Porto Alegre tem uma relação complexa com o Guaíba. Assim mesmo, descrito como gente, como um corpo vivo, parte de uma relação umbilical e impossível de separar, de dissolver. Tem muitas coisas que as pessoas não se dão conta sobre Porto Alegre, e que eu mesmo só entendi quando comecei a vir e eventualmente me mudei pra cidade. Em primeiro lugar, que Porto Alegre não é alta, não está na ‘Serra Gaúcha’. A cidade fica ao nível do mar. Na beira de um lago/estuário gigantesco, de 500km² que recebe a água de vários grandes rios, e serve de ponto de passagem até esse volume alcançar a Lagoa dos Patos e desembocar no mar em Rio Grande, 300 km ao sul do estado. Esse conjunto de características, estar na beira de uma grande massa de água protegida do oceano e com acesso seguro por terra ao interior, é o que dá nome a cidade, até porque o litoral do Rio Grande do Sul, selvagem e sem proteção, não tem muitos lugares adequados para um grande porto marítimo. Porto Alegre sempre foi, então, relativamente segura e protegida. Relativamente porque tem o Guaíba, ali na frente. Que apesar de plácido por padrão, sem ondas nem grandes ventos, é um reflexo do comportamento dos rios que o alimentam. E até é capaz de equilibrar e compensar o mal comportamento de um deles. Mas às vezes, em períodos que ficaram muito mais próximos recentemente, vários desses rios enchem ao mesmo tempo, e aí o Guaíba sobe, devagar, mas inexoravelmente, em direção a cidade de Porto Alegre e suas vizinhas Guaíba e Eldorado. Para isso existe o que chamamos simplesmente de ‘Muro’. Uma estrutura complexa e única no país, com 68 km de diques, 14 comportas e 23 casas com grandes bombas capazes de movimentar 170 mil litros de água por segundo. Uma estrutura hercúlea feita para conter e expulsar de volta a água que eventualmente ameace a cidade, que foi construída a partir da última cheia, em 1941, ao longo de décadas, e sempre resistiu, com exceção desta semana, em que o Guaíba alcançou níveis históricos, que muitos especialistas consideravam impossível, até que aconteceu. Por incrível que pareça, e mesmo em meio às demandas críticas geradas pela cheia, esta enchente poderia ser muito pior não fosse a grande barreira, que fez seu papel pelas últimas muitas décadas, e está fazendo hoje, resistindo em sua maior parte, ainda que sob pressão extrema. Uma obra essencial, que terá que ser revista, repensada e certamente ampliada para alcançar as cidades ao redor, para atender as necessidades de uma natureza ainda mais furiosa com o aquecimento global, se pretendemos continuar habitando esta região, que em breve precisará ser reconstruída. |
maio 08, 2024
O MURO - Alex Winetzki
maio 07, 2024
O LIMPO E PURO SE TORNA JUSTO E PERFEITO - José Maurício Guimarães
Bondosos Irmãos me aconselharam a não pretender consertar o mundo. Agradeço o conselho pois sei que eles desejam o meu bem e prezam pela minha saúde. No fundo, eles sabem que muita coisa tem que ser consertada. Todos eles, cada um à sua maneira, estão trabalhando duro para consertar este que é o melhor dos mundos.
Se desistíssemos de consertar o mundo não haveria necessidade da Maçonaria: poderíamos fechar nossas portas e irmos fazer o que boa parte dos profanos de avental anda fazendo: nada.
Dizem que o progresso é lento, não há o que apressar; mas eu penso que temos que começar em algum momento - já deveríamos ter começado - não importa se vamos presenciar o mundo ideal. Quando plantamos uma árvore, não temos de pensar se vamos nos sentar à sua sombra; alguém no futuro irá colher esse benefício. Este é o sentido da vida.
Dito isso, vamos em frente com esquadros, compassos, alavancas, níveis, prumos e trolhas, maço, cinzel e espadas para consertar o mundo: bastam uns ajustes aqui e ali.
Quanto ao bem da Ordem em geral, e das Lojas em particular, faríamos bem se começássemos pelo início: as sindicâncias.
Todos os dias vejo novos artigos na internet sobre as sindicâncias, sinal que o assunto preocupa muita gente e nada tem sido feito, em termos de instrução, legislação e regulamentos, para melhorá-las.
Começo minha dissertação pela certeza de que as Lojas não são "hospitais", nem reformatórios morais, apesar de o nome "oficina" sugerir uma lanternagem completa ou retífica de motor em seres humanos completamente enguiçados. A Maçonaria não existe para consertar ninguém, e sim para aperfeiçoar o que já é bom.
Um candidato deve ser limpo e puro, isto é - isento de qualquer sujidade, impureza ou mancha; deve ser livre de culpa, um homem correto, apurado e não nocivo ao meio social. Puro quer dizer claro, transparente como o cristal sem mancha ou nódoa; imaculado, virtuoso e reto. Ao se expressar em palavras, o candidato ideal deve dizer o que pensa e sente com sinceridade e franqueza.
A palavra candidato vem de "cândido", algo de grande alvura, muito branco e puro. Ouvi dizer que na remota antiguidade os candidatos às iniciações compareciam vestidos de branco.
Hoje, do jeito que são feitas, nossas sindicâncias avaliam tudo isso?
Claro que não!
Para começo de conversa, o papel aceita tudo:
- Crê em Deus? - Sim.
- Crê na preexistência e imortalidade da alma? - Sim (com essas duas respostas, resumidas em três letrinhas, pretende-se avaliar os questionamentos mais relevantes da humanidade e dos quais se ocuparam todos os filósofos durante mais de trinta séculos!)
- Faz uso de bebidas alcoólicas? - Socialmente (e eu me pergunto o que é ingerir de álcool socialmente...)
As costumeiras entrevistas não dizem nada sobre a natureza íntima do candidato; podem, no máximo, atestar suas habilidades, seu modo de falar, o nível social em que vive e os bens que possui. Mas não revelam suas predisposições e seu verdadeiro caráter.
Percebem como é difícil sondar o coração e a mente de quem se diz limpo e puro?
Indicar alguém "para a Maçonaria" é mais do que selecioná-lo num grupo de amigos; poderá ser alguém da melhor reputação, de refinada instrução e cultura, ostentar vida familiar exemplar, ter sucesso na profissão e nos negócios, mas... não possuir o PERFIL de maçom.
Como avaliar o perfil do candidato?
- Isso só pode ser garantido pelo maçom que o está indicando - o "padrinho"; ele é a testemunha e avalista do conjunto de traços psicológicos que tornam o candidato apto para assumir as responsabilidades de homem livre em Loja. Partem de quem apresenta um candidato as informações mais concisas, pois há de se supor que o padrinho conheça o candidato de longa data e intimamente. E mais: a Loja deverá estar certa de que o tal "padrinho" tem sido excelente maçom e obreiro dedicado. De outra forma, sendo ele um maçom descompromissado, haverá de indicar um sujeito que se lhe assemelhe, normalmente um bom piadista, excelente churrasqueiro, mestre cervejeiro, e só. Disso já estamos bem servidos.
Uma vez sindicado e aprovado pela Loja, com base no que está escrito e no julgamento subjetivo dos três sindicantes, marca-se a data da Iniciação. O candidato bate à porta do Templo sendo declarado livre e de bons costumes. Daí em diante toca-se o ritual em frente com os mesmo erros e gaguejos de sempre, pois todas as atenções estão voltadas para os maçantes discursos no final e para o ágape no salão de festas.
Por estas e outras razões, quando ouço anunciarem que alguém foi indicado "para a Maçonaria", eu tremo... e costumo assistir com certa apreensão à cerimônia de Iniciação, pois não se pode dizer com certeza o que virá dali.
Tanta pureza e tanta inocência deveriam também ser levadas em consideração na escolha de nossos representantes no mundo político. A consciência de cada cidadão faz a sindicância durante a campanha eleitoral. Em seguida vem o escrutínio secreto nas urnas. Apurados os votos e consagrado o homem público na cerimônia de posse, todos correm para tirar fotos com ele. Porém, muito cuidado: quem hoje posa do nosso lado em fotografias poderá amanhã estar posando para fotos de frente e de perfil, com ficha numerada e uniforme listrado, numa delegacia da polícia federal...
Acontece a mesma coisa com o candidato que trazemos ao Portal do Templo Maçônico. Só depois de muita convivência é que teremos alguma certeza de seu verdadeiro perfil.
Não me censurem por dizer isso, pois os maiores problemas vividos pela Maçonaria foram e são causados por maçons regularmente indicados, passaram por sindicâncias, foram escrutinados e iniciados em Loja justa, perfeita e regular. Eu poderia citar uma centena de casos locais, mas prefiro me ater ao escândalo internacional entre os anos 1966 e 1974, provocado pela Loja italiana "Propaganda Due" (Propaganda Dois ou P2) que foi declarada ilegal e expulsa do Grande Oriente da Itália por acusações de participação em negócios fraudulentos e envolvimento com a Opus Dei, membros remanescentes do nazismo, gente da máfia, conspirações neofascistas, o Banco do Vaticano e mortes misteriosas de autoridades e políticos italianos. Prefiro não entrar em detalhes; esse assunto é altamente explosivo e polêmico. O que eu quero demonstrar é o caminho que certos "iniciados" podem vir a tomar, como no caso do Venerável Mestre daquela Loja "Propaganda Due", o empresário Licio Gelli, condenado a 18 anos de prisão em 1992, pela falência fraudulenta no caso do Banco Ambrosiano, e em 1994 por calúnia, delitos financeiros e por deter documentos secretos. Permaneceu em prisão domiciliar, e morreu em dezembro do ano passado em sua “villa” na Toscana.
Quem quiser se aprofundar no assunto, basta perguntar ao professor Google, ou ler o livro "Em Nome de Deus" do jornalista britânico David Yallop que investigou a morte do papa João Paulo I (Albino Luciani) em 1978.
Teoria da conspiração? fantasia? sensacionalismo? Vocês decidem (mas não confundam o título com um outro livro, de Karen Armstrong, que trata do fundamentalismo religioso). E se não quiserem ter muitos pesadelos, leiam o último livro de Umberto Eco, "Número Zero", que mais verdades do que ficção. Para os preguiçosos, que não leem de jeito nenhum, há os documentários no History Channel que podem ser visualizados no youtube: [ https://www.youtube.com/watch?v=QPjRBVtMJ88 ]
O processo iniciático caracteriza-se pela passagem do homem livre e de bons costumes para Homem Justo e Perfeito (releiam esta frase e reflitam sobre seu significado... se julgarem conveniente e possível, levem essa reflexão para as Lojas).
Neste mundo, dominado pelo materialismo, já é difícil encontrarmos um homem bom e justo, vocês sabem disso; mas certificar-se de que ele é limpo, puro, livre e de bons costumes é dificílimo.
Diz a história que Diógenes, filósofo grego que viveu por volta de 300 antes de Cristo, perambulava pelas ruas com uma lamparina acesa, em plena luz do dia. Perguntado porque, ele dizia que procurava por homens verdadeiramente livres, autossuficientes e virtuosos. Diógenes vivia seminu dentro de um barril e cercado pelos cães. Desprezava a opinião comum e afirmava que a humanidade vivia de maneira hipócrita. Aconselhava a seus contemporâneos que observassem o comportamento dos cães para maior proveito nas relações pessoais e na política. Na época dele talvez não existissem Lojas como as de hoje; mas se existissem, ele seria o melhor dos sindicantes. Dizem que Alexandre, o Grande, sabendo das buscas que ele empreendia, foi procurá-lo para ser seu discípulo. Encontrou Diógenes deitado no chão ao lado do barril, tomando um banho de sol. Impressionado, Alexandre disse:
- Já conquistei todas as terras do mundo, mas desejo maiores conhecimentos. Peça-me o que quiser e eu lhe darei - honrarias, escravos e tesouros. Mas antes, como posso também ajudá-lo a sair dessa miséria?"
Diógenes abriu preguiçosamente os olhos e respondeu:
- Por favor, simplesmente afaste-se um pouco para a direita, pois está tapando a luz do sol".
Alexandre retirou-se, pois ele era apenas "o Grande", sem ser Justo e Perfeito.
Quanto a Diógenes, por ser um livre pensador e não bajular os chefes, foi preso e vendido como escravo.
A MODERNA GNOSE - João Anatalino Rodrigues
Os gnósticos modernos
Atualmente um grupo de cientistas, oriundo principalmente da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, cuida de revitalizar o pensamento gnóstico.
Este grupo, onde pontificam especialmente físicos, astrónomos, psicólogos e teólogos, trabalha com os conceitos gnósticos associando-os aos modernos conhecimentos científicos.
Assim, os eons passaram a ser holons, grandes subunidades, domínios totalizantes, etc.; os dramas cósmicos, como o de Sofia, os embates entre luz e trevas são jogos cósmicos, teia de relações, etc., simulados nos computadores.
Também os conceitos trabalhados na grande tradição da Cabala são estudados em conexão com as grandes leis naturais que conformam e formatam universo físico e regula a ocorrência dos seus fenómenos.
Assim, as séforas da Árvore da Vida são tomadas como analogias das leis naturais, como o magnetismo, a gravidade, a relatividade, a reciprocidade, etc.
Para estes novos gnósticos, Deus não está presente na história dos povos.
Esta é uma nova maneira de desenvolver a mesma visão dos antigos filósofos panteístas e principalmente da religião dos Vedas.
Para estes, Deus está em todos os seres e objetos mas estes não estão nele.
Quer dizer, todas as coisas no universo contém essência divina, mas nada no mundo da matéria deve ser divinizado nem cultuado como divino.
Todavia, ao admitir a existência de um atributo divino nos seres e objectos, implicitamente os novos gnósticos aceitam que a história universal sofre o influxo da Vontade Divina, pois esta está presente na essência dos seres desde a sua criação.
É evidente que não tem muito sentido hoje pensar que Deus interfere nas acções humanas na forma pensada pelos antigos hebreus, por exemplo, para quem o próprio Senhor lutava as suas batalhas, às vezes abrindo mares para que os seus “eleitos” passassem, enquanto os seus perseguidores se afogavam.
Pensar assim é particularizar Deus, apossar-se dele como se ele fosse o Senhor de uma única parcela da humanidade e não dela toda.
Imaginar um Deus capaz de preferências pessoais é humanizá-lo demais e esse erro os gnósticos jamais cometeriam.
Para a moderna Gnose, a história humana é a crónica das acções do homem em busca da felicidade, ou o que ele pensa ser a felicidade.
Estas ações são motivadas pela informação que todos os seres portam nos seus núcleos primordiais e que desenvolvem por interação.
Daí cada ser se constituir num holom, movimentando-se em grandes subunidades, buscando a realização de um domínio totalizante.
E é essa intensa movimentação do ser que cria uma teia de relações, assemelhada a um grande jogo cósmico, que vai formatando o universo.
Saber como tudo isso se processa, para poder orientar esse jogo, é a função do espírito humano.
Assume-se, dessa maneira, a Gnose, simplesmente como uma necessidade de saber, sem limitar o conhecimento a um domínio restrito à esperança de salvação, isto é, o domínio da religião.
A Gnose passa a ser um questionamento que busca a resposta para a pergunta que sempre ecoou na mente do homem desde o momento em que foi capaz de reflectir: o que é o universo, de onde veio, para onde vai e porque?
É por isto que a Maçonaria moderna foi buscar na tradição da Gnose uma grande parte dos temas ritualísticos desenvolvidos nos seus graus superiores.
E isso não é sem razão.
A Gnose é a única disciplina mental que combina, magistralmente, os caminhos da sensibilidade e da razão, na busca do conhecimento.
Ela integra, ao mesmo tempo, os métodos da religião e da ciência.
A Gnose busca a revelação, a ciência quer o conhecimento.
Ambas são condensações de um fenómeno energético que ocorre nos domínios mais subtis do psiquismo humano.
A revelação pode ocorrer no curso de uma prece, de uma prática ritualística ou de um trabalho no laboratório, na oficina ou outro lugar qualquer onde o pensamento guie as mãos; já o conhecimento científico ocorre como soma de descobertas feitas sistematicamente no decorrer de um processo de observação dos fenómenos.
O que torna diferentes esses dois caminhos de evolução psíquica é a metodologia.
Enquanto o cientista observa o fenómeno e descreve o que vê, procurando entender por que ele ocorre daquele modo, o gnóstico procura se colocar no interior do próprio fenómeno, como parte dele, para senti-lo, e dessa forma “ver, por dentro” a sua forma de ocorrência.
A ciência “vê” as coisas pelo lado de fora, a Gnose as “sente” pelo lado de dentro.
Talvez esteja aí a razão do delírio gnóstico jamais ter sido convenientemente entendido pelos racionalistas, pois nunca foi fácil descrever sentimentos, da mesma forma com que se faz com fenómenos mecânicos.
... Se duas pessoas que compartilham o mesmo grau cultural e as mesmas referências simbólicas forem convidadas a descrever o processo pelo qual a água de uma chaleira se evapora, é possível que ofereçam uma descrição semelhante, e uma mesma conclusão do porquê isso acontece; porém, se lhes pedirmos que nos descrevam o que sentem em razão desse fenómeno, e os motivos do por que sentem dessa forma, dificilmente encontraremos identidade nas respostas e coincidência nas justificativas...
Na Arte Real estão presentes os dois caminhos.
O caminho da espiritualização é aquele proposto pela Gnose.
Ele se trilha através da prática iniciática, expressa nos rituais, nos símbolos e alegorias desenvolvidos em cada grau.
Nele se aprende pela sensibilidade.
O caminho do conhecimento racional é aquele que se condensa na própria proposta da Maçonaria: o aprimoramento do espírito, através do estudo das disciplinas morais que tornam o homem justo nos seus julgamentos e perfeito nas suas atitudes.
Este conhecimento, que se inscreve no domínio da moral, é obtido pela razão.
Razão e sensibilidade podem e devem andar juntos.
É a perfeita integração destes elementos que produz a verdadeira sabedoria.
O psiquismo humano, que é a sua verdadeira “alma”, é um agente do comportamento cósmico.
É nesta qualidade que ela deve participar do movimento do mundo e não como seu mero observador.
A alma do estudioso, pela participação, torna-se a sua razão, e nessa condição ela realmente ‘vê” o que acontece no interior das coisas, e essa visão é o verdadeiro “ saber”.
Este método de conhecer o mundo, que é o método gnóstico, psicológico, no dizer de Ouspensky, é um método que integra razão e sensibilidade, ou se quisermos colocar isso de uma maneira mais subtil, é uma forma que mistura o esotérico e exotérico, fundindo os dois domínios num único e grande território de realidades possíveis de serem abarcadas pelo espírito humano.
Se é verdade que espírito e matéria são uma realidade só, que ambos constituem uma unidade que se constrói mutuamente por interação das suas informações nucleares, então essa visão não é mero delírio metafísico.
Afinal de contas, toda religião tem como objetivo ligar a esfera do humano à esfera do divino.
Por isso todas elas procuram desenvolver uma visão do mundo, um conhecimento interior que ilumina a alma do crente e o leva a algum tipo de iluminação.
Nenhuma confissão religiosa, mesmo aquelas não deístas, como o Confucionismo, o Taoísmo, o Budismo etc., que trabalham esses caminhos através do exercício mental ou pela sensibilidade, dispensam esse objetivo final, que é a iluminação salvadora.
Não se deve confundir gnóstico com mágico, como o fez a Igreja medieval.
Embora muitos gnósticos fossem adeptos do pensamento mágico, o gnosticismo se define pelo exercício do livre pensamento, a recusa de qualquer dogma, o conhecimento deduzido das grandes leis da natureza, ainda que esse conhecimento seja interpretado de maneira religiosa.
A Gnose cultua o saber pelo saber sem temores ou crenças sobrenaturais.
Aliás, para os gnósticos modernos, o próprio sobrenatural é apenas uma superação de leis naturais.
Evidentemente, a sua conotação como pensamento mágico é uma consequência natural da própria cultura na qual ela se desenvolveu, cultura essa mais voltada para a ciência do divino do que para as realidades da vida profana.
O que os modernos gnósticos fazem é exactamente isso: mostrar a Gnose sobre um novo enfoque, agora que a inteligência humana conseguiu se livrar dos seus velhos temores sobrenaturais e pode comprovar, pelos avanços da pesquisa cientifica, que a natureza é, em si mesma, um verdadeiro repertório de milagres.
(João Anatalino Rodrigues, do livro “Conhecendo a Arte Real” – ed. Madras, 2007)
maio 06, 2024
ESTRATÉGIAS PARA O CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DAS LOJAS MAÇÔNICAS - Wagner Tomás Barba
ESTRATÉGIAS PARA O CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DAS LOJAS MAÇÔNICAS: SELEÇÃO RIGOROSA E FORMAÇÃO ÉTICA
Introdução
A Maçonaria, ao longo dos séculos, tem sido uma fonte de ensinamentos éticos e morais, buscando não apenas aprimorar seus membros individualmente, mas também contribuir para o bem-estar da sociedade como um todo. Em um mundo em constante mudança, as lojas maçônicas enfrentam o desafio de expandir suas fileiras sem comprometer a qualidade e a integridade de seus membros. Devemos entender e buscar estratégias para o crescimento sustentável das lojas maçônicas, destacando a importância da seleção rigorosa e da formação ética dos novos membros.
Seleção de Membros
Uma das chaves para o crescimento saudável das lojas maçônicas é a seleção criteriosa de novos membros. Em vez de buscar apenas aumentar o número de membros, as lojas devem priorizar a qualidade sobre a quantidade. Isso envolve identificar indivíduos de caráter exemplar na sociedade, que demonstrem um desejo genuíno de aprimorar sua espiritualidade e contribuir para o bem comum.
Sindicâncias Rigorosas
Para garantir que apenas os candidatos mais adequados sejam admitidos, é essencial realizar sindicâncias rigorosas. Isso vai além de uma simples verificação de antecedentes, envolvendo uma profunda compreensão da qualidade moral e ética do indivíduo. As sindicâncias devem explorar não apenas o histórico pessoal e profissional do candidato, mas também seus valores, princípios e motivações para ingressar na Maçonaria.
Foco na Qualidade
Ao invés de se concentrar exclusivamente no crescimento numérico, as lojas maçônicas devem priorizar a qualidade dos membros. Afinal, é através da qualidade dos seus membros que a Maçonaria pode cumprir sua missão de promover o desenvolvimento moral e espiritual da humanidade. Escolher os melhores entre a sociedade é essencial para garantir que a Maçonaria continue a ser uma instituição de excelência e relevância no mundo moderno.
Formação Ética e Moral
Uma vez admitidos na Maçonaria, os novos membros devem passar por um processo de formação ética e moral. Isso envolve a transmissão dos princípios maçônicos fundamentais, bem como a orientação e mentoria por parte dos membros mais experientes. Através deste processo, os novos membros são incentivados a refletir sobre seus valores e comportamentos, e a incorporar os ensinamentos da Maçonaria em suas vidas diárias.
O Papel Transformador da Maçonaria
A Maçonaria tem o poder de transformar e melhorar os homens, mas essa transformação só é possível quando se começa com os melhores materiais. Ao escolher cuidadosamente os candidatos mais qualificados e comprometidos, as lojas maçônicas estão investindo no futuro da fraternidade e garantindo que ela continue a desempenhar um papel significativo na sociedade.
Conclusão
Em um mundo cada vez mais complexo e desafiador, as lojas maçônicas enfrentam a responsabilidade de garantir que sua loja seja composta por indivíduos de caráter exemplar e comprometidos com os valores da ética e da moral. Ao adotar uma abordagem de seleção rigorosa e enfatizar a formação ética e moral de seus membros, as lojas maçônicas podem garantir um crescimento sustentável e contribuir para um mundo mais justo, compassivo e fraterno.
MAÇONARIA, DE OPERATIVA PARA ESPECULATIVA
Quando a Maçonaria passou da fase Operativa para a fase Especulativa, em 1717, ou seja, quando a Ordem deixou de ser composta apenas de construtores e passou a acolher homens cultos, que não tinham ligação direta com as grandes construções, estes homens, lotaram Lojas Maçônicas por toda a Inglaterra, Escócia e França. Vale lembrar, que neste período inicial, a Maçonaria só tinham dois graus.
Durante o Iluminismo, o termo "especulativo'' significava um exercício da mente, e não um investimento em títulos de alto risco.
A Ideia dessa nova versão da Maçonaria filosófica se tornava popular com rapidez. Mas, apesar de gostarem da ideia de basear a fraternidade nas guildas de ofício e suas cerimônias, de alguma forma era necessário algo maior.
Como resultado disso, alguns homens escreveram alguns rituais e cerimônias baseados nos antigos, com algumas novas mudanças. A fascinação pela antiga guilda, novos aprendizados, a alegoria bíblica, os mistérios e um pouco de drama levaram à criação de um terceiro grau, o de Mestre Maçom, por volta de 1725-26.
Representado pela primeira vez como uma peça teatral com um elenco totalmente maçônico na Sociedade Apolínea para os Amantes da Música e Arquitetura (Philo Musicae et Archiecturae Societas Apollini) em Londres, ele contada de forma dramática duas histórias: a construção do Templo do rei Salomão e a Morte de Noé, e, com a sua morte, a perda do seu "conhecimento secreto".
Fonte: CURIOSIDADES DA MAÇONARIA
maio 05, 2024
A ÉTICA E O SIGILO – UMA ARTE OU UM COMPROMISSO? - Gabriel Campos de Oliveira
Coordenar e promover a ética em nós corresponde aprender a analisar os elementos que compõem a existência-humana-no-mundo. O ser humano não pode viver sem os outros da sua espécie e precisa deles para evoluir e tornar-se cada vez mais ético.
É nos relacionamentos pessoais, profissionais, comunitários e outros que nós temos a grande oportunidade de conhecer alguém e receber dele informações que, para o bem ou mal nos alimentam, nutrem, afetam nosso comportamento, nossas opiniões e decisões.
Toda pessoa tem o sagrado direito de se expressar, comunicar, expor suas idéias, executar seus argumentos, deliberar seus projetos/planos, estar contra ou a favor. Todavia, esses mesmos direitos, a outra pessoa os tem, e por isso, a cordialidade de ouvir os outros é algo tão sagrado quanto o direito que nos é outorgado.
Hoje, vivenciar um valor ético é uma arte que move a personalidade num compromisso tal que estimula a prudência nas ações, vale dizer, o sigilo. É sabido que não existem pessoas iguais e, é na riqueza da diferença que vemos a beleza da arte de viver, a criatividade dos outros e a alegria da convivência.
O sigilo assegura o caráter ético, dá segurança ao valor da comunicação e objetiva o que é essencial num diálogo. Ele nos faz pessoas responsáveis e respeitadas no campo profissional e no ambiente no qual estamos envolvidos. É nesta trilha de ideias que vemos a grande glória do respeito. Ainda mais, o sigilo nos oferece as credenciais da fidelidade à instituição que trabalhamos ou convivemos, reforça nosso compromisso pessoal e social.
No olímpico campo de ação na qual nos envolvemos, o sigilo só progride na ética, e esta só progride no sigilo, se nós nos programamos e determinamos nossas palavras, comentários, nossos desejos de “eu sei que você não conta para ninguém”, em qualquer ambiente que estejamos. Com isso, não queremos fazer do sigilo um mistério ou algo infalível na cátedra da consciência. O sigilo tem sua verdadeira comunicação na hora certa. Só esperamos que ninguém tenha o dissabor de errar a hora.
Gostaria de terminar este meu artigo citando as palavras de Napoleon Hill “estar juntos é um começo, continuar juntos é um progresso, trabalhar em conjunto é sucesso”.
O que é Sigilo
Diversas explicações sobre o que é sigilo e o significado do sigilo maçônico. Quando as elucidações vêm por parte de um Maçom é completamente diferente da de um profano. O Maçom, por menos que ele saiba e estude está próximo da realidade, pelo menos repete o que promete no final da cada sessão: “Guardar sigilo de tudo quanto se passou na Loja” que é um dever de cada Maçom.
Os profanos confundem segredo com sigilo, uma vez que não tiveram uma instrução adequada sobre o assunto e baseiam-se em suposições e fantasias que os levam às mais variadas e esdrúxulas suposições arquitetadas pela imaginação. Sigilo é fato ou circunstância mantidos ocultos que os impressionam mais. Segredo por ser a parte mais difícil ou essencial de uma arte, ciência ou negócio, falando-se em maçonaria passa longe de sua cabeça entender.
O segredo com o significado de sigilo, como instituição nas confissões data do 4° Concilio de Latrão e depois foi ratificado pelo Direito Canônico. O sigilo é um dos deveres fundamentais do Maçom. Todo o ensinamento que ele recebe é esotérico, isto é, transmitido em segredo e como tal deve ser conservado.
Muitos autores maçônicos têm escrito páginas esclarecedoras sobre o mesmo. Infelizmente há certos maçons ou meios maçônicos que nunca penetraram no alto sentido do sigilo que prometemos guardar com todo o rigor.
Segundo afirmam autores que merecem o nosso maior respeito à Maçonaria chegou aos nossos dias graças ao seu caráter secreto, graças ao compromisso entendido e compreendido pelos verdadeiros Maçons.
Pela história sabemos que a Maçonaria esteve envolvida em profundas crises algumas de caráter interno e outras de caráter externo. Ela sofreu perseguições de todos os tipos, algumas cruéis oriundas de inimigos implacáveis. Em todos esses vendavais que se abateram sobre ela sempre conseguiu sair incólume.
Uma das suas maiores ameaças é a ignorância ou o obscurantismo. Tanto no passado como no presente, se encontram em muitos meios e instituições que se fazem representantes divinos quando lhes falta o essencial de toda agremiação que se diz religiosa, que é a fraternidade, a caridade ou o respeito para com quem não segue a mesma linha de conduta ou crença.
Os maçons sempre e em toda parte levaram com a maior seriedade e às últimas consequências o juramento de sua iniciação. Com isso sobreviveram à desmoralização que as trevas arquitetaram para a sua destruição e a escuridão das inteligências sem raízes sadias espalharam para seu desaparecimento.
Nós sabemos que a Maçonaria é qual mãe generosa a verter o leite que alimenta o nosso espírito. Sua perenidade foi construída sobre o lema do sigilo e da fraternidade. Muitos de nós estamos cientes que no momento atual do mundo há um processo de profanação de nossos mistérios pelos meios virtuais de comunicação. Diante disso é obrigação nossa assumida na iniciação de cultivar o silêncio para o bem de nossa sobrevivência.
A falta do sigilo é uma agressão grosseira aos nossos princípios essenciais e uma regressão completamente alheia a tudo que se construiu de positivo a favor da humanidade.
De pouco adianta falar ou escrever sobre o sigilo maçônico. Há uma necessidade premente de realizarmos treinamentos para que as regras de preservação do sigilo maçônico se aprofundem em nós e criem raízes capazes de sustentar as intempéries que se acumulam e podem vir como uma avalanche para sepultar o que temos de mais sagrado.
LÍNGUA PORTUGUESA - Adilson Zotovici
Parece nela haver magia
Cada vocábulo a beleza
Orações em sintonia
Entre a dúvida e a certeza
Do povaréu à realeza
Idioma que inebria
Um verbete traz tristeza
Ou que apraz, com alegria
Ao literário riqueza
Desde a etimologia
Linda “Língua Portuguesa“
Qual transforma poesia
Com rigor, com sutileza,
Em sonora melodia !
5 DE MAIO, DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA - Newton Agrella
Eis uma data que invariavelmente passa desapercebida, mas que deveria ser comemorada de forma solene e respeitosa, pois a Língua é um dos mais legítimos, senão o mais legítimo símbolo de nossa identidade.
"...A pátria não é a raça , não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo !
Olavo Bilac...."
Cabe uma ilustração interessante:
A expressão *"Última flor do Lácio"* é utilizada para se referir ao nosso idioma.pelo fato da língua portuguesa ser considerada como a última das filhas do Latim.
*Lácio* advém do Latim: "Latium" ) uma região histórica da Itália Central na qual a cidade de Roma foi fundada e cresceu até tornar-se capital do Império.
É por essa razão inclusive que há o clube de futebol *LAZIO*, na Itália.
Portanto a derivação linguística desencadeou:
LATIUM
LATIM
LAZIO
LÁCIO
A língua portuguesa possui cerca de 370.000 palavras.
Cerca de 280 milhões de pessoas falam o Português, sendo a 5a. língua mais falada no planeta.
maio 04, 2024
SABE O QUE MAIS GERA EMPREGOS? NOVAS PROFISSOES. - Alex Winetzki
Neste 1º de maio, pensando no
inevitável tema o futuro do trabalho, ficou me retornando à cabeça um gráfico
que relaciona as profissões existentes em 1940 e as criadas a partir de então,
e como estas novas profissões representam a maior parte do crescimento do
emprego.
Demorei um pouco para
resgatá-lo. Estava em um relatório publicado no ano passado pelo Goldman Sachs,
líder mundial em investimentos, que analisa os efeitos potenciais da
inteligência artificial sobre crescimento econômico global.
Vale um olhar mais atento, pois
acho que ele mostra caminhos para as mudanças que se desenham, além de
despertar (em mim pelo mesmo) a curiosidade de como e quando as supernovas
ocupações, como engenheiro de prompt, por exemplo, impactarão este tipo de análise.
Como este relatório sobre os
efeitos potenciais da IA sobre o crescimento econômico não disponível em nenhum
link, faço um breve resumo para quem quiser se aprofundar mais no tema, que com
certeza vai voltar aqui muitas e muitas vezes.
Segundo este paper elaborado
pela área de pesquisas econômicas do banco de investimentos, o recente
surgimento da inteligência artificial generativa indica que estamos rumando a
uma rápida aceleração na automação de tarefas, que deve levar a uma enorme redução
dos custos de trabalho e aumento da produtividade.
E, com a IA generativa desenvolvendo mais seu potencial, o mercado de trabalho poderá passar em breve por uma disrupção. Com dados sobre trabalho nos EUA e Europa, os analistas inferem que cerca de dois terços dos empregos atuais estariam expostos a algum grau de automação, e que a IA generativa pode substituir até um quarto dos postos de trabalho atuais. Ao extrapolar essas estimativas globalmente sugerem que a IA generativa poderia expor 300 milhões de empregos à automação.
A boa notícia é que,
historicamente, deslocamentos de força de trabalho causados por avanços
tecnológicos como a automação têm sido compensados pela criação de novos
empregos. E as novas ocupações decorrentes dessas inovações têm sido as
responsáveis pela maior parte do crescimento do emprego no longo prazo.
A combinação de economia nos
custos laborais, criação de novos empregos e maior produtividade dos
trabalhadores cujas habilidades não são substituíveis pela automação, deve
gerar um boom de produtividade, que vai alavancar o crescimento econômico.
Estimam que a IA pode aumentar o PIB global anual em 7% ao longo de um período
de 10 anos após a adoção generalizada.
Estes impactos positivos da IA
dependem de inúmeros fatores como a velocidade de sua adoção ou nível de
dificuldade das tarefas que será capaz de realizar, e ainda como muitas tarefas
e funções serão automatizados. O que torna difícil prever o momento de tal boom
econômico. Mas é fácil entender que as transformações no mercado de trabalho já
acontecem, só devem acelerar cada vez mais.
VOCÊ TFM A PALAVRA, MEU IRMÃO! - Leonardo Redaelli
Você tem a Palavra, meu irmão!
A escolha deste tema não é por acaso!
Falando na Loja!
Esta escolha me lembra um dos nossos Irmãos que dizia:
“Sentado nas Colunas a minha cabeça está sempre cheia de ideias, mas quando me levantei, as minhas ideias não me seguiram, ficaram na cadeira e eu fico ali sem saber o que dizer! »
Quanto a mim, tive uma relação com a fala que foi, se não dolorosa, pelo menos por vezes problemática. Bastaria interrogar alguns Irmãos presentes nas colunas, e que já sorriem, para se convencer disso, e é por isso que escolhi este tema.
Queria simplesmente aprofundar o estudo desta ferramenta para que todos procuremos compreender que falar na Loja não é uma coisa simples e lembrar que estamos aqui para tentar progredir no caminho do conhecimento graças às intervenções de cada irmão . Aqui a egrégora assume todo o seu significado.
Através deste trabalho quis simplesmente aprofundar o estudo desta ferramenta para que ela possa ser útil a todos nós e consequentemente melhorar a nossa relação com as pessoas e com o mundo!
Gostaria de voltar no tempo para contar-lhes o conselho que um velho Irmão me deu:
“ Aprendiz: ainda resta uma ferramenta preciosa em sua bolsa. Você ainda não viu, aí está o seu lenço: é a Palavra, ela lhe será devolvida após a sua passagem para o segundo grau. Esteja convencido de que é uma ferramenta. Aprenda a usá-lo como tal. Não tenha medo, aproveite que você está em uma idade em que a falta de jeito é perdoada para treinar, pois é uma ferramenta perigosa. Ele pode se voltar contra você a qualquer momento. E sobretudo quando lhe for devolvido, não o perca, isso seria um grande negócio! »
Quão importante e quão sério é especialmente no que diz respeito a esta ferramenta Não há dúvida de que isso se justifica, só a verdadeira aprendizagem permite uma vigilância constante no que diz respeito à sua correta utilização.
Vendo o Silêncio antes do Aprendiz falar, diz um provérbio:
“ A fala é prata e o silêncio é ouro!” »
O Aprendiz senta-se ao norte, numa posição retraída que lhe foi imposta. Ele observa e escuta sob a fraca luz lunar. Ele silenciosamente realiza suas andanças interiores. Aprende primeiro, numa primeira fase primordial , a entrar em comunicação consigo mesmo, é a sua descida pelo fio de prumo, para poder usar, quando chegar a hora, a Palavra certa com os outros. Ele ouve e pensa, pensa em tudo que deveria dizer ou não dizer, em tudo que dirá depois e alguém dirá, sem dúvida, uma hora ou outra, em seu lugar...
Ele analisa tudo o que ouve, recolhe o que não necessariamente entende, para depois meditar melhor, acha isso ou aquilo útil, redundante, inapropriado ou às vezes comovente, vai ao encontro do outro através da escuta e sem silêncio, pode sentir-se perturbado , ansioso ou revoltado em certos momentos, mas floresce em outros, na paz e tranquilidade do retraimento.
É preciso dizer, no entanto, que o silêncio tem virtudes reais, essenciais, até vitais, que todos podem apreciar, por exemplo, no descanso ou nos momentos de lazer!
Também pode ser acompanhada por uma forma de solidão deliberadamente escolhida ou confortavelmente aceita.
Esta situação ainda é necessária de qualquer maneira. O Aprendiz logo descobrirá se ainda não o fez!
Você pode pensar que estou me desviando do assunto, mas é difícil falar da Palavra sem aludir ao silêncio, que é, de certa forma, seu complemento, sua articulação!
O silêncio é também um momento de parada, onde o trabalho interior prepara a ação, um pouco como um compositor escreve sua partitura antes de tocá-la!
“ A Palavra é prata e o Silêncio é ouro!” »
Se entendi bem o termo deste provérbio, deduzo que a Palavra tem Valor, mas que o Silêncio tem ainda mais valor.
Em outras palavras, é melhor saber calar do que falar para não dizer nada.
Provavelmente isto é verdade, porque primeiro ao permanecermos calados não fazemos apostas e não cometemos erros, depois porque não corremos o risco de magoar ou desagradar alguém, mas há uma contrapartida significativa.
O silêncio é um refúgio e por vezes conduz, neste caso, a uma atitude passiva, de cautela, até de cobardia, que encontramos noutro provérbio:
“ Quem diz uma palavra, consente! »
Voltemos ao tema do meu Quadro: “Você tem a Palavra, meu irmão! »
É impressionante traçar a lista de eliminatórias que lhe podem ser atribuídas.
Vou citar alguns:
A Palavra pode ser sensata, absurda, vaidosa, direta, ingênua, simples, equívoca, tem duplo sentido, hipócrita, mentirosa, carinhosa, tocante, gentil, mãe, de conciliação ou reconciliação, de paz, difamatória, blasfema, amarga, mordaz , irreparável, insultuoso, rude, obsceno, ofensivo ou simplesmente bom!
A Palavra, diz-nos Robert, é o conjunto de sons articulados, expressando o pensamento, na forma de palavras, expressões, discursos, comentários.
Podemos dizer que a Palavra é do homem!
Indefinidamente diferente do grito instintivo da fera!
“Intelectual”, estruturada pelo uso da linguagem, a fala humana dá sentido às nossas atividades.
Todos podem encontrar ali sua paixão ou qualquer valor humano real.
É um discurso existencial ou poético, voltado para dentro, para um enquadramento tomado no sentido espiritual energizado por realidades interiores que projecta o nosso humano para fora de si mesmo, em oposição ao discurso técnico ou científico!
O macaco, apesar de um aprendizado cuidadoso, não sabe usar a linguagem, nem mesmo usar sinais.
Os mecanismos de aprendizagem da fala ainda são desconhecidos. Sabemos apenas que todos os bebés estão programados para aprender qualquer língua, que isso parte de uma relação privilegiada com os outros, e permite-lhes, em detrimento da perda da comunicação pré-verbal, estabelecer um vínculo com outra pessoa com quem entrará em contato. um relacionamento!
Os pequenos gostam de brincar e a linguagem é um grande apoio: arrulhar, bocejar e depois cantigas infantis na idade infantil. É esta última forma de linguagem que levará à linguagem existencial. Também podemos perceber que o bebê se comunica primeiro consigo mesmo, antes de se comunicar com os outros.
A comparação com o Aprendiz parece fácil!
A fala humana é mista, esta é a sua originalidade!
Acabamos de ver que vem de dentro da alma, mas também se expressa fora do homem para expressar as coisas ou sentimentos que os seres humanos sentem e trocam.
Expressa uma realidade viva. Ela é mediadora, circula e faz com que todos se comuniquem consigo mesmos e com os outros.
O Maçom sempre foi um homem de discurso, e a Loja, o lugar de expressão e conservação da arte da retórica.
Ao contrário do griot africano, garante da sustentabilidade de uma tradição de forma estritamente oral, o maçom perpetua a tradição utilizando a fala para ler os escritos.
O trabalho na Loja envolve sistematicamente discursos regulamentados (emanados de escritos históricos ou rituais) ou discursos improvisados durante intervenções individuais, e que serão preservados por escrito.
Este regulamento também deve ser considerado uma preparação e uma salvaguarda.
Na Loja, um Irmão se anuncia ao Supervisor de sua Coluna como desejando falar.
Transmite o seu pedido ao Venerável que permite que o Supervisor o entregue.
Somente neste momento o Supervisor passa a palavra ao Irmão.
Evita tanto a natureza impulsiva de falar abertamente como evita que uma intervenção seja demasiado epidérmica.
Poderia ser ilustrado por este conselho que todos conhecem:
“ Você tem que virar a língua na boca 7 vezes antes de falar! »
A comunicação entre os seres é sempre delicada!
Os profissionais são treinados lá. Frequentemente, as situações resultam em uma luta pelo poder entre os participantes, onde cada um procura persuadir o outro de que está certo.
Concluindo, Venerável Mestre e todos vocês, Meus Irmãos, estou convencido de que a correta implementação do Aprendizado deve evitar desentendimentos, porque um conflito é sempre uma falha da Palavra!
ADORÁVEL ORADOR - Roberto Ribeiro Reis
O dia profano muita vez nos parece perdido, ante a 𝙫𝙚𝙡𝙤𝙘𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙞𝙣𝙨𝙖𝙘𝙞𝙖́𝙫𝙚𝙡 𝙙𝙖𝙨 𝙝𝙤𝙧𝙖𝙨 e do acúmulo de obrigações que temos tido em nossas vidas.
O resultado disso, inexoravelmente, tem sido um 𝙚𝙨𝙜𝙤𝙩𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 𝙛𝙞́𝙨𝙞𝙘𝙤 e, acima de tudo, 𝙢𝙚𝙣𝙩𝙖𝙡, que tem colocado em xeque a nossa vulnerabilidade emocional.
A par das agruras e dos dissabores que têm nos acometido o cotidiano, é 𝙥𝙧𝙚𝙘𝙞𝙨𝙤 𝙝𝙖𝙪𝙧𝙞𝙧 𝙛𝙤𝙧𝙘̧𝙖𝙨, bom ânimo e disposição, para que possamos dar seguimento aos nossos projetos e sonhos em vida.
Para nós, obreiros da Arte Real, possível uma 𝙧𝙚𝙘𝙖𝙧𝙜𝙖 𝙨𝙚𝙢𝙖𝙣𝙖𝙡 𝙙𝙚 𝙚𝙣𝙚𝙧𝙜𝙞𝙖𝙨, especialmente quando optamos por 𝙎𝙀𝙍𝙈𝙊𝙎 𝙈𝘼𝘾̧𝙊𝙉𝙎, cumprindo, com prazer e devoção, o dever para qual fomos chamados, como seja, o de nos tornarmos construtores de nós mesmos, a fim de também podermos construir e moldar o mundo ao nosso derredor.
Essa recarga de energias é possível em Loja, na medida em que 𝙩𝙧𝙤𝙘𝙖𝙢𝙤𝙨 𝙗𝙤𝙖𝙨 𝙫𝙞𝙗𝙧𝙖𝙘̧𝙤̃𝙚𝙨 com os irmãos; um processo de plena reciprocidade e mútuo comprometimento.
Para tanto, mais do que nunca, o 𝙗𝙤𝙢 𝙑𝙀𝙍𝘽𝙊 𝙚́ 𝙛𝙪𝙣𝙙𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙖𝙡 para que essa sinergia e simbiose ocorram, de maneira exitosa.
Nesse contexto, valho-me do presente para agradecer-vos, 𝘼𝙙𝙤𝙧𝙖́𝙫𝙚𝙡 𝙊𝙧𝙖𝙙𝙤𝙧! Vós que, frequentemente, com a 𝙢𝙚𝙨𝙩𝙧𝙞𝙖 da 𝙥𝙖𝙡𝙖𝙫𝙧𝙖, tendes arrastado para o seio de nosso Templo a totalidade de seu quadro. Isso é espetacular!
E a vós devemos a 𝙤𝙧𝙖𝙩𝙤́𝙧𝙞𝙖 𝙘𝙤𝙣𝙨𝙩𝙧𝙪𝙩𝙞𝙫𝙖, instrutiva, com a qual tendes nos ensinando, valendo-vos de vossa humildade, cultura e proeminente 𝙫𝙚𝙧𝙫𝙚 𝙢𝙖𝙘̧𝙤̂𝙣𝙞𝙘𝙖.
Como é singular para todos nós o momento em que a Loja é aberta, após vossa leitura imponente, branda e serena do Salmo 133!
A vós devemos um 𝙨𝙞𝙣𝙜𝙚𝙡𝙤 𝙖𝙩𝙤 𝙙𝙚 𝙜𝙧𝙖𝙩𝙞𝙙𝙖̃𝙤!
𝙀𝙡𝙤𝙦𝙪𝙚𝙣𝙩𝙚 𝙊𝙧𝙖𝙙𝙤𝙧! Neste momento não é somente o Livro da Lei que é aberto por vós, mas de igual modo os nossos corações, os quais, embevecidos com a 𝙩𝙚𝙧𝙣𝙪𝙧𝙖 𝙙𝙚 𝙫𝙤𝙨𝙨𝙤 𝙫𝙚𝙧𝙗𝙤, abrem-se para receber toda luz emanada do Plano Sutil, pelo nosso Criador Incriado!
𝙀𝙨𝙩𝙞𝙢𝙖𝙙𝙤 𝙋𝙖𝙡𝙖𝙙𝙞𝙣𝙤 𝙙𝙚 𝙣𝙤𝙨𝙨𝙖𝙨 𝙡𝙚𝙞𝙨, 𝙥𝙧𝙚𝙘𝙚𝙞𝙩𝙤𝙨 𝙚 𝙛𝙞𝙡𝙤𝙨𝙤𝙛𝙞𝙖! Todo o exaurimento –físico e mental- é solapado de nosso corpo e alma, quando por vós somos concitados a vivermos em união, para interiorizarmos toda a Sabedoria advinda das esferas superiores, a fim de que consigamos, ainda que por alguns instantes, sentir a presença do Inefável em nossas existências.
𝙂𝙪𝙖𝙧𝙙𝙞𝙖̃𝙤 𝙙𝙤 𝙑𝙚𝙧𝙗𝙤 𝙙𝙤 𝘼𝙢𝙤𝙧! Vós que tendes nos inspirado a sermos obreiros fiéis e mais responsáveis, ensinai-nos como procedermos a fim de que essa 𝙚𝙜𝙧𝙚́𝙜𝙤𝙧𝙖 𝙨𝙚𝙟𝙖 𝙪𝙢𝙖 𝙘𝙝𝙖𝙢𝙖 𝙨𝙖𝙜𝙧𝙖𝙙𝙖 𝙚 𝙘𝙤𝙣𝙨𝙩𝙖𝙣𝙩𝙚, da qual doravante jamais pretendemos nos distanciar!
maio 03, 2024
NO FRIGIR DOS OVOS
"O que significa “No frigir dos ovos”?
'Não é à toa que os estrangeiros acham nossa língua muito difícil!
Como a língua portuguesa é rica em expressões!
Veja o quanto o vocabulário “alimentar” está presente nas nossas metáforas do dia a dia. Aí vai!
Pergunta:
– Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão “no frigir dos ovos”?
Resposta:
– Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar.
Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos.
Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem ideias.
Pra descascar esse abacaxi, só metendo a mão na massa. E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.
Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.
Contudo, é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais.
Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou, para poder vender o seu peixe.
Afinal, não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.
Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e aí, vai com muita sede ao pote.
Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha. São escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.
Há também aqueles que são arroz de festa que, com a faca e o queijo nas mãos, se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese… etc.).
Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca e, no fim, quem paga o pato é o leitor, que sai com cara de quem comeu e não gostou.
O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco.
Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos,l literalmente.
Por outro lado, se você tiver os olhos maiores que a barriga, o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço.
Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado, porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha não!
O pepino é só seu e, o máximo que você vai ganhar é uma banana. Afinal, pimenta nos olhos do outros é refresco.
A carne é fraca, eu sei.
Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas.
Mas, quem não arrisca não petisca e depois, quando se junta a fome com a vontade de comer, as coisas mudam da água pro vinho.
Embananar-se de vez em quando é normal, o importante é não desistir, mesmo quando o caldo entornar.
Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos, a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando.
Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.
Entendeu o que significa “no frigir dos ovos” ?”
(Autor desconhecido)