Iniciação é a denominação dada à quinta e última fase do Processo de Admissão na Maçonaria.
Consiste numa Cerimônia que, por ser o preâmbulo de toda a trajetória do futuro Maçom, é revestida de uma importância toda especial.
Para atingir aos seus fins, é imprescindível que seja ENTENDIDA e COMPREENDIDA, pelo Candidato. Melhor dizendo, para que a Essência Maçônica da Iniciação seja absorvida, é imprescindível que o Candidato:
- ESCUTE (ouça com atenção) todas as mensagens que lhe são dirigidas; e,
- PERCEBA o que está acontecendo, de maneira, a poder RECONHECER, INTERPRETAR e SENTIR os PORQUÊS de tudo que se passa na Cerimônia.
Não é à toa que o Ritual (REAA) explique que “a Iniciação é o primeiro contato ativo que o profano, agora candidato, tem com a Ordem, consequentemente, deve ser SOLENE e GRAVE”; e estabeleça que o Profano deva ser PREPARADO pelo Ir.: Experto. (grifo meu)
Contudo, na prática maçônica, é comum se deixar o Candidato, a mercê da sua própria concepção e imaginação, sem ter uma noção mais concreta do que irá acontecer no decorrer da Sessão.
É bem verdade que os impactos, causados pelo desconhecido, incitam à busca da descoberta, todavia, não se pode esquecer que os choques oriundos do que não se conhece, também, podem promover intranquilidades, receios e, consequentemente, dificuldade nas interpretações, levando a imaginação produzir certas distorções. E, dessa forma, estando deformada a percepção, consequentemente, o entendimento e a compreensão estarão comprometidos.
Creio que deva haver uma preocupação de que tal condição seja explicada ao Candidato, antes de ser submetido às condições estabelecidas pela ritualística. O Ritual prescreve que o número de candidatos não deva exceder a três, sem dúvida, entendendo da suma importância do ENTENDIMENTO e da COMPREENSÃO do que é a Iniciação.
Não sou de opinião que se diga “ipsis verbis” sobre o que vai ocorrer na Sessão, mas, é importante se reconhecer que o candidato pouco sabe a respeito da Maçonaria e, o que sabe, geralmente, é produto do que já ouviu falar, muitas vezes, não correspondendo à verdade.
Lamentavelmente, é useiro e vezeiro que os Padrinhos e os Irmãos Sindicantes não forneçam explicações plausíveis a respeito da Ordem, da sua Finalidade; sequer, do papel que o Maçom deve desempenhar; isto, quando não lhe são dadas informações inverídicas ou até fantasiosas. Então, mais um motivo para que se tome certos cuidados por ocasião da admissão do candidato na Maçonaria.
Assim sendo, creio que certos esclarecimentos devam ser evidenciados, antecipadamente, para que o candidato possa ENTENDER e COMPREENDER a Iniciação, de forma a ter condições de dar continuidade ao seu progresso no decorrer de sua vida maçônica.
Penso que o Irmão Experto, ao receber o Profano na entrada do edifício, onde se encontra localizada a Loja, antes mesmo de o cercear da visão, deva lhe fazer uma preleção rápida sobre a Maçonaria e do que se trata a Iniciação.
Parece-me ser muito significativo, para o Candidato, saber que a Instituição Maçônica, tem como finalidade a Promoção do Desenvolvimento da Humanidade e que é, por meio do Aperfeiçoamento, Moral, Intelectual, Espiritual e Social dos seus Integrantes, que ela consegue atingir o seu desígnio.
Acredito que tais informações, mesmo que sejam rápidas e simples, irão ser, suficientemente, capazes de promover uma ESTIMULAÇÃO ao Futuro Maçom – uma vez que o Candidato toma conhecimento da IMPORTÂNCIA da Organização DA QUAL IRÁ FAZER PARTE.
Outrossim, além do estímulo proporcionado, tais dados ressaltam uma ADVERTÊNCIA, quanto à RESPONSABILIDADE que o Pretenso Irmão está ASSUMINDO, AO SER RECEBIDO COMO MAÇOM.
Sobre a Iniciação, o Ir.: Experto deve alertar, ao Candidato, que não se trata de uma admissão corriqueira e trivial, como acontece comumente no ingresso à uma empresa qualquer, pois, tudo que vier a passar, tem um sentido hermético que deverá levá-lo a deduzir e interpretar o seu significado, constatando que aquela Cerimônia busca propiciar a sua transformação de Homem/Profano em Homem/Maçom, dando começo ao seu Aperfeiçoamento para atingir os fins da Maçonaria.
Por isso, os Fundamentos, as Formalidades e o Simbolismo desenvolvidos, na INICIAÇÃO, têm o objetivo de lhe propiciar o INGRESSO em um NOVO ESTADO DE CONSCIÊNCIA e a sua ENTRADA ÉTICA na Instituição...
É de suma importância fazer com que o Candidato entenda que foi cerceado da visão (ainda que vá receber uma explicação simbólica, durante o decorrer da Sessão) para que busque perceber todos os pormenores da Iniciação com a sua visão interior, sem se deixar influenciar pelos atilamentos externos, e, assim absorver a essência da Sessão com mais apuro e perfeição.
Já na Câmara de Reflexão, o Candidato dever ser orientado do porquê está sendo introduzido naquele recinto, de forma que possa refletir sobre a MORTE para a VIDA PROFANA e o RENASCIMENTO, na MAÇONARIA, em OUTRO ESTADO DE CONSCIÊNCIA.
Parece ser óbvio que a cadeira, a mesa, a caneta e o papel foram colocados para que o Candidato possa transcrever o seu Testamento Moral e responder ao Questionário... E quanto aos demais utensílios? Quais as razões do pão, da água, do sal, do enxofre, do mercúrio, da ampulheta e do galo (tendo em sua base a inscrição VIGILÂNCIA E PERSEVERANÇA), de estarem ali expostos?
Sou a favor de que se esclareça os porquês deles terem sido colocados na Câmara de Reflexão.
Faço, aqui, uma pequena ressalva, para dizer que muitos Maçons não sabem os seus significados, porque não lhes tendo sido transmitidos na Iniciação e não lhes sendo enunciados posteriormente, acharam que era apenas alegorias sem “significados importantes” (respostas colhidas às minhas indagações feitas a alguns Irmãos).
Julgo, também, que deva ser explicado que o Testamento que estará fazendo, não se trata de um documento oficial de valor judicial, ele é um TESTAMENTO MORAL e FILOSÓFICO – um documento que induz a constatação do VALOR DA FAMÍLIA; que mostra que os bens deixados são meramente materiais; que seria bem mais dignificante se fossem deixados de herança, a ÉTICA, a RESPONSABILIDADE, a HONESTIDADE, a EMPATIA, o HUMANISMO e outros BENS MORAIS e HUMANOS.
O recolhimento dos metais e desnudamento parcial são duas outras condições, na preparação da Iniciação que, a meu modo de ver, exigem uma explicação ao Candidato. Evidentemente, existe uma razão maçônica para que tais fatos ocorram. Contudo, o profano necessita saber que são lições de humildade e modéstia – virtudes indispensáveis ao Maçom - pelas quais deverá ter consciência de que os bens materiais, embora necessários ao seu sustento, poder-lhe-ão ser obstáculos a uma vida condigna, se se deixar levar pela arrogância, pela presunção e pela vaidade.
Deve, ainda, ser orientado que tais alegorias representam a libertação dos vícios e demais qualidades impuras... E constatar que a Maçonaria preconiza que os VALORES MORAIS e as VIRTUDES são os ÚNICOS VALORES QUE CONDUZEM À VERDADE
E durante a realização da Cerimônia, outras orientações devem continuar sendo fornecidas ao Candidato, de acordo com que as formalidades e desempenhos recomendem.
Entretanto, o Irmão Experto deve ter o cuidado de não intervir nem deixar que intervenham nas respostas dadas pelo Candidato, ao ser indagado pelo Venerável, no transcurso da Sessão. Com certeza, as opiniões emitidas pelo Candidato traduzem as suas intenções e os seus interesses, propiciando à Assembleia de Maçons aquilatar o VALOR do Futuro Membro da Loja.
Creio não ser necessário me estender mais, porém, vejo-me na obrigação de esclarecer que as recomendações que fiz, não atentam às determinações do Ritual (REAA) ao recomendar ao Ir.: Experto “...só lhe (referindo-se ao Candidato) dirige as palavras indispensáveis” . (grifo meu)
Pelo contrário, as semânticas da palavra “indispensáveis”, transcrita na recomendação ao Ir.: Experto, traduzem que: DEVE DIZER TUDO QUE É IMPRESCINDÍVEL... ou melhor ainda, TUDO QUE NÃO PODE DEIXAR DE SER EXPLICADO... dando a compreender que o Ritual estabelece que o Candidato NÃO PODE DEIXAR DE RECEBER AS EXPLICAÇÕES NECESSÁRIAS, para assimilar a simbologia da Iniciação.
E tais significações são ratificadas quando o Ven.: Mestre, diz ao Ir.: Experto: “ide preparar o candidato”(grifo meu)... Uma vez que PREPARAR denota: DAR CONDIÇÕES; PROMOVER O ENTENDIMENTO ou FAZER COMPREENDER.
Assim sendo, o Ritual, em seus atilamentos implícitos, determina ao Ir.: Experto que cumpra a sua OBRIGAÇÃO DE ORIENTAR O CANDIDATO
Bem, neste pequeno “recado”, procurei aguçar a preocupação de se realizar uma Iniciação Justa e Perfeita, possibilitando que o Candidato PARTICIPE, de MANEIRA EXPRESSIVA, de toda Cerimônia; e, SINTA a ESSÊNCIA e o SIMBOLISMO de todas as situações vivenciadas.
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