março 12, 2024

MAÇONARIA - DO PASSADO RUMO AO FUTURO -





Convencionou-se a data de 24 de junho de 1717 como o marco de partida da moderna Maçonaria Especulativa. Sabemos hoje que nesse dia ocorreu a formalização da Grande Loja de Londres, em sessão ocorrida na taberna Goose and Gridiron, sendo essa formalização decorrente de trabalhos e contatos preparatórios entre quatro das Lojas então existentes na região de Londres e Westminster. O marco faz sentido, pois a criação da Premier Grand Lodge marcou a assinalável expansão da Maçonaria, primeiro no Reino Unido e rapidamente em toda a Europa e no resto do mundo.

Esta moderna Maçonaria Especulativa evoluiu a partir da então decadente estrutura de oficinas operativas que enfrentavam o espetro da obsolescência, em face da evolução das técnicas de construção e da própria sociedade.

Do velho e caduco fez-se novo, pujante e diferente. A Maçonaria Especulativa deu corpo, estrutura de enquadramento e divulgação e meios à ideologia racionalista, iluminista, experimentalista, que se afirmava em substituição do conhecimento escolástico herdado da Idade Média e apenas abanado pelo Renascimento. Constituiu também o cadinho de desenvolvimento da harmonização entre a Ciência e a Crença, entre a Razão e o Espírito, entre a Dedução e a Intuição.

A Maçonaria Especulativa é um dos elementos de derrube do Antigo Regime ideológico vigente na Europa, resultante de séculos de prevalência do Poder Eclesiástico sobre o Poder político, de organização política e social estratificada em classes estanques que inviabilizavam ou dificultavam a mobilidade social, assente na prevalência dos ditames religiosos sobre tudo o resto.

Os 300 anos desde então decorridos mostraram que a evolução em que se inseriu a Maçonaria especulativa, a ideologia que cultivou e divulgou e defende correspondeu à necessidade de evolução das sociedades. Da sociedade estratificada feudal ou pós feudal então existente, evoluiu-se para novas formas de governo (Monarquias constitucionais e Repúblicas substituindo o Absolutismo, universalização dos princípios da separação de poderes e do exercício da soberania em representação do Povo, entendido como o conjunto englobando todos os cidadãos insertos numa dada unidade política), para novas e ainda em evolução formas de produção e distribuição económicas (Liberalismo, Capitalismo, Estado, Providência, Desregulamentação, Globalização, etc.), para novas e cada vez mais avançadas e complexas formas de aquisição e divulgação do Saber, em todos os campos da Ciência.

A evolução da Ciência criou em muitas mentes, num primeiro (mas longo…) momento, o entendimento da existência de oposição entre a Ciência, o Conhecimento Científico, o Saber de experiência feito e a Religião, a Crença, o Espiritual. Para esse entendimento, o inevitável avanço da Ciência necessariamente constituiria o recuo, o declínio, a extinção da Religião. Neste aspecto, a Maçonaria atravessou toda a recente evolução humana, social e científica com outra postura ideológica, a da Harmonização final da Ciência e da Religião, do Saber e da Crença.

A dicotomia, a diferença, a aparente oposição entre Ciência e Religião resultam muito mais do que (ainda) o Homem não sabe do que daquilo que já aprendeu! Claro que o avanço da Ciência expõe os erros existentes em muitas crenças. Evidentemente que a Ciência expõe, à medida que avança, os limites da Crença e obriga a repensar ditames religiosos. Mas também existem limites à Ciência, à capacidade humana de tudo desvendar, de tudo revelar, de tudo aprender – e esses limites são expostos pela Religião, pela Crença!

Há trezentos anos atrás, as sociedades europeias laboriosamente percorriam o caminho de saída da conceção dogmático religiosa do mundo. Hoje exploram as fronteiras do Conhecimento, buscando o horizonte para lá do horizonte, cada geração desvendando mistérios e aprofundando conhecimento como a geração dos seus pais não tomava por possível e a dos seus avós nem sequer imaginava.

A Ciência investiga o palpável, o concreto, o material. O espiritual, o intangível não é (ainda?) o seu campo. No entanto, cada vez mais cientistas vão adquirindo a noção de que esse intangível existe. Só que não (ainda?) acessível segundo os meios da Ciência.

Quanto às diversas crenças, vão evoluindo, também laboriosamente, muitas delas a contragosto, em função do que o Homem vai conhecendo.

A Maçonaria, que tem como um dos seus princípios ideológicos a compatibilização da Ciência e da Religião, deve, em cada momento, procurar efetuar essa harmonização. A Ciência avança, mas continua a ter limites que não consegue (ainda?) ultrapassar. As Crenças devem reconhecer e integrar o Conhecimento que os avanços da Ciência proporcionam, revendo as suas proposições em função disso.

No entanto, a Maçonaria, ao longo dos últimos trezentos anos, não se limitou à busca da preservação dos meios e caminhos e vontades de compatibilização entre a Ciência e a Religião. No domínio da organização das sociedades abraçou e divulgou os princípios da Liberdade e da Igualdade. Muitos dos seus obreiros lutaram para fazer vingar nas suas sociedades esses princípios.

Desde o parlamentarismo europeu ao presidencialismo americano, desde a implantação de sistemas políticos favorecendo o bipartidarismo ao favorecimento de regimes privilegiando o multipartidarismo. Desde a opção pelo Regime Monárquico Constitucional até à preferência pelo Regime Republicano, em todas as latitudes a Maçonaria e os seus obreiros expressaram-se em favor da Liberdade e da Igualdade e defenderam o princípio da Separação de Poderes como meio indispensável para as concretizar.

Hoje, trezentos anos passados, temos a ilusão de que a Liberdade e a Igualdade, de que a Separação de Poderes, enfim, a Democracia estão implantadas e são irreversíveis. Continua a competir à Maçonaria alertar para o facto de que, em matéria de organização social nada é nunca definitivo e tudo tem, em cada momento, de ser defendido. A Liberdade, a Igualdade, a Separação de Poderes, a Democracia, estão hoje implantadas nos países desenvolvidos socialmente, mas cumpre alertar e providenciar para a sua defesa, para que não se perca o que a muitos custou muito sangue a obter.

Mas a Maçonaria não confunde, não pode nem deve confundir, a defesa destes princípios essenciais com as formas de os concretizar e aplicar. No respeito por estes princípios essenciais há uma variada panóplia de regimes, de opções, de formas de organização e gestão dos Estados e do Poder político que só aos respetivos povos e estruturas de decisão dizem respeito. Aí, a Maçonaria não se deve imiscuir. É campo, não já dos princípios essenciais, mas da Política, que, sendo nobre, implica escolhas entre várias hipóteses admissíveis no plano dos Princípios essenciais. Deve a Maçonaria resguardar-se e não se imiscuir – até porque, legitimamente, o normal é que haja maçons defensores das várias hipóteses possíveis.

Sem se imiscuir no plano das escolhas políticas concretas, deve a Maçonaria sempre defender, divulgar, apoiar, praticar e exigir que se pratiquem os princípios essenciais da Liberdade, da Igualdade, da Separação de Poderes, em suma, da Democracia. Este foi um profícuo campo de atuação da Maçonaria nos últimos trezentos anos. Deverá continuar a sê-lo nos próximos trezentos.

A Maçonaria, ela própria, dentro de uma matriz essencial evoluiu com assinaláveis diferenças em diferentes áreas geográficas e em diferentes épocas. No Reino Unido, cedo se afirmou integrante das instituições sociais, integrando-se harmoniosamente no establishment. Em França veio a adquirir uma conotação mais social, política, revolucionária até. Nos dias de hoje, ambos os ramos da Maçonaria assumem em França um papel mais interventivo na coisa pública do que na maior parte das outras zonas do globo. Nos Estados Unidos, a vertente filantrópica da Maçonaria assumiu uma importância notável, essencial e certamente diferenciadora em relação a outras paragens.

Após as I e II Guerras Mundiais, a Maçonaria viu crescer enormemente o número dos seus obreiros. Os soldados que sobreviveram aos conflitos, desmobilizados, encontraram na Maçonaria a camaradagem, o espírito de fraternidade que os ampararam nas trincheiras e nas duras batalhas na Europa, no Norte de África e no Pacífico. Toda uma geração se reviu na Maçonaria e nos seus princípios. Atenuada a memória desses conflitos, as gerações seguintes não se reviram com a mesma intensidade na Fraternidade que unira os seus pais e avós e, nos mesmos espaços onde a Maçonaria vira duplicar, triplicar e quadruplicar os seus obreiros, começou a definhar. Noutras paragens, porém, a Maçonaria expandia-se.

Qualquer observador minimamente informado repara nas diferenças de estilo e de atuação que existem dentro da realidade global e essencialmente semelhante que é a Maçonaria. Qualquer interessado anota a flutuação de número de obreiros da Maçonaria ao longo dos tempos e nas diferentes latitudes. Estas variações e flutuações têm a ver com a natureza de instituição social que a Maçonaria adquiriu e com a importância que, enquanto instituição, as várias e sucessivas sociedades nela vão reconhecendo. Sempre existiram e sempre existirão e terão mais a ver com as mudanças e condições sociais do que com a Maçonaria ela própria.

A natureza essencial da Maçonaria é, no entanto, a mesma em todas as latitudes e em todas as épocas. Coloca em confronto o Homem consigo mesmo. O Homem com a Ética. O Homem com a noção da Perfeição, sua inatingibilidade, mas a compulsão humana para a procurar. O Homem com o Transcendente. Nesse confronto, o maçom procura, antes de mais, conhecer-se, como base indispensável para determinar o que e como tem de melhorar. Procura, sempre, aperfeiçoar-se. Em matéria de conhecimento, mas sobretudo em termos éticos. Anseia superar-se. Como pessoa, como homem de família, como ser social, como profissional. Em termos morais e espirituais. Mesmo sabendo que lhe é impossível atingir a Perfeição, busca aproximar-se dela tanto quanto lhe for possível. Porque assim a sua natureza o compele a proceder, na perspectiva do encontro e do diálogo com o Transcendente. Encontro e diálogo nos quais a valia da vida de cada um se apura em face da concretização de cada um do potencial que imanentemente lhe foi outorgado.

Este confronto essencial do Homem não é novo. Já o Oráculo de Delfos ordenava Conhece-te a ti mesmo. Inúmeras correntes místicas e escolas religiosas nasceram em torno dele. O que de diferente ele assume na Maçonaria é o particular método de o concretizar. Já não em retiro de eremita ou seguindo diretrizes de líder espiritual. Mas cada um, como entidade própria, digno, igual a todos os demais, livre, inserido no seio de iguais. Cada um trilhando o seu caminho, sem julgar os trilhos dos demais. Cada um pondo em comum o que aprende, o que conquista, o que descobre, mas também aquilo em que falhou, a dificuldade com que deparou, o obstáculo que tem de transpor. Cada um beneficiando do que os demais em comum, como ele, põem. E, agora sim, ajuizando do confronto da sua experiência com as dos demais, o melhor trilho a seguir, o próximo passo a dar, o patamar a atingir. Cada um navegando o seu próprio caminho, mas todos bolinando à vista uns dos outros.

Este método de ser único no meio da comunidade, de partilhar a sua individualidade com os demais da comunidade e de recolher em seu benefício o que de útil para si encontra nas partilhas dos demais, esse, sim, é próprio e essencial da Maçonaria. Esta é a essência que, em todas as latitudes, com todas as diferenças, a Maçonaria e cada maçom devem preservar.

Esta a essência que vem de há trezentos anos e que informou os maçons em cada tempo e em cada lugar segundo as necessidades do maçom, do tempo e do lugar. Tempos houve em que o preciso foi adquirir e treinar o conhecimento científico e deixar para trás a escolástica dos tempos medievais. Tempos houve em que o indispensável foi garantir a Liberdade, a Igualdade, a Separação de Poderes, a Democracia. Tempos houve em que o necessário foi curar profundas feridas de sobreviventes de inimagináveis horrores, manter acesa a chama da Fraternidade e apaziguar consciências com a prática da Filantropia. Tempos houve em que foi possível estudar em conjunto, especular por si e em grupo, aprender, experimentar, tentear, buscar o melhor Ser que há em si, sem atenção ao Ter de cada um. Tempos houve para tudo isso. Tempo é de tudo isso. Tempos haverá para tudo isso.

Os tempos e as sociedades mudam. Os maçons não se reúnem já nas tabernas como há trezentos anos. Hoje comunicam entre si e com as sociedades em que se inserem utilizando as Tecnologias de Informação que o engenho humano concebeu e agora disponibiliza. Desengane-se quem pensar que essas circunstâncias exteriores obrigam à mudança da Maçonaria. Desiluda-se quem pretender que a Maçonaria mude o seu rumo em face de críticas, aceitações, reservas ou discordâncias. A identidade da Maçonaria não muda – ou transformar-se-ia em outra coisa diferente, apenas porventura usando o mesmo nome…

Desde há trezentos anos que a essência da Maçonaria é o nobre confronto do Homem consigo mesmo, buscando a maior aproximação possível à inatingível Perfeição, em face do Transcendente, confronto esse levado a cabo por cada um no seio de um grupo com que partilha avanços e recuos, vitórias e desaires, e beneficiando das partilhas dos demais.

Isto é a Maçonaria – desde há trezentos anos. Isto será a Maçonaria – nos próximos trezentos anos, e mais!

SEMANA DE HOMENAGEM - SENTIDO DA ARTE REAL - Adilson Zotovici



Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O homenageado desta semana é o irmão Adilson Zotovici, da ARLS Chequer Nachif n. 169 de S. Bernardo do Campo SP.


Desde quando inda profano

Histórias eu tenho ouvido

Dia a dia, ano a ano

Ilusórias, tem me movido


À despertar no Ser humano

Ainda não esclarecido

Leva-lo ao desengano

Que alguns creem combalido


O Trabalho soberano

Ufano há anos tem sido

De cada obreiro e arcano

De cada canteiro saído


Tudo por tão belo plano

Do Grande Arquiteto obtido

Por livre pedreiro espartano

Bom templo com afeto erigido


Livrar do ergástulo insano

Liberdade do tino tolhido

O campesino, o urbano

O asilado, o desvalido...


Transmutar o vício mundano

Que sinal de tempo perdido

Em virtude no cotidiano

Que na Arte Real o sentido !



A INICIAÇÃO - Rui Bandeira


Quando um profano pede para ser admitido maçom e a Loja que recebeu esse pedido acede a ele, a entrada do novo elemento para a Maçonaria e para a Loja processa-se mediante uma cerimónia, designada de Iniciação.

Um dos compromissos que os maçons assumem é o de não divulgar a profanos como se processa a cerimónia

de Iniciação. Não por gosto do secretismo. Não porque algo de ilícito, ou perigoso, ou atentatório da dignidade, exista nessa cerimónia. Simplesmente porque o desconhecimento sobre como se processa e o que se passa nessa cerimónia é absolutamente essencial para que esta atinja os objetivos que com ela se procura prosseguir.

Dir-se-ia, assim sendo, que, nesse caso, não poderia ou deveria eu aqui escrever sobre a Iniciação. Tudo depende do que se escreve e como se escreve. Obviamente que não vou descrever a cerimónia, dizer o que nela se passa, como se processa. Assumi o compromisso de tal não fazer publicamente ou em privado perante profanos. E concordo e entendo as razões que subjazem a esse compromisso. Mas, sendo política e objetivo deste blogue desmistificar o pretenso secretismo da maçonaria e divulgar os princípios e objetivos desta, não seria entendível que aqui se não fizesse referência a um dos mais importantes atos e cerimónias da vida de qualquer maçom, a uma cerimónia que o terá indelevelmente marcado quando por ela passou e que continua e continuará a a influenciá-lo positivamente sempre que participa na iniciação de um novo maçon. Seria como descrever o futebol sem falar do golo, como discretear sobre Leonardo da Vinci sem mencionar a Mona Lisa!

Mesmo sem divulgar o que não deve ser divulgado, entendo que algo de interessante pode e deve ser dito sobre a Iniciação, permitindo que a generalidade dos interessados - ou até simples curiosos - entendam que objectivos se procuram prosseguir com essa Cerimónia e, mesmo, a razão da necessidade de detalhes sobre ela não serem conhecidos por quem por ela não passou.

A Cerimónia de Iniciação mais não é do que, no fundo, um rito de passagem! Desde a mais remota Antiguidade e em diversas Civilizações que a Humanidade executa ritos de passagem - o mais frequente deles porventura o que assinala a passagem da infância para a idade adulta.

A Cerimónia de Iniciação é, assim, e antes do mais, um rito de passagem da vida profana para a vida maçónica. Mas não é um mero marco dessa passagem, desse início. O traço distintivo da Cerimónia de Iniciação em relação à generalidade dos ritos de passagem é o de que aquela, mais do que assinalar, festejar, marcar a passagem da vida profana para a vida maçónica, tem um papel efectivamente constituinte dessa transição.

Não se pode ser maçom sem VIVER a cerimónia de iniciação. Pode-se tê-la estudado, lido sobre ela, até porventura lido o respectivo guião. Nada disso faz diferença: para que a nossa mente e o nosso espírito apreendam em toda a sua complexidade e riqueza o que é ser maçom, é essencial VIVER a Iniciação. Porque a transformação ética e espiritual que o método maçónico propicia depende, não apenas do Intelecto, mas da integralidade do Homem. O que vale por dizer que não basta conhecer intelectualmente os princípios, os ensinamentos, os propósitos, a moral. É necessário SENTIR esses princípios, esses ensinamentos, esses propósitos, essa moral.

 E a impressão que a Cerimónia de Iniciação deixará naquele que a ela é submetido será tanto mais forte quanto menos ele souber do que se vai passar. Quanto mais souber (ou julgar que sabe...) sobre o que vai ocorrer, mais distraído estará, aguardando o que espera, ou julga, que vai acontecer, ou interrogando-se porque não aconteceu o que sabe (ou pensa que sabe...) que vai acontecer. E quanto mais concentrado no que sabe (ou imagina que sabe...) estiver, menos atenção dedica àquilo que efetivamente se passa, de menos detalhes se aperceberá, mais sensações perderá.

A todos aqueles que desejem vir a ser iniciados maçons, deixo aqui, portanto, um sincero conselho: informem-se o mais que puderem sobre a maçonaria, mas não busquem informar-se sobre a Cerimónia de Iniciação. Quanto mais dela souberem, menos esta vos marcará. Quanto mais dela conhecerem, menos a VIVERÃO. A maçonaria preza e incentiva o Conhecimento. Mas uma das coisas que se aprende na Maçonaria é que o verdadeiro Conhecimento adquire-se ordenadamente, quando se está preparado para adquirir cada pedaço dele.


março 11, 2024

ADMINISTRAÇÃO E LIDERANÇA DE UMA LOJA MAÇÔNICA -


Uma Rápida História da Teoria da Administração

Nesta série de artigos, serão apresentados alguns trabalhos que, com base na teoria da Administração, visam trazer à tona uma série de questões. 

 Estas são normalmente vistas na vivência pessoal dos Irmãos. Mesmo assim, a série de artigos "Administrando Maçonaria" se propõe a mostrar como a "Academia" trata tais questões, de forma que nos possa ajudar no dia-a-dia das Lojas.

A Teoria da Administração é decorrência daquilo que ocorre nas organizações e tem se tornado cada vez mais abrangente. 

 Começou como uma teoria preocupada com poucos aspectos e vem expandindo o seu objeto de estudo com o passar dos anos. 

 Esta expansão pode ser dividida em cinco grandes fases, descritas a seguir:

1a. fase - Ênfase nas tarefas

Tendo seu início com o engenheiro americano Frederick Taylor (1856-1915), é a fase em que administrar significa planejar e racionalizar as tarefas a serem executadas pelos subordinados. 

 A preocupação básica do administrador é metodizar o trabalho do operário, fazendo uma abordagem ainda muito limitada da administração. 

 Tal limitação é explicada por dois fatores: sua abordagem microscópica (feita em nível do operário) e pelo seu apelo mecanicista (estudo de tempos e movimentos, medidas para neutralizar a fadiga, seleção científica do operário etc.).

Esta visão trata a organização como se cada membro individualmente contribuísse deterministicamente na maximização da eficiência, conforme uma grande engrenagem ou uma grande colmeia. 

Por isso, uma boa administração deve ficar muito atenta para não tratar as pessoas como somente meras abelhas operárias, pois cada ser humano tem sua individualidade e características próprias.

Apesar de seu aspecto mecanicista, Taylor é considerado o pai da Administração Científica, dando o primeiro impulso ao estabelecimento da Administração como Ciência.

2a. fase - Ênfase na estrutura organizacional

É a fase em que administrar é, sobretudo, planejar e organizar a estrutura de órgãos que compõem a instituição, adequando os cargos aos fins que se deseja alcançar. São três as abordagens nesta visão: a Teoria Clássica de Fayol, a Teoria da Burocracia de Weber e a Teoria Estruturalista.

A Teoria de Henri Fayol (1841-1925) tem como principais características:

A proporcionalidade da função administrativa - Toda empresa possui funções técnicas, comerciais, financeiras, contábeis e administrativas; sendo a última é relacionada com a integração das outras funções. 

 Contudo, a função administrativa não é privativa da cúpula. 

 Ela se reparte proporcionalmente por todos os níveis hierárquicos, pois à medida que se desce na escala hierárquica, aumenta a proporção das outras funções. 

 Neste sentido, parece natural que os mais altos cargos tenham menor compreensão dos aspectos técnicos e cotidianos da organização.

 Assim, os líderes devem ficar muito atentos a não se distanciarem exageradamente dos seus comandados.

Os elementos da administração - As funções administrativas englobam cinco elementos que, quando em conjunto, constituem o processo administrativo. Estes elementos são: previsão, organização, comando, coordenação e controle.

Princípios gerais da administração - Como toda ciência, a administração deve se basear em princípios aplicáveis a todas as situações.  

Neste trabalho, serão citados apenas dois: o princípio da divisão do trabalho que designa tarefas aos órgãos ou pessoas e o princípio da autoridade e responsabilidade, onde a autoridade é derivada da posição ocupada pela pessoa e sua responsabilidade é uma consequência natural.  

Ambas devem estar equilibradas entre si.

Na Teoria da Burocracia de Max Weber (1864-1920), o termo burocracia não tem o significado pejorativo de uso cotidiano, mas um significado técnico que identifica uma organização formal que, para funcionar de modo ideal, ter deve algumas características (dentre outras): 

 1) Formalização - todas as atividades são definidas por escrito. 

2) Divisão do trabalho - cada participante tem cargo e posição bem definidas e especificadas. 

3) Impessoalidade - o funcionário ideal desempenha com impessoalidade o seu relacionamento com outros ocupantes de cargos. 

4) Separação entre a propriedade e a administração - os recursos das organizações não são de propriedade dos burocratas.

Contudo, o comportamento das pessoas não ocorre dentro da previsibilidade de Weber. 

 Estas consequências indesejadas são chamadas disfunções da burocracia, cujas principais características são a despersonalização do atendimento dos serviços, a valorização das normas acima do trabalho, excesso de papelório e formalismo, autoritarismo (ênfase na hierarquia), conformidade e resistência a mudanças.

A Teoria Estruturalista se desenvolveu a partir das limitações do modelo burocrático

Nele, verificou-se que a inovação e a mudança trazem conflitos e que estes são importante sinal de vitalidade dentro das organizações. 

 A administração do conflito passa a ser um elemento crucial na função administrativa. 

 A teoria Estruturalista representa um período de transição na Administração.

3a. fase - Ênfase nas pessoas

É a fase em que administrar é, sobretudo, lidar com pessoas. 

É chamada de abordagem humanística e se desdobra em duas escolas descritas a seguir:

A Escola das Relações Humanas teve em Elton Mayo (1880-1949) e Kurt Lewin (1890-1947) seus principais precursores. 

 Trata-se de abordagem liberal de oposição as obras de Taylor e Fayol, pois substitui conceitos como: eficiência, estrutura e hierarquia por princípios desenvolvidos a partir da Psicologia e Sociologia Industrial como: motivação, necessidades, dinâmica de grupo etc.

Segundo esta concepção, o homem é motivado basicamente por recompensas sociais e simbólicas, pois as necessidades psicológicas são as mais importantes. 

 A partir de uma experiência de Hawtorne (1927-1932), surgem inúmeras pesquisas para comprovar cientificamente algumas conclusões dos autores humanistas.

A Teoria Comportamental salienta que a decisão é muito mais importante do que a execução que se sucede. 

 As organizações são visualizadas como um sistema de decisões.

 Logo, essa abordagem compara estilos de administração que potencializem motivações e minimizem conflitos e incongruências.

4a. fase - Ênfase na tecnologia

É a fase em que administrar é lidar com a tecnologia, a fim de extrair dela melhor eficiência. 

 Muito embora Taylor e seus seguidores tenham se preocupado bastante com a tecnologia, suas pesquisas enfocaram estritamente a tarefa individual. 

 Nesta quarta fase, a tecnologia tem o papel de determinar a estrutura e o funcionamento das organizações, trazendo à tona o conceito de sistema sócio-técnico - que integra o subsistema social ou humano com o tecnológico.

5a. fase - Ênfase no ambiente

É a fase em que administrar é, sobretudo, lidar com as demandas do ambiente. 

 Verificou-se que o estudo das variáveis internas não proporciona uma compreensão ampla. 

Torna-se necessário levar em conta as variáveis situadas fora dos limites da organização.

Neste sentido, alguns autores falam em "imperativo ambiental", afirmando que características das organizações são determinadas pelo ambiente que as cercam. 

 Além disso, deixa de existir uma única melhor maneira (the best way), pois as soluções dependem do mutável ambiente externo – Teoria da Contingência.

Fase atual

Através de suas várias fases, a Teoria da Administração acumulou os diferentes enfoques apresentados. 

 Atualmente, estuda-se as organizações do ponto de vista da interação e da interdependência entre as cinco variáveis principais - TAREFAS, PESSOAS, TECNOLOGIA, AMBIENTE e ESTRUTURA, onde o comportamento do conjunto funciona diferentemente da soma dos comportamentos de cada variável isoladamente.

Deste modo, uma administração moderna e balanceada deve levar em conta os cada um dos aspectos apresentados, seja em que nível ela ocorrer.

 Dando continuidade aos artigos da série "Administrando Maçonaria", este trabalho tem por objetivo tratar o assunto da motivação - fundamental para o bom andamento das atividades de uma Loja Maçônica.

A Motivação Humana

Para se compreender o comportamento humano, é fundamental o conhecimento da motivação humana. 

 O conceito de motivação é utilizado com inúmeros sentidos. 

 No entanto, de modo genérico, motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma. 

 Logo, todos os atos do indivíduo são guiados pela cognição, isto é, aquilo que ele pensa, acredita e prevê.

Quando se analisa o motivo pelo qual um indivíduo age de determinada forma, entra-se na questão da motivação. 

 E a grande resposta pode ser dada em termos das necessidades humanas, ou seja, o homem é impulsionado por suas necessidades.

Como as pessoas diferem muito entre si, as necessidades humanas, os valores pessoais e capacidades intelectuais que motivam e influenciam seus comportamentos variam de indivíduo para indivíduo.

 Além disso, estas três variáveis variam com o tempo e a idade.

Apesar de todas as dificuldades, o processo que dinamiza o comportamento humano é relativamente semelhante. 

 Existem três suposições que tentam explicar o comportamento humano:

O comportamento humano é causado, ou seja, existe sempre uma causa para determinada ação.

O comportamento humano é motivado, ou seja, há sempre uma finalidade em todo comportamento humano.

O comportamento humano é orientado para objetivos pessoais. 

 Subjacente a todo ato, existe sempre um "impulso", um "desejo", uma "necessidade" ou uma "tendência".

Se estas três suposições estiverem certas, o comportamento humano não é espontâneo, nem isento de finalidade: sempre haverá algum objetivo implícito ou explícito que orienta o comportamento das pessoas.

Uma forma de explicar o comportamento das pessoas é através do ciclo motivacional: EQUILÍBRIO INTERNO - ESTÍMULO ou INCENTIVO - NECESSIDADE - TENSÃO - COMPORTAMENTO ou AÇÃO - SATISFAÇÃO. 

 Com a repetição deste ciclo (reforço) e com a aprendizagem daí decorrente, os comportamentos, ou ações, tornam-se gradativamente mais eficazes. 

 Por outro lado, uma necessidade satisfeita não é motivadora de ação já que não causa tensão, desconforto ou desequilíbrio. 

 "Uma pessoa sem fome não é motivada a procurar comida."

A Hierarquia das necessidades

Nesta teoria da motivação desenvolvida por Maslow, as necessidades humanas são organizadas em uma hierarquia, formando uma espécie de pirâmide.

Necessidades fisiológicas: são vegetativas e relacionadas com a fome, cansaço, sono, desejo sexual etc. 

 Dizem respeito à sobrevivência do indivíduo, constituindo pressões fisiológicas.

Necessidades de segurança: levam o indivíduo a proteger-se de qualquer perigo real, imaginário, físico ou abstrato.

Necessidades sociais: relacionadas com a vida associativa do indivíduo com outras pessoas - amor, afeição, amizade.

Necessidades de estima: relacionadas com a autoavaliação e autoestima dos indivíduos que conduz aos sentimentos de autoconfiança, reputação, reconhecimento, amor próprio, status, força, poder etc.

Necessidades de autorrealização: relacionadas com o desejo que cada indivíduo tem de realizar seu potencial - a realização plena dos talentos individuais.

Os Dois Fatores

Outra teoria, chamada de "dos dois fatores", explica o comportamento no trabalho dos indivíduos. 

Para ela, existem dois fatores:

Higiênicos: Se localizam no ambiente que rodeia o indivíduo e se referem as condições de trabalho. Estes fatores não estão sob controle da pessoa, sendo administradas pela organização. 

 Estes fatores, quando ótimos, apenas evitam a insatisfação. Por essa razão, são chamados de preventivos ou profiláticos.

Motivacionais: São relacionados com o conteúdo do cargo ou com a natureza das tarefas que o indivíduo executa. Tais fatores estão sob controle do indivíduo e englobam sentimentos de autorrealização e crescimento individual.

Em resumo, pode-se dizer que a satisfação é função do conteúdo ou das atividades desafiadoras, ou seja, dos fatores motivacionais. 

 Por outro lado, a insatisfação é função do contexto geral (ambiente, colegas), ou seja, dos fatores higiênicos.

 As duas teorias da motivação apresentam aspectos de concordância. 

 Os fatores higiênicos se referem às necessidades primárias (fisiológicas, segurança e sociais) enquanto que os fatores motivacionais se referem às chamadas necessidades secundárias (estima e autorrealização).

Fundamental para o bom desempenho de qualquer organização, a motivação requer um tratamento das necessidades de seus participantes assim como o oferecimento dos fatores vistos acima.

 Desta forma, pode-se obter um bom clima organizacional.

Dando continuidade aos artigos da série Administrando Maçonaria, este trabalho tem por objetivo tratar o assunto da liderança em uma organização.

Liderança

Para uma organização produzir seus resultados, o administrador deve desempenhar diversas funções. 

 Entre tais funções, destaca-se a Liderança e o uso adequado de incentivos para obter a motivação. 

 Estas duas funções requerem uma compreensão básica das necessidades humanas e dos meios pelos quais são satisfeitas.

Em suma, o administrador deve ser, antes de tudo, um líder que conhece a motivação humana.

Liderança não significa a mesma coisa que direção. 

 Um bom dirigente deve ser um bom líder, mas nem sempre um bom líder é um bom dirigente. 

 Eles não estão somente no nível institucional, mas em todos os níveis da organização e nos grupos informais de trabalho. 

 Neste sentido, "Liderança é a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida através do processo de comunicação humana à consecução de objetivos específicos". 

 Tal definição tem duas dimensões: 

 A primeira é a capacidade de motivar as pessoas a fazer aquilo que precisa ser feito. 

 A segunda é a tendência dos seguidores a fazer aquilo que eles percebem como instrumentais para satisfazer suas necessidades e objetivos pessoais. 

 Concluindo, o líder deve ser capaz e os seguidores devem ter vontade.

A liderança pode ser estudada em termos de estilo de comportamento do líder em relação aos seus subordinados. 

Em geral, caracteriza-se um estilo de liderança dentre três tipos:

 Autocrática - São fixadas as diretrizes, determinando as providências e técnicas para a execução das tarefas a medida da necessidade. Ele também determina a tarefa que cada indivíduo deve executar, juntando-os em grupos de trabalho. 

 Assim, o líder é dominador e "pessoal" nos elogios e críticas ao serviço de cada membro.

Democrática - As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo com assistência e estímulo do líder. O grupo esboça as providências e as técnicas para atingir o alvo, solicitando aconselhamento técnico através de diversas alternativas; o que traz intenso debate. 

 A divisão de tarefas fica à critério do próprio grupo e todos têm a liberdade de escolher seus companheiros de trabalho. 

 O líder procura ser um membro "normal" do grupo, sendo objetivo e limitando-se aos fatos em suas críticas e elogios.

Liberal - Há liberdade completa para as decisões grupais, com participação mínima do líder. 

 Nos debates, ele apresenta apenas dados informativos, esclarecendo o que pode ser útil ao grupo. 

 Tanto a divisão de tarefas quanto a formação de grupos é feita sem sua presença, ficando a cargo do grupo. 

 Além disso, o líder não tenta avaliar ou regular o curso dos acontecimentos, comentando as atividades quando perguntado.

Em 1939, R. Lipitt e R. White fizeram um estudo para verificar o impacto causado pelos três estilos de liderança em meninos de dez anos. 

 Os rapazes foram divididos em grupos e submetidos à liderança com os três estilos. 

 Resumidamente, o resultado foi:

Na liderança autocrática, o comportamento do grupo mostrou forte tensão, frustação e sobretudo agressividade de um lado; do outro nenhuma espontaneidade, nem iniciativa ou formação de grupos de amizade. 

 As atividades só eram cumpridas com a presença física do líder. 

 Quando este não estava presente, os grupos expandiam sentimentos reprimidos como indisciplina e agressividade.

Na liderança liberal, a atividade do grupo era intensa, mas a produção medíocre. As tarefas se desenvolviam ao acaso e com muitas oscilações, perdendo-se muito tempo com discussões de motivos pessoais não relacionadas com o trabalho em si. 

 Foi notado individualismo agressivo e pouco respeito com o líder.

Na liderança democrática, houve formação de grupos de amizade e relacionamentos cordiais. O líder e os subordinados passaram a desenvolver comunicações espontâneas e o trabalho mostrou um ritmo suave e seguro, sem alterações, mesmo quando o líder se ausentava. 

 Houve um nítido sentimento de responsabilidade, impressionante integração grupal.

A partir desta experiência, passou-se a defender intensamente o papel da forma democrática - compatível com o espírito americano da época. 

 Nasceu a liderança comunicativa, que encoraja a participação do empregado e que se preocupa também com os problemas das pessoas.

No entanto, o líder utiliza os três estilos de liderança na vida prática, dependendo da situação, das pessoas e tarefas. 

 Neste aspecto, existe outra maneira de estudar liderança. 

 Esta é uma abordagem situacional que sugere uma gama bastante ampla de padrões de comportamento, dentro do chamado continuum de padrões de liderança - sem extremos e sem pontos absolutos. 

Em suma, o líder esta constantemente sintonizando suas ações e seus métodos de trabalho.


Fonte: GRUPO MAÇÔNICO ORVALHO DO HERMON . Fundado em 31 de maio de 2006 - Rio de Janeiro – RJ – Brasil


A MAÇONARIA É UM PARTIDO POLITICO? - Erwin Seignemartin


A Maçonaria não é um partido político, nem tem partido. 

Como princípio, a maçonaria apoia o amor à Pátria, o respeito às leis e à Ordem, pugnando pelo aperfeiçoamento das condições humanas. 

Os maçons são aconselhados a serem cidadãos exemplares e a se afastarem de movimentos cuja tendência seja a de subverter a paz e a ordem da sociedade: São também incentivados a serem cumpridores das ordens e das leis do país em que estejam a viver, sem nunca perder o dever de amar o seu próprio país. 

A maçonaria promove o conceito de que não pode existir direito sem a correspondente prestação de deveres, nem privilégios sem retribuição, assim como privilégios sem responsabilidade. 

Os maçons, como tal, não se envolvem em atividades de natureza politica.

(FONTE: Maçonaria - Sua História, Objetivos e Princípios, de  Erwin Seignemartin)

SEMANA DE HOMENAGEM - PELA ESCADA DE JACÓ - Adilson Zotovici


Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O homenageado desta semana é o irmão Adilson Zotovici, da ARLS Chequer Nachif n. 169 de S. Bernardo do Campo SP.


Nessa escada de virtudes

De “_fé , esperança e caridade_”

Que de galgares te iludes

Não galgarás em verdade !


Mas tens porém, liberdade

De praticares seus preceitos

Por ti e  pela humanidade,

Entre livres pedreiros aceitos


Sem ódios, sem preconceitos,

Augustos atos de _“ Fé “_ e amor  

Com fatos justos, perfeitos,

Levar-te-ão ao Senhor !


Que com coragem e penhor  

Com _“Esperança”_ na travessia

Vencerás na viagem o temor

Que possas ter nalgum dia !


E mesmo que a bolsa vazia

Que da _“Caridade”_ privado

No teu peito acharás serventia

Coração de bondade abastado !


Assim, terás caminhado

Escalada na terra, sem labéus,

Qual escada então galgado,

Chegado ao Betel...nos Céus !



março 10, 2024

MULHER - Adilson Zotovici



Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O homenageado desta semana é o irmão Adilson Zotovici, da ARLS Chequer Nachif n. 169 de S. Bernardo do Campo SP.



Tenta-se em verso e prosa

Com doçura, atribuir-se valor 

À criatura mais formosa,

A Obra prima do Criador 


Quase uma instituição 

Por singular desenvoltura

Muito além de gerar sua missão 

Sabedoria sem par e candura 


Das joias, a mais preciosa 

Do jardim, a mais bela flor,

Tal música harmoniosa,

Do universo...puro amor !


Tem a força, beleza e perfeição

Qual vivaz obra de arquitetura 

“Mulher ”, sem contestação...

Primaz...inefável criatura !




MAÇONARIA E A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA - Vanderlei Coelho


 

março 09, 2024

IKIGAI MAÇÔNICO - Sérgio QUIRINO Guimarães



Saudações, estimado Irmão!

Como ocidentais, o conhecimento Ikigai é pouco difundido entre nós. Trata-se de uma metodologia desenvolvida pelos japoneses que visa à satisfação individual e coletiva.

IKIGAI MAÇÔNICO.

O termo representa o motivo que cada um tem para começar um novo dia, sua motivação de viver ou "Razão pela qual se levantar da cama todos os dias".

O Ikigai é o resultado das respostas a quatro perguntas:

O que amo fazer?

O que posso fazer bem?

O que posso ser pago para fazer?

Do que o mundo precisa?

Contudo, o que isso tem a ver com Maçonaria?

Este ano, em todo o Brasil, ocorrerão as eleições nas Lojas de várias Potências Maçônicas. É sempre salutar que os Irmãos se disponham a ocupar cargos nas novas direções. A fim de que haja "satisfação individual e coletiva", adaptarei o Ikigai aos nossos labores.

RAZÃO PELA QUAL VOU À LOJA TODOS OS DIAS DE REUNIÃO.

Qual cargo amo desempenhar?

Tenho paixão pela ritualística? (MC) Gosto de organização? (Secr.) Amo música? (Harm.) Sou metódico? (Tes.) Aprecio ficar quieto/concentrado? (GT). ENTÃO, NO DIA DA REUNIÃO, LEVANTO-ME E PROCURO SUBSIDIOS PARA O BOM DESEMPENHO.

Qual cargo posso fazer bem?

È importante saber quais são nossos outros pontos fortes, visto que, na Maçonaria, o coletivo deve estar à frente do individual. Eu gosto disto, porém precisam de mim nisto. ENTÃO, NO DIA DA REUNIÃO, LEVANTO-ME E CONSCIENTIZO-ME DE QUE, AONDE FOR, TEREI UM BOM DESEMPENHO.

Qual cargo me trará ganhos ao fazê-lo?

Para a terceira reflexão, é necessária uma visão realista. Afinal, vamos ao trabalho, porém há necessidade de agregarmos algo a nós mesmos. ENTÃO, NO DIA DA REUNIÃO, LEVANTO- ME E SINTO A FELICIDADE DE IR AO ENCONTRO DOS IRMÃOS.

Do que a Ordem precisa?

Por mais abstratas que nossas missões possam parecer, elas são reais, baseadas em nosso comprometimento. Tornar Feliz a Humanidade? Sim! Nossa família é a humanidade mais próxima de nós, ENTÃO, NO DIA DA REUNIÃO, LEVANTO-ME E ENTENDO QUE UMA PARTE DA HUMANIDADE ESTÁ AO ALCANCE DE MINHAS MÃOS.

A FILOSOFIA IKIGAI CULTIVA A META DE UMA VIDA PLENA E AGRADÁVEL. O IKIGAI MAÇONICO TRADUZ-SE NA COMPREENSÃO DA PALAVRA "OBREIRO".

Decerto, essa filosofia não deve ser aplicada apenas nos dias de reunião. E sempre salutar a procura da "Razão pela qual se levantar da cama todos os dias". Que a resposta seja uma obra em prol da sociedade


O SONHADO E O POSSÍVEL - Sebastião Telles Filho





O sonhado e o possível sob a perspectiva de uma Loja Maçônica

Com a simples entrega duma proposta de admissão nos Augustos Mistérios a um candidato, temos o inicio daquilo que podemos chamar de ‘vínculo tácito’, sim, tácito, porque esta vinculação não compromete o futuro adepto materialmente a loja que fora representada pelo Mestre observador externo (expressão autoral), uma QUALIDADE importantíssima para a manutenção dostatus quo da Instituição.

A possibilidade de se sentir pertencido a um grupo, associação, clube, religião, sempre despertou no ser humano interesses com as mais diversas variáveis: bem comum, status, poder, prestigio, etc, e ouso a afirmar que isto faz parte do processo civilizatório.

De toda sorte, a forma de ingresso têm suas particularidades, mas não há a olhos vistos, alguma instituição que trabalhe a entrada do iniciando com tanta preocupação em desenvolver nos sentidos humanos características essenciais ao seu desenvolvimento, o Divino e a Ciência.

Como a síntese se faz necessário no “Quarto de hora do Tempo de Estudos”, não aprofundaremos na iniciação em si, mas na consequência desta, e é aí, que nos deparamos com o sonhado e o possível.

Ensina o Prof. Bauman que, há mais de dois milênios, os sábios da Grécia desenvolveram a noção de PAIDEI, ou seja, uma ideia de transformação por toda a vida. No mesmo sentido, o historiador Luis Antônio Simas, um estudioso da filosofia africana, nos apresenta a importância da oralidade e a sua força quando emanada a partir dum Griot, cuja representação da honra, conhecimento e experiência são matérias primazes para a comunidade a que pertença.

Nestas duas referências em análise de comparação, nos esclarece que o desejo de pertencimento do individuo a uma Loja está vinculado à transformação pessoal. Ora, se nos deparamos com um arcabouço de símbolos, obras cientificas, e até mesmo MAÇONS, cujo seus atos, positivos ou negativos, nos são referências de fazer e não fazer, a Loja na representação do seu quadro de obreiros tem dois tensionamentos que titulam este artigo, o sonhado e o possível, em contra ponto, como já revelado, a paixão pela sociabilidade e, paixão pela individualidade. Este tipo de dualidade de intenções e dialética impacta objetivamente a Loja. (façamos um regresso de memoria…)

Levando em consideração as grandes diferenças individuais que são importantes para a maçonaria, e estas dão sentido ao NIVELAMENTO proposto, a Loja espera que a dedicação e os compromissos assumidos em posição genuflexa diante do Sagrado, tragam para ela o tão sonhado Maçom ideal…

A psicologia nos ensina que a construção do IDEAL DE EGO, é iniciada em casa, na escola, nos espaços de lazer, ou seja, o homem adquire e projeta modelos de convivência social fundada nestas experiências.

Sonhamos com obreiros úteis e dedicados, no entanto, não é o caminho que faz o caminhante, e sim o contrario. Ouvimos inúmeras vezes que uma de nossas Obras importantes é o auto desbastar, e este dar-se-á cada qual ao seu TEMPO. Porém, a Loja é a GRANDE OBRA FÍSICA que, diante de tantos trabalhos individuais, alguns complexos, outros menos, precisa do MAÇOM POSSÍVEL.

Um ótimo exemplo sobre o sonhado e o possível vem do Rev. Marthin Luther King, e do nosso herói da Pátria Luís Gonzaga Pinto da Gama. MLK toma conhecimento dos casos de racismo em Montgomery/Alabama, em especial, a uma senhora, Rosa Parks, que sofre a violência no interior de um coletivo por APENAS sentar em local EXCLUSIVO para brancos. Saldo: desencadeia-se um boicote a empresa de ônibus em virtude do fato. O Rev. King lidera o feito com enorme adesão forçando a prestadora de serviço rever sua politica de segregação.

Luís Gama (1830 – 1882) nos reforça a ideia de sonhado e possível, rábula com uma percepção apurada para a publicação das legislações garantistas do século XIX, como por exemplo, a Lei 07 de Novembro de 1831 (escravos que entrarem no território ou portos, ficam livres), entre o sonhado e o possível, este advogado percebeu que a constituição do império 1824 e a lei infraconstitucional (apelidada para inglês ver) abriam possibilidades para garantir liberdade de mais de 500 negros que entraram por estas terras pós o advento da normativa que, até então, não havia noticias de sua eficácia. Luís Gama, muito influenciado pelos ideais maçônicos à sua época, e, sobretudo, membro fundador da Loja América junto a Rui Barbosa, levou a júri as demandas dos invisíveis argumentando que entre o sonhado e o possível, há um abismo, mas nada nos impede de se construir pontes…

Irmãos, quando vos apresento dois personagens com características tão díspares e similares, torno a lembrar que ambos são construtores sociais que pautaram seus objetivos na busca do sonhado e do possível, ambos tiveram dificuldades, hesitações, e quem não as tem? Mas optaram por construir pontes.

A preparação do caminho inicia-se bem antes do futuro postulado. Aquele quem um dia receberá a proposta, se dê conta que haverá o momento de se bater a porta do Templo, o sonhado torna-se possível pelas mãos do Observador Externo, a quem chamamos de padrinho. É neste momento que nos diferenciamos dos demais, ainda que eles, os profanos, sejam bons cidadãos, profissionais, altruístas, em alguns casos sacrificam-se pela humanidade, ainda assim, é em nossa oficina que exercitamos o autocontrole, o autoconhecimento, e a conexão com Aquele que tudo vê!

Sonhar é intangível, porém, o possível é construível.

E é neste sentido que se segue a Grande Obra, despertando mentes e corações pois, os verdadeiros obreiros da Arte Real, aqueles que ajudam o VENERÁVEL MESTRE a abrir a Loja, têm por OBRIGAÇÃO ser exigentes consigo mesmos, e tolerantes para com os outros.

Entretanto, se faz mister o exercício inexorável do SER-VIR e não VIR-a-SER, pois o primeiro não esmorece com a rudeza do caminho.

SEMANA DE HOMENAGEM - TIRA-TEIMA - Roberto Ribeiro Reis

Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O primeiro homenageado é o irmão Roberto Ribeiro Reis, da ARLS Esperança e União n. 2358 de Rio Casca, MG

Eis uma enorme confusão,

Qual grande problemática;

É a ideia assaz lunática

De que a Ordem é religião.


Conquanto seja adogmática,

A Maçonaria sofre preconceito;

O profano sempre tem o jeito

De tentar torná-la antipática.


Mentalidade pobre e estática

Faz parte do homem inferior;

A Oficina do trabalho interior

Carrega em si outra temática.


Pra tudo há uma solucionática

A Ordem é chama forte e viva;

Sua natureza é especulativa

Espelha vida, da melhor prática.


Retórica, Lógica e Gramática,

Aritmética, Música e Astronomia;

A líder delas quiçá a Geometria,

Arte Real bela e emblemática!


Irmãos, de maneira diplomática,

Rechaçam ser ela crença ou seita

Essa Operativa Justa e Perfeita

Conduz a vida de forma fleumática.

março 08, 2024

O PRIMEIRO GOVERNO REPUBLICANO ERA TODO MAÇOM - Lucas Galdeano

 



“Não existe qualquer exagero quando afirmamos que o Primeiro Presidente da República e todos os seus Ministros pertenciam à Ordem.

Como fato, implantada a República, o Marechal Deodoro da Fonseca (Grão-Mestre do GOB de 24/mar/1890 a 09/fev/1892), assumiria o Poder como Chefe do Governo Provisório, com um Ministério totalmente constituído por Maçons: 

Quintino Bocayuva (Grão-Mestre do GOB de 24/jun/1901 a 23/mai/1904), na Pasta das Relações Exteriores; Aristides Lobo, na do Interior; Benjamin Constant, na da Guerra; Rui Barbosa, na da Fazenda; Campos Salles (futuro Presidente da República), na da Justiça; Eduardo Wandenkolk, na da Marinha; e Demétrio Ribeiro, na da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. 

Esses homens foram escolhidos pelo fato de representarem – com exceção de Rui Barbosa, que era chamado de “republicano do dia 16 de novembro” – a nata dos “republicanos históricos”, que, por feliz coincidência, pertencia ao Grande Oriente do Brasil.

A 19 de dezembro de 1889, pouco mais de um mês após a implantação da República, que se deu a 15 de novembro do mesmo ano, o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, sendo Presidente do Governo Provisório, era eleito Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.”



OBRA CELESTIAL - Adilson Zotovici

Imagem criada por Jorge Gonçalves - Marie Curie recebeu 2 prêmios Nobel


Andarás deveras à exaustão 

No mar, ar, no vale, na serra

Aos quatro cantos da terra

Por encantos, buscando razão 


Buscarás com isso em verdade

Plausível explicação 

Quiçá possível motivação

De tal superioridade 


Perscrutarás com instância

Com doçura e acuidade

Seu ser, alvura, divindade,

Entre nós, tal relevância 


Indagarás resposta factual

De toda sua importância

Sua natural elegância

Ao homem presença vital 


Saberás quando a luz se fizer

E verás claramente afinal

Tratar-se de obra Celestial

Ou Simplesmente..."MULHER" !