março 23, 2024

ARLS LEALDADE E CONSTANCIA -SESSÃO DE EQUINÓCIO DE OUTONO




Sob o estandarte da ARLS Lealdade e Constancia 284 da Glesp, 51 irmãos de 8 cidades participaram na manha de hoje, sábado, da 10a sessão de Equinocio de Outono no Sitio Recanto Por do Sol em Porto Feliz. Em setembro, no mesmo local, é realizada a sessão de Solsticio da Primavera. É uma sessão muito emocionante que resgata as primeiras e históricas sessões da maçonaria.

O Templo, montado de acordo com o REAA  fica sob frondoso arvoredo e sobre o Aquífero Tubarão e numa das laterais o rio. Muitos irmãos descalços para o contato com a mãe Geia,  a terra, como nas ancestrais danças circulares. Os elementos integrados, ar, água, terra e o fogo simbolizado pela elevação do espírito.

Os trabalhos foram muito bem conduzidos pelo experiente e culto VM Ir. Oduwaldo Álvaro  com grande participação dos irmãos enriquecendo com suas participações a sessão. 

O irmão que oferece o sítio para as sessões da Loja, Edjaime de Oliveira proporcionou ao final aos participantes e suas famílias, mais de cem pessoas, o café da manhã, o fartíssimo e delicioso almoço, o bolo dos aniversariantes, ainda houve um bingo beneficente e diversos outros irmãos exibiram seus dotes musicais numa festa que se estendeu até a noite de sábado. 

TEMPLO, LOJA E OFICINA - Reinaldo Crocco Júnior


Em que pese a riqueza de que se reveste o vocabulário da língua portuguesa, é sabido que não existem palavras absolutamente sinônimas, porque isso, além de não ter objetivo, acomodaria o homem à lei do menor esforço. Se analisarmos, por exemplo, os vocábulos: trono, poltrona, sofá, divã, banco, banqueta, cadeira; veremos que se tratam de peças de mobiliário destinadas ao mesmo fim, tendo, porém, cada uma delas, características próprias.

Situações existem em que os vocábulos “Templo”, “Loja” e “Oficina” são empregados como sinônimos, já que é comum ouvirmos expressões como “convidamos o prezado irmão para visitar nosso templo” ou “visitar nossa loja”, ou então “visitar nossa oficina”. Rigorosamente, porém, Templo, Loja e Oficina têm, dentro da simbologia maçônica, significados completamente diferentes, que devem ser perfeitamente conhecidos por todos os irmãos.

O vocábulo “Templo” tem para nós um significado de coisa concreta, material. Quando dizemos Templo Maçônico, referimo-nos ao edifício ou parte dele, no qual funciona uma Loja ou Oficina. É também bastante comum entre nós o uso das expressões “Loja” e “Oficina”, como palavras sinônimas, o que, à evidência, não corresponde à verdade.

À luz do rigor maçônico, “Oficina” é termo genérico, designativo de qualquer agremiação ou assembleia maçônica em seu círculo de trabalho. “Loja” é o vocábulo que deve ser utilizado para designar determinadas agremiações de maçons, como no simbolismo e em alguns casos do filosofismo (por exemplo, as Lojas de Perfeição). Dessa forma, toda Loja é uma Oficina, mas nem toda Oficina é uma Loja.

“Loja” é termo designativo de reunião litúrgica. “Oficina” é expressão definidora de reunião ou representação administrativa. A Loja é dirigida pelo Venerável e Vigilantes, ao passo que a Oficina é dirigida pelo Venerável, Orador e Secretário.

Pode-se dizer, em função disso, que a Loja tem um Venerável e a Oficina um Presidente que, incidentalmente, são a mesma pessoa. Isso se verifica porque o Venerável é autoridade litúrgica e o Presidente é autoridade administrativa. Com base nesse princípio, há uma tendência a distinguir as “luzes litúrgicas” (Venerável e Vigilantes) das “luzes administrativas” (Venerável, Orador e Secretário).

Ainda pode-se afirmar que Loja é uma Oficina em trabalho litúrgico, razão pela qual um profano pode ver o Templo e a Oficina (festas brancas, por exemplo), mas não pode ver uma Loja. A Oficina pode reunir-se a descoberto para resolver assuntos administrativos, prestar homenagens, festejar efemérides, etc.; a Loja só pode instalar seus trabalhos a coberto.

Eis porque, meus irmãos, no início dos nossos trabalhos o Venerável Mestre determina ao 1ª Vigilante que se certifique de que o Templo está coberto e depois verifique se todos os presentes são maçons.

Estando o Templo coberto, sendo todos os presentes maçons e estando regularmente constituída é que a Loja pode dar início aos seus trabalhos, invocando o auxílio do Grande Arquiteto do Universo. Transforma-se, pois, a Oficina em Loja Maçônica e, a partir desse momento, passam a ser desenvolvidos os trabalhos litúrgicos.

Nota-se, pois, que os vocábulos “Loja” e “Oficina” têm significados completamente distintos e todos os maçons devem conhecê-los plenamente, à luz da simbologia da Arte Real.

A FILOSOFIA DENTRO DA MAÇONARIA - H. L. Haywood


O que é tudo isto? Esta foi uma pergunta que eu me fiz muitas vezes durante a minha iniciação. É uma pergunta que você, sem dúvida, também fez a si mesmo, e por ela todos somos moldados até o fim do Terceiro Grau. A linguagem do ritual, imponente e bonito como ele geralmente é, é para a maioria de nós um discurso “misterioso”; e as instruções e a ritualística são igualmente confusas para o neófito. Por isso é que fazemos a pergunta, “O que é tudo isto?”.

Depois de nos familiarizarmos com o ritual e ter aprendido alguma coisa sobre o seu significado, descobrimos que a própria Fraternidade, como um todo, e não apenas uma parte ou detalhe mais misterioso, é algo quase demasiado complexo para se entender. Com o passar do tempo o Maçom fica tão acostumado com o ambiente da Loja que ele se esquece da sua primeira sensação de estranheza, mas mesmo assim ele ouve de tempos em tempos coisas sobre antiguidade, a universalidade e a profundidade da Maçonaria; ouve conversas sobre o seu lugar na história e no mundo, e isso fá-lo sentir que, apesar de toda a sua familiaridade com a Loja, ele pouco sabe sobre a Fraternidade Maçônica na sua totalidade.

O que é a Maçonaria? O que é que está a tentar fazer? Como veio a ser? Quais são os seus ensinamentos centrais e permanentes? É para responder a estas perguntas — e estas perguntas passam pela mente de quase todos os Maçons, porém ele pode ficar indiferente a elas — que a filosofia da Maçonaria existe. Para entender “O que é tudo isto”, no seu conjunto, e não em partes, devemos aprender sobre a filosofia dos nossos mistérios.

O indivíduo que ingressa na Maçonaria torna-se herdeiro de uma rica tradição; a iniciação que lhe permite o acesso aos mistérios não é algo que o capacitará num dia, e ele vai aprender pouco se nenhuma tentativa fizer de se aprofundar nos seus ensinamentos. Ele deve aprender um pouco da história da Maçonaria; das suas realizações nas grandes nações; dos seus professores excelentes, e o que eles têm ensinado; das suas ideias, princípios, espírito.

A Iniciação por si só não confere este conhecimento (e não poderia): o próprio iniciado deve esforçar-se para compreender as riquezas inesgotáveis da Ordem. Ele deve descobrir os propósitos maiores da Fraternidade a que pertence.

Não há uma interpretação pronta para o que é Maçonaria. O irmão recém-iniciado não encontra à sua espera um ritual leia-e-aprenda. Ele deve pensar o que é a Maçonaria por si mesmo. Mas pensar o que é Maçonaria por si mesmo não é tarefa fácil. Isto requer que o neófito a veja pelas suas próprias perspectivas; que se conheçam os principais contornos da sua história; que se saiba como ela realmente é, e o que está fazendo; e entender como ela foi entendida pelos seus próprios pelos seus membros nos seus primórdios. Não é fácil de fazer isto sem orientação e ajuda, e é para dar esta orientação e ajuda que esta série foi escrita.

Há ainda outra razão para o estudo da filosofia, ou, como nós aqui preferimos dizer, os ensinamentos da Maçonaria. A nossa Fraternidade é uma organização mundial com Grandes Lojas praticamente em todas as nações. Para sustentar, gerenciar e promover tal sociedade custa ao mundo somas incalculáveis de dinheiro e esforço humano. Como pode a Maçonaria justificar a sua existência? O que fazer para reembolsar o mundo com os seus próprios recursos? De uma forma ou de outra, estas perguntas são feitas a quase todos os membros, e cada membro deve estar pronto para dar uma resposta verdadeira e adequada. Mas para dar tal resposta exige-se que ele tenha entendido os grandes princípios e estar familiarizado com os contornos das realizações da Arte, e isso novamente é um dos propósitos do nosso filosofar sobre a Maçonaria.

Como podemos chegar a uma filosofia da Maçonaria? Como podemos aprender a interpretação autêntica dos ensinamentos da Maçonaria? Qual é o método pelo qual aquele que não é nem um estudioso geral, nem um especialista maçônico pode ganhar alguma compreensão abrangente da Maçonaria como foi dito nos parágrafos anteriores? Em resumo, como pode um homem “chegar a ela”?

Uma forma de “chegar a ela” é ler uma ou duas boas histórias maçônicas. Não há necessidade de entrar em detalhes ou ler sobre as várias questões colaterais de interesse meramente histórico; isso é para o estudante profissional. Esta leitura e apenas para obter a tendência geral da história e para capturar os eventos pendentes; para saber o que a Maçonaria tem realmente realizado no mundo e receber um insight sobre os seus propósitos e princípios; para, como qualquer outra organização, ver revelado o seu espírito através das suas ações. A partir de um conhecimento do que a Ordem tem sido e o que ela fez no passado pode-se facilmente compreender a sua própria natureza presente e princípios, e entender por que Maçonaria nunca teve necessidade de romper com o seu próprio passado! A Maçonaria de hoje não nega a Maçonaria de ontem. O seu carácter resulta claramente da sua própria história como uma montanha se destaca acima de uma névoa; e que sempre tem sido, pelo menos num grande caminho – é agora, e sem dúvida sempre será.

Esta mesma história constrói-se incessantemente, sempre se renovando e formando. Acontece no dia a dia, e o processo mantém-se aberto a todos, pois, afinal de contas, não há muito que se esconder sobre a vida rica e incansável da Fraternidade; na verdade, esta vida está constantemente revelando-se em todos os lugares. Grandes Lojas publicam os seus Anais; homens que exercem as funções ativas de escritórios maçônicos fazem relatórios dos seus funcionamentos; estudiosos da Arte escreverem artigos e publicam livros; Oradores maçônicos entregar incontáveis discursos; conferências maçônicas especiais, qualquer que seja a sua natureza, publicam os temas discutidos; a maioria dos eventos mais importantes está presente nos jornais diários; há dezenas e dezenas de jornais maçônicos, boletins e jornais, semanais, mensais e bimestrais, e há muitas bibliotecas, clubes de estudo e de sociedades científicas em todos os lugares se esforçando com zelo incansável para tornar claro aos membros e profanos “o que é tudo isto.” Assim, verifica-se que para aprender isso por si mesmo não é necessário que uma definição de Maçonaria ouvida por um irmão seja o fim da linha; ele pode (e deve) pesquisar sobre o tema, ouvir outros irmãos, e ler um pouco, e, assim, formar as suas próprias conclusões. Para saber quais são estes ensinamentos não é necessário nenhum talento raro, nenhum “conhecimento interno”, mas apenas um pouco de esforço, um pouco de tempo.

Para o neófito do mundo maçônico parece muito confuso, é tudo tão multifacetado, tão longínquo, tão misterioso; mas isso, afinal de contas, não precisa de o assustar e impedi-lo de uma tentativa de entender esse mundo com uma visão abrangente, e perceber que toda a Maçonaria gira em torno de algumas grandes ideias. Compreender estas ideias por sua vez, é o que torna mais familiar para um Maçom palavras tais como “Fraternidade”, “Igualdade”, “Tolerância” etc., etc., de modo que o mais jovem Aprendiz não precisa ter nenhuma dificuldade no seu entendimento. Se ele chegar a elas, e se ele aprende a compreendê-las como maçons devem entendê-las, elas vão ajudá-lo muito para conquistar essa visão abrangente e inclusive do que chamamos de filosofia da Maçonaria.

Nada foi dito ainda dos grandes mestres da Maçonaria. No passado tínhamos Anderson, Oliver, Preston, Hutchinson etc.; depois vieram os filósofos da meia-idade, Pyke, Krause, Mackey, Drummond, Parvin, Gould, Speth, Crawley e outros; e nos nossos dias Waite, Pound, Newton etc., etc. Nas obras destes homens as grandes e simples ideias da Maçonaria tornaram-se luminosas e inteligíveis, de modo que podemos ler e compreender o que dizem.

Além disso, o Maçom deve estudar as leituras e instruções incorporadas ao ritual de todos os ritos e graus, sendo estes instrumentos interpretativos uma parte da própria Arte. Nenhum deles é infalível – mas mesmo quando se afastam do significado original dos nossos símbolos são sempre valiosos em revelar as ideias e os ideais das pessoas de que se originaram e que deles fizeram uso.

Isto é para mostrar por que nós devemos esforçar para fazer da nossa própria mente uma filosofia da Maçonaria, e de quantas maneiras pode-se chegar a essa filosofia. Mas cuidado. O estudo da filosofia da Maçonaria não é o estudo da filosofia maçônica; o estudante maçônico como tal, pode vir a ter pouco interesse em Platão e Aristóteles, no neoplatonismo, misticismo, Escolástica, racionalismo, idealismo, pragmatismo, Naturalismo etc. Na Maçonaria há sinais de cada um desses e de outros sistemas filosóficos principais, sem dúvida, mas não existe essa coisa de filosofia maçônica, da mesma forma que não existe religião maçônica. Falamos de uma filosofia da Maçonaria no mesmo sentido que falamos de uma filosofia de governo, ou da indústria, ou arte, ou ciência. Queremos dizer que se estuda a Maçonaria, da mesma forma ampla, esclarecida, inclusiva e crítica, da mesma forma em que um economista estuda a política de um governo ou um astrónomo estuda as estrelas.

Seria uma coisa abençoada se um maior número dos nossos membros deixasse de lado os assuntos administrativos e, muitas vezes mesquinhos da sua própria Loja, a fim de olhar com mais frequência para estes princípios profundos e sábios que estão para a nossa Fraternidade assim como as leis da natureza estão para o universo.


março 22, 2024

O PAPEL DA ASTRONOMIA NA MAÇONARIA - T. Ferreira




A astronomia foi-me apresentada (editado), juntamente com mais outras seis artes liberais. Este foi o tema por mim escolhido, dado que continuamente me senti curioso por esta arte. Sempre gostei do estudo dos astros e de outras ciências que se desenvolveram a partir da astronomia.

Em minha opinião, a astronomia foi uma ciência basilar na história de Portugal, pois durante a época dos descobrimentos esta ciência tornou- se imprescindível, com a nossa época de ouro, no descobrimento de novos mundos, tendo-nos tornado uma potência mundial, à época, e, por essa via, dado novos mundos ao Mundo.

A astronomia é uma das mais antigas ciências, que proveio da astrologia, principalmente a sua constituição, as suas posições relativas e as leis dos seus movimentos ou seja, o Universo.

É do conhecimento geral que, desde que o homem é homem ou, mesmo até antes de se reconhecer como tal, já observava o céu e buscava nas estrelas a explicação para a sua vida e para as situações que nela ocorriam. O objectivo destas observações era a de encontrar razões ou motivos para a sua sobrevivência ou melhoria da sua própria condição de vida.

Na minha pesquisa sobre este tema cedo me surgiram questões, relacionando a astronomia com a astrologia. Astrologia, pelo seu significado, também do dicionário da Porto Editora, aponta-nos este conceito como um substantivo feminino, tendo a seguinte definição: “estudo das posições e características dos astros no sentido de determinar a sua influência no destino e no comportamento das pessoas, bem como em fenómenos naturais”. Ou seja, no meu entender, uma não existiria sem a outra, e tentar perceber os contributos da astrologia para a astronomia seria uma questão para um outro desafio.

Vou partir do principio de que antes da astronomia ser astronomia, teve de haver estudos sobre os astros, contudo estes não eram feitos de forma científica, mas esotérica e especulativa. Eventualmente, percebeu-se que a energia do Sol influenciava o ser humano, mas só mais tarde os estudos sobre a influência dos astros nos comportamentos e na conduta humana haveriam de ganhar a credibilidade que actualmente a comunidade científica lhe confere.


Presentemente, a astronomia é uma continuação da astrologia, tal como a química o é da alquimia e a medicina o é dos curandeiros e dos sacerdotes, etc. No processo de cientificação de certas áreas do conhecimento, deu-se aquilo que em filosofia se designa por rupturas epistemológicas, ou seja: o conhecimento testado, sistematizado e validado pela comunidade científica vai afastando gradualmente o conhecimento do senso comum ou mitológico.

Então, e já que a astrologia se encontra na génese da astronomia, e a astronomia estreitamente relacionada com a maçonaria, que importância tem a astronomia na maçonaria, perguntei-me a mim mesmo diversas vezes. E que símbolos relacionados com a astronomia poderemos encontrar nas lojas maçónicas? E que Maçons foram importantes no desenvolvimento desta ciência? São estas três pequenas questões, sobre as quais me irei debruçar no meu trabalho.

Começarei por responder à segunda questão. Que símbolos da astronomia poderemos encontrar numa loja maçónica? Comecemos pela entrada. As duas Colunas que nos remetem para o templo de Salomão estão situadas simbolicamente a Ocidente, um dos quatro pontos cardeais. Sendo os pontos cardeais a forma mais antiga de orientação, foi certamente estudada pela astronomia.

Entramos, e o que vemos à nossa frente? A lua do lado esquerdo no Oriente e o Sol do lado direito. Dois astros estudados pela astronomia. No lugar do Orador vemos um planisfério celeste, obra de muito estudo astronómico, e no lugar do Secretário um planisfério terrestre. O planisfério celeste é fruto de muito estudo astronómico, pois permite-nos estudar e reconhecer as estrelas e constelações que conseguimos visualizar da Terra. O seu antecessor foi o astrolábio, instrumento de navegação para medir a altura dos astros no horizonte, que foi fundamental na navegação marítima até ao séc. XVIII.

Sendo que a astronomia estuda, não só, mas também, o sistema solar, e o planeta Terra faz parte do sistema solar, fará todo o sentido estabelecer a ligação entre o planisfério presente na mesa do Secretário com a astronomia.

Está descrito na decoração da loja, no Ritual de Aprendiz, que a Loja ou Templo, está coberto por um tecto azul com estrelas que formam grande número de constelações. Aqui temos outro exemplo do esplendor da astronomia em simbologia maçónica. Por último, mas nunca subtraindo o seu grau de importância, temos na mesa do Venerável Mestre a Estrela Flamejante. Não será por acaso que este símbolo tem o nome de estrela. Estrela é fonte de luz, que por sua vez simboliza conhecimento e sabedoria – qualidade atribuída ao Venerável Mestre, tema igualmente estudado pela astronomia.

Passando para a resposta à terceira pergunta, na minha pesquisa encontrei dois Irmãos Maçons que tiveram o seu trabalho profano ligado à astronomia. São eles Pierre Simon Laplace, matemático, físico, filósofo e astrónomo francês; e Jérôme Lalande, astrónomo francês. Este último, menos conhecido, foi director do observatório de Paris, em 1793, sendo também o Primeiro Venerável da Loja “As 9 Irmãs”.

Já Laplace, ficou imortalizado na matemática com o teorema de Laplace, mas é responsável pela mudança da visão conceptual do universo. Foi Laplace quem mais desenvolveu conhecimentos sobre o sistema solar através da compilação dos seus antecessores, e realizando um trabalho de cinco volumes, denominado mecânica celeste, onde organiza a astronomia matemática. Este trabalho veio a originar um ramo da astronomia onde se estuda os movimentos dos corpos celestes, sendo a principal força determinante dos movimentos celestes a gravitação.

Esta ciência está intimamente ligada à astronáutica, onde o primeiro e segundo homem a pisar a lua, Neil Armstrong e Edwin Aldrin foram também Irmãos Maçons.

No sentindo de finalizar, e passando para a minha terceira pergunta, a maçonaria por meio de Irmãos Maçons teve um papel fundamental no desenvolvimento da astronomia, na qual o nosso irmão Pierre Laplace foi um dinamizador desta ciência, sendo que, graças à sua investigação, deu origem ao estudo da astronáutica, permitindo ao homem conquistar a Lua.

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PITÁGORAS


Pitágoras foi o primeiro dos grandes mestres da Grécia antiga. Nascido em 570 a.C., ele tornou-se um dos filósofos e matemáticos mais conhecidos da história.

Criando a Irmandade Pitagórica, seus ensinamentos influenciaram muitos, incluindo Sócrates, Platão e Aristóteles.

Os iniciados na Escola Pitagórica cumpriam regras de lealdade e silêncio. A escola praticava rituais de purificação através do estudo de Geometria, Aritmética, Música e Astronomia.

Os ensinamentos de Pitágoras giravam em torno da ideia de que, quando se considera o nível mais profundo, os números constituem a essência de todas as coisas.

Os Pitagóricos acreditavam que o mundo era governado pelas mesmas estruturas matemáticas que governam os números pois eles simbolizavam a harmonia. Essa harmonia ou ordem eles perceberam analisando os astros e a natureza. Para eles o Cosmos é organizado através de uma ordem matemática e a prova disso são os movimentos perfeitos das estrelas, as mudanças de estações e a alternância entre o dia e a noite. Assim como o dia e a noite, existem diversos opostos no mundo, o que concilia a oposição entre eles é o princípio da harmonia e o princípio da harmonia é regido pelos números.

Quando perguntado por que ele viveu como um "filósofo" em vez de um especialista em qualquer uma das artes clássicas, Pitágoras respondeu: — "Alguns são influenciados pelo amor à riqueza, enquanto outros são levados pela febre louca por poder e dominação, mas o melhor tipo de homem se entrega à descoberta do significado e propósito da própria vida. Ele procura descobrir os segredos da natureza. Este é o homem que eu chamo de filósofo, pois, embora nenhum homem seja completamente sábio em todos os aspectos, ele pode amar a sabedoria como a chave para os segredos da humanidade. 



OUTONO ESTÁ DE VOLTA - Newton Agrella


Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O homenageado desta semana é o irmão Newton Agrella, polímata e poliglota, de São Paulo. 

Se  você olhar a seu redor, perceberá que aqui no hemisfério sul, as árvores começam a perder toda a sua majestade recheada de verde ou de outros tons por todos os seus galhos. 

O chão em contrapartida, vai ganhando um tapete natural.

É  "Tempus Autumnus", ou seja; expressão que o português herdou do latim, que significa 

 “tempo do ocaso”. 

O substantivo "ocaso" normalmente faz referência ao "pôr do sol".

Contudo, "autumnus" em latim, originariamente encerra em seu radical o significado de queda, declínio, término ou fim.

Semanticamente porém, na língua portuguesa, assim como em outras linguas, a expressão por analogia, fazendo um comparativo do final da estação do ano marcada pelo calor, e com o relativo declínio de temperaturas, bem como da queda das folhas das árvores,  acabou ganhando o nome de "Outono".

Interessante que em Inglês, adotaram-se duas formas de se referir a esta estação do ano:

Autumn  (origem latina)

e

Fall  (origem anglo saxônica)

Lembrando que a palavra FALL  em Inglês quer dizer "queda" e o verbo "to fall" significa "cair".

Outono ocupa seu espaço no ano, entre o Verão e o Inverno.

Caracteriza-se pela ocorrência do Equinócio de Outono, fenômeno natural em que os dias e as noites possuem o mesmo tempo de duração.

No Hemisfério Sul essa agradável estação tem início entre os dias 20 e 21 de Março, estendendo-se até 

entre os dias 20 ou 21 de Junho, com o advento do solstício de inverno.

Possa este nosso Outono de *2024* da era vulgar,  que ora se inicia, notabilizado pelos seus típicos ventos mais acentuados,  contribuir para soprar todos os os males e vicissitudes que tem assolado a Terra ultimamente e renove a alma e a consciência humana com ventos amplanente favoráveis 

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA - Andre Naves

                


                             Inovação tecnológica: construindo templos à Virtude ou                       aprofundando abismos viciosos?


A história da humanidade é marcada por avanços tecnológicos que moldaram nosso mundo de maneiras profundas e muitas vezes imprevisíveis. Atualmente, vivemos em uma era onde as inovações tecnológicas têm o potencial de impulsionar o desenvolvimento individual e social como nunca antes visto. Este fenômeno é amplamente reconhecido por instituições globais como o Fórum Econômico Mundial, o qual destaca a importância da tecnologia na transformação dos modelos de negócios e na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, ressalta em seus discursos e publicações a necessidade de adaptação e aproveitamento das novas tecnologias para promover uma sociedade mais inclusiva e sustentável. Além disso, relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) destacam como a tecnologia pode ser uma aliada na busca pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, contribuindo para a erradicação da pobreza, a promoção da saúde e o combate às desigualdades.

Um exemplo inspirador desse potencial transformador é o trabalho do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Suas pesquisas têm mostrado que doenças como Parkinson e impedimentos físicos como a paraplegia estão cada vez mais próximos de serem superados graças aos avanços da tecnologia, como interfaces cérebro-máquina e próteses neurais. Essas conquistas representam não apenas avanços científicos, mas também uma nova esperança para milhões de pessoas em todo o mundo.

Além disso, plataformas como o ChatGPT exemplificam como a inteligência artificial pode ser uma ferramenta poderosa na construção e no desenvolvimento de novas ideias para o desenvolvimento social da humanidade. O ChatGPT, ao fornecer informações, insights e sugestões, pode ajudar a democratizar o acesso ao conhecimento e estimular a criatividade em diversos campos, desde a educação até a resolução de problemas sociais complexos.

No entanto, é importante reconhecer que essas inovações também apresentam desafios significativos. O recente dossiê elaborado pela OXFAM destaca os riscos de aprofundamento da miséria e da desigualdade em um mundo cada vez mais tecnológico. Sem uma base ética sólida, as novas tecnologias correm o risco de serem utilizadas como instrumentos de opressão, em vez de emancipação, exacerbando as disparidades sociais e econômicas.

É que sem essa base ética, as novas tecnologias serão utilizadas como grilhões para grande parcela da humanidade, embotando ainda mais as suas possibilidades de desenvolvimento e emancipação e aprofundando as masmorras em que eles se encontram trancafiados.

Por isso, para que as tecnologias sejam verdadeiramente impulsionadoras da emancipação cidadã de toda a humanidade, é necessário que sejam coordenadas com um conjunto de princípios e valores fundamentais, enraizados nos Direitos Humanos. Estes princípios incluem a defesa da vida, da liberdade, da segurança, da propriedade e da igualdade, que são essenciais para o desenvolvimento pleno e digno de cada indivíduo.

Ou seja, os Direitos Humanos são aqueles decorrentes dos cinco direitos fundamentais que nos fazem humanos, a saber: Vida, isto é, a possibilidade de existir, e não meramente sobreviver, desenvolvendo as características individuais mais intrínsecas; Liberdade, isto é, a possibilidade de ter convicções, se locomover e se portar de acordo; Segurança, que vai além do importantíssimo combate à criminalidade, mas também diz respeito à satisfação das necessidades básicas humanas (segurança alimentar, segurança hídrica, segurança sanitária, segurança educacional...); Propriedade, que diz respeito à tudo o que é próprio ao ser humano (seus bens, seu trabalho, suas convicções, suas tradições e modos de vida...); Igualdade, isto é, a equivalência de possibilidades para o desenvolvimento das capacidades individuais e sociais.

Neste contexto, a Maçonaria emerge como uma instituição que promove valores como trabalho, força de vontade e disciplina, fundamentais para orientar o uso ético e responsável das novas tecnologias. Ao aprofundar o estudo e a prática desses valores, a Maçonaria pode contribuir para criar as condições necessárias para um verdadeiro bem-estar social, baseado no trabalho e na emancipação humana.

Em suma, a inovação tecnológica tem o potencial de ser emancipadora, mas apenas se for guiada por princípios éticos e valores humanos fundamentais. Ao integrar esses valores na concepção, desenvolvimento e uso das tecnologias, podemos garantir que elas sirvam como ferramentas para promover a dignidade, a igualdade e o bem-estar de toda a humanidade.

Em outras palavras, para que não sejamos ainda mais flagelados e escravizados pelo uso antiético das tecnologias, precisamos que seu uso seja baseado no princípio ético da emancipação humana!

A inovação tecnológica, portanto, para ser emancipadora há de ser maçônica!




março 21, 2024

A COR AZUL NO AVENTAL DE MESTRE- Peri Silveira

Seguidamente têm ocorrido questionamentos sobre quando e como apareceu pela vez primeira, no Brasil, a cor azul, com primazia, no avental do Mestre Maçom no Rito Escocês Antigo e Aceito.

Sabe-se que, em âmbito nacional, são encontrados aventais, dependendo da Obediência, com a preferência da cor vermelha, caso dos Grandes Orientes Estaduais, e, de outra forma, na cor azul, embora diferenciados entre si, caso das Grandes Lojas e do Grande Oriente do Brasil. 

A quase totalidade dos autores maçônicos pátrios afirmam, de forma peremptória, que, no Brasil, o avental de Mestre Maçom do R.E.A.A. tomou a cor azul em l927, quando por ocasião da cisão no Grande Oriente do Brasil e consequente criação das Grandes Lojas Estaduais Brasileiras. Para alguns desses autores, entre eles o Ir. José Castellani, “tudo” teria AZULADO por obra e graça do Ir. Mário Behring, o qual assim teria feito visando obter o beneplácito da Grande Loja Unida da Inglaterra para as novéis obediências (Grandes Lojas) em detrimento do Grande Oriente do Brasil. Teria assim o Ir. Mário Behring “Yorquizado” o Rito Escocês. Segundo esses autores, o Ir. Behring teria AZULADO tudo ao “fazer” o “novo” Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito para as Grandes Lojas, cujas primeiras impressões aconteceram em l928.

Causa espécie que estes ilustres e estudiosos autores, aparentemente, não tenham lido até agora (seria concebível tal fato?) os Rituais de Mestre Maçom das Grandes Lojas, os editados em 1928, e que teriam sido de autoria do Ir. Mário Behring, posto que nesses rituais consta expressamente que “qualquer que seja a cor da orla, entre esta e as franjas, correrá um estreito cordão vermelho”, afirmando, em continuidade, que o vermelho é a cor do rito. Ora, então é bem constatável que o Ir. Behring ainda havia deixado muita coisa de vermelho, sem ter, portanto, “azulado” totalmente.   Diga-se de passagem, que o ilustre pesquisador, Venerável Irmão Kurt Prober, além de responsabilizar pessoalmente o Ir. Behring pela Cisão de 1927, não o perdoa por ter introduzido o “tal ESTREITO CORDÃO VERMELHO” (A Bigorna nº 136, setembro/1992) no já referido avental. Registre-se que nos dias atuais somente a Grande Loja Maçônica do Estado do Rui Grande do Sul mantém o Avental de Mestre Maçom azul com o “estreito Cordão Vermelho.

Como se verifica, o saudoso Ir. Mário Behring sofre, de um lado, a acusação de, em 1927/28, ter azulado o Rito Escocês e, de outro, haver avermelhado o mesmo.

Todavia, voltemos ao cerne da questão, ou seja, de quando e como a cor azul apareceu, predominantemente, no avental do Mestre Maçom no Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil.

A resposta, à primeira vista, em se valendo das afirmativas acusatórias ao Ir. Behring, teria ocorrido em 1927, excluindo-se dessa colocação o Ir. Prober. Este venerável e venerando Irmão expende entendimento de que, como no Ritual utilizado pelo GOB em 1834 não havia a descrição da cor da orla, é PRESUMÍVEL que a cor era azul (A Bigorna Nº 137, novembro/1992), afirmando, ainda, este ilustre pesquisador que em 1834 no Ritual do GOB era “TUDO AZUL” e a partir do fim de 1834 no Gr. Or. do PASSEIO passou a ser “TUDO VERMELHO” (sic). Reforça o Ir. Prober que o primeiro Ritual Escocês do GOB somente foi impresso em 1857, sendo cópia fiel daquele de 1834, não especificando, por isso (pág. 80), a cor do orlado do avental, continuando, segundo ele, tudo azul. Em razão disso, pensamos, a crítica acerba ao Ir. Behring, eis que este, em 1927/28, teria feito a inclusão do “estreito cordão vermelho”, além de, como já visto, haver ensejado a Cisão no GOB.

Entretanto, retornando um pouco no tempo, fixemo-nos no ano de 1889. Nesse ano – 5.889 (V.L.) – foi editado o Guia dos Trabalhos Symbolicos do Rito Escossez Antigo e Acceito para Uso das OOff. D’Este Rito da Jurisdição do Gr. Or. E Supr. Cons. Do Brasil ao Valle do Lavradio (redação da época), constando neste a azulação impingida ao Ir. Behring, senão vejamos.

Tal Ritual, ao tratar do Terceiro Grau, previa na página 129, em se referindo às insígnias, que o avental do Mestre Maçom é branco, forrado e ORLADO DE AZUL, tendo uma roseta da mesma cor no centro e abeta descida. Constata-se, ainda, através do próprio ritual, que era Soberano Grão-Mestre e Grande Comendador da Ordem Maçônica no Império do “Brazil” o Senador Visconde Vieira da Silva e não o Ir. Mário Behring, cuja ascensão ao posto maçônico referido somente aconteceria algumas décadas após.

Cumpre observar, outrossim, que a impressão do Guia Escocês pelo GOB em 1889, se deu tão somente após 14 anos após o já muito falado Congresso de Lausanne, Suíça, ocorrido em 1875, dos Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e Aceito, o qual teria apregoado a uniformização, na cor vermelha, do avental do Mestre Maçom. Desde já algumas questões se apresentam decorrentes de tal observação: se houve uma tentativa de uniformização, quer isto dizer que havia disparidades nas cores do referido avental (e não no Brasil, pois ao que se sabe, em 1875, aqui o avental era vermelho); e mais, por que o GOB/Supremo Conselho do Brasil, em tão pequeno lapso de tempo (14 anos após), efetuou a troca do vermelho para o azul; teria ou não esta Obediência participado do referido Congresso? Segundo José Castellani, in “O Rito Escocês Antigo e Aceito”, pág. 80, 1ª Ed., 1988, Ed. A Trolha, não houve participação no referido Congresso pelo Supremo Conselho do Brasil. De outra banda, conforme se verifica na leitura da revista ASTREA Nº 21, Ano VII, 1996, pág.10, teria ocorrido tal participação. Vê-se, pois, que, sem dúvida, alguma dessas duas fontes está  equivocada.

Muito embora tais indagações, as quais devem, no futuro, oportunizar as respectivas respostas (atualmente se tem informação pelos registros daquele Congresso que Castellani tinha razão eis que o Supremo Conselho do REAA do Brasil não se fez presente), cremos que podemos afirmar que, pelo menos de forma e fonte segura, a cor azul apareceu pela vez primeira no avental de Mestre Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito, no Brasil, em 1889, não sendo, portanto, de autoria do sempre lembrado Ir. Mário Behring.

Cabe, por final, observar, ainda, que praticamente em todas as leituras que fizemos sobre rituais brasileiros, os autores (e abalizados autores) praticamente olvidam esse Ritual do GOB de 1889, fazendo, quando o fazem, rápidas considerações sobre o mesmo, deixando, por vezes a impressão, e queremos que seja falsa a nossa impressão, de que o assim o fazem porque o mesmo é a prova cabal da AZULAÇÃO já anteriormente 


Nota: Este artigo foi escrito em 1998, revisado para publicação em maio de 2000 na revista “ACÁCIA” n° 59, jul/ago/2000, de Porto Alegre - RS.

Nova revisão em julho de 2015, para alguns ajustes redacionais.

DIA MUNDIAL DA POESIA - Adilson Zotovici



Há 25 anos, na data de 21de Março, comemora-se o

DIA MUNDIAL DA POESIA


Parabéns aos irmãos poetas pela contribuição cultural com seus poemas e aos leitores e apreciadores que interagem.


SONETO À POESIA

Fala  do cravo,  da rosa 

Da  tristeza, da alegria,

Seja  em  verso  ou  prosa,

D’alma, é  fotografia !


Tal qual pedra preciosa 

A todo ser inebria

Brinda a mulher que  formosa

Sentimento que  alumia !


Bem clara ou nebulosa

Da sutil à escandalosa,

Recitada ou melodia...


Tem aquela religiosa,

A engraçada, amorosa,

Mas sempre ela...*poesia* !




MAÇONARIA E REDES SOCIAIS - UMA REFLEXÃO - Antonio Carlos Bloes




Recente publicação dá conta de pesquisa feita na Universidade de Pittsburgh [1], com quase dois mil adultos redes americanos, de idade entre 19 e 32 anos, revelando que, quanto mais tempo as pessoas passam navegando por plataformas como Twitter, Facebook, Instagram, Linkedin, WhatsApp e outras, maiores são as chances de elas experimentarem uma sensação de isolamento social.

Este é um fenómeno observado, desde a década de 1990, quando estudos começaram a constatar o chamado “paradoxo da internet”, ou seja, a contradição entre a extrema facilidade de se manter contacto virtual com tanta gente, por intermédio das redes, e a “ausência real de contacto humano”. Ou seja: mais tempo “online”, menos tempo no mundo real.

É compreensível, mesmo ao leigo, esta relação direta entre o aumento do uso da Internet e o isolamento. Algumas pesquisas constataram que essa prática, também, aumenta a sensação de angústia, ansiedade, inveja, frustração e stress, o que torna a coisa toda um problema de saúde; contudo, as conclusões desses estudos, também, apontam para o facto de que os malefícios advindos do uso das redes dependem da forma como os usuários se envolvem com essas plataformas. O que se poderia afirmar, com alguma segurança, é que, se alguém utiliza as redes, para estimular e aumentar contatos reais com outras pessoas, isto será sempre saudável, do ponto de vista individual e social.

De todo modo, esta não é uma questão simples. Ao contrário, é complexa demais, para ser tratada neste artigo, mesmo porque o mérito desta questão não é o objetivo ora proposto. Também não se cogita, aqui, do uso da comunicação social nas relações institucionais, pois, neste ponto, a ordem e a sua estrutura organizacional utilizam-se das ferramentas e tecnologias, como qualquer outro empreendimento, público ou privado.

O que realmente interessa, neste artigo, é fazer algumas reflexões sobre o uso das redes sociais, pelos Maçons, enquanto Irmãos, e as suas relações com a vida maçónica e, destacadamente, confrontar com as tradições da Fraternidade e da existência necessária da Loja Maçónica, como centro de união e lugar de “encontro real”, entre os seus obreiros.

Neste sentido, deve-se reconhecer, desde logo, o aspecto positivo que as redes sociais proporcionam à Fraternidade Maçónica, dada a rápida interação dos Irmãos entre si e com as atividades da sua Loja e fora dela. Isto vale, especialmente, nas grandes cidades, onde a mobilidade urbana é factor que sempre dificulta encontros presenciais, os quais, por isso mesmo – e quase sempre -, acabam por se restringir às Sessões Maçónicas, ordinárias ou não, e eventos importantes organizados pela Loja no plano maçónico, familiar ou social.

Em algumas plataformas, como é o caso do WhatsApp, esta facilidade de interação, para além do contacto individual, apresenta, pelo menos, duas outras vertentes, bastante comuns entre os membros de uma mesma Loja: a) um grupo específico, para tratar exclusivamente de assuntos afetos à Administração da Loja e do seu quadro de obreiros; e b) um ou mais grupos, onde os Irmãos postam livremente aquilo que lhes parece oportuno, dentro do espírito para o qual esse determinado grupo foi criado. Nestes últimos, a boa camaradagem e mesmo o bom humor são fatores importantes para agregar e manter presente o espírito daquela Fraternidade em particular.

Óbvio que as observações feitas acima não esgotam as possibilidades de uso de tais redes pelos Irmãos de uma Loja, pois, não raro, expande-se e pode interessar a outros tantos membros de outras tantas Lojas, independentemente das suas respectivas Potências, seja elas nacionais ou não. Neste amplo espectro, não seria de todo equivocado reconhecer que as redes sociais, assim utilizadas por Maçons, poderiam reafirmar, na prática, aquele princípio de “universalidade da Instituição Maçónica”, bem como o sentimento de “pertença a uma grande família”, cujos membros, em comum, cultivam os mesmos Rituais, valores e tradições. Está claro, também, que as redes sociais propiciam novos espaços e possibilidades na comunidade maçónica. Além disso, podem, ainda, ser utilizadas para incrementar novas metodologias na produção de atividades culturais e na elaboração de trabalhos doutrinários ou filosóficos, tudo dependendo, apenas, da criatividade dos Irmãos que busquem empregá-las de forma inteligente.

Neste sentido, a Loja “Harmonia e Trabalho” nº 222 iniciou interessante experiência, no campo da produção maçónico-cultural, criando grupos de WhatsApp e de e-mail, para propor e desenvolver pesquisas sobre temas específicos (história da Maçonaria, filosofia, simbologia, doutrina, ritualismo, práxis maçónica, ou mesmo de comentários de lições dos diversos Graus). Cada grupo conta com o seu respectivo coordenador, mas o planeamento da pesquisa e a divisão de tarefas são previamente definidos, de forma que cada um contribua com a parte da pesquisa que lhe cabe e apresente as suas conclusões para debate com os seus pares. A facilidade está em que a apresentação e desenvolvimento dos temas são apresentados, pela comunicação social, aos demais participantes do grupo, para análise, comentários e discussão, até a formatação do texto final. Com isto, as ideias são ordenadamente desenvolvidas, debatidas e compartilhadas por todos, coisa que seria bem mais difícil, caso se tivesse de marcar reuniões presenciais com os integrantes, para apresentação de resultados e o necessário debate antes da conclusão do trabalho.

Enfim, mediante estas metodologias, as redes podem ser mais um importante elemento de integração entre os Irmãos, em torno da valorização da cultura maçónica, preparando ambiente pedagógico para aqueles que vierem a compor, futuramente, os quadros da Loja. Desnecessário dizer que isso orientará melhor as ações do mundo profano, com base no conhecimento mais aprofundado dos princípios da nossa sublime Instituição.

Certamente, esta ideia não é original e deve estar a ser explorada algures. Entretanto, o que importa encarecer é o facto de que estas novas metodologias e ferramentas virtuais se constituem, também, em mais um estímulo para aprofundar os conhecimentos da Fraternidade, a par dos tantos outros métodos tradicionais e ritualísticos que fazem parte da própria essência evolutiva do ensino maçónico.

Para encerrar estas reflexões, cumpre retornar às considerações iniciais acerca da relação, observada por especialistas, entre o uso das redes sociais e o isolamento social. De facto, as redes aproximam as pessoas, mas, como isso ocorre de forma virtual, acaba comprometendo o envolvimento real e afectivo, se mantido apenas naquele nível superficial.

As redes vieram para ficar e são úteis e práticas para manter contatos com velhos e novos amigos, com colegas de trabalho ou com pessoas que sequer conhecemos pessoalmente, tornando tudo e todos mais próximos de nós, como jamais estiveram.

“Porém estamos ajudando menos àqueles que são próximos de nós, não sabemos nomes de vizinhos e pessoas com as quais convivemos, a nossa rede de relação (física) cai, vertiginosamente, quando ainda temos 20 anos (idade considerada como o auge da juventude). Em resumo, estamos a distanciar-nos daqueles que estão pertos, para nos aproximarmos daqueles que estão longe.” [2]

Neste contexto, impossível não cogitar e reafirmar a existência necessária da Loja Maçónica, enquanto “tempo e lugar” de encontro entre Irmãos para aprofundarem, entre si, o conhecimento recíproco, como seres humanos Iniciados na Arte Real. Definitivamente, não se concebe Maçonaria tradicional sem o “tempo espaço” da Loja, onde os Maçons se congregam e trabalham ritualisticamente. Por isso, as Obediências, reconhecidas internacionalmente como regulares, advertem que, embora haja sites nesse sentido (fake Masonary) [3], ninguém poderá ingressar e participar da Maçonaria pela via da internet, pois todo o processo é pessoal e exige a presença, tanto na Iniciação, quanto nas reuniões da Loja. [4]

A essência da Maçonaria é aproximar os “seres humanos”, condição para construir uma fraternidade. Por isso, os primeiros artigos das Constituições dos Franco Maçons, de 1723, prescreveram a tolerância, como virtude elementar e necessária entre pessoas que professam religiões, filosofias e ideias políticas diversas. A Loja tem sido, desde então, o lugar onde os Maçons se encontram e superam as suas diversidades pessoais, porque se reconhecem, simplesmente, como seres humanos. Este é o motivo pelo qual a Maçonaria se deve tornar o centro de união e meio de conciliar, por uma amizade sincera, pessoas que teriam, perpetuamente, permanecido separadas. [5] Esta noção de encontro, que a Loja proporciona aos seus obreiros, é absolutamente fundamental para a existência da Maçonaria. É preciso estar presente, física e espiritualmente, nas reuniões maçónicas, porque é o encontro com outro ser humano que propicia a possibilidade de uma aprendizagem sobre nós mesmos. Nesse sentido, a melhor e mais profunda justificação, que jamais ouvi sobre a verdadeira essência da Maçonaria, talvez esteja nas palavras de Leo Apostel, quando afirma que:

“Os seres humanos, basicamente diferentes – diferentes social e psicologicamente, ideológica e emocionalmente – tentam encontrar-se em nível de intimidade, fora da sociedade civil, num grupo fechado. Estas pessoas chamam a si mesmas de Maçons e utilizam vários Rituais e mitos como instrumentos das suas Reuniões”.

Estas pessoas reúnem-se para uma reeducação, baseada na redução do conhecimento ao puramente humano, para depois retornar ao convício social, com um sentimento de compreensão muito mais rico e fecundo. Esta interação é elementar, porque só é possível relacionar-se com outro quando aprendo a me conhecer e, vice-versa, aprendo mais sobre mim mesmo ao relacionar-me com o outro. É, em presença dos Irmãos, sob os seus olhares, movimentos, ações e palavras que recebo as suas ideias e sou influenciado por elas. Mas isto não retira de mim a minha liberdade e a minha individualidade. Aprimora-me!

A Loja Maçónica foi, é, e sempre será o “espaço” e o “momento” para os Maçons se encontrarem, física e espiritualmente, cultivando as suas tradições obreiras, utilizando-se de praticas rituais, símbolos e mitos, como instrumentos de aperfeiçoamento moral e social. Em Loja, cria-se o ambiente propício para encontrar respostas, que existem em cada um e em todos nós e, assim, evoluir enquanto seres humanos.

E isto, jamais será possível por outra via que não seja presencial, real e não virtual. Aqui, a internet e redes sociais são inócuas e nunca poderão substituir a verdadeira Iniciação e prática maçónicas. Por esta razão, a Maçonaria e as nossas Lojas regulares são, igualmente, um porto seguro, na atualidade, porque é da sua própria essência que haja o encontro pessoal, real e afetivo entre aqueles Iniciados nos seus mistérios, em oposição ao isolamento social, a ansiedade e stress, que o exagerado uso das redes sociais possam eventualmente causar.

Notas

[1] Cf. interessante artigo em HTTPS://www.blink102.com.br/redes-sociais-e-o isolamento-social

[2] Cf. HTTP://www.masonicinfo.com/fakemasonry.htm

[3] Cf. HTTP://www.masonicinfo.com/grandlodges.htm

[4] Cf. Constituições dos Francos Maçons ou Constituições de Anderson de 1723, Ed. Fraternidade, SP – 1982, pág. 50

[5] A Maçonaria – um ensaio filosófico, Ed. Maç. “A Trolha” 1ª. Ed., 1989, Londrina/PR, p. 11.

O QUE SIGNIFICA "AMÉM".

 


A palavra Hebraica אָמֵן também escrita como: Amém, ou Amen, na verdade significa muito mais que tão somente “Assim seja”, ou sinônimo de concordância de pensamento. Composta por três consoantes do AlefBeit (Alfabeto Hebraico), Alef, Mem e Num.

Além dos significados já descritos, é também um acrônimo formado pela primeira letra das palavras Hebraicas “El Melech Neeman”, cuja tradução é: “Deus é Rei e Fiel”. אָמֵן

LENDA (sem rompimento dos graus) - Newton AGRELLA




Estaremos homenageando os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O homenageado desta semana é o irmão Newton Agrella, polímata e poliglota, de São Paulo.


É fato que a Lenda é um dos principais componentes do universo maçônico.

Contudo, respeitando a hierarquia dos graus e sobretudo sem irromper no mérito, no significado e no seu conteúdo deixamos apenas registrado que a "Lenda do 3o.Grau"  -  que constitui-se num dos mais importantes  Landmarks (fundamentos) da Maçonaria, tem tido sua integridade  fielmente respeitada ao longo de sua existência.

Vale registrar que nenhum rito existe na Maçonaria,  em que não sejam expostos os elementos essenciais dessa Lenda.

Porém, no que consiste exatamente uma Lenda ?

A Lenda é uma narrativa, cuja característica mais evidente é a sua transmissão pela tradição oral.

O repertório de uma Lenda obedece uma mescla de episódios e acontecimentos históricos comumente acompanhada de alguns tons e matizes fantasiosos circunstantes a seu tempo e a sua relevância.

Esse caráter um tanto mitológico combina fatos reais e históricos a fatos que  são muitas vezes  produto da imaginação humana, que por vezes quer imprimir um aspecto grandiloquente a um acontecimento. 

Inobstante o caráter relativamente exagerado de que ela se reveste,  uma lenda traz na sua essência uma dose significativa de verdade, o que a torna inegavelmente importante para a legitimação do Conhecimento e para a própria sedimentação cultural.

É  igualmente importante salientar que com exemplos bem definidos

as  Lendas fornecem em inúmeros casos explicações plausíveis, e admissíveis para aquelas coisas que não têm explicações científicas comprovadas, ou para  mistérios que transcendem a compreensão humana. 

Não é nenhuma impropriedade conceituarmos que a Lenda é uma relativa degeneração do mito.

Ao despojarmo-nos de qualquer radicalismo, devemos levar em conta que uma Lenda não é,  e tampouco sugere uma mentira.  

Outrossim, tampouco significa uma verdade absoluta.  

O que se deve levar em conta é que uma história quando se é contada, transmitida e permanece viva na memória das pessoas sempre evidencia um caráter representativo de fatos verídicos que de algum modo tomaram corpo ao longo da História.  

Isso não é um sofisma.  

É sim um atestado de circunstâncias  defendidos e impregnados  na memória humana.

Mesmo com alguns pesquisadores e correntes doutrinárias que se mostram avessas à realidade das Lendas, elas comprovadamente para muitas civilizações são "os livros na memória dos mais sábios".

Eis o porque que a Lenda na Maçonaria possui uma importância inquestionável, pois acima de tudo, ela se traduz como um instrumento de referências e de simbologia do Homem em relação ao Universo que o envolve.

Lenda, Símbolos, Homem  e História são relações íntimas para o entendimento da Vida.



março 20, 2024

LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE. AONDE? - Jarice Braga



O futuro começa agora. 

A Maçonaria está representada em todos os estados brasileiros, em todos os municípios, nas grandes e nas pequenas cidades. Por menor que seja o município, ali existe um templo maçônico, ali existe um Maçom e, onde existir um Maçom, a Maçonaria estará representada. Não podemos mais esperar e ficar de fora dos grandes acontecimentos políticos. Precisamos ocupar nosso espaço. Não podemos ficar de braços cruzados, vendo outros segmentos da sociedade como a Igreja, a OAB, Evangélicos, entre outros, se posicionando corajosamente em todos os assuntos importantes.

Não podemos ficar apenas observando, e distribuindo medalhas e diplomas, com discursos vazios que não chegam a lugar algum.

Não podemos ficar calados em nossos templos, sem revelar ao mundo profano o trabalho e a participação de nossa Instituição.

Vamos falar nessa edição sobre a questão da Liberdade e da Escravidão. homens livres, cidadãos atuantes; pessoas capacitadas para buscar a realização de seu potencial humano; homens e mulheres conscientes e prontos para cumprir e fazer cumprir seus direitos e deveres, jovens com oportunidade de emprego, de estudo e de realização de seus sonhos, enfim, seres humanos com todas as possibilidades de viver uma vida plena, com Liberdade, justiça e dignidade.

Escravidão é o contrário de tudo isso. Quem acredita que a escravidão acabou com a Lei Aurea de 1888 está totalmente desinformado. No Brasil do ano 2024, ainda existe trabalho escravo, e quem diz isso é o Ministério da Justiça, e o do Trabalho... Ainda existem muitos maçons e famílias desempregadas. No mundo do ano 2024, bilhões de pessoas (homens, mulheres, jovens, crianças de todas as cores) nascem e morrem dentro de relações sociais que incluem escravidão. tráfico de escravos, servidão, miséria absoluta, senhores do poder, humilhação de quem precisa.

A escravidão é a completa sujeição à necessidade, a dependência total a práticas que visam apenas a sobrevivência. Não levam em conta o mínimo básico para morar, vestir, comer, sonhar. Milhões de pessoas estão um degrau abaixo humanidade, mergulhados na animalidade. Num mundo em que bilhões de dólares são gastos sem o menor critério, existem milhões de seres humanos (irmãos) para os quais a fome, a miséria, o desemprego são crescentes. E  o que estamos fazendo como verdadeiros iniciados?

Quem pensa que está livre de tudo isso, ainda não entendeu que ninguém é uma ilha. Num mundo cão globalizado, ninguém está a salvo. Cedo ou tarde, a necessidade vai bater na sua porta e cobrar sua conta na forma de um traficante, ou um assaltante, de desemprego, de fome, de doença, de velhice, de desamparo, de solidão, de abandono. E essa necessidade pode assumir outras formas menos nobres: 

E solucionar os problemas seculares de uma sociedade como a a nossa, que tem uma das distribuições de renda mais injustas do planeta; administradores públicos que não conseguem usar a máquina do Estado para produzir igualdade, dignidade e cidadania, políticos incompetentes, administradores privados que transformam em mercadoria tudo o que tocam, principalmente seres humanos, transformados em consumidores do supérfluo e vitimas de um materialismo que ameaça reduzir o planeta (mares e florestas, fauna e flora) a um deserto de ganância e ambição.

Mais do que nunca, a Maçonaria deve servir como vanguarda nessa luta pela permanência dos ideais

humanos básicos necessários. como a fraternidade, a igualdade e a liberdade. Caso não consiga se elevar acima dos seus mesquinhos problemas internos, a Maçonaria estará condenada a ser arrastada pela enchente do mundo cão que ameaça a sua utopia de uma humanidade feliz.