março 01, 2024

O MESTRE HOSPITALEIRO - Aldy Carvalho




                                    

Confiança e amizade requerem tempo.

                                                                                               


A Maçonaria é

Centro vivo de união

Onde o espírito fraterno

Fermentado na Razão

Cresce em Beleza e Justiça 

Para erguer uma nação 


Veja, a hospitalidade,

Virtude que é santa e bela

É a marca registrada

Daquele que se revela

De vida justa e cristã

E no mau não se enovela


Diz o Novo Testamento

O Livro Santo Cristão

Que o irmão hospitaleiro

É o que tem bom coração.

Altruísta em sentimento

Sempre bom anfitrião.


Lá no Novo Testamento

Tem a hospitalidade

Como marca registrada

De uma nobre atividade

Na vida do bom cristão

É amor, fraternidade.


Numa Loja há muitos cargos

Todos eles respeitáveis

É a Hospitalaria

Um dos postos veneráveis

Que fazem brilhar a Loja

Dentre os mais consideráveis.


Eu já fui hospitaleiro

Quando fui solicitado

Apresentei-me de pronto

E neste posto instalado

Fui cumprir nobre missão

No que fui considerado


Na hora certa, aprazada

E conforme o ritual

Vai então o Hospitaleiro

Postar-se no seu local

Para cumprir a missão

Da qual tem bom cabedal


Ao Segundo Vigilante

Faz notar sua presença

Ao postar-se entre colunas

Solicitando licença

Para circular na Loja

A bolsa de beneficença.


A bolsa, saco ou “bornal”

É o que lhe caracteriza

As doações dos Irmãos

Vão servir-lhe de baliza

Para as ações beneméritas

Que o Mestre agiliza.


Com ela cumpre seu giro

Determinado, ciente

Sabedor que seu ofício

Deve ser eficiente

Dentro ou fora da Loja

No labor beneficente


Cada irmão contribui

No que toca o coração

Ciente que o seu óbolo

Confortará outro irmão

Que estando longe ou perto

Necessite de atenção.


Segue então o Hospitaleiro

A fazer o seu trabalho

Como lhe fora ordenado

Sem conversa, sem empalho

Estando ativo, atento

Pra não fazer ato falho.


Vai primeiro ao Oriente

Segue a orientação

De cada irmão uma avença

Que mandar o coração

Aquele que não puder

Simplesmente estende a mão


O hospitaleiro é

Um plantonista de faro

Detecta entre os irmãos

O que precisa de amparo

O socorrista eficaz

Nisto tem muito preparo.


Suas qualidades vão

Muito além do ser bondoso

Tolerante, solidário

Por isso tão prestimoso

Atende sempre um chamado

No seu dever é zeloso.


Esse irmão, Grande Esmoler

Na sua ação social

Ajunta esforços de todos

Com um auxilio real

Seja este financeiro

Ou no conforto moral. 


Também ampara ao estranho 

Que vem à porta bater

Ainda, se alguém encontra

Infeliz a padecer

Acorre em seu socorro

Ciente do seu dever.


Viva o Mestre Hospitaleiro!

E sua altiva atitude

Viva a Hospitalaria!

Essa bendita virtude

E que a nobreza da alma

Se reflita em amplitude.



“Hospitalidade é dar espaço para as pessoas que têm necessidades”.

“A hospitalidade pode preencher o vazio de um coração solitário”.

A palavra “hospitalidade” no grego significa “amor pelos estranhos”. Quando Paulo fala em “Romanos 12:13”, sobre “praticai a hospitalidade” ele está nos convocando a buscar relacionamentos com pessoas que estão em necessidade, e esta não é uma tarefa fácil.

O escritor Henri Nouwen compara estas palavras à maneira de alcançarmos aqueles que encontramos em nossa caminhada pela vida — que possam estar afastados de sua cultura, país, amigos, família, ou até mesmo de Deus. Diz o escritor: “Hospitalidade, portanto, significa primeiramente a criação de um espaço livre onde o estranho possa entrar e tornar-se um amigo, em vez de inimigo. Hospitalidade não é para mudar pessoas, mas para oferecer-lhes espaço onde mudanças possam acontecer.

Para Rui Bandeira, em artigo publicado no Blog “A Partir Pedra”: “O Hospitaleiro é o elemento da Loja que tem o ofício, a tarefa, de detectar as situações de necessidade e de prover o alívio dessas situações, quer agindo pessoalmente, quer convocando o auxílio de outros maçons ou, mesmo, de toda a Loja, quer, se a situação o justificar ou impuser, solicitando, por meio da Grande Loja e do Grande Oficial com esse específico encargo, o Grande Hospitaleiro ou Grande Esmoler, a ajuda das demais Lojas e dos respectivos membros.

Um dos traços distintivos da Maçonaria, uma das características que constituem a sua essência de Fraternidade, é a existência, o cultivo e a prática de uma profunda e sentida solidariedade entre os seus membros. Solidariedade que não significa cumplicidade em ações ilícitas ou imorais, ou encobrimento de quem as pratica, ainda que Irmão, ou auxílio ou facilitação à impunidade de quem viole as leis do Estado ou as regras da Moral. O maçom deve ser sempre um homem livre e de bons costumes.

A solidariedade dos maçons existe e pratica–se e sente-se em relação às situações de necessidade, aos infortúnios de que qualquer um pode ser acometido.

        Sempre que surgir ou for detectada uma situação de necessidade de auxílio, de conforto moral ou de simples presença amiga, os maçons acorrem e unem-se em torno daquele que, nesse momento, precisa do calor de seus IIr.. Esse auxílio, conforto, são coordenados pelo Hospitaleiro. O Hospitaleiro não é o Oficial que efetua as ações de solidariedade, desobrigando os demais elementos da Loja dessas ações. O Hospitaleiro é aquele com a função de organizar, dirigir, tornar eficientes, úteis, os esforços de TODOS em prol daquele que necessita.

A escolha, a combinação, o acionamento das formas de solidariedade aconselháveis em cada caso cabe ao Hospitaleiro. 

A solidariedade é algo que não se esgota em circuito fechado. Para o maçom, a beneficência é um simples cumprimento de um dever. As ações de solidariedade ou beneficência a quem necessita – maçom ou profano – e em auxílio das organizações ou ações que benevolamente ajudam quem precisa são, em relação à Loja, coordenadas pelo Hospitaleiro.

O símbolo do Hospitaleiro é uma bolsa ou um saco, ou ainda uma mão segurando um saco. Bolsa em que o Hospitaleiro deve guardar os meios de auxílio. Bolsa que deve figurativamente sempre carregar consigo, pois nunca sabe quando necessitará de prestar auxílio, material ou moral. Saco como aquele em que, em cada sessão, se recolhe os donativos que cada maçom dá para o Tronco da Viúva”. 


QUE O G.:  A.:  D.:  U.: A TODOS NÓS, ILUMINE IGUAL


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PALAVRÕES AOS GRÃO-MESTRES - Kennyo Ismail


Introdução

O título deste artigo, “Palavrões aos Grão-Mestres”, foi escolhido, obviamente, pela sua capacidade atrativa. Porém, o emprego do termo “palavrões” no título não se refere ao significado mais usual, de “palavras obscenas ou grosseiras”1, mas sim no sentido de “termo empolado”2. E nesse caso, para ser mais claro, “empolado” no sentido de pomposo. Ou seja, o artigo trata dos axiônimos, termos corteses de tratamento e reverência utilizados ao se dirigir a um Grão-Mestre, também conhecidos como pronomes de tratamento.

Essa é uma questão intrigante na Maçonaria brasileira. O Grande Oriente do Brasil e a maioria dos Grandes Orientes Independentes confederados à COMAB adotam o termo “Soberano” como pronome de tratamento de seus Grão-Mestres. Já as 27 Grandes Lojas brasileiras adotam oficialmente o termo “Sereníssimo” para seus Grão-Mestres, assim como alguns poucos Grandes Orientes confederados à COMAB. Não havendo consenso no axiônimo utilizado no meio maçônico brasileiro ao se dirigir aos Grão-Mestres, inquire-se qual é a origem do uso dos termos “Soberano” e “Sereníssimo” na Maçonaria brasileira. Esse é o objetivo principal deste breve estudo.

Termo Original: Most Worshipful

O termo maçônico comumente utilizado para se referir a um Grão Mestre é o de “Most Worshipful”3, que pode ser traduzido como “Mui Respeitável”, “Mui Venerável”, “Venerabilíssimo” ou mesmo o “Mais Venerável”. A adoção desse termo na Maçonaria data de, pelo menos, 1721, quando Desaguliers resolve entregar o comando da Grande Loja de Londres (dos Modernos) à Nobreza, tendo sido o primeiro nobre Grão-Mestre o Duque de Montagu.4

Ao Duque de Montagu é creditada a solicitação para que James Anderson compilasse o Livro de Constituições, o qual seria publicado em 1723. 5 Porém, as evidências apontam que tal iniciativa partiu de Desaguliers, que serviu como Adjunto do Duque de Montagu, e quem de fato dirigia a instituição.

É fácil compreender a adoção desse termo já nos primeiros anos da primeira Grande Loja Especulativa. Se o Mestre de Loja recebe o tratamento de “Worshipful”, ou seja, de “Venerável”, não seria correto que o Grão-Mestre da Grande Loja fosse tratado como “Most Worshipful”, ou seja, “Mui Venerável”? Um tanto quanto lógico.

Interessante observar que Grandes Lojas Estaduais brasileiras em algum momento foram influenciadas por essa nomenclatura. Sendo as Grandes Lojas dos EUA comumente chamadas de “Most Worshipful Grand Lodge of...”, muitas Grandes Lojas no Brasil optaram por adotar a mesma nomenclatura. Porém, traduziram “Most Worshipful” como “Mui Respeitável”. Isso parece inicialmente um equívoco visto que, no meio maçônico, a tradução do termo inglês “Worshipful” para o Português sempre foi “Venerável”. Porém, muitas Grandes Lojas de outros países latino-americanos já haviam optado por tradução similar do inglês para o espanhol, adotando o termo “Muy Respetable Gran Logia...”, o que pode ter influenciado na escolha do termo a ser adotado em português.

Sereníssimo: Século XVIII

O primeiro registro que se tem do uso do termo “Sereníssimo” ao se referir a um Grão-Mestre da Maçonaria foi na França, em 1743. Com a morte do Duque de Antin, primeiro Grão-Mestre da Grande Loja da França, uma reunião emergencial de Veneráveis Mestres elegeu Louis de Bourbon, o Conde de Clermont, como Grão-Mestre.6

O Conde de Clermont era um príncipe de sangue, e por isso detinha o direito de receber o tratamento de “Sereníssimo”, assim como os demais príncipes de sangue da França.7 Esse direito foi devidamente observado na Grande Loja da França durante sua gestão, em que foi chamado de “Sereníssimo Grão Mestre”, ou seja, um príncipe que ocupa o posto de Grão-Mestre.

Dois anos após sua morte, em 1773, a Grande Loja da França foi dividida em duas: o Grande Oriente de França e a Grande Loja de Clermont. Essa última quase não resistiu à Revolução Francesa, chegando a suspender seus trabalhos. Quando do término da Revolução, a Grande Loja de Clermont foi incorporada pelo Grande Oriente de França.8

Voltando ao Grande Oriente de França, que se declara sucessor da Grande Loja de França, seu primeiro Grão-Mestre foi Louis Philippe d’Orleans, Duque de Orleans e também príncipe de sangue. Logicamente que, sendo um príncipe, recebia o tratamento de “Sereníssimo” no Grande Oriente de França. O Duque de Orleans permaneceu como Grão-Mestre do Grande Oriente de França até 1793, quando fez uma declaração contra os mistérios e reuniões secretas e acabou sendo destituído de seu posto, ao qual, diga-se de passagem, nunca fez questão nem deu a mínima atenção. 9

Porém, após 50 anos tratando os Grão-Mestres por “Sereníssimo” (1743-1793), a Maçonaria francesa passou a considerar esse axiônimo como maçônico. Nada a impedia quanto a isso, visto então estar vivendo numa República.

O termo “Sereníssimo”, então consagrado na Maçonaria francesa, berço da Maçonaria latina, foi amplamente adotado pela Maçonaria de língua espanhola e portuguesa, muito mais influenciada e próxima dos maçons franceses do que dos britânicos ou dos norte-americanos. Não é por acaso que ainda é utilizado oficialmente pela Grande Loja da Bolívia, Grande Loja do Chile, Grande Loja de Cuba, Grande Loja da República Dominicana, Grande Loja Simbólica do Paraguai, etc. Isso pode ter influenciado as Grandes Lojas brasileiras que, fundadas a partir de 1927, adotaram o mesmo axiônimo.

Soberano: Século XIX

Como se sabe, em Junho de 1822 foi fundado o Grande Oriente Brasílico, o qual sucumbiu em Outubro do mesmo ano.10 Entre Outubro e Novembro de 1831 alguns dos remanescentes desse primeiro se reúnem, “reerguendo suas colunas”, no jargão maçônico, com o nome de Grande Oriente do Brasil.11

Importante registrar que, em 1830, no ano anterior ao referido “reerguimento”, outro grupo de maçons já havia fundado um novo Grande Oriente, o Grande Oriente Brasileiro, com o objetivo de impulsionar o trabalho maçônico no país, e que foi instalado em Junho de 1831. Porém, personalidades como José Bonifácio e outros partícipes daquele primeiro Grande Oriente, de 1822, haviam ficado de fora e, aparentemente, não gostaram nem um pouco disso, partindo rapidamente para a reinstalação do Grande Oriente Brasílico, agora Grande Oriente do Brasil. Podemos dizer que essa foi a primeira divisão maçônica por vaidade ocorrida no Brasil.

É interessante observarmos que a justificativa apresentada por José Castellani e William Carvalho para a (re)instalação do Grande Oriente do Brasil ter sido posterior à instalação do Grande Oriente Brasileiro é a de que os reerguedores aguardavam “um clima mais liberal, o qual seria propício aos trabalhos maçônicos”.12 Digo interessante porque no dia 07 de Abril de 1831 Dom Pedro I abdicou do trono e nomeou José Bonifácio como tutor do príncipe regente. Isso significa que durante os meses de abril, maio, junho, julho, agosto e setembro o “clima” estava bastante “propício” para José Bonifácio, que nenhuma pressa tinha acerca da Maçonaria. É curioso observar que os líderes do mesmo movimento maçônico revolucionário de 1822, que em um curto espaço tempo reergueram uma Loja, iniciaram dezenas de membros, dividiram a Loja em três e fundaram o Grande Oriente Brasílico com o intuito de promover a independência do Brasil, que esses mesmos líderes aguardassem “um clima mais liberal” para reerguê-lo. Essas observações apenas reforçam a teoria de que a motivação foi, exclusivamente, a tão conhecida vaidade humana, impulsionada pela instalação do Grande Oriente Brasileiro, liderado por Irmãos considerados “rivais”, em Junho de 1831.

Mas voltando aos axiônimos, apesar de desconhecido para muitos maçons brasileiros, o pronome de tratamento originalmente adotado pelo Grande Oriente do Brasil referente à Obediência e ao Grão-Mestre era o de “Sapientíssimo”. Durante quarenta e cinco anos do Século XIX (1832-1877), o líder maior dessa obediência maçônica do país era predominantemente chamado de Sapientíssimo Grão Mestre do Sapientíssimo Grande Oriente do Brasil.13

O termo “predominantemente” não foi escolhido à toa. Como se sabe, desde poucos meses após sua reinstalação até 1951, o Grande Oriente do Brasil era uma obediência maçônica mista, no sentido de não separação do governo dos graus simbólicos e dos altos graus, o que era (e ainda é) considerado uma irregularidade pela comunidade maçônica internacional. Foi no dia 23 de Maio de 1951, por meio do decreto No. 1641, que o então Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, Irmão Joaquim Rodrigues Neves, desfez essa irregularidade, ao promulgar a nova constituição maçônica do GOB.14

Entretanto, no período em que a irregularidade existiu, o Grão-Mestre acumulava o posto de Soberano Grande Comendador. Os termos corretos empregados no referido período de quarenta anos do Século XIX eram: “Sapientíssimo” para Grão-Mestre e “Mui Poderoso” para Soberano Grande Comendador. O “Mui Poderoso”, apesar de largamente utilizado junto aos Soberanos Grandes Comendadores no restante do mundo, acabou entrando em desuso no Brasil, talvez pela extensão do título do cargo (Sapientíssimo Grão-Mestre e Mui Poderoso Soberano Grande Comendador. Ufa!), ou mesmo pela possível interpretação de que o cargo era de “Grande Comendador” e que o termo “Soberano” era distintivo. Por isso, durante o período, o líder maior do GOB era comumente chamado de “Sapientíssimo Grão-Mestre e Soberano Grande Comendador”. Logo, com o termo “Soberano” supostamente sendo interpretado como um axiônimo, e não como parte do título, começaram as aparições da variação “Soberano Grão-Mestre e Grande Comendador”. A partir de Março de 1877 o uso do termo “Soberano” passou a ser predominante.

Uma hipótese para a boa aceitação dessa mudança é o fato de que o termo “Sapientíssimo” era compartilhado por todos os membros da Alta Administração, não havendo na época um termo distintivo exclusivo para o Grão-Mestre no GOB, o que pode ter estimulado o uso do “Soberano” em detrimento desse.

COMAB: Soberano ou Sereníssimo?

Os Grandes Orientes Independentes surgiram a partir da desfiliação de dez Grandes Orientes Estaduais do Grande Oriente do Brasil, ocorrida em 27 de Maio de 1973 e liderada por Athos Vieira de Andrade, de Minas Gerais, e Danylo José Fernandes, de São Paulo.15

A partir de 1973, tendo como referências os termos de tratamento de “Soberano” no Grande Oriente do Brasil e “Sereníssimo” nas Grandes Lojas, os Grandes Orientes recém-libertos parecem não ter chegado a um consenso. O GOSC – Grande Oriente de Santa Catarina, por exemplo, adota o termo “Sereníssimo” desde sua fundação. Já o GOP – Grande Oriente Paulista parece ter inicialmente adotado o termo “Soberano”, mas optado pelo termo “Sereníssimo” a partir de 2003. Entretanto, a maioria dos Grandes Orientes confederados à COMAB adota o termo “Soberano”, herdado do Grande Oriente do Brasil, o que é logicamente natural, visto manterem a mesma nomenclatura, ritos praticados, e até, em muitos casos, a mesma estrutura administrativa, basicamente apenas se desfiliando do GOB e declarando suas soberanias.

Durante o desenvolvimento deste artigo, algumas autoridades da COMAB foram contatadas e indagadas se há alguma decisão ou recomendação da COMAB em busca de uma padronização nos modos de tratamento. A informação obtida foi de que não houve ainda alguma deliberação nesse sentido, o que parece significar que cada Grande Oriente tem total autonomia para definir o axiônimo a ser utilizado.

Considerações Finais

Este artigo não tem a intenção de dizer qual o axiônimo correto ou mais adequado a ser utilizado ao se referir a um Grão-Mestre. Isso simplesmente é impossível de ser feito na Maçonaria, especialmente na Maçonaria Latina. Se nem mesmo nos Estados Unidos, em que as Grandes Lojas costumam chegar a um consenso, não há unanimidade no assunto, por que esperar isso no Brasil, cuja Maçonaria regular tem três distintas vertentes e pratica oito diferentes ritos?

Por conta dessa Maçonaria “cosmopolita” praticada no Brasil, não há que se dizer em certo e errado. O que se pode fazer, ou melhor, o que é dever de todo maçom, é buscar a verdade, ou seja, pesquisar e identificar a real origem e razão daquela ação ou interpretação, buscando compreender o contexto de sua ocorrência. E isso sem qualquer julgamento de mérito.

O objetivo deste artigo é simples e creio que foi alcançado. Se “Sereníssimo” ou “Soberano”, pouco importa. São apenas “elogios oficiais”, como, por exemplo, “Excelentíssimo” para as principais autoridades civis ou “Magnífico” para Reitores de Universidades. No entanto, um maçom, pela própria natureza da instituição, não deveria pronunciar ou escrever quase que diariamente um termo maçônico sem nem ao menos querer saber seu significado, sua origem, sua adoção. Seria o mesmo que dizer palavras que não se sabe o significado no meio de frases em conversas na rua. Algo, no mínimo, bizarro.

Notas

1 Dicionário Online Priberam de Língua Portuguesa.

2 Dicionários Priberam e Michaelis.

3 Termo adotado em todas as Grandes Lojas dos EUA, com exceção a Grande Loja da Pensilvânia, que se refere ao Grão-Mestre como “Right Worshipful”.

4 HARRIS, Eileen. Batty Langley: A Tutor to Freemasons (1696-1751). The Burlington Magazine, Vol. 119, No. 890, 1977, pp. 327-335.

5 LYTTLE, Charles H. Historical Bases of Rome's Conflict with Freemasonry. Church History, Vol. 9, Issue 01, 1940, pp. 3-23.

6 CUMMING, I. Freemasonry and Education in Eighteenth Century France. History of Education Journal, Vol. 5, N. 4, 1954, pp. 118-123.

7 OSBORNE, T. Language and sovereignty: titles of address and the royal edict of 1632., Working Paper.

Durham: Durham Research Online (DRO), 2013.

8 COIL, Henry Wilson & BROWN, William Moseley. Coil’s Masonic Encyclopedia. New York: Ed. Macoy, 1961.

9 COIL, Henry Wilson & BROWN, William Moseley. Coil’s Masonic Encyclopedia. New York: Ed. Macoy, 1961.

10 BARATA, A. M. E é certo que os homens se convencem mais pela experiência do que pela teoria: cultura política e sociabilidade maçônica no mundo luso-brasileiro (1790-1822). REHMLAC, Vol. 3, No 1, 2011.

11 AZEVEDO, C. M. M. Maçonaria: História e Historiografia. Revista USP, São Paulo, No. 32, 1996, p. 178-189.

12 CASTELLANI, J.; CARVALHO, W. História do Grande Oriente do Brasil – A Maçonaria na História do Brasil. São Paulo: Madras Editora, 2009.

13 Baseado em análise de conteúdo dos Boletins do Século XIX do Grande Oriente do Brasil disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira da Biblioteca Nacional.

14 CASTELLANI, J. Fragmentos da Pedra Bruta. Londrina: Editora A Trolha, 2001.

15 SOBRINHO, Octacílio Schüler. Uma Luz na História: o sentido e a formação da COMAB. Florianópolis: Ed. O PRUMO, 1998.

fevereiro 29, 2024

O MAÇOM E O ALFAIATE


 

 


Um dia um homem recebeu a notícia de que seria iniciado Maçom. Ficou tão eufórico que quase não se conteveSerei um grande homem agora – disse a um amigo. - Preciso de roupas novas imediatamente, roupas que façam jus à minha nova posição na vida. 

Conheço o alfaiate perfeito para você – replicou o amigo: É um velho sábio que sabe dar a cada cliente o corte perfeito. Vou lhe dar o endereço.

E o novo Maçom foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou suas medidas. Depois de guardar a fita métrica, o homem disse: - Há mais uma informação que preciso ter. Há quanto tempo o senhor é Maçom?

- Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu terno? Perguntou o cliente surpreso. 

- Não posso fazê-lo sem obter esta informação senhor. É que um Maçom recém iniciado fica tão deslumbrado que mantém a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito. Assim sendo, tenho que fazer a parte da frente maior que a de trás.

 - Ano mais tarde, quando está ocupado com o seu trabalho e os transtornos advindos da experiência o tornam sensato, e olha adiante para ver o que vem em sua direção e o que precisa ser feito a seguir. Aí então eu costuro o paletó de modo que a parte da frente e a de trás tenham o mesmo comprimento. E mais tarde, depois que o senhor estiver curvado pela idade e pelos anos de trabalho cansativo, sem mencionar a humildade adquirida através de uma vida de esforços, então faço o terno de modo que as costas fiquem mais longas que a frente. Portanto, tenho que saber há quanto tempo que o senhor foi iniciado para que a roupa lhe assente apropriadamente.

O novo Maçom saiu da alfaiataria pensando menos no terno e mais no motivo que levara seu amigo a mandá-lo procurar exatamente aquele alfaiate.

O SIGNIFICADO OCULTO DE "SHALOM"

    

    A palavra SHALOM é constituída por três letras raízes do idioma hebraico Shin-aleijou-Mem (ש.ל.מ), que expressam o sentido básico da palavra. 

       SHALOM em hebraico também é usado para dizer "oi", "como vai", "bem vindo", "até logo" e cumprimentos semelhantes a estes em português ou mesmo em outros idiomas como o inglês onde substitui  "Hi" e  "Goodbye". Mas ela é uma expressão hebraica bíblica antiga. 

  Na maçonaria em determinado grau relembramos o sonho de Jacó ou Yaakov, onde ele vê anjos subindo e descendo a escada. 

   O jovem Jacó, amedrontado, viajando sozinho a partir de Beer-Sheba, em Canaã, para Haran na Mesopotâmia no caminho para a casa de um tio que ele nunca tinha visto antes. 

    Em seu sonho, o Senhor disse: "Eu estou com você [...] Eu não vou deixar você". 

    Ele desperta e pronuncia um voto de confiança no Criador: "וְשַׁבְתִּי בְשָׁלוֹם אֶל בֵּית אָבִי" - "de modo que eu volte para a casa de meu pai em paz" (Gênesis 28:15, 21). 

   Anos mais tarde, ele voltou para a Terra Prometida com sua família INTEIRA! - Ele voltou EM PAZ!

    SHALOM é uma palavra que usamos para expressar nosso bem-estar e o bem-estar do nosso semelhante! 

      Shalom para todos!!

FALANDO E CONVENCENDO - UM MANUAL DE ORATÓRIA E PERSUASÃO - Michael Winetzki

   

 Estou postando, como cortesia, um dos capítulos do meu livro FALANDO E CONVENCENDO, UM MANUAL DE ORATÓRIA E PERSUASÃO, considerado um dos melhores livros no gênero do país e adotado como manual de redação e apresentação verbal pós graduação numa Faculdade do DF. Se algum dos leitores tiver interesse na aquisição o valor é 60,00 (inclui postagem) e eu remeto autografado. Além da parte teórica há muita prática de redação e apresentação e exercícios para entonação, dicção, respiração e saúde da voz. Além disso é muito agradável de ler. Meu whatsapp é 61.9.8199.5133

CAPÍTULO 3

Primeiros passos: preparando o discurso

A linguagem deve exprimir com clareza o pensamento. Isso é tudo. Confúcio

Antes da apresentação

· Organize e classifique as fontes de todo o material que irá utilizar (livros, impressos, gráficos, estatísticas, slides); assegure-se que os dados você vai utilizar são exatos e verdadeiros;

· Se houver material audiovisual prepare-o de forma que seja legível, atraente e pertinente, reforçando e esclarecendo pontos importantes; se não tiver facilidade com os programas de apresentação é melhor pedir a um profissional;

· Anote os mais dados importantes em fichas ou cartões, para lhe servirem de guia durante a elaboração e de suporte ou memória na palestra (não tente decorar todo o discurso);            

· É importante conhecer o local e testar o equipamento com antecedência;

· Procure antecipar as perguntas que poderão ser feitas.

Planeje a sua palestra

· Planeje para ter palestra pronta pelo menos três dias antes da apresentação, vai lhe dar folga para ensaiar e se familiarizar;

· Saiba qual é o tempo que você tem para falar, já vimos que quanto menor é o tempo, mais difícil será a elaboração, (é possível apresentar qualquer assunto, com sucesso, em no máximo 50 minutos)

· Defina seu tema e seu objetivo, aquilo que você quer de sua audiência: informar, convencer, comemorar, persuadir;

· Comece anotando as ideias principais com frases curtas utilizando um vocabulário simples, porém correto, evitando palavras desnecessárias, jargão técnico, siglas e abreviações, advérbios vagos (muito, pouco) e adjetivos;

· Fuja de clichês ou de bordões humorísticos da TV (tô pagaando);

· Organize um roteiro ligando as ideias principais de maneira que as partes se integrem ao todo de maneira lógica e natural. Coloque a ideia principal e anote algumas ideias secundárias que podem enriquecer o contexto. Sempre caminhe no sentido do menos importante para o mais importante, que deve ser o ponto alto, o fecho da palestra (facilita quando se usa algum padrão como: cronológico, espacial, de causa e efeito, de problema - solução);

· Cuidado com a gramática. Erros gramaticais podem arruinar a sua apresentação e comprometer a sua imagem. Revise cuidadosamente a construção das frases, a concordância e a conjugação dos verbos.

· Tente apresentar uma nova visão sobre o assunto;

· Não aceite falar sobre algo de que não entende;

· Quando não souber algo sobre o assunto, diga “não sei”, nunca “chute”.

Conheça sua plateia

·  Procure se informar sobre a natureza da sua audiência (sexo, idade, instrução), porque estão reunidos, o que esperam ouviro quanto conhecem sobre o assunto e qual a opinião deles quanto ao que será apresentado, para relacioná-los com o tema. Assim você fará o discurso certo para as pessoas certas.

·   Explore o fato de que as pessoas internalizam mensagens de diferentes maneiras: algumas são auditivas (motivadas pelo som), outros visuais (motivadas por imagens) ou sinestésicas (atingidas no seu emocional pelos movimentos). Por isso utilize todos os recursos de voz, imagens e gesticulação.

Ensaie

· Pratique em voz alta, várias vezes; treinar nunca é demais;

·   Se for ler algum texto, ensaie para se familiarizar e se possível grave e ouça a gravação para achar o tom e o ritmo certos;

· Faça a apresentação para outra pessoa ou algum amigo e peça-lhe uma avaliação sincera; como as vezes é difícil para um amigo fazer uma observação crítica, faça perguntas: - “você acha que ficou o tema claro?” ou “estou usando palavras difíceis demais?”

· Administre o tempo da palestra, dividindo-o conforme já vimos, determinando o começo, meio e fim (reserve alguns minutos para eventuais imprevistos ou perguntas). É sempre preferível falar de menos do que demais.

Procure estar bem equilibrado, emocional e fisicamente

·   Apresente-se de maneira natural, relaxada, autoconfiante. Qualquer tipo de tensão emocional ou problema fisiológico pode perturbar a apresentação, portanto se estiver com dor de cabeça ou no nervo ciático ou excessivamente nervoso, procure antes se cuidar.

·   Evite alimentos pesados, água gelada e especialmente bebidas alcoólicas, antes da apresentação (já vi palestrantes de renome darem vexame por causa de apenas um uísque);

·   Entenda que a ansiedade de falar em público é natural (a maioria das pessoas se sente insegura no início);

     Há cerca de 40 anos entrevistei antes de um show o cantor que se tornaria um dos maiores ídolos desta geração e uma das perguntas que lhe fiz foi: - “o que você sente antes de entrar para cantar?” – A resposta surpreendente: “fico apavorado”. - “E o que você faz então?”   - “Escolho uma pessoa na plateia e olhando-a fixamente canto para ela. Se ela me sorri começo a relaxar e aí dá tudo certo”. É uma simples e eficaz receita para qualquer orador.

·   Se conhecer profundamente o assunto sobre o qual irá falar, será mais fácil controlar o nervosismo;

·   Pratique exercícios de relaxamento e respiração antes da apresentação (veremos alguns desses exercícios na parte 2)

·   Mantenha a garganta hidratada com água, em temperatura ambiente;

·   Mande mensagens positivas a si mesmo (farei uma excelente apresentação, serei muito aplaudido, vou ficar muito feliz);

Iniciando a palestra

·   Seja pontual. Comece no horário previsto mesmo que o auditório esteja “meio vazio” (aguardar a chegada dos retardatários é falta de consideração com aqueles que foram pontuais);

·   Esteja vestido de maneira formal, discreta e elegante (exceto se você for falar em agências de publicidade ou no mundo do "show-business");

·   Mantenha uma postura ereta, descontraída, natural, confortável; não fique imóvel, não gesticule exageradamente;

·   Crie um clima agradável; sendo natural e sincero. Sorria;

·   Procure ser modesto. Esta é uma qualidade que cativa a assistência. Apresente-se como “sou um jornalista", e não como "sou redator-chefe do mais importante jornal do estado"

·    Crie um clima agradável; sendo natural e sincero. Sorria;

·   Tome cuidado com cacoetes ou tiques como coçar a cabeça, tamborilar os dedos ou pigarrear

·   Preste atenção às reações do público, são elas que lhe dirão o quanto sua apresentação está agradando, ou não;

Alice e eu assistimos a uma palestra no Senado na qual o apresentador se perdeu e o público manifestava ruidosamente seu desconforto. Na tentativa de reencontrar o eixo o palestrante abriu um espaço de cinco minutos para um café. Das mais de 60 pessoas presentes retornaram apenas seis.

·   Olhe alternadamente para os papeis e para os ouvintes. Jamais volte as costas para a plateia. Se houver projeção decore ou tenha em mãos cópias dos slides, mas fale olhando para a plateia.

Durante a apresentação

·   Fale com clareza, pronunciando bem todas as palavras, sem omitir letra alguma (diga janeiro e não janero, problema e não poblema, falae não falá);

Quem fala: vamo percisá resorve um poblema é quase um caso perdido, mas é muito mais comum do que parece.

·   A impostação (respiração diafragmática) acalma, obriga a concentração, aumenta a potência vocal e facilita a entonação (veremos como se faz adiante);

·   Use diferentes inflexões vocais, modulando a voz, variando o ritmo, o tom da voz e velocidade da fala. A modulação é a melodia da voz.

Tom de voz ou altura: não grite nem sussurre, fale para a última fila da plateia.

Velocidade: falar rápido demais prejudica o entendimento, devagar demais entedia. Ritmo ou “cor”: alterne altura e velocidade e use as pausas para dar um ritmo gostoso.

·   Coloque ênfase nas partes importantes. A ênfase altera a compreensão e reforça a mensagem.

Eu não peguei o seu bombom (quem pegou?)

Eu não peguei o seu bombom (fez o que então?)

Eu não peguei o seu bombom (pegou o bombom de quem?)

Eu não peguei o seu bombom (pegou o que?)

·   Mantenha constante contato visual com os presentes, olhe para todos, alternadamente, como se estivesse conversando com cada assistente.

·   Faça pausas para respiração durante o discurso; na construção das frases, marque no texto as pausas para respirar.

·   Coloque emoção naquilo que diz. Conte histórias emocionantes e experiências humanas, próprias ou alheias, o público adora histórias e retribui com atenção.

·   As inflexões vocais, que são a musicalidade da voz, juntamente com a expressão corporal é que vão proporcionar beleza, colorido e expressividade para a fala.

Exemplos de inflexões vocais: 

Emergencial: Olhe o perigo! Pare! Cuidado!

Tom de voz forte, de comando, postura do corpo ereta, expressão facial séria, gestos firmes         

Sensitivo: Você é linda! Eu amo você.

Tom de voz espontâneo, postura e gestos totalmente descontraídos, expressão facial aberta.

Informativo: Por favor, que horas são?

Tom de voz normal, postura e gestos neutros, expressão facial descontraída, palavras de indagação.

Diretivo: Anote o seu endereço no formulário.

Tom de voz forte firme, postura e gestos mais suaves, expressão facial descontraída.

Nutritivo: Que delicia este almoço.

Tom de voz confortante, palavras de apoio, expressão facial amiga, gestos de aproximação.

fevereiro 28, 2024

ÊTA SUJEITO CHATO - Newton Agrella


Quando afinal de contas você descobre que se tornou um sujeito chato,  o universo a sua volta vai ficando cada vez mais vazio...menor...e mais longínquo....

De repente você percebe que o  seu espírito de humor vai se apagando, as luzes  à sua volta já não brilham tanto,  e nem a sua ausência se faz  sentida...

Que fique claro que não se está falando sobre vitimismo, mas sim, de comportamento.

O chato às vezes não se suporta e em muitas oportunidades deseja fugir de si mesmo...

Quando tudo parece normal e tranquilo, lá vem o chato procurando algo pra se coçar...   reclama disso e daquilo, valoriza o que não importa, sente-se incomodado pelas mínimas contradições do dia a dia  e ao mesmo tempo vai se fechando em copas...

O chato mal consegue avaliar seu raio de ação. 

Extrapola no seu tempo e no tempo dos outros.

Ao mirar um elefante, o chato mata uma formiga, pois as lentes de seus óculos destorcem a realidade factual do que o envolve.

O chato tanto pode falar muito, quanto pouco, porque o que conta e estabelece a sua verdadeira e real condição se manifesta através de suas atitudes.

"Mais pode ser menos, e vice-versa",  pois o peso que o chato atribui às suas considerações em torno de tudo o que o cerca, reside na sua rigidez e insensatez de olhar e viver a Vida que deveria ser  mais leve e sem tantas cobranças...

Lá no fundo, ser chato é um delírio que não merece votos...

O que é preciso é oxigenar o cérebro, respirar mais fundo, e entender que a Vida é um estágio, e nela deve-se tentar desfrutar de tudo o que há de melhor....