abril 03, 2024

UMA VIDA DE HONESTIDADE - Denizart Silveira de Oliveira Filho


Honestidade, sinônimo de Integridade, é uma das mais importantes vigas-mestras da Maçonaria, a qual todos devemos honrar. Etimologicamente, a palavra honestidade origina-se do latim “honos” que designa aquilo que é digno e honroso. Por isso, é ser verdadeiro e correto; acima de tudo honrar a si mesmo e ao próximo. É não fraudar, não mentir e não enganar ninguém. É ser decente e fiel aos princípios morais e éticos. 

É como nos disse Christoph von Schmid (1768-1854), literato alemão, autor de célebres contos infantis: “A honestidade nos concilia à benevolência do céu e ao amor dos homens”. E é como nos diz também a Bíblia: “A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens” (Romanos 12:17). E também: “A integridade dos retos os guia; mas, aos pérfidos, a sua mesma falsidade os destrói” (Provérbios 11:3).

Abel Kiprop Mutai, corredor queniano de alta performance, competia numa corrida internacional, em janeiro de 2013, e estava liderando a poucos metros da vitória. No entanto, Mutai parou, pois confundiu-se com a sinalização do percurso e pensou que já tinha cruzado a linha de chegada. O corredor espanhol em segundo lugar, Ivan Fernández Anaya, percebeu o erro de Mutai. Em vez de tirar vantagens e vencer, segurou Mutai pelo braço e o guiou à vitória e à medalha de ouro. Quando os repórteres lhe perguntaram por que ele havia perdido a corrida, Anaya respondeu que Mutai merecia a vitória, não ele. “Qual seria o mérito da minha vitória?”. “Qual seria a honra dessa medalha?”. “O que minha mãe pensaria disso?”. Então, um jornalista publicou: “Anaya escolheu a honestidade em vez da vitória”.

Lemos na Bíblia, no livro de Provérbios, que aqueles que querem viver honestamente, e que suas vidas demonstrem fidelidade e autenticidade, devem fazer escolhas com base na verdade, e não na conveniência, pois “as pessoas direitas são guiadas pela honestidade, mas a perversidade dos falsos é a sua própria desgraça” (Provérbios 11:3, numa versão contemporânea).

Esse compromisso com a honestidade não é apenas a maneira certa de viver, mas também oferece uma vida melhor. A longo prazo, a desonestidade nunca se paga. Se abandonamos a integridade, as “vitórias” são derrotas. Quando a fidelidade e a prática da verdade nos moldam ao poder de Deus, tornamo-nos pessoas de profundo caráter que vivem genuinamente bem.

Porém, é com profunda tristeza que observamos que em nosso País, esses valores são completamente ignorados, por seus governantes, ministros, juízes, políticos, parlamentares, e pela mídia militante e seus jornalistas inescrupulosos e corrompidos. E, pior ainda, essa inversão de valores tem sido assimilada pelo povo ingênuo e incauto. 

Então, só nos resta orar para que nosso Deus, íntegro e fiel, nos torne mais semelhante a Ele, e nos ensine a viver com honestidade e integridade!

POR QUE OS RITUAIS TEM VELAS? - Michael Winetzki,


             As escrituras bíblicas fazem muitas alusões ao uso das velas..   Confeccionadas, na época, com madeiras resinosas ou cascas e galhos de árvores embebidos em gordura animal, elas desprendiam um odor desagradável. Sua fabricação evoluiu através dos séculos, ganhando novas formas, cores e fragrâncias. 


            Todas as tradições religiosas utilizam-se das velas em seus rituais litúrgicos, como pontos catalisadores de luz ativados pela oração, intenção e desejo. Ao enfocarmos o lado místico e esotérico das velas, penetramos num universo ilimitado de símbolos e arquétipos, onde notamos a  presença dos quatro elementos básicos da natureza: a parafina e os  elementos sólidos representam a terra; o pavio, ao entrar em combustão, evidencia o elemento fogo que se manifesta também pela ação do ar; ao tornar-se líquida, a vela então é água que se manifesta, com sua fluidez e  maleabilidade.


        Podemos, também relacionar as velas ao próprio homem, com a parte sólida relacionando-se ao corpo físico; a parafina líquida ao sangue e aos elementos líquidos do corpo; e o fogo caracterizando o espírito, com a função específica de manter a união dos corpos físico, mental e astral.


           O mistério e a devoção estão sempre presentes no ato de acender velas, iluminando os cantos “escuros da nossa vida”...

 

            As cores

 

      A cromoterapia – energia curativa através das cores – utiliza-se da vela como recurso adicional de vibração, energia e luz:

       Vermelho – a cor mais densa do espectro, relaciona-se com a energia  física, traduzindo-se em sexualidade.

        Laranja – emite vibrações de criatividade, alegria e força mental.

      Amarelo – energia espiritual, otimismo e vitalidade. Na matéria, ativa  o poder e a luz pessoal e social.

        Verde – energia de equilíbrio, saúde física e estabilidade

        Rosa – energia angélica, amor incondicional e calma.

       Azul – energia da comunicação interna e externa, intuição,  sensibilidade, identificação de oportunidades e expressão de talentos.

       Marrom – energia da terra e dos bens materiais.

       Branca – vibrações de paz, harmonia, purificação e unificação.

 

           As formas

 

           Atualmente, além da função original de iluminar, as velas andaram ganhando  novas formas e associando-se à radiônica. Assim, podemos utilizar da   energia sutil emanada pelas figuras geométricas para a harmonização de  ambientes e para a mudança ou manutenção de condições físicas, emocionais  ou espirituais:

 

      Quadradas – representa a terra, a estabilidade da matéria, a intimidade, o lado oculto. Seus quatro lados associam-se aos elementos básicos: terra, fogo, água e ar. Utilizadas para afastar a timidez.

     Redondas – representam as emoções, a totalidade. Devem ser utilizadas para fortalecimento espiritual e emocional. Liberam sentimentos.

     Cilíndricas – concretizam situações. Deve-se utilizá-las para obter sucesso em pedidos difíceis.

     Triangulares e cônicas – simbolizam o equilíbrio, a Santíssima Trindade, os aspectos físicos, espirituais e emocionais do homem. O cone  voltado para cima está ligado ao desejo da transcendência. Usar em rituais de proteção

      Estrela de cinco pontas – a manifestação do homem enquanto matéria, o seu carma. Seu uso traz coragem para enfrentar desafios.

      Piramidais – recomposição geral do equilíbrio físico e ambiental, através da revitalização da mente e das funções cerebrais. Utilizar para proteção e captação de energias.

      Espirais – de atuação constante, possuem as mesmas propriedades das velas piramidais, triangulares, cônicas e estrela, com a função adicional de dissolver ou precipitar situações.

      Curtas – ajudam a energizar o ambiente, eliminando lembranças  negativas do passado.

      Longas – busca da sabedoria e bênçãos divinas.

 

           Os aromas

 

           Na utilização das velas para efeitos terapêuticos e de harmonização  podemos recorrer à prática dos conceitos da aromaterapia, através do uso de óleos essenciais:

 

           Felicidade no amor – almíscar, cravo, rosa, jasmim, sândalo, canela.

           Sexualidade em alta – patchuli, ópium, dama da noite, maçã, canela.

           Meditação – rosa, violeta.

           Limpeza do ambiente – eucalipto, arruda, cravo, canela.

           Fortalecer a espiritualidade – rosa, violeta, alfazema, cedro.

           Ajudar nos estudos e no trabalho – jasmim, mirra, lavanda, sândalo.

           Relaxar o corpo – alfazema, flor de maçã

A POSIÇÃO DA LUA ...Jorge Gonçalves


A posição da Lua em Quarto Crescente nos Painéis Maçônicos.

Anteontem, durante a palestra incrível do mestre Eleutério Nicolau da Conceição, que se debruçou sobre o tema Painel do Grau de Aprendiz, fiz uma ponderação acerca da posição da lua em nossos painéis. Diante de alguns questionamentos que recebi em seguida, resolvi explanar alguns pontos acerca deste tema que traz tantas curiosidades:

- A Lua em quarto crescente geralmente nasce aproximadamente ao meio-dia e se põe à meia-noite.

- A maioria dos ritos maçônicos surgiu no hemisfério norte. Assim, no hemisfério norte, a Lua em quarto crescente se assemelha à letra "D", enquanto no hemisfério sul, a mesma fase da Lua parece mais com a letra "C".

- Isso ocorre porque estamos olhando para a Lua de ângulos opostos nos dois hemisférios. A face iluminada da Lua sempre aponta na direção do Sol, então, no hemisfério norte, a parte iluminada está à direita, enquanto no hemisfério sul, está a esquerda. 

abril 02, 2024

RACISMO NA MAÇONARIA - Ven. Irmão Fred Milliken Tradução José Filardo


Primeiro é preciso admitir que há racismo na Maçonaria. Para muitos, isso vai ser difícil. O racismo na Maçonaria ocorre em bolsões por todo o país, mas raramente em toda uma jurisdição. Embora algumas lojas locais estejam barrando Afro-americanos, outras os estão acolhendo. Se você ainda não assistiu a episódios de racismo na Maçonaria, então você pode negar que ele existe.

Uma medida da atitude racial é o reconhecimento da Prince Hall pelas Grandes Lojas americanas. Hoje, todos, exceto treze Estados, reconhecem a Prince Hall. Aqueles que não reconhecem são os onze estados originais da Confederação menos a Virgínia, mais o Kentucky, Virgínia Ocidental e Delaware. Nsses Estados existe uma minoria considerável pressionando pelo reconhecimento. E justamente porque a Prince Hall realiza o ritual e promulga landmarks ou princípios de crença que são uma cópia espelhada da Maçonaria tradicional, apenas com pequenas diferenças que ocorrem hoje de uma jurisdição tradicional para outra. Na verdade a maioria das jurisdições maçônicas declara regular a Maçonaria Prince Hall. Alguns dizem regular, mas clandestina. Então, como se pode ser regular mas clandestina? Deixo a dedução ao leitor.

Alguns dizem que o não reconhecimento da Prince hall é um “problema de jurisdição”.  Não acredite neles. É uma cortina de fumaça racista. Desde o seu início e por um longo período a Hall pediu para ser incluída nas tradicionais Grandes Lojas. Repetidamente, a resposta foi não. Agora que as lojas tradicionais mantiveram a  Prince Hall separada, obrigando-a a formar seu próprio sistema e Grandes Lojas, ao invés de incorporá-las, elas agora dizem que se a Prince Hall não fosse uma grande loja separada nós a reconheceríamos.

Naturalmente, atos de racismo não tão sutis são relatados frequentemente. Depois de uma Loja ter dado bola preta a cada candidato negro que jamais pediu sua admissão nos últimos cinquenta anos, é claro que existe um histórico de exclusão. Também a falha em oferecer a qualquer negro um formulário de solicitação de ingresso, falha até mesmo em sugerir que eles seria uma adição muito boa à loja é igualmente excludente. Muitos negros interessados em aderir a uma loja tradicional são instruídos a solicitar o ingresso na  Prince Hall, não aqui. A prática do voto secreto para a aprovação da admissão de irmãos visitantes é uma maneira costumeiras em algumas áreas manter Mestres Maçons negros de outra jurisdição fora da Loja. Outra prática é admitir um visitante negro, mas se recusar a abrir a loja, substituindo-a por  uma palestra de educação maçônica. O Grão-Mestre do Texas, em 2004 expulsou a Sociedade Philalethes do estado porque seu Capítulo de Dallas pediu a um maçom Prince Hall que fizesse uma palestra ali.

Para aqueles que ainda gostam de negar a acusação de racismo na Maçonaria, vamos olhar para o número de Mestres Maçons negros em uma jurisdição. Agora, alguns estados têm uma população negra muito baixa, portanto olhar para essa estatística não teria sentido no caso deles.  Vamos olhar apenas os cinco primeiros em população negra. Nova York tem 3,5 milhões de negros. Flórida, Texas, Califórnia e Geórgia têm um pouco mais de 2 milhões.  895.000 negros foram adicionados à população da Flórida, entre 1 de julho de 2003 e 1 de julho de 2004. Este é o maior aumento numérico de qualquer estado da nação. A Geórgia e o Texas adicionaram 61.800 e 45.000, respectivamente, no mesmo período. (1) Esses cinco Estados representam cerca de 30% da população total de negros no país que estão em uma média estatística de 13,4% do total da população dos EUA. Se tomamos esse número de 13,4%, poderíamos supor que as Grandes Lojas tradicionais deveriam  refletir 13,4% de seus membros como negros? Realmente não, porque precisamos colocar a Prince Hall na equação. Por isso, vamos dizer para fins arbitrários que 75% daqueles negros que seriam maçons optaram automaticamente por Prince Hall. Isso nos deixa 25% de 13,4% ou seja, 3,35% que deveríamos encontrar em lojas tradicionais. Isso é uma suposição razoável e racional, e porque é um palpite que permitirá uma grande divergência. O único destes cinco Estados em que eu não tenho qualquer experiência é o Texas. Já visitei várias lojas, assim como uma Comunicação de Grande Loja. No ano passado, tenho números de adesão para a Grande Loja do Texas de 2003 quando havia 112.977 Mestres Maçons. 3,35% seriam 3.784. Seria bom se as Grandes Lojas mantivessem estatísticas de participação de minorias. Talvez eles o façam, mas não os estão compartilhando com os soldados rasos. Então, deixo isso para vocês. Você acredita que existem 3.784 maçons negros na Grande Loja do Texas? Eu não.

Nós fizemos o melhor estudo que podemos fazer. Mas como chegamos a isso? Historicamente, Rosa Parks e Martin Luther King com a ajuda de tropas federais e da Lei de Direitos Civis de 1964 não apagaram o “separados mas iguais” e instituíram a integração civilmente há anos? O que aconteceu com a Maçonaria?  Por que estamos testemunhando esta batalha 40 anos depois?

A hipótese recorrente é que depois de a Ku Klux Klan perder seu apelo maciço na década de 1930, ela passou à clandestinidade e se infiltrou e se acoplou à Maçonaria. A Klan era muito enfática em que era uma organização cristã, daí a queima da Cruz. Suas vestes brancas com capuz, dizia-se, imita, os Cavaleiros Templários, seus apertos de mão secretos e juramentos – Maçonaria. Ela também era anunciado como uma organização fraternal, que defendia a supremacia branca, contra os direitos dos homossexuais e era antissemita, anticatólica e anti-imigrante. Assim a KKK era cristã e fraterna e acostumada ao segredo.

Na década de 20, a Klan tinha perto de 4 milhões de membros; 15% da população elegível eram membros. A Maçonaria no mesmo período tinha cerca de 3 milhões de membros e em seu auge nos anos 50 e 60, apenas mal chegou a 4 milhões. Em meados da década de 30, a associação na KKK caíra para milhares. Para onde eles foram todos? Não é possível que eles entraram direto na Maçonaria para se legitimar? O que seria mais atraente para eles do que uma organização altamente conceituada que fazia pleno uso do escrutínio secreto permitindo-lhes realizar sua missão de uma sociedade somente de brancos, cristãos protestantes e falando Inglês. E não é isso em que a Maçonaria americana tornou-se? – Branca, cristã protestante e falando inglês. E a maneira como ela continue assim que vocês dão bola preta a todos os outros.

Alguém não tem sido estado guardando o Portão do Ocidente. A tolerância maçônica foi reformada para tolerar a intolerância.

Cada tentativa de uma solução é enfrentada  com “você não pode fazer isso”. Você não pode dizer a outra Grande Loja o que fazer, pensar, como agir. Nem qualquer instituição maçônica maior foi jamais criada para fazer exatamente isso. Depois, há aqueles que dizem “espere mais 40 anos até que todos os racistas velhos morram. Ah sim, há uma solução brilhante. Não fazer nada e o problema desaparecerá por si só.  Talvez o problema é a falta de uma identidade maçônica nacional americana e os abusos do escrutínio secreto. 

(1) Todas as estatísticas são do governo norte-americano, Bureau do Censo em relação a 2004.Fonte: Knights of the North Masonic Dictionary

AS TRES JANELAS - Jules Boucher


Três Janelas estão representadas no "Quadro de Aprendiz": a primeira a Oriente, a segunda ao Meio-Dia e a terceira a Ocidente; nenhuma janela se abre para o Norte. Essas três janelas são cobertas por uma rede de arame. "Elas representam, diz Plantageneta, as três portas do Templo de Salomão, e essa evocação, se considerarmos isoladamente a Oficina Maçônica, poderia parecer, no mínimo, paradoxal. Mas não é nada disso. A rede que protege essas aberturas lembra que o trabalho dos operários é subtraído à curiosidade do profano, cujo olhar não sabe penetrar no Templo; mas sublinha que, se o olhar do Maçom não for detido pelo mesmo obstáculo, suas perspectivas são essencialmente diferentes. Com efeito, ele não pode olhar materialmente a vã agitação da rua, pois ao seu redor tudo está fechado, mas nem por isso, espiritualmente, ele deve determinar o movimento do mundo sensível encarado do ponto de vista em que ele se encontra".

"A Loja do Aprendiz não recebe nenhuma luz do exterior", escreve Wirth, que acrescenta: "Ela lembra, por esse detalhe, as criptas subterrâneas cavadas no flanco das montanhas, os hipogeus do Egito ou da Índia, o antro de Trofônio, etc. A Loja do Companheiro, em contrapartida, está em comunicação com o mundo exterior graças às três janelas..."

Ora, pelo que pudemos constatar, os antigos rituais maçônicos fazem menção de três janelas no grau de Aprendiz. Oswaldo Wirth suprimiu-as um tanto levianamente, para poder adaptar sua explicação à sua concepção.

Quanto a Plantageneta, ele fala das três portas do Templo de Salomão. Ora, na Bíblia se diz (I Livro dos Reis, VI, 4): "O rei fez na casa (no Templo) janelas com grades fixas". Ignora-se tudo a respeito do número dessas janelas e de sua disposição. Sabe-se, apenas, com certeza, que o Templo se abria de leste para oeste, como na maioria de nossas igrejas catedrais; desse modo, o Templo era iluminado pelo Sol ao nascer. A orientação geral era a mesma que a das igrejas, isto é, a construção estava orientada, em seu comprimento, no sentido Leste-Oeste, mas o Sol é que ia ao encontro do Santo dos Santos.

Os Maçons construtores sempre orientaram os Templo com a entrada para o Ocidente e de modo que as três janelas do "Quadro" sigam a marcha do Sol. Não existe janela ao Norte, porque o Sol não passa por aí.

As janelas são protegidas por redes não para impedir que os profanos olhem para o interior do Templo — pois se o Templo, fosse iluminado interiormente, uma simples rede de metal não seria suficiente para impedir que se visse o que acontecia dentro deles — mas simplesmente para impedir o acesso ao Templo.

O Templo fica isolado do mundo profano e o Maçom não deve sofrer nenhuma tentação para se tornar espectador do mesmo. Pelo contrário, é preciso que, ao sair do Templo, depois de ali ter haurido novas forças, o Maçom volte a ser um agente no meio à multidão anônima e aí distribua a Sabedoria, a Força e a Benignidade que adquiriu no Templo.

A janela do Oriente traz a doçura da aurora, sua renovação de atividade; a do Meio-Dia, a força e o calor; a do Ocidente dá uma luz que, à medida que se torna mais fraca, convida ao repouso. O Norte, escuro, como não recebe nenhuma luz, não precisa de janela.

Os trabalhos dos Maçons começam, simbolicamente, ao Meio-Dia e terminam à Meia-Noite. Começam ao Meio-Dia, quando o Sol brilha com toda a sua força no Templo.

Os Aprendizes são colocados ao Norte porque têm necessidade de serem esclarecidos; eles recebem assim toda a luz da janela do Meio-Dia. Os Companheiros, colocados ao Meio-Dia, precisam de menos luz, e a sombra provocada pela parede do Templo ilumina-os suficientemente. Na mesma ordem de ideias, notar-se-á que o Venerável e seus assessores recebem de frente apenas a luz do crepúsculo. Em contrapartida, os Vigilantes são alertados desde a aurora pela luz que os atinge em cheio.

Os catecismos maçônicos dizem comumente que os Companheiros se colocam ao Meio-Dia porque são suficientemente avançados para suportar o brilho da luz; por outro lado, eles dizem que o Iniciado do segundo grau é convidado a se tornar ele próprio uma chama ardente, fonte de calor e de luz. Todos hão de convir, sem esforço, que existe aí um pleonasmo e que "fontes de luz" não têm necessidade alguma que se acrescente a seu brilho o brilho do dia.

Fonte: JULES BOUCHER, A Simbólica Maçônica — Ed. Pensamento

A LOJA MAÇÔNICA E O CONVENTO


I


Havia um Noviciado

Numa certa Prelazia,

Cujo prédio era encostado

Junto com a Maçonaria

II

Todo domingo, Dom Bento

Com fervor rezava a missa

Na Capela do Convento,

Para a turma de Noviça.

III

Bem na hora do café

Com a Madre Diretora,

Perguntava: - Como é?

Descobriu, Superiora?

IV

Que fazem esses Maçons

Trancados naquela casa?

Seus intentos não são bons.

Com mulheres mandam brasa...

V

- Senhor Bispo, não tem jeito

De saber, tudo é fechado!

Até mesmo com o Prefeito

Reclamei sem resultado.

VI

- Mais uma vez vou lembrar

Que há perigo imediato

De Noviça engravidar,

E o Bispo paga o pato.

VII

Passava uma velha freira,

Que vinha da Sacristia,

E afirmou, bem certeira,

Que perigo não havia.

VIII

Refazendo a esperança

E a paz do seu Prelado,

Declarou com segurança:

- Todo Maçom é castrado.

IX

- Irmã, que papo avançado !

Você viu, já esteve lá ?

Interrogo-lhe o Prelado,

Sem querer acreditar.

X

-Vou contar minha babada:

Nessa Loja, senhor Cura,

Tem uma porta lascada

Bem junto da fechadura.

XI

Certa noite, houve uma festa,

A tal da Iniciação...

Pus um ouvido na fresta,

Com cuidado e precaução.

XII

Só escutei. Não vi nada.

Foi grande a surpresa minha.

Pareceu forte pancada

De golpe de machadinha.

XIII

E ouvi com desespero,

Uma voz determinar:

Irmão Mestre Hospitaleiro

Trazei o saco ao altar!

XIV

E o Bispo foi-se embora,

Bem tranquilo e sorridente,

Confortado pela história

Da freirinha convincente.


Autor desconhecido

I


abril 01, 2024

ASSIM SE VIA ROMA, NA ÉPOCA ÁUREA

O OBJETIVO DO ESTUDO NA MAÇONARIA

Autor: Hon. Louis Block, Past Grand Master, Iowa. Tradução: Luiz Marcelo Viegas. Fonte: The Builder Magazine, Volume I, Número 4, abril-1915

É correto dizer que o grande problema diante de nós é o da pedagogia da Maçonaria. Isso significa que o ensino dos fatos sobre um grande movimento histórico baseado na teoria de que a verdadeira felicidade do homem só pode ser alcançada pela união de todos em uma democracia alicerçada no espírito da fraternidade, onde cada um não seja apenas o guardião de seu irmão, mas também seu defensor, seu porto seguro, seu auxílio, seu incentivador, seu ombro amigo, seu inspirador e seu exemplo de amor ao próximo e a si mesmo. Tudo isso se ensina através do imaginário e das alegorias da Maçonaria, e de seu simbolismo místico. Não devemos nos perder na busca por algo sombrio, em teorias abstratas perdidas dentro de perspectivas obscuras, confusas, nebulosas e insignificantes; devemos sim estarmos próximos e nos dedicarmos aos verdadeiros valores humanos. Princípios devem existir para estarem realmente inseridos nas vidas das pessoas, se não for assim não farão diferença alguma. Nosso estudo deve aliar teoria e prática, com o estudante realmente utilizando-se de seu aprendizado e compartilhando os valores adquiridos, senão nossos esforços serão em vão.

Também não podemos deixar de mostrar que são os pensamentos que importam, que são eles que controlam a conduta dos homens; que, se seus pensamentos não são bons, o seu comportamento também não pode ser. O que precisamos é fazer com que os pensamentos certos sejam claramente formulados, imbuídos de amor, e profundamente gravados no subconsciente, de modo que eles irão inevitavelmente se expressar em nossos atos no dia-a-dia de nossas vidas. A meu ver, essa é a missão da Maçonaria: a construção desses grandes pensamentos na mente dos homens, transformando-os em atos cotidianos, com a certeza de que eles devem predominar, governar e prevalecer para os homens viverem juntos em paz e harmonia, e desfrutarem da verdadeira felicidade.

Como fazer isso é a grande questão. Como fazer a Ordem sentir que essas ideias não são abstrações vazias, mas reais, poderosas, vivas, atuais e sólidas – essa é a grande tarefa a se realizar. Precisamos compreender juntos os fatos sobre a Maçonaria: o que ela realizou no passado que a faz viver até os dia de hoje por seus próprios méritos? Como ela tem, durante sua existência, auxiliado o homem? Então precisamos colocá-los juntos em uma história de tal forma que ela vá capturar a atenção e manter o interesse do aluno. A capacidade de fazer coisas interessantes, para atiçar uma busca por mais “luz”, é o segredo de todo ensino. Você não pode abrir a cabeça de um estudante e colocar o conhecimento ali dentro, mas você pode incentivá-lo a estudar e aprender por si mesmo, e essa será sua vitória. Já temos a vantagem do grande poder de atração de nossos “segredos” e “mistérios”. Temos de mostrar aos iniciados o quão pouco sabem, quantos mistérios fascinantes ainda precisam ser explorados, investigados, analisados e estudados, para enfim poderem ser compreendidos.

Pergunte por que ele ainda permanece na Ordem. Ela o ajudou? Em caso afirmativo, como e de que maneira? Faça uma série de perguntas socráticas a ele; faça-o pensar! Se ela o auxiliou em algo, de alguma forma, sem dúvida, ela poderá fazer mais. Há mais lá, se ele souber procurar: “buscai e achareis.” Não é fácil ensinar os homens a observar o mundo ao seu redor, muito menos é ensinar-lhes a arte do discernimento espiritual. Mas é possível. Pode ser ensinado, pode ser desenvolvido, pode-se fazer essa habilidade florescer. Muito de nossa pedagogia moderna não é nada mais do que um árido, mecânico e vazio processo. Nossas crianças são instruídas a decorar, imitar, copiar, para seguir “o costume”, e não são nunca preparadas para pensar. Tal procedimento acaba por formar adultos incapazes de formular pensamentos simples, mas originais, não sendo capazes de fazer uma avaliação crítica do que ocorre ao seu redor; e muitos são os que em loja praticam a ritualística de forma errada, por que os Mestres “mais antigos” lhe “ensinaram” que assim é “o uso e o costume” daquela oficina.

Devemos preparar nossos novos maçons, incentivando-os a se dedicarem aos estudos e à pesquisa sobre a Ordem. Devemos incentivá-los a trabalhar sua mente, a construir seu templo espiritual, mas também o intelectual. Devemos incentivá-los a serem originais. Devemos incentivá-los a pensar!

ROSARIO DE SUTILEZAS - Roberto Ribeiro Reis


Como é gostoso receber, de um Irmão, o abraço à moda. Melhor ainda, se esse abraço for completo, por três vezes três.

O mundo das carícias virtuais tem feito com que nos esqueçamos das maravilhas gestuais (físicas) do cotidiano.

O vulgo tem desdenhado as singelezas da vida. Filmes de terror têm substituído os clássicos de outrora; músicas sem conteúdo têm tomado conta do espaço que era dado às grandes sinfonias.

Em suma, o livro da vida, cujas páginas retratavam a mais bela e fulgente cultura, agora dá lugar a pasquins medíocres, que se prensados jorram sangue, sexo desregrado e assombrosa corrupção sistêmica.

Enquanto Obreiros de Nobre Ordem, somos extremamente privilegiados por desbravarmos o caminho da retidão, onde o rosário de sutilezas predomina, com força e vigor, com beleza e altivez, num compasso de sabedoria e conhecimento, que ultrapassa qualquer obstáculo de ignorância e grosserias.

Sutilezas que nos aquecem o coração, tornando-se um verdadeiro refrigério à nossa alma, porquanto são o reflexo materializado da Misericórdia do Arquiteto Maior, por cujo Sopro Divino alcançamos a plenitude de uma vida abundante em glória e esplendor.

Afabilidades que têm se tornado cada vez mais escassas no mundo profano, o qual se encontra adoecido ante as enormes atrocidades que lhes são perpetradas; hoje, é mais fácil desferir um soco, do que ensaiar um aperto de mão; é mais prazeroso proferir vitupérios, do que verbalizar o som amoroso; é mais fácil se regozijar com a morte alheia, do que reverenciar a própria vida.

Cordialidades que têm se perdido no tempo, sob a alegação de serem piegas, demasiado românticas, ou absolutamente arcaicas. O que está em voga é o comportamento rudimentar, seco, típico de quem ainda se encontra preso à caverna de sua bestialidade. 

Experiências magnificentes, que nos têm propiciado uma vida mais leve, ainda que com suas lutas; uma existência mais contemplativa, ainda que permeada das dificuldades de todos os matizes.

A Arte Real é a técnica que utilizamos para fazer com que a luz exsurja das trevas, para que o bem possa solapar o mal, para que a morte não encerre a vida, mas que com ela caminhe pari passu, descortinando um horizonte de possibilidades.

Através da Maçonaria temos tido oportunidades de nos aperfeiçoarmos – e não de virarmos anjos, como ousam alguns “templos” proselitistas – de buscarmos crescer, pela constante corrigenda de nossos erros, de não nos envergonharmos por conta de nossas reincidentes quedas.

Temos a consciência de que somos plenamente falíveis e incompletos, mas guardamos a convicção de que, a cada conquista, tornamo-nos um pouco mais evoluídos, e aptos a ajudar no processo de transformação de nós mesmos e do mundo em que vivermos.