A maçonaria ministra a sua filosofia por meio de símbolos e alegorias, para desta forma manter seus mistérios em segredo para os profanos., desvendando-os somente para os que ingressam na Arte Real. A maçonaria não é uma camisa de força, mas uma organização “familiar”, ou seja, onde a franqueza, a sinceridade e a confiança, são apanágios de valor. Partindo-se dessa premissa podemos concluir que os simbolismos apresentam diferentes significados não só em relação ao cargo que o Irmão ocupa mas também de acordo com a fase da vida em que se encontra.
A pedra bruta, tosca, plena de arestas é ornamentação obrigatória em toda loja maçônica, ao pé do Trono do Pr. Vig. a representar o neófito, que nos primeiros três golpes de Maço começa a desbastar e esquadrejá-la para dela criar uma peça indispensável á construção, o alicerce. Com seu aspecto rústico, rígido e estático pode passar desapercebida, mesmo em grandes blocos, mas é fundamental para a estabilidade e durabilidade de qualquer construção. Para tal fim é necessário o maço, cinzel e evidentemente uma régua para marcar os locais a esquadrejar. A pedra de ornamentação deve ser, preferencialmente de granito, por ser dura, pesada e própria para a construção. A pedra figurativa deve ser um homem livre e de bons costumes para não estar mas ser um maçom.
A pedra também representa o interior da terra, as pedras brutas dos Templos Maçônicos provém, simbolicamente do interior da caverna, ou seja, da câmara das reflexões, essas pedras saem na forma de seres humanos, para num processo filosófico e especulativo, atingirem a forma cúbica e polida para a edificação do Templo. Vemos nessa figura o trabalho final do Comp.
Esquadrejada e burilada ela também pode servir de adorno, diz a história que Michelangelo, planejava esculpir a grande estátua de Davi. Escolheu uma pedra grande, ideal para sua escultura. Transportada a pedra para seu atelier, após o desenho preliminar da escultura, nas primeiras marteladas o mármore, sem forma, começa a ceder ao trabalho do artista, subitamente a pedra lasca onde não deveriam. Michelangelo redesenha a estátua para poder aproveitar a mesma pedra. Reinicia o trabalho. Outras marteladas e a pedra vai tomando forma. Após alguns meses de trabalho, outra lasca em lugar indesejável. Nova mudança no projeto original e novo começo do trabalho. Outra lascada. Sem condições de corrigir sua obra, Michelangelo abandona, frustrado, aquela pedra. Diversas experiências se sucedem e fracassam como a primeira. Mas, o artista não desanima. Por fim, encontra uma pedra que parece não possuir as qualidades necessárias para aquela obra. O trabalho vai avançando, sem sustos, de acordo com o primeiro desenho. Da pedra bruta vão surgindo as formas de Davi. Os veios da pedra colaboram com o artista. Daquela pedra bruta surge uma das obras de arte mais belas da humanidade.
Partindo da premissa que ferramentas são os métodos, P.B. os Ap. , artista os MM., atelier o ambiente, e desenho a utopia, podemos dizer que o Cinz., de corpo longo o suficiente para que o Obr. o segure com firmeza, tendo a certeza de que o mesmo, com seu gume inflexível, toca apenas o ponto que se deseja de fato arrebentar, e em ângulo tal que contenha em sua linha central toda a violência do impacto do maço, sob pena de que se perca a P., inutilizando o trabalho anterior, ou se quebre a mão, inutilizando a chance laboriosa do resto da vida.
Simbolicamente, o maço representa a força de nossos espíritos, disposta de tal forma que possa ser utilizada para algum objetivo útil, percutida em uma ação decidida, como manifestação da vontade. Já a P\B\, em sua inutilidade para os fins de construção, representa os nossos caráteres de pprof., ao ingressarmos ao serviço, ainda cheios de arestas. Do paralelo, torna-se bastante óbvio que o esquadrejamento da P.B. não resultará milagres. De tal fato, ainda que por uma imperfeição do processo (humano) de admissão, em se tendo admitido aos AAug. MMist. um indivíduo com alguma deformação profunda de caráter, o processo de desbaste será longo, difícil e trabalhoso, e resultará em uma P.C. pequena, tão pequena quanto tenham sido profundas as imperfeições retiradas. Isso no caso de a P.B., ao ser analisada com vagar, não tenha causado a repulsa dos OObr., e sido jogada de volta à vida inútil. (Não se julgue aqui o erro, pois só quem pode fazê-lo a contento é o GADU)
Sendo o Espírito o autor, e o Caráter o resultado, é o Cinz. a representação do trabalho de reconhecimento das imperfeições, o símbolo do pensamento lúcido, educado no L.L. e nos sábios conselhos dos IIr. VVig., que guia a energia da vontade de reformar-se, de sua fonte, no coração agora desperto para o Bem, para sua meta, que é a remoção dos vícios e a edificação de virtudes. Deve o mesmo, com seu alto poder de focalização da energia, e de destruição, ser usado com extremo critério, quanto mais se aproxime o Obr. da Arte Real de sua meta, que é a P.C., ou caráter puro e elevado, retirado das sendas pprof. e conduzido à glória do G\A\D\U\. Não deve o mesmo ser usada para fazer de nosso caráter arma afiada ou contundente (e tem o poder para fazê-lo), sob pena de ter de prestar contas ao Arq. ou ao Dono da Obr., e, sob a vergonha do mais vil perjúrio, ter seus restos hediondos lançados onde as ondas o conduzirão do sacrilégio onde se encontra às profundezas do esquecimento.
Termino este trabalho com conselhos contidos em uma mensagem anônima encontrada na igreja de Saint Paul em 1692: Vá plácido entre o barulho e a pressa e lembre-se da paz que pode haver no silêncio. Tanto quanto possível, esteja de bem com todas as pessoas. Fale a verdade calma e claramente, e escute os outros, mesmo os estúpidos e ignorantes, eles também tem sua história. Evite pessoas barulhentas e agressivas, elas são o tormento para o espírito. Evite se comparar aos outros, pode se tornar vaidoso e amargo, porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores á você. Desfrute suas conquistas assim como seus planos. Mantenha-se interessado em sua própria carreira, ainda que humilde, é o que realmente se possui na hora incerta dos tempos. Exercite a cautela nos negócios, pois o mundo é cheio de artifícios, mas não deixe que isso o torne cego ás virtudes que existem. Seja você mesmo, principalmente não finja afeição, nem seja cínico sobre o amor porque em face de toda aridez e desencanto, ele é perene como a grama. Cultive a força do espírito para proteger-se num infortúnio inesperado. Mas não se desgaste com temores imaginários, muitos medos nascem da fadiga e da solidão. Acima de uma benéfica disciplina seja bondoso consigo mesmo. Você é filho do universo, não menos que as arvores e as estrelas, você tem o direito de estar aqui. E quer seja claro ou não para você, sem dúvida o universo se desenrola como deveria, portanto esteja em paz com Deus, qualquer que seja sua forma de conhecê-lo, e sejam quais forem as sua lida e aspirações, na barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com sua alma. Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos, este ainda é um mundo maravilhoso. Esteja atento.