março 08, 2024

08 DE MARÇO DIA DA VIDA - Newton Agrella


Como não poderia ser diferene te

A alma é o sabor da vida 

E o coração bate mais forte

Quando a mulher se faz presente.

Tal qual a terra que fecunda a semente pra posteridade

Deus concedeu-lhe o dom universal da fertilidade.

É ela que nos dá a luz, 

E assume o protagonismo ímpar de nossa existência...

Desempenha o papel de mãe,

irmã, namorada e esposa.

E do alto de sua Sabedoria é a melhor amiga e conselheira.

A mulher é o esteio do mundo

É a inteligência e o poder de tudo

Nela que encontramos o amor, o afeto, a segurança e o carinho

Nos seus braços sentimos nosso verdadeiro porto seguro.

De sua força infinita aprendemos que o tempo se traduz em passado, presente e futuro.

A mulher é a nossa estrela guia

É nossa fonte perene de energia.

Dela herdamos a inteligência, a sensatez, e a razão que nos ilumina.

Seja qual for a data, as homenagens a ela são meras referências e formalidades.

É do ventre dela que a história se pronuncia, ganha corpo e se materializa como culto mais sublime.

O COMPANHEIRO E O PENTAGRAMA - Lúcio Alberto Gomes


Preliminarmente, devo dizer que a síntese desta peça de arquitetura é analisar as várias significações que os bons exegetas atribuem ao pentagrama.

Como se sabe, e nunca é demais repetir, toda a ritualística do Segundo Grau gira em torno da Letra G, da Estrela Flamejante e do Número 5.

Os rituais das diversas obediências ensinam que a Estrela Flamejante é o símbolo do Companheiro por que: 

“O Companheiro é chamado a tornar-se um foco ardente, uma fonte de luz e calor. A generosidade de seus sentimentos deve incitá-lo ao devotamento sem reservas, mas com o discernimento de uma inteligência verdadeiramente esclarecida, porque está aberta a todas as compreensões”.

Note-se que falta ao vocábulo devotamento à complementação. Devotamento a que?

Pensamos que o Companheiro deve devotar-se, sem reservas, ao estudo ao seu aprimoramento filosófico e espiritual, mas, sobretudo aos seus semelhantes. Isto porque o Segundo Grau é, antes de qualquer coisa, social.

Daí por que é necessário que ele saiba ser compassivo e tolerante com o próximo sem, todavia, abrir mão de certos princípios morais e éticos.

Outra coisa que se lê nos rituais é a explicação das razões por que a Estrela Flamejante se constitui de cinco pontas: 

Para figurar os quatro membros do homem e a cabeça que os governa.

Esta como centro das faculdades intelectuais domina o quaternário dos elementos ou da matéria. Assim, a Estrela Flamejante é mais particularmente emblema do poder da vontade.

Lavagnini ensina que: 

Em um primeiro lugar podemos ver na Estrela de Cinco Pontas a imagem de um corpo de homem, com as pernas e os braços abertos, em correspondência com suas quatro pontas laterais e inferiores, mantendo a ponta superior relacionada à cabeça.

É uma postura de equilibro ativo e de capacidade expressiva, por meio do qual o homem se ache no centro de sua vida, e com sua atividade, irradia de si mesmo sua própria luz interior, exatamente como se faz a estrela no espaço”.

Essa explicação de Lavagnini é, normalmente, a que se vê em quase todos os autores que procuram explicar o Pentagrama, que também é chamado de Estrela Hominal.

É pena que na maioria das vezes os escritores maçônicos se prendam, não sabemos por que razões, a uma lógica muito convencional de pesquisa e de busca, praticando os mesmos métodos, algumas vezes nada ortodoxos, que norteiam a busca e a pesquisa das ciências profanas.

Pensamos que o buscador, o pesquisador, o estudioso maçom não pode e não deve ficar preso a determinadas metodologias que encarceram o pensamento e levam, não poucas vezes, a invencionices que tentam apresentar com selo de verdade.

A maçonaria nos dá plena liberdade de exegese. Não temos necessidade de inventar. Necessário é que nos libertemos de certos valores só aplicáveis às ciências profanas.

Enquanto que na maioria dos ritos é adotada a Estrela de Cinco Pontas, no Rito de York está presente a Estrela de Seis Pontas ou Hexagonal.

Encontramos muito pouca coisa que nos fornecesse, com exatidão, o verdadeiro significado da estrela de seis pontas que nos pudessem auxiliar na justa interpretação de seu significado. O próprio Varoli, um dos maiores pesquisadores da Ordem no Brasil, disse quase nada a respeito.

Voltando à Estrela de Cinco Pontas, devemos dizer que existe ainda outra interpretação; aquela que faz alusão aos cinco sentidos do homem.

Varoli escreve:

“As cinco pontas da estrela ainda lembram os cinco sentidos que estabelecem a comunicação da alma com o mundo material – tato, audição, visão, olfato, paladar, dos quais, para os maçons, três servem à comunicação fraternal.

Pois é pelo tato que se conhecem na luz e nas trevas pelos toques.

Pela audição se percebe as palavras e as baterias; e pela visão se notam os sinais. Mas não há como esquecer que pelo gosto se conhecem as bebidas doces e amargas, bem como o sal, o pão e o vinho.

Finalmente, pelo olfato se percebem a fragrância das flores e os aromas do altar dos perfumes.

Ao estabelecer uma relação das pontas da estrela com os sentidos humanos, preferimos concluir que a Estrela Flamejante incorpora duas interpretações: a primeira sobre o microcosmo físico que se prende ao domínio da forma, e a segunda, ao microcosmo psíquico que se relaciona com o domínio da consciência.

Jules Boucher, não aceita essa relação das pontas da Estrela Flamejante com os cinco sentidos, diz ele:

“Quando relacionaram os cinco sentidos às suas cinco pontas, a pobre estrela não teve mais nenhum sentido!!!”

Não podemos esquecer-nos que, acima de tudo, a Estrela Flamejante representa o homem ideal, que deve ser a grande aspiração do Companheiro Maçom.

Não olvidemos nunca que estrela é luz e a luz é o grande símbolo da verdade e do saber.

O Sol, a Lua, a Estrela Flamejante tem, na Maçonaria, uma significação bem diferente daquela que lhes é atribuída no mundo profano. Se a luz material nos transfere informações através de nossa visão, sobre o que existe ao nosso redor, as luzes que cultuamos na maçonaria nos proporcionam outra visão, muito mais abrangente e de muito maior valor para a nossa vida, pois que elas iluminam a estrada de nossa existência, no campo mental e espiritual.

A Estrela Hominal serve de alerta ao Companheiro Maçom sobre a sua responsabilidade de auto melhoramento, não se deixando dominar por paixão alguma, evitando todo e qualquer excesso.

Quando a maçonaria aconselha aos seus filhos de – ouvir sempre, falar pouco e trabalhar bem, esta apontando sua ética, e, neste ponto, aproxima-se e muito dos ensinamentos dos filósofos estoicos, que cultivavam uma filosofia de cunho essencialmente moral, muito próxima daquela ensinada por Sócrates.

Os estoicos se afastam dos ensinamentos de Platão e de Aristóteles no que diz respeito ao conhecimento humano, sobretudo em relação os modos de conceber a verdade.

Para os dois grandes filósofos gregos a verdade consiste na total correspondência entre a representação mental e a situação real das coisas; para Zenão, o pai do estoicismo, a verdade consiste na total compreensão do objeto que a mente é obrigado a analisar.

O estoico visava, antes de tudo, o domínio sobre si mesmo. Isto lembra ao Companheiro Maçom que ele tem um compromisso do qual não se pode afastar e que assumiu a partir do momento em que, como Aprendiz, iniciou seu próprio desbaste de defeitos pessoais, o que exige domínio sobre si mesmo. Neste ponto, ele há de ser estoico.

Logo é preciso que procure distinguir sempre as diferenças que existem entre – paixão, emoção e sentimento. A paixão é inadmissível no maçom; é perigosa e deve ser afastada sempre porque é irracional e conduz perigosamente ao fanatismo.

Isto significa que tudo se resume numa única palavra: virtude.

O maçom há de ser virtuoso. Mas o que é virtude? Virtude é uma disposição íntima pela qual a alma se põe em harmonia consigo mesma. Para os estóicos a prática da virtude consiste na anulação das paixões e na superação do próprio ego.

Se a ética dá ao Companheiro uma ideia de força íntima é porque a razão se apóia no sentimento e não na paixão ou na emoção.

Quando a maçonaria quer que a pedra bruta se transforme em pedra cúbica, ela está lembrando ao iniciado que ele deve manter uma luta progressiva e sem tréguas pelo domínio de si mesmo, colocando o próprio ego sobre o mais absoluto controle.

Que o Companheiro ao fitar a Estrela Hominal se lembre que quando conseguirmos o controle total sobre nós mesmos tornamo-nos inteiramente livres e responsáveis e estamos realmente preparados para o exercício da arte real. Isto é difícil de ser alcançado, daí a necessidade de que a luta seja diuturna e sem esmorecimentos.

Leibniz, filósofo que viveu no Século XVIII, já dizia: “Só Deus é perfeitamente livre; as criaturas o serão, mais ou menos, na medida em que se coloque acima das paixões”.

O Pentagrama pode comportar, simbolicamente, várias interpretações, todavia, e antes de mais nada, ele representa a luz da inteligência que nos faz enxergar os problemas interiores e os meios para enfrentá-los, e, por vezes corrigi-los ou vencê-los.

Bibliliografia

Cartilha do Companheiro. José Castelani e Raimundo Rodrigues – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda.

SEMANA DE HOMENAGEM - MEU AVENTAL - Roberto Ribeiro Reis



Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O primeiro homenageado é o irmão Roberto Ribeiro Reis, da ARLS Esperança e União n. 2358 de Rio Casca, MG


Meu avental,

Reflexo do bom trabalho,

indispensável, feito o orvalho,

De bençãos é manancial.


Recebe luz do plano astral,

Essa força que vem do sutil,

E que o profano inda não viu,

De tão preso ao lado material.


Um artefato único, sem igual,

Me cobre, protege e ilumina,

E que traz a centelha divina,

Do Arquiteto, o Excepcional!


Vestimenta tão fundamental,

Esconde minha espiritual nudez,

Me dando a necessária lucidez,

Para vencer o que tenho de mal.


Que -com ele - eu seja fraternal,

Me despoje do grosso da matéria,

Que eu dê abundância à miséria,

Que eu viva a dimensão celestial.

A ESTRELA FLAMEJANTE OU RUTILANTE - José Castellani


A Estrela Flamejante poderá ser de cinco pontas, pentagonal, ou de seis pontas, hexagonal.

A estrela símbolo tem sua origem entre os sumerianos --- na antiga Mesopotâmia --- onde três estrelas, disposta em triângulo, representavam a trindade divina : Shamash, Sin e Ichtar (Sol, Lua e Vênus). Entre os antigos hebreus, toda estrela pressupõe um anjo guardião ; e, segundo a concepção chinesa, cada ser humano possui uma estrela no céu.

A estrela Polar, em torno da qual gira o firmamento, sempre foi considerada como o primeiro motor, símbolo da proeminência; na China era o pilar solar, o entro do mundo.

A Estrela de Cinco Pontas, o tríplice triângulo cruzado é, originariamente, um símbolo da magia, o qual sempre aparece, em seus diversos ritos. Comum a todas as civilizações tradicionais, o desenho de uma estrela de cinco pontas --- estrela dos magos --- ou pentagrama, é a matriz do homem cósmico, o esquema simbólico do homem nas medidas do universo, braços e pernas esticados, do microcosmo humano. É a estrela flamejante dos herméticos, cujas cinco pontas correspondem a cabeça e aos quatro membros do Homem. E, como os membros executam o que a cabeça comanda, a estrela pentagonal é também o símbolo da vontade soberana à qual nada poderia resistir, de poder inquebrantável, desinteressado e judicioso.

Este é um conceito que procura refletir, em termos de estado de consciência, um equilíbrio ativo e a capacidade de compreensão, que deve possuir cada ser humano, para transformar a si mesmo num centro irradiante de vida, como uma estrela no firmamento. Esse cânone foi aplicado nas mais importantes obras de artes plásticas e de arquitetura, durante a Antiguidade clássica, principalmente na Grécia pitagórica --- o pentagrama corresponde ao Número de Ouro dos pitagóricos --- e no Renascimento, com Leonardo da Vinci, para o qual o pentagrama correspondia à divina proporção e o qual definia o cânone ideal do Homem, "cujo umbigo divide o corpo na mesma proporção, comanda a espiral logarítmica do crescimento, segundo a qual se desenvolvem os seres vivos, sem modificação de sua formas".

De acordo com a colocação de suas pontas, na magia, ela significa uma operação de magia branca, ou teurgia --- com uma ponta isolada, voltada para cima e duas para baixo --- ou de magia negra, goécia, nigromancia, ou feitiçaria --- com inversão, em relação à posição anterior. No primeiro caso, ela atrai as influências celestiais, que, por seu poder mágico, virão em apoio ao mago. No segundo caso, atrai as influências astrais maléficas.

Nesse caso, obrigatoriamente, a estrela deve ser composta por todos os metais e, em sua consagração, deve-se soprar cinco vezes, uma em cada ponta, aspergindo água lustral outras cinco vezes. Seca-se na fumaça dos cinco perfumes ---incenso, mirra, aloés, enxofre e flor de cânfora --- soprando mais cinco vezes, pronunciando, a cada vez, um dos nomes dos cinco gênios : Gabriel, Rafael, Anael, Samael e Orifiel (2). A seguir, a estrela é colocada no chão, virando-se as pontas, sucessivamente, para o norte, o sul, o leste e o oeste, pronunciando, ao mesmo tempo, em voz alta, as letras iôd, hé, va e hé --- do nome hebraico de Deus --- e, em voz baixa, as letras aleph e tav (ou tau), primeira e última do alfabeto hebraico (similares a alfa e omega). Depois disso, a estrela deve ser colocada sobre o altar das invocações, sendo rezadas as preces dos silfos, das ondinas, salamandras e gnomos (3).

No caso da magia, a missão principal do uso do pentagrama é testemunhar a obra que se está fazendo : sendo uma obra de luz, a ponta única da estrela estará voltada para cima ; se for uma ação das trevas, a posição estará invertida.

Para os ocultistas, todos os mistérios da magia e da alquimia oculta, todos os símbolos da gnose e todas as chaves cabalísticas da profecia resumem-se no pentagrama, que Paracelso --- cujo verdadeiro nome era Aurelius Teophrastus Bombastus von Hohenhein --- alquimista do século XVI, proclamava como o maior e o mais poderoso de todos os signos.

O nome de Estrela Flamejante, foi dado, à Estrela de Cinco Pontas, pelo teólogo, médico e alquimista alemão, Enrique Cornélio Agrippa de Neteshein, nascido em Colônia, no final do século XV e que também se dedicava à magia, à alquimia e à cabala.

Em maçonaria, a Estrela Flamejante só foi introduzida na metade do século XVIII, na França --- consta que a iniciativa foi do barão de Tshoudy --- sendo um símbolo totalmente desconhecido das organizações medievais de ofício e dos primeiros maçons aceitos. Esclareça-se que, no Craft inglês, a Estrela Flamejante (Blazing Star) é a de seis pontas.

No âmbito maçônico ela tem sido mais associada às escolas pitagóricas (4). Mas convém lembrar que Pitágoras também era dedicado à magia, não sendo estranha, portanto, a adoção da estrela pentagonal como símbolo distintivo de sua comunidade. Com a sua ponta única voltada para cima, nela se inscreve a figura de um homem --- daí ser chamada de estrela hominal --- como símbolo das qualidades espirituais humanas; em posição invertida, com a ponta isolada voltada para baixo, nela se inscreve a figura de um homem, com a cabeça para baixo, ou a de uma cabeça de bode, representando, em ambos os casos, os atributos da materialidade e da animalidade. Encontrada entre o esquadro, que serve para medir a terra, e o compasso, que serve para medir o céu, a estrela simboliza o homem regenerado, o Companheiro, em sua integridade.

Em Loja, a Estrela Flamejante fica colocada ao Sul, pendente do teto, ou nele pintada --- também pode ser colocada na parede Sul --- ocupando posição intermediária entre o Sol, no Oriente, e a Lua, no Ocidente, como representação do planeta Vênus. Há, também, uma explicação mística, para essa posição: o 2º Vigilante da Loja, que fica na Coluna do Sul --- a da Beleza ---- ou do Meio-Dia (5), é, na correspondência das Dignidades e Oficiais da Loja com os deuses do panteão greco-romano, assimilado a Afrodite (Vênus romana), deusa da beleza, do amor e do casamento. Para o Rito Moderno, a Estrela é a estrela Polar, guia dos navegantes, simbolizada como guia dos Companheiros Maçons.

A associação --- escola, ou escolas pitagóricas --- sobreviveu a ele, mas, na metade do século V a.C., novas perseguições obrigaram os pitagóricos a se dispersar por várias regiões da Grécia. Porém, tudo, em relação a Pitágoras, é incerto, até mesmo as suas crenças, pois ele não escreveu nenhum livro e os seus seguidores guardavam, zelosamente, os seus segredos. Diversas lendas, em torno de Pitágoras e do pitagorismo, cresceram, rapidamente, ao passo que os pitagóricos posteriores a ele, assim como os membros de outras sociedades, atribuíam-lhe as suas próprias teorias, para dar-lhes um cunho de autoridade. Em sua época, Pitágoras não era muito acatado, chegando, o seu contemporâneo, Xenófanes, poeta e filósofo, nascido na Jônia, a zombar dele, devido à sua crença na transmigração das almas.

A Estrela de Seis Pontas, ou Hexagonal, ou Hexagrama, é a Estrela Flamejante (Blazing Star) do rito inglês, estando presente no Painel Alegórico do grau de Companheiro Maçom, embora algumas instruções do rito façam diferença entre a estrela flamejante (pentagonal) e o hexagrama .

Composto por dois triângulos eqüiláteros superpostos, um de ápice superior e um de ápice inferior, o hexagrama é um símbolo universal. Para os hindus, ele representava a energia primordial, fonte de toda a criação, exprimindo a penetração do yoni pelo lingam, ou união dos princípios feminino e masculino. Yoni é uma palavra sânscrita, que designa o símbolo do órgão sexual feminino, no hinduísmo ; é representado, geralmente, por um triângulo invertido, com uma pequena depressão na superfície, a qual permite a inserção do lingam. Yoni simboliza, também, o princípio feminino, ou o aspecto passivo da natureza. Lingam também é um termo sânscrito e não é apenas o sinônimo do falo, mas, sim, a representação da integração entre os dois sexos, simbolizando o poder generativo do universo.

Os sessenta e quatro hexagramas chineses, ou Koua, derivados dos oito trigramas, são figuras geométricas compostas pela combinação dos traços de Yang e Ying, que compõem o I-Ching, ou Livro das Mutações, cujo ponto de partida é o segundo mês do solstício de inverno, onde o Yang sucede ao Ying:o hexagrama Fou.

Todavia, desde a mais remota Antiguidade, a estrela hexagonal era o símbolo do matrimônio perfeito, porque as duas naturezas --- os dois triângulos --- a masculina e a feminina, interpenetram-se e se harmonizam, para formar uma figura inteiramente nova (a estrela). Todavia, apesar da perfeita interação, ambos os princípios originais conservam a sua individualidade. Como no matrimônio, ou conúbio : um macho e uma fêmea, que se juntam, para criar uma nova figura (uma nova vida), sem que cada um deles perca a sua individualidade. 

Algumas instruções do rito inglês, altamente místicas, afirmam : Cinco nasceu de quatro; Seis é formado pelo ambiente sintético, emanado de Cinco. A atmosfera psíquica, que envolve nossa personalidade, compõe-se, sob o ponto de vista hermético, da água vaporizada pelo fogo, ou de água ígnea, ou seja, do fluido vital , carregado de energias ativas. Essa união do Fogo e da Água é representada, graficamente, pela figura muito conhecida do Signo de Salomão. Dos dois triângulos entrelaçados, um é masculino-ativo e o outro é feminino-passivo. O primeiro simboliza a energia individual, o ardor que emana da própria personalidade ; o segundo, representado por um triângulo invertido, em forma de taça, destina-se a receber o orvalho depositado pela umidade, através do espaço. A Estrela Flamejante corresponde ao microcosmo humano, ou seja, ao homem, considerado como um mundo em miniatura, enquanto os dois triângulos entrelaçados designam a estrela do macrocosmo, ou seja, do mundo, em toda a sua infinita extensão.

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2. Esses são todos nomes de anjos da mais alta hierarquia.

3. Silfo, do latim : sylfi, orum, é o ser macho sobrenatural, o qual, segundo crenças celtas e germânicas, ocupava, no mundo invisível, posto intermediário entre o gnomo e a fada. Gnomo (neologismo criado pelo alquimista Paracelso) é a designação dada aos seres sobrenaturais, os quais, segundo os cabalistas, habitavam o interior da terra, guardando os seus tesouros e riquezas naturais. Ondina (do francês : ondine), na mitologia germânica e nórdica, é o gênio do amor, o qual vive nas águas. Salamandra (do grego: salamándra, pelo latim: salamandra), símbolo mitológico do fogo, é um animal fantástico, constituído de energia ígnea, com a aparência aproximada de um lagarto, o qual vive em meio às chamas; na alquimia, é um signo gráfico, representativo do elemento fogo. Na natureza, salamandra é o nome genérico de anfíbios urodelos da família dos da família dos Salamandrídeos.

4. Pitágoras (Pythagoras, ou Puthagoras), nasceu em Samos e por volta de 513 a.C. , fixou-se em Crotona, no sul da Itália, certamente para escapara da tirania de Polícrates, governante de Samos. Em Crotona, ele fundou uma sociedade religiosa, a qual conseguiu grande influência política ; todavia, uma rebelião ocorrida na região o forçou a se mudar para Metaponto, onde faleceu.

5. Meio-dia, substantivo masculino, designa a hora, ou o momento em que o Sol está no zênite --- a pino --- e que divide o dia em duas partes iguais. Designa, também, o Sul, os países meridionais e a região sul de um país. Assim, tanto é correta a referência, à Coluna, como do Sul quanto a referência como Coluna do Meio-dia.

março 07, 2024

O HOMEM, O MAÇOM E A MAÇONARIA - Hércule Spoladore




O Homem é um ser complexo, estranho e imperfeito. Às vezes se julga senhor do mundo e às vezes em depressão, ou quando algo em sua vida não está bem se sente muito pequeno inútil e destruído. Em seus momentos de fantasia, aspira ser Deus, sendo que jamais poderá vir a sê-lo.

Quer ser imortal, pois não admite a morte, mas nunca se lembra que se perpetua através de seus genes em seus descendentes.

É um ser gregário, aliás, condição vital para sobreviver. Desde os tempos das cavernas ele aprendeu a viver em grupo.

É curioso. Pergunta muito, muito embora não tenha respostas para causas maiores de sua existência. Isto lhe traz um conflito existencial muito grande. Quer conhecer a todo custo o que se passou com as civilizações anteriores e quer entrar em contato com seres inteligentes do Universo.

Explora o Cosmo como um todo e em particularidades, explora a própria Terra, em busca de suas raízes, suas origens, sem tê-las conseguido até a presente data.

Desconhece a razão da vida e da morte, e temeroso diante das forças telúricas e universais passou a respeitar venerar e até idolatrar o criador invisível de tudo. Ai reside o princípio religioso da maioria dos Homens, mais pelo temor da grandiosidade que o cerca, que pela sua inteligência, a qual é limitada.

É um ser vicissitudinário. Em sua mente existem milhões de fantasmas de idéias, de sonhos, de tal forma que ele muda sempre, para uma evolução maior ou menor, mas amanhã nunca será o mesmo de hoje. Nunca será o mesmo em todas as épocas de sua vida, embora mantenha suas características de personalidade.

Nos últimos séculos e especialmente no último, sofreu todas as influências possíveis e imagináveis quer pela evolução do próprio pensamento humano quer pelos verdadeiros saltos científicos dados pelas invenções e pelas tecnologias modernas. O meio intelectual e moral foi mergulhado e envolvido por estas descobertas. No último século o desenvolvimento científico da Humanidade foi maior que em toda a história da atual civilização e civilizações anteriores.

As descobertas científicas aconteceram e acontecem sem qualquer antevisão do futuro.

As suas consequências não previsíveis dão forma para a nossa atual civilização. Quer dizer, não há uma programação objetiva e direta direcionada a um ponto futuro para conduzir a Humanidade. A ciência empurra o homem. Às vezes ele não sabe aonde irá parar. Os cientistas não sabem para onde estão indo e nem aonde querem chegar. São guiados por suas descobertas, às vezes imprevistas e, grande parte por acaso. Cada um destes cientistas representa o seu próprio pensamento estabelece suas próprias diretrizes para si e para a sociedade.

Por analogia, o mesmo caso acontece com a Internet. Não sabemos o que irá acontecer. Teremos que “pagar” para ver.

O Homem estuda desesperadamente as leis da natureza, estas, deveriam só ter valor quando chegassem até ele diretamente, não filtradas pelo véu intelectual repleto de costumes incorretos e tendenciosos, chegando assim a sua mente sem preconceitos, consumismos, conformismos e distorções. Aí ocorrem os sofismas, especialmente dirigidos por interesses financeiros manipulados por grupos multinacionais.

O comportamento humano em função destes fatores muda verticalmente de tempos em tempos, ao sabor de uma mídia controlada por estes grupos, que explora as invenções da maneira que mais lucro lhes dá, dando uma direção equivocada à Humanidade em muitos setores. E esta praga ataca o Homem na política, na religião, no comércio e em todos os segmentos da vida, e ainda no que é mais complexo, no seu relacionamento.

O Homem é um ser emocional, agressivo, intuitivo e faz pouco uso da razão para resolver seus problemas. Age mais pela emoção.

Konrad Lorenz, prêmio Nobel de 1973, zoologista austríaco admite que a agressividade do Homem seja uma herança genética de seu passado animal e que o Homem não seria fruto do meio em que vive. As guerras para ele serão inevitáveis por maiores que sejam as conquistas sociais e científicas da Humanidade. Apesar de ter sido combatido pela maioria dos psicólogos do mundo inteiro, ele parece ter razão. As guerras continuam existindo e a forma de destruição do próprio Homem cada vez mais sofisticada. A invenção mais moderna de autodestruição chama-se terrorismo.

Os Homens para se organizarem criaram regras disciplinares e entre elas a Ética e a Moral, que tanto se escreve a respeito e há autores que as consideram a mesma coisa.

Anatole France em seu livro “Os deuses têm sede”, cita que o que chamamos de Moral não passa “de um empreendimento desesperado de nossos semelhantes contra a ordem universal, que é a luta, a carnificina e jogo cego dos contrários”.

“A Moral varia na cronicidade das épocas, pois o que serviu para nossos pais, não serve para nossos filhos” (Mazie Ebner Eschenbach).

A Moral seria, pois, para entendermos melhor, o estudo dos costumes da época e a Ética, a ciência que regula as regras pertinentes.

Os Homens ditos civilizados costumam afirmar que a Ética é um princípio sem fim.

Mas o mesmo Homem que é um ser competitivo, agressivo, emocional e que seria capaz de destruir a si e ao mundo em determinadas situações, ele também é em outros momentos bom, caridoso, compreensivo, leal, capaz de gestos de desprendimento em favor de seus semelhantes.

Dentro desta dualidade se procura ainda que de forma muito superficial, traçar uma pálida silhueta do Homem, já que é impossível descrevê-lo profundamente como um todo.

Todo Maçom é um Homem, pelo menos no sentido genérico e, como tal não escapa as especificações boas ou más citadas na descrição deste perfil traçado.

A Maçonaria traz a esperança de mudar os Iniciados para melhor. Isto até chega acontecer verdadeiramente para poucos, e estes entenderão que a Ordem é antes de tudo uma tentativa de levar os adeptos ao seu autoconhecimento e ao estudo das causas maiores da vida e que também sua função no mundo atual será político-social. Entenderão que a Maçonaria é para eles uma forma de evolução ética, moral e espiritual.

Outro grupo de Maçons vive nesta ilusão, mas não vai de encontro a ela. É medíocre e conformado, aceita tudo, mas sabe muito bem a diferença. Apenas por uma questão de não duvidar, aceitar as coisas erradas passivamente, e por preguiça mental letárgica não luta e espera que as coisas aconteçam. Porem, a maior parte dos Maçons jamais entenderá o desiderato verdadeiro da Ordem. Jamais entenderá esta meta, mas acreditará equivocadamente de que a está conseguindo.

A maioria dos Maçons não lê, não estudam, criticam os que querem produzir algo de bom, querem saber quem será o próximo venerável, e querem que a sessão termine logo, para “demolirem os materiais” e sorverem o precioso líquido que traz eflúvios etílicos, das “pólvoras amarela e vermelha”, nos “fundões” das lojas, onde excelentes Irmãos cozinheiros preparam iguarias divinas. Até nem podemos condená-los, já que são Homens e como tal não são perfeitos.

Os Maçons de um modo geral trazem para dentro das Lojas, todas as transformações e influências que existem no mundo profano, e sem se aperceberem tentam impor suas verdades como se fossem as verdades ditadas pela Ordem.

Está havendo um grande equívoco na Maçonaria atual, pois esta, tem em seus princípios valores antigos tradicionais aparentemente conservados através dos rituais, costumes escritos, constituições etc., que muitos Maçons têm a pretensão de está-los seguindo, sem que isto seja verdade.

O que acontece em realidade é que a maioria destes valores acaba sendo letras mortas, pois o Maçom na sua condição de Homem que recebe todas as influências citadas do mundo profano, especialmente no terreno das comunicações, informações e do moderno relacionamento humano, traz para o seio da Maçonaria, tudo o que ele está sofrendo e se envolvendo fora das lojas, tais como a competitividade desleal, o consumismo exagerado, a agressividade incontida, a ganância pelo poder, a vaidade autoidolatrias, enfim uma série de situações que ele mais cedo ou mais tarde, quando fizer uma análise de consciência, se o fizer, pois a maioria  nem isso faz, ele verá que não foi bem isso que ele pretendia da Ordem. Então vem a desilusão total, uma das causas de esvaziamento das nossas lojas.

Fala-se em tradição na Maçonaria, mas em realidade esta foi se distorcendo aos poucos, pois os tempos são outros e tudo muda, e as mudanças ocorrem sem se apercebê-las, pois muito embora aparentemente ligado ao passado, o Maçom vive o tumultuado mundo presente.

A Maçonaria a exemplo da nossa civilização atual foi, organizada sem o conhecimento da verdadeira natureza do Maçom. Embora feita só para Maçons não esteja ajustada ao real espaço que ela deveria ocupar.

O modernismo, como não podia deixar de ser também chegou à Ordem. Hoje, em muitas lojas não se usam mais as velas e sim lâmpadas elétricas. Os rituais foram acrescidos de práticas que não existiam na Maçonaria primitiva. Os templos se tornaram suntuosos, e, ricas colunas os adornam. Acabou-se a simplicidade de outrora. Apareceram cerimônias enxertadas, inventadas, rebuscadas.

Constroem templos para todos os lados. Um templo às vezes fica ocioso por vários dias da semana, onde poderia ter uma loja funcionando a cada dia e os demais templos construídos com muito sacrifício de alguns, poderiam ser uma escola, um lar de velhinhos, ou qualquer outra modalidade de prestação de serviços enfim, uma obra que depois de construída seria doada a sociedade.

As pendengas políticas entre os lideres da Ordem, chegam a tal rivalidade que com frequência são levadas às barras dos tribunais na Justiça comum.

A ganância pelo poder é um fenômeno bastante frequente na mente de alguns Maçons. Um simples cargo de venerável, às vezes é disputado de forma bastante ignóbil, não maçônica, pelos oponentes. Imaginem então, o que ocorre quando de trata de eleição para o cargo de Grão-Mestre.

Não se concebe e não se justifica que este poder temporal maçônico que em realidade não significa coisa alguma em matéria do Conhecimento que a Ordem pode proporcionar, cause tanta cobiça, tantas situações antimaçônicas, as quais observamos com frequência, sendo que a maioria dos Maçons fingem que não  as estão vendo.

Sábio foi um juiz profano que não acatou uma ação de um líder maçônico contra outro, alegando que os problemas de Maçons fossem resolvidos dentro da própria Maçonaria já que a Justiça tinha coisas mais importantes a tratar. A Maçonaria foi exposta nesta situação, ao ridículo.

Como é triste, como é doloroso, como doe no fundo da alma quando um Irmão torna-se falso, difama, conspira e tenta destruir outro. Às vezes seu próprio Padrinho é o atingido ou um Irmão que tanto lhe queria. E isto sempre ocorre não pela Dialética que é adotada pela Maçonaria que é a arte de poder se expressar e alguém contrariar ou contraditar uma opinião para se chegar a uma verdade, mas tão somente por inveja doentia ou vaidade.

Porem existe o reverso desta análise. Não podemos afirmar que o Maçom como o Homem em si seja totalmente mau. Ele é dual. Foi criado assim. Ele tem o seu lado mau, mas luta desesperadamente para ser bom, sendo que maioria das vezes não consegue. É a eterna luta do Homem. O ofendido altruísta costuma usar a qualidade cristã do perdão e ai volta a abraçar o Irmão que lhe ofendeu. E tudo acabam em fraternidade, às vezes sincera e às vezes falsa. “A mão que afaga é a mesma que apedreja”. (Augusto dos Anjos)

Não podemos negar que nos causa tanta alegria, quando ficamos conhecendo um Irmão que nos é identificado como tal, onde quer que se esteja. Especialmente longe da cidade onde moramos. E comum este Irmão abrir seu coração, sua residência sua loja. Isto é realmente lindo na Ordem. É uma satisfação muito grande e uma realidade inconteste.

Outra situação boa que costuma acontecer na Ordem é a hospitalidade fraterna com que somos recebidos em outras lojas não importando a Obediência. Esta situação acontece nas lojas base, não havendo mais atualmente a discriminação que havia outrora determinada pelos líderes das ditas Obediências. Foi um avanço social dentro da própria Ordem muito importante. Já não existem mais “primos”, agora somos irmãos de verdade, salvo algumas raras exceções.

O dualismo no Maçom continuará, ele é genético, mas a Maçonaria espera que seus adeptos desenvolvam somente o lado bom. Sua doutrina é toda voltada para esse fim. Então, não culpemos a Ordem, por distorções ou digressões, estas são inerentes ao Maçom, ao Homem imperfeito.

Entretanto, a Ordem deveria mudar o esquema de suas sessões imediatamente. Gastamos ¾ de uma sessão com problemas administrativos.        

Aí está o grande mal. É aí que reside a nossa grande falha. Se houvesse uma sessão administrativa mensal, onde uma diretoria capaz resolvesse todos os problemas rotineiros, e as demais sessões fossem abertas e fechadas ritualisticamente, mas sua sequência fosse tão somente de trabalhos apresentados, debates, instruções, doutrinação, têm certeza de que mesmo aqueles Maçons que não leem, não estudam, aprenderiam muito e tomariam gosto pela leitura, pois seriam despertos de um sono que talvez a própria maneira atual de ser da Ordem seja responsável.

Ainda no quesito “Diretoria ou Comissão”, vivenciamos constantemente perda de um precioso tempo debatendo metodologias sobre eventos, campanhas, e outros assuntos pertinentes as atividades da Loja no mundo profano, ora, porque não constituir várias “Comissões ou Diretorias”, para que as mesmas tenham autonomias na organização, promoção e decisões sobre o assunto na qual a ou as mesmas está (ao) imbuída (as)? Assim, com certeza desafogaria a sobrecarga sobre a administração da Loja, a qual poderia focar mais seu tempo nos trabalhos ritualísticos com os IIr.:, delegando a eles independentemente de Grau a responsabilidade do mesmo pesquisar, elaborar e apresentar em loja trabalhos referentes assuntos maçônicos, de forma que, o mesmo estaria enriquecendo seu conhecimento, assim teríamos uma dinâmica mais atraente, desnecessária a participação constante de “Profanos” realizando palestras em loja, o que já é percebido o descontentamento da maioria.

Temos acreditar no Homem, no Maçom, mesmo ele não sendo um ser perfeito. Ele desde que devidamente preparado poderá ainda a vir a ser o esteio da Humanidade. Estamos no momento mal doutrinado.

Temos que nos rever e modernizar, o futuro já é hoje. Vivemos num mundo de informações. Estas não podem ser sonegadas ou deixar de serem assimiladas. Já estamos ficando para trás em muitos segmentos da sociedade. Não aguentaremos por muito tempo o modelo anacrônico que estamos seguindo se não nos atualizarmos. Isto qualquer Maçom poderá deduzir, se refletir um pouco sobre a Ordem.

Acreditamos que a Maçonaria despertará, e que num futuro bem mais próximo do que imaginamos tudo mudará para melhor. Porque, apesar de todas as influências negativas ou não ela conservou sua essência iniciática. E este fator manterá sua unidade simbólica e espiritual perene.

SEMANA DE HOMENAGEM - INSTRUMENTAL EFICÁCIA - Roberto Ribeiro Re


Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O primeiro homenageado é o irmão Roberto Ribeiro Reis, da ARLS Esperança e União n. 2358 de Rio Casca, MG


Destaca-se o êxito em nossa Oficina

Onde o obreiro arguto encerra o trabalho

E o Venerável Mestre imponente vaticina

A eficácia operada pelo cinzel e o maço.


Já o compasso outra sorte descortina

Indica o céu que o Iniciado deve olhar

De sorte a frear nossas paixões repentinas

Reflexo da perfeição que ele deve simbolizar.


É tanta iniciativa e tamanha audácia

Que o Neófito é levado pelo bom exemplo

Verificando uma ausência de falácia


O que muito feliz contemplo

Desde quando apresentado à Acácia

E a intraduzível paz de Augusto Templo

ENSINAMENTOS DE RUMI

 


Perguntaram a Jalal ad-Din Muhammad Rumi, mestre espiritual persa do séc. XIII:

O que é veneno?

- Qualquer coisa além do que precisamos é veneno. Pode ser poder, preguiça, comida, ego, ambição, medo, raiva, ou o que for.

 O que é o medo?

- Não aceitação da incerteza. Se aceitamos a incerteza, ela se torna aventura.

O que é a inveja?

- Não aceitação do bem no outro. Se aceitamos o bem, se torna inspiração.

O que é raiva?

- Não aceitação do que está além do nosso controle. Se aceitamos, se torna tolerância.

O que é ódio?

- Não aceitação das pessoas como elas são. Se aceitamos incondicionalmente, então se torna amor. 

O que é maturidade espiritual?

1. É quando você para de tentar mudar os outros e se concentra em mudar a si mesmo.

2. É quando você aceita as pessoas como elas são. 

3. É quando você entende que todos estão certos em sua própria perspectiva.

4. É quando você aprende a "deixar ir".

5. É quando você é capaz de não ter "expectativas" em um relacionamento, e se doa pelo bem de se doar.

6. É quando você entende que o que você faz, você faz para a sua própria paz.

7. É quando você para de provar para o mundo, o quão inteligente você é.

8. É quando você não busca aprovação dos outros.

9. É quando você para de se comparar com os outros.

10. É quando você está em paz consigo mesmo.

11. Maturidade espiritual é quando você é capaz de distinguir entre " precisar " e "querer" e é capaz de deixar ir o seu querer.

E por último, mas mais significativo!

12. Você ganha maturidade espiritual quando você para de anexar "felicidade" em coisas materiais!

março 06, 2024

POR QUE SOBRA TANTO MES NO FINAL DO DINHEIRO? - Nilton Bonder


Por que sobra tanto mês no final do dinheiro? (M. Chevalier)

Quem dera o mês terminasse quando o salário acabasse.

Como as coisas não são assim talvez devêssemos fazer como os antigos escribas. Ao escreverem uma linha de um pergaminho, quando chegavam ao meio da frase, começavam a escrever do fim para o meio.

Faziam isto para ter certeza de que caberia tudo numa linha.

Se faltava espaço, apertavam as letras; caso contrário, faziam com que ficassem amplas e folgadas. Devemos fazer isto com nossa economia pessoal também.

Não apenas para sabermos quando vai faltar, como também para sabermos quando vai sobrar.

E mais, aqueles que podem fazer estas contas desde o fim de um ano para o meio, ou da velhice para a meia-idade, conseguem não só mais sobra onde faltaria, como também aproveitar mais do que não seria usufruído.



SEMANA DE HOMENAGEM - A MAÇONARIA DO INTERIOR - Roberto Ribeiro Reis







Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O primeiro homenageado é o irmão Roberto Ribeiro Reis, da ARLS Esperança e União n. 2358 de Rio Casca, MG


À ordem, só devo respeito,

Admiração e muito amor;

Carrego comigo, no peito,

A Maçonaria do interior.


Onde não há ostentação,

E onde o forte é o Obreiro;

Onde dista a corrupção,

E não há briga por dinheiro.


Sem suntuosos palácios

E com riqueza de conteúdo;

Dispensa belos prefácios,

Lojas do interior, eu as saúdo!


Onde menor é a vaidade,

E também presente o mal;

Verdadeira Fraternidade:

Sua riqueza é espiritual!


É claro que algumas capitais

São dignas de nossa menção;

Têm Lojas boas e bem mais,

Praticam a paz e a união.


O que nos causa indignação 

É a profanação da Maçonaria;

Saber que –infelizmente- um Ir.’.

Age com tamanha picardia.


Decerto, não sentiu a Iniciação,

Somente a vontade usurpadora;

Só peço que ele mude o coração:

Pobre e infeliz alma aproveitadora..

QUE PRESENTE MARAVILHOSO!

 

O correio traz a surpresa, uma carta, que coisa rara, e uma foto em papel, mais raro ainda. E diz:

Meu irmão e professor Michael

Estivemos juntos no encontro ocorrido em Bom Despacho (MG) e posteriormente em Moema, onde tirei essa bela foto sua e de Dona Alice. Foi uma grande satisfação conviver com vocês naquele dia.

Na minha pequena vida de maçom aprendi muito com os seus conhecimentos e sou muito grato por isso.

Espero que este meu pequeno carinho os encontre bem e com saúde!

Nos vemos pelo Lives Maçônicas!

TFA

Ir.  Tulio Lobo 

Loja Conquista da Liberdade 1925

Itapecerica MG

............

É por isso que faço o que faço com tanto prazer. Compartilhar conhecimento e receber carinhos como estes, de tamanho pequeno mas de imensa, desmedida emoção. Muito obrigado. Adoramos.

março 05, 2024

SEMANA DE HOMENAGEM - GRAUS SIMBÓLICOS - Roberto Ribeiro Reis

Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O primeiro homenageado é o irmão Roberto Ribeiro Reis, da ARLS Esperança e União n. 2358 de Rio Casca, MG



O Aprendiz 

Está feliz

Porque saiu

Do ócio.

O Companheiro,

Alvissareiro,

Sobressaiu 

No seu negócio

O Mestre, de 

Q. I. Extraterrestre,

Atraiu 

O sacerdócio.


Tripé de iguais,

Têm fé demais,

Nada os abala;

Diante da provocação,

Toda ponderação:

O silêncio exala.


Ninguém os atormenta,

Sua paz é a ferramenta

Que resolve o problema;

Esquadrada retidão

Compassada solução

Perfeição de sistema.


Um triângulo eleito,

Cujo projeto de respeito

É atingir a completude;

Aprendiz e Companheiro,

Feito Mestre sobranceiro

Obreiros de plenitude.


De terno ou balandrau,

Não importa qual o grau,

E tampouco a instrução;

O que os torna diferentes

São as luzes excedentes

Que o trio tem no coração!

A MAÇONARIA E A IGREJA CATÓLICA - Sigisfredo Hoepers,


Ainda acontece principalmente em cidades mais do interior, que um irmão, ou o que é pior, uma esposa de maçom, sejam discriminados dentro da igreja católica.

O objetivo desse trabalho é apresentar um histórico e tentarmos entender um pouco dessa discriminação à maçonaria e aos maçons em particular, que felizmente tem diminuído sensivelmente, praticamente não existindo mais em grandes centros.

A Maçonaria, pode-se dizer, nasceu dentro da igreja católica. Como construtores que eram, passavam longo tempo construindo catedrais e mosteiros. Houve um tempo em que a maçonaria e a igreja católica coexistiam pacificamente. O que mudou?

A História

A maçonaria como instituição associativa, deu seus primeiros passos em 1356, quando um grupo de pedreiros (Free maçons) dirigiu-se ao prefeito de Londres e solicitou o registro de associação dos pedreiros livres.

Oficialmente registrada a associação e devidamente autorizada, passavam os seus membros ou associados a ter certos direitos e vantagens, que, acredita- se, mais tarde viriam a despertar o interesse dos especulativos. Como:

- Trânsito livre – pois naquela época não se tinha a liberdade de ir e vir.

- Liberdade para fazer reunião – que naquela época também era proibido, por receio de conspirações.

- Isenção de impostos – que convenhamos, agrada a qualquer um.

Pouco tempo depois, surge um invento revolucionário. Em 1455 inventa-se a impressora com tipos móveis. É publicada a primeira bíblia em latim. Além da cultura em geral, o evangelho também passa a chegar mais facilmente a todas as camadas sociais. Quem lê, pensa mais, sabe mais. A história começa a mudar.

Praticamente desconhecida, cuidando do que lhe era concernente, a maçonaria nem de longe poderia prever que em 1509 seu futuro já estava sendo influenciado. É que neste ano, subia ao trono da Inglaterra, Henrique VIII. Ao ver contrariadas suas pretensões de conseguir o divórcio junto ao papa, para casar-se novamente com Ana Bolena, revolta-se e desconhecendo a autoridade do papa, funda urna nova religião, a Anglicana.

Constitui-se como único protetor e supremo chefe da Igreja e do clero da Inglaterra. Acaba com o celibato, e confisca os bens do clero. Está aberta mais uma lacuna na igreja católica, abrindo-se uma ferida profunda entre os poderes. A maçonaria mais tarde, certamente sofreria as consequências de sua origem inglesa. Em pouco tempo e devido a outras grandes cisões o catolicismo perdeu terreno e influência na Inglaterra, Alemanha e Suíça, como permanece até os dias atuais. E a maçonaria? Continuava operativa. Não incomodava e nem era incomodada.

Em 1600, outro fato, aparentemente sem importância, iria mudar totalmente os rumos da maçonaria. É aceito o primeiro especulativo de que se tem noticia. Lord John Boswel, um fazendeiro, simples plantador de batatas. Foi o primeiro a ver vantagens em pertencer a associação dos pedreiros livres. A maçonaria, que mais tarde seria só “especulativa”, como a conhecemos até hoje, começou a mudar aí.

Alguns anos mais tarde, em 1603, assume o trono da Inglaterra, Jaime I. católico, começando a dinastia dos Stuarts. Levando consigo a grande esperança da igreja católica para mudar os rumos do catolicismo.

Mas interesses econômicos outros, lutas políticas na busca do poder, e o puritanismo, levaram Oliver Cronwell a frustrar as pretensões da igreja, levando os Stuarts a se exilar na França e quando voltam não tem forças para se firmar. Em 1714 termina a dinastia dos Stuarts com Ana Stuart, assumindo Jorge I, iniciando a dinastia Hannover. Mas nesse meio tempo em 1646, é aceito outro especulativo. Elias Ashmole.

A importância do fato estava em ser ele um intelectual, alquimista e Rosa Cruz. Alguns autores lhe creditam a confecção inicial dos rituais. As lojas proliferam. Eram mistas (operativos e especulativos) ou só de especulativos. Em 24 de junho de 1717 é fundada a Grande Loja de Londres. Oficialmente. é nessa data que começa a Maçonaria especulativa.

É convidado o Ministro Protestante, reverendo James Anderson, a compilar todas as tradições, usos e costumes dos maçons, para fazer uma constituição que regesse a Maçonaria. Após estudos, com outros irmãos, foi submetida a uma assembleia que a aprovou em 1723, sendo promulgada a primeira constituição maçônica, dita de Anderson. Alguns anos mais tarde, em 1738, ela seria reformada.

Devidamente regulamentada e oficializada, a Maçonaria estava pronta a expandir-se, mas sua expansão não seria pacifica. Como num jogo de xadrez, o desenrolar da história vai determinando certos lances que vão mudar o futuro.

E, talvez o lance mais importante dessa ocasião seja a eleição. em 1730, do Papa Clemente XII, aos 79 anos de idade, que seria o precursor das condenações à maçonaria. De idade avançada, muito doente, alguns autores acreditam que sua eleição tenha sido mais como um prêmio pela sua dedicação. do que pelos seus reais méritos. Quase morre logo ao assumir. mas consegue se recuperar.

Pouco tempo passa, e logo em 1732 fica totalmente cego e a gota o ataca severamente, obrigando-o a guardar leito com constância.

Como o nepotismo é próprio de quem tem o poder, o papa nomeia Neri, seu sobrinho, como seu assessor direto. Este, ambicioso e sem qualidades, mais tarde deixaria as finanças em precárias condições.

A Maçonaria, por sua vez, continuava sua expansão, derivada de Londres e sendo exportada para países vizinhos.

Instalou-se na Holanda em 1731,  na França e em Florença em 1732;  em Milão e Genebra em 1736 e em 1737 na Alemanha. 

Esta estranha sociedade secreta, que guarda segredo absoluto de tudo o que faz constituída de nobres, aristocratas, intelectuais. Começou a inquietar os poderes dominantes de cada país. O medo das tramas e subversão para a derrubada do poder foi mais forte e começaram as proibições.

Sem saber o que acontecia nas reuniões, sempre secretas, criou-se um alvoroço, e muitos governantes pediam providências ou soluções ao papa. As alegações eram de que a sociedade admitia pessoas de todas as religiões; que era exigido de seus membros segredo absoluto, sob severas penas: que prestava obediência a um poder central em Londres.

O Santo Oficio bem que procurou descobrir alguma coisa, mas nada de concreto conseguira. Consta que muitos elementos do clero já haviam sido iniciados. Na França, em especial. o clima era puramente político, unia luta pela força e poder. A maçonaria crescia, mas era cerceada como fosse possível.

O Papa Clemente XII continuava doente, constantemente acamado, totalmente cego ha 6 anos, rodeado de pessoas que lhe filtravam as informações, sendo que tudo o que lhe chegava ao conhecimento dependia do interesse dos que o rodeavam. Para assinar os documentos necessários, sua mão tinha que ser direcionada. Nessas condições, sob pressão dos governantes que exigiam providências e também dos inquisidores que exerciam sua influência, é que o papa assinou, com sua mão direcionada, em 28/04/1738, a bula In Eminenti, selando assim o destino dos maçons católicos em especial, e da maçonaria em geral.

Bula "In Eminenti" do papa Clemente XII, condenando a maçonaria.

A bula em si, tinha sido promulgada por três motivações:

A) Motivo de caráter político – que era o receio dos governantes pela segurança dos remos;

B) Motivo de caráter religioso – que era a “união de homens de diferentes religiões. Nos males que de tais uniões resultam para a saúde das almas; no parecer de pessoas honradas e prudentes”;

C) Motivo de caráter secreto ou seja “por outras justas e razoáveis causas conhecidas por nós” assim pregavam. O interessante disso é que essas causas ficam em segredo. Quase um segredo tão grande quanto a Maçonaria. Alguns autores relacionam este motivo a causa dos Stuarts, na defesa da causa católica pelo trono da Inglaterra. Lembram?

A pena de excomunhão quase nada mudou no comportamento dos maçons na época. Esta pena estava tão banalizada que até o cardeal Fleury, da França diria “a bula que o papa havia dado contra os maçons não bastaria talvez para abolir essa confraria, a não ser que existisse outro freio diferente da pena de excomunhão”.

Excomungava-se por qualquer coisa: por motivos tão irrisórios como pequenos furtos ou simples questões de etiqueta. Os editos da inquisição, afixados nas portas das igrejas, iam providos do correspondente aviso: “ninguém o tire sob pena de excomunhão maior”. 

Qualquer pessoa poderia obter o direito de excomungar, era só pagar uma taxa na chancelaria e mediante um documento, a pessoa poderia excomungar até uma pessoa que tirasse um livro, sem ordem do dono da biblioteca. etc.

Conta-se que um fotógrafo do Vaticano. Arturo Mari, no começo de sua carreira, ainda muito jovem e afoito, cobrindo a eleição do Papa João XXIII, empurrou todo o mundo, na ânsia de fotografá-lo primeiro. Um cardeal o excomungou. Logo, o novo papa suspenderia a punição.

Para se chegar ao alto cargo de cardeal na hierarquia do clero, parece que não era tão necessária uma exaustiva e brilhante carreira, pois Clemente XII, logo que assumiu. Nomeou dois sobrinhos seus, sendo um como assessor direto. Em 1735, nomeou o sereníssimo infante de Espanha, de apenas 8 anos de idade, como cardeal, e também Ottoboni, com 17 anos de idade, sobrinho de Alejandro VIII, também como cardeal. Os interesses espirituais escorregavam diante do poder material. Quem cuidava realmente da religião? A resposta não parece muito difícil.

Bem, com a bula sendo conhecida e publicada nos países católicos, iam se desencadeando as proibições em vários países. No entanto, na França, o parlamento não aprovou a publicação e por isso não foi promulgada. Por isso, oficialmente, na França a bula não entrou em vigor.

Criou um círculo interessante. O papa condenou a maçonaria porque os governantes pediam, e agora, os governantes a condenavam porque era o papa quem pedia. Nos estados pontifícios, cuja constituição administrativa era católica, todo delito eclesiástico era castigado como delito político, e vice-versa. Infringir a religião era infringir a lei, e infringir a lei era o mesmo que infringir a religião. Com a morte de Clemente XII em 1740, assume Bento XIV, que não se manifesta inicialmente a respeito da proibição. De imediato, que reflexos estavam tendo na maçonaria a bula de Clemente XII?

A inquisição, encarregada de executar as ordens papais, começava sua primeira e mais conhecida vitima em Portugal; John Coustos (maçom). Denunciado em outubro de 1740, foi torturado e condenado a 6 anos nas galés. Outra vitima foi Francisco Aurion Roscalli:1m, na Espanha em I 744, condenado ao isolamento e banido para sempre. Estes foram os primeiros maçons, vitimas da bula do Clemente XII.

Começam boatos que Bento XIV não confirmaria a bula anterior. De Nápoles vinham muitas pressões por um posicionamento. Somente 11 anos depois da bula In Eminenti de Clemente XII, saiu a bula de Bento XIV, com o nome de Constituição Apostólica Providas. Nada mudava da anterior. Até então, após duas bulas, a maçonaria ainda era uma sociedade que era “inconveniente”, sem ser um perigo iminente. Na dúvida, melhor proibir. As coisas permaneceriam assim até a morte de Bento XIV em 1758. Também com Clemente XIII de 1758 a I 769, com Clemente XIV de I 769 a 1774, com Pio VI, de 1775 a 1799, com Pio VII de 1800 a 1823.

Só que neste papado de Pio VII, surge a figura de Napoleão Bonaparte, que acabaria por ter uma influência positiva na liberação das colônias portuguesas. Os ideais de liberdade ganharam força quando Napoleão afugentou a coroa portuguesa para o Brasil em 1808, avançou para a Espanha e adentrou em Roma, proclamando o fim o poder temporal do papa, e mantendo- o preso no castelo de Fontainebleau. Pio VII só recuperou parte de suas possessões com a queda de Napoleão em 1815.

Mas a história começa a mudar. Isto se reflete nas colônias que começam seus movimentos de libertação. Praticamente todas lideradas por maçons, que conseguem logo em seguida, neste penado, sua independência:

Obra de Benedito Calixto mostra José Bonifácio de Andrada e Silva, o tutor de D. Pedro I

Chile – 1818, liderada por O’Higgins (maçom);

Colômbia – 1821, liderada por Bolivar (maçom):

Peru – 1821, liderada por Bolivar e San Martim (maçons);

Argentina – 1822, liderada por Bolívar e San Martim ( maçons);

Brasil – 1822, liderada por D. Pedro I e José Boni fácio de Andrada e Silva (maçons).

Já havia o exemplo vitorioso de libertação dos Estados Unidos em 1783, liderada por maçons como George Washington. Na queda da bastilha, na França, em 1789, maçons lutaram com seus aventais. A maçonaria deixara de ser simplesmente “inconveniente”, passando a ter uma atuação concreta e objetiva e a receber condenações mais veementes da igreja, embora esta não se considerasse diretamente atingida ou ofendida.

Seria óbvio que a igreja apoiasse Portugal e Espanha, seus mais fiéis aliados, condenando a Maçonaria, para tentar conter essa avassaladora onde de independências. Um péssimo negócio, diga-se de passagem, para quem recolhia pesados tributos. Mas não é tão simples como parece, à primeira vista, a condenação católica a Maçonaria.

Começou com a bula “in eminenti”, com um caráter mais preventivo que coercitivo, se tomou opressiva, a condenação, quando politicamente, a igreja tentou ajudar seus mais fiéis aliados. Portugal e Espanha como já dissemos, até aqui, pode-se dizer que a igreja católica condena a Maçonaria por motivações de terceiros. Ela, em si, nunca se sentira ameaçada para que se justificasse a manutenção da condenação.

A Unificação da Itália – O Maior dos Motivos

Os verdadeiros motivos da condenação, sem dúvida alguma. Resultaram da unificação da Itália. O trauma desse episódio não deixa certos setores da igreja esquecer até os dias de hoje. A Maçonaria foi considerada como um inimigo mortal, por ter apoiado a unificação.

Houve a época. a fundação da Carbonária, seita de caráter político, independente da Maçonaria, tendo como finalidade principal a unificação da Itália. A carbonária tomara-se perigosa e prejudicial à Maçonaria, pois era confundida com esta e colocada erroneamente, no mesmo pé de igualdade, enquanto que, na realidade, não tinha nada em comum, nem nas origens, nem nas finalidades, nem nas formas. Os carbonários para conseguir o seu ideal, matavam-se preciso.

Os carbonários tiveram seus aprendizes, mestres, grão mestres. Mestre de cerimônias, orador, secretários, sinais, toques e palavras, juramentos, e é claro, segredos. Por isso a maçonaria era muito confundida. Essa similitude externa propiciou a Leão XII a identificar os carbonários, em sua bula “quo graviora”, como se fosse um retrato da Maçonaria, lançado em 1825.

A partir dai a situação agravou-se ainda mais. Posteriormente já com o papa Pio IX lança-se a bula em 1864, condenando as sociedades secretas, que nelas se exigisse ou não o segredo.

É proclamado rei da Itália unificaria – Vitor Manuel. A venda das terras desapropriadas da igreja em 1867 foi apenas uma, entre várias medidas anticlericais. Mas o povo italiano queria a unificação. Para se ter uma idéia do anseio popular pela unificação da Itália, o plebiscito deu como resultado: 456.000 a favor com apenas 756 contra. Os italianos não aceitavam outra capital que não fosse Roma.

A essa altura, Pio IX já tinha lançado a “multiplices inter” contra a Maçonaria e a Carbonária como: “os inimigos do nome cristão que ousaram assaltar a igreja de Deus, esforçando-se, bem que inutilmente, por arruiná-la e destruí-la”.

Logo ern seguida, em 1869, a “apostolice sedis”, contra a maçonaria e as sociedades secretas, com a excomunhão latae sententiae, contra “todos que dão seu nome á seita dos maçons ou dos carbonários, ou a outra seita do mesmo gênero, que “maquinam” aberta ou secretamente, contra a igreja e contra os legítimos poderes”.

A situação se agravara de tal maneira que ficara insustentável. Como se vê. a essa altura, a Maçonaria estava definitivamente condenada. O grande motivo? A unificação da Itália, um ideal Carbonário.

Um episódio brasileiro ocorreu em 1872 com o desencadeamento da questão religiosa. Envolveu dois bispos, um do Pará e outro de Olinda, que condenaram a Maçonaria em suas dioceses, contrariando as leis vigentes no país. Foram julgados e condenados por um supremo tribunal de justiça a quatro anos de trabalhos forçados. Por interferência do Duque de Caxias foram, a contragosto de D. Pedro I, anistiados.

Mas, voltando a Itália, ideal era dos carbonários, mas a culpa ficou para a Maçonaria.

Em 1917 – é promulgado por Bento XV, através da “providentissima mater ecclesia”, o primeiro código de direito canônico. também chamado de pio-beneditino. Este código regulamentava todas as atividades da igreja, e definia a situação da Maçonaria em vários cânones:

Cânon 2335 “os que dão seu próprio nome à seita maçônica, ou outras associações do mesmo gênero, que maquinam contra a Igreja ou contra os legítimos poderes civis, incorrem ipso facto, na excomunhão si mpliciter reservada á sé apostólica”.

Com esse cânon, ficaria estigmatizada especificamente a denominação “Maçonaria”, bem como caracterizada a sua pena: a “excomunhão”.

Os sacramentos proibidos são: o batismo, a eucaristia. a crismar (ou confirmação da fé), a penitência (ou confissão dada antes da eucaristia ), o matrimônio, a ordenação sacerdotal e a unção dos enfermos.

Para atender aos anseios dos irmãos católicos, a maçonaria criou certas ritualísticas especiais: ritual de adoção de lowtons, para um apadrinhamento: ritual de pompas fúnebres; ritual de confirmação de casamento.

Ainda na questão Itália, continuava pendente a questão romana, que seria finalmente decidida por Pio XI e Mussolini com a assinatura do tratado de Latão em 11/02/1929, criando o Estado do Vaticano.

Acabava oficialmente o poder temporal do papa, ficando restrito ao Vaticano e apenas 44.000 metros quadrados, e reconhecia a posse política de Roma e dos Estados Pontifícios.

Em 1959. o papa João XXIII, ouvindo clamores, anuncia a revisão do código pio-beneditino. Ventos de paz sopravam forte entre a igreja e a maçonaria, havia um clima de boa vontade entre as partes. No entanto, devido o absolutismo da cúria – a burocracia papal em Roma que durante séculos ditara as normas da vida católica – foi ainda restrito.

Wojtyla, mais tarde, papa João Paulo II, juntamente com alguns bispos já se pronunciavam afirmando que qualquer que seja a razão pela qual um católico se tome um maçom, ele permanece católico. Mas, nem todos os setores da igreja estavam coerentes e alguns achavam pouco prudente essa abertura aos pedreiros livres.

O maçom e carbonário Giuseppe Garibaldi, que lutou na Unificação da Itália.

Em 1983 e promulgado por João Paulo II o novo código de direito canônico. Com o cânon 1374 fica excluído o nome da maçonaria, e também a excomunhão. No entanto, um comunicado de doutrina da fé, aqueles mesmos que nunca fazem nada de produtivo para humanidade e se consideram os senhores da razão ditando as normas da vida católica, mantém a recomendação de que os “inscritos na maçonaria” incorrem em pecado grande, ficando impedidos de receber a santa comunhão. Mesmo contrariando a vontade papal.

Finalmente, agora recentemente, o papa pede perdão a tudo e a todos que porventura a igreja católica tenha atingido. Felizmente. Paciência e esperança, essas são as palavras.

A discriminação deixará de existir plenamente e a pacificação total, inclusive em cidades do interior, já bate a nossa porta.

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(Este trabalho foi elaborado pelo Ir.’. Sigisfredo Hoepers, fundamentado no livro de titulo MAÇONARIA E IGREJA – CONFLITOS. do Ir.’. Lutffala Salomão – Editora A Trolha) Fonte: Palavra de Passe – Informativo mensal da A:.R:.L:.S:. – Perfeição de Biguaçu IV° 3156 – ENCARTE ESPECIAL.