março 21, 2024

A COR AZUL NO AVENTAL DE MESTRE- Peri Silveira

Seguidamente têm ocorrido questionamentos sobre quando e como apareceu pela vez primeira, no Brasil, a cor azul, com primazia, no avental do Mestre Maçom no Rito Escocês Antigo e Aceito.

Sabe-se que, em âmbito nacional, são encontrados aventais, dependendo da Obediência, com a preferência da cor vermelha, caso dos Grandes Orientes Estaduais, e, de outra forma, na cor azul, embora diferenciados entre si, caso das Grandes Lojas e do Grande Oriente do Brasil. 

A quase totalidade dos autores maçônicos pátrios afirmam, de forma peremptória, que, no Brasil, o avental de Mestre Maçom do R.E.A.A. tomou a cor azul em l927, quando por ocasião da cisão no Grande Oriente do Brasil e consequente criação das Grandes Lojas Estaduais Brasileiras. Para alguns desses autores, entre eles o Ir. José Castellani, “tudo” teria AZULADO por obra e graça do Ir. Mário Behring, o qual assim teria feito visando obter o beneplácito da Grande Loja Unida da Inglaterra para as novéis obediências (Grandes Lojas) em detrimento do Grande Oriente do Brasil. Teria assim o Ir. Mário Behring “Yorquizado” o Rito Escocês. Segundo esses autores, o Ir. Behring teria AZULADO tudo ao “fazer” o “novo” Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito para as Grandes Lojas, cujas primeiras impressões aconteceram em l928.

Causa espécie que estes ilustres e estudiosos autores, aparentemente, não tenham lido até agora (seria concebível tal fato?) os Rituais de Mestre Maçom das Grandes Lojas, os editados em 1928, e que teriam sido de autoria do Ir. Mário Behring, posto que nesses rituais consta expressamente que “qualquer que seja a cor da orla, entre esta e as franjas, correrá um estreito cordão vermelho”, afirmando, em continuidade, que o vermelho é a cor do rito. Ora, então é bem constatável que o Ir. Behring ainda havia deixado muita coisa de vermelho, sem ter, portanto, “azulado” totalmente.   Diga-se de passagem, que o ilustre pesquisador, Venerável Irmão Kurt Prober, além de responsabilizar pessoalmente o Ir. Behring pela Cisão de 1927, não o perdoa por ter introduzido o “tal ESTREITO CORDÃO VERMELHO” (A Bigorna nº 136, setembro/1992) no já referido avental. Registre-se que nos dias atuais somente a Grande Loja Maçônica do Estado do Rui Grande do Sul mantém o Avental de Mestre Maçom azul com o “estreito Cordão Vermelho.

Como se verifica, o saudoso Ir. Mário Behring sofre, de um lado, a acusação de, em 1927/28, ter azulado o Rito Escocês e, de outro, haver avermelhado o mesmo.

Todavia, voltemos ao cerne da questão, ou seja, de quando e como a cor azul apareceu, predominantemente, no avental do Mestre Maçom no Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil.

A resposta, à primeira vista, em se valendo das afirmativas acusatórias ao Ir. Behring, teria ocorrido em 1927, excluindo-se dessa colocação o Ir. Prober. Este venerável e venerando Irmão expende entendimento de que, como no Ritual utilizado pelo GOB em 1834 não havia a descrição da cor da orla, é PRESUMÍVEL que a cor era azul (A Bigorna Nº 137, novembro/1992), afirmando, ainda, este ilustre pesquisador que em 1834 no Ritual do GOB era “TUDO AZUL” e a partir do fim de 1834 no Gr. Or. do PASSEIO passou a ser “TUDO VERMELHO” (sic). Reforça o Ir. Prober que o primeiro Ritual Escocês do GOB somente foi impresso em 1857, sendo cópia fiel daquele de 1834, não especificando, por isso (pág. 80), a cor do orlado do avental, continuando, segundo ele, tudo azul. Em razão disso, pensamos, a crítica acerba ao Ir. Behring, eis que este, em 1927/28, teria feito a inclusão do “estreito cordão vermelho”, além de, como já visto, haver ensejado a Cisão no GOB.

Entretanto, retornando um pouco no tempo, fixemo-nos no ano de 1889. Nesse ano – 5.889 (V.L.) – foi editado o Guia dos Trabalhos Symbolicos do Rito Escossez Antigo e Acceito para Uso das OOff. D’Este Rito da Jurisdição do Gr. Or. E Supr. Cons. Do Brasil ao Valle do Lavradio (redação da época), constando neste a azulação impingida ao Ir. Behring, senão vejamos.

Tal Ritual, ao tratar do Terceiro Grau, previa na página 129, em se referindo às insígnias, que o avental do Mestre Maçom é branco, forrado e ORLADO DE AZUL, tendo uma roseta da mesma cor no centro e abeta descida. Constata-se, ainda, através do próprio ritual, que era Soberano Grão-Mestre e Grande Comendador da Ordem Maçônica no Império do “Brazil” o Senador Visconde Vieira da Silva e não o Ir. Mário Behring, cuja ascensão ao posto maçônico referido somente aconteceria algumas décadas após.

Cumpre observar, outrossim, que a impressão do Guia Escocês pelo GOB em 1889, se deu tão somente após 14 anos após o já muito falado Congresso de Lausanne, Suíça, ocorrido em 1875, dos Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e Aceito, o qual teria apregoado a uniformização, na cor vermelha, do avental do Mestre Maçom. Desde já algumas questões se apresentam decorrentes de tal observação: se houve uma tentativa de uniformização, quer isto dizer que havia disparidades nas cores do referido avental (e não no Brasil, pois ao que se sabe, em 1875, aqui o avental era vermelho); e mais, por que o GOB/Supremo Conselho do Brasil, em tão pequeno lapso de tempo (14 anos após), efetuou a troca do vermelho para o azul; teria ou não esta Obediência participado do referido Congresso? Segundo José Castellani, in “O Rito Escocês Antigo e Aceito”, pág. 80, 1ª Ed., 1988, Ed. A Trolha, não houve participação no referido Congresso pelo Supremo Conselho do Brasil. De outra banda, conforme se verifica na leitura da revista ASTREA Nº 21, Ano VII, 1996, pág.10, teria ocorrido tal participação. Vê-se, pois, que, sem dúvida, alguma dessas duas fontes está  equivocada.

Muito embora tais indagações, as quais devem, no futuro, oportunizar as respectivas respostas (atualmente se tem informação pelos registros daquele Congresso que Castellani tinha razão eis que o Supremo Conselho do REAA do Brasil não se fez presente), cremos que podemos afirmar que, pelo menos de forma e fonte segura, a cor azul apareceu pela vez primeira no avental de Mestre Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito, no Brasil, em 1889, não sendo, portanto, de autoria do sempre lembrado Ir. Mário Behring.

Cabe, por final, observar, ainda, que praticamente em todas as leituras que fizemos sobre rituais brasileiros, os autores (e abalizados autores) praticamente olvidam esse Ritual do GOB de 1889, fazendo, quando o fazem, rápidas considerações sobre o mesmo, deixando, por vezes a impressão, e queremos que seja falsa a nossa impressão, de que o assim o fazem porque o mesmo é a prova cabal da AZULAÇÃO já anteriormente 


Nota: Este artigo foi escrito em 1998, revisado para publicação em maio de 2000 na revista “ACÁCIA” n° 59, jul/ago/2000, de Porto Alegre - RS.

Nova revisão em julho de 2015, para alguns ajustes redacionais.

DIA MUNDIAL DA POESIA - Adilson Zotovici



Há 25 anos, na data de 21de Março, comemora-se o

DIA MUNDIAL DA POESIA


Parabéns aos irmãos poetas pela contribuição cultural com seus poemas e aos leitores e apreciadores que interagem.


SONETO À POESIA

Fala  do cravo,  da rosa 

Da  tristeza, da alegria,

Seja  em  verso  ou  prosa,

D’alma, é  fotografia !


Tal qual pedra preciosa 

A todo ser inebria

Brinda a mulher que  formosa

Sentimento que  alumia !


Bem clara ou nebulosa

Da sutil à escandalosa,

Recitada ou melodia...


Tem aquela religiosa,

A engraçada, amorosa,

Mas sempre ela...*poesia* !




MAÇONARIA E REDES SOCIAIS - UMA REFLEXÃO - Antonio Carlos Bloes




Recente publicação dá conta de pesquisa feita na Universidade de Pittsburgh [1], com quase dois mil adultos redes americanos, de idade entre 19 e 32 anos, revelando que, quanto mais tempo as pessoas passam navegando por plataformas como Twitter, Facebook, Instagram, Linkedin, WhatsApp e outras, maiores são as chances de elas experimentarem uma sensação de isolamento social.

Este é um fenómeno observado, desde a década de 1990, quando estudos começaram a constatar o chamado “paradoxo da internet”, ou seja, a contradição entre a extrema facilidade de se manter contacto virtual com tanta gente, por intermédio das redes, e a “ausência real de contacto humano”. Ou seja: mais tempo “online”, menos tempo no mundo real.

É compreensível, mesmo ao leigo, esta relação direta entre o aumento do uso da Internet e o isolamento. Algumas pesquisas constataram que essa prática, também, aumenta a sensação de angústia, ansiedade, inveja, frustração e stress, o que torna a coisa toda um problema de saúde; contudo, as conclusões desses estudos, também, apontam para o facto de que os malefícios advindos do uso das redes dependem da forma como os usuários se envolvem com essas plataformas. O que se poderia afirmar, com alguma segurança, é que, se alguém utiliza as redes, para estimular e aumentar contatos reais com outras pessoas, isto será sempre saudável, do ponto de vista individual e social.

De todo modo, esta não é uma questão simples. Ao contrário, é complexa demais, para ser tratada neste artigo, mesmo porque o mérito desta questão não é o objetivo ora proposto. Também não se cogita, aqui, do uso da comunicação social nas relações institucionais, pois, neste ponto, a ordem e a sua estrutura organizacional utilizam-se das ferramentas e tecnologias, como qualquer outro empreendimento, público ou privado.

O que realmente interessa, neste artigo, é fazer algumas reflexões sobre o uso das redes sociais, pelos Maçons, enquanto Irmãos, e as suas relações com a vida maçónica e, destacadamente, confrontar com as tradições da Fraternidade e da existência necessária da Loja Maçónica, como centro de união e lugar de “encontro real”, entre os seus obreiros.

Neste sentido, deve-se reconhecer, desde logo, o aspecto positivo que as redes sociais proporcionam à Fraternidade Maçónica, dada a rápida interação dos Irmãos entre si e com as atividades da sua Loja e fora dela. Isto vale, especialmente, nas grandes cidades, onde a mobilidade urbana é factor que sempre dificulta encontros presenciais, os quais, por isso mesmo – e quase sempre -, acabam por se restringir às Sessões Maçónicas, ordinárias ou não, e eventos importantes organizados pela Loja no plano maçónico, familiar ou social.

Em algumas plataformas, como é o caso do WhatsApp, esta facilidade de interação, para além do contacto individual, apresenta, pelo menos, duas outras vertentes, bastante comuns entre os membros de uma mesma Loja: a) um grupo específico, para tratar exclusivamente de assuntos afetos à Administração da Loja e do seu quadro de obreiros; e b) um ou mais grupos, onde os Irmãos postam livremente aquilo que lhes parece oportuno, dentro do espírito para o qual esse determinado grupo foi criado. Nestes últimos, a boa camaradagem e mesmo o bom humor são fatores importantes para agregar e manter presente o espírito daquela Fraternidade em particular.

Óbvio que as observações feitas acima não esgotam as possibilidades de uso de tais redes pelos Irmãos de uma Loja, pois, não raro, expande-se e pode interessar a outros tantos membros de outras tantas Lojas, independentemente das suas respectivas Potências, seja elas nacionais ou não. Neste amplo espectro, não seria de todo equivocado reconhecer que as redes sociais, assim utilizadas por Maçons, poderiam reafirmar, na prática, aquele princípio de “universalidade da Instituição Maçónica”, bem como o sentimento de “pertença a uma grande família”, cujos membros, em comum, cultivam os mesmos Rituais, valores e tradições. Está claro, também, que as redes sociais propiciam novos espaços e possibilidades na comunidade maçónica. Além disso, podem, ainda, ser utilizadas para incrementar novas metodologias na produção de atividades culturais e na elaboração de trabalhos doutrinários ou filosóficos, tudo dependendo, apenas, da criatividade dos Irmãos que busquem empregá-las de forma inteligente.

Neste sentido, a Loja “Harmonia e Trabalho” nº 222 iniciou interessante experiência, no campo da produção maçónico-cultural, criando grupos de WhatsApp e de e-mail, para propor e desenvolver pesquisas sobre temas específicos (história da Maçonaria, filosofia, simbologia, doutrina, ritualismo, práxis maçónica, ou mesmo de comentários de lições dos diversos Graus). Cada grupo conta com o seu respectivo coordenador, mas o planeamento da pesquisa e a divisão de tarefas são previamente definidos, de forma que cada um contribua com a parte da pesquisa que lhe cabe e apresente as suas conclusões para debate com os seus pares. A facilidade está em que a apresentação e desenvolvimento dos temas são apresentados, pela comunicação social, aos demais participantes do grupo, para análise, comentários e discussão, até a formatação do texto final. Com isto, as ideias são ordenadamente desenvolvidas, debatidas e compartilhadas por todos, coisa que seria bem mais difícil, caso se tivesse de marcar reuniões presenciais com os integrantes, para apresentação de resultados e o necessário debate antes da conclusão do trabalho.

Enfim, mediante estas metodologias, as redes podem ser mais um importante elemento de integração entre os Irmãos, em torno da valorização da cultura maçónica, preparando ambiente pedagógico para aqueles que vierem a compor, futuramente, os quadros da Loja. Desnecessário dizer que isso orientará melhor as ações do mundo profano, com base no conhecimento mais aprofundado dos princípios da nossa sublime Instituição.

Certamente, esta ideia não é original e deve estar a ser explorada algures. Entretanto, o que importa encarecer é o facto de que estas novas metodologias e ferramentas virtuais se constituem, também, em mais um estímulo para aprofundar os conhecimentos da Fraternidade, a par dos tantos outros métodos tradicionais e ritualísticos que fazem parte da própria essência evolutiva do ensino maçónico.

Para encerrar estas reflexões, cumpre retornar às considerações iniciais acerca da relação, observada por especialistas, entre o uso das redes sociais e o isolamento social. De facto, as redes aproximam as pessoas, mas, como isso ocorre de forma virtual, acaba comprometendo o envolvimento real e afectivo, se mantido apenas naquele nível superficial.

As redes vieram para ficar e são úteis e práticas para manter contatos com velhos e novos amigos, com colegas de trabalho ou com pessoas que sequer conhecemos pessoalmente, tornando tudo e todos mais próximos de nós, como jamais estiveram.

“Porém estamos ajudando menos àqueles que são próximos de nós, não sabemos nomes de vizinhos e pessoas com as quais convivemos, a nossa rede de relação (física) cai, vertiginosamente, quando ainda temos 20 anos (idade considerada como o auge da juventude). Em resumo, estamos a distanciar-nos daqueles que estão pertos, para nos aproximarmos daqueles que estão longe.” [2]

Neste contexto, impossível não cogitar e reafirmar a existência necessária da Loja Maçónica, enquanto “tempo e lugar” de encontro entre Irmãos para aprofundarem, entre si, o conhecimento recíproco, como seres humanos Iniciados na Arte Real. Definitivamente, não se concebe Maçonaria tradicional sem o “tempo espaço” da Loja, onde os Maçons se congregam e trabalham ritualisticamente. Por isso, as Obediências, reconhecidas internacionalmente como regulares, advertem que, embora haja sites nesse sentido (fake Masonary) [3], ninguém poderá ingressar e participar da Maçonaria pela via da internet, pois todo o processo é pessoal e exige a presença, tanto na Iniciação, quanto nas reuniões da Loja. [4]

A essência da Maçonaria é aproximar os “seres humanos”, condição para construir uma fraternidade. Por isso, os primeiros artigos das Constituições dos Franco Maçons, de 1723, prescreveram a tolerância, como virtude elementar e necessária entre pessoas que professam religiões, filosofias e ideias políticas diversas. A Loja tem sido, desde então, o lugar onde os Maçons se encontram e superam as suas diversidades pessoais, porque se reconhecem, simplesmente, como seres humanos. Este é o motivo pelo qual a Maçonaria se deve tornar o centro de união e meio de conciliar, por uma amizade sincera, pessoas que teriam, perpetuamente, permanecido separadas. [5] Esta noção de encontro, que a Loja proporciona aos seus obreiros, é absolutamente fundamental para a existência da Maçonaria. É preciso estar presente, física e espiritualmente, nas reuniões maçónicas, porque é o encontro com outro ser humano que propicia a possibilidade de uma aprendizagem sobre nós mesmos. Nesse sentido, a melhor e mais profunda justificação, que jamais ouvi sobre a verdadeira essência da Maçonaria, talvez esteja nas palavras de Leo Apostel, quando afirma que:

“Os seres humanos, basicamente diferentes – diferentes social e psicologicamente, ideológica e emocionalmente – tentam encontrar-se em nível de intimidade, fora da sociedade civil, num grupo fechado. Estas pessoas chamam a si mesmas de Maçons e utilizam vários Rituais e mitos como instrumentos das suas Reuniões”.

Estas pessoas reúnem-se para uma reeducação, baseada na redução do conhecimento ao puramente humano, para depois retornar ao convício social, com um sentimento de compreensão muito mais rico e fecundo. Esta interação é elementar, porque só é possível relacionar-se com outro quando aprendo a me conhecer e, vice-versa, aprendo mais sobre mim mesmo ao relacionar-me com o outro. É, em presença dos Irmãos, sob os seus olhares, movimentos, ações e palavras que recebo as suas ideias e sou influenciado por elas. Mas isto não retira de mim a minha liberdade e a minha individualidade. Aprimora-me!

A Loja Maçónica foi, é, e sempre será o “espaço” e o “momento” para os Maçons se encontrarem, física e espiritualmente, cultivando as suas tradições obreiras, utilizando-se de praticas rituais, símbolos e mitos, como instrumentos de aperfeiçoamento moral e social. Em Loja, cria-se o ambiente propício para encontrar respostas, que existem em cada um e em todos nós e, assim, evoluir enquanto seres humanos.

E isto, jamais será possível por outra via que não seja presencial, real e não virtual. Aqui, a internet e redes sociais são inócuas e nunca poderão substituir a verdadeira Iniciação e prática maçónicas. Por esta razão, a Maçonaria e as nossas Lojas regulares são, igualmente, um porto seguro, na atualidade, porque é da sua própria essência que haja o encontro pessoal, real e afetivo entre aqueles Iniciados nos seus mistérios, em oposição ao isolamento social, a ansiedade e stress, que o exagerado uso das redes sociais possam eventualmente causar.

Notas

[1] Cf. interessante artigo em HTTPS://www.blink102.com.br/redes-sociais-e-o isolamento-social

[2] Cf. HTTP://www.masonicinfo.com/fakemasonry.htm

[3] Cf. HTTP://www.masonicinfo.com/grandlodges.htm

[4] Cf. Constituições dos Francos Maçons ou Constituições de Anderson de 1723, Ed. Fraternidade, SP – 1982, pág. 50

[5] A Maçonaria – um ensaio filosófico, Ed. Maç. “A Trolha” 1ª. Ed., 1989, Londrina/PR, p. 11.

O QUE SIGNIFICA "AMÉM".

 


A palavra Hebraica אָמֵן também escrita como: Amém, ou Amen, na verdade significa muito mais que tão somente “Assim seja”, ou sinônimo de concordância de pensamento. Composta por três consoantes do AlefBeit (Alfabeto Hebraico), Alef, Mem e Num.

Além dos significados já descritos, é também um acrônimo formado pela primeira letra das palavras Hebraicas “El Melech Neeman”, cuja tradução é: “Deus é Rei e Fiel”. אָמֵן

LENDA (sem rompimento dos graus) - Newton AGRELLA




Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O homenageado desta semana é o irmão Newton Agrella, polímata e poliglota, de São Paulo.


É fato que a Lenda é um dos principais componentes do universo maçônico.

Contudo, respeitando a hierarquia dos graus e sobretudo sem irromper no mérito, no significado e no seu conteúdo deixamos apenas registrado que a "Lenda do 3o.Grau"  -  que constitui-se num dos mais importantes  Landmarks (fundamentos) da Maçonaria, tem tido sua integridade  fielmente respeitada ao longo de sua existência.

Vale registrar que nenhum rito existe na Maçonaria,  em que não sejam expostos os elementos essenciais dessa Lenda.

Porém, no que consiste exatamente uma Lenda ?

A Lenda é uma narrativa, cuja característica mais evidente é a sua transmissão pela tradição oral.

O repertório de uma Lenda obedece uma mescla de episódios e acontecimentos históricos comumente acompanhada de alguns tons e matizes fantasiosos circunstantes a seu tempo e a sua relevância.

Esse caráter um tanto mitológico combina fatos reais e históricos a fatos que  são muitas vezes  produto da imaginação humana, que por vezes quer imprimir um aspecto grandiloquente a um acontecimento. 

Inobstante o caráter relativamente exagerado de que ela se reveste,  uma lenda traz na sua essência uma dose significativa de verdade, o que a torna inegavelmente importante para a legitimação do Conhecimento e para a própria sedimentação cultural.

É  igualmente importante salientar que com exemplos bem definidos

as  Lendas fornecem em inúmeros casos explicações plausíveis, e admissíveis para aquelas coisas que não têm explicações científicas comprovadas, ou para  mistérios que transcendem a compreensão humana. 

Não é nenhuma impropriedade conceituarmos que a Lenda é uma relativa degeneração do mito.

Ao despojarmo-nos de qualquer radicalismo, devemos levar em conta que uma Lenda não é,  e tampouco sugere uma mentira.  

Outrossim, tampouco significa uma verdade absoluta.  

O que se deve levar em conta é que uma história quando se é contada, transmitida e permanece viva na memória das pessoas sempre evidencia um caráter representativo de fatos verídicos que de algum modo tomaram corpo ao longo da História.  

Isso não é um sofisma.  

É sim um atestado de circunstâncias  defendidos e impregnados  na memória humana.

Mesmo com alguns pesquisadores e correntes doutrinárias que se mostram avessas à realidade das Lendas, elas comprovadamente para muitas civilizações são "os livros na memória dos mais sábios".

Eis o porque que a Lenda na Maçonaria possui uma importância inquestionável, pois acima de tudo, ela se traduz como um instrumento de referências e de simbologia do Homem em relação ao Universo que o envolve.

Lenda, Símbolos, Homem  e História são relações íntimas para o entendimento da Vida.



março 20, 2024

LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE. AONDE? - Jarice Braga



O futuro começa agora. 

A Maçonaria está representada em todos os estados brasileiros, em todos os municípios, nas grandes e nas pequenas cidades. Por menor que seja o município, ali existe um templo maçônico, ali existe um Maçom e, onde existir um Maçom, a Maçonaria estará representada. Não podemos mais esperar e ficar de fora dos grandes acontecimentos políticos. Precisamos ocupar nosso espaço. Não podemos ficar de braços cruzados, vendo outros segmentos da sociedade como a Igreja, a OAB, Evangélicos, entre outros, se posicionando corajosamente em todos os assuntos importantes.

Não podemos ficar apenas observando, e distribuindo medalhas e diplomas, com discursos vazios que não chegam a lugar algum.

Não podemos ficar calados em nossos templos, sem revelar ao mundo profano o trabalho e a participação de nossa Instituição.

Vamos falar nessa edição sobre a questão da Liberdade e da Escravidão. homens livres, cidadãos atuantes; pessoas capacitadas para buscar a realização de seu potencial humano; homens e mulheres conscientes e prontos para cumprir e fazer cumprir seus direitos e deveres, jovens com oportunidade de emprego, de estudo e de realização de seus sonhos, enfim, seres humanos com todas as possibilidades de viver uma vida plena, com Liberdade, justiça e dignidade.

Escravidão é o contrário de tudo isso. Quem acredita que a escravidão acabou com a Lei Aurea de 1888 está totalmente desinformado. No Brasil do ano 2024, ainda existe trabalho escravo, e quem diz isso é o Ministério da Justiça, e o do Trabalho... Ainda existem muitos maçons e famílias desempregadas. No mundo do ano 2024, bilhões de pessoas (homens, mulheres, jovens, crianças de todas as cores) nascem e morrem dentro de relações sociais que incluem escravidão. tráfico de escravos, servidão, miséria absoluta, senhores do poder, humilhação de quem precisa.

A escravidão é a completa sujeição à necessidade, a dependência total a práticas que visam apenas a sobrevivência. Não levam em conta o mínimo básico para morar, vestir, comer, sonhar. Milhões de pessoas estão um degrau abaixo humanidade, mergulhados na animalidade. Num mundo em que bilhões de dólares são gastos sem o menor critério, existem milhões de seres humanos (irmãos) para os quais a fome, a miséria, o desemprego são crescentes. E  o que estamos fazendo como verdadeiros iniciados?

Quem pensa que está livre de tudo isso, ainda não entendeu que ninguém é uma ilha. Num mundo cão globalizado, ninguém está a salvo. Cedo ou tarde, a necessidade vai bater na sua porta e cobrar sua conta na forma de um traficante, ou um assaltante, de desemprego, de fome, de doença, de velhice, de desamparo, de solidão, de abandono. E essa necessidade pode assumir outras formas menos nobres: 

E solucionar os problemas seculares de uma sociedade como a a nossa, que tem uma das distribuições de renda mais injustas do planeta; administradores públicos que não conseguem usar a máquina do Estado para produzir igualdade, dignidade e cidadania, políticos incompetentes, administradores privados que transformam em mercadoria tudo o que tocam, principalmente seres humanos, transformados em consumidores do supérfluo e vitimas de um materialismo que ameaça reduzir o planeta (mares e florestas, fauna e flora) a um deserto de ganância e ambição.

Mais do que nunca, a Maçonaria deve servir como vanguarda nessa luta pela permanência dos ideais

humanos básicos necessários. como a fraternidade, a igualdade e a liberdade. Caso não consiga se elevar acima dos seus mesquinhos problemas internos, a Maçonaria estará condenada a ser arrastada pela enchente do mundo cão que ameaça a sua utopia de uma humanidade feliz.



MAÇONARIA NA SOCIEDADE - PRESENTE E FUTURO - Michael W. Walker



Algumas considerações pessoais pelo Irmão Michael W. Walker, Grande Secretário da Grande Loja da Irlanda

Durante os últimos anos, nomeadamente nos mais recentes, muitos Irmãos e Grandes Lojas parecem estar a envolver-se cada vez mais em assuntos que estão claramente fora do âmbito dos “Objetivos e Relacionamentos da Ordem”.

Serão provavelmente tantas as razões para isso como o número de casos que teve lugar mas, pelo simples facto de que está a acontecer, indica que é altura de questionar o que é a Maçonaria, o que lhe está a acontecer e que ações, se quaisquer, devem ser tomadas para inverter alguma tendência menos desejável, canalizando energias e o nosso entusiasmo para caminhos aceitáveis, à medida que nos aproximamos do próximo século.

Durante a Iniciação, é assegurado aos Irmãos que o candidato “é livre e de bons costumes”. Portanto, ele é, ou deve ser, um cidadão pacífico e respeitador da lei. Um pouco mais adiante, é-lhe dito que é necessário que receba os ensinamentos e conselhos que dele farão mais tarde um homem útil e virtuoso. Mais tarde ainda, indica-se que um dos deveres dos Maçons é praticar as virtudes que tendem a tornar o Homem um ser perfeito. Ao candidato pede-se todo o empenho no exercício das suas responsabilidades perante o seu Deus, o seu semelhante e ele próprio; pede-se ainda que seja um cidadão exemplar e que, como indivíduo, pratique a virtude a todos os níveis e mantenha vivas as verdadeiras características da Maçonaria, que são a benevolência e caridade, e o amor fraterno.

Ao atingir o segundo grau, é-lhe dito que deverá não só estar de acordo com os princípios da Ordem como também diligentemente praticá-los. Finalmente, no terceiro grau, pede-se que o seu comportamento sirva de exemplo à conduta de outros.

Mais tarde ainda, no topo da sua escalada como Maçom, ao ser instalado na Cadeira da sua Loja, dá o seu consentimento a um conjunto de princípios pelos quais deverá pautar o seu comportamento e atitude. Em suma, o princípio fundamental adjacente é de que, ao ser aceite na Maçonaria, ao concordar com os seus preceitos e princípios, o Maçom honrará não só a sua pessoa como será um exemplo e um benfeitor respectivamente para e de outros. Espera-se que a Maçonaria contribua para que se atinja aqueles objetivos mas que, na sua vida diária, um Maçom venha a interagir com outros como indivíduo e não na sua capacidade de Maçon. A Maçonaria é pois uma prática intelectual e filosófica destinada a fazer com que a contribuição do indivíduo para com a sociedade, assim como o seu próprio desenvolvimento pessoal, seja mais forte e maior do que teria sido conseguido se não tivesse tido a oportunidade de pertencer à Ordem.

Ser admitido à iniciação e a própria cerimónia da iniciação são uma clara indicação e confirmação do valor intrínseco do indivíduo e do seu reconhecimento pelos irmãos. Por si só, este facto deverá conduzir a um aumento da autoestima e, espera-se, estimular o desejo consciente ou subconsciente, de provar que se é merecedor da confiança dos outros. As subsequentes passagens aos segundo e terceiro graus são uma demonstração simbólica da satisfação dos irmãos pela correta escolha e decisão iniciais sobre a iniciação do candidato, não só pelas aptidões inatas como pelo seu interesse e zelo em aperfeiçoar a prática maçónica. Estas indicações iniciais de estima deveriam conduzir a um acréscimo de satisfação e autoestima do candidato.

Na Ordem adquirem-se muitas aptidões, o que não acontece em muitas outras instituições. Um irmão deve ser capaz de falar em público, decidir e opinar sobre vários assuntos e liderar reuniões. Estes atributos são muito valiosos em outros aspectos da vida profana; para muitos, é a única oportunidade que alguma vez terão de aprofundar, praticar e aperfeiçoar aquelas capacidades e técnicas.

Na realidade, penso que, atualmente, muitos daqueles atributos e benefícios – o Produto Maçónico – devem ser desenvolvidos pelo próprio candidato. Uma grande parte do simbolismo perde-se se o candidato não estiver devidamente sintonizado. Em verdade, a Maçonaria vai de encontro à satisfação das necessidades psicológicas do homem comum. Acredito que os homens, muito mais que as mulheres, são criaturas gregárias que sentem o instinto de grupo duma forma mais intensa. O homem necessita de pertencer a algo, como uma escola ou clube. A Loja assume esse papel, tendo mesmo, como numa estrutura militar, a hierarquia e uniformes ou vestimentas diferenciadas que indicam o grau do indivíduo ou o nível hierárquico que já foi atingido. Além disso, a Loja facilita a satisfação dos interesses pessoais, o que em muitos casos não é possível nem no ambiente familiar nem profissional. Acima de tudo, a Loja transmite paz e tranquilidade, um local onde se encontra o que se espera e onde a turbulência da vida profana não se manifestará com certeza e será esquecida por uns momentos. E um lugar onde se pode recarregar as baterias para assim se poder melhor apetrechados enfrentar as batalhas no mundo profano.

Aqueles que já passaram ou possam estar a passar por alguma situação traumática, como o desemprego ou a depressão causada pelo “stress” imposto pela vida moderna, saberão da verdade deste facto e poderão confirmar o efeito apaziguador e calmante do único e inestimável meio ambiente, tal como existe na Loja.

É a Maçonaria uma associação de caridade?

A resposta é negativa mas, como em qualquer ambiente fraternal, as necessidades de um irmão ou dos seus dependentes receberão a simpatia e apoio incondicional dos seus irmãos, nem sempre necessariamente de natureza financeira. A caridade é o resultado natural do amor fraterno e é incentivada na Maçonaria, mas não é a razão de ser da Ordem.

A critica que frequentemente se ouve da Ordem, de que só se preocupa com os seus, é totalmente falsa e carece de validade. A caridade maçónica não se restringe aos seus membros, sendo que é cada vez mais direcionada para qualquer causa ou situação merecedora, desde que não contrarie os termos da Declaração de 1938. O Maçom é, de qualquer modo, livre de, na sua vida quotidiana e capacidade pessoal, apoiar qualquer organização que mereça a sua simpatia.

O objetivo da Maçonaria

O objetivo da Maçonaria é o autoaperfeiçoamento – não no sentido material mas nas vertentes intelectual, moral e filosófica, a fim de desenvolver o ser no seu todo e, como indicado na bonita e emotiva linguagem do ritual, “prepararmo-nos para tomar os nossos lugares como pedras vivas no grande edifício espiritual, que é eterno nos céus e não foi feito pelas mãos do homem”. Este hipotético indivíduo, desenvolvido no seu todo, deve, através da sua viagem pela vida e interação com os outros, contribuir duma forma significativa para a sociedade em geral, realizando e cumprindo assim o desejo expresso durante a iniciação de se tornar cada vez mais útil aos seus semelhantes.

A minha interpretação da Maçonaria assemelha-se ao que pensou W. B. Yeats da aristocracia – “proteger os seus membros e devotos das tempestades da mudança, quase que como do abrigo do ventre materno se tratasse; e como um esquema para promover um tipo de espiritualidade, ao nível da alma e ao mesmo tempo profano e temporal.”

Eu gostaria certamente de dizer da Loja o mesmo que Yeats afirmou uma vez sobre a casa de Lady Gregory, em Coole, no condado de Clare, certamente um “abrigo materno” para artífices duma profissão diferente, pois “esta casa enriqueceu imensamente a minha alma porque aqui a vida move-se em formas graciosas, sem limitações”.

A sociedade de hoje

À medida que as mudanças no mundo acontecem a um ritmo cada vez mais rápido, duma forma complexa e imprevisível, a nossa necessidade natural de segurança, controlo, certeza e previsibilidade começa a ser corroída. Este tipo de ambiente constitui campo fértil para o desenvolvimento do que é chamado o ’’Síndroma de Aquiles”, que faz com que cada vez mais pessoas com objetivos ambiciosos padeçam de um sério défice de autoestima, aparentemente mais no caso masculino. Este facto pode bem depreender-se de um artigo da autoria de Petruska Carlson, urna psicóloga clínica e consultora.

Isto torna-se patente num crescente número de indivíduos que têm demonstrado esta preocupação pela rapidez em que valores culturais da sociedade têm sofrido alterações e pela sua influência no homem. Gerard Casey defende que “em todas as sociedades, a razão funciona dentro do conceito de mitos, sendo estes narrativas culturais fundamentais que fornecem princípios e valores inquestionáveis em que se baseia a sociedade e sem os quais ela não se pode desenvolver. Infelizmente, aqueles que se consideram especialistas em educação não têm hoje aparentemente noção da importância destes fatores, talvez pressionados também pelos que procuram uma educação baseada unicamente em temas técnicos e direcionados para aspectos de carreira profissional, e também pela pressão “educativa” exercida pela televisão sobre muitos jovens em detrimento dos próprios pais. Como sociedade, estamos a perder, ou já perdemos, os nossos padrões culturais, provocando um autentico deambular, sem objetivos ou direção definidos, como qualquer meteorito perdido algures no espaço.

Casey advoga que as pressões exercidas pela sociedade moderna provocaram um estado de caos e colapso moral na Irlanda, tendo já atingido proporções epidémicas no mundo ocidental. Defende a necessidade de se encontrar uma base ética racional para o comportamento humano, o que será uma tarefa difícil, sem garantias de sucesso. O Dr. Donald Murray, ex assistente do bispo de Dublin e atualmente bispo de Limerick, reconhece a existência duma “fome que não está a ser satisfeita. As pessoas necessitam de sentir que pertencem a alguma coisa; têm de se sentir dedicados a algo. O estado de espírito que prevalece é de desilusão e cinismo. Sentimos que vivemos num mundo de instituições estruturadas, pertencendo não a um país mas a uma economia. Avaliamos a nossa vida nacional em termos de recursos e estatísticas e pensamos no Estado como uma máquina, em vez de como pessoas e valores culturais”.

O Dr. Murray defende que “presumimos cada vez mais que o cidadão ideal não tem valores religiosos ou morais fortes, ou pelo menos que tenha a decência de não os imiscuir na cena pública. Isto é, o indivíduo não é suposto participar na vida activa com o seu Eu, com as suas convicções morais e religiosas. São considerados assuntos privados. Estamos claramente em risco de construir uma sociedade com valores culturais que consideram irrelevantes as verdadeiras realidades da vida. As divisões e separações ocorrem só quando a religião e moral não são entendidas. A consciência individual merece respeito porque procura a verdade, que é a obrigação de todo o ser humano”.

Os Maçons facilmente compreenderão estas referências à ética, verdade e moral como parte dos verdadeiros fundamentos dos ensinamentos maçónicos. Mas estes valores estão a ser minados por forças destruidoras que estão a corromper as próprias fundações nas quais se baseiam. Conor Cruise O’Brian – um estadista e comentador de renome – afirma mesmo que “desde há muito na história que o discurso humano no que se refere à ética tem sido ferido, em graus diversos, pela hipocrisia”. O bispo de Waterford denunciou recentemente o excessivo culto do individualismo.

Este excesso de individualismo conduziu a uma falsa ideia de liberdade. O indivíduo foi levado a pensar que a liberdade não tinha limites e a acreditar na supremacia dos seus direitos sobre os dos outros. O culto do individualismo colocou o indivíduo, homem ou mulher, num pedestal, no centro de tudo, e não permite a inclusão da “comunidade” no seu verdadeiro sentido, além de que dificulta a realização da “vida plena”, à qual todos somos chamados.

Quer gostemos quer não, quer saibamos quer não, há muitas forças subtis, e até mais óbvias, diariamente influenciando-nos, produzindo à medida que se multiplicam, uma espécie de tortura e consequente desequilibro – nem sempre perceptível- que nos faz sentir inseguros e dúbios relativamente ao caminho que percorremos.

São estas as forças que fazem enriquecer os psiquiatras, à medida que cada vez mais pessoas sentem que “algo” não vai bem e que está a afetar todo o seu ser e qualidade de vida mas sem saber identificar o quê. O que é realmente necessário é uma espécie de âncora mental, como que um objectivo de navegação que, mesmo com nuvens espessas, permita ao “viajante” uma viagem em que possa identificar exatamente a sua posição e assim retornar, se necessário, ao verdadeiro caminho.

Maçonaria – inserida, ou não, na sociedade?

Qualquer pessoa é ocasionalmente um pouco introspectiva, ao perguntar-se “quem sou eu e para onde vou?”. Mesmo uma organização como a Maçonaria deve fazer-se a si mesma esta pergunta. Somos uma organização cujos objetivos são o amor fraternal, ajudar os nossos irmãos e seus dependentes em dificuldades, procurar a “Verdade” que devemos exprimir e difundir como um padrão de moral público e privado, conhecer e temer a Deus, e, como consequência, respeitar e amar o nosso semelhante. Isto significa tolerância pelas opiniões pessoais, crenças religiosas e tendências políticas. Se persistirmos em analisar os objetivos da Ordem, a nossa procura deve alargar-se mas sem desfocar a nossa visão, ao mesmo tempo que devemos cada vez mais aproximarmo-nos do Grande Arquiteto do Universo, espiritualizando-nos e tentando aprofundar a nossa compreensão Daquilo que não podemos nunca esperar compreender e apreender completamente – algo como a procura e luta pelo místico Graal, tal como os nossos prováveis antepassados operativos – os Cavaleiros Templários – que se seguiram, à sua maneira, aos míticos Cavaleiros dos Romances do Graal e às Lendas Arturianas. A Maçonaria é muito mais que uma superficial análise de e pela sociedade de hoje, obcecada com o sucesso material do indivíduo muito mais do que a sua contribuição para a sociedade. O sucesso na sociedade de hoje mede-se por padrões materiais e económicos, pela posição ou aquisições que essa capacidade económica permite. Não é relevante se essa posição ou aquisições foram obtidas de uma forma imoral ou mesmo ilegal ou se prejudicou alguém no processo.

A Maçonaria não é apenas mais uma organização como os Rotários, Câmara do Comércio ou outras, com objetivos e funções diferenciadas. Se a Maçonaria tivesse alguns desse objetivos, então provavelmente algumas dessas organizações não se teriam formado. Somos o que somos e qualquer tentativa em assumir alguns dos outros objetivos afastar-nos-ia do nosso caminho. Provavelmente, muitos se juntaram à Maçonaria pensando que era algo diferente ou, depois da iniciação, procuraram influenciá-la e até moldá-la aos seus desígnios. Não somos a cura para os males de cada um.

Pode afirmar-se que o número de novas admissões à Maçonaria em todo o mundo tem vindo a decrescer. As razões para este facto prendem-se com o superficialismo da sociedade de hoje, a multiplicidade de oportunidades e pressões socais existentes relativas à utilização dos tempos livres.

Estudos feitos nos E.U.A. indicam a existência de uma forte relação inversa entre o tempo livre necessário para o exercício de uma atividade e o seu grau de popularidade. As exigências cada vez maiores da vida profissional têm gradualmente reduzido o tempo livre disponível, o que obriga ao seu racionamento a fim de evitar, muitas vezes sem sucesso, competir com a família e outros interesses considerados prioritários. Qualquer atividade que exija um compromisso de tempo substancial e que não seja entendida como tendo um retorno justificável (medido eventualmente de uma forma subjetiva), não será favorecida e, em termos maçónicos, traduzir-se-á numa redução de presenças em sessões, independentemente do orgulho, honra ou satisfação que o irmão terá em ser membro da Ordem. O número de irmãos que esporadicamente estão presentes indica que reconhecem “pertencer” a uma organização que não tem a capacidade para estimular uma presença regular.

Os meus avós, com a provável exclusão do seu clube e da sua Loja, tiveram possivelmente muito menos oportunidades onde utilizar os seus tempos livres, sendo que as sessões de Loja eram ansiosamente esperadas. Hoje, uma grande quantidade e variedade de atividades estão acessíveis a quase todas as classes, quer social quer economicamente. A sessão (ou sessões) mensais, em vez de oportunidades, concorrem frequentemente com outras atividades, cujo “retorno” é visto como mais atrativo.

Em terminologia de marketing, devemos ver a Maçonaria como um produto. E isso que estamos a “vender” (ou a providenciar) para consumo dos membros ou potenciais membros. Devemos pois melhorar o produto ou tornar a embalagem mais atrativa.

A Maçonaria é em si um produto estável – pouco se pode alterar sem mudar significativamente a sua essência e aparência. Os seus princípios e preceitos são tão válidos hoje como outrora o foram. Não podemos mudar o produto e mantermo-nos na mesma; devemos ser verdadeiros para nós mesmos neste ponto. Se mudarmos de direção (ou, em termos empresariais, de estratégia) temos de reconhecer e aceitar que é isso exatamente que se está a fazer. Seria bem possível que, algum tempo depois, alguém decidiria que o novo “produto” não estaria correto e que requereria ajustamentos a fim de o adaptar às exigências da sociedade. Sugiro que esta não é para nós uma opção. O que temos e o que representamos estará sempre correto, mesmo se o seu grau de aceitação desça ou suba no tempo.

O que podemos fazer é melhorar a embalagem e torná-la mais atrativa a potenciais “clientes” e mais apetecível aos atuais. No primeiro caso, podemos ativamente adoptar um novo perfil e, suave mas firmemente, “deixar a nossa luz brilhar perante os homens”. A vela à janela é um símbolo de um convite compreendido por todos; alguns aceitá-lo-ão e baterão à porta. Sou contrário à atitude de quase “forçá-los a entrar”; esta atitude não é compatível com a Maçonaria, independentemente da forma como se poderá justificar. A Maçonaria existe para ser adoptada, até saboreada, pelas mentes já sintonizadas (ou em busca) com os seus objetivos e práticas. A Maçonaria não é para qualquer um; mas haverá sempre aqueles, em todas as épocas e áreas geográficas, para quem terá um interesse muito particular. Através da embalagem e apresentação, estes “clientes” poderão ser identificados mas nunca criados. “Eu sou o que sou” e nenhum artifício ou manipulação mudará isso.

Deve aproveitar-se as oportunidades apropriadas para nos desembaraçar dos velhos mitos e concentrarmo-nos nos benefícios da Maçonaria. Nisto desempenhamos todos o nosso papel, pois como disse um Grão-Mestre Norte-americano, “somos todos a percepção de outros da Maçonaria”. Identifiquemos os “benefícios” da Ordem, falemos abertamente deles, promovendo-os. Isto obrigará às mais diversas iniciativas, começando pela família, passando pelo círculo de amigos e conhecidos até aos locais de trabalho, reservando obviamente à Grande Loja a tarefa de lidar com os meios de comunicação social a fim de que a mensagem transmitida seja constante e coerente. Se assim não for, poderá haver tantos pontos de vista como membros da Ordem, o que inevitavelmente conduziria a que o público continuasse mal informado e confuso em relação ao que somos e ao que aspiramos ser.

A fim de renovar o interesse em frequentar as Lojas e encorajar aqueles que frequentemente não regressam para serem membros ativos, há que definir um programa de ação com um objetivo fundamental: tornar as sessões de Loja atrativas, onde se está presente porque se quer e não porque há obrigação em o fazer.

Pode analisar-se esta problemática sob diversas perspectivas mas, em última análise, é algo que cada Loja tem de resolver por si. Em tempos antigos, antes do sistema das Grandes Lojas ter sido desenvolvido, cada Loja era um órgão autónomo e independente, medida que a Maçonaria Especulativa sobrepondo à Operativa, e grande parte dos irmãos deixaram de estar relacionados com a atividade de construção, teve de ser instituído um código de ética e conduta.

A Grande Loja é um órgão administrativo e regulador, com uma estrutura hierárquica que passa pelas Grandes Lojas Provinciais até às Lojas em si. Porém, no contexto do regulamento e constituição da Grande Loja, cada Loja é ainda um órgão independente e autónomo, responsável pelas suas atividades, funções e, em última instância, pela sua própria sobrevivência.

A Grande Loja não é uma comissão de entretenimento e, embora possa sugerir ou regulamentar, a verdade é que é o Grão-Mestre quem, em última análise, assume a responsabilidade. É ele quem deve assegurar que o ritual é bem conduzido, que a gestão é eficiente, que o conteúdo do que se faz é de interesse e não mera rotina mas, acima de tudo, que os irmãos – normalmente sempre os mesmos – não falem demais. A lei de Parkinson nunca é vista com tal clareza como na reunião de Loja, e em particular, na noite em que se festeja a Instalação. Pranchas pobres, demasiado longas, são uma receita segura para enfraquecer a motivação dos irmãos em frequentar sessões de Loja ou Grande Loja quando, com efeito, o que se deveria perguntar é “se terei de esperar mais um ano pela próxima sessão”.

Como foi dito acima, acredito que o produto não pode ser alterado; portanto, devemos alterar a embalagem. Os elementos da embalagem a serem modificados foram identificados no documento de discussão do Grão-Mestre intitulado “Programa para a Mudança : O Caminho em Frente” como sendo : a nossa imagem pública; ser membro, caridade; esperar que a percepção do público a nosso respeito, conforme um recente anúncio de jornal procurando um gabinete de advogados, possa ser a de uma organização de “espíritos saudáveis, da mais alta integridade, honestidade e ‘ confiança, apresentando um estilo de vida claramente demonstrativo de uma atitude desprendida relativamente a bens materiais e da presença do amor de Deus através de serviço ao ser humano”. As qualidades referiam-se ao gabinete, claro, não ao cliente.

Devemos tentar demonstrar ao mundo em geral, e assim tornar a nossa Ordem mais atrativa a potenciais membros, que as palavras do Pro Grão-Mestre de Inglaterra, V. M. Lord Farnham, Maçom irlandês e anteriormente Grão-Mestre Sénior da Irlanda, são verdadeiras: “A Maçonaria tem como objetivo desenvolver o indivíduo como bom cidadão e como homem com uma forte formação moral. Poderão seguir-se outros benefícios para a sociedade mas vêm de indivíduos atuando por si e não como Maçons.

Não é fácil no mundo moderno convencer as pessoas de que a Maçonaria como Instituição não serve para qualquer coisa e não é certamente um grupo de pressão. A sua influência no comportamento pessoal dos seus membros deverá ser bom para a sociedade em geral e deverá ser bem-vinda”

Em direção ao novo milénio

Tentei identificar quem somos, o que somos e onde estamos – é sempre de meditar no para onde vamos? Somos um grupo que está fora de moda e com o número de membros a diminuir – talvez não nos países em desenvolvimento mas, no mundo desenvolvido, somos vistos como um anacronismo, com um modo de estar que constitui um embaraço.

“Donde vens, Gehazi?” Lembrar-vos-eis da devastadora pergunta que Eliseu pôs ao seu servo que tinha cercado de cortesias Naaman, procurando obter vantagens à custa dos talentos do seu Senhor -ou seja, de outrem.

Depois da segunda guerra mundial, um grande número de indivíduos aderiram à Maçonaria porque era a alternativa ou substituto mais próximo para o companheirismo e apoio que encontraram nas forças armadas. A medida que estas pessoas vão passando ao Oriente Eterno, não tem existido nenhuma afluência significativa de candidatos para os substituir. Torna-se pois necessário recrutar, embora os meios a utilizar assim como o ênfase que esse esforço possa ter deva ser cuidadosamente ponderado. Algumas Grandes Lojas iniciaram programas de recrutamento em que os irmãos que apresentem um determinado número de candidatos elegíveis são recompensados. Este tipo de campanha tem muitos perigos e não pode, penso eu, ser benéfica. Devemos, em minha opinião, adoptar o método de “levar o cavalo à água”. Podemos mostrar- lhe a água e indicar que está disponível mas, a não ser que o cavalo tenha sede, não podemos fazer mais que o encorajar a beber.

O Grande Secretário da Grande Loja Suíça Alpina disse, na sua alocução durante a reunião dos Grandes Secretários em 1994, que “é essencial evitar qualquer tipo de proselitismo pois o objetivo principal não é procurar novos candidatos mas sim melhorar a percepção dos profanos sobre a nossa Ordem, o que, espera-se, conduzirá a que novos candidatos se apresentem”.

Devemos tentar corrigir a falsa percepção que têm, em particular, os meios de comunicação social e as Igrejas pois ambos têm influência direta sobre a opinião pública, sendo também nossos antagonistas e altamente suspeitosos da Maçonaria.

As Igrejas não conseguem aceitar que não somos concorrência mas que, na realidade, até apoiamos a religião e encorajamos cada irmão a interessar-se cada vez mais pela sua crença através do desenvolvimento do seu intelecto e espiritualidade. Não temos teologia nem sacramentos nem nos envolvemos, como Maçons, em nenhuma devoção nas nossas Lojas. Também não oferecemos ou indicamos o caminho da salvação através das boas ações ou qualquer outro meio. Estamos cientes destes fatos – mas como transmiti-los a quem não os sabe e por vezes também não quer saber porque não lhe convém? Devemos recordar-nos que as Igrejas estão também a ter uma quebra acentuada no número de fiéis, talvez até mais severa do que no nosso caso, em termos percentuais. A causa deste facto deve-se parcialmente às próprias instituições mas também ao facto de que, hoje, qualquer religião formalizada e estruturada está simplesmente desatualizada e fora de moda. Â sua maneira, as Igrejas estão também a tentar responder o melhor possível a estas tendências como, por exemplo, popularizando e facilitando a linguagem utilizada pela Igreja Católica durante a celebração da missa; ou reduzindo a lugares comuns a beleza e a elevação da linguagem na versão autorizada da Bíblia da Igreja Anglicana. De qualquer modo, as transformações efetuadas não tiveram resultado positivo porque não trataram dos problemas reais.

Em pânico, algumas Igrejas têm-se aproximado do evangelismo carismático e até do fundamentalismo. A Sra. Gwenjermyn, uma metodista do condado de Cork no sul da Irlanda, conseguiu que uma interessante carta sua ao “Irish Times” fosse publicada por este jornal a 22 de Junho de 1995. Nela, referia-se ao aparecimento do fundamentalismo extremo que se tem feito passar por “evangelismo”. Escreve ainda a Sra. Jermyn que “este ênfase fundamentalista é extremamente doutrinário, não concede a possibilidade de verdadeira exploração espiritual. E uma interpretação limitada, ofensiva, divisionista e arrogante, aproveitando-se de medos e emoções negativas que em pouco ou nada respeitam os ensinamentos claros dos evangelhos.”

O exemplo típico desta ultra reação foi o “Nine O’Clock Rave Service” em Sheffield, aplaudido por muitos, desde o Arcebispo de Cantuária até aos párocos locais. O inevitável resultado tornou-se um dos maiores embaraços que a Igreja sofreu nos últimos tempos quando, depois desta generalizada histeria hipnótica induzida pelas tradicionais técnicas de manipulação em massa, o Cavaleiro Branco da Nova Era – o Rev. Christopher Brain – foi primeiro suspenso de celebrar e mais tarde obrigado a pedir a exoneração após participação num deboche orgíaco, vilipendiado pelos seus mais fiéis seguidores, e com as Autoridades Eclesiásticas a lavarem daí as mãos.

Apesar destes acontecimentos, devemos estar atentos e aprender com eles pois a Ordem Maçónica também já teve o seu “Rave Service”! Em Março de 1995, teve lugar no México o chamado Congresso Mundial, apoiado por uma das pequenas Grandes Lojas Estaduais de México, que é ainda considerada irregular por muitos – a Grande Loja de Valle de México. Nesta ocasião, a acreditar em alguns relatórios, todo o tipo de organizações irregulares estiveram presentes e algumas incríveis afirmações e atitudes não maçônicas foram proferidas e tomadas, terminando com uma declaração, a que se chamou a Carta de Anahuac, assinada pelos representantes de todas as trinta e sete Grandes Lojas que participaram. As reuniões seguintes eram para ter tido lugar em Portugal em 1996 e em Itália em 1997, aparentemente neste último caso apoiado pelo irregular Grande Oriente de Itália. A agenda para 1997 foi apresentada pelo Grão- Mestre italiano e incluía o seguinte: “Acreditamos que o nosso estudo se deve reger pelas seguintes linhas mestras : procura de soluções para o excesso de população no nosso planeta, programação da utilização dos recursos alimentares e energéticos, lutar contra a poluição do nosso planeta e no espaço, cooperação entre países ricos e pobres a fim de eliminar conflitos assim como diferenças económicas e tecnológicas, controle sobre descobertas científicas direcionando-as para o bem e progresso da humanidade, respeitando a liberdade e dignidade do indivíduo e dos povos, protegendo os direitos e obrigações do Homem”.

Isto não é Maçonaria e estes não são temas que deveriam alguma vez ser discutidos num ambiente maçónico e os que o fizerem são Maçons irregulares. O que fizemos ver com veemência.

Este é um caso em que a Maçonaria claramente exagerou. Apostar no cavalo errado é pior do que não apostar em nenhum e claramente prejudicará o nome da Ordem. Se não tiveres nada de útil para fazer, não faças nada. Como disse um nosso Grande Arquivista: “se estiveres metido num buraco, para de escavar”.

Os meios de comunicação social também não toleram a nossa privacidade que veem como secretismo e com o intuito de esconder qualquer intenção de subversão ou qualquer outra ação malévola. De qualquer modo, não somos a única organização “perseguida” por aqueles meios porque deseja manter-se privada. A Opus Dei, um grupo de direita dentro da Igreja Católica romana, também já foi na Irlanda um dos alvos da comunicação social: “Ouvimos alguns dos mais destacados funcionários públicos indicar que membros da Opus Dei deviam ser excluídos de exercerem altos cargos públicos”. Nenhuma explicação foi dada, o que é extraordinário se considerarmos que aquela afirmação foi escrita no contexto de se poder a vir a considerar cidadãos como inabilitados para certas cargos em função das suas crenças religiosas. Porquê, por exemplo, se afirmar como factual que a Opus Dei é secreta? O que é que o responsável pelo artigo sabe referente a esse facto que contrarie o que a Opus Dei tem repetidamente negado? As pessoas não se apresentam normalmente como membros de uma diocese ou outra. Compreende-se prontamente que esse assunto é privado, não secreto, da mesma forma que membros da Opus Dei não se apresentam dessa forma. Ser membro da Opus Dei, ou qualquer outra organização, não é uma credencial pública. De qualquer forma, a liberdade de pensamento e expressão de cada membro em assuntos públicos estaria seriamente comprometida se outros atuassem como se representassem toda a organização.

O que estou a tentar realçar é que, à entrada do novo milénio, devemos permanecer firmes na aderência e defesa dos nossos Objetivos e Princípios e não procurar obter aprovação pública através da autopromoção ou práticas não maçônicas que só podem, a longo prazo, prejudicar. Devemos pacientemente esperar porque a nossa hora voltará. Ouço dizer que o nosso estilo de vida tornar-se-á ainda mais frenético e “estressante”; poderemos provavelmente fazer frente a essa tendência intelectualmente mas é questionável se o conseguiremos emocionalmente. Com a Internet a bombardear-nos com todo o tipo de informação, por vezes eticamente duvidosa, na privacidade dos nossos lares, acredito nas palavras do nosso irmão Michael Yaxley, Presidente do Conselho da Grande Loja da Tasmânia, quando escreve que “a sociedade necessita de uma organização como a Maçonaria. Esta necessidade, acredito, torna-se cada vez mais premente. No próximo século, o local de trabalho não proporcionará o grau de camaradagem e companheirismo suficientes para satisfazer os instintos sociais das pessoas. Muitos trabalharão em casa, conectados aos seus escritórios por um computador e telefone. Outros trabalharão num escritório rodeados de equipamento complexo mas inanimado. A ironia da nova Era da Comunicação é de que as pessoas passarão mais tempo sós.”

Devemos ser cuidadosos quando nos exortam constantemente a adequar a Arte ao século XXI. Devemos fazê-lo, mas lentamente. O irmão neozelandês Robert H. Abel quer ver a Arte respeitada pelo esforço dos seus irmãos na comunidade em que estão inseridos; nós somos todos a percepção de alguém do que é a Maçonaria. Não devemos desbaratar o nosso nome em público; devemos fazer com que a nossa dignidade seja respeitada.

Robert Abel acredita que a espiritualidade do homem tem altos e baixos, como se de um longo ciclo se tratasse; devemos assegurar que a nossa Arte se manterá inalterada no futuro a fim de que gerações vindouras, talvez menos frívolas, a possam desfrutar e apreciar.

Pode talvez dizer-se que a Maçonaria está atualmente a atravessar um período semelhante ao Verão de S. Martinho, antes das duras realidades do Inverno se fazerem sentir. Como dizia o poeta Humbert Wolfe :

Ouve, o vento levanta-se

E as folhas estão ao sabor da sua força selvagem

Já tivemos as nossas noites de Verão

Agora vêm as do Outono!

Este poema termina num tom ligeiramente ameaçador, indicando simbolicamente a tempestade que se avizinha e para a qual nos temos de preparar. Mas será talvez mais um exercício de contenção, de “apertar o cinto”, enquanto preparamos o barco para a maré da espiritualidade do homem chegar e transportar a nossa Arte segura e calmamente para águas mais seguras e acolhedoras. Como disse o escritor americano Henry Adams : “O Verão de S. Martinho da vida deveria ser simultaneamente um tanto solarengo e um pouco triste, infinito na sua profundidade de tons, como a própria estação”.

Penso que esta frase descreve exatamente a Maçonaria de hoje. Um pouco triste, lembrando-nos da grandeza do passado e dos tempos mais calmos em que a Maçonaria era respeitada e aceite na sociedade. Será que o nosso tempo virá novamente? Certamente que sim – não talvez uma cópia exata do passado, pois não queremos atrasar os ponteiros do relógio, mas numa versão mais “leve”, mais “magra”, com novo vigor e entusiasmo para enfrentar o novo milénio.

Mas lembrem-se, irmãos, à medida que entramos no “Inverno do nosso descontentamento”, devemos preservar os nossos padrões e dignidade. Não se poderá comprometer a qualidade de qualquer faceta ou sector da nossa instituição. Um dos maiores atores irlandeses, Michael Mac Liammoir, foi em tempos acusado de ser “quadrado”. Respondeu que era melhor ser “quadrado” do que não ter nenhuma forma! Quão apropriada é esta resposta para a Maçonaria de hoje; devemos manter-nos fiéis ao simbolismo do esquadro e do compasso e que sejam estes os meios de restaurar “Ordo ab Chao” – ordem no caos moral e mental – à medida que nos esforçamos para nos reajustar emocionalmente às pressões crescentes da vida moderna.

Vou terminar, irmãos, com uma exortação extraída da maravilhosa linguagem do nosso ritual: “Certifiquem- se de que se conduzem, quer em Loja quer for a dela, como homens bons e como Maçons”. Lembrem-se das imortais palavras de Polónio, na peça “Hamlet” de W Shakespeare, ao aconselhar seu filho aquando da sua partida da Dinamarca para França: “Acima de tudo, sê verdadeiro para contigo mesmo; e, assim, tal como o dia se segue à noite, não serás falso para ninguém”.

Quase todo o ideal maçónico está contido nestas parcas palavras, tão fáceis de recordar mas tão difíceis de se aplicarem na prática.

Tradução de APF – R∴ L∴ Mestre Affonso Domingues

Nota do tradutor: Embora o trabalho do irmão Walker não trate de um tópico de pesquisa tradicional, a sua análise sobre o estado actual da Maçonaria é relevante e oportuno. Esperamos que possa estimular trabalhos adicionais sobre as causas fundamentais nas flutuações do grau de aceitação – ou rejeição – da Maçonaria pela sociedade em geral.

NOSSA JORNADA - Newton Agrella


Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O homenageado desta semana é o irmão Newton Agrella, polímata e poliglota, de São Paulo.

Para desenvolver-se na Maçonaria não é necessária nenhuma capacidade intelectual diferenciada, tão pouco qualquer lastro cultural exacerbado.

O que mais importa na escalada maçônica é o caráter ilibado, o espírito fraterno e o coração sensível ao Bem.

Ninguém é absolutamente superior ao outro. 

Somos rigorosamente iguais nas nossas capacidades, talentos e limitações.

O que efetivamente nos diferenciam são as "oportunidades e as experiências"

Estas sim, é que estabelecem o perfil de nossa caninhada, as chances melhor ou pior aproveitadas e o Discernimento que elas exigem.

As oportunidades passam pelas nossas vidas e nem sempre nos damos conta delas.

A Sublime Ordem nos oferece  oportunidades de revermos muitos de nossos conceitos, de libertarmo-nos de algumas amarras e preconceitos que teimamos em carregar conosco.  

Oferece-nos ainda a possibilidade de darmos vazão aos nossos pensamentos e de construirmos o nosso interior de maneira mais leve e descomplicada.

As experiências que se acumulam nas relações entre Irmãos, no aprofundamento dos estudos, na leitura constante, na frequência e participação em Loja são outros elementos que contribuem decisivamente para dar forma e polimento à pedra bruta que há dentro de cada um de nós.

Cultivar o desprendimento e perceber que a Fraternidade é o exercício mais profícuo para entendimento entre os Homens, seguramente torna a caminhada maçônica mais suave.

Ser reconhecido Maçom é o prêmio pelo trabalho árduo e infindável.

Esse trabalho é o da elaboração do nosso Templo Interior.  

É nesse sentido que utilizamos todas as ferramentas que através de Símbolos e Alegorias auxiliam-nos no processo de nossa evolução.

Somos componentes de Deus, O Grande Arquiteto do Universo, Princípio Criador e Incriado de todas as coisas e dessa forma, procuramos individualmente, empreender a nossa jornada na busca infinita e utópica da Perfeição.


março 19, 2024

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O MESTRE INSTALADO



1 – Mestre Instalado é grau, dignidade, cargo, oficialato ou qualidade?

R – Mestre Instalado não é grau. É apenas um título distintivo para aquele que exerce ou já tenha exercido o veneralato de uma Loja Simbólica.

2 – Se for grau por que nunca fez, e ainda não faz parte dos 33 graus da Maçonaria (Graus Superiores ou Altos Graus)?

R – Como foi dito não é grau. Agora “altos graus da Maçonaria”? O melhor seria “altos graus” como particularidade de alguns Ritos. Maçonaria Moderna Universal e tradicional é composta por três Graus – Aprendiz, Companheiro e Mestre. Daí pelo título de Mestre Instalado não ser nenhum Grau, também não há como lhe associar com os ditos altos graus que nada, mais nada mesmo, tem a ver com o Franco Maçónico Básico. Altos graus, se assim podem ser reconhecidos, são particularidades de alguns Ritos e não da Maçonaria como um todo.

3 – Se não é grau, por que em sessões de algumas Lojas no Brasil, e só no Brasil, os Mestres Instalados são convidados a ocuparem o Oriente do Templo e os Mestres Maçons investidos nos Graus Superiores ou Altos Graus (4° ao 33º) não são convidados da mesma forma para ocuparem o Oriente, sendo que estes sim são reconhecidos por todas as Potências mundiais como Graus Superiores ou Altos Graus?

R – Primeiro que “altos graus” não são reconhecidos mundialmente na unanimidade das Obediências mundiais. Como dito anteriormente, o título de Mestre Instalado, quando existe, e conforme a vertente maçónica faz parte do simbolismo maçónico. Normalmente, Ex-Veneráveis têm assento no Oriente, principalmente como distinção para aqueles que já exerceram a presidência de uma Loja Simbólica. Em complemento à questão, qualquer grau dito acima do de Mestre tradicionalmente não faz parte do simbolismo. Portadores dos ditos “graus superiores” são tratados no simbolismo apenas como Mestres Maçons. Repetindo, grau acima do terceiro é particularidade de rito e não faz qualquer diferença em Loja Simbólica.

4 – Qual o avental do Mestre Instalado?

R – Em linhas gerais, ele possui no lugar das rosetas o símbolo do nível/prumo (perpendicular e vertical) chulamente conhecido como “tau” invertido, a despeito que a letra grega “tau” não tem significado algum na Maçonaria, muito menos invertido, ou de ponta-cabeça. Ainda, nos dois lados da face do avental prendem-se duas fitas na cor da borla de cujas pontas aparecem adornos compostos por correntes e bolinhas que tradicionalmente na Inglaterra são, ou eram franjas prateadas.

5 – Qual a joia do Mestre Instalado?

R – Em exercício do veneralato é o Esquadro de ramos desiguais. Na França o Ex-Venerável usa uma joia composta por um Compasso sobre um quarto de Círculo com a figura do Sol ao centro e às vezes substituído pelo Olho Onividente. Já na Inglaterra o “Past-Master” carrega a joia composta pelo Esquadro e a representação pictográfica da 47ª Proposição de Euclides (Teorema de Pitágoras). Como esclarecimento, na França “instalação” em Maçonaria é sinónimo de posse e tradicionalmente não existe a figura do Mestre Instalado, senão do Venerável Mestre e do Ex-Venerável. Já o título de Mestre Instalado e Mestre Instalado Passado é tradição dos Trabalhos Ingleses e, por extensão, da Maçonaria Norte-Americana.

6 – Quais os paramentos do Mestre Instalado?

R – Além do avental e da joia citados nas questões 05 e 06, cuja joia fica presa num colar decorado como motivos maçónicos (geralmente ramos de acácia), o Mestre Instalado usa punhos também decorados que, em muitos lugares estes somente são privativos do Venerável (no Brasil, o GOB adopta este procedimento).

7 – Quando, onde e como se declarar / identificar Mestre Instalado?

R – Não entendi a questão, salvo se for para a composição de um Conselho de Mestres Instalados para a instalação de um Venerável. Este Conselho legalmente só existe para tal e nunca para interferir na direção da Loja. Um Conselho deste tipo é prerrogativa da Obediência que a nomeia para o ato da Instalação e a dissolve após estiver à missão cumprida. No Grande Oriente do Brasil, o RGF regula as atribuições do Mestre Instalado.

8 – Quando, onde, por que, como e em quais circunstâncias foi instituída a Instalação de Mestres na Maçonaria?

R – A figura do Mestre Instalado é tradição da Maçonaria inglesa com o advento da Moderna Maçonaria e a inauguração do primeiro sistema obediencial. Nos anos que se seguiram com a fusão dos Antigos (1717) e os Modernos (1751) que resultaria na Grande Loja Unida da Inglaterra em 1813, o sistema inglês não tardaria, por influência da instalação do Rei no trono inglês, a adoptar este costume criando uma cerimónia específica acompanhada de uma exposição lendária o que viria resultar no título conhecido como Mestre Instalado. A propósito, o Grau de Mestre na Maçonaria somente viria aparecer a partir de 1724. Anteriormente ao facto a Maçonaria Operativa e posteriormente Especulativa era composta por apenas dois graus. A razão do título de Mestre Instalado, provavelmente esteve ligada a aristocratização da Sublime Instituição (ver a influência da Royal Society) que a partir da fundação da Primeira Grande Loja em Londres, já se preparava e previa o intento num futuro breve.

9 – Mestre Instalado é uma invenção da Maçonaria Brasileira ou faz parte da história cultural da Maçonaria Inglesa? Ou foi instituído pelas Grandes Lojas?

R – Como já comentado, o procedimento de instalação é costume integrante da Maçonaria inglesa. No Brasil em primeira instância isto acontecia nas Lojas que praticavam os Trabalhos de Emulação, confundido como título com o de York, comum no sistema Norte Americano. A Maçonaria brasileira que é filha espiritual da França, sempre teve na sua grande maioria de Lojas ritos ligados a esta espinha dorsal, dentre estes o rito majoritário no País que é o Escocês Antigo e Aceito.

Ao longo da história da Maçonaria no Brasil, uma dissidência do GOB daria origem em 1927 às Grandes Lojas Estaduais (CMSB). Ocorreria então o facto do reconhecimento desta nova Obediência pelas Grandes Lojas Norte Americanas que praticavam, e ainda praticam o Rito Americano que é decalcado nos Antigos de York de origem inglesa. Por esta influência as Grandes Lojas Brasileiras adoptariam equivocadamente no Rito Escocês Antigo e Aceito (que é de origem francesa) práticas que poderíamos dizer anglo-americanas. Dentre as tais, apareceria o ato de Instalar o Mestre eleito para o veneralato da Loja.

Em termos de Maçonaria brasileira, esta se manteve por um longo tempo com a Instalação de Mestres restrita às Grandes Lojas, todavia ao longo desse tempo, muitos obreiros acabariam se mudando de uma para a outra Obediência e, por influência de Irmãos egressos da Grande Loja em aporte no Grande Oriente do Brasil, a partir de 1968 o GOB passaria também a praticar o costume de Instalação que prevalece até a atualidade de maneira consuetudinária. Mais tarde, nos anos de 1972 e 1973 haveria o segundo grande cisma no seio do GOB que resultaria nos Grandes Orientes Estaduais Independentes (COMAB). Com esta dissidência e estando o costume de Instalação já arraigado no GOB as lojas pertencentes à COMAB herdariam também esse costume que hoje tem se tornado uma unanimidade na Maçonaria verde e amarela, fazendo com que ritos que nunca possuíram tradicionalmente a cerimónia de Instalação viessem praticar um costume neles inexistentes apenas em solo brasileiro.

10 – Há uma supremacia hierárquica do Mestre Instalado sobre o Mestre Maçom não instalado?

R – Não existe supremacia alguma, salvo quando o Mestre Instalado está na posse do Primeiro Malhete da Loja – o Venerável Mestre. Mestre Instalado como fora dito anteriormente é um título distintivo e, para adquirir este título, inquestionavelmente ele precisa ter atingido a plenitude maçónica que é o Grau de Mestre, além de ser eleito para o cargo. Plenitude neste caso significa o último estágio de evolução na Maçonaria Universal que é o simbolismo que, por extensão, possui apenas três graus. Não é dado o direito a nenhum Mestre Instalado entender que tem supremacia sobre os demais Mestres. O que pode existir, conforme a Obediência, no caso do Brasil, é que os Regulamentos indiquem atribuições e direitos relativos ao título distintivo, como por exemplo, ocupar lugar no Oriente, ou em se tratando da ausência precária do Venerável, dirigir uma Sessão Magna de Iniciação, Elevação e Exaltação, levando-se em conta de que o Primeiro Vigilante não seja também um Mestre Instalado.

11 – Se há a supremacia, há o reconhecimento desta supremacia pela Grande Loja Unida da Inglaterra (dita Mãe da Maçonaria)?

R – Não há supremacia e a Grande Loja Unida da Inglaterra dificilmente se envolve nestas questões, já que lá existem os Preceptores para as diversas Províncias normalmente indicados pelo Grão-Mestre Provincial, além do livro de regulamentos editado sob o título de Regras Gerais. Geralmente na Maçonaria inglesa o Past Master imediato tem função de auxiliar o Mestre da Loja, porém sem qualquer intromissão nos trabalhos.

12 – Será que a dignidade do Mestre Instalado não é compatível apenas e tão somente com os ditos Ritos anglo-americanos, tais como o os Ritos Craft e York (Emulação)?

R – Este título distintivo como já citado anteriormente é tradição da Maçonaria inglesa e, por conseguinte da americana. Particularmente a Instalação do Mestre da Loja como cerimonial lendário não é procedimento dos ritos de origem francesa. Para estes, quando porventura venham existir é um mero produto de enxerto.

Cabe aqui ainda uma consideração: No Craft inglês (working) não se reconhecem ritos, porém “Trabalhos”, por exemplo – Trabalho de Emulação, Trabalho de Bristol, Trabalho de Humber, Trabalho de Taylor’s, Trabalho de West End., etc. Já nos Estados Unidos da América do Norte o título de rito é reconhecido, cuja imensa maioria das Lojas pratica o Rito Americano que é baseado nos Trabalhos Antigos de York (inglês), organizado em solo americano por Thomas Smith Web, daí ser comum intitulá-lo como Rito de York.

Por este esclarecimento o que se pratica aqui no Brasil comumente conhecido como York, não faz sentido algum, pois o aqui perpetrado é o Trabalho de Emulação e não o Rito de York (americano) como equivocadamente é conhecido.

13 – Os Mestres Instalados não são Mestres Maçons eleitos para administrar o Santo Arco Real, que também não é um grau?

R – Mestres Instalados que fazem parte dos “side degrees”, ou graus laterais, nada tem a ver com o Franco Maçónico Básico. Embora isto possa até parecer, o costume somente ingressaria para acomodar uma situação para os intitulados graus de aperfeiçoamento ingleses. Os integrantes do Santo Real Arco são recebidos das fileiras dos Mestres Maçons sem que haja a condição sine qua non de serem Mestres Instalados. Daí um Mestre Instalado do Santo Real Arco não é o mesmo Mestre Instalado do Franco Maçónico Básico, porém uma instalação específica do grau lateral.

Volto a repetir que Maçonaria Universal da atualidade possui apenas três graus. Nada do que acontece nos ditos graus superiores pode interferir no simbolismo. O contrário sim, pois qualquer obreiro que aspire galgar esses sistemas distintos, necessariamente precisa ser um Mestre Maçom.

14 – Será o Mestre Instalado mais um enxerto na Maçonaria?

R – Da Maçonaria em geral não, todavia poderia assim ser considerado no caso dos Ritos que não possuem tradicionalmente este costume.