junho 03, 2024

E SE O MUNDO ACABASSE HOJE - Roberto Ribeiro Reis


E se o mundo acabasse hoje? Talvez, essa seja uma das indagações mais constantes em nosso cotidiano.

Temos presenciado tanta coisa ruim acontecendo; temos assistido à banalização da maldade, como se tudo isso fosse normal, como que num filme hollywoodiano.

Fato é que as pessoas parecem ter perdido o senso de indignação face às injustiças, às desigualdades sociais e aos cataclismos de toda espécie.

Se, de fato, o mundo acabasse hoje, o que faríamos: renderíamos culto ao prazer, a tudo aquilo que não tivemos a oportunidade de desfrutar – por falta de tempo ou de condições financeiras – ou nos apegaríamos ao valor espiritual de todas as coisas?

O que valeria mais? Os últimos momentos ao lado da família, dos amigos, buscando uma corrente de forças, ou simplesmente a reverência ao Criador de Todas as Coisas? Ou nossas tendências materiais e animalescas clamariam mais alto em nossa cabeça?

Pode parecer filosofia de botequim, mas não o é! Será que estaríamos preparados, de coração e mente leves para o dia final dessa existência? Será que agiríamos como se (de fato) ela fosse a última, ou se ponderaríamos sobre a ideia de que isso se traduziria –única e exclusivamente- num rito de passagem e de que poderia haver algo maior por trás do véu da morte física?

Amados Irmãos, tais perquirições são típicas de quem é apegado à matéria, e nela vê o substrato de tudo o que existe nesse mundo de provas e expiações; mas será que para nós, Maçons, cuja experiência esotérica e ritualística demonstra que “o outro lado” é algo concreto e iminente, ainda assim podemos insistir em tais pensamentos?

Não pretendemos dar azo a discussões de cunho religioso ou científico, pois essa não é a missão de um Pedreiro Livre; o que desejamos, sofregamente, é despertar a volúpia espiritual em cada um dos Irmãos, de sorte a lhes fazer enveredar, cada vez mais, pelos meandros da Arte Real.

Nossa libido maçônica consiste em fazer com que cada Obreiro possa realizar o seu VITRIOL, diariamente, a fim de que haja uma visita interior rebuscada, e que dela advenham resultados esplendorosos, a partir do momento em que cada um possa se conhecer, verdadeiramente.

Que o conhecimento possa nos libertar, e dar asas à imaginação de cada um de nós; que, ao final, a verdade não se constitua em um mero desiderato a ser perseguido por nós, mas que ela seja se transforme num sentimento que pulule em nossa mente, difunda-se por nossos corações, e extravase-se em nossas ações, sempre em honra e À.’. G.’. D.’. G.’. A.’. D.’. U.’. !!!

A COROA - Charles Evaldo Boller


Quando o Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito passa ao Grau de Mestre, todos os seus Irmãos, independente de Grau, identificam-no por um sinal visível externo; é um Chapéu, que simbolicamente representa uma coroa.

Esta coroa une o que está debaixo dela, o homem, com o que está acima, o divino, servindo de limite entre quem a carrega com sua componente transcendental. E através desta coroa que o Mestre Maçom alcança decisões racionais que estão muito acima da escravidão sensorial.

Esta conexão propicia capacidades que vão além do simples pensar. Se persistir, for dedicado e estudar, este homem será capaz de desenvolver potencialidades elevadas até então desconhecidas para ele.

A coroa do Mestre Maçom sobre sua cabeça é um Chapéu de feltro de abas moles e caídas, sem o qual ele não comparece em Câmara do Meio.

Quando em Sessões de outros Graus é como se esta coroa ali estivesse, pois dentro do Templo, em Loja constituída, é o local onde ele desenvolve sua capacidade de discernimento e visão equilibrada, objetivo de todo Maçom que escala a escada de Jacó.

O chapéu faz de sua aparência uma pessoa eminente, um Venerável Mestre, à semelhança do monge da Idade Média que dirigia construções feitas em pedra. Por terminar em forma de domo, o chapéu afirma uma soberania absoluta sobre si e confirma que ele continua desenvolvendo em sua caminhada de Aprendiz.

Ao elevar-se acima da cabeça, o Chapéu é insígnia de poder e luz, significando conhecimento. Comparar o Chapéu a uma coroa é dar a este o significado de uma capacidade sobre-humana, transcendente. Este paramento simboliza a obliteração do mundo material e concentra simbolicamente capacidades na solução de problemas da humanidade, é o persistir na tarefa de desbastar a Pedra Bruta.

A coroa é como uma antena que simbolicamente se conecta a outra dimensão, uma potencialidade construída na mente. Em sendo negro, sabe-se pelas leis da física que esta ausência de cor absorve todos os comprimentos de onda do espectro da luz visível e invisível aos olhos materiais. Isto permite especular que até linhas de campos de força e outras manifestações energéticas mais sutis podem ser atraídas por esta coroa.

O chapéu do Mestre Maçom funciona assim qual antena que, simbolicamente, o conecta com aquilo que lhe propicia o sopro de vida e que o faz igual a todos os seres viventes da biosfera. Ciente de sua relação com o resto das formas de vida, em suas mais diversas constituições e aparências, o Mestre Maçom se integra com a natureza e desenvolve o amor fraterno para com os seus iguais, para com toda a vida espalhada pelo Universo, inclusive com outras possíveis biosferas de galáxias diversas da que abriga o Sol.

E importante estar desperto e consciente que o Chapéu do Mestre Maçom é apenas um paramento, um artefato material, um Símbolo; o que faz a diferença está debaixo do chapéu, a cabeça, a capacidade intelectual do portador da coroa e o que este intelecto constrói simbolicamente fora e acima do Chapéu.

Ela constitui a recompensa justa da prova que o Maçom faz ao longo da vida, por Edificar Templos à Virtude e Cavar Masmorras ao Vício. Simboliza dignidade, poder, realeza, acesso a um nível de forças superiores, sobrenaturais.

Exige-se esforço pessoal para superar, conhecer e mandar em si próprio, pois é apenas sobre si mesmo que cada ser tem poder absoluto, incontestável. O iluminado subjuga sua mente e corpo e, para progredir, bate implacavelmente nas nódoas que levam ao vício e degradação. Mesmo que sucumba diante da tentação, o simbolismo do Chapéu o fará voltar para a linha reta que conduz ao Oriente, em direção à luz, ao conhecimento, à sabedoria.

O Chapéu representa o verdadeiro poder que está dentro de si, a inclinação interna positiva, o coração que ama fraternalmente, tudo em resultado da capacidade de pensar, afiada constantemente por leitura, estudo e meditação.

O Mestre Maçom tem o ministério de ensinar Aprendizes, Companheiros e outros Mestres Maçons. Aquele Mestre Maçom que desta obrigação se esquiva não é merecedor da coroa. O Irmão que se desenvolveu em sapiência, aprendeu na prática que, ao ensinar outros, o seu próprio conhecimento fixa-se mais, os conceitos e princípios morais que despertam em sua mente agarram-se mais firmemente ao coração e à memória.

Na sua missão de ensinar deve constantemente provocar, instigar, distribuir os seus pensamentos em palavras e participar de forma proativa, conciliadora e entusiasta de todos os debates com temas com os quais a Maçonaria, nos diversos Graus, o provoca.

Debaixo do Chapéu, o Mestre Maçom ouve atentamente as peças de arquitetura, oratórias e discussões de temas com os quais os Irmãos se presenteiam e provocam. É o Chapéu que o freia prudentemente em todas as ocasiões em que fica ordeiramente esperando os outros Irmãos falarem. E nestas ocasiões que treina a arte de ouvir do líder. Debaixo do chapéu ele fica concentrado, calado, ouvindo e anotando o que os outros Irmãos dizem.

Depois ele analisa e absorve o que está ao seu alcance para suprir seu autoconhecimento, monta estratégias e colabora empaticamente no tema com seu parecer, postura e comentário. E ao auxiliar a assembleia de Irmãos com a força do seu pensamento, transmitido por sua capacidade de oratória, além de ajudar aos outros, ele ajuda principalmente a si próprio.

Servir no ensinar não é apenas mais uma razão para tornar-se merecedor do prêmio, a coroa que está sobre sua cabeça, o Símbolo do seu poder, é a principal razão de ele lecionar na escola de conhecimento da Maçonaria. Não existe magia ou mistério; é o servir e a presença constante no grupo que lhe dá poderes que ele nunca imaginava existirem. E este é um poder natural que ninguém usurpa.

O Chapéu representa uma estrutura educacional apoiada em Três Pontos: racional, emocional e espiritual; um apóia o outro, formando um tripé. E do equilíbrio propiciado pelo que simboliza o Chapéu que desabrocha a pessoa completa. Esta educação e o condicionamento elevam o portador do Chapéu à realeza dos Iniciados nos diversos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, onde é livre para pensar e ajudar seus Irmãos através de uma razão esclarecida.

E pelo estudo diligente, pelo treinamento dos sentidos, pela convivência constante que ele atinge o ideal, e este lhe confere realeza, da qual o Chapéu, apesar de sua aparência grosseira, é o Símbolo mais expressivo. Debaixo do Chapéu é a maneira mais nobre de viver o amor fraterno, a única ação capaz de salvar a humanidade de um existir miserável. Debaixo do Chapéu aflora a capacidade de ouvir, ensinar e treinar em Loja, o que faz do Mestre Maçom um líder natural.

Primeiro é importante cuidar de si, porque quem não estiver forte, como ajudará aos outros? Quem não se ama como amará ao próximo? Na relação com outros e consigo mesmo desenvolve a capacidade de tornar-se o amigo sincero e serve ao Irmão no que deve ser feito e não no que aquele deseja; o contrário seria escravidão. E servindo que aflora o líder. Amor fraterno é ação, não sentimento.

O Mestre Maçom que desonra o Chapéu e trata seus Irmãos de forma infame e autoritária, suas ações podem até estar alicerçadas na lei escrita em papel, mas ele não é um líder nato, é um tirano. O líder natural é semelhante ao poder que tem uma mãe sobre seus filhos, ela não precisa impor sua vontade e apenas faz o que deve ser feito para seus rebentos; ela é o melhor exemplo do líder natural. A mãe que tem necessidade de usar do chicote para dirigir sua casa já não tem mais capacidade de liderança natural e exerce poder despótico.

O Mestre Maçom que alcança este Grau de entendimento e perfeição, em sua capacidade de liderança, tem no seu Chapéu a representação simbólica do poder que ele exerce sobre a comunidade.

Ele serve ao Irmão não porque aquele é Maçom e o juramento o exige, mas porque ele próprio é Maçom e depende igualmente dos confrades. O Chapéu representa a capacidade de liderança, é o Símbolo da autoridade que não outorga poder de comando sobre os outros, pois ele próprio fica sujeito a Obediências que lhe são impostas. O Chapéu traduz a perfeita igualdade que deve pairar entre seus pares.

Mas como falar em igualdade nos diversos Graus entre pessoas desiguais? Todos são iguais quanto à essência, por estarem providos do mesmo sopro de vida. Na Maçonaria, quanto mais o Maçom cresce, mais ele se conscientiza que deve servir aos que estão degraus mais baixos da simbólica escada de Jacó.

E o exercício da humildade que lhe dá o devido valor, e é transmitida pela rota, mole e disforme coroa, confeccionada a partir de um tecido ordinário. Ela poderia muito bem ser produzida em aço e cravejada de jóias preciosas, entretanto, de que vale um bem material que pode ser subtraído pelo ladrão ou destruído pela ferrugem? As preciosidades estão debaixo do Chapéu, na forma de pensamentos e ações, valores que ladrão algum deseja e apenas a morte destrói.

O Chapéu induz seu portador a naturalmente usar do dever de governar de acordo com a necessidade da coletividade. O Chapéu representa que seu usuário está fortalecido e não se curva perante desmando, futilidade ou arbitrariedade. E o Chapéu que impede aquele que o usa de transformar-se em déspota. Isto é muito bem retratado quando em sua Loja o bom Mestre Maçom ouve e serve aos outros. E o Chapéu que inspira o propiciar dos meios de concentrar forças para produzir os nobres e elevados anseios dos Irmãos do Quadro.

Longe de exercer a autoridade emanada do Chapéu de forma cruenta, o humilde e prudente Mestre Maçom torna-se líder natural. Ao obter poder servindo ao próximo, ele já é parte da realeza que representa o seu Chapéu, e isto lhe dá a distinção de participar da natureza celeste de seus dons sobre- -humanos, transcendentes. E do Símbolo do Chapéu, do que está debaixo deste, que provém a ação e a capacidade de influenciar os outros a fazerem o que precisam fazer para se tornarem felizes. E a ação do amor em benefício da humanidade. E a ação de construir Templos à Virtude. 

E a ação 4ª vivência do amor fraterno debaixo da orientação dos eflúvios provenientes da coroa, do poder que emana do Chapéu do Mestre Maçom servidor.

A sapiência é a busca das energias e coisas mais elevadas; algo bem diferente de sabedoria. Enquanto a sabedoria pode ser confundida com prudência, pois diz respeito apenas aos assuntos materiais e de como o homem age, a sapiência é muito mais importante. A Maçonaria trabalha a sabedoria que leva à luz da sapiência. A filosofia maçônica é sapiente.

A Coluna da Sabedoria é a antena simbólica de onde emana uma luz de modo que cada um que porta um reles chapéu mole, cada um a sua maneira, desenvolve sua sapiência para as coisas mais elevadas. 

O Chapéu como paramento, Símbolo que o Mestre Maçom usa qual coroa em câmara do meio, torna-o igual aos demais, nivelando-o a todos os Irmãos Maçons espalhados pelo Universo, para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo, de onde todos recebem a luz da 

Fonte: Revista A Trolha

Bibliografia

BAYARD, Jean-Pierre. A Espiritualidade na Maçonaria: Da Ordem Iniciática Tradicional às Obediências. Tradução: Julia Vidili. I a ed. São Paulo: Madras, 2004; BENOÍT, Pierre; VAUX, Roland de. A Bíblia de Jerusalém, título original: La Sainte Bible, tradução: Samuel Martins Barbosa. I a ed. São Paulo: Paulinas, 1973; BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica: Segundo as Regras da Simbólica Esotérica e Tradicional, título original: La Symbolique Maçonnique. Tradução: Frederico Ozanam Pessoa de Barros. I a ed. São Paulo: Pensamento Cultrix, 1979; FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria: Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História. 4a ed. São Paulo: Pensamento Cultrix, 1989; HUNTER, James C.. O Monge e o Executivo: Uma História Sobre a Essência da Liderança, título original: The Servant, tradução: Maria da Conceição Fornos de Magalhães. I a ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004; PARANÁ, Grande Loja do. Ritual do Grau de Mestre Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito. I a ed. Grande Loja do Paraná. Curitiba, 2004.

junho 02, 2024

O ANEL MAÇOM



Há vários anos, a história é contada sobre um maçom que sempre usava o seu anel maçônico e alfinete de lapela quando em público. Em algumas ocasiões, ele foi de ônibus de sua casa para o centro da cidade. 

Em uma viagem, quando ele se sentou, descobriu que o motorista lhe tinha dado R$ 0.25 a mais de troco. Ele pensou em o que fazer: "É melhor dar a moeda de volta. Seria errado mantê-lo." "Oh, esqueça, é apenas uma moeda; quem se preocuparia com essa pequena quantidade. 

De qualquer maneira, a companhia de ônibus recebe muito dinheiro; eles nunca vão perder - Sim. Aceita-o como um ‘presente de Deus’ e mantém-te calado.” Quando o seu ponto chegou, ele parou momentaneamente na porta, depois entregou a moeda ao motorista e disse: "Aqui, você me deu a mais." 

O motorista com um sorriso respondeu: "Reparei no teu anel maçônico e no alfinete de lapela. Tenho pensado em pedir a um maçom como ser um. Eu só queria ver o que você faria se eu te desse a mais. Passaste no teste. Podes dizer-me como se tornar um maçom?”

Quando o maçom saiu do ônibus, ele disse uma oração silenciosa,

"Oh Deus, G.·. A.·. D.·. U.·., quase te vendi a ti e aos meus amados irmãos por uma moeda. As nossas ações são o único credo maçônico que alguns vão ver.”

Este é um exemplo quase assustador de como as pessoas nos vêem como maçons e podem nos colocar em teste mesmo sem que nós percebamos!

Seja sempre diligente, seja no teatro, no restaurante, na mercearia, na estação ou apenas no trânsito.

Lembra-te, quer seja um alfinete de lapela, um anel, ou um emblema no carro, tu tens o nome da nossa grande fraternidade nos teus ombros, sempre que te chamas de Maçom.

Nunca se sabe quem pode estar a ver!

Bons homens procuram a maçonaria; a maçonaria os torna melhores.

Há muitos ótimos “maçons” sem serem iniciados. E muitos “profanos de avental”.


(Autor desconhecido)

GAY-LUSSAC E A FILOSOFIA - Adilson Zotovici

Pela química, a filosofia 

“Grau etílico”, mas diferente 

Mostrou um físico algum dia

Frequente a idílico ambiente


Gay-Lussac, qual não sabia 

Que estaria assim presente 

Com sua prática e teoria 

Em cada oficina e oriente 


Graus um, dois, três, útil liturgia

Troca por fútil escocês, fremente,  

De tão alto grau que desvaria 


E a “coluneta” do sul temente 

Pelo estudo veemente, vigia

Ao Livre pedreiro imprudente !   



junho 01, 2024

A FRATERNIDADE NO SÉCULO XXI - Byron J. Collier


Como maçons, nós orgulhamo-nos da antiguidade e da história da maçonaria, mas as nossas cerimónias e rituais em si serão suficientes para satisfazer as gerações futuras?

O futuro exigirá uma melhor compreensão do que realmente significa ser um Maçon através de um melhor conhecimento de nós mesmos e praticar os princípios que todos prometemos manter nos nossos juramentos ou obrigações. Acredito ainda que o exemplo silencioso de homens com integridade, que exibem as virtudes morais e sociais dos homens bons e que fazem a coisa certa por causa da justiça, prevalecerão e preencherão as lacunas sociais criadas nesta nova era.

Para que a nossa fraternidade não apenas sobreviva, mas cresça, devemos fazer do acolhimento de novos membros e da retenção dos irmãos existentes, uma parte importante do que fazemos em Loja. As experiências dos primeiros meses de um Aprendiz e de um Companheiro e os primeiros anos de um Mestre Maçom, determinarão como eles verão a Maçonaria pelo resto das suas vidas. É por isto que o compromisso com a orientação e a sustentação da comunhão é relevante, agora mais do que nunca. Acredito que as nossas Lojas devem procurar melhores maçons e não mais maçons.

Há uma velha história sobre um homem que estava a considerar propor-se como candidato à maçonaria, pelo que selecionou uma das duas Lojas na sua área local. Depois de ter sido iniciado como Maçom, um amigo perguntou-lhe porque é que  tinha selecionado uma Loja em particular. A sua resposta foi que, após entrevistas com oficiais das duas Lojas, a sua seleção foi fácil porque uma Loja estava muito interessada nele como candidato enquanto a outra estava interessada nele como um irmão. Qual é que acha que ele escolheu?

Embora tornemos as nossas reuniões mais interessantes através de eventos sociais e educação maçónica, a força motriz que traz maçons a se unirem é a nossa irmandade quando nos encontramos, seja em reuniões na Loja ou por encontros casuais na rua. Não demora muito tempo para um novo Maçon perceber que ele pode formar novas amizades para o resto da sua vida. No entanto, um dos principais perigos vem quando a “novidade” da experiência maçónica se começa a desgastar. Quando o comparecer de um membro se torna irregular ou ele pára de ir à Loja, isso parece sugerir que:

As suas prioridades mudaram, ele está sobrecarregado e/ou saturado com deveres da Loja, algo mudou na sua vida.

Visando descobrir o que mudou para este irmão, devemos estar dispostos e capazes de nos envolvermos num diálogo aberto e franco.

Para chegar ao ponto de conversa honesta e aberta com nossos irmãos maçónicos, devemos estar mais próximos. Temos que fazer um esforço concentrado para obter os pontos de vista e sentimentos de todos os membros, não apenas de alguns. Portanto, se a formalidade de uma Sessão de Loja, impede o envolvimento de alguns membros, devemos reconhecer isso e solicitar as suas opiniões em reuniões menos formais ou em discussões. É importante que cada Irmão sinta que não foi deixado de fora, que a Loja acolhe os seus pontos de vista, e que ele “teve a sua palavra”.

Uma das armadilhas mais comuns que devemos ter cuidado em evitar, é associarmo-nos apenas com os maçons que tem a mesma opinião que nós, pois podemos criar o que parecem ser “grupinhos”; eu digo “a mesma opinião”, porque às vezes não dedicamos tempo suficiente para poder entender completamente todos os nossos irmãos. Eles até podem ser da mesma opinião, ainda que o tivéssemos percebido!

Finalmente e mais importante ainda, devemos praticar a compreensão e a tolerância. Compreensão para nos sentirmos livres para discutir questões delicadas, questões humanas que são importantes para fazer e manter bons relacionamentos. Tenhamos em consideração que somos todos diferentes, cada um de nós vem de diferentes origens e cada um de nós pensa e age de forma diferente, portanto, devemos conhecer-nos bem uns ao outros o suficiente para que possamos conversar num nível que promova a amizade e, ao mesmo tempo, evite a discórdia.

Devemos também assumir uma atitude completamente tolerante com as opiniões e ideias dos nossos irmãos. Podemos sentir que a sua ideia ou ponto de vista está errado, mas devemos reconhecer que eles têm suas próprias razões para o que expressam, e não nos compete julgá-los por isso. A todo nos acontece dizermos e fazermos coisas de que mais tarde nos arrependemos. Bem, nós podemos abertamente ser honestos com nós mesmos e tentar corrigir-nos e tentar perdoar facilmente essas transgressões nos outros. Eu ousaria dizer que todos nós conhecemos irmãos na maçonaria que, por uma razão ou outra, estão em algum nível de disputa emocional com outros maçons. Estas disputas são realmente importantes no grande esquema das coisas? Eu acredito realmente que uma boa e honesta discussão faria com que a maioria das disputas não existisse. Cada um de nós deve aprender a procurar e a aceitar admoestações e bons conselhos de outros, e pelo menos ter alguma concordância, “concordando em discordar”.

Peço-lhe que considere e pratique esta compreensão, tolerância e expresse um interesse genuíno no seu companheiro Maçom, o homem que você chama de Irmão.

Adaptado de tradução feita por Luciano R. Rodrigues








O SER HUMANO É MARAVILHOSO - A. Chm.


O ser humano, surgiu não sei como, aqui na Terra. Seriam os Deuses astronautas ?

A nossa capacidade de adaptação é fantástica, vide o Japão com seus terremotos e edifícios estabilizados com sistemas de molas gigantes. Começamos como seres caçadores coletores e depois viramos agricultores fixando no campo.

A partir disso surge a civilização atual com sua capacidade incrível de se administrar seres humanos com diferentes graus de caráter, moral e espiritualidade.

Grandes cidades, com infraestrutura super complexas , sendo bem gerenciadas. 

Somos gênios e não sabemos.

fomos  evoluindo ao longo dos milênios,  A primeira subespécie do gênero Homo, foi o Homo habilis, posteriormente o Homo rudolfensis, Homo erectus, Homo ergaster, Homo heidelbergensis, Homo neanderthalensis e por fim o Homo sapiens. É dimaiss , enfrentando as intempéries,  as mudanças de ambiente.

Sempre indo em frente.

Sem manual de instrução.

Numa bola redonda que gira 1600km/ h em torno dela. Estamos literalmente perdidos no espaço.

Ao longo dos séculos, grande gênios foram conhecendo, estudando  a natureza,  modelando matematicamente e fisicamente o comportamento da matéria e da natureza. E no século

20 explode o século da razão com as aplicações da teoria desses gênios.

Numa evolução fantástica criou-se os antibióticos, as vacinas.Pouco depois da criação da primeira vacina, a expectativa de vida mundial não passava de 32 anos. Atualmente, com imunizantes contra dezenas de doenças à disposição da população, esse número é de 72,6 anos. Criou-se a vitamina C, a anestesia,  a pílula anticoncepcional feminina, a bomba atômica, a mecânica quântica etc ,etc.

A eletrônica começou  com a válvula, com computadores criado em 1946 pelos americanos, o ENIAC  com 20 mil válvulas programados com cabos. Este computador tinha o  tamanho de uma sala 

de  100 metros quadrados ou mais.Apesar de ser um gigante, o ENIAC tinha uma capacidade operacional menor do que qualquer calculadora de mão vendida atualmente.

Cada válvula queimava a cada 10 minutos e agora  cerca de 80 anos depois , já estamos com a IA , com circuitos que contem milhões de transistores. Com deep learning, com redes neurais começando a simular o cérebro.

Será que somos robôs orgânicos térmicos pensantes?

De onde vem tanta inteligência,  tanta criatividade?

Nós não nos criamos.

E as substâncias que existem no planeta,  diferentes uma da outras,não podem ter se criado e criado as outras.

O ferro não criou o alumínio.

A água não criou o fogo.

O ar não criou a terra.

Se houve uma  criação espontânea,  

ela saiu de uma cartola, pois tudo aponta para uma evolução.

Da semente da maçã só pode surgir uma maçã.

Então que semente é essa que fez surgir o homem desde do Homo habilis, até o Homo sapien. 

Que semente é essa que se modifica, evolui. Uma semente só gera 

O que traz dentro de si.

Só tem duas hipóteses:

1a - houve por acaso, a mudança da semente ao longo do tempo.

2a- essa semente foi programada para se modificar e evoluir.

Se tudo foi por acaso, aleatório, sem sequência lógica, vejamos então a 1a hipótese,   então se eu pegar vários componentes eletrônicos na mão e joga-los infinitas vezes vai ter um momento que vai surgir um circuito eletrônico com função  definida?

Parece que os cientistas falam coisa parecida surreal , com o surgimento dos aminoácidos,(substância básica da vida), dizendo que ao longo do tempo foram evoluindo para estruturas mais complexas. gerando a estrutura do nosso corpo atual. Mas gente,nos seres humanos , têm células e nas células há núcleo. No núcleo há cromossomos e nos cromossomos têm o DNA.

No DNA há genes, nos genes têm informações e nas informações há tarefas que devem ser realizadas. Tudo em um ciclo cada vez mais molecular. Cada vez mais complexo.

Se algo estiver anormal no DNA, algo também não estará normal na tarefa.  É como se tentássemos fazer um bolo com os ingredientes errados.

O DNA é uma estrutura super complexa, impossível 

Der ter evoluído por *ACASO*.O  DNA existe por um único motivo – criar mais DNA. Em cada célula do nosso organismo, o filamento estendido de DNA chega a ter cerca de 2 metros. Se você imaginar que 

em nosso corpo há perto de 10 trilhões de células, você terá uma ideia da enormidade de DNA que nós possuímos. Assim, se todo o seu DNA fosse emendado em um único filamento, seria tão comprido que se estenderia da Terra à Lua, ida e volta, várias vezes. Pudera, você é proprietário de 20 milhões de quilômetros de DNA. Seu corpo, em suma, é uma máquina de produzir DNA e sem ele você não conseguiria viver. 

Eu acho que essa afirmação, que a vida humana principalmente, surgiu naturalmente num processo de evolução  adaptativa, quer dizer espontânea, aleatoria, *desrespeita a nossa inteligência.*

Pois a vida mostra o tempo todo que houve uma sequência lógica temporal.

Outra coisa a natureza é regida por leis.

Quem criou essa leis?

Foi a própria natureza?

A natureza não pode se criar a si mesma.

Eu não posso criar a mim mesmo.

O ciclo das marés, a gravidade, as leis da termodinâmica; os princípios da conservação da energia, momento linear e angular, da relatividade, da invariância da velocidade da luz, entre tantos outras.

O acaso não produz leis.

A ciência começa a  aceitar que somos formados por vários corpos: físico, emocional, mental, espritual.

Algumas pesquisas no mundo já se confirma que temos um corpo eletromagnético envolvendo nosso corpo.

Já existem estudos sérios, que confirmam que temos chakras ou rodas de energias no qual através delas, absorvemos a energia cósmica que nos traz , o equilíbrio e o sustento da vida.

A ciência começa com a  EQM, Experiência quase morte ter que repensar a ideia que a consciência sobrevive a morte do corpo.

Será que somos uma matrix?

Será o que acontece agora na Terra, é uma projeção do que já aconteceu.?

E possível a dobra do espaço tempo. 

Pois o espaço é contínuo com o tempo. Ou seja viajar no tempo.

Porque pessoas conseguem enxergar fatos do futuro 

Eu acredito que tudo é:

*Relativo e comparativo e reduz a um único ponto.*

A teoria das cordas nos faz acreditar que Einstein estava certo ao tentar unificar os campos elétrico, gravitacional,  nuclear forte, nuclear fraco.

Mas o mais fascinante no Ser humano é a formação de seu corpo.

Apenas alguns milhões de espermatozoides ejaculados  chegarão aos tubos de falopio. E uma vez lá eles captam um sinal do óvulo para orientá-los até ele.

Isso é fantástico.

O corpo tem níveis de organização que se baseiam um no outro. Células constituem tecidos, tecidos constituem órgãos, e órgãos constituem sistemas de órgãos.

A função de um sistema depende da atividade integrada de seus órgãos. Por exemplo, os órgãos do sistema digestório cooperam para processar alimento.

A sobrevivência do organismo depende da atividade integrada de todos os sistemas de órgãos,   esse nosso complexo corpo tem mais de 10 trilhões de células, 

Diferentes sistemas do corpo, realizam diferentes funções. Por exemplo, seu sistema digestório é responsável por receber e processar a comida, enquanto o seu sistema respiratório — trabalhando com o seu sistema circulatório — é responsável por receber oxigênio e livrar-se do dióxido de carbono. Os sistemas muscular e esquelético são cruciais para o movimento; o sistema reprodutor lida com a reprodução; e o sistema excretor se livra do lixo metabólico.

É super complexo.

Enquanto usamos os nossos sentidos em paralelo um processamento químico, físico, biológico, mecânico está acontecendo.

Funcionando sempre do mesmo jeito, durante décadas,  isto é sensacional.

Viva, o ser humano, e sua criação.

Nos somos um fenômeno,  nós somos dimaiss

Para mim eu digo, *Deus*  criador de todas as coisas, obrigado por eu poder curtir este corpo,  está mente,  está alma, *que voce criou* louvado seja eternamente essa sua luz tão fantástica,  se possível,  nos abençoe,  nos acolha, nos proteja.



COMO SE FORMA UM MAÇOM? - Gil Vicente




A questão que foi colocada é simples!

Como é que uma loja deve formar um I∴ para que seja um excelente Maçom no futuro?

A simplicidade da pergunta, denota alguma ingenuidade, mas obriga a uma resposta nada fácil. Certamente outros estudiosos da nossa sublime instituição, encontrariam aqui matéria para uma grande dissertação filosófica.

Mas eu confesso que fiquei atrapalhado! Assim surgiu-me uma ideia. Tudo começa no princípio, e o princípio é a escolha, quando abordamos alguém para ser futuramente nosso I∴, que critérios usamos?

Sabemos que a maçonaria lapida o carácter, mas não a personalidade humana, pois esta é imutável. Assim a matéria prima, o futuro I∴ tem que ser muito bem escolhido, muito bem investigado, muito bem inquirido, e o seu escrutínio deve ser realmente sem favorecimentos.

Não deverá ser só porque é meu chefe, meu colega, muito influente ou outras segundas escolhas que não a mais importante, que segundo eu deverá ser: Se tem bom Carácter se é livre e de bons costumes. Nem todos os que lidam diariamente conosco deverão servir para ser nossos irmãos, digo eu!

E se fizermos realmente esta pergunta, antes de indicarmos alguém para ser iniciado, com Certeza estaremos a construir o futuro da Maçonaria que é dependente da formação de bons maçons.

Não se forma bom carácter de quem não tem personalidade e coração sensível ao Bem, de quem não é livre e de bons costumes. Assim mais uma vez reforço que o futuro para se ser um bom Maçom começa pelas escolhas.

Quem realmente pode ser digno de ser nosso I∴ e não haver interesses pessoais ou até mais escusos, como se vê em muitas lojas, que só almejam impor vaidades aos seus membros, como forma cabal e néscia de demonstração de poder, de uma enfermidade que chega  às raias do ridículo das vaidades pessoais e até mesmo de um grupo de pseudo maçons.

Agora se fizermos uma boa escolha resposta fica mais fácil de ser esplanada. O verdadeiro I∴ já nasce Maçom, já o demonstrou nas sua atitudes no mundo profano, no seu relacionamento profissional, na família, enfim! Na sua vida. Este sim, está pronto para ser lapidado. Uma pedra bruta que o maço e o cinzel, irão tornar numa escultura de beleza impar, capaz de sentir o verdadeiro amor fraternal.

A verdadeira maçonaria é esculpida no interior da subjetividade, legando a cada um o ónus de se inscrever no livro de presenças da grande Loja do Oriente Eterno.

Não se pode confundir o reconhecimento de direito com o reconhecimento de fato.

Ter carteira e estar em dia com a loja, é condição para ser reconhecido como regular. Mas ser honrado e praticar os ensinamentos maçónicos e vivenciar a verdadeira essência maçónica, é ofício a ser burilado e aplanado pelo mestre interior, e pelos vigilantes da própria consciência e da vida.

O Maçom precisa de ser um construtor de templos à virtude, pois assim são os ditames da fraternidade.

A loja é a escola da sua formação.

Para esse mister, a ela os maçons comparecem com assiduidade, para, com os seus irmãos se instruírem reciprocamente nas práticas da virtude.

O Maçom mesmo esculpindo-se, adapta-se ao espaço que lhe foi reservado no levantamento do edifício social, construindo o seu templo interior.

Mas precisa estar advertido de que na construção do templo, de permeio, no material, encontram-se vários obstáculos, entre eles, a ignorância, os preconceitos, a perfídia e o erro.

Escuso-me aqui de enumerar o significado de cada obstáculo, pois são bem conhecidos por todos nós.

Aqui volto ao início das nossas ponderações: “A Nossa Escolha” quem serão os nossos futuros irmãos? Será sempre Ratificadora, daquilo que almejamos para a nossa ordem”.

Podemos pressupor que todos os verdadeiros maçons têm o domínio sobre o saber necessário para se comportar de forma digna em todos os momentos.

Outro paradigma importante.

A maçonaria é uma escola de formação de líderes e lideranças.

Liderar é influenciar positivamente as pessoas para que elas atinjam resultados que atendam as necessidades tanto individuais quanto coletivas, e ainda, responsabilizar-se pelo desenvolvimento de novos líderes.

Para que tal aconteça, devemos desenvolver entre outras, a capacidade de perseverança, é esta qualidade que nos permite levar por diante o nosso objetivo, com firmeza na construção mais apreciada. Concluo que o Maçom é livre e de bons costumes e sensível ao bem e que, pelos seus ensinamentos da maçonaria busca o seu engrandecimento como ser humano atuante e culto, combatendo a ignorância. A ignorância é o vício que mais aproxima o homem do irracional.

Assim sendo e por ser Maçom, deve conduzir-se com absoluta isenção e a máxima honestidade de propósitos, coerentes com os princípios maçónicos, e para ser um obreiro útil a serviço da nossa ordem e da humanidade.

Não se aprende tudo de uma só vez. O saber é o acumular de experiências e de conhecimentos a que se vai tendo acesso. E esta experiencia continuada e construtiva da maçonaria exerce-se em loja, nos trabalhos e no convívio social, conduzindo o homem aos caminhos da justiça e da tolerância.

Não nos esqueçamos como começamos esta dissertação: O mais importante é a matéria-prima, nas nossas escolhas está o futuro da Ordem. O verdadeiro Maçom já nasce, a iniciação é apenas a formalização de qualidade de direito, pois de fato ele já o é desde o seu nascimento.

maio 31, 2024

A CORDA - Adilson Zotovici



Circundando o templo Sagrado

Qual dito adereço perfeito

Intuitivo significado

Por algum rito e endereço aceito


Corda branca, sisal trançado

Equidistantes nós de efeito

Com quarenta de cada lado

Borlas e nó central bem feito


À quarta potência elevado

O Três, de excelência o conceito,

O Oitenta e um açulado


Comunhão de ideias o preito

Outrora a espaço demarcado

Fraterna união...o preceito !



MAÇONARIA JOANINA


O sistema de maçonaria que defende a dedicação de todas as lojas simbólicas a São João Batista e a São João Evangelista. 

Este é o sistema praticado nos Estados Unidos e, anteriormente, na Inglaterra. Desde a união em 1813, uma mudança foi efetuada neste último país, em cujas lojas se diz que as “linhas paralelas” representam Moisés e o Rei Salomão. 

Mas isto é admitido como sendo uma inovação, e o mais célebre escritor maçônico da Inglaterra, o Dr. Oliver, escreveu uma série de “Cartas sobre a Maçonaria Joanita”, nas quais argumenta fortemente a favor da restauração do antigo paralelismo.

31 de maio - 223 do REAA


Essa excelente palestra do erudito irmão Kennyo Ismail começa uma hora depois do início do vídeo 

Vale a pena assistir.

maio 29, 2024

O SIMBOLISMO DA ÁGUA



Venerável Mestre e meus irmãos em suas notas e qualidades,

Os cientistas dizem da água que ela resulta da união de duas moléculas   muito inflamáveis, que a água constitui a maior parte do nosso corpo, que ocupa ¾ da superfície do nosso planeta, que nascemos da água e que antes de nascermos, nos banhamos na água amniótica da nossa mãe, que só podemos ficar alguns dias sem beber, que a vida se desenvolveu nos oceanos, que a água é portanto vital e fonte de vida.

Como você sabe meu irmão a linguagem humana é feita de sinais e símbolos. Estas últimas, cuja origem etimológica vem do grego súbolon (sinal) ou   symballein (juntar) possuem pelo menos dois significados, um diretamente ligado à palavra (o significado literal) outro que é a representação de uma coisa abstrata. O simbolismo e mais particularmente o simbolismo da água é algo complexo que encontramos ao longo da história dos povos e das religiões.

No entanto, se a origem da água e o seu ciclo na natureza só se tornaram claros para os cientistas europeus no final do século XVII, as civilizações mais antigas, nomeadamente através da religião,   souberam utilizar a água como um símbolo extremamente poderoso e evocativo.

Na civilização egípcia, A Freira era o oceano eterno que enchia o universo e quando afundou deu origem ao sol. Hapy é o deus Nilo e é representado na aparência de um personagem de seios caídos, de sua caverna perto de Assuã, provoca a enchente do rio, fonte de vida. O simbolismo da feminilidade e, portanto, da fertilidade já não aparece através de um deus rio com peito?

Se a água era uma dádiva dos deuses ou fonte de vida entre os egípcios, também está muito presente na mitologia greco-romana , o Estige, rio cujas águas geladas   simbolizam a passagem da vida para a morte com o seu barqueiro Caron,   mas também um símbolo de poder porque este rio também tinha o poder de tornar alguém imortal, segundo a lenda do herói Aquiles que foi mergulhado nele por sua mãe. Com Narciso, que  se aproximou de uma fonte límpida e se apaixonou pela sua própria imagem, a água não simboliza o espelho? O espelho do seu inimigo mais próximo, o espelho que você descobre atrás de você durante a sua iniciação!

Nas religiões cristã e judaica, a água tem um caráter original: simboliza a direção a seguir na passagem do Mar Vermelho que indica o caminho do peregrino pelas desgraças do mundo em direção à Terra Prometida, simboliza também o elemento que salva, lava o pecado original e abençoa através do rito do batismo ou daquele que cura (Lourdes) e finalmente pode simbolizar a destruição através do dilúvio que significa a morte inevitável da humanidade pecadora. 

Da mesma forma, no Islão a água é também um símbolo de pureza com abluções, de fertilidade que podemos descobrir neste extracto do Alcorão (Al -Qor'an L,9-11) “Fazemos descer água do céu abençoada graças à qual fazer crescer os jardins”, entre os hindus, a peregrinação ao Ganges é um dos atos religiosos mais importantes e a água é o símbolo da purificação. Embora eu não pense que durante a nossa iniciação a minha  água seja um símbolo de purificação, o significado desta palavra apresenta uma conotação religiosa demasiado prática que consiste em lavar-se para esquecer ou apagar   o que incomoda, o que perturba, mas parece seja o símbolo da busca por uma certa pureza, que chamamos de purificação.

Mas meu irmão, entender o simbolismo da água, eu te disse, é uma coisa complexa e portanto fonte de paradoxos: se isolarmos a água dos elementos que estão fundamentalmente ligados a ela (terra, ar e fogo), ela se tornará, por definição, um líquido natural inodoro, incolor, insípido e transparente, não é exatamente o oposto da vida?

Ligada à cadeia dos elementos e colocada em relação direta com o homem, através dos seus estados, a água pode tornar-se gelo, elemento que simboliza o frio e, portanto, a impassibilidade e o egoísmo, a água também pode tornar-se, em contacto com o fogo, o vapor, um símbolo húmido de desejo passivo e submissão. A água em contato com o vento assume força e poder de destruição nas tempestades, nos ciclones. Em contacto com a terra, concede-se o direito de inundar, de devastar, de desencadear as forças da torrente; estes são novamente os símbolos da destruição ou da força que prevalecem, ao contrário da água viva que corre, inunda as terras áridas da terra; o Nilo e dá origem à vida vegetal.

Se a água é um símbolo de pureza, a personalização deste elemento, particularmente perceptível nesta conhecida frase, “devemos ter cuidado com a água para dormir”, talvez um símbolo de medo e traição!

Se a água é fonte de vida, não é a única! Privada de luz, no fundo dos oceanos a vida é rara ou mesmo inexistente!

Para poetas e escritores, a água é ao mesmo tempo fonte de sonhos e esperança, de solidão absoluta e profunda, de melancolia e perigo. Assim Léo Ferré iniciará sua canção “Memória e o mar” com este verso evocativo

 “A maré, tenho-a no coração que sobe até mim como um sinal”,

Charles Baudelaire escreveu   em O Homem e o Mar

“Homem livre, sempre valorizarás o mar! O mar é o seu espelho, você contempla a sua alma",

e Victor Hugo associará a água aos tormentos do amor no poema

“Jovem, o amor é antes de tudo um espelho” 

“O amor é adorável, puro e mortal. Não acredite!

Como uma criança, atraída passo a passo por um rio,

É refletido nele, lavado e afogado nele. » (Coleção: Vozes interiores, escrita em 25 de fevereiro de 1837)

Da minha história meus irmãos, quase vinte anos passados ​​nas ilhas, a água cheia do sal da vida é um elemento ao mesmo tempo estranho e familiar, que Victor Hugo descreve como “um espaço de rigor e liberdade”. Tal como o homem, é uma fonte de paradoxos Vital e essencial, pode revelar-se destrutivo e mortal.   O seu simbolismo não estará ligado à percepção que podemos ter deste elemento com estados múltiplos e inconstantes?

Uma coisa é certa meus irmãos, porque na nossa vida devemos bebê-la constantemente, a água sacia a nossa sede, a nossa sede de verdade, a nossa sede de conhecimento, a sede de sonhos, a sede de amor, então meu irmão, teremos o prazer fraterno de levantar as taças e exclamar, vamos beber, vamos beber “da água”, vamos beber da “água da vida”...

Fonte: Biblioteca (Redaelli)

maio 28, 2024

CIÊNCIA DAS RELIGIÕES E A EDUCAÇÃO MAÇÔNICA - Cidio Lopes de Almeida


 

O OBJETIVO DO ESTUDO NA MAÇONARIA - Louis Block


É correto dizer que o grande problema diante de nós é o da pedagogia da Maçonaria. Isso significa que o ensino dos fatos sobre um grande movimento histórico baseado na teoria de que a verdadeira felicidade do homem só pode ser alcançada pela união de todos em uma democracia alicerçada no espírito da fraternidade, onde cada um não seja apenas o guardião de seu irmão, mas também seu defensor, seu porto seguro, seu auxílio, seu incentivador, seu ombro amigo, seu inspirador e seu exemplo de amor ao próximo e a si mesmo. Tudo isso se ensina através do imaginário e das alegorias da Maçonaria, e de seu simbolismo místico. Não devemos nos perder na busca por algo sombrio, em teorias abstratas perdidas dentro de perspectivas obscuras, confusas, nebulosas e insignificantes; devemos sim estarmos próximos e nos dedicarmos aos verdadeiros valores humanos. Princípios devem existir para estarem realmente inseridos nas vidas das pessoas, se não for assim não farão diferença alguma. Nosso estudo deve aliar teoria e prática, com o estudante realmente utilizando-se de seu aprendizado e compartilhando os valores adquiridos, senão nossos esforços serão em vão.

Também não podemos deixar de mostrar que são os pensamentos que importam, que são eles que controlam a conduta dos homens; que, se seus pensamentos não são bons, o seu comportamento também não pode ser. O que precisamos é fazer com que os pensamentos certos sejam claramente formulados, imbuídos de amor, e profundamente gravados no subconsciente, de modo que eles irão inevitavelmente se expressar em nossos atos no dia-a-dia de nossas vidas. A meu ver, essa é a missão da Maçonaria: a construção desses grandes pensamentos na mente dos homens, transformando-os em atos cotidianos, com a certeza de que eles devem predominar, governar e prevalecer para os homens viverem juntos em paz e harmonia, e desfrutarem da verdadeira felicidade.

Como fazer isso é a grande questão. Como fazer a Ordem sentir que essas ideias não são abstrações vazias, mas reais, poderosas, vivas, atuais e sólidas – essa é a grande tarefa a se realizar. Precisamos compreender juntos os fatos sobre a Maçonaria: o que ela realizou no passado que a faz viver até os dia de hoje por seus próprios méritos? Como ela tem, durante sua existência, auxiliado o homem? Então precisamos colocá-los juntos em uma história de tal forma que ela vá capturar a atenção e manter o interesse do aluno. A capacidade de fazer coisas interessantes, para atiçar uma busca por mais “luz”, é o segredo de todo ensino. Você não pode abrir a cabeça de um estudante e colocar o conhecimento ali dentro, mas você pode incentivá-lo a estudar e aprender por si mesmo, e essa será sua vitória. Já temos a vantagem do grande poder de atração de nossos “segredos” e “mistérios”. Temos de mostrar aos iniciados o quão pouco sabem, quantos mistérios fascinantes ainda precisam ser explorados, investigados, analisados e estudados, para enfim poderem ser compreendidos.

Pergunte por que ele ainda permanece na Ordem. Ela o ajudou? Em caso afirmativo, como e de que maneira? Faça uma série de perguntas socráticas a ele; faça-o pensar! Se ela o auxiliou em algo, de alguma forma, sem dúvida, ela poderá fazer mais. Há mais lá, se ele souber procurar: “buscai e achareis.” Não é fácil ensinar os homens a observar o mundo ao seu redor, muito menos é ensinar-lhes a arte do discernimento espiritual. Mas é possível. Pode ser ensinado, pode ser desenvolvido, pode-se fazer essa habilidade florescer. Muito de nossa pedagogia moderna não é nada mais do que um árido, mecânico e vazio processo. Nossas crianças são instruídas a decorar, imitar, copiar, para seguir “o costume”, e não são nunca preparadas para pensar. Tal procedimento acaba por formar adultos incapazes de formular pensamentos simples, mas originais, não sendo capazes de fazer uma avaliação crítica do que ocorre ao seu redor; e muitos são os que em loja praticam a ritualística de forma errada, por que os Mestres “mais antigos” lhe “ensinaram” que assim é “o uso e o costume” daquela oficina.

Devemos preparar nossos novos maçons, incentivando-os a se dedicarem aos estudos e à pesquisa sobre a Ordem. Devemos incentivá-los a trabalhar sua mente, a construir seu templo espiritual, mas também o intelectual. Devemos incentivá-los a serem originais. Devemos incentivá-los a pensar!


Autor: Hon. Louis Block, Past Grand Master, Iowa.

Tradução: Luiz Marcelo Viegas

Fonte: The Builder Magazine. Volume I, Número 4, abril-1915