abril 02, 2024

AS TRES JANELAS - Jules Boucher


Três Janelas estão representadas no "Quadro de Aprendiz": a primeira a Oriente, a segunda ao Meio-Dia e a terceira a Ocidente; nenhuma janela se abre para o Norte. Essas três janelas são cobertas por uma rede de arame. "Elas representam, diz Plantageneta, as três portas do Templo de Salomão, e essa evocação, se considerarmos isoladamente a Oficina Maçônica, poderia parecer, no mínimo, paradoxal. Mas não é nada disso. A rede que protege essas aberturas lembra que o trabalho dos operários é subtraído à curiosidade do profano, cujo olhar não sabe penetrar no Templo; mas sublinha que, se o olhar do Maçom não for detido pelo mesmo obstáculo, suas perspectivas são essencialmente diferentes. Com efeito, ele não pode olhar materialmente a vã agitação da rua, pois ao seu redor tudo está fechado, mas nem por isso, espiritualmente, ele deve determinar o movimento do mundo sensível encarado do ponto de vista em que ele se encontra".

"A Loja do Aprendiz não recebe nenhuma luz do exterior", escreve Wirth, que acrescenta: "Ela lembra, por esse detalhe, as criptas subterrâneas cavadas no flanco das montanhas, os hipogeus do Egito ou da Índia, o antro de Trofônio, etc. A Loja do Companheiro, em contrapartida, está em comunicação com o mundo exterior graças às três janelas..."

Ora, pelo que pudemos constatar, os antigos rituais maçônicos fazem menção de três janelas no grau de Aprendiz. Oswaldo Wirth suprimiu-as um tanto levianamente, para poder adaptar sua explicação à sua concepção.

Quanto a Plantageneta, ele fala das três portas do Templo de Salomão. Ora, na Bíblia se diz (I Livro dos Reis, VI, 4): "O rei fez na casa (no Templo) janelas com grades fixas". Ignora-se tudo a respeito do número dessas janelas e de sua disposição. Sabe-se, apenas, com certeza, que o Templo se abria de leste para oeste, como na maioria de nossas igrejas catedrais; desse modo, o Templo era iluminado pelo Sol ao nascer. A orientação geral era a mesma que a das igrejas, isto é, a construção estava orientada, em seu comprimento, no sentido Leste-Oeste, mas o Sol é que ia ao encontro do Santo dos Santos.

Os Maçons construtores sempre orientaram os Templo com a entrada para o Ocidente e de modo que as três janelas do "Quadro" sigam a marcha do Sol. Não existe janela ao Norte, porque o Sol não passa por aí.

As janelas são protegidas por redes não para impedir que os profanos olhem para o interior do Templo — pois se o Templo, fosse iluminado interiormente, uma simples rede de metal não seria suficiente para impedir que se visse o que acontecia dentro deles — mas simplesmente para impedir o acesso ao Templo.

O Templo fica isolado do mundo profano e o Maçom não deve sofrer nenhuma tentação para se tornar espectador do mesmo. Pelo contrário, é preciso que, ao sair do Templo, depois de ali ter haurido novas forças, o Maçom volte a ser um agente no meio à multidão anônima e aí distribua a Sabedoria, a Força e a Benignidade que adquiriu no Templo.

A janela do Oriente traz a doçura da aurora, sua renovação de atividade; a do Meio-Dia, a força e o calor; a do Ocidente dá uma luz que, à medida que se torna mais fraca, convida ao repouso. O Norte, escuro, como não recebe nenhuma luz, não precisa de janela.

Os trabalhos dos Maçons começam, simbolicamente, ao Meio-Dia e terminam à Meia-Noite. Começam ao Meio-Dia, quando o Sol brilha com toda a sua força no Templo.

Os Aprendizes são colocados ao Norte porque têm necessidade de serem esclarecidos; eles recebem assim toda a luz da janela do Meio-Dia. Os Companheiros, colocados ao Meio-Dia, precisam de menos luz, e a sombra provocada pela parede do Templo ilumina-os suficientemente. Na mesma ordem de ideias, notar-se-á que o Venerável e seus assessores recebem de frente apenas a luz do crepúsculo. Em contrapartida, os Vigilantes são alertados desde a aurora pela luz que os atinge em cheio.

Os catecismos maçônicos dizem comumente que os Companheiros se colocam ao Meio-Dia porque são suficientemente avançados para suportar o brilho da luz; por outro lado, eles dizem que o Iniciado do segundo grau é convidado a se tornar ele próprio uma chama ardente, fonte de calor e de luz. Todos hão de convir, sem esforço, que existe aí um pleonasmo e que "fontes de luz" não têm necessidade alguma que se acrescente a seu brilho o brilho do dia.

Fonte: JULES BOUCHER, A Simbólica Maçônica — Ed. Pensamento

A LOJA MAÇÔNICA E O CONVENTO


I


Havia um Noviciado

Numa certa Prelazia,

Cujo prédio era encostado

Junto com a Maçonaria

II

Todo domingo, Dom Bento

Com fervor rezava a missa

Na Capela do Convento,

Para a turma de Noviça.

III

Bem na hora do café

Com a Madre Diretora,

Perguntava: - Como é?

Descobriu, Superiora?

IV

Que fazem esses Maçons

Trancados naquela casa?

Seus intentos não são bons.

Com mulheres mandam brasa...

V

- Senhor Bispo, não tem jeito

De saber, tudo é fechado!

Até mesmo com o Prefeito

Reclamei sem resultado.

VI

- Mais uma vez vou lembrar

Que há perigo imediato

De Noviça engravidar,

E o Bispo paga o pato.

VII

Passava uma velha freira,

Que vinha da Sacristia,

E afirmou, bem certeira,

Que perigo não havia.

VIII

Refazendo a esperança

E a paz do seu Prelado,

Declarou com segurança:

- Todo Maçom é castrado.

IX

- Irmã, que papo avançado !

Você viu, já esteve lá ?

Interrogo-lhe o Prelado,

Sem querer acreditar.

X

-Vou contar minha babada:

Nessa Loja, senhor Cura,

Tem uma porta lascada

Bem junto da fechadura.

XI

Certa noite, houve uma festa,

A tal da Iniciação...

Pus um ouvido na fresta,

Com cuidado e precaução.

XII

Só escutei. Não vi nada.

Foi grande a surpresa minha.

Pareceu forte pancada

De golpe de machadinha.

XIII

E ouvi com desespero,

Uma voz determinar:

Irmão Mestre Hospitaleiro

Trazei o saco ao altar!

XIV

E o Bispo foi-se embora,

Bem tranquilo e sorridente,

Confortado pela história

Da freirinha convincente.


Autor desconhecido

I


abril 01, 2024

ASSIM SE VIA ROMA, NA ÉPOCA ÁUREA

O OBJETIVO DO ESTUDO NA MAÇONARIA

Autor: Hon. Louis Block, Past Grand Master, Iowa. Tradução: Luiz Marcelo Viegas. Fonte: The Builder Magazine, Volume I, Número 4, abril-1915

É correto dizer que o grande problema diante de nós é o da pedagogia da Maçonaria. Isso significa que o ensino dos fatos sobre um grande movimento histórico baseado na teoria de que a verdadeira felicidade do homem só pode ser alcançada pela união de todos em uma democracia alicerçada no espírito da fraternidade, onde cada um não seja apenas o guardião de seu irmão, mas também seu defensor, seu porto seguro, seu auxílio, seu incentivador, seu ombro amigo, seu inspirador e seu exemplo de amor ao próximo e a si mesmo. Tudo isso se ensina através do imaginário e das alegorias da Maçonaria, e de seu simbolismo místico. Não devemos nos perder na busca por algo sombrio, em teorias abstratas perdidas dentro de perspectivas obscuras, confusas, nebulosas e insignificantes; devemos sim estarmos próximos e nos dedicarmos aos verdadeiros valores humanos. Princípios devem existir para estarem realmente inseridos nas vidas das pessoas, se não for assim não farão diferença alguma. Nosso estudo deve aliar teoria e prática, com o estudante realmente utilizando-se de seu aprendizado e compartilhando os valores adquiridos, senão nossos esforços serão em vão.

Também não podemos deixar de mostrar que são os pensamentos que importam, que são eles que controlam a conduta dos homens; que, se seus pensamentos não são bons, o seu comportamento também não pode ser. O que precisamos é fazer com que os pensamentos certos sejam claramente formulados, imbuídos de amor, e profundamente gravados no subconsciente, de modo que eles irão inevitavelmente se expressar em nossos atos no dia-a-dia de nossas vidas. A meu ver, essa é a missão da Maçonaria: a construção desses grandes pensamentos na mente dos homens, transformando-os em atos cotidianos, com a certeza de que eles devem predominar, governar e prevalecer para os homens viverem juntos em paz e harmonia, e desfrutarem da verdadeira felicidade.

Como fazer isso é a grande questão. Como fazer a Ordem sentir que essas ideias não são abstrações vazias, mas reais, poderosas, vivas, atuais e sólidas – essa é a grande tarefa a se realizar. Precisamos compreender juntos os fatos sobre a Maçonaria: o que ela realizou no passado que a faz viver até os dia de hoje por seus próprios méritos? Como ela tem, durante sua existência, auxiliado o homem? Então precisamos colocá-los juntos em uma história de tal forma que ela vá capturar a atenção e manter o interesse do aluno. A capacidade de fazer coisas interessantes, para atiçar uma busca por mais “luz”, é o segredo de todo ensino. Você não pode abrir a cabeça de um estudante e colocar o conhecimento ali dentro, mas você pode incentivá-lo a estudar e aprender por si mesmo, e essa será sua vitória. Já temos a vantagem do grande poder de atração de nossos “segredos” e “mistérios”. Temos de mostrar aos iniciados o quão pouco sabem, quantos mistérios fascinantes ainda precisam ser explorados, investigados, analisados e estudados, para enfim poderem ser compreendidos.

Pergunte por que ele ainda permanece na Ordem. Ela o ajudou? Em caso afirmativo, como e de que maneira? Faça uma série de perguntas socráticas a ele; faça-o pensar! Se ela o auxiliou em algo, de alguma forma, sem dúvida, ela poderá fazer mais. Há mais lá, se ele souber procurar: “buscai e achareis.” Não é fácil ensinar os homens a observar o mundo ao seu redor, muito menos é ensinar-lhes a arte do discernimento espiritual. Mas é possível. Pode ser ensinado, pode ser desenvolvido, pode-se fazer essa habilidade florescer. Muito de nossa pedagogia moderna não é nada mais do que um árido, mecânico e vazio processo. Nossas crianças são instruídas a decorar, imitar, copiar, para seguir “o costume”, e não são nunca preparadas para pensar. Tal procedimento acaba por formar adultos incapazes de formular pensamentos simples, mas originais, não sendo capazes de fazer uma avaliação crítica do que ocorre ao seu redor; e muitos são os que em loja praticam a ritualística de forma errada, por que os Mestres “mais antigos” lhe “ensinaram” que assim é “o uso e o costume” daquela oficina.

Devemos preparar nossos novos maçons, incentivando-os a se dedicarem aos estudos e à pesquisa sobre a Ordem. Devemos incentivá-los a trabalhar sua mente, a construir seu templo espiritual, mas também o intelectual. Devemos incentivá-los a serem originais. Devemos incentivá-los a pensar!

ROSARIO DE SUTILEZAS - Roberto Ribeiro Reis


Como é gostoso receber, de um Irmão, o abraço à moda. Melhor ainda, se esse abraço for completo, por três vezes três.

O mundo das carícias virtuais tem feito com que nos esqueçamos das maravilhas gestuais (físicas) do cotidiano.

O vulgo tem desdenhado as singelezas da vida. Filmes de terror têm substituído os clássicos de outrora; músicas sem conteúdo têm tomado conta do espaço que era dado às grandes sinfonias.

Em suma, o livro da vida, cujas páginas retratavam a mais bela e fulgente cultura, agora dá lugar a pasquins medíocres, que se prensados jorram sangue, sexo desregrado e assombrosa corrupção sistêmica.

Enquanto Obreiros de Nobre Ordem, somos extremamente privilegiados por desbravarmos o caminho da retidão, onde o rosário de sutilezas predomina, com força e vigor, com beleza e altivez, num compasso de sabedoria e conhecimento, que ultrapassa qualquer obstáculo de ignorância e grosserias.

Sutilezas que nos aquecem o coração, tornando-se um verdadeiro refrigério à nossa alma, porquanto são o reflexo materializado da Misericórdia do Arquiteto Maior, por cujo Sopro Divino alcançamos a plenitude de uma vida abundante em glória e esplendor.

Afabilidades que têm se tornado cada vez mais escassas no mundo profano, o qual se encontra adoecido ante as enormes atrocidades que lhes são perpetradas; hoje, é mais fácil desferir um soco, do que ensaiar um aperto de mão; é mais prazeroso proferir vitupérios, do que verbalizar o som amoroso; é mais fácil se regozijar com a morte alheia, do que reverenciar a própria vida.

Cordialidades que têm se perdido no tempo, sob a alegação de serem piegas, demasiado românticas, ou absolutamente arcaicas. O que está em voga é o comportamento rudimentar, seco, típico de quem ainda se encontra preso à caverna de sua bestialidade. 

Experiências magnificentes, que nos têm propiciado uma vida mais leve, ainda que com suas lutas; uma existência mais contemplativa, ainda que permeada das dificuldades de todos os matizes.

A Arte Real é a técnica que utilizamos para fazer com que a luz exsurja das trevas, para que o bem possa solapar o mal, para que a morte não encerre a vida, mas que com ela caminhe pari passu, descortinando um horizonte de possibilidades.

Através da Maçonaria temos tido oportunidades de nos aperfeiçoarmos – e não de virarmos anjos, como ousam alguns “templos” proselitistas – de buscarmos crescer, pela constante corrigenda de nossos erros, de não nos envergonharmos por conta de nossas reincidentes quedas.

Temos a consciência de que somos plenamente falíveis e incompletos, mas guardamos a convicção de que, a cada conquista, tornamo-nos um pouco mais evoluídos, e aptos a ajudar no processo de transformação de nós mesmos e do mundo em que vivermos.

março 31, 2024

COMO FAZER SUA LOJA MAÇÔNICA CRESCER E SE FORTALECER*




- Participe de tantas reuniões e funções quanto possível.

- Apareça cedo, fique até tarde.

- Suporte as atividades e participe.

- Leia. Estude. Aprenda. Ensaie. Discuta. Ensine. Cresça. Melhore.

- Esteja preparado! Tire os olhos do ritual. Conheça o ritual e os deveres das três cadeiras de coração: aprenda o ritual do cargo que está acima de você; conheça o cargo que você ocupa e a cargo subordinado a você. Ensine esta mesma prática a todos os oficiais.

- Fortaleça a cadeia. Comprometa-se em melhorar a vida de todos os Oficiais e Irmãos que você conhece.

- Viva a Maçonaria fora e dentro da Loja - 24 horas, 7 dias por semana, 365 dias por ano.

- Aceite um cargo. Assuma uma responsabilidade. Seja voluntário. Faça o seu melhor!

- Arregace as mangas. Ajude! Continue humilde. Devolva o que recebe.

- Abandone todo ego e orgulho tolo.

- Convide e envolva candidatos e irmãos. Incentive-os a se apropriarem da Loja e de sua jornada.

- Evite o "boato". Evite fofocas.

- Construa com as forças dos outros. Incentive a paixão e novas ideias.

- Todas as mãos no convés! Muitas mãos fazem o trabalho mais leve.

- Nunca fale negativamente de um Oficial ou membro de Comitê ou Comissão.

- Forme Oficiais ou membros de Comitês para a Ordem.

- Pague suas mensalidades antecipadamente. Doe frequentemente.

- Trate aos outros como família; com a mais alta consideração, estima e respeito.

- Planeje, pratique, prepare, persevere.

- Honre o passado, preserve as tradições e a cultura da Loja.

- Lidere pelo exemplo. Seja a mudança que você deseja ver na Loja.

- Não pergunte o que a Maçonaria pode fazer por você; mas o que você pode fazer pela Maçonaria.

- Siga o Código: as Grandes Luzes, as Obrigações, Encargos, Old Charges, Antigos Landmarks, Código de Julgamento, Constituição e Regulamentos da Grande Loja, Estatutos, Monitores, Cerimônias, Orientações e os vários Rituais da Maçonaria devem ser o seu guia constante; seu modus operandi; e seus padrões de procedimentos operacionais. Se você não concordar, estude a Legislação e tome as devidas providências e processo apropriado para alterá-las.

- Seja positivo. Nunca veja uma situação como impossível. Aceite o desafio, supere todos os obstáculos e produza resultados positivos que beneficiam a todos.

- Incorpore ordem e decoro. Siga o protocolo e etiqueta adequados. Evite conversas privadas durante as reuniões e cerimônias de conferências de graus.

- Nunca abrigue ressentimentos ou brigas contra qualquer irmão. Vá até ele. Resolva o problema. Faça as pazes. Cure todas as feridas. Fortaleça o vínculo.

...

Autoria desconhecida.

DO DOMINGO DE RAMOS AO RAMADÃ- Vanderlei Coelho


 

LIBERTE-SE DE SEU SAPATO




Numa bela manhã, um homem já de certa idade fez sinal para o ônibus parar.

Enquanto subia, um de seus sapatos escorregou para o lado de fora. A porta se fechou e o ônibus partiu; com isso, ficou ele incapaz de recuperá-lo. No entanto, esse homem tranquilamente retirou seu outro sapato e jogou-o pela janela.

Um rapaz no ônibus testemunhou o que aconteceu, e não podendo ajudar ao homem, perguntou: "Vi o que o senhor fez. Por que jogou fora seu outro sapato?"

O homem prontamente respondeu: "É para quem o encontrar seja capaz de usá-lo. Provavelmente algum necessitado dará importância a apenas um sapato usado encontrado na rua, mas de nada lhe adiantará se este não tiver os dois sapatos."

O homem mostrou ao jovem que não vale a pena agarrar-se a algo, simplesmente para  manter a sua posse, e com isso, impedir que outro possa utilizar.

"Perdemos" coisas o tempo todo, sejam elas materiais ou não. Essas perdas podem nos parecer penosas e injustas no início, porém, com o tempo e a compreensão da justiça da lei divina, elas se mostram eficazes e benéficas ao nosso espírito.

Como o homem da história, nós temos que aprender a nos desprendermos de tudo aquilo que seja inútil e prejudicial. 

Alguma "força" decidiu que era hora daquele homem "perder o seu sapato". Talvez esse fato possa ter ocorrido para que pudesse surgir novos e melhores acontecimentos em sua vida.

Seja qual for a razão, muitas vezes não poderemos evitar as perdas, e nesses momentos deveremos agir com sabedoria, deixando o velho, sem valor e danoso para trás, para dar lugar ao novo, e a tudo aquilo que realmente Deus sabe que nos fará bem.

Aquele homem sabia disto. Um de seus sapatos tinha saído do seu alcance. No entanto, o outro sapato não mais teria sentido continuar em seu pé, e sabiamente deduziu que se livrando dele poderia se libertar de um problema, e além disso, sabia que agindo assim, poderia ajudar a alguns pés descalços que estivessem precisando de calçados.

Acumular posses não nos faz melhores e nem mais felizes. 

Todos temos que decidir constantemente se algumas coisas fazem ou não sentido continuarem em nossas vidas, ou se estariam melhores com os outras pessoas.

Sendo assim, "liberte-se do seu sapato", e seja feliz.


  Autor desconhecido

        

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REFLEXÃO SOB O DOSSEL - Adilson Zotovici


Breve finda mais uma estação

Um trecho de estrada infinita

Grandiosa obra bendita

Erigida com amor e união


E essa passagem suscita

Uma serena avaliação

Sobre a plena atuação

Tempo para que se reflita


Feitos no trono de Salomão

Se obra tosca ou erudita

Desde a posse, da instalação


A Instituição predita ;

Com ou sem o malhete na mão

Bom pedreiro...não se limita !



março 30, 2024

QUANDO COMEÇA A INICIAÇÃO? - Sérgio Quirino Guimarães-


O homem desde os primórdios da criação de sociedades que uniam pessoas com o mesmo propósito, criou cerimônias para a introdução de um novo membro em seu quadro de associados. Estas cerimônias visam além de apresentar o novo membro, passar para ele os princípios, a cultura e as diretrizes do grupo que agora ele fará parte.

Como exemplos temos o batismo (iniciação à cultura religiosa), casamento (iniciação à vida conjugal), formatura (iniciação à vida profissional) e na Maçonaria temos a Iniciação ao Grau de Aprendiz Maçom.

A Sessão Magna de Iniciação tem a função de "Rito de Passagem", onde o candidato deverá passar por atividades que lhe causem mudanças de estado moral e espiritual, deixando para trás o mundo profano e entrando em sintonia com os preceitos da Sublime Ordem.

Para que isto ocorra é mister que toda a Oficina esteja preparada para a grandiosidade da sessão; recordemos que o candidato terá apenas três sentidos para captar todas as mensagens subliminares que serão passadas. É importantíssimo a teatralidade, é pelo drama ritualístico que marcaremos no âmago do ser valores que às vezes conscientemente ele não captou, mas seu espírito e alma também foram iniciados.

A iniciação não começa após a abertura dos trabalhos pelo Venerável Mestre, cabe ao padrinho preparar o afilhado com antecedência. A Maçonaria é envolta de mil crendices que atrapalham em muito o relaxamento e a estabilidade emocional do candidato, é função do padrinho esclarecer todas as dúvidas, ele não pode contar o que acontece na sessão, mas deve dizer o que não acontece.

Também deve o padrinho procurar saber como anda a saúde do candidato e suas condições físicas, exemplo: hipoglicemia (lembremos que ele vai ficar horas sem se alimentar); labirintite (ele pode perder o equilíbrio conforme o movimento que for feito com ele), artrites ou cirurgias que o impeça de fazer alguma coisa; tudo isto deve ser levado à Loja para que haja a devida adaptação na ritualística e não quebre a egrégora formada.

Cabe também ao padrinho alertar ao candidato que ele deve cuidar da higiene do corpo; já presenciei uma iniciação em que o candidato estava profundamente constrangido por conta do tamanho das unhas do pé, ele ficou mais preocupado em esconder o pé do que ouvir o ritual.

Na noite que antecede a reunião, deve o candidato antes de deitar fazer suas orações e agradecer pelos dias já vividos, pois na noite da iniciação antes de se deitar ele deve ter em seu interior a paz e a felicidade para orar pedindo muitos dias de vida para colaborar na obra do GADU, pois a ele foi revelado a V∴L∴.

A intenção deste pequeno artigo é despertar em você a vontade de saber um pouco mais sobre o assunto, fazer uma pesquisa e quando ela estiver pronta, levar para sua Loja enriquecendo nosso Quarto de Hora de Estudos. Lembrem-se, todos nós somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

A QUEDA DO PEDREIRO - Roberto Ribeiro Reis



Em maldita hora,

Alma aflita chora

O grande desperdício;

É o irmão que, agora,

Sai da Loja e, lá fora,

Deixa um mau resquício.


A par do juramento,

Total desregramento

Invade-o, infelizmente;

Esquece-se do telhamento,

Falta-lhe o entendimento

De que a Obra é diferente.


Seu autoexílio é certeiro,

Pois ele sim é o primeiro

A declarar sua decadência;

Pobre e infiel ferreiro

Forjou-se, muito aventureiro,

No caminho da imprudência.


O fogo que ora o acomete

O seu avental derrete,

Desnudando-o, por completo;

Sua idade, inda que sete,

À sabedoria não remete

Para decepção do Arquiteto.


Em que pese toda tristeza,

Tenhamos a certeza

De que árdua é nossa luta;

Nossa grande Fortaleza

É a que nos dá a clareza

Para lapidarmos nossa conduta...

NOSSA JORNADA - Newton Agrella


Para desenvolver-se na Maçonaria não é necessária nenhuma capacidade intelectual diferenciada, tão pouco qualquer lastro cultural exacerbado.

O que mais importa na escalada maçônica é o caráter ilibado, o espírito fraterno e o coração sensível ao Bem.

Ninguém é absolutamente superior ao outro. 

Somos rigorosamente iguais nas nossas capacidades, talentos e limitações.

O que efetivamente nos diferenciam são as "oportunidades e as experiências"

Estas sim, é que estabelecem o perfil de nossa caminhada, as chances melhor ou pior aproveitadas e o Discernimento que elas exigem.

As oportunidades passam pelas nossas vidas e nem sempre nos damos conta delas.

A Sublime Ordem nos oferece  oportunidades de revermos muitos de nossos conceitos, de libertarmo-nos de algumas amarras e preconceitos que teimamos em carregar conosco.  

Oferece-nos ainda a possibilidade de darmos vazão aos nossos pensamentos e de construirmos o nosso interior de maneira mais leve e descomplicada.

As experiências que se acumulam nas relações entre Irmãos, no aprofundamento dos estudos, na leitura constante, na frequência e participação em Loja são outros elementos que contribuem decisivamente para dar forma e polimento à pedra bruta que há dentro de cada um de nós.

Cultivar o desprendimento e perceber que a Fraternidade é o exercício mais profícuo para entendimento entre os Homens, seguramente torna a caminhada maçônica mais suave.

Ser reconhecido Maçom é o prêmio pelo trabalho árduo e infindável.

Esse trabalho é o da elaboração do nosso Templo Interior.

É nesse sentido que utilizamos todas as ferramentas que através de Símbolos e Alegorias auxiliam-nos no processo de nossa evolução.

Somos componentes de Deus, O Grande Arquiteto do Universo, Princípio Criador e Incriado de todas as coisas e dessa forma, procuramos individualmente, empreender a nossa jornada na busca infinita e utópica da Perfeição.

março 29, 2024

QUINTA FEIRA DE ENDOENÇAS E A MAÇONARIA

 





   A Quinta-feira Santa ou Quinta-feira de Endoenças (dores e temores) é a quinta-feira, imediatamente, anterior à Sexta-feira da Paixão, da Semana Santa. Este dia marca o fim da Quaresma e o início do Tríduo Pascal na celebração, que relembra a última ceia do Senhor Jesus, o Cristo, com os doze Apóstolos.

Dentro dos ofícios do dia, adquire uma especial relevância simbólica, o lava-pés, realizado pelo sacerdote e no qual relembra o gesto realizado por Cristo antes da última ceia com os seus apóstolos.

A chamada “última ceia” de Jesus, com os seus “shaberim”, foi um “kidush”, que precedeu a “Pessach”, sendo realizado na quinta-feira.

Os ofícios da Semana Santa chegam à sua máxima relevância litúrgica na Quinta-feira de Endoenças, quando começa o chamado tríduo pascal, culminante na vigília que celebra, na noite do Sábado de Aleluia, a ressurreição de Jesus Cristo no Domingo. Na Missa dos Santos Óleos ou Missa do Crisma, a Igreja celebra a instituição do Sacramento da Ordem e a bênção dos santos óleos usados nos sacramentos do Baptismo, do Crisma e da Unção dos Enfermos, e os sacerdotes renovam as suas promessas.

  Na Quinta-Feira de Endoenças, Cristo ceou com os seus apóstolos, seguindo a tradição judaica do “Sêder de Pessach”, já que segundo esta deveria cear-se um cordeiro puro; com o seu sangue, deveria ser marcada a porta em sinal de purificação; caso contrário, o anjo exterminador entraria na casa e mataria o primogénito dessa família (décima praga), segundo o relatado no livro do Êxodo. Nesse livro, pode ler-se que não houve uma única família de egípcios na qual não tenha morrido o primogénito, pelo que o faraó permitiu que os judeus abandonassem o Egipto, e eles correram o mais rápido possível à sua liberdade; o faraó, rapidamente, arrependeu-se de tê-los deixado sair e mandou o seu exército em perseguição dos judeus, mas Deus não permitiu e, depois de os judeus terem passado o Mar Vermelho, fechou o canal que tinha criado, afogando os egípcios. Para os católicos, o cordeiro pascoal, de então, passou a ser o próprio Cristo, entregue em sacrifício pelos pecados da humanidade e dado como alimento por meio da hóstia.

Existem Altos Graus maçónicos, em que, no final dos trabalhos, os presentes se reúnem em volta de uma mesa, onde o presidente, o principal dos convivas, distribui o pão e o vinho, de que todos se servem. Além disso, há um antigo costume, segundo o qual, em qualquer lugar do mundo em que se encontrem, esses obreiros, cavaleiros, se devem encontrar na quinta- feira de Endoenças (do latim: indulgentias), ou “quinta-feira santa”, ou “quinta-feira da Paixão”, que ocorre três dias antes da Páscoa. Este hábito tem a sua origem num rito tradicional judaico, incrementado pelos essénios: o kidush (da raiz kodesh = santo, sagrado), que, também, é a origem da eucaristia.

O kidush era realizado na véspera de uma festa religiosa, ou na véspera do Shabbat (sábado, o dia santificado), para realçar a santificação do dia.

Por ocasião da “Pessach” (Passagem, Páscoa), lembrando a saída do Egipto, todavia, como a sexta-feira era dia de preparar os alimentos, que seriam consumidos no “Sêder” (jantar da Páscoa) e de queimar hametz (alimentos impuros, proibidos durante a Páscoa), o kidush era recuado para a quinta-feira.

Num kidush, o principal dos convivas de uma confraria (em hebraico: shaburá) lançava as bênçãos sobre o pão e o vinho e os distribuía entre os demais (os shaberim, membros do shaburá).

A cerimónia celebrada na Quinta-Feira de Endoenças é exclusiva para os iniciados no Grau 18° e acima.

Os Cavaleiros Rosa-Cruzes quando reunidos em Conclave, na “Quinta-Feira Santa”, Sessão de Endoenças, para a realização da Ceia do Grau 18o, devem ter em mente que a Ceia constitui um cerimonial, cuja origem é lembrada como sendo a realizada por Jesus com os seus doze Discípulos. Jesus, ao distribuir o pão e o vinho, esclareceu que simbolizava o seu próprio corpo e o seu sangue. Contudo, a Ceia Rosacruciana distribui anutrição, que simboliza o sangue e o corpo de todos os Cavaleiros presentes, para que as forças da Vida sejam aumentadas; a inteligência seja sã e sincera, e que a Verdade seja discernida e as aspirações esclarecidas ante o Grande Arquiteto do Universo.

Fonte: Revista ASTRÉA, no 35