abril 21, 2024

TIRADENTES, HERÓI E HISTÓRIA - Newton Agrella


Eleger e reverenciar heróis faz parte da cultura de cada povo.

Trata-se de uma espécie de valorização da própria natureza humana e da identidade de cada sociedade.

Ao herói se lhe é dado um salvo-conduto, como instrumento de representatividade de um povo.

Como não poderia ser diferente, nós brasileiros, também elegemos nossos heróis.

Há aqueles que dizem respeito notadamente aos ideais de Liberdade e Soberania, como é o caso de Tiradentes, cuja consagração ao status de mártir, faz com que do ponto de vista histórico-social, seja aquele que melhor se identifique com as aspirações e  com o sentimento de orgulho de nosso povo. 

A data de 21 de Abril de 1792 que diz respeito à sua morte por enforcamento, que o diga.

Ainda que marcada por traços obscuros de sua trajetória de vida, bem como das interpretações imprecisas que historiadores conferem a ele, e que se explicam em função das  inevitáveis distorções que a transmissão oral dos fatos e a carência de registros documentais produzem, não há contudo, como desvirtuar a relevância de seu papel no tocante à Inconfidência Mineira, em que seu protagonismo foi inquestionável num dos episódios embrionários na luta pela independência do Brasil em relação à coroa portuguesa.

21 Abril parece até, que ganhou um certo estigma, fruto inclusive da própria mídia nacional, que na História mais recente de nosso país, registrou  a morte do então eleito presidente, Tancredo Neves, que tomado por uma grave doença não conseguiu ser empossado e assumir a presidência da República, provocando uma verdadeira comoção nacional.

Cabe lembrar, que sua figura dócil, paternal e conciliadorora contribuíram de forma inequívoca para que o mesmo fosse igualmente alçado à condição de herói.

E assim a História vai sendo contada, com requintes de beleza, sofrimento, amor e ódio, de tal sorte, que o que permanece na mente das pessoas, é o que o imaginário registra e guarda na memória.

Aliás, para um povo que habitualmente tropeça em sua própria memória histórica, nada melhor do que preservar seus heróis, inobstante algumas inconsistências que possam haver em todo esse processo. 

ALDY CARVALHO - Canto d'Algibeira


 

VINTE E UM DE ABRIL - Adilson Zotovici -


Sem se conter, por Liberdade,

Conjuração com pertinência

A defender sua propriedade

Com obstinação, resistência

 

Inflama a arbitrariedade,

A exploração, a truculência

E clama a sociedade

Contra a Derrama, inclemência

 

Homens da fraternidade

Quiseram igualdade, decência,

Para si e à posteridade

Tiveram a intransigência

 

E a traição persuade

À punição em essência !

Contra o Alferes...atrocidade

Degredo a outros em sequência

 

Travos de insídia, ambiguidade

Timbravam de Inconfidência

Aos bravos heróis, que em verdade,

Ansiavam a Independência !

 



O ANEL DE GIGES


O anel de Giges é uma história contada por Platão na República para discutir se o homem agiria corretamente caso tivesse o poder de fazer tudo o que quisesse, sem ser percebido. Num diálogo do livro, Glauco discorda de Sócrates e insiste que justiça e virtude não são de fato desejáveis em si mesmas. O importante é aparentar ser um homem justo e bondoso. Não é necessário ser de fato.

Em apoio à sua afirmação, Glauco oferece a seguinte história que sugere que a única razão pela qual as pessoas agem moralmente é que eles não têm o poder de se comportar de outra forma. Basta retirar o medo da punição, e a pessoa “justa” e “injusta” comportar-se-á injustamente e imoralmente.

A história do anel de Giges

“Giges era um pastor a serviço do rei de Lídia. Houve uma grande tempestade e um terremoto fez uma abertura na terra no lugar onde ele estava alimentando o seu rebanho. Espantado com a visão, desceu até à abertura, onde, entre outras maravilhas, viu um cavalo oco de bronze, com portas. Giges então agachou-se e viu o corpo de um homem com apenas um anel de ouro no dedo.  Ele agarrou o anel e voltou para a superfície”.

“Com este anel no dedo, foi assistir à assembleia habitual dos pastores, que se realizava todos os meses, para informar o rei sobre o estado dos seus rebanhos. Tendo ocupado o seu lugar no meio dos outros, virou sem querer o engaste do anel para o interior da mão; imediatamente se tornou invisível aos seus vizinhos, que falaram dele como se não se encontrasse ali. Assustado, apalpou novamente o anel, virou o engaste para fora e tornou-se visível. Logo em seguida repetiu a experiência, para ver se o anel tinha realmente o poder; reproduziu-se o mesmo prodígio: virando o engaste para dentro, tornava-se invisível; para fora, visível. Assim que teve a certeza, conseguiu juntar-se aos mensageiros que iriam conversar  com o rei. Chegando ao palácio, seduziu a rainha, conspirou com ela a morte do rei, matou-o e obteve assim o poder”.

“Agora suponha que existem dois anéis desta natureza e o justo recebesse um e o injusto outro. É provável que nenhum fosse de caráter tão firme para perseverar na justiça e para ter a coragem de não se apoderar dos bens de outra pessoa. Afinal, ele poderia tirar sem receio o que quisesse dos mercados e lojas, introduzir-se nas casas para se unir a quem lhe agradasse, matar uns, libertar outros da prisão e fazer o que quisesse, tornando-se igual a um deus entre os homens”.

“Agindo assim, nada o diferenciaria do mau: ambos tenderiam para o mesmo fim. Isto é  uma grande prova de que ninguém é justo por vontade própria, mas por obrigação, não sendo a justiça um bem individual, visto que aquele que se julga capaz de cometer a injustiça comete-a. De fato, todo o homem pensa que a injustiça é individualmente mais proveitosa que a justiça, e pensa isto com razão, segundo os partidários desta doutrina. Pois, se alguém recebesse a permissão de que falei e jamais quisesse cometer a injustiça nem tocar nos bens de outra pessoa, pareceria o mais infeliz dos homens e o mais idiota àqueles que soubessem da sua conduta; em presença uns dos outros, iriam elogiá-lo, mas para se enganarem mutuamente e por causa do medo de se tornarem vítimas da injustiça.”

Imagine por um momento que está na posse deste anel. Como é que o usaria? Se tivesse uma garantia perfeita de que nunca seria detectado ou punido, o que faria?

Referências

Platão – A República.

abril 20, 2024

AO SERENÍSSIMO CONFRADE PAULO TUPAN - Adilson Zotovici



Dedicado a um dos mais ilustres maçons do país, responsável por uma benfazeja evolução na Ordem, criando a primeira Loja Virtual do Brasil e a Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras. 


A glória em cada atitude 

Dedicação atemporal 

Notória a solicitude 

Que à Instituição cabal 


Desde lá, da juventude,

Serviu com empenho pessoal 

Com engenho, na quietude,

Anos a fio, sacerdotal 


Um  obreiro que alude 

Livre pedreiro factual 

À grande obra amiúde 


Que ao ensino é magistral 

Entre tantas, a virtude... 

Paladino d’ Arte Real ! 



JARDIM DAS ACÁCIAS - Roberto Ribeiro Reis



A cada esquina, uma farmácia,

O mal reverbera qual a falácia,

O homem está muito doente;

Preza-se pelo mundo virtual,

Esquece-se da beleza natural:

O que aconteceu com a gente?


Políticas comprovam ineficácia,

Revelam todo mal em contumácia,

A dor do outro já não nos importa;

O profano à matéria venera,

Ambição que só cresce e acelera,

É preferível optar pela larga porta.


Ao rumo estreito falta-nos audácia,

É preciso dos Irmãos perspicácia

Para dos homens reunir boa legião;

A Maçonaria tem nobre ousadia,

Tem essa Luz, que chega e irradia,

E que fornece ao ser boa vibração.


Conservo meu jardim das acácias,

Que tem perfume e as eficácias

Necessárias para o homem inspirar;

Lugar bucólico, tranquilo e de sorte,

Simboliza vida e mostra que a morte

Não é algo que vem para assombrar

OS NOVOS HABITANTES - Heitor Rodrigues Freire



Os novos tempos com seus novos habitantes chegaram. Daqui para a frente, tudo vai ser diferente, como já cantava Roberto Carlos.

Nós que ainda estamos aqui, poderemos, se alcançarmos esse entendimento, mudar nossa atitude para nos alinhar com os novos tempos, porque se assim não for, seremos arrastados a isso. Pelo amor ou pela dor.

A mudança, a única coisa imutável no universo, segundo Heráclito, que representará um alinhamento total, implica inicialmente em insegurança, porque há um apego muito grande aos hábitos que cultivamos. Implica também em coragem para mudar, para sair do engessamento que nos prende a uma mentalidade rígida, perdendo a fluidez, a flexibilidade e a criatividade inerentes à mudança. Sair desse apego é uma libertação. É uma escolha que a semente da oportunidade está apresentando a todos nós. Depende de cada um entender o que isso representa.

Três passos são necessários para implementarmos essa nova ação: Primeiro, aceitar essa mudança como algo que decidimos soberanamente, uma decisão clara e consciente. Segundo, nos responsabilizarmos pelas consequências decorrentes dessa decisão. Terceiro, não tentar convencer ninguém do nosso ponto de vista.

Assim, o momento é de grande reflexão, de recolhimento, de meditação, de busca sincera e verdadeira da percepção destes novos tempos. Mas talvez nossa lição de vida consista em abrir mão das nossas crenças e olhar a verdade pelo que ela é, não pelo que queremos que seja. Em muitos momentos fechamos os olhos para as situações porque queremos nos manter na zona de conforto.

Parafraseando Chico Xavier, “Não dá para mudar o começo, mas podemos fazer um novo fim”.

O estado caótico que vemos no mundo de hoje, com tantas guerras em tantas partes deste nosso belo planeta azul, espelha a falta de amor em grande parte da humanidade. É o caos reinante. Filosoficamente, aprendemos que “Ordo ab Chao”, a ordem vem depois do caos. É o que estamos vivendo hoje, em todas as partes.

O período de transição do nosso planeta já começou. Um ponto que demonstra isso com muita clareza é o nível das crianças que estão nascendo neste novo período. Na década de 70/80, vieram as crianças índigo; no início de 2000, as crianças cristal, depois arco-íris, e agora, as estelares, ou seja, as que vêm de outros quadrantes, muito mais evoluídas e que vão comandar a transição para a Nova Era.

As crianças da Nova Era possuem orientação cerebral direita. Isso significa que são criativas, intuitivas, emocionalmente inteligentes, com imaginação altamente desenvolvida, aprendem muito depressa, ou às vezes, nem precisam aprender, já nascem sabendo. E nossa cultura escolar vigente é baseada na orientação cerebral esquerda: racional, lógica, linear, repetitiva, rotineira, organizada. É preciso que haja mudança para que estes dois polos se alinhem.

A cultura escolar tradicional terá que se transformar radicalmente. Basta observar as crianças. São diferentes, alegres, independentes, com um olhar inquiridor.

Estes novos tempos transformarão completamente o comportamento das pessoas. O amor e o bem comum serão o norte de nossas decisões. Se extinguirá a infidelidade em todas as suas modalidades. Surgirá um novo ser, de luz e de amor incondicional a todas as criaturas.

Naturalmente, tudo que escrevo é resultado de meu aprendizado e estudo permanente. Sou ligado em tudo o que acontece, e observo permanentemente para entender e aprender. Não pretendo ensinar nada a ninguém, mas procuro expor meu entendimento e quem sabe consiga servir de inspiração.

Aprendi o óbvio, o que Jesus nos ensinou. Estou sempre atento para o que acontece e aplico o que Ele disse. Minha religião é procurar seguir o Seu exemplo, que provoca um conjunto de mudanças em minha vida, a ponto de produzir transformações reais em meu comportamento.

Cada um tem seu próprio caminho, e na medida em que se conscientizar, vai também aprimorar sua vida e naturalmente se aperfeiçoar. Ou, dito de outra forma, como escreveu o poeta andaluz Antonio Machado Ruiz, “Caminante, no hay camino; el camino se hace al andar.”

Caminemos, entonces.


abril 19, 2024

ENCONTRO DO ARTISTA ALDY CARVALHO


 

Encontro-me na palestra em Itapecerica da Serra com o artista multi talentoso Aldy Carvalho, meu confrade na Academia Brasileira Maçônica de Letras, Teatro, Ciências, Arte e Música, presidida pelo irmão e escritor Mauro Ferreira.

Aldy Carvalho, que também colabora com seus textos neste blog é poeta, cantador, autor, contista, compositor e violinista, pernambucano de Petrolina. Ele é past master imediato da ARLS Quatorze de Julho de Itapecerica da Serra.

Trocamos livros e conversamos muito sobre poesia, cultura e assuntos acadêmicos. Fui intimado a tomar um café em sua casa quando estiver em São Paulo (e quem sabe também o famoso bolo de rolo de Pernambuco, estado que amo).

O livro que exibo em mãos é Memórias do Alforge, 5 contos de cantador. Amanhã postarei uma apresentação do irmão do You Tube.

PALESTRA EM ITAPECERICA DA SERRA

 







Cerca de 50 irmãos de várias Lojas da região de Taboão da Serra e Itapecerica da Serra estiveram presentes na minha palestra realizada em sessão conjunta na quinta feira, dia 18, no belo Templo recém reformado e reinaugurado da ARLS 14 de Julho de Itapecerica da Serra 346, com a participação da ARLS Flor de Lotus 858 de Taboão da Serra. 

Ambos os Veneráveis Mestres, Ir. Olario Lopes de Faria Jr., da primeira e Adriano Kuhinica Amaral da segunda Loja, compartilharam a direção dos trabalhos que ainda contou com a presença de mais dois VM da região, o VM Ricardo Aristobolo Cunha da ARLS Embu das Artes do Mestre Aleijadinho 422 e VM Paulo Fernando Aranha da ARLS Cruz de Malta 805 de Taboão da Serra. Este é neto de Osvaldo Aranha, um dos mais ilustres políticos de diplomatas da história brasileira, e também personagem importante de um dos meus livros de maior sucesso, O Caminho da Felicidade.

Diversos irmãos contribuíram com cestas básicas como retribuição da palestra e a Loja se comprometeu a aumentar a doação e encaminhar a instituições de benemerência da cidade.

A cidade serrana é bela e fria, e sob a incessante garoa e neblina me fez lembrar de meu tempo na cidade imperial, Petrópolis, onde há mais de meio século eu cursava a Faculdade de Direito da Universidade Católica de Petrópolis.

Um evento inesquecível e um caloroso TFA ao irmão Julio Assunção, responsável pelo convite para a palestra e gentil recepção.

A MAÇONARIA NEGRA DO BRASIL IMPÉRIO - Renata Ribeiro Francisco



Conforme observado por Françoise Jean de Oliveira Souza e Marco Morel, no livro "O poder da maçonaria. A história de uma sociedade secreta no Brasil." A maçonaria no Brasil do século XIX carregava em si elementos próprios de modelo de sociabilidade, pois era uma sociedade de ajuda mútua, iniciática, acrescida de outros elementos como a ritualística e o segredo compartilhados por aqueles que nela ingressam. 

Tínhamos aí uma espécie de “apadrinhamento maçônico”, novidade que atrairia, sobremaneira, jovens estudantes, carreiristas iniciantes, bem-nascidos, mas também homens remediados, das camadas menos privilegiadas. As possibilidades vislumbradas na maçonaria atrairiam também personagens negros importantes como Francisco Gê Acaiaba Brandão de Montezuma (1794-1870); Joaquim Saldanha Marinho (1816-1895), Luiz Gama (1830-1882), José do Patrocínio (1853-1905), André Rebouças (1838-1898) Francisco Glicério (1846-1916) Eutíquio Pereira da Rocha (1820-1880) tantos outros, cujas identidades étnicas maçônicas não nos foram reveladas.

O fato é que para esses homens negros constantemente preocupados em estarem na vanguarda das novas correntes de pensamento, tais como o republicanismo, anticlericalismo e o abolicionismo, de inspiração europeia e norte-americana, a maçonaria serviu como esteio às suas ambições. Ela aglutina pessoas com posições políticas distintas, consolidando-se como espaço para o diálogo, ambiente propício à discussão. Assim sendo, esses homens trataram logo de se incorporarem a esse formato de organização

Segundo Margaret Jacob, o iluminismo maçônico propunha que a “igualdade natural” fosse substituída pelo mérito individual e direitos humanos. Assim sendo, seria proibido em espaço maçônico haver distinção por raça, cor, religião ou origem social entre os irmãos. Todos deveriam ser vistos como iguais e, quando iniciados à maçonaria, os irmãos deveriam abandonar as diferenças impostas pela sociedade e seguir adiante considerando tão somente os talentos e virtudes dos confrades. Sendo assim, a posição ou prestígio que, porventura, o irmão viesse a adquirir ao longo de sua trajetória maçônica dependeria estritamente de suas habilidades.

Isso permitiria que um homem desprovido de posses, fora da maçonaria, pudesse no interior do círculo maçônico ocupar cargos de prestígios, tais como o de venerável, primeiro vigilante, segundo vigilante, orador e tesoureiro. No interior da maçonaria a posição hierárquica de um indivíduo era determinada segundo os graus maçônicos, seguido de acordo com os ritos adotados por suas respectivas lojas. O rito Escocês Antigo e Aceito, trazido e difundido por Montezuma, era o mais professado. 

As ordens maçônicas nos Estados Unidos impunham restrições raciais por acreditarem que os brancos eram superiores aos negros, motivo mais que suficiente para que esses homens não se cruzassem em espaço maçônico, a exemplo do que já ocorria no espaço profano. Já no Brasil os militantes da causa Maçônica não eram afastados por motivos de cor. 

Muitas lojas,  registrou-se a  iniciação  de “homens de cor”, cujas identidades raciais eram socialmente reconhecidas: Joaquim Saldanha Marinho, Francisco Paula Brito, José do Patrocínio (Loja Tradição e Virtude), Eutíquio Pereira Rocha (Loja Harmonia), Francisco Gê Acayaba Montezuma, Serafim Antônio Alves e João Cândido  Soares  Meirelles.  Vale  ressaltar  a  declaração  pública  feita  pelo padre maçom Eutíquio Pereira Rocha a um desafeto: “sou um negro arrojado e atrevido"

Chama a atenção o fato de a maioria dos maçons de “cor” terem ocupado posições de relevo na organização. Luiz Gama, por exemplo, destacou-se como líder da Loja América por anos consecutivos;  Ferreira de Menezes ocupou as funções de representante da loja no Rio  de  Janeiro  e  ainda desempenhou  os  cargos  de  orador  e  primeiro  vigilante;  Joaquim Saldanha Marinho encabeçou o movimento que resultou na criação da obediência maçônica do  Grande  Oriente  dos  Beneditinos, que  vigorou  entre  os  anos  de 1863  a  1882;  o  baiano Eutíquio Pereira Rocha tornou-se uma referência na maçonaria do Pará depois de ocupar os cargos  de  venerável  e  assumir  a  chefia  do  jornal  maçônico O  Pelicano;  Gê  Acayaba Montezuma  marcou  a  história  da  organização ao  introduzir  no  Brasil  o  Rito maçônico Escocês  Antigo  e  Aceito que  se  tornou um  dos  ritos  mais  populares. Esses maçons "de cor" estavam na vanguarda do Movimento Abolicionista, como Luiz Gama e André Rebouças e do Golpe Republicano de 1889, como José do Patrocínio e Francisco Glicério, que enxergavam o regime Monárquico como uma fase histórica do Brasil a ser superada.

Já no período  pós abolição como verifica-se nos registros de ata das Lojas, havia explícita resistência a iniciação de “homens de cor” e isso certamente colaborou para que a presença do grupo na maçonaria diminuísse sensivelmente.

O aumento de lojas maçônicas no Segundo Reinado e de iniciações modificou sensivelmente o perfil dos iniciados  que  passaram  a  ser  também  destacados  das  camadas  mais  empobrecidas da sociedade, especialmente depois da década de 1870. A disputa entre as ordens maçônicas provocou a abertura   temporária   dos   templos   aos   grupos   sociais   menos   abastados, culminando portanto no ingresso de “homens de cor”, nascidos livres e libertos. 

No entanto, com o avanço das décadas, o desprestígio gerado pelo ingresso “descontrolado” de novos membros, na percepção dos próprios membros, levaria as ordens maçônicas a diminuírem a iniciação  de  grupos    marginalizados"

Fonte: Maçonaria: um lugar para a sociabilidade de homens de cor, nascidos livres e libertos. Renata Ribeiro Francisco

VERDADES RELATIVAS OU VERDADE ABSOLUTA? - Norman Geisler e Frank Turek)


Costumamos exigir a verdade em praticamente todas as facetas que afetam nosso dinheiro, relacionamentos, segurança ou nossa saúde. No entanto, apesar das firmes demandas pela verdade nestas áreas, muitos de nós dizemos não estar interessados na verdade quando o assunto é moralidade ou religião. O fato é que muitos simplesmente rejeitam a idéia de que qualquer religião possa ser verdadeira.

Embora poucos admitam, nossa rejeição à verdade religiosa e moral frequentemente está baseada em fundamentos volitivos, e não intelectuais. Simplesmente não queremos submeter-nos a qualquer padrão moral ou doutrina religiosa. Desse modo, aceitamos cegamente as fracas afirmações dos intelectuais politicamente corretos que nos dizem que a verdade não existe; que tudo é relativo; que não existem absolutos; que tudo é uma questão de opinião; que você não deve julgar; que religião está relacionada à fé, não a fatos! Talvez Agostinho estivesse certo quando disse que nós amamos a verdade quando ela nos ilumina, mas a odiamos quando ela nos convence. Talvez não possamos suportar a verdade!

Mas o que é a verdade? De maneira bem simples, verdade poder ser definida como “propriedade de estar conforme com os fatos ou a realidade” ou “a fidelidade de uma representação em relação ao modelo original. Todas as verdades excluem seus opostos. Até mesmo as verdades religiosas.

Alguns pressupostos sobre a verdade:

• A verdade é descoberta, não inventada.

• A verdade é transcultural. Se alguma coisa é verdadeira, então ela é verdadeira para todas as pessoas, em todos os lugares, em todas as épocas.

• A verdade é imutável, embora as nossas crenças sobre a verdade possam mudar (quando começamos a crer que a Terra era redonda, em vez de plana, a verdade sobre a Terra não mudou; o que mudou foi a nossa crença sobre a forma da Terra).

• As crenças não podem mudar um fato, não importa com que seriedade elas sejam esposadas (alguém pode sinceramente acreditar que o mundo é plano, mas isso faz apenas a pessoas estar sinceramente errada).

• A verdade não é afetada pela atitude de quem a professa (uma pessoa arrogante não torna falsa a verdade que professa. Uma pessoa humilde não faz o erro que ela professa transformar-se em verdade).

• Todas as verdades são verdades absolutas!

Em resumo, é possível haver crenças contrárias, mas verdades contrárias é uma coisa impossível de existir. Podemos acreditar que uma coisa é verdade, mas não podemos fazer tudo ser verdade.

Alguém pode dizer: “Não existe verdade absoluta!” Será? Quanto de verdade há nesta frase? Se não existe verdade absoluta, então esta frase não é absolutamente verdadeira...

Analisemos: uma afirmação falsa em si mesma é aquela que não satisfaz o seu próprio padrão. Como temos certeza que você sabe, a afirmação da tal pessoa – “Não existe verdade absoluta” – pretende ser verdadeira, e no entanto, derrota a si mesma!

Outra frase que não se sustenta é: “Toda verdade é relativa!” Se esta frase é verdadeira, então ela também é relativa?!? Absurdo! Os relativistas são derrotados por sua própria lógica...

O fato é que a verdade existe e não pode ser negada. 

Como bem disse Winston Churchill - Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu”.

abril 18, 2024

LOJA MAÇÔNICA ITALIANA P2 (PROPAGANDA DUE) -


     

Propaganda Due, Propaganda Dois ou P2, era uma loja maçônica operando sob a jurisdição do Grande Oriente da Itália entre 1945 a 1976 (quando a constituição foi reformada), e uma loja pseudo-maçônica "negra" ou "encoberta" funcionando ilegalmente (em violação do artigo 18 da Constituição da Itália que proíbe associações secretas) de 1976 a 1981. Durante os anos em que a loja foi liderada por Licio Gelli, a P2 esteve implicada em inúmeros crimes e mistérios na Itália, incluindo o colapso do Banco do Vaticano - afiliado do Banco Ambrosiano, os assassinatos do jornalista Mino Pecorelli e do banqueiro Roberto Calvi, e casos de corrupção nacional no escândalo Tangentopoli. A P2 veio à tona através das investigações sobre o colapso do império financeiro de Michele Sindona.[1] A Loja P2 esteve envolvida na Operação Gladio – Gladio era o nome das organizações paramilitares nos bastidores da OTAN. Entre 1965 e 1981, tentou condicionar o processo político italiano através da penetração de indivíduos da sua confiança no poder judicial, no Parlamento, no exército e na imprensa.

A P2 foi por vezes referida como um "Estado dentro do Estado" ou um "governo sombra". A loja tinha entre os seus membros proeminentes jornalistas, membros do parlamento, empresários e líderes militares, incluindo Silvio Berlusconi, que mais tarde se tornou primeiro-ministro da Itália, o pretendente da Casa de Savoia ao trono italiano, Victor Emmanuel, e os chefes dos três serviços secretos italianos.

Ao investigar Licio Gelli, a polícia encontrou um documento chamado "Plano para o Renascimento Democrático", que apelava para a consolidação dos meios de comunicação, a supressão dos sindicatos, e a reescrição da Constituição Italiana.

Fora da Itália, a P2 também foi muito ativa na Suécia, Uruguai, Brasil e na Argentina, com Raúl Alberto Lastiri, presidente interino da Argentina (entre 13 de julho de 1973 a 12 de outubro de 1973) durante o auge da "guerra suja", entre os seus membros. Emilio Massera, que fazia parte da junta militar liderada por Jorge Rafael Videla entre 1976 a 1978, José López Rega, ministro da Previdência Social no governo de Juan Perón e fundador da Aliança Anticomunista Argentina ("Triple A"), e o general Guillermo Suárez Mason também eram membros.

A "Propaganda" foi originalmente fundada em 1877, em Turim, como "Propaganda Massonica" sob o Grande Oriente d’Italia (Grande Oriente de Italia). Esta loja foi frequentada por políticos e funcionários governamentais de toda a Itália, que não puderam comparecer em suas próprias lojas e incluía membros importantes da nobreza de Piemonte. O nome foi alterado para "Propaganda Due" após a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1960, no entanto, a loja entrou em decadência, mantendo poucas reuniões. Esta loja original, no entanto, teve pouca relação com a que Licio Gelli criou em 1966, dois anos depois de se tornar um maçom.

A Maçonaria na Itália tinha sido proibida pelo regime fascista de Benito Mussolini, mas renasceu após a Segunda Guerra Mundial, sob o incentivo dos EUA. No entanto, suas tradições de pensamento livre sob o Risorgimento se transformou em um fervoroso anticomunismo.

As atividades da loja P2 foram descobertas pelo Ministério Público ao investigar o banqueiro Michele Sindona, o colapso de seu banco e suas ligações com a máfia.[10] Em março de 1981, a polícia encontrou uma lista de supostos membros na casa de Gelli em Arezzo. Continha 962 nomes, entre os quais funcionários públicos importantes, políticos importantes (quatro ministros ou ex-ministros e 44 deputados), e uma série de oficiais militares, incluindo os chefes dos três serviços secretos italianos. O futuro primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi estava na lista, embora ele ainda não estava ingressado na política na época. Outro membro famoso era Victor Emanuel, Príncipe de Nápoles, o filho do último rei italiano.

Em julho de 1982, novos documentos foram encontrados escondidos no fundo falso de uma mala pertencente à filha de Gelli no aeroporto Fiumicino, em Roma. Os documentos foram intitulado "Memorandum sulla situazione italiana" (Memorando sobre a situação italiana) "Piano di rinascita democratica" (Plano de Renascimento Democrático) e são vistos como o programa político do P2. De acordo com esses documentos, os principais inimigos da Itália eram o Partido Comunista Italiano (PCI) e os sindicatos. Estes teriam de ser isolados e em cooperação com os comunistas (o segundo maior partido da Itália e o maior da Europa Ocidental), foi proposto que o compromisso histórico com Aldo Moro precisava ser interrompido.

O objetivo Gelli era para formar uma nova elite política e econômica para levar a Itália para uma democracia de extrema-direita de forma autoritária, e com uma perspectiva anticomunista.[12] A P2 defendeu um programa de corrupção política ampla:. "Os partidos políticos, jornais e os sindicatos podem ser os objetos de possíveis solicitações que poderão assumir a forma de manobras econômico-financeiras. A disponibilidade das verbas que não excedam 30 a 40 bilhões de liras parece suficiente para permitir que os homens cuidadosamente escolhidos, agindo de boa fé, conquistem posições-chave necessárias para o controle geral."

A P2 tornou-se alvo das atenções na questão do colapso do Banco Ambrosiano (um dos principais bancos de Milão cuja maior parte era propriedade do Vaticano), e a morte suspeita em 1982 de seu presidente Roberto Calvi em Londres, de início tida com um suicídio mas mais tarde considerada como assassinato. Levantou-se a suspeição que muitos dos fundos desviados desse banco foram para a P2 e respectivos membros

https://pt.wikipedia.org/wiki/Loja_P2,_Propaganda_Dois

MUDANÇAS: SEGUIR EM FRENTE - Sidnei Godinho



Alguns irmãos Fuzileiros costumam bradar que "Recuar, somente se for para pegar impulso".

É uma forma de sublimar frente ao mais forte e criar a motivação para morrer tentando.

O inevitável na vida é que todos, em algum momento, havemos de nos deparar com esse obstáculo maior e o modo como cada um vai enfrentar é o condicionante do resultado a obter.

Há quem opte pelo confronto direto, não medindo consequências futuras, visando apenas aquele momento e, neste caso, até mesmo a glória de um "gancho de direita", numa distração do oponente, terá apenas o tempo da resposta e o nocaute é certo.

Há os habilidosos em contornar o confronto e estes passam toda uma vida sem nunca experimentar o sucesso, pois o medo do fracasso já frustrou qualquer tentativa.

São dóceis cordeiros vivendo no covil, sendo alimentados pelos que temem enfrentar, até o dia em que os lobos tiverem fome... 

E há os Fuzileiros, aqueles do Passo atrás para pegar impulso e então avançar, arriscando tudo, num único instante, depois de ter avaliado o gigante à frente e decidir que com um ponto de apoio é possível até mesmo mover o mundo, já que a alavanca é sua própria vontade de vencer. 

Essa simbologia criada na caserna é apenas um motivacional nos treinamentos, mas bem se emprega na convivência diária, nas diversas situações pelas quais passamos, seja no lar, no trabalho ou em qualquer outro grupo social que participe.

Falar sem medir consequências, por sempre se julgar estar certo, pode trazer o silêncio alheio, mas é momentâneo, pois não há convencimento e logo a reação vem com a mesma intensidade da agressão. 

Por outro lado, nunca enfrentar um debate, pelo receio de magoar ou de ser desafeto, é marcar passo e não evoluir e pontua os pobres de espírito que nunca vão compreender os desafios de, ao menos, tentar. 

Por vezes é preciso recuar e isto nunca será sinônimo de fraqueza, ao contrário, como já dito no arquétipo acima, para impulsionar à frente, a força necessária pode vir de um ponto de apoio à retaguarda, desde que racional e motivacional.

Descubra então o que o faz ir adiante, principalmente "Quem" o faz e tome por seu ponto de apoio e nunca desista.