março 27, 2024

A INSTRUÇÃO MAÇÔNICA - Marcio dos Santos Gomes


Sem instrução, as melhores leis tornam-se inúteis” (Vincenzo Cuoco)

O termo “Instrução” tem vários significados, dentre os quais a ação de instruir, ensinar, e também de lição ou de preceito instrutivo. Destacam-se várias referências, como aquelas provenientes do poder público ou ao conjunto de regras, procedimentos e informações para cumprimento de formalidades administrativas e legais, bem assim aquelas ligadas a comandos ou esclarecimentos fornecidos para uso de instrumentos ou realização de tarefas e missões, dentre outras.

Em princípio, o termo é genericamente utilizado quando o assunto envolve educação e ensino, no sentido de ministrar conhecimentos e desenvolver habilidades ou na preparação do indivíduo para diversas esferas de atividades, inclusive profissionais.

Torna-se necessário que se faça algumas distinções para que não se confunda instrução com a educação, vez que esta se centra na formação do ser humano, em especial na construção da personalidade, envolvendo tanto o desenvolvimento intelectual ou moral como o físico. A palavra educar vem do latim “ducere” que significa “conduzir para fora de”. O Novo Dicionário Aurélio registra que educação é o “Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social”.

Refletindo sobre o tema, assim se manifestou Gandhi: “em minha opinião, a educação consiste em extrair globalmente da criança e do homem tudo o que têm de melhor, quer se trate do corpo, da inteligência ou do espírito. Saber ler e escrever não é o fim da educação (...). Este conhecimento é um dos meios que permitem educar a criança, mas não deve ser confundido com a própria educação”.

No mesmo diapasão, necessário se torna entender que a instrução também não pode ser vista como ensino em si, pois este reflete um processo de aprimoramento da aprendizagem, que contribui para a formação do ser humano, mas não o define, sendo “exercido numa instituição cujos fins são explícitos, os métodos codificados, e está assegurado por profissionais”.

Já a instrução propriamente dita “é uma forma de manifestar-se o ensino, onde se focaliza os aspectos de conhecimentos e saberes da realidade objetiva e subjetiva, que complementam o treinamento e a formação qualificada”, tendo como referência conteúdos a transmitir, fornecendo ao espírito instrumentos intelectuais e informação esclarecedora. O Novo Dicionário Aurélio destaca no verbo instruir o sentido de “transmitir conhecimento a, ensinar, adestrar, habilitar...”. A instrução quando ligada a um trabalho trata da maneira correta de executar uma operação ou tarefa, de modo simples e direto.

Conforme repisado em nossos Rituais, a Maçonaria é caracterizada como um sistema e uma escola não só de Moral, mas, sobretudo de filosofia social e espiritual, que visa ao progresso contínuo de seus adeptos por meio de ensinamentos em uma série de Graus. Nesse contexto, as Instruções Maçônicas ensejam passos que levam à lapidação do espírito, de forma a propiciar os instrumentos adequados e a desenvolver habilidades necessárias para o empreendimento da jornada rumo ao aperfeiçoamento dos mais elevados deveres de homem cidadão em prol da humanidade pela liberdade de consciência, igualdade de direitos e fraternidade universal.

Por isso, de uma forma objetiva a Instrução no meio maçônico visa a inteirar os obreiros sobre a Constituição, Regulamentos, Rituais, simbolismos, filosofia, liturgia, procedimentos, administração, estratégias de reconhecimento, de forma a propiciar a uniformização e nivelamento de conhecimentos e informações sobre os meandros da Arte Real. Portanto, o tempo utilizado para isso deve ser o ponto culminante de uma reunião em Loja, pois nesse momento o aprendizado, a interpretação e o espírito especulativo estimulam as mentes e valorizam as descobertas.

O interesse do obreiro pela Maçonaria cresce na medida em que ele compreende suas origens e funcionamento e vislumbra nas instruções maçônicas os objetivos práticos, com a consciência de que cada um deve aprender a progredir por meio de sua própria experiência e por seus próprios esforços, reconhecendo-se herdeiro do legado daqueles que o precederam nesse mesmo caminho, com a responsabilidade de encontrar a sua posição na comunidade e a servir como um construtor social dentro dela.

Do ponto de vista do iniciado na Maçonaria, é natural a expectativa traduzida em sonhos de ganhos em relação a um possível incremento de bagagem cultural a ser disponibilizada pelos Mestres. Porém, o tempo demonstra que as Instruções ministradas indicam apenas os caminhos a serem trilhados, cabendo ao iniciado fazer suas próprias descobertas, à sua maneira e por seus próprios meios, de uma forma autodidata, com base em reflexões e meditações, amparadas nos subsídios fornecidos pelas discussões em Loja e nos exemplos e incentivos recebidos dos irmãos.

Os ganhos variam de acordo com as competências individuais e em consequências das vivências e descobertas proporcionadas pela forma crítica induzida por uma postura maçônica de livre revisão frente a uma diversidade de ideias e de verdades apregoadas ao longo do tempo, que mudam ou evoluem de acordo com o dinamismo e o aprimoramento do alicerce cultural de cada indivíduo.

O diferencial na Instrução Maçônica é que o seu estudo contribui para a formação de um pensamento filosófico com apoio em fatos históricos e em instrumentos simbólicos e alegorias, que transmitem conceitos abstratos e de certa complexidade, que remetem à arte da construção do templo representado pelo próprio homem, da sua educação por inteiro.

As Instruções pressupõem o autodesenvolvimento e autoconhecimento como processos contínuos, envolvendo aspectos éticos, morais, espirituais, culturais e sociais, onde tudo é proporcionado pelo próprio esforço e pelos princípios desenvolvidos com essa técnica do aprendizado maçônico, de forma livre, que não dita regras nem o ritmo, tornando o maçom o mestre de si mesmo, onde o seu maior símbolo é o autoconhecimento.

A dedicação e o aprofundamento do estudo das Instruções Maçônicas impulsionam a capacidade de pensar e incentivam ações concretas, quando devidamente assimilados os ensinamentos e praticadas as virtudes no mundo profano, de forma transformadora, com muito trabalho e ação, forjando um cidadão consciente que procura fazer tudo sempre de forma justa para promoção do bem e para tornar feliz a coletividade, com o reconhecimento de todos os que o rodeiam.

É importante que fique claro que a Instrução Maçônica não tem por objetivo formar um técnico em Maçonaria, mas despertar no iniciado a capacidade de duvidar e de pensar de forma livre e crítica, pois a dúvida é o princípio da sabedoria na filosofia. As crenças a que nos apegamos nos controlam e turvam nossa visão, por isso a necessidade de questionar nossas certezas e iniciar um processo de mudanças e aperfeiçoamento, objetivando uma nova interpretação do mundo e da vida, com o uso livre da inteligência, demonstrando o verdadeiro sentido da “iniciação maçônica”.

O livre pensar proposto pela Maçonaria convida ao despojamento das crenças baseadas em superstições e magias, que geram acomodação, apatia e preguiça mental, para um desafiador projeto que demanda coragem, determinação, sede de saber e o uso da razão para o entendimento da realidade dos fatos, o sentido da vida e a busca da verdade.

As instruções e os Rituais não são um fim, mas uma orientação para a prática de ações que transformem o homem de forma consciente. Por meio do simbolismo orienta o Aprendiz a desbastar a Pedra Bruta, conhecendo-se a si mesmo, suas fraquezas e virtudes; no Grau de Companheiro que se fortaleça e dinamize os ensinamentos intelectuais e, como Mestre Maçom, se torne espiritualmente capaz e consciente de sua personalidade, orientado por um novo ideal.

No caso específico da GLMMG, o artigo 27 do Regulamento Geral estabelece: “Aos Aprendizes e Companheiros, deve a Loja ministrar, no mínimo, as instruções constantes dos rituais, de maneira a despertar-lhes o interesse para o estudo e a prática dos princípios e da filosofia maçônica e prepará-los para o aumento de salário” (Grifo nosso).

Para suporte aos trabalhos das Lojas funciona, nas dependências da GLMMG, a Escola Maçônica “Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida”, criada pelo Decreto nº 1.537, de 25.08.2003, que tem como objetivo “promover e instituir a revitalização de instruções e aprendizagem aos moldes da padronização ritualística”. Semestralmente é divulgado o calendário de apresentação das instruções dos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre do Rito Escocês Antigo e Aceito, onde são discutidos e analisados os rituais, a liturgia e o simbolismo maçônico.

Ocorre que, não obstante a obrigação regulamentar contida no artigo 27 acima cotado, muitas Lojas não dão a devida importância ao aperfeiçoamento dos obreiros, contribuindo para o desinteresse, o desencanto e a deserção de muitos irmãos, que se dá mais pelo desconhecimento dos propósitos da Ordem, do que pela falta de vontade para a ação e disponibilidade para o aprendizado. Mesmo entre aquelas que prezam o compromisso de ministrar as instruções, são detectados eventualmente conflitos entre a ritualística e a prática nas sessões de trabalho, o que leva a constrangimentos quando o irmão visita outras Lojas e se ressente de habilidades que não foram aprimoradas e, muitas das vezes, esquecidas pela falta de oportunidade de treinamento.

Contar apenas com a apresentação dos documentos de regularidade maçônica que devem ser conferidos nas visitações, bem como do conhecimento da Palavra Semestral e/ou de Convivência não é o suficiente. Na eventualidade em que for necessário submeter-se ao telhamento e comprovar o domínio dos sinais, toques e palavras, o irmão deve mostrar toda segurança e conhecimento, pois acreditar que a proteção virá por acaso em momento de distração somente ocorre na canção “Epitáfio” de 2001, do grupo Titãs. Por isso, a necessidade de dominar o conteúdo das instruções é essencial.

São frequentes os comentários sobre diferenças entre instruções ritualísticas dadas em Loja e aquelas demonstradas nos encontros da Escola Maçônica. Em alguns casos, constata-se que falta uma leitura atenta e uma análise mais detalhas dos Rituais. Em outros, prevalece o entendimento de irmãos mais antigos na Ordem que aprenderam de uma forma e a repassam na certeza de que “sempre foi assim” e não aceitam a norma sancionada pela Grande Loja. Alguns, de forma arrogante e quando detentores de poderes para efetuar mudanças, simplesmente alteram as instruções ritualísticas. Outros, numa atitude rebelde, as desafiam. E o orgulho leva muitos as ignorarem. “Lamentavelmente temos assistido aos mesmos rituais com os mesmos erros”, conforme bem ressaltado pelo Presidente Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Coronati” Pedro Campos de Miranda, o Irmão José Maurício Guimarães.

Nesse particular, vale o lembrete amigo de que inúmeras batalhas foram perdidas ao longo da história por causa de confusões geradas por instruções contraditórias passadas pelos comandantes às tropas em campo, que é traduzido no jargão militar por: ordem, contraordem, desordem. Os generais derrotados exemplificam a situação produzida por um processo de comunicação que mais confundiu do que orientou os comandados. A tropa sempre aguarda sinalização assertiva. Portanto, no contexto da Maçonaria, mutatis mutandis, o modo de agir deve ser o mesmo e o exemplo deve vir dos dirigentes e ex-dirigentes das Lojas, que estão sob permanente vigilância dos obreiros.

Por outro lado, o tempo em Loja destinado à apresentação de trabalhos para fazer face ao aumento de salário não pode ser o único tema a preencher o “Quarto de Hora de Estudos”, passando-se ao cumprimento do giro do Tronco de Solidariedade, caso não haja assunto agendado na Pauta. O Ritual da GLMMG prevê que para esse momento “deverá ser preparada uma pauta onde, preferencialmente, serão dadas as Instruções do Grau”. Prossegue a orientação ritualística que “caso não haja Instrução a ser ministrada, serão apresentadas peças de arquitetura pelos obreiros...”. Assim, cada vez que este tempo não é utilizado, perde-se grande oportunidade de se aperfeiçoar os conhecimentos.

Portanto, não podemos deixar que a barreira da rotina, o adiantado da hora e o marasmo vençam.Mestre Maçom que entra mudo e sai calado, não reflete luz e não é reconhecido como um Mestre merecidamente exaltado. Precisamos tirar proveito deste precioso tempo e não desperdiçá-lo. Parodiando de forma reversa a filosofia política do renomado Deputado Tiririca, melhor não fica. Ademais, a estratégia de “deixa a vida me levar” não condiz com a postura que se espera de um bom maçom. Tornam-se imprescindíveis a dedicação, a ampliação dos conhecimentos e das habilidades. Nessa perspectiva, as instruções trazem informação e aprendizado, que leva ao crescimento e amplia o poder de visão, de análise e de discernimento, mas devem ser vistas como um complemento à formação do maçom.

As Lojas devem acompanhar com atenção o nível de crescimento dos irmãos, não somente para cumprir as formalidades nos processos de “aumentos de salários”, mas de forma a aquilatar o grau de efetividade do aprendizado contido nas Instruções. A título de exemplo, imaginem o seguinte diálogo entre dois irmãos ao final dos trabalhos:

- A Instrução de hoje foi boa?

 - Penso que sim.

- O que você aprendeu?

Depois de uma breve pausa, o irmão responde:

- Não sei, esqueci!

A situação hipotética nos leva a concluir que apesar de estar presente e despender seu tempo, o irmão não tem uma percepção clara ao dizer “Penso que sim”. Ao dizer “esqueci” no que se refere ao aprendizado, demonstra que não vislumbrou nada que possa ter caráter prático ou algum tipo de benefício. Daí a importância de não somente ler os Rituais, mas de estudá-los, de refletir sobre os ensinamentos e de participar de forma consciente dos ciclos de estudos patrocinados pelas Lojas e oferecidos pela GLMMG, por intermédio da Escola Maçônica.

Não basta a pressa em oferecer as instruções de forma apenas a cumprir os regulamentos, pois o que interessa não é a quantidade de informações, mas o debate de ideias, a troca de experiências entre os Mestres e os Companheiros e Aprendizes, para a construção do verdadeiro conhecimento. Essa participação de forma mais produtiva, enriquece as discussões e demanda mais em termos de qualidade e atualização dos Mestres.

Nesse contexto, outro detalhe sutil que não pode ser negligenciado se refere ao perfil dos candidatos que atualmente se apresentam para ser iniciados. Sobre esse assunto, o nosso Irmão José Maurício Guimarães faz uma reflexão no capítulo “Considerações Sobre Um Novo Tempo” de seu livro “Grande Loja Maçônica de Minas Gerais – História, Fundamentos e Formação”. Segundo ele, “Se em épocas anteriores o candidato ingressava na Maçonaria subjugado por ‘prestidigitações’ e ludibriosos artifícios aprontados pelos ‘veteranos’, hoje ele toma conhecimento antecipado da gama ou do limite de operações da Ordem, mediante literatura pública, estudos acadêmicos e através das portas abertas que a Grande Loja oferece para visitações e sessões públicas”. Acrescenta que os “nossos candidatos chegam ao portal do Templo com mais instrução para a compreensão e prática dos ensinamentos maçônicos”, o que aumenta sobremaneira a nossa responsabilidade.

Aconselha-nos o Irmão José Maurício em outra Prancha: “temas ligados às Instruções são excelentes para serem apresentados nas sessões seguintes às das Instruções. Para que isto funcione como um relógio, cinco engrenagens devem estar em sincronismo: o Venerável para coordenar, o Secretário para agendar, o Orador para fiscalizar o tempo e o tema, e os dois Vigilantes motivando de norte a sul os irmãos”. Na sua reflexão, prossegue com o alerta: “No tempo de estudos devem ser feitas as instruções e a apresentação dos trabalhos. Não basta que seja feita a leitura de textos padronizados, é necessário dinamizar os estudos e pesquisa e as formas de expressão dos irmãos”. Novamente ouçamos Gandhi: “Seja você a mudança que deseja ver”.

Enfim, a Maçonaria precisa trabalhar com cenários, a exemplo do mundo empresarial. Imaginar que um obreiro permanecerá em uma Loja até a sua passagem para o “Oriente Eterno” é uma incógnita. Nas empresas, atualmente, os ciclos de trabalho ficam cada vez mais curtos e o tempo médio de permanência no emprego é cada vez menor. Por isso, a Maçonaria não pode ficar em descompasso com os fatos e, para isso, deve lançar mão das instruções, do companheirismo sadio e de projetos sociais que integrem a família maçônica, envolvendo cunhadas e sobrinhos, como meio de criar vínculos mais duradouros entre a Loja e os obreiros, para que a tão decantada Arte Real, que é no seu âmago o trabalho contínuo do homem sobre si mesmo, possa atingir o seu escopo que é o de torná-lo melhor para a sociedade, com o despertar de uma nova consciência e de um ideal superior de vida.

Concluo com um conhecido pensamento de Martin Luther King, que certamente aplicado ao nosso meio convoca os Mestres a tomarem uma atitude e assumirem a função para a qual se comprometeram sob juramento:

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética, mas sim o silêncio dos 

Fontes de Pesquisas:

Blog do Irmão José Maurício Guimarães :http://zmauricio.blogspot.com/

GUIMARÃES, José Maurício. Grande Loja Maçônica de Minas Gerais – História, Fundamentos e Formação. Belo Horizonte: GLMMG, 2014;

MELLANDER, Klas. O Poder da Aprendizagem. São Paulo: Cultrix/Amana, 1999;

Novo Dicionário Aurélio,4ª Edição, Curitiba: Positivo, 2009;

Rituais dos Graus Simbólicos e Filosóficos;

Regulamento Geral da GLMMG;

Sites e outros blogs Maçônicos na Internet.

A NOITE NEGRA DA ALMA - RALPH M. LEWIS,











Que é a Noite Negra da Alma? Trata-se de um termo há muito usado pelos místicos para denotar certo estado emocional e psicológico, assim como para indicar um período de testes por que todo mortal passa alguma vez em sua vida. Essa Noite Negra da Alma é caracterizada por uma série de fracassos; o indivíduo experimenta muitas frustrações. Qualquer coisa que o indivíduo se propõe a fazer parece carregada de incertezas e obstáculos. Não importa o quanto ele tente ou que conheci­mentos aplique, o indivíduo se sente amarrado. Quando prestes a se concretizarem, as oportunida­des parecem escapar de suas mãos. Coisas com as quais ele muito contava, não se realizam. Seus pla­nos tornam-se estáticos e não se concretizam. 

Ne­nhuma circunstância lhe oferece solução ou enco­rajamento quanto ao futuro. Este período é reple­to de desapontamento, desânimo e depressão.

Durante esse período, o indivíduo sente-se for­temente tentado a abandonar seus mais acalenta­dos ideais e esperanças, tornando-se extremamente pessimista. O maior perigo, contudo, é sua tendên­cia de abandonar todas aquelas coisas às quais atribuía grande valor e importância na vida. Ele pode achar que é inútil continuar seus estudos místicos, suas atividades culturais e sua afiliação a entidades filantrópicas.

Caso ceda a essas tentações, estará realmente perdido. De acordo com a tradição mística, este é o período em que a fibra da personalidade-alma é testada. 

Suas verdadeiras convicções, sua força de vontade e seu merecimento de maior iluminação são colocados à prova. Se o indivíduo sucumbe a essas condições, embora a frustração e o desespero possam diminuir, ele não conhecerá o júbilo da verdadeira conquista na vida. Daí por diante, sua existência poderá ser medíocre e ele não experimentará verdadeira paz interior.

Não se trata de algum tipo de punição imposta ao indivíduo. Como evidenciam os ensinamentos místicos, não é uma condição cármica. É, isto sim, uma espécie de adaptação que o indivíduo deve fazer dentro de si mesmo para evoluir a um nível mais elevado de consciência.

 É uma espécie de desafio, uma espécie de exigência de que a pessoa re­corra à introspecção e promova uma reavaliação de seus ideais e objetivos na vida. Uma exigência de que a pessoa abandone interesses superficiais e se decida sobre o modo em que deve utilizar sua vida. Não significa que o indivíduo deva abandonar seu trabalho ou meio de vida, mas, que ele deve reestruturar sua vida futura.

 A Noite Negra o faz perguntar-se sobre quais as contribuições que ele pode fazer à humanidade. Faz com que ele descubra seus pontos fracos e fortes.

Se a pessoa fizer esta auto-análise durante a Noite Negra ao invés de apenas lutar contra suas frustrações, toda a situação mudará para melhor. Ela passa a ter domínio sobre acontecimentos que concluiu serem meritórios. Mais cedo ou mais tarde, então, advém a condição que há muito os místicos chamam de Áureo Alvorecer. Subitamente, parece haver uma transformação: a pessoa torna-se efervescente de entusiasmo. Há um influxo de idéias estimulantes e construtivas que ela sente poder converter em benefícios para sua vida. Todo o novo curso de sua existência é promissor. Em contraste com as condições anteriores, sua nova vida é verdadeiramente áurea no alvorecer de um novo período.

 Acima de tudo, há a iluminação, o discernimento aguçado, a compreensão de si mesmo e de situações que antes não compreendia.

Aqueles que não têm conhecimento deste fenômeno mas que no entanto perseveram e superam a Noite Negra da Alma, tomam-se algo confusos pelo que lhes parece uma transformação inexplicável em seus afazeres e obrigações.

 Particularmente estranho lhes parece o que acreditam ser alguma energia ou combinação de circunstâncias externas que produziu a mudança. Eles não percebem que a transformação ocorreu em sua própria natureza psíquica como resultado de seus pensamentos e vontade.

Quando é que começa a Noite Negra da Alma? Em que idade ou período da vida ela ocorre? Podemos responder que normalmente ela se sucede ao fim de um dos ciclos de sete anos, como 21, 28, 35, 42, 49, 56, 63... anos de idade. Ela ocorre com mais freqüência no fim do ciclo dos 42 ou 49 anos, e muito raramente aos 63 ou além.

Quanto tempo ela dura? Em verdade ninguém pode responder esta pergunta pois sua duração é individual. Depende de como a pessoa tenha vivido; de seus pensamentos e ações. Contudo, enfatizamos uma vez mais: A Noite Negra não advém como punição pelo que a pessoa possa ter feito no passado, mas, sim como um teste do merecimento de penetrar no Áureo Alvorecer. 

Talvez quanto mais circunspecto seja o indivíduo, quanto mais sincero ele seja na busca de realizar nobres ideais, tanto mais cedo sua determinação e seu verdadeiro caráter serão postos a prova pela Noite Negra da Alma.

Por quanto tempo tem a pessoa de suportar es­sa experiência? Isto também varia de acordo com o indivíduo. Se ele resiste, se não sucumbe à tentação de abandonar seus hábitos, prática e costumes meritórios, a Noite logo termina. Se, porém, ele sucumbe, entrega-se à estagnação profunda e abandona seu melhor modo de vida, então a Noite pode continuar em diferentes intensidades pelo resto de sua vida.

Deve-se compreender, repetimos, que esta não é uma experiência ou fenômeno que ocorre somente para os estudantes de misticismo. Aliás, ela não guarda relação direta com o tema do misticismo, exceto pelo fato de ser um fenômeno natural, psicológico e cósmico. Os místicos o explicam; os outros, não. Os psicólogos, por exemplo, dirão que se trata de um estado emocional, uma depressão temporária, um estado de ânimo que inibe o pensa­mento e a ação da pessoa, o que explica os fracassos e as frustrações. Eles procurarão encontrar algum pensamento, alguma repressão subconsciente para explicar tal estado. Como dissemos, a Noite Negra ocorre na vida de todo mundo, independentemente de a pessoa conhecer ou não algo de misticismo. É bem provável que você tenha conhecido alguma pessoa que passou por esse período. As coisas para tal pessoa pareciam redundar em fracassos, a despeito de quanto esforço ela fizesse. Então, algum tempo depois, es­sa pessoa tomou-se bem sucedida, feliz, parecendo ter outra personalidade.

Entretanto, o indivíduo, por sua própria negligência, pode acarretar condições semelhantes às da Noite Negra. Uma pessoa preguiçosa, indolente, descuidada, indiferente e sem senso prático acarretará muitos fracassos à sua própria vida. Ela pode lastimar-se de sua sina a outros, e, se conhecer algo a respeito, poderá mesmo dizer que está passando pela Noite Negra. Mas saberá que a falha está em seu próprio interior.

A diferença entre esta pessoa e o indivíduo que está realmente passando pela Noite Negra está em que o último, pelo menos a princípio, sinceramente procurará enfrentar cada situação e aplicar seu conhecimento até que chegue a compreender que está bloqueado por algo maior que sua própria capacidade. A pessoa indolente, porém, sempre sabe que é indolente, quer isto admita ou não. A pessoa negligente sempre sabe que negligenciou o que deveria ter realizado. A pessoa descuidada que é as­sim por hábito, sabe que não vai muito longe e que comete muitos erros.

março 26, 2024

SEMANA SANTA, "PROCISSÃO & PÁSCOA - Newton Agrella


Vai aí, uma breve abordagem cultural, "sem qualquer vestígio proselitista religioso", mas  levando-se em conta, o aspecto do imenso contingente cristão que vive em nosso país.

Quando se vive a Semana Santa, dificilmente deixamos de nos  lembrar de nossa infância,  que ao cair da noite, íamos com nossos pais à famosa Procissão.

Sem termos uma ideia mais consistente do que aquilo significava, ( pelo menos para a maioria de nós), íamos felizes e ao mesmo tempo com um certo ar de interrogação e  curiosidade para entender o que aquilo de fato representava.

Aquele monte de gente, mulheres usando véus, muitos portando velas acesas, ar circunspecto e  seguindo o padre que  ia à frente acompanhado de seu  séquito carregando a Imagem Santa....

Passos lentos, cânticos, orações e uma atmosfera solene em que a Fé era a condutora e protagonista do espetáculo.  

Era sinceramente algo especial, que de algum modo se instalou pra sempre em nossa memória...

"Procissão"  (provém do Latim  *procedere* ) que significa  "para ir adiante", "avançar", "caminhar").  

Este ritual segundo a crença, tornaria as pessoas e os locais abençoados.

Esse cenário é um encontro anímico e espiritual que reforça a Fé e a Crença de que as pessoas se vêem investidas como uma espécie de amortecedor ou dispositivo consolador  para todas as suas dores, sofrimentos e percalços ao longo da Vida.

Os passos da Procissão representam a entrega, o reconhecimento e o agradecimento pelo que Cristo se submeteu em nome de um espírito revelador e salvador para os cristãos...

Enquanto isso, no universo das reminiscências a Procissão continua dentro de nós, com a alma lavada, o espírito alegre e a felicidade incontida de não compreender o que exatamente se passava...

A ansiedade se espreitava diante da possibilidade de no Domingo da Passagem, podermos ainda crianças, desfrutar de um pedaço do Ovo de Chocolate ...

FELIZ  CAMINHO  DA PÁSCOA  A VOCÊ!

CÂMARA ESCURA? - José Aparecido dos Santos


Câmara escura brilhante de ensinamentos. Útero incansável em produzir novas vidas. Retrato de vida após a morte. Terra fértil que fará germinar a semente, símbolo maior da iniciação do candidato.

É naquele mergulho no interior da terra que o candidato identifica-se consigo mesmo. Ali está sua origem. Ali está o seu eterno fim. Arrodeado de símbolos que o levam a pensar no seu aprimoramento interior, transformando o metal impuro que compõe o seu ser, no ouro ambicionado por todo os povos.

Câmara pobre de luz e rica em efeitos, que faz o candidato sentir que é preciso aproveitar cada instante que os dá a vida.

Câmara escura de paredes gélidas, és potencialmente viva, pois o cantar do galo vigilante ecoa nas entranhas disformes de tuas paredes anunciando um novo alvorecer.

E o candidato emerge daquela catacumba tal borboleta que já foi crisálida, rompendo com evoluções serenas, o espaço lá fora tão reluzente.

Depois de parido pela mãe terra, o candidato encontra-se capaz de ser purificado pela água e pelo fogo.

Purificado, ser-lhe-á dada a luz.

UNIVERSO MENTAL - Roberto Ribeiro Reis


 

Mentes brilhantes não se atêm a limites. Buscam transpor as barreiras do impossível, tornando-as ultrapassáveis, vergastando as faces soberbas dos tabus, mostrando-nos que o Encaminhar 𝙚́ 𝙦𝙪𝙚 𝙢𝙤𝙡𝙙𝙖 𝙤 𝙢𝙪𝙣𝙙𝙤, e que tem o poder de transformá-lo.

𝙈𝙚𝙣𝙩𝙚𝙨 𝙚𝙭𝙘𝙚𝙡𝙨𝙖𝙨 não se deixam subjugar pelos pensamentos comuns, medianos, e que subvertem o potencial divino que há dentro do ser humano. Pelo contrário, alçam voos rumo ao infinito, na fé e certeza de que tudo o que aqui existe é proveniente de um 𝙋𝙡𝙖𝙣𝙤 𝙈𝙖𝙞𝙤𝙧, 𝙎𝙪𝙩𝙞𝙡, donde tudo é criado, a todo o instante.

A condição indispensável para que um profano ingresse na Maçonaria é a 𝙘𝙧𝙚𝙣𝙘̧𝙖 𝙚𝙢 𝙪𝙢 𝙎𝙚𝙧 𝙎𝙪𝙥𝙧𝙚𝙢𝙤; ora, o mundo no qual vivemos nossas experiências nada mais é do que um reflexo distorcido e imperfeito de uma dimensão superior.

Logo, por mais que o mundo tangível que nos cerca aparente ser o único existente, seria desarrazoado acreditar que, em meio a trilhões de galáxias e planetas, alinhavados à certeza comprovada da existência de multiversos, nossa realidade existencial seja a única e exclusiva que represente o 𝙨𝙪𝙗𝙨𝙩𝙧𝙖𝙩𝙤 𝙙𝙞𝙫𝙞𝙣𝙤 𝙙𝙖 𝙊𝙗𝙧𝙖 𝙙𝙤 𝘾𝙧𝙞𝙖𝙙𝙤𝙧.

Ainda que o pensamento vulgar desdenhe nossa capacidade de nos enveredarmos para outros estados elevados de nossa consciência, devemos ter a noção cabalística de que “𝙤 𝙩𝙤𝙙𝙤 𝙚́ 𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚, 𝙚 𝙤 𝙪𝙣𝙞𝙫𝙚𝙧𝙨𝙤 𝙚́ 𝙢𝙚𝙣𝙩𝙖𝙡! E esse universo (mente) cria a todo o instante. 

Não podemos olvidar que o 𝙂𝙧𝙖𝙣𝙙𝙚 𝘼𝙧𝙦𝙪𝙞𝙩𝙚𝙩𝙤 do Universo, em sua infinitude, 𝙛𝙚𝙯-𝙨𝙚 𝙛𝙞𝙣𝙞𝙩𝙤, a fim de que sua Luz pudesse chegar até a sua criação, especialmente a todos nós.

A Maçonaria, de maneira esotérica, filosófica, científica e cabalística, tem-nos convidado, despida de sectarismos e proselitismos religiosos, a fazermos uma 𝙫𝙞𝙖𝙜𝙚𝙢 𝙥𝙖𝙧𝙖 𝙙𝙚𝙣𝙩𝙧𝙤 de nós mesmos.

Uma viagem que se nos revela misteriosa, esplendorosa, desafiadora, cheia de altos e baixos, mas que se reputa 𝙫𝙞𝙩𝙖𝙡 para o nosso 𝙖𝙪𝙩𝙤𝙘𝙤𝙣𝙝𝙚𝙘𝙞𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤, bem como para vencer os infernos astrais que frequentemente nos atormentam o íntimo.

Somente através de 𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚𝙨 𝙗𝙧𝙞𝙡𝙝𝙖𝙣𝙩𝙚𝙨, de 𝙡𝙞𝙫𝙧𝙚𝙨 𝙥𝙚𝙣𝙨𝙖𝙙𝙤𝙧𝙚𝙨 e de pessoas comprometidas com seu burilamento espiritual, moral e intelectual, é que podemos vislumbrar uma aproximação do homem com 𝙚𝙨𝙩𝙖𝙙𝙤𝙨 𝙚𝙡𝙚𝙫𝙖𝙙𝙤𝙨 𝙙𝙚 𝙘𝙤𝙣𝙨𝙘𝙞𝙚̂𝙣𝙘𝙞𝙖, ou seja, a possibilidade de a criatura estar em conexão com a Governança, vale dizer o Criador.

A Sublime Ordem oferece-nos um 𝙘𝙚́𝙪 𝙙𝙚 𝙤𝙥𝙤𝙧𝙩𝙪𝙣𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚𝙨 para a nossa exaltação espiritual; não me refiro à possibilidade de sermos beatificados ou canonizados, o que, para este subscritor, com as devidas vênias, constituir-se-ia em flagrante heresia.

Os trabalhos em Oficina – e, principalmente, o estudo fora dela – permitem que 𝙩𝙧𝙖𝙣𝙨𝙘𝙚𝙣𝙙𝙖𝙢𝙤𝙨 a outras esferas mais sutis, e que não deixemos as ilusões deste plano grosseiro obnubilar nossas mentes (𝙥𝙤𝙩𝙚𝙣𝙘𝙞𝙖𝙡𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚) 𝙗𝙧𝙞𝙡𝙝𝙖𝙣𝙩𝙚𝙨.






março 25, 2024

DO DOMINGO DE RAMOS AO RAMADÃ - Jorge Gonçalves


Do Domingo de Ramos ao Ramadã: A Influência da Astronomia nas Festividades Religiosas

Ao longo da história, a Lua tem desempenhado um papel fundamental na medição e na marcação do tempo em diversas culturas ao redor do mundo. Desde as civilizações antigas até os dias atuais, a Lua foi utilizada como uma das referências para estabelecer calendários e datas importantes.

A palavra "Lua" é utilizada amplamente para designar qualquer satélite de um planeta. Atenção, Lua não se refere apenas ao satélite natural da Terra. Na Grécia antiga, a Lua tinha um significado especial, seu nome era Selene, a irmã de Hélio, o Deus Sol. Essa conexão entre a Lua e a medição do tempo também é evidente na semelhança entre as palavras em inglês "month" e "moon" (mês e lua), ambas derivadas da palavra latina "metiri" (medir). Segundo o Dicionário de Oxford Languages, Selenologia é a ciência que estuda a superfície lunar, sua constituição, natureza e aspectos.

Há milênios, na antiga Babilônia, a primeira lua nova após o equinócio de primavera marcava o início do ano novo. Esse mês inicial era chamado de *Nissan*, e sua chegada era comemorada com o festival conhecido como *Akitu*.

Atualmente, a sociedade islâmica adota um calendário lunar para marcar eventos religiosos importantes, como o *Ramadã*, o mês do jejum, e o *Hajj*, a peregrinação anual a Meca.

O cálculo da data da *Páscoa* também está ligado aos eventos astronômicos, como os ciclos lunares. No ano de 325 d.C., durante o *Concílio de Niceia*, a Igreja Católica estabeleceu um método para determinar a data da celebração da ressurreição de Cristo. Atualmente, a Páscoa é comemorada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre após o equinócio de primavera, seguindo a perspectiva de observação do hemisfério norte. Hoje o Domingo de Ramos, que marca a entrada de Jesus em Jerusalém, é celebrado uma semana antes da Páscoa, enquanto o Carnaval, período de festividades que antecede a quaresma, acontece 40 dias antes da data pascal.

A celebração do *Domingo de Ramos* ao *Ramadã* demonstra a influência presente da astronomia em nossas celebrações religiosas. É importante compreender alguns conceitos básicos dos eventos astronômicos, como os solstícios e os equinócios, para compreender melhor como são 

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

[1] Rooney, Anne, A História da Astronomia: Dos planetas e estrela aos pulsares e buracos negros, São Paulo, M.Books do Brasil Editora Ltda, 2018.

[2] Ridpath,Ian, Eyewitness Companion: Astronomy, São Paulo, Jorge Zahar Editor Ltda, 2007.

COMO ENCONTRAR DEUS! - Valdemar Sansão



Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos.  Salmo 19,1

A 4ª Instrução do 1º grau é aberta com a interrogação: “O QUE É A MAÇONARIA”?

A resposta: “Uma associação íntima, de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus; como regra: a Lei Natural; por causa: a Verdade, a Liberdade e a Lei Moral; por princípio: a Igualdade, a Fraternidade e a Caridade; por frutos: a Virtude, a Sociabilidade e o Progresso; por fim, a felicidade dos povos que, incessantemente, ela procura reunir sob a bandeira da paz. Assim, a Maçonaria nunca deixará de existir, enquanto houver o gênero humano”.

O objetivo deste trabalho é fornecer subsídios nessa direção, proporcionando ao recém-iniciado elementos de reflexão através dos quais possa, de forma consciente, trabalhar os seus sentimentos e a sua razão, seja racionalizando sentimentos por intermédio do bom senso e da lógica, seja iluminando a inteligência e os pensamentos com as luzes dos bons sentimentos.  

Lapidar os próprios sentimentos é tarefa árdua, mormente para os Aprendizes. 

Restringido a três páginas, nestas tentaremos mostrar o que de mais importante representa a base de nossa doutrina, embora sabendo que ninguém pode definir o Grande Arquiteto do Universo. Entre todos os landmarks anglo-saxão existe um de extrema importância pelas discussões que provocou. É a crença na existência de Deus, considerado como o Grande Arquiteto do Universo.

Wirth comenta esse Landmark nos seguintes termos: “Que esta crença esteja implicada pelo caráter religioso fundamental da Franco-Maçonaria é algo que não contestaremos. 

O Iniciado que compreende a Arte jamais será um ateu estúpido ou um libertino irreligioso. (“Libertino” tem aqui o sentido antigo: “Livre da disciplina da fé religiosa”).

Essa certeza deve levar-nos a confiar em quem procura a luz com sinceridade. Não temos de exigir dele um credo determinado, que o Há dois mil anos um homem veio ao mundo para pregar uma doutrina de amor, obrigue a aceitar uma concepção teológica necessariamente discutível.

Não erigimos o Grande Arquiteto do Universo como um objeto de crença, mas vemos Nele o símbolo mais importante da Maçonaria, símbolo que deve ser estudado como os demais, a fim de que se compreenda a Maçonaria e se construa cada um por si, num desafio ao egoísmo, o santuário de suas convicções pessoais.

A noção do Grande Arquiteto do Universo, na Maçonaria, é ao mesmo tempo mais ampla e mais limitada que a das diferentes religiões. (Note-se que não suprimimos a palavra “Deus”, mas que lhe acrescentamos o epíteto de “Grande Arquiteto do Universo”).

BONDADE E HUMILDADE DO ESPÍRITO

A Franco-Maçonaria desde sua origem adotou a expressão “O Grande Arquiteto do Universo”, mostrando assim a sua concepção da divindade em suas relações com o mundo e com o homem. 

Sendo Deus o Ser Supremo admitido em todas as religiões, é a existência Suprema, Superior, Criadora e Indefinível, cujo estudo constitui uma das bases da Maçonaria.  

O Cristianismo prega o amor, pedindo que seja feito ao próximo o mesmo que se almeja para si; Jesus de Nazareth, aquele que deu sua vida pela salvação dos homens, respondeu aos Fariseus: “Amar a Deus com todas as forças e a seu próximo como a si mesmo, é da lei e dos profetas; não há maior mandamento”.

Aos que perguntaram qual o caminho para o Reino dos Céus, declarou: “Procurai em primeiro lugar a Justiça e o resto vos será dado em abundância”.

O Judaísmo quer que o nocivo não seja feito aos outros. Moisés tirou da escravidão os filhos de Israel, ditou: “Tu venerarás somente o DEUS único e não talharás imagens a sua semelhança; respeitarás o dia de descanso; não jurarás em vão; honrarás Pai e Mãe; não cometerás adultério; não roubarás os bens de outrem; não levantarás falso testemunho; não cobiçarás a mulher, nem os bens do próximo”.

O Islamismo ensina que, para ser um crente, é preciso desejar ao próximo o que se quer para si mesmo; Maomé, o Profeta por excelência, do Islã dita: “Deus é Deus e não há outro Deus”. “Ninguém pode ser chamado verdadeiro crente se não desejar a seu irmão o que para si deseja”;

O Confucionismo dirige o pensamento para não fazer aos outros o que não se quer para si mesmo. Sua doutrina consiste, inteiramente, em ensinar a retidão do coração e o amor ao próximo.

Há uma regra universal de conduta que se contém na palavra RECIPROCIDADE. “Tu que não és capaz de servir aos homens, como poderás servir, aos deuses? Não conheces a vida, como poderás conhecer a morte”?

O Budismo quer que não seja feito ao semelhante aquilo que lhe pudesse magoar. 

Gautama, o Buda renunciou os direitos de nascimento e de fortuna. Sua lei é a lei do perdão para todos.  

Crenças e religiões de toda ordem existem e devem ser respeitadas. É admitido pelo Alto que cada um busque o Criador em sua própria concepção teológica.

O homem está ligado a Deus pela alma, que é sua essência e seu universo maior de compreensão, raciocínio e sentimento. Não necessita de representantes e intermediários para tanto.

Tantas outras seitas existem, tantos outros mandamentos escritos de diversas outras formas permanecem, mas, acima de tudo, se há vínculos com a essência do Amor, da Bondade, da Justiça e da Sabedoria, ligados a Deus, apesar da variedade de suas revelações falam a mesma linguagem, porque ela corresponde às necessidades universais e aspirações permanentes da Natureza humana.  

Jamais utilizar a religião e a fé para o embrutecimento dos bons sentimentos, o cultivo da riqueza material ou o fanatismo que pode levar até a exaltação que impele o fanático a praticar atos criminosos em nome da religião.  

Hoje se fala muito de espiritualidade e, com frequência, o que se quer dizer é: “Não pertenço a nenhuma religião organizada”. A religião em si, não consegue eliminar completamente o lado mais tenebroso da humanidade.

Não pode acabar com as guerras, a crueldade, a ganância e o sofrimento dos pobres, mas alivia tudo isso e dá uma visão perene de nosso eu melhor e mais puro, e do mundo melhor que a Maçonaria almeja criar, oferecendo um antídoto ao medo que a morte desperta em nós e que nos transporta com fé e esperança há dias melhores para a Humanidade.

O Maçom tem como dever honrar e venerar o Grande Arquiteto do Universo e cumprirá todos esses deveres porque tem a Fé, que lhe dá coragem; a Perseverança, que vence os obstáculos; o Devotamento que o leva a fazer o Bem e a Justiça, mesmo com risco de sua vida, sem esperar outra recompensa, que a tranqüilidade de consciência.  

Precisamos estar mais presentes em nossas Lojas, porque lá os Irmãos, pela união e pelo pensamento se aproximam de Deus, buscando a esperança.

Lá nos reeducamos para superar o individualismo e, diante de Deus, abrir o coração para aprendermos que o Grande Arquiteto do Universo é a autoridade final, e, que nós, Seus filhos temos o dever de seguir pelos caminhos que nos levam a Ele, que são sempre os mesmos que nos levam uns aos outros.

CIENTISTAS SE INSPIRAM NA CRIAÇÃO DE DEUS - Denizart Silveira de Oliveira Filho



 Queridos irmãos   este é meu devocional  em homenagem aos homens de ciência de nossa AMVBL em particular, irmãos: Eleutério Nicolau da Conceição, Jorge Antônio Gonçalves e Fuad Haddad, bem como os homens das ciências exatas e Tecnologia,  José Airton de Carvalho, Kleber de Toledo Siqueira e Joel Guimarães de Oliveira. Abraços a todos.

A Maçonaria é progressista, não no sentido político, mas por trabalhar para o bem e felicidade da humanidade, em vários aspectos, especialmente no apoio e investimento ao desenvolvimento científico-tecnológico posto a serviço da sociedade. Por outro lado, é impressionante como a observação atenta das Obras de Deus na Natureza, têm inspirado cientistas e pesquisadores na descoberta, invenção, criação e desenvolvimento de tecnologias à disposição do progresso da ciência e do bem-estar da sociedade.

Recentemente, Cientistas norte-americanos criaram um novo tipo de cola extremamente forte e removível. O projeto foi inspirado num caracol cujo muco endurece em condições secas e solta-se novamente quando molhado. A natureza reversível desse muco permite que o caracol mova-se livremente em condições mais úmidas e mais seguras, mantendo-o firmemente fixado em seu ambiente quando o movimento é perigoso.

A abordagem dos pesquisadores em imitar um adesivo encontrado na natureza traz à mente a descrição das descobertas do cientista Johannes Kepler. Ele disse que estava “apenas pensando como os pensamentos de Deus”. A Bíblia afirma que Deus criou a Terra e tudo o que nela está: a vegetação:  “A terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo sua espécie e árvores que davam fruto conforme sua espécie. E viu Deus que era bom” (Gênesis 1:12). Os “animais marinhos” e “variedade de aves”: “Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo suas espécies; e todas as aves, segundo suas espécies. E viu Deus que era bom” (Gênesis 1:21); os “animais que rastejam pelo chão”: “E fez Deus os animais selváticos, segundo sua espécie, e os animais domésticos, conforme sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme sua espécie. E viu Deus que era bom” (Gênesis 1:25); e “os seres humanos à sua própria imagem”: “Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem e a nossa semelhança” (Gênesis 1:26); “Então, formou Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gênesis 2:7); “Criou, pois, Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27).

Quando a humanidade descobre ou identifica um atributo especial de uma planta ou animal, estamos simplesmente seguindo os passos criativos de Deus, abrindo os nossos olhos à maneira como Ele os projetou. Ao final de cada dia, na sequência da criação, Deus viu o fruto de Sua obra e o descreveu como “bom”. À medida que aprendemos e descobrimos mais sobre a criação de Deus, que também reconheçamos Seu magnífico trabalho, cuidemos bem dele e proclamemos o quanto isso é bom! Reflitamos sobre isso, meus Irmãos!

março 24, 2024

NOTA DE GRATIDÃO - Newton Agrella


Homenageamos os irmãos que postam com mais frequência neste blog, publicando seus trabalhos durante toda uma semana. O homenageado desta semana foi o irmão Newton Agrella, polímata e poliglota, de São Paulo. Agradeço a nota de gratidão. 



Caríssimo Irmão MICHAEL, acompanho detidamente todas as edições de seu magnífico Blog.

Cumpre-me agradecê-lo por esta especial deferência, em publicar ao longo desta semana de Março 2024 alguns de meus artigos.

Deixo registrada a minha profunda admiração e respeito pelo seu trabalho incessante em prol da difusão da cultura maçônica Brasil afora.

Sem sombra de dúvida, o Blog MICHAEL WINETZKI  se encontra entre os principais e mais acessados instrumentos de pesquisa maçônica em nosso país !

Grande MICHAEL, personagem exponencial da Maçonaria Brasileira, fica registrado o reconhecimento por tudo o que você tem feito a favor de nossa Sublime Ordem.

Receba meu afetuoso Tríplice e Fraternal Abraço.

NEWTON AGRELLA

UM VESTIDO NOVO PARA UM ÓDIO ANTIGO - Pilar Rahola

 











O rotulo e o slogan prevalecem em relação a visão critica, a intolerancia e o preconceito demarcam um relativismo aetico de uma ex-querda que perdeu a capacidade de sonhar e a utopia foi reduzida a frangalhos
Segunda-feira à noite, em Barcelona. No restaurante, uma centena de advogados e juizes. Eles se encontraram para ouvir minhas opiniões sobre o conflito do Oriente Médio. Eles sabem que eu sou um barco heterodoxo, no naufrágio do pensamento único, que reina em meu país, sobre Israel. Eles querem me escutar. Alguém razoável como eu, dizem, por que se arrisca a perder a credibilidade, defendendo os maus, os culpados? Eu lhes falo que a verdade é um espelho quebrado, e que todos nós temos algum fragmento. E eu provoco sua reação: "todos vocês se sentem especialistas em política internacional, quando se fala de Israel, mas na realidade não sabem nada. Será que se atreveriam a falar do conflito de Ruanda, da Caxemira, da Chechenia?".

Não. São juristas, sua área de atuação não é a geopolítica. Mas com Israel se atrevem a dar opiniões. Todo mundo se atreve. Por quê? Porque Israel está sob a lupa midiática permanente e sua imagem distorcida contamina os cérebros do mundo. E, porque faz parte da coisa politicamente correta, porque parece solidariedade humana, porque é grátis falar contra Israel. E, deste modo, pessoas cultas, quando lêem sobre Israel estão dispostas a acreditar que os judeus têm seis braços, como na Idade Média, elas acreditavam em todo tipo de barbaridades. Sobre os judeus do passado e os israelenses de hoje, vale tudo.

A primeira pergunta é, portanto, por que tanta gente inteligente, quando fala sobre Israel, se torna idiota. O problema que temos, nós que não demonizamos Israel, é que não existe debate sobre o conflito, existe rótulo; não se troca ideias, adere-se a slogans; não desfrutamos de informações sérias, nós sofremos de jornalismo tipo hambúrguer, fast food, cheio de preconceitos, propaganda e simplismo.

O pensamento intelectual e o jornalismo internacional renunciaram a Israel. Não existem. É por isso que, quando se tenta ir mais além do pensamento único, passa-se a ser o suspeito, o não solidário e o reacionário, e o imediatamente segregado. Por quê? Eu tento responder a esta pergunta há anos: por quê? Por que de todos os conflitos do mundo, só este interessa? Por que se criminaliza um pequeno país, que luta por sua sobrevivência? Por que triunfa a mentira e a manipulação informativa, com tanta facilidade? Por que tudo é reduzido a uma simples massa de imperialistas assassinos? Por que as razões de Israel nunca existem? Por que as culpas palestinas nunca existem? Por que Arafat é um herói e Sharon um monstro? Em definitivo, por que, sendo o único país do mundo ameaçado com a destruição é o único que ninguém considera como vítima?

Eu não acredito que exista uma única resposta a estas perguntas. Da mesma forma que é impossível explicar a maldade histórica do antissemitismo completamente, também não é possível explicar a imbecilidade atual do preconceito anti-Israel. Ambos bebem das fontes da intolerância, da mentira e do preconceito. Se, além disso, nós aceitarmos que ser anti-Israel é a nova forma de ser antissemita, concluímos que mudaram as circunstâncias, mas se mantiveram intactos os mitos mais profundos, tanto do antissemitismo cristão medieval, como do antissemitismo político moderno. E esses mitos desembocam no que se fala sobre Israel. Por exemplo, o judeu medieval que matava as crianças cristãs para beber seu sangue, se conecta diretamente com o judeu israelense que mata as crianças palestinas para ficar com suas terras. Sempre são crianças inocentes e judeus de intenções obscuras.

Por exemplo, a ideia de que os banqueiros judeus queriam dominar o mundo através dos bancos europeus, de acordo com o mito dos Protocolos (dos Sábios de Sião), conecta-se diretamente com a ideia de que os judeus de Wall Street dominam o mundo através da Casa Branca. O domínio da imprensa, o domínio das finanças, a conspiração universal, tudo aquilo que se configurou no ódio histórico aos judeus, desemboca hoje no ódio aos israelenses. No subconsciente, portanto, fala o DNA antissemita ocidental, que cria um eficaz caldo de cultura. Mas, o que fala o consciente? Por que hoje surge com tanta virulência uma intolerância renovada, agora centrada, não no povo judeu, mas no estado judeu? Do meu ponto de vista, há motivos históricos e geopolíticos, entre eles o sangrento papel soviético durante décadas, os interesses árabes, o antiamericanismo europeu, a dependência energética do Ocidente e o crescente fenômeno islâmico.

Mas também surge de um conjunto de derrotas que nós sofremos como sociedades livres e que desemboca em um forte relativismo ético. Derrota moral da esquerda. Durante décadas, a esquerda ergueu a bandeira da liberdade, onde houvesse injustiça, e foi a depositária das esperanças utópicas da sociedade. Foi a grande construtora do futuro. Apesar da maldade assassina do stalinismo ter afundado essas utopias e ter deixado a esquerda como o rei que estava nu, despojado de trajes, ela conservou intacta sua auréola de lutadora, e ainda dita as regras do que é bom e ruim no mundo. Até mesmo aqueles que nunca votariam em posições de esquerda, concedem um grande prestígio aos intelectuais de esquerda, e permitem que sejam eles os que monopolizam o conceito de solidariedade. Como fizeram sempre. Deste modo, os que lutavam contra Pinochet, eram os lutadores pela liberdade, mas as vítimas de Castro são expulsas do paraíso dos heróis e transformadas em agentes da CIA, ou em fascistas disfarçados.

Da mesma forma que é impossível explicar a maldade histórica do antissemitismo completamente, também não é possível explicar a imbecilidade atual do preconceito anti-Israel. Ambos bebem das fontes da intolerância, da mentira e do preconceito.
Eu me lembro, perfeitamente, como, quando era jovem, na Universidade combativa da Espanha de Franco, ler Solzhenitsyn era um horror! E deste modo, o homem que começou a gritar contra o buraco negro do Gulag stalinista, não pôde ser lido pelos lutadores antifranquistas, porque não existiam as ditaduras de esquerda, nem as vítimas que as combatiam.

Essa traição histórica da liberdade se reproduz no momento atual, com precisão matemática. Também hoje, como ontem, essa esquerda perdoa ideologias totalitárias, se apaixona por ditadores e, em sua ofensiva contra Israel, ignora a destruição de direitos fundamentais. Odeia os rabinos, mas se apaixona pelos imãs; grita contra o Tzahal (Exército israelense), mas aplaude os terroristas do Hamas; chora pelas vítimas palestinas, mas rejeita as vítimas judias; e, quando se comove pelas crianças palestinas, só o faz se puder acusar os israelenses. Nunca denunciará a cultura do ódio, ou sua preparação para a morte, ou a escravidão que suas mães sofrem. E enquanto iça a bandeira da Palestina, queima a bandeira de Israel.

Um ano atrás, eu fiz as seguintes perguntas no Congresso do AIPAC (Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel) em Washington: "Que profundas patologias alijam a esquerda de seu compromisso moral? Por que nós não vemos manifestações em Paris, ou em Barcelona, contra as ditaduras islâmicas? Por que não há manifestações contra a escravidão de milhões de mulheres muçulmanas? Por que eles não se manifestam contra o uso de crianças-bomba, nos conflitos onde o Islã está envolvido? Por que a esquerda só está obcecada em lutar contra duas das democracias mais sólidas do planeta, e as que sofreram os ataques mais sangrentos, os Estados Unidos e Israel?”

Porque a esquerda, que sonhou utopias, parou de sonhar, quebrada no muro de Berlim do seu próprio fracasso. Já não tem ideias, e sim slogans. Já não defende direitos, mas preconceitos. E o preconceito maior de todos é o que tem contra Israel. Eu acuso, portanto, de forma clara: a principal responsabilidade pelo novo ódio antissemita, disfarçada de posições anti-Israel, provém desses que deveriam defender a liberdade, a solidariedade e o progresso. Longe disto, eles defendem os déspotas, esquecem suas vítimas e permanecem calados perante as ideologias medievais que querem destruir a civilização. A traição da esquerda é uma autêntica traição à modernidade.

Derrota do jornalismo. Temos um mundo mais informado do que nunca, mas nós não temos um mundo melhor informado. Pelo contrário, os caminhos da informação mundial nos conectam com qualquer ponto do planeta, mas eles não nos conectam nem com a verdade, nem com os fatos. Os jornalistas atuais não precisam de mapas, porque têm o Google Earth, eles não precisam saber história, porque têm a Wikipedia. Os jornalistas históricos que conheciam as raízes de um conflito, ainda existem, mas são espécies em extinção, devorados por este jornalismo tipo hambúrguer, que oferece fast food de notícias, para leitores que querem fast food de informação.

Israel é o lugar mais vigiado do mundo e, ainda assim, o lugar menos compreendido do mundo. Claro que, também influencia a pressão dos grandes lobbys dos petrodólares, cuja influência no jornalismo é sutil, mas profunda. Qualquer mídia sabe que se falar contra Israel não terá problemas. Mas, o que acontecerá se criticar um país islâmico? Sem dúvida, então, sua vida ficará complicada. Não nos confundamos. Parte da imprensa, que escreve contra Israel, se veria refletida na frase afiada de Goethe: "Ninguém é mais escravo do que aquele que se acha livre, sem sê-lo". Ou também em outra, mais cínica de Mark Twain: "Conheça primeiro os fatos e logo os distorça quanto quiser".

Derrota do pensamento crítico. A tudo isto, é necessário somar o relativismo ético, que define o momento atual, e que é baseado, não na negação dos valores da civilização, mas na sua banalização. O que é a modernidade?

Pessoalmente a explico com este pequeno relato: se eu me perdesse em uma ilha deserta, e quisesse voltar a fundar uma sociedade democrática, só necessitaria de três livros: as Tábuas da Lei, que estabeleceram o primeiro código de comportamento da modernidade. "O não matarás, não roubarás", fundou a civilização moderna. O código penal romano. E a Declaração dos Direitos Humanos. E com estes três textos, começaríamos novamente. Estes princípios que nos endossam como sociedade, são relativizados, até mesmo por aqueles que dizem defendê-los. "Não matarás", depende de quem seja o objeto, pensam aqueles que, por exemplo, em Barcelona, se manifestam aos gritos a favor do Hamas.

"Vivam os direitos humanos", depende de a quem se aplica, e por isso milhões de mulheres escravas não preocupam. "Não mentirás", depende se a informação for uma arma de guerra a favor de uma causa. A massa crítica social se afinou e, ao mesmo tempo, o dogmatismo ideológico engordou. Nesta dupla mudança de direção, os fortes valores da modernidade foram substituídos por um pensamento fraco, vulnerável à manipulação e ao maniqueísmo.

Derrota da ONU. E com ela, uma firme derrota dos organismos internacionais, que deveriam cuidar dos direitos humanos, e que se tornaram bonecos destroçados nas mãos de déspotas. A ONU só serve para que islamofascistas, como Ahmadinejad, ou demagogos perigosos, como Hugo Chávez, tenham um palco planetário de onde cuspir seu ódio. E, claro, para atacar Israel sistematicamente. A ONU, também, vive melhor contra Israel.

Finalmente, derrota do Islã. O Islã das luzes sofre hoje o ataque violento de um vírus totalitário, que tenta frear seu desenvolvimento ético. Este vírus usa o nome de D'us para perpetrar os horrores mais inimagináveis: apedrejar mulheres escravizá-las, usar grávidas e jovens com atraso mental como bombas humanas, educar para o ódio, e declarar guerra à liberdade. Não esqueçamos, por exemplo, que nos matam com celulares conectados, via satélite, com a Idade Média. Se o stalinismo destruiu a esquerda, e o nazismo destruiu a Europa, o fundamentalismo islâmico está destruindo o Islã. E também tem, como as outras ideologias totalitárias, um DNA antissemita. Talvez o antissemitismo islâmico seja o fenômeno intolerante mais sério da atualidade, e não em vão afeta mais de 1,3 bilhões de pessoas educadas, maciçamente, no ódio ao judeu.

Na encruzilhada destas derrotas, se encontra Israel. Órfão de uma esquerda razoável, órfão de um jornalismo sério e de uma ONU digna, e órfão de um Islã tolerante, o Estado de Israel sofre com o paradigma violento do século XXI: a falta de compromisso sólido com os valores da liberdade. Nada é estranho. A cultura judaica encarna, como nenhuma outra, a metáfora de um conceito de civilização que hoje sofre ataques por todos os flancos. Vocês são o termômetro da saúde do mundo. Sempre que o mundo teve febre totalitária, vocês sofreram. Na Idade Média fascismo europeu, no fundamentalismo islâmico. Sempre, o primeiro inimigo do e confusão social, Israel encarna, na própria carne, o judeu de sempre.

Um pária de nação entre as nações, para um povo pária entre os povos. É por isso que o antissemitismo do século XXI foi vestido com o disfarce efetivo da crítica anti-Israel. Toda crítica contra Israel é antissemita? Não. Mas, todo o antissemitismo atual transformou-se no preconceito e na demonização contra o Estado Judeu. Um vestido novo para um ódio antigo.

Benjamim Franklin disse: "Onde mora a liberdade, lá é a minha pátria". E Albert Einstein acrescentou: "A vida é muito perigosa. Não pelas pessoas que fazem o mal, mas por aquelas que ficam sentadas vendo isso acontecer".

Este é o duplo compromisso aqui e hoje: nunca se sentar vendo o mal passar e defender sempre as pátrias da liberdade.

Pilar Rahola I. Martínez Nasceu em 21/10/1958 é jornalista e escritora catalã, com formação política e MP. Estudou Espanhol e Filosofia Catalã na Universidade de Barcelona. Possui vários livros e artigos publicados, palestrante internacional requisitada pela mídia e universidades, é colunista do La Vanguardia, na Espanha; La Nacion, na Argentina e do Diário da América, nos Estados Unidos. De 1987 a 1990 Rahola cobriu a Guerra na Etiópia, Guerra dos Balkans, Guerra do Golfo e a Queda do Muro de Berlim como diretora da publicação Pòrtic. Suas áreas de atuação incluem Direito das Mulheres, Direito Humano Internacional, e Defesa dos Animais. Nos últimos anos tem exposto seu ponto de vista sobre Israel e o Sionismo.

Entre diversos prêmios recebidos: Doutor Causa Honoris na Universidade de Artes e Ciência da Comunicação, em Santiago do Chile (2004), pela sua luta em favor dos direitos humanos; Prêmio Javer Shalom, pela comunidade judaica chilena pela sua luta contra o antisemitismo; Cicla Price (2005), pelo mesmo motivo; Membro de Honra da Universidade de Tel Aviv (2006); Golden Menora entregue pela Bnai Brith francesa (2006); Laureada com o priemio Scopus pela Universidade Hebraica de Jerusalém (2007); participou como convidada de honra em diversas ocasiões, entre elas no AIPAC de Conferência Política (2008); em 2009 recebeu prêmio da Federação das Comunidades Judias da Espanha, Senador Angel Pulido e Prêmio Mídia de Massa pelo Comitê Judaico Americano pela luta pelos Direitos Humanos; A Liga Anti Difamação lhe concedeu o prêmio Daniel Pearl “pela sua dedicação e comprometimento a um jornalismo honesto e responsável baseado em um código de ética e por falar honestamente ao público”; recebeu o prêmio Morris Abram entregue pela UN pela sua defesa aos Direitos Humanos, Genebra, 2011, entre outros.

INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO MAÇÔNICA - Charles Evaldo Boller


Especula-se que: o universo é resultado de projeto inteligente com finalidade definida; não é o resultado de ocasionais ocorrências aleatórias; que a vida tem propósito significativo; que é lógico pensar na vida com intenção de preencher finalidade determinada, planejada.

Na contramão disso, o homem percebe que muitas de suas atividades são dispersivas e alienantes no uso da vida. Para a maioria a vida não tem sentido, principalmente na forma correta de usufruir o que realmente a natureza intenciona no viver bem.

Na atividade do homem não se concebe que faça o que é certo em um aspecto da vida, enquanto comete erros em outros. Como fará em sua caminhada para não perder a visão de sua vida em sentido lato? Como deve agir para usufruí-la como um conjunto indivisível?

O homem que se iniciou nos mistérios da Maçonaria descobre na vida a existência de maravilhas a serem exploradas, questionadas e aplicadas para usufruir de sua existência da maneira mais equilibrada possível com o propósito do Criador. Pela educação maçônica o homem deixa de ser um morto-vivo de comprometida visão da vida.

A Maçonaria e seus mistérios oferecem ferramentas e instruções que removem barreiras e possibilita o usufruto da vida em sua plenitude. O senso do mistério alimenta emoções residentes na psique e que são trabalhados nas atividades maçônicas. A ciência em forma de arte traduz a emoção fundamental para o progresso pessoal. São mistérios que não inspiram medos, o maçom faz o bem porque isso é parte de sua nova vida e não porque tem medo de algum castigo ou almeje hipotético prêmio depois de morto.

Se aplicada passo a passo, de forma simples, a essência da vida é aprendida e, se for da vontade do adepto, liberta-o da escravidão, do servilismo ao sistema desumano de vida, que o espreme e suga toda a sua força ativa até sobrar apenas bagaço. Ao sujeitar a ambição ao controle racional, liberta-se do pior tipo de servilismo, pior até que a própria fome e pobreza. Ao inspirar coragem e decisão no adepto, a filosofia da Maçonaria conduz àquele que passa a confiar em si mesmo e conduz seus próprios passos ao prazer de conquistar a vitória sobre si mesmo. Ao sentir que é capaz de conduzir a si mesmo torna-se apto a conduzir aos que ainda não despertaram.

As noções filosóficas da Maçonaria auxiliam na absorção do conhecimento que livra do obscurantismo e da alienação ao trabalho. São aplicadas apenas umas poucas horas semanais em treinamento e convivência que eliminam anos de frustrantes tentativas de acertos e erros até obter a visão necessária para dar sentido à vida. Não se trata de entendimento intelectual, político ou crença, mas de um sentido misterioso, ainda inexplicável, de intuição individual que dá sentido à vida. Cada adepto usa da Maçonaria para dar o seu próprio sentido para a vida sem ficar batendo cabeça em tentativas inúteis e fantasiosas.

O sucesso pessoal não é devido exclusivamente à força ou ao conhecimento, mas diz respeito à vontade férrea, de coragem para agir. O entendimento de como caminhar por conta própria advém do conhecimento esotérico que conduz ao sucesso pessoal, familiar, social e profissional. A convivência maçônica inspira o conhecimento intuitivo e o fortalecimento do caráter que conduzem o maçom, que inicia a si mesmo, a uma consciência superior. Não um super-homem, mas um homem renascido de sua própria decisão de fazer de si mesmo uma criatura em permanente evolução.

Ao trabalhar em si mesmo, na pedra, o adepto participa na construção de um templo social onde ele é incentivado a ocupar cada vez mais cargos, públicos ou privados, de modo a conduzir a sociedade por bons pastos. Não se trata de conduzir gado de corte por fértil campo de engorda e deste ao matadouro da exploração, mas de propiciar oportunidades razoáveis de vida sem eliminar as diferenças e os desníveis que são característica de civilizações saudáveis. É a sabedoria salomônica aplicada no dia-a-dia do cidadão. O homem sábio é muito mais forte que o bruto, pois o conhecimento aplicado com sabedoria é muito mais forte. O conhecimento provê a base sólida da construção pessoal que se afasta da alienação do sistema de coisas humano pela aplicação do pensamento sábio.

Maçonaria é arte. É uma ciência que permite construir o intelecto cuja compreensão possibilita o despertar, o abraçar da iluminação que vem da racionalidade conduzida por balanceada espiritualidade - diferente de religiosidade. A luz que o maçom busca é o aperfeiçoamento pessoal em seu dia-a-dia. A Maçonaria faz deste entendimento o ponto essencial a ser alcançado. É mero coadjuvante o esforço das atividades maçônicas restantes ao objeto central que é a evolução do homem. O estado de iluminação inspirado pela Maçonaria destrói a mascara da ilusão do sistema de coisas humano que manipula separações e quebra de relações que conduzem a alienação da vida para objetivos fúteis e inúteis. No instante em que o maçom abre os olhos e vê a luz do que é certo e errado torna-se sensato. Desaparece a ilusão e ele deixa de experimentar o que está errado na tentativa de acertar, torna-se mais objetivo e acerta no primeiro ensaio muito mais vezes. Some o ilusionismo com seus truques que submetem o homem a um servilismo voluntário em virtude da perda de noção da realidade.

Surge nova consciência quando a iluminação esclarece a diferença entre religiosidade e espiritualidade. Fica claro o entendimento de que a crença em verdades absolutas ditadas pelos sistemas religiosos não torna seus adeptos pessoas espiritualizadas. Também não é espiritualizado o maçom que não iniciou a si mesmo, que insiste em aprisionar-se na execução de rituais sem penetrar em seus significados. A intenção da educação maçônica é criar a identidade própria do indivíduo afastado de influência ditatorial externa e aproxima-lo da dimensão espiritual que já reside dentro dele. Esta dimensão existe em todos. Basta que acorde. Não está contida no pensamento, mas numa dimensão diferente e inspirada na intuição. Por isso a filosofia maçônica incentiva à diversidade de pensamentos. Procura-se provocar no homem a obtenção de matéria prima para construir pontes evolutivas que progridem aos saltos sobre os precipícios da ignorância. Não se admitem limitações ao pensamento como é objetivo dos sistemas alienantes de crenças. O fato de a espiritualidade surgir em larga escala fora do sistema de crenças é novo para a sociedade em geral, mas é usado faz séculos pelos maçons que iniciaram a si mesmos nos mistérios da arte da Maçonaria.

A iluminação, o andar com as próprias pernas inspirado pela Maçonaria desperta a compaixão que se traduz num homem dotado de menos cobiça; torna-o mais alegre porque a sabedoria o afasta do sofrimento; alimenta a igualdade onde se produzem mais amigos unidos pelo poderoso laço do amor; inspira a ternura que remove a discriminação que produz tantos inimigos. Afasta ignorância, falsas imaginações, desejos viciantes e estultícia, todas nascidas na própria mente, manifestadas pelas ilusões e manipuladas pelo ego.

A mudança estimulada pela educação maçônica repele os desejos da mente e afastam os sofrimentos, lutas inúteis alimentadas pela cobiça, estultícia e ira. Maçom que se iniciou é homem armado com espada - a sua língua, a sua oratória —, e escudo, - o conhecimento de seu cérebro. Pela iluminação, - kant, Aufklärung - anda com os próprios pés. Está sempre pronto para o bom combate com mente treinada para alcançar o objetivo de construir uma sociedade humana dentro dos desígnios estabelecidos pelo Grande Arquiteto do Universo.

Bibliografia:


1. ANATALINO, João, Conhecendo a Arte Real, A Maçonaria e Suas Influências Históricas e Filosóficas, ISBN 978-85-370-0158-5, primeira edição, Madras Editora limitada., 320 páginas, São Paulo, 2007;


2. SILVA, Georges da, Budismo, Psicologia do Autoconhecimento, 222 páginas, Editora Pensamento Limitada, São Paulo;


3. TOLLE, Eckhart, Um Mundo Novo, o Despertar de uma Nova Consciência, tradução: Henrique Monteiro, ISBN 978-85-7542-313-4, primeira edição, Editora Sextante Limitada, 266 páginas, Rio de Janeiro, 2005.

A LUZ E O AVENTAL - Adilson Zotovici



Ao nasceres  neste mundo

À caminhada inicial

Sacro sopro, num segundo,

Avivada a alma imortal


Plano Divino oriundo

Tua construção gradual

Que vaticino e difundo

Do Grande Arquiteto Universal


Despido de vestes, igual,

Em teu ser, investes profundo

À tua Chama Divinal


Assim, para a Arte Real,

Ao renascimento fecundo

Recebes a Luz e o avental !