abril 17, 2024

SIGNIFICADO DE BAPHOMET


Baphomet ou Bafomé é uma síntese de vários conceitos mágico-místicos, mais conhecida por sua relação com os Templários e a Maçonaria. 

Uma das imagens de mais forte presença no universo ocultista de nossa época, por vezes erroneamente interpretada como uma rebuscada representação do diabo católico, recebe o nome de Baphomet. Todavia, apesar de muito ter sido especulado sobre o lendário ídolo dos Templários, pouca informação confiável existe a respeito desta enigmática figura. Daí vêm as inevitáveis questões: o que de fato esta imagem significa e qual a sua origem? Além disso, o que ela hoje representa dentro das Ciências Arcanas? Há algum culto atualmente celebrado cujos fundamentos estejam calcados neste Mistério?

História 

Em 1307 uma série de acusações daria início a cruel perseguição imposta pelo Papa Clemente V (Arcebispo de Bordéus, Beltrão de Got) e pelo Rei de França Felipe IV, mais conhecido como Felipe o Belo, contra a Ordem dos Cavaleiros do Templo, também chamada de Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo, ou, simplesmente, Templários. O processo inquisitorial movido contra os Templários foi encerrado em 12 de setembro de 1314, quando da execução do Grão-Mestre da Ordem do Templo, Jacques de Molay, juntamente com outros dois Cavaleiros, todos queimados pelas chamas da Inquisição. 

No longo rol de acusações estavam: a negação de Cristo, recusa de sacramentos, quebra de sigilo dos Capítulos e enriquecimento, apostasia, além de práticas obscenas e sodomia. O conjunto das acusações montaria um quadro claro do que foi denominado de desvirtuação dos princípios do cristianismo, os quais teriam sido substituídos por uma heterodoxia doutrinária de procedência oriental, sobremodo islâmica. 

No entanto, dentre as inúmeras acusações movidas contra os Templários, uma ganharia especial notoriedade, pois indicava adoração a um tipo de ídolo, algo diabólico, entendido como um símbolo místico utilizado pelos acusados em seus supostos nefastos rituais. Na época das acusações, costumava-se dizer que em cerimônias secretas, os Templários veneravam um desconhecido demônio, que aparecia sob a forma de um gato, um crânio ou uma cabeça com três rostos. Na acusação, embora seja feita menção a adoração de uma "cabeça", um "crânio", ou de um "ídolo com três faces", nada é mencionado, especificamente, sobre a denominação Baphomet.

Origens 

De onde, então, teria surgido o termo? Não se sabe com precisão onde surgiu o termo Baphomet. Uma das possíveis origens, entretanto, é atribuída a pesquisa do arqueólogo austríaco Barão Joseph Von Hammer-Pürgstall, um não simpatizante do ideal Templário, que em 1816 escrevera um tratado sobre os alegados mistérios dos Templários e de Baphomet, sugerindo que a expressão proviria da união de dois vocábulos gregos, "Baphe" e "Metis", significando "Batismo de Sabedoria". A partir desta conjectura, Von Hammer especula a respeito da possibilidade da existência de Rituais de Iniciação, onde haveria a admissão, seja aos mistérios seja aos segredos cultuados pela Ordem do Templo. 

O Simbolismo 

Segundo Von Hammer, de acordo com suas descobertas, os ídolos Templários se tratavam de degenerações de ídolos gnósticos valentinianos, sendo que, de todos eles, o mais imponente formava uma estranha figura de um homem velho e barbudo, de solene aspecto faraônico. Um traço bem marcante de todas as figuras era a forte presença de caracteres de hermafroditismo ou androginia, traços que, ainda de acordo com a descrição de Von Hammer, endossariam cabalmente as acusações de perversão movidas pelo clero contra os Templários. Desta descrição aparece outra referência que muito diz sobre o mistério que cerca o nome Baphomet: ela aponta para a imagem de um "homem velho", o qual seria adorado pelos Templários. Este "homem velho" possuía as mesmas características de Priapus, aquele criado "antes que tudo existisse". Contudo, a mesma imagem, por vezes aparecendo com armas cruzadas sobre o peito, sugere proximidade com o Deus egípcio Osíris, havendo até quem afirme ser Osíris o verdadeiro Baphomet dos Templários. 

Seguindo a mesma lógica e pensamento de que o vocábulo Baphomet teria vindo da Grécia Antiga, também existe a hipótese de que sua procedência esteja na conjunção das palavras "Baphe" e "Metros", algo como "Batismo da Mãe". Por sua vez, a partir deste raciocínio, surge uma outra proposição poucas vezes mencionada nos estudos sobre Baphomet, a qual aponta ser "Baphe" e "Metros" uma corruptela de Behemot, um fantástico ser bíblico de origens hebréias. Esta teoria é importante, visto Behemot ser citado (e por vezes traduzido) como uma grande fêmea de Hipopótamo que habitava as águas do rio Nilo, sendo uma das representações da "Grande Mãe", esposa do Deus Seth. 

Na concepção egípcia dos Deuses, a fêmea do Hipopótamo faz uma espécie de contra-parte do Crocodilo (Typhon), da mesma forma pela qual existem os bíblicos Behemot e Leviathan. 

De acordo com o pesquisador Raspe, outra definição que ganha importância, principalmente na abordagem dos cultos que atualmente são rendidos a Baphomet, mostra o suposto ídolo dos Templários como uma fórmula oriunda das doutrinas Gnósticas de Basilides. Neste sentido as palavras anteriormente apresentadas, que originaram o termo Baphomet, seriam "Baphe" e "Metios". Assim, teríamos a expressão "Tintura de Sabedoria", ou o já apresentado "Batismo de Sabedoria", como o significado de Baphomet. 

Considerando que a palavra Baphomet possua raízes árabes, especula-se também que ela seja a corruptela de Abufihamat (ou ainda Bufihimat, como pronunciado na Espanha), expressão moura para "Pai do Entendimento" ou "Cabeça do Conhecimento". Se nos lembrarmos das acusações movidas contra os Templários, de que eles adoravam uma "Cabeça", veremos nesta hipótese algo plausível de ser aceito. Apesar de todas as alusões até aqui feitas, a figura de Baphomet que se tornou mais famosa, servindo de principal referência para os ocultistas atuais, é mesmo aquela cunhada no século 19 pelo Abade Alfonse Louis Constant, mais conhecido pelo nome Eliphas Levi Zahed, ou simplesmente Eliphas Levi. 

De acordo com a descrição do Abade, publicada pela primeira vez em 1854, a imagem de Baphomet, o Bode de Mendes ou ainda o Bode do Sabbath, é feita do seguinte modo: "Figura panteística e mágica do absoluto. O facho colocado entre os dois chifres representa a inteligência equilibrante do ternário; a cabeça de bode, cabeça sintética, que reúne alguns caracteres do cão, do touro e do burro, representa a responsabilidade só da matéria e a expiação, nos corpos, dos pecados corporais. As mãos são humanas para mostrar a santidade do trabalho; fazem o sinal do esoterismo em cima e em baixo, para recomendar o mistério aos iniciados e mostram dois crescentes lunares, um branco que está em cima, o outro preto que está em baixo, para explicar as relações do bem e do mal, da misericórdia e da justiça. A parte baixa do corpo está coberta, imagem dos mistérios da geração universal, expressa somente pelo símbolo do caduceu. 

O ventre do bode é escamado e deve ser colorido em verde; o semicírculo que está em cima deve ser azul; as pernas, que sobem até o peito devem ser de diversas cores. O bode tem peito de mulher e, assim só traz da humanidade os sinais da maternidade e do trabalho, isto é, os sinais redentores. Na sua fronte e em baixo do facho, vemos o signo do microcosmo ou pentagrama de ponta para cima, símbolo da inteligência humana, que colocado assim, em baixo do facho, faz da chama deste uma imagem da revelação divina. 

Este panteus deve ter por assento um cubo, e para estrado quer uma bola só, quer uma bola e um escabelo triangular." Devido à eficiência de sua ideação, Levi propositalmente faz com que se acredite que exatamente essa forma de Baphomet era a presente na celebração dos Antigos Mistérios.

Fonte: conhecendo maçonaria.

CURIOSIDADES MAÇONICAS



1- O Banco Maçônico do Estado de New York nos Estados Unidos, é um importante estabelecimento de crédito e socorros mútuos, destinado especialmente a proteger os Maçons industriais e comerciantes, para o desenvolvimento dos seus negócios. ( A Trolha)

2- Existem no Museu Nacional de Nápolis, um pavimento de mosaico com Nível, Prumo e outros atributos Maçônicos, e que foi descoberto nas escavações de Pompeya, Itália. Pompeya desapareceu em conseqüência de uma erupção do Vesúvio no ano de 79 antes de Cristo. (A Trolha)

3 – A Bandeira Nacional da Venezuela, cujos Presidentes, desde a fundação da República, em 1830 até 1899, sempre eram Maçons, também deve a sua origem a um Maçon. (A trolha)

4 – A Loja de San Juan foi fundada em Boston, cidade dos Estados Unidos, em 30 de julho de 1733 e está funcionando até hoje. (A Trolha)

5 – Na cidade de Tibérias no Estado de Israel, existe a Loja “Genossar n°. 09” e que fica 180 metros abaixo do nível do mar. ( A Trolha)

6 – Você sabia que a maioria dos astronautas eram Maçons? Pois bem, Walter Schira, um dos comandantes da Apolo 7, que pousou na Lua, era nosso Irmão. E foi como Irmão que ele “plantou” no solo da Lua a Bandeira ( Estandarte) da Canaveral Lodge nº. 339 da Caçoa Beach na Flórida. (A Trolha)

7 – Uma Loja de Berlim (Alemanha), teve, em seus primeiros a25 anos de existência, apenas nove Veneráveis e, num espaço de 106 anos somente três Veneráveis, sendo que um deles exerceu o cargo durante 60 anos consecutivos. (A Trolha)

8 – A Bandeira de Cuba, que, ao lado das cores nacionais, mostra uma estrela de cinco pontas dentro de um triângulo, foi idealizada e executada por Narciso Lopes, membro da Loja “Estrela Solitária”. (A Trolha)

9 – Na cidade de La Ororja, na República do Peru, existe a Loja “Andissa n°. 27 e fica numa altitude de 3.600 metros. (A Trolha)

10 – No ano de 1965, dos cem senadores do Congresso dos Estados Unidos da América do Norte, quarenta e oito eram Maçons. (A Trolha)

11 – Nos Estados Unidos da América do Norte, existem 62 Lojas que têm o nome de Hiram, seguidas por 61 Lojas que têm no nome de Washington. O nome são João é usado por 59 Lojas. Cerca de 50 Lojas usam o nome de Franklin e Salomão. Os nomes de Acácia, Eureka e Monte Lafayette é perpetuado por 39 Lojas. (A Trolha)

DE MÃOS DADAS COM OS VERBOS DE LIGAÇÃO - Newton Agrella


Na estrutura gramatical da Língua Portuguesa encontramos aquilo que se classifica como verbos de ligação.

Esta categoria de verbos não indica ação ou movimento.

Sua propriedade é a de designar uma qualidade, um estado ou uma classificação.

A função destes verbos é a de fazer a ligação entre dois termos: o sujeito e suas "características". 

Seguem os principais verbos de ligação : 

ser, estar, permanecer, ficar, tornar-se, continuar, andar, viver e parecer.

Porém, ironicamente, dentre estes verbos, aquele que tem assumido um protagonismo sem igual é justamente o verbo "parecer".

Pois é, este verbo tem se cercado de especiais cuidados e atributos que o acompanham.

Em tempos de eleições, exemplos muito nítidos do emprego do referido verbo se revelam em frases tais como:

"...Não basta ser honesto, precisa antes de tudo *parecer* honesto..."

"...O candidato *parece* sincero..."

"...O mediador do debate *pareceu* inseguro..."

O que se nota neste fugaz cenário semântico, é que o protagonismo do verbo "parecer" se instaura e se destaca antes mesmo de verbos como "ser" ou "estar".

Este fenômeno linguístico tem sido um instrumento para não se comprometer com afirmações inequívocas ou radicais.

Trata-se de um verbo que ocupa um espaço, transitoriamente, sem o receio de deixar rastros.

Pode "parecer" estranho ou conflitante, mas ao utilizar-se deste verbo de ligação as características   que revelam o sujeito, gozam de uma espécie de imunidade ou proteção a contraofensivas que possam vir adiante.

Afinal de contas, tudo o que parece, necessariamente "não é" ou "não está", pois sua existência se sustenta sob uma experiência hipotética.

Parece brincadeira, mas não é, pois a vida vocabular deste verbo possui as propriedades transformadoras de um camaleão, que pode forjar diferentes identidades ao sabor das meras circunstâncias e protocolares conveniências.

Deixemos assim, o convite para que estejamos minimamente cônscios de seu emprego ao conjugá-lo em nossas ações discursivas ou ao emitirmos determinado juízo de valores.

Portanto, leia bem o que está à sua vista e não se deixe levar pela sofismática ideia do "parece mas não é".



abril 16, 2024

OS ALTOS GRAUS - Louis Trebuchet tradução de Antonio Jorge


Originária das Ilhas Britânicas, a Maçonaria de Alto Grau chegou a França antes de meados do século XVIII. Durante um período de duas décadas, desenvolveu-se rapidamente, embora de forma um pouco anárquica.

Os três canais de propagação dos Altos Graus

A Maçonaria é uma sociedade discreta, e nós censuramo-la bastante! O público pouco ou nada sabe sobre o seu funcionamento interno. Uma parte da vida maçónica em particular, importante devido ao seu alcance e significado para aqueles que a praticam, parece ser completamente ignorada, mesmo por alguns maçons. Após os três primeiros graus comuns a toda a Maçonaria, hoje conhecidos como “graus simbólicos”, a progressão maçónica continua através de uma série de graus adicionais.

A história legou-nos vários sistemas destes graus superiores que, além disso, conduzem frequentemente a variações na prática dos três graus simbólicos comuns a todos. As gerações anteriores referiram-se a estes vários sistemas como “ritos”, embora não pretendam ter um carácter particularmente religioso.

Os primeiros vestígios podem ser encontrados apenas oito anos após a criação da primeira Grande Loja, no mesmo ano em que a Grande Loja de Londres confirmou a existência do terceiro grau simbólico. Por outras palavras, a parte submersa, ou “superior”, da Maçonaria não é uma invenção recente. De facto, uma folha de papel impressa em Dublin em 1725, intitulada “All the Institutions of Open Freemasons”, já referia termos e meios de reconhecimento que só seriam usados pelo mais antigo dos Altos Graus irlandeses, o Royal Arch.

No estado atual dos conhecimentos históricos, parece incontestável que as raízes desta parte da Maçonaria se encontram todas nas Ilhas Britânicas. A primeira manifestação é a admissão de vários Mestres Maçons Simbólicos ao grau de Mestres Maçons Escoceses, registada numa acta de 28 de Outubro de 1735 de uma loja em Bath, Somerset. A segunda é o testemunho do coronel irlandês Hugo O’Kelly perante a Inquisição de Lisboa em 1er de Agosto de 1738, revelando a existência de dois graus superiores em termos específicos do Arco Real. Em 1743, este grau foi confirmado em Stirling, na Escócia, e em Youghal, na Irlanda. Finalmente, em 23 de Novembro de 1743, um jornal londrino publicou uma convocatória dirigida aos “Irmãos da Heredom Escocesa, ou a Antiga e Honorável Ordem de Kilwinning”.

A Maçonaria de alto nível chegou a França antes de meados do século XVIII. A sua reação foi favorável e, durante duas décadas, conheceu um desenvolvimento deslumbrante, embora um pouco anárquico. No entanto, desta profusão surge uma estrutura organizada, baseada na comunicação entre três centros de desenvolvimento que serão responsáveis pela formalização dos altos graus na Europa, nas Índias Ocidentais e nos Estados Unidos.

Em 1750, a sublime ordem dos Cavaleiros Escolhidos, cujas origens permanecem, por enquanto, desconhecidas, contava com vinte e um Grão-Mestres provinciais, sobretudo em França, mas também na Suíça, no Piemonte, em Itália, em Hamburgo, em Frankfurt e até nas “Índias Ocidentais Damerique [sic]”. Quanto tempo foi necessário para criar uma tal organização, tendo em conta o ritmo de vida e o tempo necessário para viajar a cavalo ou de barco à vela em meados do século XVIII? Esta ordem esteve muito provavelmente na origem da “Estrita Observância”, um sistema de altos graus alemão codificado em 1752, e, por extensão, do “sistema escocês retificado”, um dos principais ritos da Maçonaria francesa, definitivamente estabelecido pelo Convento dos Gauleses em Lyon, em Novembro de 1778, sob o impulso de Jean-Baptiste Willermoz.

O ponto de convergência parisiense para o desenvolvimento dos Altos Graus foi a Loja Escocesa de Saint-Édouard; foi fundada antes de 1744 e reivindicou ser a casa do último Grão-Mestre Jacobita da Grande Loja de França, Charles Radcliffe de Derwentwater. Alguns pormenores dos graus que distribui mostram uma influência tripla (o Mestre Escocês, a Ordem de Heredom de Kilwinning e parte da lenda transmitida pelo Arco Real).

A casa de Bordéus foi fundada em 8 de Julho de 1745 por Étienne Morin, um comerciante que viajou muito entre França e as Índias Ocidentais. Um estudo dos manuscritos conhecidos confirma que Morin introduziu em França uma versão inglesa, truncada e simplificada, do Arco Real, que lhe tinha sido enviada em 1744 pelo Capitão-General William Mathew, Governador Geral das Ilhas Leeward para a Coroa de Inglaterra e Grão-Mestre Provincial da Grande Loja de Inglaterra em Antígua.

A partir de 1750, estes três canais de difusão dos graus superiores comunicarão entre si, levando à estruturação progressiva, durante a segunda metade do século XVIII, de um conjunto relativamente ordenado de graus superiores. Em 1786, sob o impulso de Roëttiers de Montaleau, o Grande Oriente de França sintetizou-os em quatro ordens, mais uma ordem aberta, que conhecemos hoje como o “Rito Francês”. Esta síntese encontrou forte resistência e, finalmente, um outro rito, comum à França e aos Estados Unidos, encontrou a sua forma definitiva em 1804, em França, sob a autoridade de Auguste de Grasse-Tilly: o “Rito Escocês Antigo e Aceite”.

O título de “escocês” atribuído desde o início a este sistema de altos graus deve-se muito provavelmente ao facto de ter sido introduzido em França por cavalheiros escoceses ou irlandeses que acompanharam o último representante da dinastia escocesa dos Stuarts, Jaime II, no exílio em Saint-Germain-en-Laye.

Sob o Império, a Maçonaria francesa tinha três sistemas ou ritos de alto grau: o sistema escocês retificado, com quatro graus superiores para além dos três graus simbólicos; o rito francês, com quatro ordens mais uma, para além dos três primeiros graus; e o rito escocês antigo e aceite, que se definia em trinta e três graus, incluindo os três graus simbólicos. Estes são ainda hoje os três principais ritos praticados em França.

Após algumas vicissitudes, os sistemas de altos graus baseados numa “tradição egípcia”, importados de Itália no século XIX, reuniram-se em 1881 sob a égide de Giuseppe Garibaldi. Agora chamado “Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraïm”, com os seus noventa e nove graus, este quarto sistema de altos graus completa o quadro atual da Maçonaria francesa.

Um cavalheirismo espiritual baseado no amor e na reflexão interior

Que necessidades satisfazem estes Altos Graus? E para que servem? O gosto demasiado humano por decorações, amuletos e outras bugigangas vem naturalmente à mente. Isto explica certamente o desmoronamento, as cópias parciais e as invenções de graus que marcaram a segunda metade do século XVIII. Em 1776, o Irmão Théodore Tarade, fundador da Loja Saint-Théodore em Paris, a 9 de Maio de 1761, registava o seguinte no seu precioso caderno de notas: “[…] os trinta e nove graus acima enumerados, juntamente com aqueles que os compõem, formam a totalidade dos graus da Maçonaria. Há muitos outros que não posso contar e que darei pessoalmente.

No entanto, a ordenação progressiva e os significados mais profundos e coerentes dados a estes graus pelas gerações sucessivas mostram que outras forças estão a atuar aqui. O Maçom de hoje, para quem a Maçonaria de Alto Grau se tornou uma parte importante da sua reflexão e desenvolvimento pessoal, considera por vezes esta profunda coerência como um “pequeno milagre”.

A primeira das forças em ação na instituição de graus superiores foi a necessidade de canalizar e coordenar a Maçonaria nascente. Vários destes graus superiores foram concebidos desde o início como uma forma de cavalaria responsável pela reconstrução do templo da Maçonaria, que tinha sido destruído pela desordem, pelos excessos e pelas cisões: “A Maçonaria, que foi recebida e estabelecida com tanto esplendor em França, [é] negligenciada e desprezada por falsos irmãos que nunca conheceram a sua finalidade e os seus princípios. […] Cabe-nos, portanto, reconduzir os nossos irmãos infelizmente transviados ao bom caminho”.

O verdadeiro domínio dos irmãos dos graus superiores sobre a Maçonaria francesa desde meados do século XVIII chegou ao fim quando a Grande Loja de França recuperou o controlo dos três primeiros graus em 1766, e o Grande Oriente de France foi formado em 1773.

Outras influências e motivações, já presentes, assumem então o seu lugar, como descreve uma dessas notas em 1763: “De onde vens? Do centro das trevas. Como é que saíste de lá? Pela reflexão e o estudo da natureza. O que é que ganhamos com o conhecimento destas coisas? Tiramos daí o conhecimento do que nós próprios somos, do que a natureza produz, do efeito das suas produções e do ponto de perfeição que ela dá a todas as coisas”.

Assim, nos vários cursos desta Maçonaria de alto grau, há muitas referências tanto aos relatos bíblicos do Antigo Testamento e do Novo Testamento, como às várias investigações dos séculos XVII e XVIII, ao hermetismo, à alquimia, à cabala, à rosa-cruz, etc.

Este exemplo de uma extensão cavalheiresca e espiritual de uma organização comercial não é novo. É curioso constatar a semelhança desta organização com a que prevalecia no mundo árabe-persa do século XII, descrita, entre outros, por Shihaboddîn Omar Sohravardi (1145-1234): uma confraria iniciática de ofícios em três graus, prolongada por uma cavalaria espiritual baseada no amor e no aprofundamento interior.

Aprofundar a experiência dos três primeiros graus

Ainda hoje, esta progressão gradual para os graus superiores é vivida como um aprofundamento da experiência dos três primeiros graus, uma progressão interior para uma visão mais espiritual do mundo e dos outros, mais ou menos religiosa ou dogmática, consoante os ritos maçónicos. Um bom terço dos irmãos e irmãs em França está empenhado neste caminho. Para a maior parte deles, é uma parte essencial das suas vidas. Cada sistema de altos graus, cada “rito”, tem as suas características específicas.

De acordo com Robert Ambelain, que assumiu a direção em 1960, o rito antigo e primitivo de Memphis-Misraïm coloca uma forte ênfase “nos hermetistas, cabalistas e gnósticos, reunidos nas grandes organizações rosa cruzes […]. Então”, pergunta ele, “porque é que alguém quereria impregnar o esoterismo, que pretende ser de facto um universalismo iniciático, de uma atmosfera religiosa particular e absoluta?

O sistema escocês retificado não surgiu por acaso em Lyon, uma cidade religiosa e católica. A regra maçónica para o uso das lojas reunidas e retificadas, adoptada no Convento Geral de Wilhelmsbad em 1782, estipula: “Prostra-te perante o Verbo Encarnado e bendiz a Providência que te fez nascer entre os cristãos. Professai em todos os lugares a divina religião de Cristo, e nunca vos envergonheis de pertencer a ela.

Os irmãos e irmãs que praticam as “Ordens da Sabedoria” do rito francês designam-se por vezes como “os Cistercienses do Escossismo”, devido ao carácter sóbrio, sintético e reduzido ao essencial pretendido desde o início por Roëttiers de Montaleau. Eles descrevem o seu rito como “um caminho de espiritualidade iluminado pelo Iluminismo”.

Finalmente, o Rito Escocês Antigo e Aceite especificou o seu caminho nas reuniões de Gand em 1998 e Atenas em 2001: “A iniciação é uma busca espiritual baseada na proclamação do Rito da existência de um princípio, conhecido como o Princípio Superior ou Criativo, conhecido como o Grande Arquiteto do Universo. A busca da verdade não pode estar sujeita a quaisquer limites ou constrangimentos dogmáticos, o que implica o direito e o dever de cada membro do rito de interpretar o conceito do Grande Arquiteto do Universo e os símbolos de acordo com a sua própria consciência”.

A Maçonaria, essa desconhecida, revela nas suas altas fileiras não só uma diversidade insuspeitada, mas também uma busca espiritual que os nossos concidadãos ainda menos imaginam!

Fonte: https://essentiels.bnf.fr/

AMOR FRATERNAL - Rui Bandeira


A divisa utilizada pela maçonaria de língua inglesa (Brotherly Love – Relief – Truth; Amor Fraternal – Auxílio – Verdade) elenca as características indispensáveis à Instituição Maçónica.

O primeiro termo dessa divisa é o Amor Fraternal. Daí a corrente referência a que a Maçonaria é uma Fraternidade. Os maçons consideram-se unidos entre si por laços afetivos similares aos que se tecem entre os irmãos de sangue.

O amor fraternal de alguma forma tem características distintas dos outros tipos de afeição, incluindo uma natural componente de emulação entre irmãos que, bem vistas as coisas, é essencial para o desenvolvimento dos jovens seres e consolidação da espécie.

Os fortes laços afetivos entre irmãos coexistem com brigas, desacordos, marcações de território e de posições. O irmão mais velho tem que aprender a partilhar com o mais novo a atenção, cuidados, carinho e amor dos pais. Onde antes era rei e senhor vê depois um imberbe e indefeso ser, com a sua simples presença, a intrometer-se no seu espaço e – pior! – a usurpar a maior parte da atenção e cuidados que antes eram só seus. No entanto, essa constatação e a aprendizagem a ela inerente não impedem o nascimento e desenvolvimento do laço afetivo fraternal. E, a seu tempo, o irmão mais velho assegura a função de desbravador dos caminhos do mais novo e transmissor das experiências e descobertas por si vividas.

Por sua vez, o irmão mais novo cresce lutando para se igualar ao mais velho, para ser capaz de fazer o que ele faz, de conseguir o que ele consegue. Menos alto, menos forte, menos ágil, porque mais novo, procura compensar a sua inferioridade determinando nichos onde consegue ser melhor ou ter mais habilidade que o seu parceiro/adversário, o seu irmão.

A relação afetiva fraterna inclui uma mescla de cooperação, auxílio e cumplicidade com confronto e desafio. É assim que a Natureza propicia que os jovens seres simultaneamente criem as suas identidades e aprendam a viver e a cooperar em sociedade.

A relação afetiva fraterna, precisamente pela sua componente de emulação, é muito produtiva e eficiente no crescimento e aperfeiçoamento de todos os intervenientes. A emulação presente nessa relação afetiva faz com que cada um dos intervenientes queira ser melhor, enquanto simultaneamente auxilia o outro também a melhorar. A competição na cooperação propicia o avanço.

Quando um maçom trata um outro maçom por Irmão também se mostra presente essa componente da ligação afetiva fraternal. Ambos se auxiliam mutuamente a melhorar. Cada um procura ser melhor. E, ao sê-lo, constitui exemplo para que os demais também o procurem ser, em sucessivo e permanente ciclo de motivação.

O amor fraternal entre os maçons não é só – diria que nem sequer é principalmente – um conceito de origem religiosa, no sentido de que todos somos criados por uma entidade superior. O amor fraternal dos maçons – tal como o que une os irmãos de sangue – é tecido de amizade, de cooperação, de auxílio mútuo, de cumplicidade, mas também de emulação, cada um procurando mostrar aos demais a sua evolução, o que aprendeu, o que conseguiu melhorar, ao mesmo tempo que contribui para a melhoria dos demais. E cada um progride mais em conjunto e por causa do conjunto. E cada um aprende que, quanto mais contribuir para o progresso de seu Irmão, mais ele próprio avançará.

COLUNA DA HARMONIA - Antonio Rocha Fadista


Esta é a única Coluna de uma Loja Maçónica constituída por um só Irmão, o Mestre de Harmonia. No passado, a Coluna da Harmonia era composta pelo conjunto dos Irmãos músicos que contribuíam para o brilhantismo dos rituais e dos festejos maçónicos. Com o avanço tecnológico, os músicos foram substituídos pelos aparelhos electrónicos, operados pelo Mestre de Harmonia.

No seu sentido mais amplo, a Harmonia é a ciência da combinação dos sons, formando os acordes musicais. A palavra grega MOUSIKE significa não apenas música, mas também todas as formas de expressão que tenham por finalidade a criação da Beleza.

Pitágoras usava a música para fortalecer a união entre os seus discípulos, por entender que a música instruía e purificava a sua mente. Na sua Escola, a música era entendida como disciplina moral por atuar como freio aos ímpetos agressivos dos ser humanos.

A aprendizagem empírica, revelada através dos sentidos, pode ser conseguida não só pela contemplação das belas formas e da beleza das figuras que nos rodeiam, mas também pela audição de ritmos e de melodias que acalmam os ímpetos e as paixões. Deste modo, angústia, anseios frustrados, agressões verbais, stress mental, podem ser eliminados pela audição de músicas suaves e agradáveis.

Numa reunião maçônica deve-se tocar a música que melhor traduza os sentimentos dos Irmãos em cada momento do ritual.

Muitos compositores, nossos Irmãos, produziram belas músicas que merecem – e devem – ser ouvidas nos nossos Templos. Entre esta plêiade, podemos citar: Mozart, Beethoven, Haendel, Sibelius, Franz Lizt, John Philipp Souza (de ascendência portuguesa), Luigi Cherubini, Antonio Salieri, Carlos Gomes (brasileiro), etc.

As primeiras composições maçónicas datam de 1723 e foram publicadas junto com a primeira Constituição de Grande Loja de Londres; São elas:

A Canção dos Aprendizes – Matthew Birkhead

A Canção dos Companheiros – Charles Delafaye

A Canção do Vigilante – James Anderson

A Canção do Mestre – James Anderson

Esta última, publicada em 1738 juntamente com a segunda edição das Constituições de Anderson.

No Brasil, foram compostas as seguintes obras:

Hymno do REAA – M. A . Silveira Neto e Jerónimo Pires Missel

Hino Maçons Avante – Jorge Buarque Lira e Mário Vicente Lima

Hino Maçónico – D. Pedro I (D. Pedro IV de Portugal)

Canto Ritualístico Maçónico – Francisco Sabetta e José Bento Abatayguara

Hino Maçónico para Abertura e Fechamento dos Trabalhos – Otaviano Bastos

A Acácia Amarela – Luiz Gonzaga (o rei do baião)

Além destas, existem também composições maçónicas para os Rituais de Iniciação, de Elevação e de Exaltação, de Reconhecimento Conjugal e de Pompas Fúnebres.

Tendo em vista o carácter universalista da nossa Ordem, o Mestre de Harmonia não deve programar a execução de música religiosa de nenhum tipo. Deste modo será evitado o constrangimento que um Irmão não católico poderá sentir ao ouvir, por exemplo, a Ave Maria de Gounod. Solos de música cantada também devem ser evitados. A música coral, como por exemplo o Hino Maçónico de D. Pedro I ou a Ode à Alegria, de Beethoven, poderá ser programada sem problemas, mas, na maioria das vezes, a música mais indicada é sempre a instrumental.

O Mestre de Harmonia previamente preparará o programa a ser executado, de acordo com o tipo de reunião e de acordo com o Ritual. Numa Iniciação, no Rito Escocês Antigo e Aceito, podem ser destacados os seguintes momentos especiais, para os quais será programada uma música específica, que listamos a título de exemplo:

Entrada dos Candidatos – “A Criação” de Haydn – trechos que descrevem a passagem do Mundo do Caos para a Ordem e das Trevas para a Luz (Ordo ab Chao)

Oração ao GADU – “Cravo Bem Temperado” – Bach – Melodia que convida à concentração e à meditação

Taça Sagrada – “A Criação” – Trechos da abertura do Oratório que simbolizam a purificação e a ilusão profana

A Primeira Viagem – “Tempestade e Chuva” – Efeitos sonoros com ruídos de chuva, ventania e trovões. Colecção Action! Câmera! Music! Gravação do Reader’s Digest – Distribuição da Borges & Damasceno

A Segunda Viagem – “A Vitória de Wellington” – Beethoven – Adequada para acompanhar o toque “descompassado das espadas”.

Purificação Pela Água – “Música Aquática” – Haendel – música cujos efeitos sonoros acentuam o significado do evento

Terceira Viagem – “Romance Para Violino nº 2” – Beethoven – Melodia que transmite a suavidade emocional do evento.

Purificação pelo Fogo – “As Valquírias – Wagner – Cena do Fogo Mágico que reforça o sentido dramático do ritual.

Tronco de Beneficência – “Pannis Angelicus” – Cesar Frank – marca o profundo significado da solidariedade.

Juramento – “Prelúdio nº 1 em dó maior do Cravo Bem Temperado” – Bach – adequada para a meditação e que marca a solenidade do momento ritual.

LUZ – “Assim Falou Zaratustra” – Strauss – Parte inicial do poema sinfónico que descreve o nascer do sol e o sentimento do poder de Deus sobre o homem. Aumenta o deslumbramento do momento culminante da Iniciação

Abraço do Venerável – “Marcha Festiva” – Grieg – (Suite Sigurd Jorsalfar – Opus 56 ).

Entrada dos Neófitos – “Glória aos Iniciados” (Coro final da Ópera a Flauta Mágica, de Mozart) – Coro de Graças a Ísis e Osíris, e de congratulações aos Iniciados, que pela sua coragem conquistaram o direito à Beleza e à Sabedoria

Proclamações – “Ode à Alegria” – Beethoven – Excerto Orquestral da Nona Sinfonia – deve ser tocada após cada uma das Proclamações. É um hino que traduz a alegria dos Irmãos ao receber os recém Iniciados.

Uma Sessão Económica, por exemplo, não pode prescindir de dois ou três bons programas para a Harmonia, previamente programados. Isto permitirá variar as músicas executadas, evitando a monotonia da repetição.

A escolha de uma música para uma reunião maçónica exige do Mestre de Harmonia um mínimo de cultura musical, além da necessária sensibilidade para interpretar o significado de cada passagem do Ritual. Repetimos, a música deve estar em perfeita sintonia com cada momento da ritualística, induzindo nos Irmãos presentes a purificação das suas mentes, deixando-os tranquilos e predispostos à emissão de sentimentos de amor e de fraternidade.

A música promove a exaltação das faculdades intelectuais e espirituais do ser humano. Ela atinge e aperfeiçoa a sensibilidade dos Irmãos, permitindo que eles vibrem em sintonia com os acordes da Harmonia Universal cujas leis tudo governam, e pelas quais a Maçonaria busca o aprimoramento moral e espiritual da Humanidade.



abril 15, 2024

SIMBOLISMO INICIÁTICO - João Anatalino Rodrigues

A Maçonaria é essencialmente um exercício espiritual. Destina-se a moldar o caráter do seu praticante, fazendo dele um verdadeiro obreiro do universo. Nos templos maçônicos não se pratica uma religião, mas sim uma Arte, cujo propósito é o aperfeiçoamento do ser humano, a partir de uma forma de pensar e de um modelo de conduta, no qual se releva o respeito pela pessoa humana e o bem estar da comunidade.

Não há um modelo filosófico a ser seguido nem uma orientação religiosa imposta como paradigma. Por esta razão os seus fundamentos estão assentes em símbolos, lendas e alegorias, e a sua aprendizagem dá-se através do método iniciático, o que exige do seu praticante um espírito aberto e antidogmático, capaz de trabalhar nos territórios da matéria e do espírito com igual desenvoltura.

Método iniciático, ou psicológico, é aquele segundo o qual os ensinamentos não são dirigidos à razão do aprendiz, mas ao seu inconsciente. Por isso, os ensinamentos maçônicos não seguem a organização epistemológica própria de uma ciência ou doutrina, como seria da praxe em qualquer forma de aprendizagem. O aprendiz Maçom deve participar desses ensinamentos através de repetidas iniciações, que têm como objetivo “impressionar” o seu espírito e levá-lo, mais a “sentir” o ensinamento, do que propriamente compreender a sua lógica.

A Maçonaria é aprendida através de símbolos e alegorias que transmitem verdades morais e iniciáticas. Por isso, encontraremos nos rituais de todos os graus uma alusão a símbolos e lendas, de alguma forma conectados com os ensinamentos que se deseja transmitir.

A mitologia é a forma mais antiga que o pensamento humano encontrou para integrar os conteúdos do inconsciente coletivo da humanidade com os factos com os quais era confrontada. Não podendo explicar a origem de um relâmpago, nem a sua força destruidora, por exemplo, imaginou-se ser o mesmo um atributo dos deuses no exercício da sua cólera contra os homens. Não concebendo a forma pela qual o conhecimento aflora dentro da mente, criou-se a imagem de um herói roubando o fogo dos deuses e dando-o, de presente aos homens.

Esta é uma referência à mitologia grega do raio de Zeus e ao mito de Prometeu, que roubou o fogo sagrado e o entregou ao homem, dando origem ao conhecimento humano. 

Por se tratar de uma Arte destinada à construção do carácter humano, a Maçonaria adotou como base da sua filosofia e como suporte do seu simbolismo os fundamentos e as ferramentas da ciência contida na arte de construir, ou seja, a Arquitetura. Daí o porquê de a grande maioria dos símbolos, alegorias, lendas, analogias e arquétipos presentes na Arte Real estarem todos ligados à ideia da construção ou da reconstrução, física ou espiritual, do edifício moral da humanidade.

Evidentemente, há, nesta questão, um fundamento histórico inegável que não se pode ignorar. Pelo fato de a Maçonaria estar umbilicalmente ligada aos antigos construtores medievais (pedreiros livres, como se chamavam esses profissionais), é claro que boa parte da sua simbologia provém desse fato. Mas hoje, sendo a Maçonaria essencialmente especulativa, isto é, análoga a uma escola de filosofia, com características de entidade filantrópica e associação corporativa, não há mais que se falar na simbologia dos antigos pedreiros em termos operativos, mas apenas como alegorias de fundo espiritual.

A Arquitetura de que se fala na Maçonaria refere-se à construção de uma sociedade justa e fraterna, onde todas as pessoas possam viver em harmonia e união. Neste, como noutros princípios defendidos pela Irmandade, ela não se afasta da proposta esotérica contida em todas as religiões, que prometem um estado interior de bem estar a ser experimentado ao nível do espírito.

E também integra uma esperança de carácter profano, buscada por todas as experiências políticas já tentadas pelo homem na tarefa de organização das suas sociedades, que é a de proporcionar bem estar e justiça para todos. Em ambos os casos, a analogia com a arte da Arquitetura é bastante adequada, pois trata-se sempre de formatar um mundo ideal. Daí ser a Maçonaria ser chamada de Arte Real e o Maçom de pedreiro moral. Em tudo isto se releva a arte de construir.

O AVENTAL DE APRENDIZ MACOM - Jose Tavares de Mello Neto



Uma das vestimentas mais importantes do maçom. Seu uso é obrigatório para que um maçom possa participar de trabalho em Loja (antigamente era feito de pele de cabra), de cor branca (símbolo da inocência), e deve ser usado com a aba levantada, no grau de aprendiz; Por não saber trabalhar, deve assim usá-lo para proteger-se ao burilar a pedra bruta. 

Uma vez trajando o seu avental, o Aprendiz não é mais aquela pessoa de antes. Tem agora gestos solenes, postura serena porém disciplinada, e suas palavras, estando à ordem devem ser calmas e cuidadosamente pronunciadas ao defender suas idéias e posicionamentos. A decoração do Avental varia de acordo com o grau.

O avental de Aprendiz Maçom, é o nosso primeiro distintivo recebido em loja, conforme o ritual do grau 1 – Aprendiz Maçom pág. 112, “(Quando e V∴M∴ entregando o Avental ao M∴ de CCer∴ e dizendo). – “Ir∴M∴ de CCer∴, revesti o nosso Ir∴ com o avental ...; E pág 88 do Instrucional Maçônico Grau de Aprendiz, referente a 15ª Instrução, onde esta escrito que “o avental é a insígnia distintiva do Franco-Maçom. É o símbolo do seu amor ao trabalho e de dedicação na busca”.

O Avental e a Espada Flamigera e o par de luvas estão intimamente ligados, como veremos a seguir: A espada Flamigera é o emblema do Magistério (do V∴M∴), A Luva da Pureza e da Honestidade e o Avental do Trabalho, que caracteriza todo maçom, são três símbolos que merecem toda a nossa consideração.

Encontramos tanto a Espada flamejante quanto o Avental no livro do Gênesis Capitulo 3, nos versículos 21 e 24, aonde esta escrito que o Grande Arquiteto do Universo fez túnicas de pele para Adão e sua mulher e os vestiu. Depois de ter expulsado o homem do Jardim do Éden "para que trabalhasse a terra", e colocou no Oriente do mesmo Jardim do Éden uns querubins, que mostravam uma espada flamigera, "para custodiar o Caminho da Árvore da Vida".

O avental que recebe, e com o qual se reveste todo maçom, é um emblema do próprio corpo físico com o qual trabalhamos sobre a terra, com o objetivo de adquirir aquelas experiências que nos transformarão em artistas verdadeiros e acabarão por dar-nos o magistério ou domínio completo sobre nosso mundo.

Da mesma forma, (a espada flamigera que se encontra com os querubins, anjos ou Mensageiros do Divino no homem) no Oriente, ou origem do Mundo Mental ou interior da consciência, é um símbolo manifesto do Poder Divino, "que é poder criador" latente em todo ser humano, e que é privilégio do Magistério (V∴M∴) realizar, ou recuperar, manifestando assim as mais elevadas possibilidades da vida, cujo Caminho abre e custodia.

Após um longo tempo de reflexão, de ter feito as três viagens e prestado o juramento. O neófito é conduzido novamente ao altar diante do qual deve, como antes, postar-se em atitude coerente com a importância do ato que será realizado, deve o Neófito confirmar novamente suas obrigações, após o que o V∴M∴ com a espada flamigera apoiada sobre a cabeça aquele, pronuncia a fórmula da consagração, acompanhada pelos golpes misteriosos do grau. Isto feito, faz com que se levante e abraça-o, dando- lhe pela primeira vez o título de irmão, dizendo ao cingir-lhe o avental:

"Recebe este avental, distintivo do Maçom, mais honroso que todas as Condecorações humanas, porque simboliza o trabalho, que é o primeiro dever do homem e a fonte de todos os bens, ele que dá o direito de sentar- vos entre nós, e sem o qual nunca deveis estar em Loja".

Ao adquirir o direito de usar o Avental em loja o neófito passa a fazer parte da família maçônica, É A CONSAGRAÇÃO.

É evidente que a túnica (Avental) aqui mencionada, simbolizam o corpo físico do homem, do qual se reveste a consciência individualizada (Adão) e seu reflexo pessoal (sua mulher) ao serem enviados do estado de beatitude edênica (o mundo mental ou interior), sobre a terra (ou realidade objetiva) para trabalhá-la, ou nela expressar suas qualidades divinas.

O avental é um legado que a maçonaria moderna recebeu da maçonaria operativa. Esta peça, que foi de tanta utilidade para o Maçom operativo, já que lhe protegia a roupa, transformou-se para o maçom moderno numa alfaia simbolizando o trabalho do Maçom.

Até a sua regulamentação pela Grande Loja Unida da Inglaterra, os aventais da maçonaria inglesa assumiram os mais variados aspectos e formas. Simples peles desalinhadas de cordeiro, no princípio, os aventais sofreram uma evolução constante nos países que adotaram a instituição maçônica.

Em fins do século XVIII era grande moda enfeitar os aventais com pinturas e bordados à mão que reproduziam a riqueza emblemática da maçonaria.

A percepção deste avental, ou túnica de pele, como simples traje ou envoltório exterior, assim como da essência de nosso próprio ser, é conseqüência da visão espiritual que conseguimos através da busca da Luz, desde o Ocidente dos sentidos ao Oriente da Realidade. Mas isto não deve conduzir-nos a desprezá-lo, por ser parte integrante e necessária à perfeita manifestação do homem na vida terrestre, mediante a qual deverá ir depurando-se, escalando graus em prol de uma existência divina.

O AVENTAL DE APRENDIZ MAÇOM, COM SUA ABA LEVANTADA SERVE SIMBOLICAMENTE, PARA NOS PROTEGER DAS LASCAS DA PEDRA BRUTA, DO NOSSO PRÓPRIO SER, SENDO ADORNADA.

BIBLIOGRAFIA

Trabalhos pesquisados na internet no site do GOB-Brasil Dicionário Maçônico, Madras Editora Ltda 2.001

Dicionário Maçônico, FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Editora Pensante, 33a ed.

Simbolismo do 1o Grau “Aprendiz” - CANINO, Rizzardo da, Madras Editora Ltda.

Simbologia Maçônica dos painéis, Aprendiz, Companheiro e Mestre - CRUZ, Almir Sant ́anna, Ed. Maçônica “A TROLHA” Ltda 1a ed.  

O Aprendiz maçom Instrucional.

A JUSTIÇA SOB A ÓTICA MAÇÔNICA



Justiça é um termo muito presente na Maçonaria, principalmente porque está diretamente ligada a um personagem presente nas lendas maçônicas, Rei Salomão, tido como o rei mais sábio e justo de todos.

Mas a justiça não é algo natural, não é um elemento da natureza, encontrado em todos os lugares. A justiça é algo alcançado, conquistado.

E assim como para se fazer a Luz havia antes a Escuridão, ou não haveria necessidade da Luz ser feita, para se fazer Justiça deve haver antes a Injustiça, ou não haverá a necessidade de Justiça.

Entendendo a ligação entre Injustiça e Justiça como início e fim, ação e reação, causa e efeito, percebe-se a necessidade de um “fio condutor”, de um “combustível” que promova tal mudança. E, nesse caso, é a Compaixão.

É muito fácil compreender o papel fundamental da Compaixão. Afinal de contas, mesmo num mundo inundado de Injustiças, se não houvesse Compaixão, por que alguém desejaria e buscaria promover a Justiça para outros?

Faltaria o tal fio condutor, o combustível. Compaixão é exatamente aquele sentimento benévolo que domina o homem ao presenciar uma infelicidade ou mal alheio.

Nós sentimos compaixão quando vemos alguém sofrendo uma injustiça. Ou quando assistimos pessoas passando fome e outras necessidades, não por opção, mas pela falta de opção, pela injustiça socioeconômica.

O maçom deve ter os olhos abertos para os males da sociedade. Ele não pode fechar os olhos para o sofrimento do próximo, pois o compromisso do maçom é buscar a felicidade da humanidade. O maçom é um homem de atitude, que procura construir templos às virtudes e cavar masmorras aos vícios. Ele busca trabalhar de forma Justa e Perfeita. E a compaixão nada mais é do que um sentimento de quem se incomoda com a infelicidade alheia, pois deseja a felicidade da humanidade.

Nada mais é do que um sentimento de quem se irrita com as injustiças, pois tem um compromisso com o que é justo. Enfim, a Compaixão é um sentimento próprio do Maçom, que faz parte do seu ser enquanto houver injustiças no mundo. É o seu combustível, o mobiliza para seu objetivo como Maçom.

E quais são os caminhos que essa Compaixão nos leva, em direção à Justiça? Podemos crer que, dentre tantos caminhos, o principal talvez seja a Caridade. Como um dos três pilares da Escada de Jacó, a Caridade pode ser interpretada como a ação de um homem livre e de bons costumes quando sente compaixão perante o sofrimento do próximo. Ele tenta reduzir as injustiças com as quais se depara através de um ato de amor. Não há caminho melhor.

A compaixão é sentimento típico daqueles puros de coração, daqueles que amam ao próximo e não fecham seus olhos. E a caridade nada mais é do que a prática desse amor. A caridade é a reação, o efeito da Compaixão.

A busca pela Justiça é um trabalho diário de auto-desenvolvimento. E esse aperfeiçoamento pessoal não tem valor se não é voltado ao bem do próximo e da humanidade. Albert Pike bem registrou que “O que fazemos por nós mesmos morre conosco. O que fazemos pelos outros e pelo mundo permanece e é imortal“.

Vê-se que a Compaixão é parte fundamental em todo o processo de evolução maçônica, porque um maçom nunca se faz de cego perante uma injustiça, ele a sente como se fosse a si mesmo.

E se a evolução se alcança pelo amor ou pela dor, a compaixão está diretamente ligada a ambos. E o maçom, como construtor social, não se restringe a sentir a compaixão, ele age a partir dela.

Fonte: No Esquadro.

abril 14, 2024

ESCOLHA O INSTRUMENTO - Adilson Zotovici



À escolha o instrumento !...

Serventia, passo a passo

Ao fiel procedimento

_Cordel, Lápis e Compasso_


Cabem bem em cada evento,

De escol justas atitudes

Perfeito apontamento

Em prol de augustas Virtudes


À caminhada o alento

Para a escalada em bom rumo

Ao Betel possível o intento

_Esquadro, Nível e Prumo_


Vez que o obreiro não isento

À condução impoluta

Sua bondade, sentimento

À retidão de conduta


Ao bom traço, portento

Do Ocidente ao dossel

Da terra ao firmamento

_A Régua, o Maço, o Cinzel_


Medir o tempo, o cumprimento

Sem fadiga em seu labor

Instiga esforço, movimento

A educação com amor


Como opções ao vento

À didática útil, cabal

Entre si sutil ligamento...

À prática da Arte Real !


A JUSTIÇA SOB O PRISMA MAÇÔNICO-CRISTAO - Denizart Silveira de Oliveira Filho


Virtudes há que constituem pilares da grande obra moral e social de um verdadeiro Maçom. Dentre elas a Justiça, representada por uma balança fiel e também por uma mulher de olhos vendados, simbolizando o Juiz que, em seu veredictum, julga retamente, sem parcialidade e preconceitos, sem ver a quem julga, para não ser inclinado a desviar-se da verdade e do direito.

Porém, vivemos dias sombrios de injustiça, iniquidade, impiedade, corrupção e tirania no mundo, em geral, e no Brasil, em particular, por parte, principalmente, dos seus governantes, ministros, juízes e parlamentares.

A Justiça, uma das vigas-mestras da Maçonaria, tão decantada em vários Graus, de vários Ritos, encarada como qualidade da alma reta, é a virtude pela qual a pessoa sente e põe em prática o bem e o amor, de acordo com o mais alto fim da vida, mesmo diante do risco da morte. 

A Palavra de Deus, fazendo coro à voz dos verdadeiros Maçons, exclama: “Aparta-te do mal e faze o bem, e terás morada permanente. Pois o Senhor ama a justiça e não desampara os seus santos” (Salmos 37:27-28).

O Salmo 58, por sua vez, é um protesto contra a corrupção de juízes injustos e cruéis. É um poema no qual Davi os admoesta, pois as sentenças que dão são semelhantes ao veneno na boca da serpente (Sl 58:4). Como, porém, não o querem ouvir, lança-lhes uma maldição (Sl 58:6-9), em quatro imprecações: (1a) Que Deus lhes dê a sorte dos leões que caem numa armadilha e aos quais os caçadores esmagam as mandíbulas e os dentes para que já não possam morder (Sl 58:6); (2a) Consumam-se como a lesma que aparentemente se esgota, porque deixa após si uma parte do seu corpo, o viscoso rasto de seu muco (Sl 58:8); (3a) Antes de perceberem o perigo, a chama os devore como a sarça e sejam dispersos como as folhas e ramos que o furacão arranca e arrebata (Sl 58:9); (4a) Seja derramado o seu sangue como o sangue que corre  na batalha e banha os pés dos soldados vencedores (Sl 58:10). Tudo isso porque abusaram da autoridade divina de que Deus os investiu. Então questiona: “Será que vocês, juízes poderosos, falam de fato com justiça? Será que vocês, homens, julgam retamente?” (Sl 58:1). E responde: “Não! No coração vocês tramam a injustiça, e na terra as suas mãos espalham a violência” (Sl 58:2).

O Salmo 82 também é uma repreensão divina a juízes injustos. Nele, a Justiça Divina envergonha os Juízes corruptos da terra. Deus os admoesta e os ameaça, tal como no Salmo 58, mesmo à despeito da autoridade de julgar que lhes concedeu (Sl 82:1). Porém, o salmista os considera submissos a Deus e  pergunta: “Até quando vocês vão absolver os culpados e favorecer os ímpios?” (Sl 82:2). Este versículo é um oráculo divino, no qual Deus é o Juiz.

O Juiz deve ser o agente primário das estruturas administrativas para a proteção do inocente, do pobre e do desfavorecido e contra os indivíduos inescrupulosos, geralmente ricos e poderosos. Porém, na Justiça humana não raro, por intermédio de juízes corruptos, iníquos e venais, o réu culpado é solto porque faz valer sua riqueza e seu poder, enquanto o inocente, é condenado, pois não tem os meios de fazer valer o seu direito. 

É o que se vê também hoje, no mundo e no Brasil, de nosso interesse, principalmente o praticado pelos juízes do Supremo Tribunal Federal. Porém, Deus é santo e não pode suportar a sublevação da ordem. O salmista diz: “Vocês são deuses (poderosos), todos são filhos do Altíssimo” (Sl 82:6). Mas admoesta mesmo assim: “Vocês morrerão como simples homens; cairão como qualquer outro governante ou príncipe” (Sl 82:7). Os príncipes, juízes, governantes, ministros, em todo tempo e lugar, sempre foram tidos em alta consideração. Mas, aqui, por causa de sua iniquidade, serão derrubados, assim como todos os perversos, impiedosos e cruéis; e isso é o que esperamos, por justiça, ocorra no Brasil.

Então, que ao menos nós, Maçons e Cristãos, sejamos justos. “Façamos aos outros o que queremos que nos façam” (Mateus 7:12). Sejamos justos, porque “Deus ama a Justiça e odeia o roubo e toda maldade” (Isaias 61:8). Reflitamos sobre isso meus irmãos!

O PAPEL DO MAÇOM NA SOCIEDADE - José Prudencio Pinto de Sá


INTRODUÇÃO 

Livre e de bons costumes, o Maçom atua, constantemente, na sociedade a que pertence, de inúmeras maneiras e valendo-se de diversos meios pelos quais possa influenciá-la. Ele, portanto, exerce um papel importante, na medida que, sendo de origem variada, ele permeia todos os estamentos sociais e se faz presente nas mais distintas e importantes funções, seja no serviço público, quando a ele estiver vinculado, seja na iniciativa particular, se é ali que desempenha o seu trabalho. É importante para todos nós, portanto, ter uma percepção o mais exata possível e um entendimento tão amplo quanto se possa atingir, desse papel que todos sabemos existir, mas nem todos conseguimos delimitar muito bem.

Todos vivemos em comunidade, seja ela extensa e diluída, como é o caso das grandes cidades, seja ela compacta e limitada, como nas orbes de menor porte. Como cidadãos, temos o dever de participar das iniciativas comunitárias de interesse geral, mormente quando somos solicitados a isso, mercê de nossas qualificações pessoais e da nossa posição na estrutura social. Como maçons, temos a obrigação moral, assumida por juramento, de influenciar o meio social em que vivemos por todas as formas ao nosso alcance, quer individualmente, quer de maneira coletiva, e esta, através de associações, entidades, organismos oficiais e... a Maçonaria.

A nossa Ordem não se destina a desempenhar um papel proeminente nem a interferir em assuntos oficiais diretamente, como alguns poderiam gostar de ver. Ao contrário, ela reúne homens de variadas formações culturais, sociais e morais, identificados, simplesmente, como livres e de bons costumes, com a finalidade de ampliar as qualidades de que são já detentores e, quando possível, fazer desabrochar outras, adormecidas ainda, de modo que, ao atuarem na sociedade a que pertencem, possam ser propagadores de uma doutrina voltada para a prática desinteressada da virtude e a busca incessante da verdade.

OS PAPEIS DO MAÇOM 

Então, podemos alinhar alguns pontos que caracterizam o papel do homem maçom na sociedade, assim entendendo o meio social da comunidade a que pertence e, por extensão, o conjunto da nação onde nascemos e vivemos. Esses pontos são, por assim dizer, lindeiros da ação maçônica em benefício da coletividade, na busca pela paz social, um dos objetivos permanentes da nossa nação.

O primeiro papel é desempenhado quando o maçom procede, na sua vida particular e profissional, com absoluta pureza, com lisura, dignidade e honestidade, sempre se valendo dos valores morais que buscamos desenvolver e maximizar. O seu exemplo de honradez, dignidade e exatidão no cumprimento dos seus deveres profissionais, assim como o seu papel de homem íntegro junto à sua família, a quem conduz com a mesma dignidade, associada ao amor que lhe dedica, é marca imarcescível que lega aos que o cercam e aos seus pósteros.

Outro importante papel é o que o maçom exerce ao participar dos esforços coletivos em prol da obtenção de resultados sociais efetivos e necessários, seja ao chamado da voz oficial, seja pela própria iniciativa, a partir de entendimentos com seus irmãos. Neste caso, as Lojas maçônicas podem e devem orientar a aplicação desse esforço, traçando as diretrizes e normas que lhe dão sustentação e orientação. Nesse papel, o maçom trabalhará sob a mesma inspiração filosófica que desenvolveu na Ordem, a partir da sua boa formação inicial. Ele procederá associado a organizações não maçônicas que possam e queiram participar da busca dos objetivos colimados, entre os quais citamos, como exemplo, o combate à maldição das drogas, a implementação de medidas de segurança pública, os esforços de melhoramento do ensino público, a luta contra doenças sexualmente transmissíveis etc.

Mais um outro papel relevante pode prestar, o maçom, na sua atuação junto à sociedade que o acolhe: é aquele de servir de meio de transferência dos ensinamentos maçônicos a todas as pessoas, através de palestras, conferências, visitas às escolas, simpósios, etc. Usando o seu poder de convencimento, ele vai implantando as sementes de cultura filosófica que, ao vingarem no fértil terreno do espírito humano, vão ajudar a propagar as nossas premissas e a contribuir para o melhoramento do ser humano, seu alvo primordial.

Algumas comunidades, como as de bairro e os municípios, organizam-se para ações específicas na direção desses objetivos e de muitos outros de seu interesse próprio. O maçom participará dessas iniciativas sempre que for chamado, seja como integrante dos poderes públicos, seja como cidadão capaz de oferecer seus esforços e recursos para o atingimento do fim traçado. Mesmo que não declare, de público, a sua condição de maçom, o obreiro deve proceder, opinar e votar, sempre, de acordo com a sua consciência e à luz inspiradora dos nossos ensinamentos. É nesses momentos que ele tem que ter em mente as várias oportunidades em que, ajoelhado ante o Livro da Lei e seus irmãos, ele assumiu, livremente, o compromisso de sempre defender, propagar e incentivar os princípios basilares que a Ordem o fez compreender e adotar.

Citemos, ainda, um papel de notável importância, que é o que o maçom desempenha ao participar das atividades beneficentes e solidárias, seja da sua Loja, por iniciativa desta, seja das organizações beneficentes não maçônicas, como Rotary Club, Lions Club, Cruz Vermelha e outras tantas existentes em sua comunidade. Atuar com elas e através delas em ações beneficentes e de solidariedade é um salutar exercício dos princípios maçônicos e uma oportunidade ímpar de ser útil à sociedade, ainda que, aparentemente, o que quer que tenha feito lhe pareça pouco. Pode ser pouco, se considerado do ponto de vista de quem faz, individualmente, mas é muito, se temos a perspectiva de quem se beneficia dessas ações, sempre pessoas carentes de quase tudo, principalmente de amor e calor humano.

CONCLUSÃO 

Vimos, então, que o Maçom não tem um, mas sim, muitos papeis a desempenhar na sua comunidade, no seu meio social, na sua cidade. Ele é o portador de uma mensagem oculta nas suas ações, atitudes e iniciativas, servindo como um portador de comportamentos que servirão de modelo para os que o cercam. 

Ele atua individualmente, no seu trabalho, nas suas horas de lazer e descanso, na sua família e entre os seus amigos. Também age como ser social, incorporado àquelas instituições que tratam de resolver os problemas da sociedade, agindo em conjunto com os poderes públicos e as organizações não governamentais, em benefício do bem-estar coletivo e da paz social. E opera nas ações de beneficência, como integrante das forças que trabalham para mitigar as necessidades dos menos afortunados.

Através das iniciativas da sua Loja, o Maçom pode, de alguma forma, ser partícipe da construção de um mundo melhor. Para isso, deve decidir-se por não se omitir, não dar de ombros, como se tais programas não fossem da sua conta. Deve oferecer-se, voluntária e espontaneamente para o trabalho maçônico de produzir o bem em todas as suas expressões, na forma e intensidade que a Loja identificar como possível e necessária, participando no planejamento, na execução e na avaliação de tudo o que for feito, lembrando-se, sempre, de que, afinal, somos todos filhos do mesmo Pai, que nos concedeu uma chispa de Sua divina Luz para que compreendamos nosso verdadeiro papel social: o de mensageiros da Verdade e do Bem.

abril 13, 2024

PALESTRA NA EMPRESA SULINK - PINHAIS


Sexta-feira, 12, de manhã. Palestra "O Caminho da Felicidade" na empresa Sulink em Pinhais, a convite do seu fundador e dirigente, Ramon Piekarsky, jovem empreendedor que iniciou sua atividade empresarial aos 16 anos cortando grama dos vizinhos, e que hoje aos 32 tem uma bela empresa que atende todo o território nacional na manutenção e venda de impressoras e periféricos. 

Ramon é focado em oferecer ao seu corpo de colaboradores as melhores condições de trabalho possíveis e treinamentos que elevam o nível de conhecimento e produtividade da equipe.

Como sempre acontece, a palestra vai representar a doação de cestas básicas a entidade beneficente do município de Pinhais, e foram adquiridos livros que ficarão à disposição dos colaboradores na biblioteca da empresa. 

Foi a décima primeira e última palestra desta estada de duas semanas na bela Curitiba e que representou a doação de 110 cestas básicas para entidades beneficentes da região metropolitana da capital.