maio 18, 2024

NAPOLEÃO BONAPARTE



Dizem que Napoleão Bonaparte classificava seus soldados em 4 tipos de pessoas:

1. Os inteligentes com iniciativa;

2. Os inteligentes sem iniciativa;

3. Os ignorantes sem iniciativa; e

4. Os ignorantes com iniciativa.

Aos inteligentes com iniciativa, Napoleão deu funções de comandantes, como generais e estrategistas.  

Aos inteligentes sem iniciativa, Napoleão designou cargos oficiais, os quais receberam ordens superiores para cumprir com diligência.  

Aos ignorantes sem iniciativa, Napoleão os colocou na linha de frente da batalha para serem "carne de canhão".  

Pessoas ignorantes com iniciativa, Napoleão não queria perto de seus exércitos.

Um ignorante com iniciativa faz o que não deve, fala o que não deve, se envolve com quem não deve, arruina tudo o que toca, e depois diz que não foi intencional.


maio 17, 2024

BODE NA MAÇONARIA?




NÃO! Em nenhum grau da Maçonaria existe qualquer referência (simbólica ou não) a este animal como parte da nossa simbologia. A associação do bode com a Maçonaria certamente sugiu de fora para dentro, ou seja, de pessoas que não conheciam a Ordem (ou que simplesmente queriam depreciá-la). 

O animal pode ter sido associado à figura de Baphomet (que também não faz parte de nossa simbologia e nem dos Templários) e, por ignorância, associado à Ordem Maçônica. O bode também foi tomado por Jesus como um animal desprezível, pois profetizou que, dentro da salvação, sob o aspecto religioso, as "ovelhas" seriam separadas dos bodes.

A associação do animal à Maçonaria é tão antiga que, os próprios maçons, ironicamente, se divertiam com tudo isso, e passaram a se chamar, um ao outro, de "Bode". Hoje, é comum, um maçom chamar o outro de bode, e ainda, usar adesivos em seus carros com a imagem do animal. Para nós é divertido, mas, nunca houve qualquer relação da Maçonaria com ele.

Fonte: Curiosidades da maçonaria.

A JOIA DO DIÁCONO - Pedro Jul

De fato, não há nenhum significado iniciático ou mesmo uma interpretação simbólica exclusiva para essa diferenciação de joias.

Desse modo, a joia do Diácono, não importando seja ele o 1º ou o 2º, é simplesmente uma pomba, sobretudo porque esse é um dos símbolos consagrados do mensageiro (a Arca de Noé e a pomba; o pombo correio, etc.).

Na Maçonaria Operativa, levando-se em conta a grandiosidade dos canteiros de obra e a rusticidade dos trabalhos profissionais, as lojas operativas possuíam os seus mensageiros que tinham por dever de ofício encaminhar ordens dos dirigentes dos trabalhos. Normalmente desses mensageiros ficava à disposição do Mestre da Obra e o outro a serviço dos “wardens”, mais tarde, os Vigilantes.

Graças a essas atividades hauridas dos canteiros profissionais do passado, alguns ritos especulativos da Maçonaria dos Aceitos revivem esses mensageiros atuando como antigos oficiais de chão.

Assim, nos ritos que possuem oficiais mensageiros, agora conhecidos como Diáconos, os mesmos exercem atividades de acordo com o modelo iniciático (prática ritualística) exigido pelo rito.

No R∴E∴A∴A∴, por exemplo, os Diáconos atuam única e exclusivamente na alegoria da transmissão da palavra sagrada que emblematicamente revive as antigas aprumadas e nivelamentos que ocorriam nos cantos da obra, assim exigidas no início e no encerramento dos trabalhos nos tempos da Maçonaria Operativa.

Na prática, essa aferição tinha o desiderato de produzir trabalhos a contento, aprumando e nivelando os cantos no início da jornada para uma justa e perfeita elevação das paredes e, ao final, conferindo para se certificar se os trabalhos transcorreram justos e perfeitos, ou seja, se ocorreram em conformidade com as exigências da arte.

Como atualmente não somos operativos e vivemos uma Maçonaria Especulativa, isto é, sem a literal atividade profissional dos cortadores e entalhadores de pedra, o elemento primitivo da obra (matéria prima) que era a pedra calcária, passou a ser representada pelo elemento homem, passível de aprimoramento.

Nesse sentido, especulativamente as aprumadas e nivelamentos do passado operativo foram substituídas pela transmissão de uma palavra que se estiver dita “justa e perfeita”, isto é, transmitida nos conformes ritualísticos, então os trabalhos da Loja podem ser abertos e respectivamente encerrados.

Essa pois é a razão pela qual existe no R∴E∴A∴A∴ a transmissão na palavra sagrada na abertura e encerramento.

Essa alegoria lembra as atividades dos construtores medievais, nossos ancestrais. Desse modo, os Diáconos, o Venerável Mestre e os Vigilantes, como protagonistas dessa transmissão, revivem simbolicamente essa passagem outrora praticada pelos nossos ancestrais.

É daí que os Vigilantes usam cada qual uma joia distintiva, ou seja, o Nível para o 1º e o Prumo para o 2º, respectivamente, já o Venerável Mestre usa um Esquadro operativo como sua joia distintiva, enquanto que e os Diáconos usam cada qual uma joia representativa do mensageiro, ou seja, a pomba, porém sem que haja qualquer necessidade de diferenciação entre ambas para identificar o 1º e o 2º Diácono. Rigorosamente, as joias dos Diáconos devem, ou, pelo menos, deveriam, ser iguais, sendo, portanto, dispensável que uma delas venha inscrita dentro de um triângulo.

Eram esses os comentários sobre se existe ou não diferenciação entre as joias dos Diáconos. Como dito, não existe e é algo dispensável, até porque assim não se dá oportunidade para interpretações aventureiras e falaciosas que fatalmente apareceriam por conta de achistas e oportunistas.

Concluindo, vale alertar que no R∴E∴A∴A∴, os Diáconos não se prestam ao ofício de levar bilhetes, recados e outros afins. Esse é ofício do Mestre de Cerimônias como imediato do Venerável Mestre. Como mensageiros, os Diáconos, junto com as Luzes da Loja, são coadjuvantes da alegoria da transmissão da palavra sagrada no início e no encerramento dos trabalhos. Reitera-se: essa é a única função dos Diáconos em Loja.

 


maio 16, 2024

NOSSAS TRAGÉDIAS - Sérgio A S Quoos




Os dias vem acumulando dores,

as tragédias são culpadas;

rancores certas vezes afloram,

isso diz muito de que quem somos.


Ainda que privilegiados,

certas vezes nos achamos atacados;

mas as tragédias são as culpadas,

e isso não aceitamos.


Para língua portuguesa o paradoxo;

A água está sobrando,

mas para a vida não serve;

malditas tragédias culpadas.


não são de todo as chuvas,

aquelas que nos castigam;

se trata de nossas atitudes,

as tragédias de nossas vidas.



UM SHORT-TOUR PELO PLANETA ALMA E SEUS SATÉLITES - Newton Agrella



De maneira branda e descompromissada, t
al qual uma brincadeira infantil, as palavras nos permitem intercalá-las e entrelaçá-las em forma, conteúdo e significado, como se estivéssemos no quintal de casa e no chão desenhássemos um punhado de caminhos, e por eles fôssemos passeando.

Nada mais divertido do que se começássemos pela ALMA, que significa o princípio vital, a singela manifestação da vida.  

Dela derivaríamos para o ÂNIMO, que se traduz como o espírito pensante, a disposição da alma, filho da vontade, do desejo e do humor.

Tocando um pouquinho mais adiante pegaríamos um atalho e nos aventuraríamos pelo caminho do ALIMENTO, filho da mesma raíz etimológica, cujo significado é o da substância digerível que sustenta o corpo e a mente, e que por extensão é o dispositivo que oferece a força e mantém as faculdades intelectuais e morais.

Nunca é demais abrir um parêntesis e destacar que numa figura de linguagem "a leitura é o alimento do espírito".

Prosseguindo o passeio e  tomando-se uma outra senda mais remota, desta vez, cheia de buracos, terreno mais acidentado, cheio de curvas, aclives e declives, encontraremos mais uma derivação do mesmo radical etimológico, a famosa ANIMOSIDADE. 

Esta, por sua vez, carrega consigo algumas características marcantes, que a fazem bastante particulares: 

a audácia, a coragem, a ousadia, o ardor frente aos embates, e a contestação nos lances mais polêmicos da vida.

Nesse animado tour, não poderíamos nos furtar de transitar por um caminho derradeiro, o ANIMAL, que seja como substantivo ou adjetivo, seu significado é o legítimo produto da vida. 

É a natureza que se materializa física e mentalmente.  

É a consciência que se estabelece entre a fé e razão da própria Existência. 

Como epílogo dessa brincadeira, cabe registrar que na essência filosófica antropocêntrica a ALMA e seus derivados assumem uma identidade imaterial e eterna do homem.

Desfrutar da vida é um jogo de permanente atenção aos desafios e de adaptação às mais diversas circunstâncias, impondo-nos um olhar crítico e construtivo ao nosso comportamento humano.

Ergamos pois, um brinde à ALMA, esconderijo mais íntimo de todas as nossas emoções e confidente guardiã de nossas experiências 



maio 15, 2024

DESISTÊNCIAS E AUSÊNCIAS - A EROSÃO DA ORDEM - Antonio Jorge

 

Porque será que temos um nível tão elevado de desistências e/ou de não comparências nas Sessões?

Normalmente, o que nos leva a desistir de algo é um sentimento de expectativas não correspondidas, acompanhado pela sensação de que tal não irá ocorrer “em tempo útil”. 

Este sentimento aplica-se a tudo que fazemos já que é intrínseco ao processo de avaliação que permanentemente fazemos sobre tudo em que nos envolvemos. 

Todos criamos expectativas e as avaliamos face à realidade; desistimos quando achamos que a probabilidade de as nossas expectativas serem correspondidas é mínima ou inexistente, ou o “timing” para que tal se verifique é excessivo.

Ora isto leva-nos a uma segunda pergunta: quais são as expectativas que os candidatos têm e até que ponto consegue a Ordem responder? 

Naturalmente, há seguramente expectativas aos quais a Ordem não tem que, nem pode corresponder – estes são os erros de “casting”. 

Correspondem normalmente a candidatos com uma visão demasiado distorcida da Ordem, que os leva a criar expectativas muito próprias e/ou baseadas numa ideia de se servir em vez de servir.

Mas se considerarmos que temos candidatos que foram supostamente bem seleccionados; que foram supostamente bem avaliados e que foram supostamente bem escrutinados durante a votação, então os erros de “casting” deveriam ser mínimos – talvez não esteja aqui a resposta à pergunta. 

Mas será que podemos considerar isto?

O processo de avaliação do candidato que se prolonga por meses e por vezes até por anos, aliado à “aura” de mistério e ao “secretismo” que são normalmente associados à Maçonaria, ajudam a potenciar ilusões, por mais fantasiosas que elas sejam, criando por vezes, expectativas ao qual a Ordem não consegue dar resposta, até porque, embora cada um de nós construa o seu próprio Templo, a Maçonaria é só uma, não se podendo moldar aos desejos de cada um.

Assim sendo, talvez valha a pena olharmos para dentro, e para o fazermos talvez valha a pena partir de mais uma pergunta: O que é que nós fazemos como Maçons? 

Reunimo-nos algumas vezes por mês, vestimos uns aventais, de preferência com ornamentos cintilantes, colocamos alguns símbolos e executamos um ritual. 

Durante as sessões, há alguns assuntos que tendem a se destacar: discussão intermináveis de regulamentos e burocracias da Loja (a Grande ou a nossa); leitura de comunicados, inquirições e respectivas votações; de longe em longe, a leitura de uma prancha, nem sempre discutida; de longe em longe também, a discussão de algum assunto mais relevante, mas sempre virado “para dentro”. 

Isto é o que temos para oferecer aos neófitos – será que corresponde às suas expectativas? 

Ou será que esperavam outra coisa? 

Será que esperavam uma Ordem mais preocupada com o exterior e menos voltada para si mesma?

Quando tentamos responder à pergunta: O que é que a Maçonaria faz? 

De exterior e de concreto, temos pouco; ou seja, quem procure a Maçonaria como uma via para a intervenção Social no apoio ao seu semelhante, poderá sentir que não está no lugar certo. 

Resta-nos esperar que o interior seja suficiente; restamos esperar que “a construção interior de um homem melhor…” dê frutos e ter esperança que a capacidade de fazer com que os recém iniciados percebam o mais precocemente possível o valor deste processo e que o valorizem, permita suplantar eventuais outras expectativas não correspondidas.

Creio ser possível agrupar os candidatos em três grupos, em função das suas expectativas e perfis:

1- Tontos, sonhadores, negociantes e pessoas à procura de substitutos terapêuticos para o dominó no jardim: para este grupo, não temos (nem devemos ter) nada que lhes possa interessar. 

Importa detectá-los o mais precocemente possível e desiludi-los – implica desde logo que os seus “padrinhos” tenham consciência disto e sejam o primeiro filtro.

2- Candidatos com um vertente mais espiritual: Creio ser fundamental mostrar-lhes o caminho, o método, e acompanhá-los o melhor possível na sua progressão. 

É importante que reconheçam e valorizem as possibilidades de crescimento individual que a Maçonaria lhes pode proporcionar.

3- Candidatos com uma vertente mais forte de solidariedade e ajuda ao próximo: devemos avaliar se temos uma resposta suficiente para este grupo e devemos tê-la – é importante que se identifiquem oportunidades para que a Maçonaria se torne um verdadeiro parceiro em termos sociais, evitando assim que tenda a ser vista (injustamente) como um grupo de pessoas que ninguém sabe o que faz, mas que eventualmente o que faz, é mais em função dos seus interesses, do que em benefício da sociedade.

À guiza de conclusão deste texto que já vai longo, deixo mais algumas perguntas:

Até que ponto o foco na quantidade e não na qualidade, abriu a porta a McMaçons, que, até que percebam que aqui não se vende fast-food “maçónico” e que talvez seja preferível ir bater a outra porta, vão deixando a sua marca na Ordem, marca essa que nem sempre é boa?

Como deve ser interpretada a quantidade de Mestres que tendo passado os dois graus anteriores, se afastam, muitas vezes continuando a pagar quotas, como se se quisessem afastar, mas não romper a sua ligação?

Estão os Irmãos que escolhemos para liderar, devidamente motivados / preparados / disponíveis / alerta para a necessidade de termos Lojas motivadoras em que cada sessão e cada actividade acrescente algo à vivência dos Irmãos?

Deverá a tentação de mostrarmos ao exterior aquilo que julgamos que o exterior quer ver – uma instituição focada nos aspectos sociais e na solidariedade -, sobrepôr-se ao que realmente sabemos fazer bem e para o qual a Maçonaria foi criada: uma instituição vocacionada para transformar homens bons em homens ainda melhores?

O futuro da Maçonaria joga-se em quatro “Is”:

1- Identificação dos candidatos,

2- Inquirição dos candidatos,

3- Iniciação dos profanos,

4- Instrução dos membros

Estaremos a preparar convenientemente todos os envolvidos, para assegurar que cada profano que passa por este processo se torne num caso de sucesso como Maçom? 

Estaremos bem organizados em termos de acolhimento, formação e acompanhamento, para detectarmos precocemente os problemas e resolvê-los antecipadamente?

A análise profunda destes quatro I’s é um excelente tema para trabalhos que desde já desafio os leitores a fazer. 

Cá estaremos para os publicar.

Se de cada ato, de cada palavra, não resultar o enriquecimento interior dos Membros da Ordem, se a Ordem não integrar a vida dos Membros, então os Membros poderão não integrar a vida da Ordem.





UMA JORNADA ALQUÍMICA NO CORAÇÃO DOS MAÇONS - Wagner Tomás Barba

 


DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DA ARTE REAL: 

UMA JORNADA ALQUÍMICA NO CORAÇÃO DOS MAÇONS

Introdução

Desde tempos imemoriais, a humanidade tem buscado compreender os mistérios do universo e do próprio ser. Nas antigas tradições, encontramos vestígios dessa busca incessante por conhecimento e iluminação espiritual. Uma dessas tradições é a Maçonaria, uma sociedade discreta e antiga, envolta em mistério e simbolismo, que tem fascinado e intrigado inúmeras mentes ao longo dos séculos.

No cerne da Maçonaria reside a chamada "Arte Real", um conjunto de ensinamentos e práticas destinados a guiar os iniciados em sua jornada rumo ao aprimoramento pessoal e à compreensão dos segredos do universo. Mas o que realmente acontece no coração dos maçons que desvelam o verdadeiro significado dessa Arte?

A Transformação Alquímica do Ser

Comparável aos alquimistas que buscavam a transmutação dos metais vulgares em ouro, os maçons que mergulham nas profundezas da Arte Real empreendem uma jornada de transformação interior. Não se trata apenas de adquirir conhecimento intelectual, mas sim de vivenciar uma metamorfose qualitativa do caráter e da consciência.

Assim como o alquimista trabalha em seus cadinhos e retortas para purificar os elementos e alcançar a pedra filosofal, o maçom se empenha em purificar suas próprias imperfeições e limitações, buscando atingir um estado de elevação espiritual e moral. É um processo árduo e exigente, que demanda autoconhecimento, disciplina e dedicação.

O Desvelar de Visões

À medida que o maçom avança em sua jornada iniciática, ele se depara com um mundo de simbolismo e significados ocultos, que gradualmente vão se revelando diante de seus olhos. Assim como o cientista desvenda os mistérios da natureza por meio da observação e experimentação, o maçom desvela os segredos da Arte Real por meio da contemplação e reflexão.

Cada símbolo, cada ritual, cada ensinamento transmitido na loja maçônica possui múltiplas camadas de significado, que ressoam no âmago do iniciado e o conduzem a uma compreensão mais profunda da realidade que o cerca. É como se um véu fosse gradativamente retirado de seus olhos, permitindo-lhe enxergar além das aparências e alcançar uma percepção mais aguçada do mundo e de si mesmo.

A Percepção do Todo e da Parte

Um dos aspectos mais fascinantes da jornada maçônica é a capacidade de perceber a interconexão entre todas as coisas e compreender qual é o papel individual dentro do grande esquema universal. Assim como o cientista estuda as leis que regem o universo para compreender sua posição relativa no cosmos, o maçom contempla os mistérios da criação para discernir sua função e responsabilidade como agente ativo no mundo.

Ao transcender as limitações do ego e expandir sua consciência para abarcar a totalidade do ser, o maçom se torna capaz de perceber a beleza e a harmonia que permeiam todas as coisas. Ele compreende que cada indivíduo é uma peça essencial no grande quebra-cabeça da existência, e que suas ações reverberam por todo o tecido do universo.

Como já dizia o Grande Chefe de Seattle: “Não somos a teia da vida, mas apenas um de seus fios.”

Consequência: O Caminho da Sabedoria

Assim sendo, podemos dizer que a jornada maçônica é uma busca pela sabedoria e pela verdade interior. Assim como o alquimista que busca a pedra filosofal para alcançar a iluminação espiritual, o maçom busca a compreensão dos mistérios da vida e a realização plena de seu potencial humano.

Na senda da Arte Real, ele encontra não apenas um conjunto de ensinamentos e práticas, mas sim um caminho de autotransformação e crescimento espiritual. É uma jornada que desafia as noções convencionais de realidade e transcende as fronteiras do conhecimento humano, conduzindo o iniciado a uma compreensão mais profunda de si mesmo e do universo que o cerca.

Portanto, que cada maçom que se aventura nessa jornada esteja ciente do desafio que o aguarda, mas também da promessa de realização e plenitude que o acompanha. Pois na senda da Arte Real, aquele que busca com sinceridade e determinação encontrará, no final, a luz da verdade que iluminará seu caminho para a eternidade.



UMA LEITURA SUBJETIVA DO TRIDENTE NA MAÇONARIA - Ivan Froldi Marzollo


Considerado um Símbolo solar e mágico que representa o Poder, a Força, o Universo, o “Tridente” é um objeto que lembra um garfo contendo 3 pontas. Foi utilizado como uma arma pelos gladiadores na Antiguidade, porém foi substituído por lanças com apenas uma ponta. Na Mitologia este Símbolo ganha maior destaque.

Na Mitologia Celta e Nórdica, o “Tridente” é um Símbolo Sagrado usado por qualquer homem cujo objetivo era a união sexual com a Deusa Tríplice, sendo usado principalmente em rituais de fertilidade. Na Mitologia Hindu, o “Tridente” também é conhecido como “Trishula”, sendo o emblema do Deus Shiva. O “Trishula” representa a Força e a União, e é o objeto carregado por Shiva, o Deus da Destruição, que pode ainda simbolizar a Tríade: passado, presente e futuro. Da mesma maneira, outra Divindade Hindu é figurada com um “Tridente” nas mãos, o antigo Deus do Fogo “Agni” montado em seu carneiro.

Na Mitologia Africana, “Exu”, o Orixá Mensageiro da Comunicação e do Movimento, carrega um “Tridente” que simboliza o Poder, a Força e os Mistérios. Assim, as três pontas do “Tridente” buscam a Evolução Espiritual por meio da Sabedoria e do Equilíbrio. Nas Mitologias Romanas e Gregas, os Deuses das Águas Subterrâneas e Submarinas, “Netuno” (Romano) e “Poseidon” (Grego), carregam um “Tridente” ou um arpão de três pontas.

O Símbolo da Psicologia é o “Tridente” que também representa a 23ª letra do alfabeto grego, o “Psi”. Ele igualmente pode representar a Tríade das forças presente na Teoria Psicanalítica de Sigmund Freud, sendo elas o id (inconsciente), ego (pré consciente) e o superego (consciente). Além disso, cada ponta do tridente, pode representar o tripé das correntes psicológicas, o comportamentalismo, a psicanálise e o humanismo; e, ainda as três pulsões humanas: a sexualidade, a espiritualidade e auto conservação (alimentação).

Emblema do Deus supremo do Hinduísmo, na Índia, o tridente chamado de “Trishula”, que representa a força e a união, é o objeto carregado por Shiva, Deus da energia criativa, da transformação e da destruição. Com efeito, o trishula (tridente), símbolo solar, representa na figura de Shiva, os raios e seus três papéis, ou seja, o destruidor, o criador e o preservador; e ainda, pode representar as tríades: inércia, movimento, equilíbrio ou passado, presente e futuro. 

Da mesma maneira, outra divindade hindu é figurada com um tridente nas mãos, ou seja, o antigo deus hindu do fogo, Agni, montado em seu carneiro. "O tridente é uma simbologia magística do ternário em conjunção com a mãe terra, ou seja representa as três pontas voltadas para cima, buscando alcançar o limiar das alturas e com isso, a evolução espiritual que se faz necessário a todos os seres, quer sejam encarnados, quanto desencarnados, e sendo que a sua base vai a terra, é indicativo que essas entidades (Exus e Pombagiras) estão atreladas à vida mundana da terra e com ela buscam a sabedoria e o equilíbrio necessário para que assim possam crescer materialmente.

O tridente em si mesmo, possui os quatro elementos primordiais: o ar água e fogo devido as suas três pontas voltadas para cima, e ao elemento terra (que é associado simbolicamente pelo numero 4) devido a haste central que tem como base a terra, formando em si mesmo uma ferramenta magisticamente perfeita" o tridente representa os quatro elementos primordiais: a água, o fogo, o ar (três pontas voltadas para cima) a terra (ponta central voltada para baixo) e, por isso, trata-se de um símbolo da união, do universo, da totalidade. É associado à trindade divina: aquele que cria, o que preserva e o que dissolve e transforma. Segundo os cristãos: Deus Pai, Deus Filho e o Espirito Santo. Segundo o Hinduísmo: Brahma, Vishnu, Shiva. Respetivamente para ambas as religiões.

Tal como na religião Católica em que, enquanto o Pai e o Filho trabalham com as almas individualmente, O Espirito Santo trabalha com a coletividade de todas as almas, sendo o seu principal objetivo fazer cumprir o Plano Divino inicial da melhor forma purificando e eliminando os desvios, Shiva – o seu correspondente, age da mesma forma e, por isso é chamado de o benéfico. 

No contexto mais amplo da espiritualidade, o tridente pode representar a trindade divina, como a união do Pai, Filho e Espírito Santo no cristianismo. Ele também pode simbolizar a tríade de corpo, mente e espírito, ou os três aspectos da divindade feminina: donzela, mãe e anciã. Após explorar diferentes visões e interpretações sobre o que significa tridente no mundo espiritual, podemos concluir que esse símbolo possui significados variados e multifacetados. Ele representa poder, proteção e conexão com forças divinas em diversas tradições espirituais. A prática e o estudo dessas tradições podem ajudar a aprofundar nossa compreensão e experiência do tridente no mundo espiritual.

Mistério (do grego mystérion) é um termo que vem do verbo myéin, que significa calar. Assim, o termo mýstes se aplica a tudo que se fecha, e por derivação temos o místico, (mystikós), que se refere a quem conhece e guarda os Mistérios. E por derivação, também, temos o termo myesis, que designa os ritos que se ligam a essas tradições, ou seja, o que chamamos de iniciáticas, quatro elementos da natureza (água, terra, fogo e água), são também reminiscências de antigos rituais. 

Os quatro arquétipos do psiquismo humano, segundo as tradições desses povos, que são o guerreiro, o xamã, o visionário e o sábio, são ecos dessa tradição longínqua, nas quais a intuição dos povos mais ligados a natureza nos dão uma formidável lição de sabedoria e como associamos o símbolo do tridente cinge este conhecimento. 

Na mística própria das sociedades iniciáticas, trata-se de uma semente que é plantada na sua alma e deverá, a partir do momento de sua iniciação, começar sua marcha em busca da iluminação, à semelhança da semente que é lançada ao solo, e depois de um período de incubação, inicia sua ascensão em direção ao sol, a base no solo e as três pontas corpo mente e espirito. Mesmo o catolicismo, cuja doutrina condena abertamente todas as formulações rituais dos povos antigos, por considerá-las pagãs, não deixou de incorporar á sua liturgia diversos elementos de magia ritual dm suas sagrações, como o compartilhamento da hóstia, os ritos da Paixão e Morte de Jesus, a Missa do Galo, etc. 

E nesse particular, também é interessante notar que alguns evangelhos gnósticos mostram um Jesus místico, praticando rituais de iniciação com seus discípulos. Nesse sentido, até a morte de Lázaro, descrito no Evangelho de São João, como um dos seus mais impressionantes milagres, teria sido, na verdade, um ritual para demonstrar aos seus discípulos o poder da sua doutrina de regeneração .

É certo que uma boa parte do simbolismo maçônico é proveniente de antigas tradições como os pitagóricos, os quais forneceram as bases do conhecimento arcano utilizado pelos profissionais dos antigos Collegia Fabrorum romanos. A Arte Real, pois esta era uma manufatura que integrava o espírito religioso, feito para ligar o homem com a divindade, com o espírito da ciência, feito para o homem desenvolver na terra, a obra do Criador.



maio 14, 2024

O SONHADO E O POSSÍVEL - Sebastião Telles Filho


O sonhado e o possível sob a perspectiva de uma Loja Maçônica

Com a simples entrega duma proposta de admissão nos Augustos Mistérios a um candidato, temos o inicio daquilo que podemos chamar de ‘vínculo tácito’, sim, tácito, porque esta vinculação não compromete o futuro adepto materialmente a loja que fora representada pelo Mestre observador externo (expressão autoral), uma QUALIDADE importantíssima para a manutenção do status quo da Instituição.

A possibilidade de se sentir pertencido a um grupo, associação, clube, religião, sempre despertou no ser humano interesses com as mais diversas variáveis: bem comum, status, poder, prestigio, etc, e ouso a afirmar que isto faz parte do processo civilizatório.

De toda sorte, a forma de ingresso têm suas particularidades, mas não há a olhos vistos, alguma instituição que trabalhe a entrada do iniciando com tanta preocupação em desenvolver nos sentidos humanos características essenciais ao seu desenvolvimento, o Divino e a Ciência.

Como a síntese se faz necessário no “Quarto de hora do Tempo de Estudos”, não aprofundaremos na iniciação em si, mas na consequência desta, e é aí, que nos deparamos com o sonhado e o possível.

Ensina o Prof. Bauman que, há mais de dois milênios, os sábios da Grécia desenvolveram a noção de PAIDEI, ou seja, uma ideia de transformação por toda a vida. No mesmo sentido, o historiador Luis Antônio Simas, um estudioso da filosofia africana, nos apresenta a importância da oralidade e a sua força quando emanada a partir dum Griot, cuja representação da honra, conhecimento e experiência são matérias primazes para a comunidade a que pertença.

Nestas duas referências em análise de comparação, nos esclarece que o desejo de pertencimento do individuo a uma Loja está vinculado à transformação pessoal. Ora, se nos deparamos com um arcabouço de símbolos, obras cientificas, e até mesmo MAÇONS, cujo seus atos, positivos ou negativos, nos são referências de fazer e não fazer, a Loja na representação do seu quadro de obreiros tem dois tensionamentos que titulam este artigo, o sonhado e o possível, em contra ponto, como já revelado, a paixão pela sociabilidade e, paixão pela individualidade. Este tipo de dualidade de intenções e dialética impacta objetivamente a Loja. (façamos um regresso de memoria…)

Levando em consideração as grandes diferenças individuais que são importantes para a maçonaria, e estas dão sentido ao NIVELAMENTO proposto, a Loja espera que a dedicação e os compromissos assumidos em posição genuflexa diante do Sagrado, tragam para ela o tão sonhado Maçom ideal…

A psicologia nos ensina que a construção do IDEAL DE EGO, é iniciada em casa, na escola, nos espaços de lazer, ou seja, o homem adquire e projeta modelos de convivência social fundada nestas experiências.

Sonhamos com obreiros úteis e dedicados, no entanto, não é o caminho que faz o caminhante, e sim o contrario. Ouvimos inúmeras vezes que uma de nossas Obras importantes é o auto desbastar, e este dar-se-á cada qual ao seu TEMPO. Porém, a Loja é a GRANDE OBRA FÍSICA que, diante de tantos trabalhos individuais, alguns complexos, outros menos, precisa do MAÇOM POSSÍVEL.

Um ótimo exemplo sobre o sonhado e o possível vem do Rev. Marthin Luther King, e do nosso herói da Pátria Luís Gonzaga Pinto da Gama. MLK toma conhecimento dos casos de racismo em Montgomery/Alabama, em especial, a uma senhora, Rosa Parks, que sofre a violência no interior de um coletivo por APENAS sentar em local EXCLUSIVO para brancos. Saldo: desencadeia-se um boicote a empresa de ônibus em virtude do fato. O Rev. King lidera o feito com enorme adesão forçando a prestadora de serviço rever sua politica de segregação.

Luís Gama (1830 – 1882) nos reforça a ideia de sonhado e possível, rábula com uma percepção apurada para a publicação das legislações garantistas do século XIX, como por exemplo, a Lei 07 de Novembro de 1831 (escravos que entrarem no território ou portos, ficam livres), entre o sonhado e o possível, este advogado percebeu que a constituição do império 1824 e a lei infraconstitucional (apelidada para inglês ver) abriam possibilidades para garantir liberdade de mais de 500 negros que entraram por estas terras pós o advento da normativa que, até então, não havia noticias de sua eficácia. Luís Gama, muito influenciado pelos ideais maçônicos à sua época, e, sobretudo, membro fundador da Loja América junto a Rui Barbosa, levou a júri as demandas dos invisíveis argumentando que entre o sonhado e o possível, há um abismo, mas nada nos impede de se construir pontes…

Irmãos, quando vos apresento dois personagens com características tão díspares e similares, torno a lembrar que ambos são construtores sociais que pautaram seus objetivos na busca do sonhado e do possível, ambos tiveram dificuldades, hesitações, e quem não as tem? Mas optaram por construir pontes.

A preparação do caminho inicia-se bem antes do futuro postulado. Aquele quem um dia receberá a proposta, se dê conta que haverá o momento de se bater a porta do Templo, o sonhado torna-se possível pelas mãos do Observador Externo, a quem chamamos de padrinho. É neste momento que nos diferenciamos dos demais, ainda que eles, os profanos, sejam bons cidadãos, profissionais, altruístas, em alguns casos sacrificam-se pela humanidade, ainda assim, é em nossa oficina que exercitamos o autocontrole, o autoconhecimento, e a conexão com Aquele que tudo vê!

Sonhar é intangível, porém, o possível é construível.

E é neste sentido que se segue a Grande Obra, despertando mentes e corações pois, os verdadeiros obreiros da Arte Real, aqueles que ajudam o VENERÁVEL MESTRE a abrir a Loja, têm por OBRIGAÇÃO ser exigentes consigo mesmos, e tolerantes para com os outros.

Entretanto, se faz mister o exercício inexorável do SER-VIR e não VIR-a-SER, pois o primeiro não esmorece com a rudeza do caminho.

LOJA MARY'S CHAPEL - A LOJA MAIS ANTIGA DO MUNDO


 

Por séculos, esta questão intrigou os Maçons. Embora existam lendas que apontam a Loja de Kilwinning, na Escócia, como a mais antiga do mundo, as evidências históricas documentadas deram o título à Mary's Chapel (ou Loja de Edimburgo Nº 1), como a Loja Maçônica mais antiga do mundo.

De acordo com registros verificáveis, a Loja Mary's Chapel, possuia os documentos mais antigos, datando de 28 de dezembro de 1598, conhecidos como os Estatutos Schaw.

Esses estatutos nomeados por William Schaw, Mestre de Obra e Vigilante Geral do ofício maçônico, afirmam que a Loja em Edimburgo é considerada a primeira e principal na Escócia. Ao longo do tempo, essa Loja passou por várias mudanças e, em 1736, participou da criação da Grande Loja da Escócia. Antes disso, em 1600, a Loja começou a admitir membros não operativos, marcando a transição para a Maçonaria Especulativa na Escócia.

Apesar das alegações sobre a Loja de Kilwinning ser a mais antiga, não há provas conclusivas, e a Mary's Chapel permanece como a mais antiga com registros verificáveis, datados de 1599.

Ela possui um rico legado de iniciações e membros notáveis. Em 1721, Jean-Theophile Désaguliers, filósofo francês e Vice-Grão-Mestre da recém-formada Grande Loja de Inglaterra, visitou a Loja, causando curiosidade e questionamentos entre os maçons escoceses.

A Lenda de Hiram Abiff:

Em 1720, o artista italiano Giovanni Francesco Barbieri apresentou uma obra lavrada na Loja Mary's Chapel, reproduzindo a Lenda de Hiram, chefe dos construtores do Templo de Salomão. Essa lenda se tornaria parte integrante da ritualística maçônica, indicando que a Loja já possuía conhecimento dela antes de 1725.

A história da Loja Maçônica Mary's Chapel é um tesouro da Maçonaria, guardando segredos e tradições ancestrais. Seu legado atravessa séculos e continua a ser um farol de sabedoria. A busca pela verdade e pela harmonia universal ecoa através dessa instituição venerável, que permanece como guardiã de uma longa e rica história maçônica.

Fonte: CURIOSIDADES DA MAÇONARIA

maio 13, 2024

13 DE MAIO - Adilson Zotovici


Faz a data a alusão

Do fim de estação escura

Da humanidade aberração

De cruel escravatura


Eis aí a grande questão !

Quiçá, só semeadura

Duma dita abolição

E mudança de postura


Movimento  à  proibição

Aqui, daquela  loucura

Do homem, a  escravidão


Mas, a inscícia, a tortura  

Da ignóbil segregação 

Impropícia, inda perdura !




MAÇONARIA MISTA - Pedro Juk


Em 01.07.2015 o Respeitável Irmão Thiers Antônio Penalva Ribeiro, Loja Antonio Lafetá Rebelo, REAA, COMAB, Oriente de Montes Claros, Estado de Minas Gerais, formula o que segue: Como sempre, solicito ao prezado Irmão que esclareça minhas dúvidas sobre Maçonaria. Acredito eu que na França exista mais de uma Obediência Maçônica. Qual delas considera a Maçonaria Mista (O Direito Humano) como Lojas Regulares? Essa Obediência francesa é REGULAR? São aceitas em reuniões de Lojas masculinas as mulheres iniciadas nessas Lojas Mistas? Os Homens de Lojas masculinas também frequentam as Lojas Mistas? Sei que as Lojas mistas são antigas, pois, já li sobre a iniciação de Voltaire que foi realizada se não me engano na Loja Nove Irmãs, que é uma Loja Mista. Esperando como sempre uma resposta do Ilustre Irmão, agradeço antecipadamente.

CONSIDERAÇÕES:

A questão de regularidade e reconhecimento é subjetiva e deve ser considerada de acordo com os costumes do País. Em termos de reconhecimento pela Grande Loja Unida da Inglaterra ela, dentre outros, somente considera a Maçonaria efetivamente masculina.

Assim, em se levando em consideração a GLUI∴, qualquer obediência que admita a iniciação de mulheres não é considerada regular.

Dentre a maçonaria que adota essa prática, existem as Lojas Mistas onde são admitidos “pedreiros e pedreiras”, assim como aquelas exclusivamente femininas.

Considerada como regular na França pela Grande Loja Unida da Inglaterra era, pelo menos até há pouco tempo atrás, a Grande Loja Nacional Francesa. Sugiro ao Irmão que faça uma pesquisa atualizada na Internet sobre o assunto reconhecimento.

Algum tempo atrás eu me lembro de ter lhe enviado uma resposta que abordava a Maçonaria e a presença do sexo feminino. Vou reproduzi-la na sequência:

“Direitos Humanos” - Embora citado por René Joseph Charlier in Mosaico Maçônico como um discurso bastante sugestivo produzido por Maria Deraismes, (imagem) historicamente não pode ser considerado como afirmativa comprovada, posto que a sua iniciação na Loja Livre Pensadores é ainda questionada pela história acadêmica. Se existe algum elo, este discurso se rotula como uma espécie de manobra que, sob seu cometimento é fundada em 1.893 a “Ordem Mista Internacional - O Direito Humano”, cuja sede está situada em Paris à Rua Jules Breton, com o escopo de admitir homem e mulher em irrestrita igualdade. Embora belo, o discurso acabaria por assumir uma faceta bastante tendenciosa e contrária aos “Landmarks”, fato que objetivava a época a contração do reconhecimento pela Maçonaria Regular à Ordem Mista Internacional. Nesse aspecto a alocução (tendenciosa) afirmava a iniciação de mulheres no tempo da Franco-Maçonaria (período operativo – canteiros medievais) e até mesmo especulativa anterior aos primórdios do Século XVIII, sendo que estas inferências possuíam mesmo o cunho para vincular uma antiguidade para algo sem qualquer base comprobatória alicerçada por fatores históricos e sociais.

Embora, bastante debatido, a supressão de mulheres na Maçonaria conta ao seu favor os usos, os costumes e a sua tradição, disposta, por exemplo, como princípio fundamental exarado pela Constituição de Anderson – instrumento jurídico básico da Maçonaria Regular. O artigo 4 dos princípios de base para reconhecimento de uma Grande Loja, datado de 4 de setembro de 1.929 pela Grande Loja Unida da Inglaterra, a prevê de forma mandatória. Mesmo as Obediências não reconhecidas pela G∴L∴U∴D∴I∴, como é o caso da Grande Loja da França e do Grande Oriente da França procedem da mesma forma.

A justificativa dessa exclusão é explicada primeiramente por razões históricas sob a alegação de que na época da Maçonaria Operativa era impossível a existência de “pedreiras”. Nesse sentido, quando da fundação das primeiras Lojas inteiramente especulativas no Século XVIII, estas obtiveram o seu arquétipo embasado no período operativo, peculiar de uma instituição tipicamente britânica ou, efetivamente masculina.

Em segunda instância (justificativas para reconhecimento não desse autor que aqui escreve) aparece o agente psicológico e moral que aborda a soi-disant inaptidão das mulheres para guardarem segredo, o que é verdadeiramente uma incoerência e assume as raias do absurdo. Há também a alegação da dificuldade feminina de admitir a igualdade social entre elas e a sua sensibilidade mais ativa do que a dos homens. Em um sistema fechado como é o da Maçonaria onde a sensibilidade se torna mais arrebatada, a vivacidade de certas reações femininas poderia prejudicar o espírito fraternal.

Outro aspecto enfatizado no reconhecimento é o da própria antipatia mais fácil que as mulheres sustentam umas pelas outras, sobretudo se são de idades diferentes, assim como o perigo que o espírito fraternal correria de eventuais adultérios e também das brigas entre homens.

À bem da verdade o Direito Humano (1.893) estimulado por Maria Deraismes tenta resolver as questões colocando o homem e a mulher em pé de igualdade absoluta. Isso está explícito no aforismo que indica bem as suas ideias: “Na humanidade, a mulher tem os mesmos direitos que o homem. Ela deve ter os mesmos direitos na família e na sociedade”.

Conforme citam respeitados autores, o “Direito Humano” foi mesmo produto das reivindicações feministas do final do século XIX e de uma campanha ideológica que tendia a igualdade civil e política. Sob esse prisma, não sem lógica, seria exortado o direito a iniciação maçônica feminina contra a recusa ao mesmo tempo em que elas fossem juridicamente capazes, eleitoras e elegíveis. Os partidos políticos de esquerda de então eram tão antifeministas quanto os partidos de direita e, além disso, estavam hipnotizados pelo temor, postos em voga por Michelet que apregoava a versão de que caso se reconhecesse à mulher francesa direitos eleitorais, a ditadura “clerical” sobreviveria por seu próprio intermédio - (Michelet in Le Prêtre, la Femme et la Famille (O padre, a mulher e a família).

Embora os esforços de uma minoria favorável às reivindicações feministas, as Obediências Maçônicas não às acolheram mais do que os sucessivos Parlamentos em que, após um simulacro na Câmara dos Deputados em final de sessão, o “Voto das Mulheres” foi sistematicamente rejeitado pelo Senado, reprimido pelo grupo de esquerda democrática, cujos membros eram pertencentes ao Grande Oriente da França.

Considerações à parte, nos dias atuais a mulher na França adquiriu a igualdade civil e política, mas não a igualdade maçônica, e o “Direito Humano”, cujas ideias “profanas” triunfaram, continua isolado e sendo considerada como irregular até mesmo pelas próprias Obediências ditas irregulares.

Com o passar dos tempos, alguns pregam uma solução separatória que consiste em uma espécie de “apartheid” dos sexos. Cada qual possuindo a sua própria maçonaria. É o exemplo da Co-Masonry inglesa (existente no Brasil), na qual as mulheres se chamam de Brother. Na França as coisas se complicam quando a Grande Loja Feminina Francesa (exclusivamente formada por damas) é considerada como irregular pelo Direito Humano de Deraismes (note a questão entre as próprias mulheres). As “Irmãs” da Grande Loja Feminina Francesa - constituída em 1.959, recusaram a fórmula “mista”, estimando serem as qualidades femininas específicas, e, por isso, deverem as questões maçônicas ser examinadas por elas no plano feminino, “fora das lojas masculinas”. A Grande Loja Feminina Francesa, originária da Grande Loja da França (Irregular), utilizaria, renunciando aos rituais das Lojas de Adoção, os rituais masculinos do Rito Escocês Antigo e Aceito com respectivas modificações. Note o estado confuso que se aporta.

Outra tentativa conciliatória consiste em dar às mulheres um ritual próprio, mas sem estabelecer para isso uma divisão estagnada entre as Maçonarias feminina e masculina, o que é um contra senso, pois regularmente não existe maçonaria masculina ou feminina – o que existe mesmo é Maçonaria, pura e simplesmente. Essa foi uma fórmula apregoada no Século XVIII haurida das chamadas “Lojas de Adoção” embasadas nas Lojas masculinas (sic). As damas não mantinham sozinhas as Lojas, mas eram assistidas por Irmãos. Em linhas gerais essa era uma solução do antigo regime francês e convinha, sobretudo, à sociedade aristocrática, pois, aparentemente, a intelectualidade feminina não participava dela. Essa espécie de Maçonaria, com os seus símbolos próprios e os seus sinais próprios, persistiu sobre o Império (a Imperatriz Joséphine foi iniciada na Loja Imperial dos Francos Cavaleiros – Loja de Adoção), no século XIX e acabou por fenecer no século XX.

Ainda em outra adaptação consistia na criação de Ordens paralelas e semelhantes à Maçonaria, cuja existência de um ritual regeria os seus “segredos”, todavia não tivessem o nome de Franco-Maçonaria. Desse modelo se apresenta a Ordem da Eastern Star, nos Estados Unidos, a Maria Order, na Noruega, e a Ordem das Fiandeiras, nos Países Baixos.

Em termos conclusivos há que se admitir que se em pleno Século XXI a igualdade dos sexos é admitida em todos os países civilizados, a Franco-maçonaria continua, a despeito dos paliativos, sendo uma organização puramente masculina, isso porque essa é simplesmente a sua natureza. Transpondo a arte de construir para o plano moral, a Maçonaria permanece viril, exatamente como nos tempos operativos. Essa natureza particular pela qual ela se distingue das sociedades civis é, sem dúvida, muitas vezes considerada arcaica, porém está longe de ser verdade se definir o antiquado como um mal e que toda novidade seja um progresso.

Sem qualquer desrespeito à mulher, essa característica é, não obstante, irreformável, como todo “Landmark” cuja característica principal é a de ser imemorial. Lembram as Antigas Constituições: “Nenhum homem, nem nenhum grupo de outros homens tem o poder de modificar um Landmark” e, se, por um acaso pouco provável, o futuro distante reservasse tal modificação, a sociedade assim modificada não seria, simplesmente, mais a Franco-maçonaria.

Embora essas tentativas, vez por outra são aventadas, a tradição o uso e o costume da Maçonaria como sustentáculo da Ordem não pode ser modificado pura e simplesmente por uma razão evolutiva da sociedade ou por certas “vontades” de Irmãos.

Finalizando, o ímpeto de certos irmãos em iniciar mulheres, se confunde pelo próprio desconhecimento de causa. Ora, elas têm a sua própria maçonaria, seja ela mista, ou mesmo feminina. Não querendo abusar da lei do menor esforço, talvez fosse mais fácil aos descontentes solicitar a sua filiação em alguma Loja mista do que perturbar e semear discórdia nos trabalhos de uma Loja Maçônica. Ao Orador da Loja cabe coibir ideias que vão contra o que exara a Constituição da Obediência.


OBSERVAÇÃO – TEXTO BASEADO EM ESCRITOS DEIXADOS PELO SAUDOSO IRMÃO JOSÉ CASTELLANI.

Para consulta bibliográfica.

MELLOR, Allec – La Franc-Maçonnerie à L’heure du Choix (A Francomaçonaria na hora da decisão), Paris, Edit. Mame 1.963.

BOYOU, Rémy – Histórie de la Féderation Francaise de l’Ordre Maçonnique Mixte International “Le Droit Humain” – Bordeaux, Imp. A Jarlet 1.962

MELLOR, Allec – Dictionnaire des Franc-Maçons et La Franc-Maçonnerie, Belfond, Paris, 1971-1979.

Annales Originis Historie de la Fondation du Grand Orient de France – Cronologia histórica da Francomaçonaria Francesa, 1813 e 1.815.

FAY, Bernard – La Franc-Maçonnerie et la Révolution Intellectuelle du XVIII siècle, Paris, ed. De Cluny, 1.935.

Site da Grande Loja Unida da Inglaterra – Pontos de Reconhecimento.

Constituições atualizadas das Obediências Brasileiras.


DESOBEDECENDO A CONTRAMÃO - Newton Agrella


Onde dialogam pessoas SÁBIAS, opiniões divergentes não geram Conflitos, geram Novas Ideias.

Do mesmo modo, isso se aplica  à forma com que um e outro se tratam.   

As reações obedecem a um critério que por vezes se explicam, porém necessariamente não se justificam.

Grosso modo, a alma humana responde pelo instinto e a razão pela consciência.

A Sublime Ordem mostra os caminhos, mas cabe ao maçom    criar as condições ideais para percorrê-lo com zelo, serenidade, inteligência e dignidade.  

Arrogância, autossuficiência, e dificuldade para assumir seus próprios erros e limitações, são apenas dispositivos que inibem a própria capacidade de se superar e trabalhar o templo interior com mais eficiência.

O salário maçônico não se conquista e tão pouco significa o tempo em que se está na Ordem, mas sim, no contínuo amadurecimento íntimo, transparente e individual, da própria essência humana e do nível de consciência das ações e reações a que cada um está exposto neste exercício transitório chamado Vida.

O verbo que  melhor simbolize esta concisa elocubração, que se baseia no caráter conjectural e especulativo da Maçonaria contemporânea,  seja possivelmente o "ceder".

Ceder não impõe que se reconheça o erro e nem que se satisfaça com o acerto.

Ceder é simplesmente "abrir mão" ou "renunciar" a uma postura irresoluta e radical, que impede que se possa olhar o mundo e tudo à sua volta de maneira mais leve, serena, e menos tensa, transformando as relações entre as pessoas em algo mais fluido e natural.

Já estou na fila, e espero que ela não seja tão longa, para que a minha vez chegue antes do que eu imagine.

Vivemos para nos conhecer, e para nos dar a chance de conhecer àqueles, que de um jeito ou de outro  fazem parte do nosso script e contracenam conosco, tanto como protagonistas de nossa história ou mesmo como fugazes  coadjuvantes.