maio 10, 2024

ESCALAÇÃO - Newton Agrella


Não é preciso ser tão inteligente para perceber que de fato o lugar mais difícil de se estar é no lugar do outro.

Seja qual for a circunstância, não importa, pois o que conta é o ambiente que você cria, onde você pode transformar o seu interior através de sua capacidade autocrítica.

Quanto mais perguntas você fizer a sí mesmo, mais intenso e elaborado vai se tornar o seu poder argumentativo.

É  nesse instante que a dialética maçônica se pronuncia.

A  dialética, como se sabe, significa: o "caminho entre as ideias". 

Trata-se do método de busca pelo conhecimento baseado na arte do diálogo, de ideias e conceitos distintos que tendem a convergir para um senso comum.

Sem dúvida a  dialética exalta o espírito crítico e autocrítico, que no caso da Maçonaria ganha o adjetivo de "especulativa"

A propósito, somos especulativos na medida em que ruminamos nossas idéias, elucubramos para buscar explicações que possam nos convencer e quando contemplamos o Universo à nossa volta, questionando a nossa origem, a razão de nossa existência e nosso destino.

É por estas e outras que podemos indagar sem receio:

"Se eu mal consigo descobrir meu lugar no mundo, que dirá me colocar no lugar de outrem ?"

Parafraseando a filosofia budista, poderíamos nos satisfazer com o seguinte pensamento:

"...Alegre-se porque todo lugar é aqui e todo momento é agora..."

Diante desta pragmática asserção, talvez seja possível entender a posição em que estejamos escalados no jogo da vida. 

Se na defesa, esperando que tudo aconteça ao sabor do vento e do que os outros queiram nos impor;

Se no ataque, buscando invariavelmente impor aos outros as nossas vontades e convicções;

Ou se estrategicamente entre a defesa e o ataque, sem nos arriscarmos tanto,  buscando uma postura neutra e equilibrada, como se esta fosse a forma mais eficaz de atuar no jogo.

E você ?

Prefere jogar em alguma posição específica, acha melhor permanecer no banco de reservas ou entende que sua vocação é ser o juiz ?



maio 09, 2024

MILHARES DE HERÓIS - Alex Winetzki


 

MISANCENE DA ARTE REAL - Roberto Ribeiro Reis

Meus amados Irmãos! Felizmente, a Maçonaria ainda figura como uma instituição discreta – nem tão secreta – cujo desiderato maior é o de promover o aperfeiçoamento constante de seus membros e, via de consequência, tornar esse mundo um pouco menos indócil.

As pessoas que ali se congregam visam fazer com que a paz, a harmonia e a concórdia sejam as bases sólidas que sustentem não somente a loja, mas o coração de todos os obreiros.

Lado outro, a Maçonaria tem sofrido com pecha de ser gananciosa e eminentemente financista, haja vista os últimos episódios, que têm deflagrado uma disputa desmesurada pelo poder econômico, em detrimento de todas as leis e preceitos dos quais temos nítido conhecimento.

Nas grandes capitais, é claro que com as devidas exceções, vive-se a Maçonaria ostentação, cujo escopo precípuo não é o de estudar, instruir, e progredir intelectualmente, mas sim o de levantar templos nababescos à (des)virtude.  Os valores morais, espirituais e filosóficos têm soçobrado ante a ambição descontrolada de verdadeiros mercenários.

O corolário lógico dessa triste realidade é que a Maçonaria de hoje parece não ter a força da qual era detentora, há algum tempo. Em alguns “orientes” do Brasil (como se o Oriente não fosse único) tem acontecido o que se convenciona chamar de “misancene da Arte Real” ou, trocando em miúdos, a pseudo maçonaria, um jogo de cena, uma triste farsa, uma impressão que se quer passar somente para uma plateia de leigos, ou de não tão leigos que desejam ser enganados. Fujamos desses cruéis desenganos, defenestremos de nossos Templos (físicos e interiores) tudo que vá de encontro à Verdadeira (e nada dissimulada) Arte Real.

Com efeito, profanos travestidos de Maçons têm menoscabado a Sublime Ordem, agindo em total contrariedade ao que lhes foi passado, mesmo após terem sido apresentados à luz, pela qual nutrem profunda aversão. Fato é que insistem em ter asilo nos engenhos das sombras, e delas não mais desejam sair. 

A Maçonaria, enquanto Arte Real, jamais será essa instituição nefasta e de ideário teratológico, como alguns “profanos de avental” pretendem torná-la. Ela é essencialmente filosófica, iniciática e progressista, rechaçando qualquer conduta ou pensamento que contrarie seus princípios éticos e morais!

O metal que nós desejamos é aquele suficiente para a nossa subsistência, e que também nos proporcione o auxílio ao próximo; tudo o que extrapole esse sentimento vai de encontro ao que preceituam nossas leis e códigos espiritualistas de vida.

Em nosso altar dos juramentos, qual seja, no imo de nossa alma, encontra-se ávido e pulsante o desejo de sermos pessoas um pouco mais evoluídas, predispostas ao enfrentamento das mazelas que nos afligem, e que também consigamos ser mais misericordiosos conosco mesmos e para com o próximo.

Desta feita, não buscamos edificar nossa casa sobre o areal da ganância e do egoísmo, pois somos sabedores de que certamente ela desabará; na verdadeira Maçonaria – a que preza o sagrado em desfavor da matéria - edificamos nossa casa espiritual sobre a rocha, pois temos a fé e a convicção de que ela restará inabalável, assim como inabalável é a Arquitetura do Senhor do Universo.

VISITA A ARLS ESTRELA FLAMÍGERA 850 - São Paulo


Praticamente todas as Lojas da Glesp nesta semana tem sessão de eleições dos novos dirigentes, mas percorrendo ao acaso o aplicativo da Potência encontrei uma Loja que informava uma sessão regular de aprendiz.

Meio desconfiado contatei por WhatsApp o Venerável Mestre irmão Marcos Merguliano, que respondeu imediatamente: - a ARLS Estrela Flamígera 850 tem sessão sim, e você é muito bem vindo.

O Templo standard da Glesp é arrumadinho mas pequeno e quando cheguei havia pouca gente. O VM perguntou: - você faz o 1o Vigilante? O de ofício está adoentado. - Claro que sim.

Aí foram chegando visitantes de diversas Lojas e o Templo lotou. A sessão foi excelente, arguição de um aprendiz inteligente e seguro, que respondeu a todas as perguntas com brilhantismo.

E a condução leve do VM, em uma Loja com excelente senso de humor e alta dose de simpatia. Uma sessão para repetir quando for possível. 

maio 08, 2024

LAVOISIER


08 de maio de 1794: Morre, na guilhotina, o cientista Antoine Lavoisier, fundador da Química moderna.

Considerado o fundador da ciência química moderna, Antoine Laurent de Lavoisier nasceu a 26 de agosto de 1743, em Paris, e faleceu na mesma cidade, a 8 de maio de 1794, após ter sido condenado à morte na guilhotina. Em 1768, apenas quatro anos depois de ter concluído os estudos, entrou para a Academia das Ciências. Veio a lançar os alicerces da Química como ciência sujeita a regras e princípios racionais, como acontecia já com outras disciplinas, por exemplo a Física. 

Apoiado no trabalho experimental, definiu a matéria pela propriedade de ter um peso determinado, noção que desenvolveu paralelamente a um aperfeiçoamento da balança. 

Além disso, descobriu a composição da água e enunciou a lei da conservação da massa nas reacções, essencial na História da Química, definindo o conceito de elemento como a substância que não pode ser decomposta pela ação de processos químicos. Na obra Traité Élémentaire de Chimie (1789), propôs uma nomenclatura química sistemática e racional.

Ao mesmo tempo que se dedicava aos seus estudos científicos, Lavoisier empenhava-se na intervenção política, que era, naquele momento (a Revolução Francesa), um campo de acção particularmente atraente. Foi suplente de deputado nos Estados Gerais de 1789, tendo sido depois nomeado, sucessivamente, membro da comissão incumbida de estabelecer o novo sistema de pesos e medidas, e secretário do Tesouro.

O clima político e social da França era conturbado. A ligação de Lavoisier com a Ferme Générale (sistema criado para a cobrança de impostos)  não eram  bem visto pela população e  trouxe-lhe a fama de corrupto. 

Caiu em desgraça na Revolução Francesa, iniciada em 1789. Lavoisier foi preso e acusado de desvio de dinheiro público. Julgado culpado, foi guilhotinado, aos 50 anos de idade.

Antoine Laurent de Lavoisier. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.

wikipedia (Imagens)

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#estoriasdahistoria

A ETAPA DO APRENDIZ


O Irmão, em pé, voltado para o leste, tem os pés em ângulo reto. Ele realizará seu aprendizado, dando-lhe o direito de sentar-se no templo. Pausa ! 1 2 3!

Dizem que a alvenaria é uma pousada espanhola, mas não se entra como num moinho! Entrar no templo é um ritual.

Este movimento e esta posição, para marcar a passagem simbólica do mundo profano para o mundo sagrado. A retidão de intenções que deve animar o Irmão é simbolizada nesta marcha para o Oriente, ao entrar no templo.

Grotesco, incomum aos olhos do novo iniciado, esse passo desajeitado, às vezes desestabilizador, incomoda mais de um aprendiz. Além disso, podemos realmente falar de etapas?

Por que entrar assim? Posição instável e desconfortável. Cada um de nós sentiu esse desconforto ao se mover assim. Nem francamente de frente, nem completamente de perfil. O assento é inexistente, a menor correria e dá uma sensação de desequilíbrio! Será que esta desordem não é necessária para lembrar, talvez ao aprendiz, isto é, a cada irmão que ingressa no 1º grau, a natureza incerta e frágil da sua busca, como a criança que dá os primeiros passos no mundo dos homens.

Esta caminhada de três passos lembra a idade do aprendiz. Três passos de igual distância: começando com o pé esquerdo para marcar sobretudo a primazia do coração em todos os atos maçônicos.

Você vai me dizer, outros F… aqui entram com o pé direito. Eles têm menos coração do que nós?…

Esta piada talvez nos lembre da relatividade de qualquer interpretação simbólica. O essencial não é esta marcha do amor rumo à estrela impossível?  

O passo é linear, contínuo; assim, o jovem irmão não pode ainda desviar-se do caminho traçado pela tradição. Ele deve a ordem: Retidão e obediência. Não é este o BABA de toda educação verdadeira: profana ou iniciática?

Mozart, no primeiro movimento do seu quarteto conhecido como “dissonâncias”, conseguiu transcrever musicalmente esta perturbação dos primeiros passos da alvenaria (literal e figurativamente). Abertura melancólica e dolorosa, sem dúvida evocando uma exploração do passado. Depois, no segundo movimento, tudo parece ficar mais claro.

1, 2, 3: batalha perpétua de luz e sombra.

O passo rígido e retilíneo se modificará com a medida da era maçônica; sem muito significado aparente, será enriquecido posteriormente para manifestar, sem dúvida, o essencial: afastar-se para melhor retornar a si mesmo. Marca assim esse desejo de alcançar o conhecimento, a verdade.

Nesta etapa o maçom demonstra seu comprometimento com o caminho do autoconhecimento, ou seja, o desejo de trabalhar pela sua própria libertação. Ele caminha pelo caminho do meio, expressando assim seu desejo de ir além do que ele é. Ato voluntário e livre como é a sua entrada no espaço e tempo maçônico.

Seja qual for a idade ou roupa, o F \ entra na pousada com esse passo de aprendiz, integra o ritual com esses passos.

Estes três passos marcam uma ruptura com o mundo secular. Do mundo binário, o F \ acessa assim simbolicamente o mundo terciário. Um passo consciente, para ajudá-lo a depositar melhor seus metais na porta do templo. Esta porta, premissa de: não... sábia!

Não esqueçamos de onde viemos: 1-2-3! Começo sem fim.

Dei esse primeiro passo como aprendiz pela primeira vez, algum tempo depois da morte do meu pai. Lembro-me do provérbio italiano que ele gostava de repetir para nós, aquele que não era pedreiro:

 “Na vida é preciso saber dar o passo de acordo com a perna"… 

Sim, creio que nestas poucas palavras reside para mim grande parte do segredo maçônico. Este preceito tornou-se mais claro à luz da minha jornada.

Cabe a cada um de nós caminhar de acordo com o nosso ritmo, a nossa conveniência, tentar ao longo do tempo encontrar a harmonia certa e perfeita no nosso templo interior... passo a passo.

VISITA A ARLS CAVALEIROS TEMPLARIOS 906 - S. PAULO


Embora no Brasil, país católico desde a sua fundação, o teísta Rito Escocês Antigo e Aceito seja o principal Rito praticado no país, o Rito de York, de origem americana com fundamento deísta é o Rito maçônico mais praticado no mundo.

É constituído por quatro corpos distintos: Graus Simbólicos, Graus Capitulares, Graus Crípticos e Ordens de Cavalaria

Visitei na noite de ontem, dia 7, a ARLS Cavaleiros Templários 906 da GLESP, cujo VM é o simpático irmão Marcelo Russo Soares Junior.

As Lojas do Rito de York são simples, despojadas de ornamentos, porém o conteúdo filosófico é extraordinário.

Sob a direção do VM Marcelo, do 1ºVig. Luiz Antônio de Oliveira e do 2ºVig. Luciano Sudário Lacerda, assisti a uma sessão de estudos de rara qualidade, na qual todos os irmãos presentes contribuíram compartilhando conhecimentos.

Foi uma sessão notável, culta e interessante de tal forma que nem se percebeu o tempo passar. 


O MURO - Alex Winetzki


 

maio 07, 2024

O LIMPO E PURO SE TORNA JUSTO E PERFEITO - José Maurício Guimarães


                                                                                                                                   

Bondosos Irmãos me aconselharam a não pretender consertar o mundo. Agradeço o conselho pois sei que eles desejam o meu bem e prezam pela minha saúde. No fundo, eles sabem que muita coisa tem que ser consertada. Todos eles, cada um à sua maneira, estão trabalhando duro para consertar este que é o melhor dos mundos.

Se desistíssemos de consertar o mundo não haveria necessidade da Maçonaria: poderíamos fechar nossas portas e irmos fazer o que boa parte dos profanos de avental anda fazendo: nada.

Dizem que o progresso é lento, não há o que apressar; mas eu penso que temos que começar em algum momento - já deveríamos ter começado - não importa se vamos presenciar o mundo ideal. Quando plantamos uma árvore, não temos de pensar se vamos nos sentar à sua sombra; alguém no futuro irá colher esse benefício. Este é o sentido da vida. 

Dito isso, vamos em frente com esquadros, compassos, alavancas, níveis, prumos e trolhas, maço, cinzel e espadas para consertar o mundo: bastam uns ajustes aqui e ali.

Quanto ao bem da Ordem em geral, e das Lojas em particular, faríamos bem se começássemos pelo início: as sindicâncias.

Todos os dias vejo novos artigos na internet sobre as sindicâncias, sinal que o assunto preocupa muita gente e nada tem sido feito, em termos de instrução, legislação e regulamentos, para melhorá-las.

Começo minha dissertação pela certeza de que as Lojas não são "hospitais", nem reformatórios morais, apesar de o nome "oficina" sugerir uma lanternagem completa ou retífica de motor em seres humanos completamente enguiçados. A Maçonaria não existe para consertar ninguém, e sim para aperfeiçoar o que já é bom.

Um candidato deve ser limpo e puro, isto é - isento de qualquer sujidade, impureza ou mancha; deve ser livre de culpa, um homem correto, apurado e não nocivo ao meio social. Puro quer dizer claro, transparente como o cristal sem mancha ou nódoa; imaculado, virtuoso e reto. Ao se expressar em palavras, o candidato ideal deve dizer o que pensa e sente com sinceridade e franqueza.

A palavra candidato vem de "cândido", algo de grande alvura, muito branco e puro. Ouvi dizer que na remota antiguidade os candidatos às iniciações compareciam vestidos de branco.

Hoje, do jeito que são feitas, nossas sindicâncias avaliam tudo isso?

Claro que não!

Para começo de conversa, o papel aceita tudo:

- Crê em Deus? - Sim.

- Crê na preexistência e imortalidade da alma? - Sim (com essas duas respostas, resumidas em três letrinhas, pretende-se avaliar os questionamentos mais relevantes da humanidade e dos quais se ocuparam todos os filósofos durante mais de trinta séculos!)

- Faz uso de bebidas alcoólicas? - Socialmente (e eu me pergunto o que é ingerir de álcool socialmente...)

As costumeiras entrevistas não dizem nada sobre a natureza íntima do candidato; podem, no máximo, atestar suas habilidades, seu modo de falar, o nível social em que vive e os bens que possui. Mas não revelam suas predisposições e seu verdadeiro caráter.

Percebem como é difícil sondar o coração e a mente de quem se diz limpo e puro?

Indicar alguém "para a Maçonaria" é mais do que selecioná-lo num grupo de amigos; poderá ser alguém da melhor reputação, de refinada instrução e cultura, ostentar vida familiar exemplar, ter sucesso na profissão e nos negócios, mas... não possuir o PERFIL de maçom.

Como avaliar o perfil do candidato?

- Isso só pode ser garantido pelo maçom que o está indicando -  o "padrinho"; ele é a testemunha e avalista do conjunto de traços psicológicos que tornam o candidato apto para assumir as responsabilidades de homem livre em Loja. Partem de quem apresenta um candidato as informações mais concisas, pois há de se supor que o padrinho conheça o candidato de longa data e intimamente. E mais: a Loja deverá estar certa de que o tal "padrinho" tem sido excelente maçom e obreiro dedicado. De outra forma, sendo ele um maçom descompromissado, haverá de indicar um sujeito que se lhe assemelhe, normalmente um bom piadista, excelente churrasqueiro, mestre cervejeiro, e só. Disso já estamos bem servidos.

Uma vez sindicado e aprovado pela Loja, com base no que está escrito e no julgamento subjetivo dos três sindicantes, marca-se a data da Iniciação. O candidato bate à porta do Templo sendo declarado livre e de bons costumes. Daí em diante toca-se o ritual em frente com os mesmo erros e gaguejos de sempre, pois todas as atenções estão voltadas para os maçantes discursos no final e para o ágape no salão de festas.

Por estas e outras razões, quando ouço anunciarem que alguém foi indicado "para a Maçonaria", eu tremo... e costumo assistir com certa apreensão à cerimônia de Iniciação, pois não se pode dizer com certeza o que virá dali.

Tanta  pureza e tanta inocência deveriam também ser levadas em consideração na escolha de nossos representantes no mundo político. A consciência de cada cidadão faz a sindicância durante a campanha eleitoral. Em seguida vem o escrutínio secreto nas urnas. Apurados os votos e consagrado o homem público na cerimônia de posse, todos correm para tirar fotos com ele. Porém, muito cuidado: quem hoje posa do nosso lado em fotografias poderá amanhã estar posando para fotos de frente e de perfil, com ficha numerada e uniforme listrado, numa delegacia da polícia federal...

Acontece a mesma coisa com o candidato que trazemos ao Portal do Templo Maçônico. Só depois de muita convivência é que teremos alguma certeza de seu verdadeiro perfil.

Não me censurem por dizer isso, pois os maiores problemas vividos pela Maçonaria foram e são causados por maçons regularmente indicados, passaram por sindicâncias, foram escrutinados e iniciados em Loja justa, perfeita e regular. Eu poderia citar uma centena de casos locais, mas prefiro me ater ao escândalo internacional entre os anos 1966 e 1974, provocado pela Loja italiana "Propaganda Due" (Propaganda Dois ou P2) que foi declarada ilegal e expulsa do Grande Oriente da Itália por acusações de participação em negócios fraudulentos e envolvimento com a Opus Dei, membros remanescentes do nazismo, gente da máfia, conspirações neofascistas, o Banco do Vaticano e mortes misteriosas de autoridades e políticos italianos. Prefiro não entrar em detalhes; esse assunto é altamente explosivo e polêmico. O que eu quero demonstrar é o caminho que certos "iniciados" podem vir a tomar, como no caso do Venerável Mestre daquela Loja "Propaganda Due", o empresário Licio Gelli, condenado a 18 anos de prisão em 1992, pela falência fraudulenta no caso do Banco Ambrosiano, e em 1994 por calúnia, delitos financeiros e por deter documentos secretos. Permaneceu em prisão domiciliar, e morreu em dezembro do ano passado em sua “villa” na Toscana.

Quem quiser se aprofundar no assunto, basta perguntar ao professor Google, ou ler o livro "Em Nome de Deus" do jornalista britânico David Yallop que investigou a morte do papa João Paulo I (Albino Luciani) em 1978.

Teoria da conspiração? fantasia? sensacionalismo? Vocês decidem (mas não confundam o título com um outro livro, de Karen Armstrong, que trata do fundamentalismo religioso). E se não quiserem ter muitos pesadelos, leiam o último livro de Umberto Eco, "Número Zero", que mais verdades do que ficção. Para os preguiçosos, que não leem de jeito nenhum, há os documentários no History Channel que podem ser visualizados no youtube: [ https://www.youtube.com/watch?v=QPjRBVtMJ88 ]

O processo iniciático caracteriza-se pela passagem do homem livre e de bons costumes para Homem Justo e Perfeito (releiam esta frase e reflitam sobre seu significado... se julgarem conveniente e possível, levem essa reflexão para as Lojas).

Neste mundo, dominado pelo materialismo, já é difícil encontrarmos um homem bom e justo, vocês sabem disso; mas certificar-se de que ele é limpo, puro, livre e de bons costumes é dificílimo.

Diz a história que Diógenes, filósofo grego que viveu por volta de 300 antes de Cristo, perambulava pelas ruas com uma lamparina acesa, em plena luz do dia. Perguntado porque, ele dizia que procurava por homens verdadeiramente livres, autossuficientes e virtuosos. Diógenes vivia seminu dentro de um barril e cercado pelos cães. Desprezava a opinião comum e afirmava que a humanidade vivia de maneira hipócrita. Aconselhava a seus contemporâneos que observassem o comportamento dos cães para maior proveito nas relações pessoais e na política. Na época dele talvez não existissem Lojas como as de hoje; mas se existissem, ele seria o melhor dos sindicantes. Dizem que Alexandre, o Grande, sabendo das buscas que ele empreendia, foi procurá-lo para ser seu discípulo. Encontrou Diógenes deitado no chão ao lado do barril, tomando um banho de sol. Impressionado, Alexandre disse:

- Já conquistei todas as terras do mundo, mas desejo maiores conhecimentos. Peça-me o que quiser e eu lhe darei - honrarias, escravos e tesouros. Mas antes, como posso também ajudá-lo a sair dessa miséria?"

Diógenes abriu preguiçosamente os olhos e respondeu:

- Por favor, simplesmente afaste-se um pouco para a direita, pois está tapando a luz do sol".

Alexandre retirou-se, pois ele era apenas "o Grande", sem ser Justo e Perfeito.

Quanto a Diógenes, por ser um livre pensador e não bajular os chefes, foi preso e vendido como escravo.

A MODERNA GNOSE - João Anatalino Rodrigues

Os gnósticos modernos

Atualmente um grupo de cientistas, oriundo principalmente da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, cuida de revitalizar o pensamento gnóstico. 

Este grupo, onde pontificam especialmente físicos, astrónomos, psicólogos e teólogos, trabalha com os conceitos gnósticos associando-os aos modernos conhecimentos científicos. 

Assim, os eons passaram a ser holons, grandes subunidades, domínios totalizantes, etc.; os dramas cósmicos, como o de Sofia, os embates entre luz e trevas são jogos cósmicos, teia de relações, etc., simulados nos computadores. 

Também os conceitos trabalhados na grande tradição da Cabala são estudados em conexão com as grandes leis naturais que conformam e formatam  universo físico e regula a ocorrência dos seus fenómenos. 

Assim, as séforas da Árvore da Vida são tomadas como analogias das leis naturais, como o magnetismo, a gravidade, a relatividade, a reciprocidade, etc.

Para estes novos gnósticos, Deus não está presente na história dos povos. 

Esta é uma nova maneira de desenvolver a mesma visão dos antigos filósofos panteístas e principalmente da religião dos Vedas. 

Para estes, Deus está em todos os seres e objetos mas estes não estão nele. 

Quer dizer, todas as coisas no universo contém essência divina, mas nada no mundo da matéria deve ser divinizado nem cultuado como divino.

Todavia, ao admitir a existência de um atributo divino nos seres e objectos, implicitamente os novos gnósticos aceitam que a história universal sofre o influxo da Vontade Divina, pois esta está presente na essência dos seres desde a sua criação.

É evidente que não tem muito sentido hoje pensar que Deus interfere nas acções humanas na forma pensada pelos antigos hebreus, por exemplo, para quem o próprio Senhor lutava as suas batalhas, às vezes abrindo mares para que os seus “eleitos” passassem, enquanto os seus perseguidores se afogavam. 

Pensar assim é particularizar Deus, apossar-se dele como se ele fosse o Senhor de uma única parcela da humanidade e não dela toda. 

Imaginar um Deus capaz de preferências pessoais é humanizá-lo demais e esse erro os gnósticos jamais cometeriam.

Para a moderna Gnose, a história humana é a crónica das acções do homem em busca da felicidade, ou o que ele pensa ser a felicidade. 

Estas ações são motivadas pela informação que todos os seres portam nos seus núcleos primordiais e que desenvolvem por interação. 

Daí cada ser se constituir num holom, movimentando-se em grandes subunidades, buscando a realização de um domínio totalizante. 

E é essa intensa movimentação do ser que cria uma teia de relações, assemelhada a um grande jogo cósmico, que vai formatando o universo. 

Saber como tudo isso se processa, para poder orientar esse jogo, é a função do espírito humano.

Assume-se, dessa maneira, a Gnose, simplesmente como uma necessidade de saber, sem limitar o conhecimento a um domínio restrito à esperança de salvação, isto é, o domínio da religião. 

A Gnose passa a ser um questionamento que busca a resposta para a pergunta que sempre ecoou na mente do homem desde o momento em que foi capaz de reflectir: o que é o universo, de onde veio, para onde vai e porque?

É por isto que a Maçonaria moderna foi buscar na tradição da Gnose uma grande parte dos temas ritualísticos desenvolvidos nos seus graus superiores. 

E isso não é sem razão. 

A Gnose é a única disciplina mental que combina, magistralmente, os caminhos da sensibilidade e da razão, na busca do conhecimento. 

Ela integra, ao mesmo tempo, os métodos da religião e da ciência.

A Gnose busca a revelação, a ciência quer o conhecimento. 

Ambas são condensações de um fenómeno energético que ocorre nos domínios mais subtis do psiquismo humano. 

A revelação pode ocorrer no curso de uma prece, de uma prática ritualística ou de um trabalho no laboratório, na oficina ou outro lugar qualquer onde o pensamento guie as mãos; já o conhecimento científico ocorre como soma de descobertas feitas sistematicamente no decorrer de um processo de observação dos fenómenos. 

O que torna diferentes esses dois caminhos de evolução psíquica é a metodologia. 

Enquanto o cientista observa o fenómeno e descreve o que vê, procurando entender por que ele ocorre daquele modo, o gnóstico procura se colocar no interior do próprio fenómeno, como parte dele, para senti-lo, e dessa forma “ver, por dentro” a sua forma de ocorrência.

A ciência “vê” as coisas pelo lado de fora, a Gnose as “sente” pelo lado de dentro. 

Talvez esteja aí a razão do delírio gnóstico jamais ter sido convenientemente entendido pelos racionalistas, pois nunca foi fácil descrever sentimentos, da mesma forma com que se faz com fenómenos mecânicos. 

... Se duas pessoas que compartilham o mesmo grau cultural e as mesmas referências simbólicas forem convidadas a descrever o processo pelo qual a água de uma chaleira se evapora, é possível que ofereçam uma descrição semelhante, e uma mesma conclusão do porquê isso acontece; porém, se lhes pedirmos que nos descrevam o que sentem em razão desse fenómeno, e os motivos do por que sentem dessa forma, dificilmente encontraremos identidade nas respostas e coincidência nas justificativas... 

Na Arte Real estão presentes os dois caminhos. 

O caminho da espiritualização é aquele proposto pela Gnose. 

Ele se trilha através da prática iniciática, expressa nos rituais, nos símbolos e alegorias desenvolvidos em cada grau. 

Nele se aprende pela sensibilidade. 

O caminho do conhecimento racional é aquele que se condensa na própria proposta da Maçonaria: o aprimoramento do espírito, através do estudo das disciplinas morais que tornam o homem justo nos seus julgamentos e perfeito nas suas atitudes. 

Este conhecimento, que se inscreve no domínio da moral, é obtido pela razão. 

Razão e sensibilidade podem e devem andar juntos. 

É a perfeita integração destes elementos que produz a verdadeira sabedoria.

O psiquismo humano, que é a sua verdadeira “alma”, é um agente do comportamento cósmico. 

É nesta qualidade que ela deve participar do movimento do mundo e não como seu mero observador. 

A alma do estudioso, pela participação, torna-se a sua razão, e nessa condição ela realmente ‘vê” o que acontece no interior das coisas, e essa visão é o verdadeiro “ saber”.

Este método de conhecer o mundo, que é o método gnóstico, psicológico, no dizer de Ouspensky, é um método que integra razão e sensibilidade, ou se quisermos colocar isso de uma maneira mais subtil, é uma forma que mistura o esotérico e exotérico, fundindo os dois domínios num único e grande território de realidades possíveis de serem abarcadas pelo espírito humano. 

Se é verdade que espírito e matéria são uma realidade só, que ambos constituem uma unidade que se constrói mutuamente por interação das suas informações nucleares, então essa visão não é mero delírio metafísico.

Afinal de contas, toda religião tem como objetivo ligar a esfera do humano à esfera do divino. 

Por isso todas elas procuram desenvolver uma visão do mundo, um conhecimento interior que ilumina a alma do crente e o leva a algum tipo de iluminação. 

Nenhuma confissão religiosa, mesmo aquelas não deístas, como o Confucionismo, o Taoísmo, o Budismo etc., que trabalham esses caminhos através do exercício mental ou pela sensibilidade, dispensam esse objetivo final, que é a iluminação salvadora.

Não se deve confundir gnóstico com mágico, como o fez a Igreja medieval. 

Embora muitos gnósticos fossem adeptos do pensamento mágico, o gnosticismo se define pelo exercício do livre pensamento, a recusa de qualquer dogma, o conhecimento deduzido das grandes leis da natureza, ainda que esse conhecimento seja interpretado de maneira religiosa. 

A Gnose cultua o saber pelo saber sem temores ou crenças sobrenaturais. 

Aliás, para os gnósticos modernos, o próprio sobrenatural é apenas uma superação de leis naturais.

Evidentemente, a sua conotação como pensamento mágico é uma consequência natural da própria cultura na qual ela se desenvolveu, cultura essa mais voltada para a ciência do divino do que para as realidades da vida profana. 

O que os modernos gnósticos fazem é exactamente isso: mostrar a Gnose sobre um novo enfoque, agora que a inteligência humana conseguiu se livrar dos seus velhos temores sobrenaturais e pode comprovar, pelos avanços da pesquisa cientifica, que a natureza é, em si mesma, um verdadeiro repertório de milagres.


(João Anatalino Rodrigues, do livro “Conhecendo a Arte Real” – ed. Madras, 2007)

maio 06, 2024

ESTRATÉGIAS PARA O CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DAS LOJAS MAÇÔNICAS - Wagner Tomás Barba


ESTRATÉGIAS PARA O CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DAS LOJAS MAÇÔNICAS: SELEÇÃO RIGOROSA E FORMAÇÃO ÉTICA

Introdução

A Maçonaria, ao longo dos séculos, tem sido uma fonte de ensinamentos éticos e morais, buscando não apenas aprimorar seus membros individualmente, mas também contribuir para o bem-estar da sociedade como um todo. Em um mundo em constante mudança, as lojas maçônicas enfrentam o desafio de expandir suas fileiras sem comprometer a qualidade e a integridade de seus membros. Devemos entender e buscar estratégias para o crescimento sustentável das lojas maçônicas, destacando a importância da seleção rigorosa e da formação ética dos novos membros.

Seleção de Membros

Uma das chaves para o crescimento saudável das lojas maçônicas é a seleção criteriosa de novos membros. Em vez de buscar apenas aumentar o número de membros, as lojas devem priorizar a qualidade sobre a quantidade. Isso envolve identificar indivíduos de caráter exemplar na sociedade, que demonstrem um desejo genuíno de aprimorar sua espiritualidade e contribuir para o bem comum.

Sindicâncias Rigorosas

Para garantir que apenas os candidatos mais adequados sejam admitidos, é essencial realizar sindicâncias rigorosas. Isso vai além de uma simples verificação de antecedentes, envolvendo uma profunda compreensão da qualidade moral e ética do indivíduo. As sindicâncias devem explorar não apenas o histórico pessoal e profissional do candidato, mas também seus valores, princípios e motivações para ingressar na Maçonaria.

Foco na Qualidade

Ao invés de se concentrar exclusivamente no crescimento numérico, as lojas maçônicas devem priorizar a qualidade dos membros. Afinal, é através da qualidade dos seus membros que a Maçonaria pode cumprir sua missão de promover o desenvolvimento moral e espiritual da humanidade. Escolher os melhores entre a sociedade é essencial para garantir que a Maçonaria continue a ser uma instituição de excelência e relevância no mundo moderno.

Formação Ética e Moral

Uma vez admitidos na Maçonaria, os novos membros devem passar por um processo de formação ética e moral. Isso envolve a transmissão dos princípios maçônicos fundamentais, bem como a orientação e mentoria por parte dos membros mais experientes. Através deste processo, os novos membros são incentivados a refletir sobre seus valores e comportamentos, e a incorporar os ensinamentos da Maçonaria em suas vidas diárias.

O Papel Transformador da Maçonaria

A Maçonaria tem o poder de transformar e melhorar os homens, mas essa transformação só é possível quando se começa com os melhores materiais. Ao escolher cuidadosamente os candidatos mais qualificados e comprometidos, as lojas maçônicas estão investindo no futuro da fraternidade e garantindo que ela continue a desempenhar um papel significativo na sociedade.

Conclusão

Em um mundo cada vez mais complexo e desafiador, as lojas maçônicas enfrentam a responsabilidade de garantir que sua loja seja composta por indivíduos de caráter exemplar e comprometidos com os valores da ética e da moral. Ao adotar uma abordagem de seleção rigorosa e enfatizar a formação ética e moral de seus membros, as lojas maçônicas podem garantir um crescimento sustentável e contribuir para um mundo mais justo, compassivo e fraterno.




MAÇONARIA, DE OPERATIVA PARA ESPECULATIVA



Quando a Maçonaria passou da fase Operativa para a fase Especulativa, em 1717, ou seja, quando a Ordem deixou de ser composta apenas de construtores e passou a acolher homens cultos, que não tinham ligação direta com as grandes construções, estes homens, lotaram Lojas Maçônicas por toda a Inglaterra, Escócia e França. Vale lembrar, que neste período inicial, a Maçonaria só tinham dois graus.

Durante o Iluminismo, o termo "especulativo'' significava um exercício da mente, e não um investimento em títulos de alto risco.

A Ideia dessa nova versão da Maçonaria filosófica se tornava popular com rapidez. Mas, apesar de gostarem da ideia de basear a fraternidade nas guildas de ofício e suas cerimônias, de alguma forma era necessário algo maior.

Como resultado disso, alguns homens escreveram alguns rituais e cerimônias baseados nos antigos, com algumas novas mudanças. A fascinação pela antiga guilda, novos aprendizados, a alegoria bíblica, os mistérios e um pouco de drama levaram à criação de um terceiro grau, o de Mestre Maçom, por volta de 1725-26.

Representado pela primeira vez como uma peça teatral com um elenco totalmente maçônico na Sociedade Apolínea para os Amantes da Música e Arquitetura (Philo Musicae et Archiecturae Societas Apollini) em Londres, ele contada de forma dramática duas histórias: a construção do Templo do rei Salomão e a Morte de Noé, e, com a sua morte, a perda do seu "conhecimento secreto".

Fonte: CURIOSIDADES DA MAÇONARIA