junho 26, 2024

O USO DA COR PRETA NO MEIO MAÇÔNICO -O USO DA COR PRETA NO MEIO MAÇÔNICO - Helio P. Leite


Alguns Irmãos defendem que o traje maçônico correto é o terno escuro, de preferência preto ou azul-marinho, especialmente em Sessões Magnas, sendo tolerado o uso do Balandrau. Outros, defendem a idéia de que tanto em Sessões Magnas, quanto Econômicas, pode-se usar apenas o Balandrau.

Ocorre que, no Brasil, com a sua formação católica, ainda de um passado recente, não se desligou ainda do “Traje de missa”. As instituições maçônicas dentro dessa mentalidade, ainda preconizam e algumas exigem até em Sessões Econômicas ou Administrativas, o traje formal completo e, ainda por cima negro, onde branca é só a camisa e, em alguns Ritos, ainda a gravata e as luvas. Devemos levar em consideração também, que o traje masculino sofreu e sofre variações, através dos tempos, inclusive de povo para povo.

Em algumas partes do mundo, principalmente em regiões quentes dos Estados Unidos, os maçons vão às Sessões até em mangas de camisa.

A ORIGEM DO BALANDRAU

Balandrau – do latim medieval balandrana, designa a antiga vestimenta com capuz e mangas largas, abotoada na frente; e designa também, certo tipo de roupa usada por membros de confrarias, geralmente em cerimônias religiosas.

Embora alguns autores insistam em afirmar que o Balandrau não é veste maçônica, o seu uso, na realidade remonta a primeira das associações de ofício organizadas (Maçonaria Operativa), a dos “Collegia Fabrorum”, criada no século VI a.C., em Roma. Quando as legiões romanas saiam para as suas conquistas bélicas, os collegiati acompanhavam os legionários para reconstruir o que fosse destruído pela ação guerreira, usando nesses deslocamentos uma túnica negra. Da mesma maneira, os membros das confrarias operativas dos Franco-maçons Medievais (séc. XIV e XV), quando viajavam pela Europa Ocidental, usavam o Balandrau negro.

Segundo outros autores, o uso do Balandrau teve início nas funções do Primeiro Exp.’., durante os trabalhos de Iniciação em que atendia o profano na C.’. de RR.’..

O PORQUE DO PRETO EM NOSSO TRAJE

Inicialmente devemos dizer que não existe “cor” Preta, e sim uma ausência de cor que forma o preto. Também podemos dizer que o Branco não é uma cor; este é composto por um conjunto de cores primárias.

Cor é Energia e Luz, segundo Leonardo da Vinci, Isaac Newton e Johann Kepler, que formularam teorias a respeito das cores, em tratados mundialmente conhecidos. O olho humano está limitado para perceber as emissões luminosas compreendidas entre 400 e 700 milimícrons. Dentro da luz visível temos dois extremos: Vermelho – com 718,5 milimícrons e a Violeta com 393,4 a 486,1 milimícrons.

Podemos observar que o Violeta é a cor de mais baixa freqüência dentro do espectro visível. Entretanto, como o Preto é a ausência de cor ele não está nesta escala. Mas sendo o Violeta a cor que mais se aproxima do Preto, e sendo o Violeta a cor de menor comprimento de onda, conclui-se que o Preto é ausência de cor, pois absorve todas as outras cores.

O PRETO COMO ABSORVENTE DE RADIAÇÕES

Várias são as ciências e filosofias que estudam as radiações físicas ou espirituais.

Fisicamente temos um exemplo prático: os tanques de combustíveis de uma refinaria, quando acondicionam gases metano, propano e outros, que não podem ser aquecidos, são pintados na cor branca ou prata, pois esta reflete a luz solar evitando o aquecimento. Ao contrário, existem fluídos que para manterem a viscosidade suficiente para serem transportados, como o óleo lubrificante, necessitam manter uma temperatura mínima. Nestes casos, os tanques são pintados de preto para absorverem calor da radiação solar.

No campo da Astronomia, temos os chamados buracos negros. De todas as teorias formuladas até hoje, temos uma única certeza: trata-se de uma região negra onde toda a forma de radiação, independente de sua freqüência é absorvida.

Do lado Esotérico temos várias fontes que empregam as cores como radiações benéficas. Mesmo no reino vegetal e animal, cada qual tem a sua vibração e cada vibração a sua cor. Tudo isso ficou provado com o invento da máquina Kirlian, com o qual podemos obter fotografias das “auras” das pessoas, plantas e objetos. Essas auras são coloridas.

Hoje temos a Cromoterapia, que utiliza de luzes de várias cores para “curar”. Muito utilizada na era de ouro da Grécia e no antigo Egito (Babilônia), Índia e China. Hoje sabemos que a cor pode curar, acalmar ou irritar, dependendo da sua freqüência.

No Espiritismo de Kardec sempre se utilizaram os passes magnéticos, que também são medidos em freqüência. Portanto, podemos afirmar que os passes magnéticos também emitem cor. Da mesma maneira que atuam as cores no processo de cromoterapia, os passes atuam nos Chacras ou Centros de força.

Segundo o espiritismo e a cromoterapia, os chacras são:

Ø BÁSICO – localiza-se na base da espinha dorsal. Capta a força primária e serve para reativação dos demais centros. Cores: roxo e laranja forte;

Ø GENÉSICO – localiza-se na região do púbis. Regula as atividades ligadas ao sexo;

Ø ESPLÊNICO – localiza-se na região do baço. Regula a circulação dos elementos vitais cósmicos que, após circularem se eliminam pela pele, refletindo-se na aura. Cores: amarelo, roxo e verde;

Ø GÁSTRICO – localiza-se no plexo solar, influi sobre as emoções e a sensibilidade e sua apatia produz disfunções vegetativas. Cores: roxo e verde;

Ø CARDÍACO – localiza-se no coração. Regula emoções e sentimentos. Cores: rosa e dourado brilhante;

Ø LARÍNGEO – localiza-se na região da garganta, regula as atividades ligadas ao uso da fala. Cores: prata e azul;

Ø FRONTAL – localizado na fronte, também conhecido como a terceira visão. Regula as atividades inteligentes, influi no desenvolvimento da vidência. Cores: roxo, amarelo e azul;

Ø CORONÁRIO – localiza-se na parte superior, no cérebro e tem ligação com a epífise. É o chacra de ligação com o mundo espiritual. Cores: branco e dourado.

A COR PRETA NA RITUALÍSTICA

Em nossas reuniões, dentro do Templo, muitas são as vibrações emanadas de todos os nossos IIrm.’., sejam eles Off.’. ou não. Principalmente durante a abertura do L.’. da L.’. temos a formação da Egrégora. Este é um momento em que todos nós emitimos radiações, e ao usarmos a veste preta, estaremos absorvendo todas essas energias, reativando os nossos chacras.

Se examinarmos a ritualística, em uma Iniciação, por que o candidato não está nem nu nem vestido? Entre outras razões, é para que tenha seus chacras totalmente expostos para que emita e receba vibrações. Como está com os olhos vendados, sua percepção estará mais aguçada em todos os sentidos. Receberá todas as impressões sonoras, sentirá odores e nossas vibrações.

Nossa Bolsa de Proposta, tem seu interior negro. Assim, nada do que ali for depositado “sairá”, somente nossos VV.’.MM.’. tem conhecimento do seu conteúdo, em primeira instância.

REGULAMENTO GERAL

No Regulamento Geral da Grande Loja do Paraná, no Cap. V - Das Sessões e Ordem de Trabalho nas Lojas :

Art. 95 - Nas Sessões Magnas é obrigatório o uso de traje escuro e gravata preta.

· & 1º - Nas demais sessões o traje é o comum com paletó e gravata

· & 2º - É permitido o uso de Balandrau, preto e longo, mangas largas e compridas e colarinho fechado.

· & 3º - Uma vez adotado o uso do Balandrau, deve o mesmo ser generalizado a todos os membros da Loja, em todas as sessões.

Art. 94 – Em nenhuma sessão poderá o Obreiro apresentar-se sem estar revestido de seu avental.

CONCLUSÕES

Como vimos anteriormente, grande é a controvérsia do uso ou não de Terno ou na ausência deste, o Balandrau. No Brasil, e só no Brasil, convencionou- se o uso deste, e de acordo com os Estatutos de várias Obediências o Balandrau é “tolerado” em Sessões Econômicas.

Em um ponto, os IIr.’. têm opiniões coincidentes: o Balandrau é veste talar, deve ir até os calcanhares, e pode ser considerado um dos primeiros trajes maçônicos, sendo plenamente justificado o seu uso em Loja.

Se observarmos nosso padrão climático e o tecido mais leve, nos parece ser uma boa alternativa o seu uso. O Balandrau tira de nós a aparência de riqueza, do saber, da ambição, da vaidade, ao contrário de outra vestes talares, nos iguala e nos mostra que, independentemente de qualquer posição profana, somos todos iguais, todos IIr.’. em todos os momentos.

Como havia dito, em algumas partes do mundo os maçons vão às sessões até em mangas de camisa, mas portando evidentemente o avental, que é o traje maçônico. E trabalham muito bem, pois a consciência do homem não está no seu traje: “o hábito não faz o monge”. Não é usando um traje formado por parelho (de “par” já que “terno” no dicionário é referente ao traje de três peças: calça, colete e paletó), que vai fazer o maçom.

Quando usamos Terno preto ou o Balandrau, permanecem descobertos nossos chacras: frontal, laríngeo e coronário. Assim poderemos emitir, receber e refletir vibrações diretamente em nossos centros de força, pois estes estarão descobertos. Em contrapartida, nosso chacras mais sensíveis estarão protegidos de enviar vibrações negativas durante os trabalhos.

Mas, cabe neste momento uma pergunta:

Todos nós durante os trabalhos irradiamos apenas boas vibrações?

- É claro que Não...

Portanto, podemos e devemos sempre reservar alguns minutos no Átrio (ou S.’. dos PP.’. PP.’.), preparando-se espiritualmente para nossa reunião. Se adentrarmos ao Templo, munidos de sentimentos inferiores e negativos, estaremos contribuindo para que não haja Harmonia e não ocorra um Trabalho J.’. e P.’..


  



O Movimento Evangélico Brasileiro não teria começado se não fosse a ajuda de Maçons. Tudo começou com a chegada o Pastor Richard Ratcliff, maçom norte americano, que fundou em Santa Bárbara d'Oeste (SP), em 10 de setembro de 1871, a Primeira Igreja Batista em solo Brasileiro.

Três anos depois, em 1874, Pr. Richard, com pelo menos mais 8 batistas, fundaram a Loja Maçônica George Washington. Desses oito batistas, pelo menos cinco foram fundadores da Primeira Igreja Batista, dentre eles, o Pr. Robert Poter Thomas, que foi interino por diversas vezes tanto na Primeira Igreja quando na Igreja da Estação (a 2ª Igreja Batista no Brasil, fundada em 02 de novembro de 1879, pelo Pr. Elias Quillin, também Maçom). O primeiro Pastor Batista brasileiro Maçom foi Antônio Teixeira de Albuquerque, batizado por Pr. Thomas.

O mais interessante é que, em 12 de julho de 1880, a pedido da Igreja da Estação, foi formado um concílio reunindo as duas igrejas, tendo como moderador o Pr. Thomas. O evento foi realizado dentro do Salão da Loja Maçônica, conforme ata escrita e enviada aos EUA.

Em 1921, Salomão Luiz Ginsburg, Missionário da Junta de Missões Estrangeiras de Richmond, publicou sua autobiografia, relatando ser Maçom.

Os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingrem (fundadores da Assembleia de Deus) também receberam ajuda da Maçonaria para seu pontapé inicial no Brasil.

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Para saber mais do assunto, indicamos o livro "Centelha em Restolho Seco: uma Contribuição Para A História Dos Primórdios", de Betty Antunes de Oliveira.


junho 25, 2024

Introdução à Europa Medieval - Peter Hoppenbrouwers& Wim Blockmans


Atualmente, a palavra "medieval' com o uso alternativo da palavra "feudal", quase sempre significa atraso e barbárie. A Idade Média é vista como um período obscuro (a Idade das Trevas), em contraste com período anteriores e posteriores, considerados muito mais brilhantes.

Como surgiu este ponto de vista?
Durante o século XIV na Itália, poetas e eruditos que se diziam humanistas acreditavam que estavam no limiar de uma nova era de brilho intelectual que contrastaria nitidamente com a obscuridade dos séculos precedentes.
A palavra tenebrae (nevoeiro) surgiu da pena de Francesco Petrarca (1304-1374), o famoso poeta que inspirou uma admiração apaixonada para a Roma antiga; ele usou a palavra para referir-se ao período subsequente ao da Antiguidade.
Depois de Petrarca, outros falaram de media tempestas, media aetas, media tempora. Todas essas expressões tinham uma conotação pejorativa.
Para eles, a Idade Média não passava de um período infeliz e desinteressante de decadência entre a Antiguidade e a nova era de ouro sintetizada pelos eruditos humanistas.
A expressão medium aevum recebeu status oficial em 1678 quando Du Cange publicou seu Glossarium de palavras latinas usadas na Idade Média em dois volumes, que divergiam do significado clássico.
Dez anos depois Christophorus Cellarius escreveu a primeira história da Idade Média sob o título Historia Medii Aevi, que abrangia o período do imperador Constantino o Grande (306-337) até a queda de Constantinopla (1453).
Visto que "Idade Média" é um constructo humanista, o sucesso do conceito deve-se sem dúvida ao vigoroso desenvolvimento do latim e da gramática nas escolas secundárias.
Nessas escolas as ideias humanísticas floresceram, porque o estudo de línguas clássicas constituía a base do currículo.
Havia a expectativa de que com o estudo das biografias de homens famosos e da história de antigas culturas, inclusive poesia e retórica, as novas gerações se elevariam à imagem idealizada dos heróis da Antiguidade.
Até o século XIX o latim continuou a ser a língua da educação universitária, para que todos os intelectuais ficassem imersos no banho da Antiguidade.
Nos países católicos, em especial, houve um interesse renovado pela Idade Média do século XVII em diante, o que se refletiu em instituições criadas especificamente para estudar esse período.
No entanto, no mundo protestante o estudo da Idade Média era visto como um tema acadêmico e, portanto, a ênfase recaiu nos resultados positivos alcançados desde a Re- forma.
As divergências religiosas entre pensadores, que se perpetuaram por razões ideológicas, constituíram a linha divisória da história definida pelos humanistas por motivos acadêmicos.
Durante o século XIX as ideologias mais uma vez exerceram um papel importante na visão do passado.
No período do Classicismo as igrejas medievais e os mosteiros foram relegados ao segundo plano ou destruídos propositalmente, como aconteceu na Revolução Francesa, mas a partir da década de 1820 surgiu de novo o modismo de construir edificações no estilo gótico, e a inspirar-se em construtores medievais.
Na literatura, autores românticos como Sir Walter Scott, Heinrich Heine e Victor Hugo inspiraram-se em histórias medievais para descrever a grandeza do passado medieval, em contraste com o racionalismo do Iluminismo e dos revolucionários franceses.
Nesse passado projetaram-se valores conservadores como a monarquia, a Igreja e a nobreza, ou a liberdade civil e o caráter nacional, de acordo com as necessidades.
As torres altas de pedra construídas na Europa no século XIX eram réplicas das torres das catedrais góticas de Ulm e Colônia. Os prédios dos parlamentos em Londres e em Budapeste têm um estilo neogótico, assim como a prefeitura de Munique.
O passado adaptou-se às preferências dos séculos seguintes.
Após ter sido difamada, a Idade Média, ou a imagem construída dela, agora era elogiada.
Ao longo do século XIX os estudos históricos tornaram-se uma discipli- na acadêmica.
À medida que mais cadeiras eram criadas nas universidades, que aceitavam as linhas de demarcação entre o Humanismo, o Renascimento e a Reforma, e à medida que sociedades mais cultas, publicações e periódicos focalizaram épocas anteriores ou posteriores a esses períodos, essa divisão do processo histórico foi aceita por toda parte como um fato comprovado.
O livro Die Kultur der Renaissance in Italien, de Jacob Burckhardt, publicado em 1860, exerceu um papel-chave nessa questão.
O sucesso espetacular deste livro pode ser explicado pela elegância com a qual o autor elaborou o mito histórico imposto em todas as pessoas que tinham mais que uma educação elementar: o mito que, por meio de uma verdadeira revolução cultural, algumas gerações de intelectuais e artistas italianos haviam libertado a Europa dos vínculos repressores de uma sociedade coletivamente condicionada, e que em todos os aspectos da vida enfocava a vida após a morte.
O sentido literal das palavras "Renascimento" e "renascença", e essa ideia de renovação e restauração, refere-se ao ressurgimento de antigas concepções e ideais.
Em seu uso moderno concerne ao ressurgimento de qualquer elemento, desde novos estudos de textos antigos ou a recuperação da linguagem das formas clássicas na arquitetura e nas artes visuais.
Comparado a esse conceito parcial de "Renascimento", o "Humanismo" parece mais neutro e, portanto, mais fácil de abordar.

Em um sentido estrito, o Humanismo refere-se a um procedimento filológico que consiste em duas partes: tentativas de resgatar mais textos antigos por meio da pesquisa intensa em bibliotecas e pela tradução de autores gregos para o latim e, por outro lado, de esforços filológicos a fim de criar versões desses textos mais fiéis possíveis aos textos originais.
Além disso, o Humanismo tem um sentido mais geral e com certeza mais vago, o da busca intelectual visando à humanidade e de um interesse maior na individualidade do homem e em suas intenções e emoções
Burckhardt concentrou-se nesse segundo sentido do Humanismo e fez uma observação subjetiva sobre a cultura italiana na alta Idade Média, o interesse crescente pelas realizações individuais do homem, tornando-o um elemento-chave no processo revolucionário de mudança que percebera.
O renomado historiador holandês Johan Huizinga já escrevera em seu livro O Outono da Idade Média (1919) como essa tendência era perigosa. Ele não teve dificuldade em pesquisar diversas expressões culturais "tipica- mente medievais" do século XV. Segundo sua opinião, elas revelaram uma nostalgia do passado, em vez de uma aversão.
A natureza singular e revolucionária do Renascimento italiano foi enfraquecida por críticas que apontaram vários "renascimentos antes do Renascimento" Os mais importantes foram o Renascimento Carolíngio e o Renascimento do século XII.
Como conceitos de periodização do estudo medieval eles foram amplamente aceitos, assim como a visão do Renascimento italiano de Burckhardt.
No tocante à Reforma religiosa, iremos mostrar que, de acordo com uma perspectiva teológica e institucional, a Reforma da primeira metade do século XVI foi o prosseguimento de uma longa série de movimentos de reforma que começou no século XI. Sua função definidora é tão discutível como as palavras "Renascimento" e "Humanismo"
Entretanto, o sistema educacional nos países protestantes mais tarde estimulou o estudo da Idade Média, em um contraste gritante com os períodos anteriores, a fim de enfatizar sua singularidade.

BERTRAND RUSSEL


Estar disposto a mudar é de pessoas inteligentes.

O inconsciente governa nossa vida, e o inconsciente é formado por nossas crenças, muitas das quais são falsas, embora as demos por verdadeiras. Ter uma atitude de abertura acima de tudo e todos nos coloca em melhores condições para continuar crescendo. Como Keynes já disse, "a coisa mais difícil do mundo não é que as pessoas aceitem novas ideias, mas sim que esqueçam as antigas"; algo parecido com o que Goethe pensava: "Cuidado com o que aprendes porque não podes esquecê-lo". Estar aberto à «desaprendizagem» é absolutamente imprescindível para que a verdadeira aprendizagem ocorra. Muitas vezes, o que pensamos conhecer é o que realmente nos impede de aprender».


Bertrand Arthur William Russell 1872-1970 - Matemático, filósofo, escritor.

Retirado da rede” web.com

CEGOS DO TEMPLO - Roberto Ribeiro Reis



A presunção da luz cega mais do que qualquer coisa. Não raro, as pessoas têm se proclamado iluminadas, como se fossem portadoras de uma procuração divina, assinada pelo próprio Criador.

Fazem-no despidas de humildade, arrogando para si uma liderança espiritual que chega a ludibriar os incautos, mas que ainda não é capaz de subjugar o homem de intelecto mediano.

Como temos vivido num mundo permeado de superficialidades, o discurso de tais pessoas têm encontrado ressonância junto às massas de manobra, facilmente manipuladas pelas aparências e pela verborragia constantemente utilizada por esses “profetas”.

Não se iludam, meus conscientes Irmãos! Há cegos por toda parte, e os templos já não suportam mais acomodá-los, pois essa multidão de enganados cresce, exponencialmente, dia após dia. No lugar de curados, mais doentes; no lugar de esclarecidos, mais beócios; no lugar de seguidores da luz, mais asseclas das trevas.

A verdadeira luz – aquela que, com uma fagulha, é capaz de iluminar abismos de ignorância – não se encontra nos templos da falsidade, do charlatanismo, da mercancia sem limites e da extorsão feita aos pobres e humildes. Para além de toda essa escravização proselitista religiosa, a Luz Real é aquela que não causa a cegueira, mas que devolve ao cego a possibilidade de enxergar, notadamente com os olhos d’alma!

A luz que almejamos não parte desses templos erigidos aos caprichos do homem, mas advém de nosso Templo Interior, onde o verbo consolador é capaz de vivificar os seres, tocando-lhes suavemente o imo do coração, da mente e do espírito. É a luz que nos abençoa e redime, que nutre a nossa alma de esperanças, e que fortalece nossos corações.


Nesse viés que concerne à luz essencial, feliz do homem que teve o privilégio de ser iniciado em nossos “Augustos Mistérios”. Afinal, a luz que ele recebeu é esta centelha divina capaz de transformá-lo num ser melhor, e que também permite que ele possa se conectar com instâncias de consciência mais elevadas.


O Iniciado tem um manual sagrado de vida em mãos, cujo poder é o de afastá-lo dos abismos e dos infernos mentais, que frequentemente o visitam. Caso ele o siga, disciplinada e fielmente, o céu das bem-aventuranças será seu destino; lado outro, caso ele opte por profanar tais leis maiores, há de conviver com o padecimento de sua consciência, tornando-se, novamente, um homem caído e mais um cego do templo.

junho 24, 2024

POSTURA DURANTE A EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL.



O comportamento que temos de ter ao cantar ou ouvir o Hino Nacional está previsto na Lei no 5.700, aprovada em 1971 e em vigor até hoje. Essa legislação determina que o cantemos o Hino em pé e se ouvirmos, também em pé e em silêncio, com a cabeça descoberta, e os braços estendidos ao longo do corpo. Qualquer outra forma de saudação durante a execução - como acompanhar com palmas, assobios, dançando ou com a mão no peito - é proibida.

ALGUNS EQUÍVOCOS:

Durante a execução do Hino Nacional se você estiver na mesa principal, você deve olhar para o público, em hipótese nenhuma os componentes da mesa podem dar as costas ou os ombros para o público, pois, quando acontece isso (comportamento comum, aliás), comete-se um desrespeito com um dos elementos essenciais da nação: o povo.

 Logo, no caso de participante da mesa principal a regra é: de costas para a bandeira e de frente para o público.

PALMAS, se o Hino Nacional estiver sendo executado através de um equipamento de som; computador ou outro equipamento de som, o público apenas canta junto, e em hipótese alguma se bate palma ao final do Hino. Entretanto, quando o hino estiver sendo cantado por artista, conjunto, coro ou executado por orquestra, aí são possíveis os aplausos para saudar o(s) artista(s).

Se o Hino Nacional estiver sendo apresentado por um artista, coral, etc... devemos acompanhar em silêncio a apresentação. Entretanto, se quem estiver apresentando pedir, o público pode cantar junto.

POSTURA, a postura correta é simples, fica-se em pé, em posição de respeito, com os braços distendidos ao longo do corpo. Não se cruza os braços para trás ou para frente e não se coloca as mãos nos bolsos.

 Outro erro comum é as pessoas colocarem a mão sobre o coração, essa postura é recomendada em alguns países, como nos Estados Unidos, na Lei que regulamenta a postura frente a bandeira ou durante a execução do Hino Brasileiro, está bem claro que os braços deverão ficar estendidos ao longo do corpo e os militares prestarão a continência de acordo com sua organização militar.

Vale ressaltar ainda que o Hino Nacional não é o Hino para homenagear à Bandeira. Para homenagear a bandeira, a lei 5.700 determina que seja executado o hino à Bandeira.

O artigo 25 inciso I e II da lei no 5.700, de 1o setembro de 1971 que estabelece o hasteamento semanal obrigatório da Bandeira Nacional nas escolas.

Nota-se que dois são os momentos em que deve ocorrer a execução do Hino Nacional em reverencia à bandeira Nacional.

 A primeira em continência (no dia da Bandeira) e a segunda na cerimônia cívica semanal dos estabelecimentos de ensino (decreto no 4.835 de 8 de setembro de 2003).

É importante também ressaltar que nas cerimônias cívicas em AMBIENTES FECHADOS não há hasteamento ou arriamento da Bandeira, portanto, o Hino Nacional nesses locais não é executado em cerimônia à Bandeira, então não se deve voltar para os dispositivos de bandeiras.

O entendimento equivocado dessa questão, tem levado as pessoas a se voltarem para a Bandeira quando o Hino Nacional é executado, alguns pretensos cerimonialistas chegam a orientar as pessoas para assim procederem, induzindo-as ao erro.

A Pátria é representada pelo Povo, assim, ignorar a sua precedência sobre qualquer outro símbolo que venha representar o País, é uma opção incoerente.

 Dessa forma, se presta continência (ato que é executado pelos militares conforme normas estabelecidas em Lei própria e para o civil, como um ato de saudação voltar-se na direção do saudado) à Bandeira Nacional durante o cântico do Hino à Bandeira é quando a Bandeira é saudada, na sua passagem quando ela estiver em deslocamento, no hasteamento ou arriamento.

LEI No 5.700, DE 1o DE SETEMBRO DE 1971.

Dispõe sobre a forma e a apresentação dos Símbolos Nacionais, e dá outras providências. ... ... ...

CAPÍTULO III

Da Apresentação dos Símbolos Nacionais

SEÇÃO I

Da Bandeira Nacional

Art. 10. A Bandeira Nacional pode ser usada em todas as manifestações do sentimento patriótico dos brasileiros, de caráter oficial ou particular.

 Art. 11. A Bandeira Nacional pode ser apresentada:

I - Hasteada em mastro ou adriças, nos edifícios públicos ou particulares, templos, campos de esporte, escritórios, salas de aula, auditórios, embarcações, ruas e praças, e em qualquer lugar em que lhe seja assegurado o devido respeito;

II - Distendida e sem mastro, conduzida por aeronaves ou balões, aplicada sôbre parede ou prêsa a um cabo horizontal ligando edifícios, árvores, postes ou mastro; III - Reproduzida sôbre paredes, tetos, vidraças, veículos e aeronaves;

IV - Compondo, com outras bandeiras, panóplias, escudos ou peças semelhantes;

V - Conduzida em formaturas, desfiles, ou mesmo individualmente;

VI - Distendida sôbre ataúdes, até a ocasião do sepultamento.

... ... ...

SEÇÃO II

Do Hino Nacional

 Art. 24. A execução do Hino Nacional obedecerá às seguintes prescrições:

I - Será sempre executado em andamento metronômico de uma semínima igual a 120 (cento e vinte); II - É obrigatória a tonalidade de si bemol para a execução instrumental simples;

III - Far-se-á o canto sempre em uníssono;

IV - nos casos de simples execução instrumental ou vocal, o Hino Nacional será tocado ou cantado integralmente, sem repetição. (Redação dada pela Lei no 13.413, de 2016)

V - Nas continências ao Presidente da República, para fins exclusivos do Cerimonial Militar, serão executados apenas a introdução e os acordes finais, conforme a regulamentação específica.

Art. 25. Será o Hino Nacional executado:

I - Em continência à Bandeira Nacional e ao Presidente da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, quando incorporados; e nos demais casos expressamente determinados pelos regulamentos de continência ou cerimônias de cortesia internacional;

II - Na ocasião do hasteamento da Bandeira Nacional, previsto no parágrafo único do art. 14.

III - na abertura das competições esportivas organizadas pelas entidades integrantes do Sistema Nacional do Desporto, conforme definidas no art. 13 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998.

(Incluído pela Lei no 13.413, de 2016)

§ 1o A execução será instrumental ou vocal de acôrdo com o cerimonial previsto em cada caso. § 2o É vedada a execução do Hino Nacional, em continência, fora dos casos previstos no presente artigo. § 3o Será facultativa a execução do Hino Nacional na abertura de sessões cívicas, nas cerimônias religiosas a que se associe sentido patriótico, no início ou no encerramento das transmissões diárias das emissoras de rádio e televisão, bem assim para exprimir regozijo público em ocasiões festivas.

 § 4o Nas cerimônias em que se tenha de executar um Hino Nacional Estrangeiro, êste deve, por cortesia, preceder o Hino Nacional Brasileiro. § 5o Em qualquer hipótese, o Hino Nacional deverá ser executado integralmente e todos os presentes devem tomar atitude de respeito, conforme descrita no caput do art. 30 desta Lei. (Incluído pela Lei no 13.413, de 2016)

... ... ...

CAPÍTULO V

Do respeito devido à Bandeira Nacional e ao Hino Nacional

Art. 30. Nas cerimônias de hasteamento ou arriamento, nas ocasiões em que a Bandeira se apresentar em marcha ou cortejo, assim como durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio, o civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações.

Parágrafo único. É vedada qualquer outra forma de saudação.

 Art. 31. São consideradas manifestações de desrespeito à Bandeira Nacional, e portanto proibidas:

I - Apresentá-la em mau estado de conservação.

II - Mudar-lhe a forma, as côres, as proporções, o dístico ou acrescentar-lhe outras inscrições; III - Usá-la como roupagem, reposteiro, pano de bôca, guarnição de mesa, revestimento de tribuna, ou como cobertura de placas, retratos, painéis ou monumentos a inaugurar;

IV - Reproduzi-la em rótulos ou invólucros de produtos expostos à venda.

Art. 32. As Bandeiras em mau estado de conservação devem ser entregues a qualquer Unidade Militar, para que sejam incineradas no Dia da Bandeira, segundo o cerimonial peculiar.

Art. 33. Nenhuma bandeira de outra nação pode ser usada no País sem que esteja ao seu lado direito, de igual tamanho e em posição de realce, a Bandeira Nacional, salvo nas sedes das representações diplomáticas ou consulares.

Art. 34. É vedada a execução de quaisquer arranjos vocais do Hino Nacional, a não ser o de Alberto Nepomuceno; igualmente não será permitida a execução de arranjos artísticos instrumentais do Hino Nacional que não sejam autorizados pelo Presidente da República, ouvido o Ministério da Educação e Cultura

SANTOS PATRONOS DA MACONARIA - Valdir Anderson Silverio


 

COMO ENCONTRAR DEUS! - Valdemar Sansão


Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos.  Salmo 19,1

A 4ª Instrução do 1º grau é aberta com a interrogação: “O QUE É A MAÇONARIA”?

A resposta: “Uma associação íntima, de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus; como regra: a Lei Natural; por causa: a Verdade, a Liberdade e a Lei Moral; por princípio: a Igualdade, a Fraternidade e a Caridade; por frutos: a Virtude, a Sociabilidade e o Progresso; por fim, a felicidade dos povos que, incessantemente, ela procura reunir sob a bandeira da paz. Assim, a Maçonaria nunca deixará de existir, enquanto houver o gênero humano”.

O objetivo deste trabalho é fornecer subsídios nessa direção, proporcionando ao recém-iniciado elementos de reflexão através dos quais possa, de forma consciente, trabalhar os seus sentimentos e a sua razão, seja racionalizando sentimentos por intermédio do bom senso e da lógica, seja iluminando a inteligência e os pensamentos com as luzes dos bons sentimentos.  

Lapidar os próprios sentimentos é tarefa árdua, mormente para os Aprendizes. 

Restringido a três páginas, nestas tentaremos mostrar o que de mais importante representa a base de nossa doutrina, embora sabendo que ninguém pode definir o Grande Arquiteto do Universo. Entre todos os landmarks anglo-saxão existe um de extrema importância pelas discussões que provocou. É a crença na existência de Deus, considerado como o Grande Arquiteto do Universo.

Wirth comenta esse Landmark nos seguintes termos: “Que esta crença esteja implicada pelo caráter religioso fundamental da Franco-Maçonaria é algo que não contestaremos. 

O Iniciado que compreende a Arte jamais será um ateu estúpido ou um libertino irreligioso. (“Libertino” tem aqui o sentido antigo: “Livre da disciplina da fé religiosa”).

Essa certeza deve levar-nos a confiar em quem procura a luz com sinceridade. Não temos de exigir dele um credo determinado, que o Há dois mil anos um homem veio ao mundo para pregar uma doutrina de amor, obrigue a aceitar uma concepção teológica necessariamente discutível.

Não erigimos o Grande Arquiteto do Universo como um objeto de crença, mas vemos Nele o símbolo mais importante da Maçonaria, símbolo que deve ser estudado como os demais, a fim de que se compreenda a Maçonaria e se construa cada um por si, num desafio ao egoísmo, o santuário de suas convicções pessoais.

A noção do Grande Arquiteto do Universo, na Maçonaria, é ao mesmo tempo mais ampla e mais limitada que a das diferentes religiões. (Note-se que não suprimimos a palavra “Deus”, mas que lhe acrescentamos o epíteto de “Grande Arquiteto do Universo”).

BONDADE E HUMILDADE DO ESPÍRITO

A Franco-Maçonaria desde sua origem adotou a expressão “O Grande Arquiteto do Universo”, mostrando assim a sua concepção da divindade em suas relações com o mundo e com o homem. 

Sendo Deus o Ser Supremo admitido em todas as religiões, é a existência Suprema, Superior, Criadora e Indefinível, cujo estudo constitui uma das bases da Maçonaria.  

O Cristianismo prega o amor, pedindo que seja feito ao próximo o mesmo que se almeja para si; Jesus de Nazareth, aquele que deu sua vida pela salvação dos homens, respondeu aos Fariseus: “Amar a Deus com todas as forças e a seu próximo como a si mesmo, é da lei e dos profetas; não há maior mandamento”.

Aos que perguntaram qual o caminho para o Reino dos Céus, declarou: “Procurai em primeiro lugar a Justiça e o resto vos será dado em abundância”.

O Judaísmo quer que o nocivo não seja feito aos outros. Moisés tirou da escravidão os filhos de Israel, ditou: “Tu venerarás somente o DEUS único e não talharás imagens a sua semelhança; respeitarás o dia de descanso; não jurarás em vão; honrarás Pai e Mãe; não cometerás adultério; não roubarás os bens de outrem; não levantarás falso testemunho; não cobiçarás a mulher, nem os bens do próximo”.

O Islamismo ensina que, para ser um crente, é preciso desejar ao próximo o que se quer para si mesmo; Maomé, o Profeta por excelência, do Islã dita: “Deus é Deus e não há outro Deus”. “Ninguém pode ser chamado verdadeiro crente se não desejar a seu irmão o que para si deseja”;

O Confucionismo dirige o pensamento para não fazer aos outros o que não se quer para si mesmo. Sua doutrina consiste, inteiramente, em ensinar a retidão do coração e o amor ao próximo.

Há uma regra universal de conduta que se contém na palavra RECIPROCIDADE. “Tu que não és capaz de servir aos homens, como poderás servir, aos deuses? Não conheces a vida, como poderás conhecer a morte”?

O Budismo quer que não seja feito ao semelhante aquilo que lhe pudesse magoar. 

Gautama, o Buda renunciou os direitos de nascimento e de fortuna. Sua lei é a lei do perdão para todos.  

Crenças e religiões de toda ordem existem e devem ser respeitadas. É admitido pelo Alto que cada um busque o Criador em sua própria concepção teológica.

O homem está ligado a Deus pela alma, que é sua essência e seu universo maior de compreensão, raciocínio e sentimento. Não necessita de representantes e intermediários para tanto.

Tantas outras seitas existem, tantos outros mandamentos escritos de diversas outras formas permanecem, mas, acima de tudo, se há vínculos com a essência do Amor, da Bondade, da Justiça e da Sabedoria, ligados a Deus, apesar da variedade de suas revelações falam a mesma linguagem, porque ela corresponde às necessidades universais e aspirações permanentes da Natureza humana.  

Jamais utilizar a religião e a fé para o embrutecimento dos bons sentimentos, o cultivo da riqueza material ou o fanatismo que pode levar até a exaltação que impele o fanático a praticar atos criminosos em nome da religião.  

Hoje se fala muito de espiritualidade e, com frequência, o que se quer dizer é: “Não pertenço a nenhuma religião organizada”. A religião em si, não consegue eliminar completamente o lado mais tenebroso da humanidade.

Não pode acabar com as guerras, a crueldade, a ganância e o sofrimento dos pobres, mas alivia tudo isso e dá uma visão perene de nosso eu melhor e mais puro, e do mundo melhor que a Maçonaria almeja criar, oferecendo um antídoto ao medo que a morte desperta em nós e que nos transporta com fé e esperança há dias melhores para a Humanidade.

O Maçom tem como dever honrar e venerar o Grande Arquiteto do Universo e cumprirá todos esses deveres porque tem a Fé, que lhe dá coragem; a Perseverança, que vence os obstáculos; o Devotamento que o leva a fazer o Bem e a Justiça, mesmo com risco de sua vida, sem esperar outra recompensa, que a tranqüilidade de consciência.  

Precisamos estar mais presentes em nossas Lojas, porque lá os Irmãos, pela união e pelo pensamento se aproximam de Deus, buscando a esperança.

Lá nos reeducamos para superar o individualismo e, diante de Deus, abrir o coração para aprendermos que o Grande Arquiteto do Universo é a autoridade final, e, que nós, Seus filhos temos o dever de seguir pelos caminhos que nos levam a Ele, que são sempre os mesmos que nos levam uns aos outros.

DESENCONTRO NO RANCHO FUNDO - Geraldo Bonadio


Na primeira metade do século XX, quando o rádio ainda não conquistara a importância que mais adiante viria a ter e a televisão sequer povoava o sonho dos visionários, o teatro de revista, com suas comédias abrilhantadas pela beleza das vedetes e o talento dos músicos funcionava com a porta através da qual compositores e letristas brasileiros buscavam alçavam seus primeiros voos para o sucesso.  

Em 1927, Ary Barroso (1903/1964), mineiro de nascimento mas residente no Rio de Janeiro há dez anos, tornara-se um dos compositores mais solicitados do teatro carioca e iniciara uma vitoriosa parceria com o multifacetado J. Carlos (1884/1950), compôs, para a peça É do balacobaco, uma música que tinha por título Na grota funda, cuja letra assim principiava:


“Na grota funda

Na virada da montanha

Só se fala das façanhas 

Do mulato da Raimunda


Matou a nega

Cum pedaço de canela

E adespois sem mais aquela

Se juntou com uma galega...”


O também compositor Lamartine Babo (1904/1963 assistiu à estreia do espetáculo. Encantou-se com a melodia, achou que merecia uma letra melhor  a qual compôs durante a noite - e, sem pedir autorização a Ary ou a J. Carlos, apresentou a música reformatada – e com novo título - “No Rancho Fundo” -, num programa do conjunto Bando de Tangarás, na Rádio Educadora.

O sucesso foi imediato e tornou-se uma das mais belas páginas do cancioneiro do país. Ary aceitou a transformação sem reclamar, mas – como explica em seu livro “Recordações de Ary Barroso” (Funarte, 1979) jornalista Mário Moraes, o mesmo não aconteceu com J. Carlos. Sentindo-se passado para trás, nunca mais falou com o futuro compositor de “Aquarela do Brasil”.

junho 23, 2024

A ESCADA DE JACÓ - Almir Sant'Anna Cruz


 Quando um Irm.’. alcança um novo Grau ele “subiu mais um degrau na Escada de Jacó”?

Embora essa frase seja corriqueiramente usada, a resposta é NÃO!

A Escada de Jacó está narrada na Bíblia em Gênesis 28:10-19 e é um elemento presente no Painel do Grau 1 do Ritual de Emulação inglês, utilizado desde 1927 no Ritual do REAA elaborado pelo Irm.’. Mário Behrig para as Grandes Lojas brasileiras. Não é um símbolo originalmente do REAA nem dos Ritos de origem francesa.

Pela narração bíblica a Escada significa o caminho que leva a Deus e, analogamente, a Escada apresentada no Painel representa o caminho que leva ao GADU através das três virtudes teologais inseridas nos seus degraus: a Fé (cruz), a Esperança (âncora) e a Caridade (cálice ou  taça com a mão em atitude de a alcançar).

Portanto, a Escada de Jacó não representa a evolução do Maçom através do alcance de novos Graus e sim sua evolução no cumprimento das virtudes, sobretudo das teologais..

No Ritual de Emulação explica-se da segunte forma:

“Fé no GADU, Esperança na salvação e Caridade para todos os homens (...), porque, pelas doutrinas contidas nas SSEE somos ensinados a crer na benevolência da Divina Providência, crença que reforça a nossa Fé (...); esta Fé, naturalmente, cria em nós a Esperança de nos tornarmos participantes das promessas abençoadas ali descritas. O Maçom que possui essa virtude (a Caridade), no mais amplo sentido pode ser considerado como tendo atingido o apogeu de sua profissão”.  


(Excertos do livro *Simbologia Maçônica dos Painéis: Lojas de Aprendiz, Companheiro e Mestre*)

SAUDADE DE SÃO JOÃO - Adilson Zotovici


 

Quem lembra do bom pinhão ?

Daquele quentão na chaleira 

Da paçoca feita em pilão 

Daquela pipoca caseira 


Os vizinhos em união 

De cada qual uma assadeira 

Com bolinhos em profusão 

Pamonha à mão, costumeira  


A cidade tornando em rincão 

Sanfona ronca noite inteira 

Quanta “Luz” na escuridão 

Noite fria, estrelada, fagueira  


Como um sonho, quase ilusão 

As crianças em fileira 

Arteiras, felizes, no clarão 

Ordeiras, pulavam a fogueira 


Nas cinzas sobradas no chão 

A batata doce  grosseira 

Caia apagado balão

Findava noite sobranceira ... 


Era sim uma tradição 

Com a turma companheira

Que habita hoje o coração... 

A família verdadeira 


Inda algum som de rojão 

Fim da estação passageira 

Saudade de “São João” !

Inesquecível noite festeira !



Nascido no Solstício, Anunciador do Messias - Jorge Gonçalves


 

João Batista foi um profeta bíblico cuja missão era anunciar a chegada do Messias. Ele viajou por toda a Judeia pregando sobre Cristo, um ser de sabedoria divina que traria uma nova mensagem de Deus. João é frequentemente referido como " _o Batista_ " devido ao seu papel em batizar pessoas, incluindo o próprio Jesus.


" _Eu batizo vocês com água, para o arrependimento. Mas depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo_ . " (Mateus 3:11)


João Batista batizou Jesus Cristo. 

"_Então Jesus veio da Galileia ao Jordão para ser batizado por João. João, porém, tentou dissuadi-lo, dizendo: 'Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?' Respondeu Jesus: 'Deixe assim por enquanto; convém que assim façamos, para cumprir toda a justiça.' E João concordou._" (Mateus 3:13-15)


Estima-se que João nasceu em 2 a.C. e viveu até 28 d.C., falecendo aos 30 anos após ser preso e decapitado sob as ordens de Herodes. O cálculo de seu ano de nascimento é baseado no Evangelho de Lucas, que menciona que João começou seu ministério no 15º ano do reinado de Tibério César. 


"_No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, segundo imperador romano, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes tetrarca (governante de uma quarta parte de um território) da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da Itureia e Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, durante o sumo sacerdócio de Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto._" (Lucas 3:1-2)


"_Pois o próprio Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe, com quem se casara. Pois João dizia a Herodes: 'Não te é permitido viver com a mulher do teu irmão.' Assim, Herodias o odiava e queria matá-lo, mas não podia fazê-lo, porque Herodes temia João e o protegia, sabendo que ele era um homem justo e santo._" (Marcos 6:17-20)


João Batista foi preso por Herodes porque criticava abertamente o casamento de Herodes com Herodias, esposa de seu meio-irmão, o que João corajosamente criticava segundo a lei judaica. Herodes, influenciado por Herodias e para agradar os líderes judeus, ordenou a prisão de João.


Durante uma festa de aniversário de Herodes, a filha de Herodias, Salomé, dançou para ele, o que lhe agradou tanto que prometeu conceder qualquer pedido dela. Instigada por sua mãe, Salomé pediu a cabeça de João Batista em um prato. Com medo, mas sem querer quebrar sua promessa pública, Herodes ordenou a execução de João. 


"_E ela, instigada por sua mãe, disse: 'Dá-me aqui num prato a cabeça de João Batista.' O rei ficou aflito, mas por causa do juramento e dos convidados, ordenou que lhe fosse dada; e mandou decapitar João na prisão._ " (Mateus 14:8-10)


A celebração de São João no dia 24 de junho tem raízes na tradição cristã, sendo associada ao nascimento de João Batista. Se voltarmos ainda mais no tempo, a origem das festividades de São João remonta às celebrações pagãs dos solstícios, que foram adaptadas pela Igreja Católica para coincidir com eventos cristãos.


Salomé Recebe a Cabeça de São João Batista por caravaggio em 1609-10.

junho 22, 2024

CONSTRUTORES SOCIAIS - Roberto Ribeiro Reis



O recrudescimento do desamor é algo que tem assustado a todos nós. A superficialidade tem trazido estrago à vida das pessoas, quais as pragas nas lavouras, que a tudo consomem, num apetite célere e voraz.

Homens e mulheres têm vivido relacionamentos tóxicos, calcados em promessas vãs e na falta total de diálogo. Ir a um salão de beleza ou a uma partida de futebol é algo aprazível a cada um deles; no entanto, tirar uma hora por dia para fazerem o inventário do casal ou até para buscarem um auxílio de um analista, parece-lhes algo entediante.

Os influenciadores digitais têm se preocupado em oferecer um (pseudo) manual de felicidade, cujo escopo maior é a busca da riqueza sem esforços, ou esforços demasiados para se atingir a plenitude material. Com o devido respeito, quanta balela e ludibriação!

A exceção das exceções, a nosso sentir, é a Maçonaria. Uma instituição que preza pelo indivíduo, mas igualmente pelo casamento e pela família. O respeito às pessoas que se amam é regra irrevogável para a Matrimonial Ordem!

Os nossos trabalhos visam ao burilamento espiritual dos irmãos; e tudo aquilo que vá de encontro ao casamento é por nós rechaçado, veementemente. Lado outro, tudo o que vá ao encontro do amor fraternal, da reciprocidade, do respeito e da empatia é celebrado por nossa augusta ordem.

Enquanto construtores sociais, temos o dever de buscarmos transformar a realidade na qual vivemos. Se, nesse momento, padecemos de um mundo tóxico, nossa tarefa é a de propiciar meios de desintoxicar os que se encontram ao nosso lado. Ninguém consegue mudar o outro, isso é fato! Mas é possível educar as pessoas muito mais através do bom exemplo, do que somente através das palavras.

A Maçonaria poderia e deveria utilizar seus recursos financeiros não para custear a suntuosidade de palácios – nos quais a maioria da realeza é paladina da soberba e da bazófia aguda – mas para financiar projetos sociais, de formação de jovens e capacitação dos que não têm oportunidade; outrossim, poderia ajudar a combater a fome tão latente nos rincões de nosso país.

Somos livres para pensar, deveríamos ser muito mais fraternos em nosso agir, tornando, por conseguinte, o mundo muito mais igualitário. Não adianta ter a divisa do ideário iluminista somente na teoria. É preciso que a liberdade, a igualdade e a fraternidade sejam expostas como bases sólidas em nossa sociedade, e que, na prática, manifestem-se em planos reais de concreção e materialização, para além do que figurarem somente em um texto constitucional, sem eficácia qualquer.

Aos desavisados de plantão – e que seguem a filosofia das miríades de miríades de incautos – adiantamos que tais medidas não visam ao estabelecimento do comunismo no Brasil ou no mundo (isso já virou até modinha). O desiderato maior do verdadeiro Maçom não é que sol brilhe exclusivamente para si. Não é para isso que ele foi iniciado. O sonho maior de todo Pedreiro Livre é ver seus irmãos progredirem, materialmente e, acima de tudo, espiritualmente. Daí o porquê de sermos chamados de construtores sociais.