Goethe, que já respirava com dificuldade, faz um sinal ao criado que se aproxima e ouve as últimas palavras pronunciadas: "Abra a janela do quarto, para que entre mais luz".

Johann Wolfgang von Goethe deixou uma gigantesca produção cultural. Foi escritor, cientista, filósofo e um dos líderes do "Sturm und Drang". Apesar de várias citações religiosas em sua obra, sabe-se que não era praticante de nenhuma doutrina. Portanto, torna-se impreciso classificar sua obra sob apenas um rótulo; posto que esta transita entre o helenismo clássico e repousa nas bases do emergente romantismo.

Em sua vida pessoal, era obcecado por mulheres, e estas lhe valeram grande parte da inspiração para suas obras. A imagem dos personagens Fausto, Mefistófeles e Werther, são reflexos da personalidade intrigante do autor. Goethe chegou a declarar que herdou do pai "a conduta séria da vida", e da mãe "a natureza alegre e o gosto de narrar".


(Desconheço a autoria)

COMPORTAMENTO MAÇÔNICOS - Roberto Ribeiro Reis

 




O maior sonho arquitetônico

Que o Eterno tem para nós

É que não trabalhemos a sós:

Viver é algo mais sincrônico.


O comportamento maçônico

Não se resume a belos paletós;

Parte do coração, e vai até a voz,

Exige um saber quase salomônico.


Estamos num mundo antagônico,

Tolos, preferimos Chronos a kairós,

Cremos ser o homem hegemônico.


Cada Ir.’. tem sido seu próprio algoz,

Ao agirmos daquele modo faraônico:

Ao não dominarmos nosso ego feroz!

fevereiro 25, 2024

LIÇÃO DO SOL- Adilson Zotovici


O Rei Sol na caminhada

Que faz no grande canteiro

Traz a Luz para a jornada

Que conduz o bom obreiro


Do germe na aurora brotada

A flora, que a pino, luzeiro

Sem acaso após florada,

Ocaso, repouso fagueiro


Sob véus, lição mostrada

Como em Loja, verdadeiro !

Instrução dos céus, sagrada


Qual Sol, de janeiro a janeiro

A obra não fica parada

Se de escol livre pedreiro !



PODCAST #30 - MAÇONARIA E DOGMA com Newton Agrella

 


A Revolução da Física Quântica e o Enigma da Luz - Jorge Gonçalves



A família de Broglie, de origem italiana, estabeleceu-se na França em 1640, destacando-se como militares e nobres. Conheceremos dois membros da família: Louis de Broglie (1892 - 1987) e seu irmão, Maurice de Broglie (1875 - 1960).

Louis era o irmão mais novo de Maurice de Broglie, este um físico experimental reconhecido por seus estudos sobre raios X e radioatividade. Louis tinha formação em humanas. Na época da minha graduação em física, sempre brincávamos que alunos de humanas não gostavam muito de cálculos, mas Louis, um dos meus heróis, irá provar que não é bem assim. Ele estudou Licenciatura em História e Direito, mas era fascinado pela física. Essa história sempre me fascinou. Em certo momento, Louis questionou Maurice, físico profissional, sobre a natureza da luz. Imagino ele perguntando: "Meu irmão, a luz é uma onda ou uma partícula?".

Para quem não está familiarizado com a história da física, essa é aquela pergunta que vale um milhão de dólares. Mesmo para os maiores gênios da humanidade como Isaac Newton (acreditava que a luz era feita de partículas) e Christiaan Huygens (acreditava que a luz era composta por ondas), erraram ao tentar responder precisamente essa pergunta.

Maurice, é óbvio, não conseguiu responder. Se você tentar prever o fim dessa história, parece óbvio que o estudante de humanas irá desistir. *NÃO!* Louis decidiu estudar física por conta própria, devorando livros de física e artigos científicos.

Em sua tese de doutorado apresentada em 1924 à Faculdade de Ciência da Universidade de Paris, Louis de Broglie propôs a existência de ondas de matéria. Ele propôs a **hipótese de dualidade onda-partícula**, que sugeria que as partículas materiais, como os elétrons, também tinham um comportamento ondulatório. 

A ideia era tão revolucionária que, embora o alcance e a originalidade tenham sido reconhecidos, a banca examinadora de sua tese não tinha como avaliar, considerando a falta de evidência experimental. 

É aqui que outro dos meus heróis entra em ação. Foi Albert Einstein que reconheceu a importância e validade dessas ideias, chamando a atenção de outros físicos. Em 1929, somente cinco anos mais tarde, Louis de Broglie recebeu o Prêmio Nobel em Física, tendo suas ideias sido confirmadas experimentalmente. Essa hipótese foi tão revolucionária que abriu caminho para o desenvolvimento da **mecânica quântica**. A hipótese de Louis de Broglie era de que o comportamento dual, isto é, onda-partícula, da luz também se aplicava à matéria.

A luz sempre foi um elemento importante na história da humanidade e foi usada como símbolo do conhecimento e da razão para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros. 

Disse Louis de Broglie: "O estado real do nosso conhecimento é sempre provisório e... deve haver, além do que é realmente conhecido, imensas novas regiões para descobrir." Em sua jornada, Louis tornou-se um herói improvável, desafiando as barreiras do conhecimento. Diante da incerteza sobre a natureza da luz, ele não desistiu. A lição é clara, mesmo as mentes mais iluminadas podem estar erradas, e precisamos continuamente buscar o conhecimento, e a luz da razão deve brilhar até o nosso último suspiro. 


EISBERG, Robert, e RESNICK, Robert. Quantum physics of atoms, molecules, solids, nuclei and particles.

fevereiro 24, 2024

O PROFETA AMÓS E A MAÇONARIA - Rafael Guerreiro







O Profeta Amós era um trabalhador braçal, um boiadeiro e cultivador de sicômoros (árvores que geram um fruto parecido com o figo).

Ele é originário da cidade de Tekua, aldeia situada há dez quilômetros ao sul de Belém. É conhecido ainda como sendo um dos assim chamados “Profetas Menores”, não por ter pouca importância, mas sim pela extensão de sua obra, considerada pequena em vista de outros profetas da Bíblia, mas tão brilhante quanto as outras.

O seu ministério foi exercido no século VIII a.C. durante os reinados dos Reis Uzias (ao sul de Israel) e Jeroboão II (ao norte de Israel). Sua obra foi marcada por uma profunda crítica social e religiosa. Ele denunciou a desigualdade social de seu tempo, bem como o uso idólatra da religião, transformada em mero instrumento que serve à alienação e usada como fachada para a iniquidade.

O Profeta Amós é um revolucionário, um socialista de seu tempo que não se deixou levar pelas aparências de uma época marcada, sobretudo, pela prosperidade material. Contudo, mesmo com abundância, o povo de Israel passou por uma profunda inversão de valores, deixando-se levar pela soberba, ganância, luxúria e todo tipo de perdições.

Dessa forma, a obra de Amós é caracterizada pela crítica ao enriquecimento da sociedade à custa dos pobres; ao suborno e corrupção de juízes nos tribunais; à opressão, violência e à escravidão dos pobres; ao comportamento das mulheres ricas, que para viverem no luxo, estimulavam seus maridos a oprimirem os fracos etc. (1)

No que toca à religião, Amós denuncia seu caráter meramente ritualístico e vazio. Assim ele diz em seu livro: “Eu odeio, eu desprezo as vossas festas e não gosto de vossas reuniões. Porque, se me ofereceis holocaustos...,não me agradam as vossas oferendas e não olho para o sacrifico de vossos animais cevados. Afasta de mim o ruído de teus cantos, eu não posso ouvir o som de tuas harpas! Que o direito corra como a água e a justiça como um rio caudaloso”. (Am 5: 21-24)

E dentro desse contexto de críticas, Amós, na terceira parte de seu livro, relata cinco visões, sendo que a terceira delas interessa de forma particular à maçonaria. Trata-se da visão do fio de prumo.

No capítulo 7, versículos de 7 a 8, Amós assim relata: “Assim me fez ver: Eis que o Senhor estava de pé sobre um muro e tinha sobre a sua mão um fio de prumo. E Iahweh me disse: Que vês, Amós? Eu disse: Um fio de prumo. O senhor disse: Eis que vou pôr um fio de prumo no meio do meu povo, Israel, não tornarei a perdoá-lo. (Am 7: 7-8 – tradução da Bíblia de Jerusalém).

Ora, é o Senhor mesmo Quem estava sobre o muro na visão de Amós. E o prumo que segurava em Suas mãos é altamente revelador. Ele revela nossa intrínseca tortuosidade, nosso desalinhamento e desequilíbrio moral.

Da mesma forma como o pedreiro se utiliza do prumo para procurar falhas na obra em que se debruça assim se dá quando Deus coloca seu prumo em nossas vidas, fazendo aparecerem todas as falhas, todas as misérias escondidas em nossos olhares dissimulados, em nossas palavras vazias e em nossas ações e omissões egoístas.

Mas o que é este prumo de Deus em nossas vidas? Será a Bíblia (ou qualquer outro livro sagrado a que seguimos)? Será nosso caminho pessoal? Os padrões sociais e políticos de nosso tempo? Nossa consciência?

A Ordem maçônica tenta nos mostrar qual será esse prumo na vida particular de cada maçom, transmitindo por meio de alegorias e símbolos antigos mistérios que podem ser traduzidos em retidão moral e bons costumes para aquele que de fato os persegue em seu íntimo construtor.

Mas há um fato curioso nesta passagem. Nem mesmo Deus julgou aleatoriamente o seu povo. Antes disso, Ele passou sobre nós o seu prumo sagrado, para que toda falha fosse posta às claras. Assim, não cabe ao Homem passar seu prumo particular na parede alheia, achando-se ridiculamente capaz de medir os erros de seu irmão com medida própria. 

Não cabe em nós tamanho amor para realizar essa tarefa de sublime construção da alma do nosso próximo. Isso é assunto entre o Pai e seu filho, porque no prumo do homem há juízos e preconceitos, medidas diferentes alicerçadas na miséria de nossa alma. Mas o prumo de Deus contém a dádiva do arrependimento e a certeza da retidão no amor maior de Sua caridade. (2)

O prumo de Deus revela nossos pecados à luz do dia, não deixando nada a coberto. 

E ao lançá-los à luz, Ele espera de nós tão somente humildade e trabalho para quebrarmos nossos tijolos mal assentados e recomeçar nossa obra fundada na promessa de que seguindo-O, encontraremos pela frente apenas consequências do amor.

NOTAS:

1. Extraído de: http://judaismohumanista.ning.com/m/discussion?id=3531236%3ATopic%3A77;

2. Extraído de: http://www.lojamontemoria.com.br/artigo.asp?cod=262;

SIM, SIM; NÃO, NÃO! - Heitor Rodrigues Freire



Uma das coisas mais difíceis, hoje em dia, é controlar a língua. Com tanta interação online, as pessoas se veem tentadas a opinar sobre tudo e julgar o tempo todo. 

A palavra é o meio próprio e natural de expressão do ser humano, ou o que nos distingue das outras criaturas. E a linguagem se manifesta justamente por meio da palavra. A linguagem é, portanto, uma característica eminentemente humana.

Desde criança, pelo convívio diário com os pais e demais parentes, começamos a falar sem nos dar conta da importância da palavra, do seu significado e do que ela representa como fator de evolução mental e espiritual. A palavra faz parte do nosso patrimônio genético. As mudanças na sociedade se refletem na linguagem falada e escrita.

A falta de uma orientação verdadeira sobre o significado da palavra resulta no seu uso inadequado. Devido à familiaridade e facilidade em falar, deixamos de nos beneficiar de um poder extraordinário que nos foi concedido pelo nosso Pai. Por meio da palavra foi criado o universo, e através da palavra cada um de nós cria o seu próprio mundo, sabendo ou não, querendo ou não. 

Jesus, como sempre, é brilhante em seus ensinamentos:“ Seja porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna”. (Mateus 6:36). Dizendo também que não devemos jurar por nada, nem por ninguém, mas devemos manter nossa palavra. Se dissermos sim, ou se dissermos não, isso deve bastar.

Também no livro dos Provérbios encontramos essas três pérolas:

“Quem fala muito acaba pecando; a pessoa prudente põe freio na boca” (Provérbios 10:19).

“Cada um se satisfaz com aquilo que fala, mas receberá conforme aquilo que faz” (Provérbios 12:14).

"A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto." (Provérbios 18:21).

O ato de falar demonstra quem são as pessoas. Os sábios fazem uso da palavra para sua comunicação necessária e útil; os insensatos falam sem parar. Aliás, há um ditado popular que sintetiza com muita propriedade essa questão: “Quem fala muito dá bom dia a cavalo”. Essa referência vem a propósito de uma observação a respeito de um estranho vírus que ataca os ocupantes de cargos políticos, de maneira indistinta.

Assim, na plenitude dos tempos, é importante que aprendamos a fazer uso adequado dessa faculdade maravilhosa e criadora. Falar à toa, jogar conversa fora, por exemplo, discutir política, religião ou futebol são temas que acabam, algumas vezes, criando inimizades e distanciando as pessoas. 

Mais uma mensagem divina:

“Seja o vosso falar: ‘sim, sim; não; não’, recomenda o Evangelho. Para concordar ou recusar, todavia, ninguém precisa ser de mel ou de fel. Bastará lembrarmos que Jesus é o Mestre e o Senhor não só pelo que faz, mas também pelo que deixa de fazer” (Emmanuel. Pão Nosso. FEB Editora, cap 80.)

Para finalizar, um texto do jornalista, escritor e teatrólogo, Nelson Rodrigues que também merece reflexão:

“A maioria das pessoas imagina que o mais importante no diálogo é a palavra. Engano: o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão”. 


ESSA PEDRA BRUTA - Roberto Ribeiro Reis


Essa pedra bruta

Há de ser polida,

Nesta ou noutra vida:

A mudança resoluta.


Essa ignorância

Há de ser mitigada,

Como vil fragrância

Mortal, se inalada.


Esse ser disforme

Há de ser moldado,

Um esforço enorme,

Genial, se desejado.


Essa matéria imperfeita

Há de ser finita,

Deve estar sujeita

À essência bendita.


Esse corpo doente

Carece de mente sã,

Pois o principal afã

É crescer, espiritualmente.


A ascensão divina

É desiderato de cada Ir.’.;

Com a proteção divina

Permeada de união.


Toda pedra nos importa,

Valoroso é seu burilamento,

Vivendo todo encantamento

Que a nossa Ordem exorta.

fevereiro 23, 2024

O PROCESSO INICIÁTICO - José Maurício Guimarães

,

Nem todos que buscam a Iniciação tornam-se dignos de encontrar o verdadeiro segredo, a Palavra Perdida ou a Pedra Filosofal. Pode parecer muito decepcionante, mas grande parte dos que batem às portas dos Templos, apesar de admitidos permanecem como que "do lado de fora", envolvidos carmicamente apenas com a manutenção financeira das instituições.

Do mesmo modo, nem todos que batem à porta da Justiça recebem o Direito, apesar de as Constituições assegurarem a todos o "suum cuique tribuere", isto é: a cada um o que lhe é devido.

Considero "O Processo" de Franz Kafka o livro mais importante do Século XX (escrito entre 1914 - 1925) e me surpreendo de que essa obra não tenha sido lida por todos que buscam a Iniciação e mesmo o Direito.

Li "O Processo" cinco vezes durante minha vida: a primeira quando eu era acadêmico de Direito na UFMG; depois quando frequentei o primeiro ano da pós-graduação na classe do saudoso Professor Lydio Machado Bandeira de Mello que questionava a obra e nos incitava a ler o Kafka como um desafio à Justiça e à história da inclusão do povo judeu na Europa.

Há uma intrigante alegoria nas páginas finais do livro cujo sentido foi grandemente explorado por Orson Welles no filme baseado no livro ("The Trial", 1962).

Vou narrar essa alegoria com minhas palavras:

No ano 4.921 do calendário hebreu, quingentésimo quinquagésimo quinto ano do calendário islâmico e milésimo octogésimo do calendário indiano, nada aconteceu de relevante nos grandes reinos. Os homens não iniciavam novas guerra ˗ apenas se empenhavam  nas que já existiam. Também não houve tratados de paz. O fato mais importante foi que o imperador Manuel Comnenós I submeteu Jerusalém e Antioquia para que aceitassem o domínio bizantino e sua autoridade.

Naquela época, em Patras, próximo de Sicon e Corinto, havia um Templo Iniciático protegido das indiscrições profanas pela ilusão dos sentidos ˗ o véu de Maia.

Diante daquele Templo ficava um guardião de aspecto amedrontador. Ele estava ali havia anos, vestido com pesado manto, armado de espada e imóvel...

Seu corpo musculoso e pesado, como o de um lavrador, apenas se deslocava alguns passos, poucas vezes a cada ano, acaso percebesse algum ruído entre as pedras do deserto. Ele não comia alimento algum, nem água bebia.

Certa manhã, antes de nascer o sol, um buscador se aproximou cansado, olhou em volta e, ao reconhecer o Templo que procurava, pediu ao guardião que o deixasse entrar.

O guardião ergueu a mão direita levando a outra à espada e respondeu que não poderia abrir os portais do Templo. E pediu ao buscador que aguardasse até que a ocasião propícia lhe fosse apresentada.

O buscador não entendeu a resposta e, aproveitando que o guardião virava o rosto para outro lado, arriscou-se a olhar pelo portal iluminado. E perguntou se poderia permanecer sentado do lado de fora até que chegasse a ocasião propícia.

" - Nada te impede que fiques sentado do lado de fora. Nada é impossível para quem busca, sabe pensar e esperar", respondeu o guardião.

O buscador achou melhor sentar e descansar. Decidiu esperar até que, purificado pelo pensamento ou pelo jejum, recebesse autorização do guardião para entrar. Nos três primeiros dias ele permaneceu em meditação, mas seu pensamento foi ficando agitado. Depois, ele passou a contar as pulgas que conseguia ver no pesado manto do guardião.

Passaram-se longos anos e o buscador olhava ininterruptamente para o guardião que lhe parecia ser o único obstáculo à sua entrada no  Templo. A essa altura ele já conhecia cada pulga e sabia distinguir as que morriam nas novas que iam nascendo. Diante dele, o portal do Templo deixava escapar um pouco da luz interior e o eco distante de música desconhecida...

Por fim, o buscador envelheceu. Sua visão ficou fraca. Ele já não sabia se a luz do dia era a noite. Ainda assim, conseguia distinguir lampejos esmaecidos do clarão inextinguível vinda do portal. Como já não tinha muito tempo de vida, resolveu fazer a pergunta que até então não formulara:

" - Se todos aspiram o conhecimento - disse ele - como se explica que durante todos estes anos ninguém, a não ser eu, apareceu por aqui pedindo para entrar?"

O guarda percebeu que o homem estava perto do fim. Aproximou-se do ouvido do moribundo e disse:

" - Diante deste portal, ninguém!, a não ser você, poderia entrar. Este portal e esta entrada foram destinadas apenas a você. Não precisava pedir permissão, era só empurrar a porta... Eu não sou o guarda deste portal, sou apenas o protetor do Templo para que as feras do deserto não se aproximem. Agora você nem consegue caminhar até a tranca metálica da porta. Vou-me embora, pois minha eternidade termina hoje. Quanto a você, permaneça aqui mesmo".

DESVENDANDO O "TRIPLO TAU" - Kennyo Ismail


O “Triplo Tau” é tido como um importante símbolo maçônico pois, em muitos rituais e Obediências, ornamenta o principal avental da Loja, o do Venerável Mestre, além de compor o emblema do Real Arco. Assim, o “Triplo Tau” está presente de forma destacada tanto na Maçonaria Simbólica quanto nos Altos Graus do Rito de York e do Sistema Inglês Moderno.

Sendo símbolo tão presente e de tanto destaque na Maçonaria, natural que milhares de interpretações oficiais e extraoficiais surgem para a alegria dos pseudossábios de plantão. Talvez esse seja o maior problema enfrentado internamente na Maçonaria: a constante tentativa de complicar o simples, de dar significados extras e não maçônicos à simbologia maçônica.

Em muitos livros e artigos maçônicos publicados, o “Triplo Tau” é tido como símbolo baseado numa letra grega utilizada antigamente por hindus e judeus como símbolo da eternidade, do que é sagrado, dos “escolhidos”, e que, combinado em três, simboliza o nome de Deus, etc, etc, etc. Enfim, descrever todos os significados atribuídos a esse símbolo é um desafio que um único texto seria incapaz de encarar.

Para compreender de forma correta esse símbolo, precisa-se estudá-lo em cada contexto:

O "Triplo Tau"do avental dos Mestres Instalados

Eu sinto muito informar, mas os três Taus vistos no avental dos Mestres Instalados de muitos Rituais e Obediências não são “Taus”.

A simbologia da Maçonaria Simbólica é baseada na Maçonaria Operativa, e o avental do Venerável Mestre não é diferente. Os três principais Oficiais duma Loja possuem ferramentas como símbolo: Segundo Vigilante: Prumo; Primeiro Vigilante: Nível; Venerável Mestre: Esquadro. O que parece um Tau, na verdade é um tipo de esquadro, chamado em inglês de “T-square”, que em português significa “equadro-T”, mas é mais conhecido por “régua-T”. Como se sabe, o Mestre da Loja é muitas vezes ilustrado como aquele desenhando na Prancheta da Loja. O esquadro-T, ou régua-T, além de possibilitar o desenho de ângulos retos, é extremamente necessário para se desenhar retas paralelas.

Com a onda esotérica que tanto influenciou a Maçonaria durante os séculos XVIII e XIX, deram a vários símbolos significados místicos, não-maçônicos, e o esquadro-T foi uma dessas vítimas. Se fossem Taus, obviamente seriam posicionados com as partes de duas extremidades voltadas para cima, e não para baixo como são.

O “Triplo Tau” do Real Arco

Também sinto em informar que o “Triplo Tau” do Real Arco americano e inglês originalmente também não é um Triplo Tau.

O símbolo do Real Arco aparenta ser três Taus unidos pelas bases, e com o tempo essa se tornou inclusive a descrição oficial do símbolo. Mas na verdade, o símbolo original é um “T” sobre um “H”, sendo a sigla de “Templum Hierosolymae”, nome em latim do que conhecemos como Templo de Salomão. Por sorte, o primeiro regulamento do Real Arco, datado de 12 de Junho de 1765, aponta a sigla TH como emblema do Real Arco e decifra seu significado, e em 1766 surgiu a instrução para posicionar o T sobre o H em todo seu uso. Além disso, o famoso maçom Thomas Dunckerley, grande defensor e promotor do Real Arco, deixou essa informação em evidência em correspondência oficial datada de 27 de Janeiro de 1792.

Com o tempo e sob a mesma influência esotérica mencionada anteriormente, não foi difícil a união do T com o H num único símbolo e o surgimento de sua denominação como “Triplo Tau”, o que acabou sendo oficializado com o passar dos anos.

Conclusão

Não existe “Triplo Tau” na Maçonaria. Existe “esquadro-T” na Maçonaria Simbólica, e “T sobre H” no Real Arco. O resto é invenção sem base teórica, verdadeiros desrespeitos à Maçonaria e sua história. A simbologia maçônica já é interessante e significativa o bastante, não necessitando de tais enxertos.

HUMANAMENTE SE SITUANDO ENTRE VIVER E EXISTIR - Newton Agrella


O influente e notável escritor e poeta irlandês Oscar Wilde escreveu :

"...Viver é a coisa mais rara do mundo. 

A maioria das pessoas apenas existe..."

Se nos ativermos ao plano da essência filosófica e não meramente formal,  perceberemos que há uma significativa e sensível diferença entre existir e viver.

"Existir" traduz-nos a ideia e a noção de presença, seja ela material ou abstrata, breve ou longa, inteira ou parcial.

Porém, na sua acepção vocabular, seu significado está atrelado a um conceito de inércia e de permanência.

A existência, por si só,  revela um estado que não comporta movimento ou transformação. 

Simplesmente é ou está.

Essa passividade é o que caracteriza sua configuração no tempo e no espaço.

E que fique claro que não há absolutamente qualquer indício de demérito nisso. 

Pelo contrário, a existência é o que provoca a capacidade de se tornar referência a tudo o que gravita, transpõe, transita e até o que se distancia ou se afasta de seu eixo.

Por outro lado, se nos abstivermos de um olhar incisivamente cartesiano, perceberemos que "viver" revela  a dimensão de um significado pleno de desafios, posto que sua essência, enseja a

capacidade de transformar, modificar, de ser ativo, e de que o ser humano está propenso a se adaptar às mais diversas circunstâncias, uma vez que a vida é a experiência mais densa e profunda pela qual se pode transitar.

Ao historiador grego Plutarco, é atribuída a frase:

"...É preciso viver, não apenas existir..." 

Sem qualquer intenção de se inspirar em frases, mas é inequívoco que o exercício do pensamento se vale de referências, até mesmo porque viver impõe essa ação contínua para que a nossa existência se justifique e faça sentido.

Cada um de nós, vive sua história na intensidade que lhe é permitida. 

E essa prerrogativa existe como um registro particular e pertinente a tudo o que cada um de nós produz ou produziu.

O desejo latente que cada pessoa leva consigo é o de viver e não apenas o de existir.

Dispomos do dom da escolha de viver bem, de viver feliz, e não de deixarmo-nos ser "levados pela vida".

A vida é o maior bem que o ser humano possui. 

Isto significa que em principio, "viver"  é antes de mais nada um genuíno ato de sabedoria, ao passo que "existir"  constitui-se numa relação cronológica, que se estabelece entre o ser humano e o Universo, que obedece um critério de duração e de conformidade com as experiências acumuladas.



 *ENDOENÇAS*


Vamos humildes obreiros

Sigamos nossa lida jurada

Qual triunfantes Cavaleiros

Com bom verbo que espada,

Aos propósitos sobranceiros


Longa é nossa estrada

Rumo à plena  libertação,

À justiça, a quem não tem nada

E sobre as trevas da servidão

Ver então a Luz triunfada


Virtuosos sem esperar gratidão

Apenas por jura, por caridade,

Levar amor a cada irmão

E informar a fraternidade

Sobre os elos da nossa união


Perdoar com equidade

Os eventuais antecedentes

De intransigência, de vaidade,

Fazendo valer entrementes,

Os princípios da Real sociedade!


E como ceia dos indulgentes

Celebrar com bom vinho e pão

Rogando as Graças aos presentes

Tal qual manda a tradição..

Ao Grande Arquiteto pelos ausentes !


Adilson Zotovici

ARLS Chequer Nassif 169