julho 05, 2024

O SILÊNCIO DA MAÇONARIA- Luciano Junior


Era uma tarde típica, com o céu tingido de um azul sereno, quando uma notícia impactante varreu o país: o STF havia decidido liberar o uso de drogas ilícitas, deste jeito que a notícia corre e na pratica é quase isso. A decisão, cercada de polêmicas e debates acalorados, deixava um vazio inquietante. O que mais me perturbava, contudo, não era apenas a resolução em si, mas *o silêncio ensurdecedor da Maçonaria diante de tal acontecimento.* Lembrei-me de quando fui iniciado na Ordem DeMolay, nos idos de 1988. Participei de uma campanha promovida pela loja Maçônica patrocinadora, onde distribuímos 18 mil panfletos conscientizando acerca dos malefícios das drogas na cidade. *O venerável, tio Pinheiro, foi ameaçado de morte por traficantes locais, mas não desistiu,* como conterrâneo da heroína baiana Maria Quitéria ele foi até o final, e vencemos. *Acho que faltam tios Pinheiros como Grão Mestres nas potências... com coragem,  de, ao menos, dizer algo contra esta decisão transloucada do STF,* nem precisaria arriscar a vida.


A Maçonaria, conhecida por seus princípios de moralidade e virtude, *sempre fora uma luz guia em tempos de escuridão*. E, no entanto, ali estava ela, calada e inerte, enquanto um *novo tipo de liberdade, revestido de permissividade, ameaçava corromper os pilares da sociedade.*


Refleti sobre o papel do verdadeiro maçom em um cenário onde os *vícios eram não apenas tolerados, mas liberados e quase incentivados*. O verdadeiro maçom, aprendi desde cedo, deve ser um guardião de sua própria moralidade, um exemplo de integridade e força. Mas como manter essa postura diante de uma sociedade que parecia capitular aos seus desejos mais baixos?


*O silêncio da Maçonaria não podia ser um consentimento tácito*. Era uma *omissão perigosa*. Porque, quando uma instituição que preza pela virtude e pela retidão não se posiciona contra o avanço dos vícios, ela falha em sua missão primordial de guiar e proteger.


Os vícios, especialmente os relacionados às drogas ilícitas, não são apenas fraquezas individuais. *São flagelos sociais que destroem famílias, corrompem mentes jovens e enfraquecem o tecido moral de uma nação*. O uso de drogas não é uma questão de liberdade individual, mas de *escravidão coletiva.*


Pensei nos antigos ensinamentos maçônicos, que nos exortam a ser vigilantes, a resistir às tentações e a combater os vícios com todas as nossas forças. Esses ensinamentos, que deveriam ecoar mais alto do que nunca, estavam agora soterrados sob o peso de uma sociedade que confundia liberdade com permissividade.


A verdadeira liberdade, como bem sabemos, não está na indulgência dos desejos, mas na capacidade de dizer "não" a eles. Ser livre é ser mestre de si mesmo, não escravo das próprias paixões. *E é essa lição que a Maçonaria deveria estar proclamando, não apenas dentro de suas lojas, mas para todo o mundo ouvir.*


O silêncio da Maçonaria, portanto, não era apenas um silêncio. Era *uma abdicação de responsabilidade.* Porque em tempos de crise moral, o silêncio é uma forma de conivência. E cada maçom, ao não se levantar contra essa decisão, estava, de certa forma, permitindo que os vícios se instalassem.


Compreendi, então, que a *Maçonaria precisa despertar de seu silêncio*. Cada verdadeiro maçom deve *ser um farol de virtude*, lutando contra a maré de permissividade que ameaça afogar os valores fundamentais da sociedade. Devemos erguer nossas vozes, não em oposição cega, mas em defesa da verdadeira liberdade, que se encontra na disciplina e na resistência aos vícios.


E assim, enquanto o país debatía a decisão do STF, eu decidi que não poderia ficar calado. *A Maçonaria não pode ser um observador passivo*. Devemos ser os arquitetos da moralidade, os guardiões da virtude e os exemplos vivos de que a verdadeira liberdade é a conquista de uma vida livre de vícios.


Que cada maçom, portanto, tome essa reflexão como um chamado à ação. Porque, em tempos de permissividade, ser virtuoso é um ato de coragem. E a Maçonaria, mais do que nunca, precisa ser a voz da razão e da retidão em um mundo cada vez mais perdido em seus próprios desejos.


E que assim seja!

CEGOS DO TEMPLO - Roberto Ribeiro Reis




A presunção da luz cega mais do que qualquer coisa. Não raro, as pessoas têm se proclamado iluminadas, como se fossem portadoras de uma procuração divina, assinada pelo próprio Criador.

Fazem-no despidas de humildade, arrogando para si uma liderança espiritual que chega a ludibriar os incautos, mas que ainda não é capaz de subjugar o homem de intelecto mediano.

Como temos vivido num mundo permeado de superficialidades, o discurso de tais pessoas têm encontrado ressonância junto às massas de manobra, facilmente manipuladas pelas aparências e pela verborragia constantemente utilizada por esses “profetas”.

Não se iludam, meus conscientes Irmãos! Há cegos por toda parte, e os templos já não suportam mais acomodá-los, pois essa multidão de enganados cresce, exponencialmente, dia após dia. No lugar de curados, mais doentes; no lugar de esclarecidos, mais beócios; no lugar de seguidores da luz, mais asseclas das trevas.

A verdadeira luz – aquela que, com uma fagulha, é capaz de iluminar abismos de ignorância – não se encontra nos templos da falsidade, do charlatanismo, da mercancia sem limites e da extorsão feita aos pobres e humildes. Para além de toda essa escravização proselitista religiosa, a Luz Real é aquela que não causa a cegueira, mas que devolve ao cego a possibilidade de enxergar, notadamente com os olhos d’alma!

A luz que almejamos não parte desses templos erigidos aos caprichos do homem, mas advém de nosso Templo Interior, onde o verbo consolador é capaz de vivificar os seres, tocando-lhes suavemente o imo do coração, da mente e do espírito. É a luz que nos abençoa e redime, que nutre a nossa alma de esperanças, e que fortalece nossos corações.

Nesse viés que concerne à luz essencial, feliz do homem que teve o privilégio de ser iniciado em nossos “Augustos Mistérios”. Afinal, a luz que ele recebeu é esta centelha divina capaz de transformá-lo num ser melhor, e que também permite que ele possa se conectar com instâncias de consciência mais elevadas.

O Iniciado tem um manual sagrado de vida em mãos, cujo poder é o de afastá-lo dos abismos e dos infernos mentais, que frequentemente o visitam. Caso ele o siga, disciplinada e fielmente, o céu das bem-aventuranças será seu destino; lado outro, caso ele opte por profanar tais leis maiores, há de conviver com o padecimento de sua consciência, tornando-se, novamente, um homem caído e mais um cego do templo.

julho 03, 2024

5ª ATA DO LIVRO DE OURO DO GOB DE 12/07/1822 - Almir Sant'Anna Cruz

 


REPROVADA A INICIAÇÃO DO “CHALAÇA"

Observa-se na leitura da Ata, a grande preocupação e zelo da Alta Administração do Grande Oriente do Brasil, constituída em Grande Loja, na concessão de autorizações às Lojas para filiarem, iniciarem e concederem elevações de graus.

Nessa 5ª Ata foram reprovados os candidatos José Caetano de Oliveira, Diretor do Laboratório e Francisco Gomes da Silva.

O Diretor do Laboratório foi rejeitado pela impossibilidade física de comparecer e ajudar na causa do país e Francisco Gomes da Silva por sua *indiferença à causa do país e por imoralidade*.


E quem foi Francisco Gomes da Silva? 

O companheiro de esbórnia e arregimentador de belas mulheres para D. Pedro, inclusive da famosa Maria Domitila de Castro Canto e Melo, que mais tarde recebeu o título de Marquesa de Santos. 

De Guarda de Honra tornou-se secretário particular de D. Pedro e promovido sucessivamente a tenente, capitão e coronel comandante. 

Passou para a História conhecido por sua alcunha: o *“Chalaça”*.


Consta também nesta Ata que o Grande Promotor da Grande Loja (General Luiz Pereira da Nóbrega) deveria admoestar e punir José Sanches de Brito por suas ‘indignidades maçônicas e morais, suspeitando-se que pretendia provocar um cisma e trabalhando com fins opostos aos dos Maçons, ou seja, a Independência do Brasil. 

Do livro *A História eu a História não conta: a Maçonaria na Independência do Brasil - Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

O CANIBALISMO MORAL DOS TOLERANTES - Sidney Silveira

 




O texto é suscita a reflexão sobre a inépcia da justificativa da "Tolerância Total" para a falta da reação racional e necessária para manter a coerência e não exaltar a ignorância. 


Tudo possui o limite da aceitabilidade e este se define pela tênue linha do equilíbrio entre o desejável e o necessário ; o mais certo e o menos errado ; o ideal e o real. 


Há uma torpe interpretação de que é preciso Tolerar Tudo e Todos para ser uma pessoa de bem, humilde e admirada. 


Mas a realidade é que a vida é seletiva e quem não se posiciona termina por ser insosso e complacente com aquilo que contesta e se torna um amoral. 


É preciso ter limites! 


O próprio Cristo ao entrar no Templo e se deparar com o desvirtuamento de seus preceitos, tomou o chicote e açoitou os mercadores para fora do lugar sagrado. 


Ter posição Moral e Ética definidas não é sinônimo de Intolerância social, ao contrário é apenas a defesa dos valores que norteiam a convivência, o respeito comum e a boa educação. 


Estejamos então cautelosos para que a dita *"Tolerância" não se torne jamais a arma da fútil "Conivência"*... 


Comentários de Sidnei Godinho

... Só se tolera o que não é bom e isto, circunstancialmente, seja para evitar um mal maior, seja em ordem a um bem mais valioso. 

Assim, por exemplo, podemos tolerar os defeitos de um amigo para manter a amizade; do cônjuge para não se desfazer o casamento e os nossos próprios para não enlouquecermos, por excesso de escrúpulos. 

Tolerância não é algo que se ostente, pois além de tudo não é sequer princípio moral. 

A tolerância será boa apenas quando estiver conformada pela virtude da prudência. 

Em todos os demais casos ela é falha grave ou gravíssima, razão por que tem comumente outros nomes: 

_tolerar o vício é permissividade; 

_tolerar a mentira, cumplicidade; 

_tolerar a maldade, covardia; 

_tolerar o erro, estupidez;

_tolerar a tirania, suicídio político; 

_tolerar a louvação da mediocridade, assassinato civilizacional. 

Apresentar-se como tolerante é *velhacaria* típica do caráter sucumbido ao *espírito de rebanho*. 

O balido dos tolerantes autoproclamados é, pois, o das ovelhas carnívoras prontas a canibalizar quem não adere ao seu grupo. 

A intolerância, por sua vez, será boa sempre que representar a adesão a princípios inegociáveis: 

_a verdade, o bem, a beleza, o moral... 

O mundo que quer enfiar a tolerância goela abaixo de todos, como se ela fora dever moral, tem um nome: *inferno*. 

Esta é a mais terrível maneira de ser intolerante. 

*Onde é proibido proibir, impera o mal.*... 



julho 02, 2024

QUITE: REFLEXÕES SOBRE A EXISTÊNCIA NA JORNADA MAÇÔNICA

 Adaptado de texto escrito por “Franklin dos Santos Moura”








A Proximidade Entre o Início e o Fim


Geralmente, o primeiro passo é a desmotivação para frequentar as sessões, seja porque as convocatórias da Ordem da Sessão estão vazias ou porque estão preenchidas com temas de pouca relevância na percepção do Irmão, que esquece ser também seu dever, contribuir para essas mesmas convocatórias.

O segundo passo é o Irmão deixar de ter contato com os Irmãos da Loja, mesmo sem frequentar as sessões.

O terceiro passo é a Loja deixar de procurar o Irmão, desistindo de o resgatar da sua condição confusa ou insegura.

A sequência é derradeira (o quarto passo), podendo ser acelerada ao surgir um problema de relacionamento com algum Irmão ou ainda a ocorrência de algum episódio de falha administrativa como esquecer de enviar flores no aniversário da cunhada, ou esquecer de citar alguma data festiva da família na sessão, ou ainda alguma fagulha no demasiado discurso no final de uma sessão.

Relatados estes quatro passos que ligam o início e o fim, refletiremos brevemente sobre cada um deles. Vale ressaltar que pelas observações e conversas, a maioria dos “quites” são solicitados entre o segundo e terceiro passo, culminando numa licença e quando ocorrem na altura do quarto passo, geralmente o Irmão filia-se noutra Loja.

Primeiro Passo: – HOJE EU NÃO IREI À SESSÃO

Chega o dia da sessão, e desde logo a alegria de reencontrar os Irmãos é substituída pela apreensão:

Bolas, hoje é dia de sessão!

Não estou com a mínima vontade de ir lá!

Vai ser discutido o mesmo assunto, de novo!

Ninguém vai apresentar nada interessante e ainda poderá sobrar para mim ter de fazer algum trabalho para a próxima sessão.

Além disto, vai que estejam a precisar de alguém para alguma trabalho? Estou fora!

Não tenho tempo para mim!

Esta desmotivação inflama-se ao se somar os compromissos profissionais, o trânsito, a conciliação e equilíbrio da vida familiar e a pura vontade de ir para casa descansar.

Uma sessão, duas sessões, um mês e de repente meses, anos, levando o Irmão a uma desconexão dos assuntos e da harmonia dos trabalhos em Loja.

Segundo Passo: – Seguindo Solitário

Deixar de frequentar a Loja é um problema, porém perder o contacto com os Irmãos é um sinal grave de que estamos a afastar-nos do porto. Não há mais tempo ou ocasião para um almoço, um churrasco, um encontro num barzinho ou na Igreja, um telefonema, uma mensagem no WhatsApp, levando também à perda de contacto entre as cunhadas e sobrinhos.

Segue-se a ausência nos eventos festivos da Loja, deixando claro que o Irmão está noutro plano, ou sem plano nenhum.

Terceiro Passo: – Livre para Voar ou Cair

Depois de não frequentar as sessões e perder o contacto e convivência, o momento derradeiro dá os seus sinais, pois a Loja mostra indícios de que já não consegue recuperar o Irmão.

Chamadas sem retorno, e-mails sem resposta, mensagens de WhatsApp lidas e não respondidas, ausência em sessões magnas, ausência nas confraternizações, e chega o momento da Loja deixar o Irmão refletir sobre o que fará da sua jornada maçônica. É um baixar de braços em que os dois perdem, mas existe um limite entre gritar e não ser ouvido também em ambos os lados. Pelo lado do Irmão, será que ele não está a precisar de algo que ainda não foi descoberto. Pelo lado da Loja, será que o Irmão não se sente livre o bastante para se colocar entre colunas e abrir o seu coração e as suas angústias? E o padrinho desse Irmão, será que está atento ou foi acionado antes deste estágio?

Aqui, neste momento, aparecem Irmãos sim, mas para ruminar defeitos na Oficina de que ele faz parte e tentar levá-lo para outras Lojas, ajudando a enterrar uma relação que deveria ser mais forte.

Inicia-se então o período de visitar outras Lojas, inspirado pela ideia de que só a sua Loja não é perfeita. Rapidamente, chega a informação aos quadros da Loja que aquele Irmão ausente e inativo está visitando outras Oficinas e continua sem visitar a sua Loja oficial.

Momento livre para voar ou cair.

Quarto Passo: – Tempestade em Copo d’água

A ponte entre o início e o fim está prestes a ser concluída. Primeiro o Irmão não frequenta as sessões perdendo a ligação com a harmonia e com os assuntos da Loja.

Depois, deixa de ter contacto com os Irmãos, afastando-se da convivência fraterna que tanto enriquece a jornada maçônica, e porque não dizer, é um dos grandes tesouros da Ordem.

Desgastada pela resistência do Irmão em retornar aos quadros, a Loja desiste temporariamente do resgate, procurando revigorar forças e ações.

Infelizmente é nessa fase que qualquer evento, por menor que seja, será suficiente para promover um turbilhão de polêmicas e rebentar o último fio que prendia a esperança de manter a ligação com a Loja.

De discussão político-partidária, lamúrias por não ter cargo em Loja, como se faz um nó de gravata, qual a sobremesa do jantar, ou qual é a posição do dedão do pé dentro do sapato quando se está em Loja. Qualquer motivo servirá para disparar uma discussão, uma troca inconclusiva de palavras e um pedido distante de perdão e reconsideração. 

Agora, é só aguardar o pedido.

Presença Física, Ausência Mental e Espiritual

Os quatro passos comentados partiram de uma premissa de que o Irmão estaria ausente das sessões. Porém, em paralelo com estes quatro passos, temos também aqueles que frequentam as sessões, mas estão ausentes, igualmente desmotivados, sem conviver com os Irmãos e a Loja sem tentar o seu resgate, já que ele está ali teoricamente presente.

Basta notar, em face da sua desmotivação, o uso do telefone durante as sessões, dispersando totalmente dos temas tratados. Este Irmão também já não se levanta para falar no final da sessão e pouco se sabe sobre a sua vida, embora esteja a frequentar assiduamente as sessões.

Não apresenta trabalhos e quando assim o faz percebe-se um árduo cumprimento de obrigação, e não uma edificação pessoal para partilhar com os Irmãos.

Está mais sintonizado com criticar do que com sugerir e contribuir com alguma ação para a vida da Loja.

Este Irmão, ao meu ver, está tão “quitado” como o outro que percorreu os quatro passos, sendo a única diferença, a de que está fisicamente presente nas sessões e não está a atrair a atenção da Loja sobre os seus sintomas.

Considerações Finais

O presente trabalho teve por objetivo apresentar algumas breves reflexões sobre “o Quite e as suas origens”, abordando na percepção do autor, os quatro passos a serem percebidos e combatidos para evitar a saída do Irmão, sejam eles:

I. ausência;

II. distanciamento;

III. abandono da Loja; e

IV. incidentes não resolvidos ou esclarecidos.

Por fim, chamou-se também à atenção para os casos em que o Irmão frequenta apenas fisicamente as sessões, mas a sua direção aponta para fora da Loja.

Arriscaria a dizer que para alguns Irmãos, só falta alguém redigir para eles o quite, pois ainda não o redigiram por desconhecimento e por total afastamento da prática e estudo dos documentos da Ordem.

Assim, a vigilância e persistência devem ser firmes e constantes, para primeiro fazer com que o Irmão se sinta à vontade para trazer as suas desmotivações perante os Irmãos e segundo para a Loja, ter a mesma liberdade em corrigir e resgatar o Irmão sempre que necessário. Embora seja um tema bastante difundido, o papel do Padrinho é singular na vida do Irmão e poderia ser aprofundado numa outra Prancha.

Por fim, sabemos que o livre arbítrio guia os passos de cada um, mas também sabemos que a liberdade nos leva a caminhar cegos na escuridão, e a maçonaria se destaca por ser uma incandescente Luz nas nossas vidas.

Diante do exposto, que o GADU, mantenha a Luz da Sabedoria apontada nas nossas vidas, prevalecendo a tolerância e a habilidade de “saber cuidar” fraternalmente e entre Irmãos.



ADULTIFICAÇÃO MAÇONICA - Sérgio Quirino Guimarães


Entre os dois grandes eventos de nossa existência terrena nascimento e morte, passamos por quatro estágios na vida: infância (nas suas très etapas), adolescência, fase adulta e velhice.

Já se deram conta de que, em nossa "existência maçõnica", também passamos por quatro estágios: profano/candidato/neofito, aprendiz, companheiro e mestre?

Tracemos, então, paralelos alegóricos. A infância é o período em que temos pouco ou nenhum conhecimento sobre algo. Em contrapartida, nutrimos uma imensa curiosidade. Nossos olhos ou ainda estão fechados ou tampados por vendas das vagas ilusões; nossas pernas, ainda não bem fortalecidas, fazem-nos sentir os caminhos como tortuosos, e devemos confiar nas mãos e na voz paternal a nos guiar.

Assim, vencemos essa primeira etapa e começamos a aprender. Muitas vezes, não sabemos ler nem escrever, mas é essencial ver e ouvir, uma vez que assimilamos mais pela observação da prática e das condutas do que pelas letras dos rituais. Estamos em plena força e vigor.

Advindo do próprio passar do tempo e da experiência adquirida, seja pela conscientização da instrução, seja pela cópia do bom modelo, começamos a compartilhar. Seria a adolescência maçônica. Com toda a beleza que sustenta essa fase da vida, é o mais significativo dos graus da Maçonaria. Isso porque nossos sentidos estão à flor da pele, e devemos neles confiar como os mais sábios conselheiros.

Chega, então, a Exaltação, a nos recordar que, na mocidade, não nos lembramos devidamente do Criador. São os tempos difíceis da velhice. Alguns poderão dizer que não têm mais satisfação em seus dias e que tudo está errado.

Esta instrução, porém, não tem propósito depreciativo ou depressivo. A plenitude maçõnica, ou o Mestrado Maçõnico, está na compreensão do Salmo 39, versículos 4 e 5:

"Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade. Deste aos meus dias o comprimento de alguns palmos; à tua presença, o prazo da minha vida é nada. Na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade."

Cientes e conscientes dessas realidades, indiferentemente de idades biológicas, idades maçónicas, graus, cargos e títulos, todos nós devemos nos atentar à ADULTIFICAÇÃO MAÇONICA.

Nossa adultificação é um processo constante de amadurecimento em nossas relações pessoais, fraternas e institucionais, visando ao autoconhecimento e às responsabilidades inerentes ao cumprimento dos juramentos feitos.

Alheios a quaisquer marcadores, tornar-se adulto é amadurecer. É lembrar-se com saudade das experiências puras e marcantes da iniciação exordial. Do vigor e da alvura do avental, o qual orgulhosamente trajávamos na Coluna do Norte.

Das amizades e do despertar da espiritualidade, quando praticamos o companheirismo; da real plenitude dos direitos, na obrigação de se colocar, de modo consciente, à disposição para a concretização dos nossos Sãos Principios e dos deveres assumidos.

A MATURIDADE DA FRUTA NÃO ESTÁ EM SUA POLPA, MAS NO PODER DE GERMINAÇÃO DE SUA SEMENTE.




julho 01, 2024

 📝 A Maçonaria Inglesa reafirmou em 2024 a sua posição de ser uma organização de um só sexo, tanto para homens quanto para mulheres, desafiando alegações de misoginia. Em uma declaração conjunta, a Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE) e suas congêneres femininas enfatizam que cada ramo manterá sua exclusividade de gênero.

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"Ambas as ordens femininas apoiam inteiramente o facto de a UGLE continuar a ser uma organização exclusivamente masculina," destaca a declaração.

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Essa posição foi reforçada após o Garrick Club (clube privado fundado em 1831), em Londres, ter permitido a entrada de mulheres, respondendo a acusações de sexismo. Outras instituições também abriram suas portas às mulheres, mas a Maçonaria permanece firme em sua tradição.

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👉 As duas Grandes Lojas femininas na Inglaterra, fundadas no início do século XX, seguem os mesmos rituais e regulamentos que as lojas masculinas, referindo-se umas às outras como “Irmãos”. Elas valorizam um ambiente seguro e exclusivo para praticar a Maçonaria.

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📅 Em sua comunicação trimestral, o Pró Grão-Mestre da UGLE, Jonathan Spence, reafirmou a colaboração positiva entre as Grandes Lojas masculinas e femininas, enquanto enfatizava a importância da liberdade de associação.

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As três Grandes Lojas trabalham juntas para desmistificar ideias errôneas e combater preconceitos sobre a Maçonaria, promovendo a integridade, amizade, respeito e serviço em suas comunidades.

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A Maçonaria é uma atividade secular e inclusiva, onde seus membros são encorajados a contribuir ativamente para suas comunidades.

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📐 CURIOSIDADES DA MAÇONARIA

https://famososmacons.blogspot.com/

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#curiosidadesdamaconaria #curiosidadesmaconicas #maconaria #maconariafeminina

ARTE REAL - FILOSOFISMO E MAIS - Aldo Vecchini



“O ser humano pode alterar a sua vida mudando a sua atitude mental”. William James

Consta no catecismo maçônico da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo/Rito Escocês Antigo e Aceito, que a Arte Real é a arte do pensamento. Parece aproximação à filosofia de René Descartes que sentenciou: “Cogito Ergo Sum”...

Acreditamos na atividade mental para compreendermos o que nos chega, e explicar as possibilidades de aplicação, individual e/ou social, quer seja por meio da dimensão ritualística/esotérica ou mesmo filosoficamente.

E em nossos rituais, as instruções nos três graus, nos empurra a pensar tanto na nuance quanto na complexidade da revelação. E a servir delas para ajustá-las ao nosso moral/social, pois o fito é fazer progressos...

E é o trabalho cerebral que acelera tudo desde a investigação, com reflexão, até a compreensão/conscientização dos mistérios que divisarão o antes e o depois, ou seja, a presença da luz que ilumina os nossos entendimentos.

É óbvio que o intento não é a sua totalidade, mas uma possibilidade que unida a outras, robustecem os ensinamentos, elevando o cabedal que já não é mais individual, senão, coletivo. Conseguimos o Ubuntu! Na filosofia africana significa: “Eu sou porque nós somos”!

Convenhamos que no mundo mecânico o trabalho intelectual não seja considerado "trabalho". Pois no trabalho mecânico tem que atuar uma força e produzir um deslocamento.

No filosofismo, mais intimamente, no existencialismo, Frédéric Allouche, na obra Ser livre com Sartre, ed. Nobilis, 2019, escreve: "Para Sartre, é o pensamento, a consciência que faz toda a originalidade e a dignidade humana dentro da natureza".

Eis aí o convite ao homem/maçom. Ele que experimentou as trevas e a luz; a ignorância e o conhecimento; o doce das realizações e o amargor das decepções. 

Então, o presidente numa instrução, segundo o Ritual, assevera: "E para tornardes verdadeiro Iniciado, podeis ler pouco, mas pensai muito; meditai sempre e, sobretudo, não tenhais receio de sonhar!" Ritual do Simbolismo CM.

Em linguagem coloquial significa: "pense por si mesmo; durma sempre com os seus olhos; e desperte para realizar os seus sonhos"...

Em outro trecho, do mesmo Ritual, o presidente recomenda “o estudo no livro da vida/natureza, esforçando-vos por desvendar seus mistérios, sob a luz da Razão e da Ciência”... Os segredos ficam para um outro momento e ocasião.

Pronto! Fundamentamos o presente trabalho. Ajudados pela sabedoria maçônica que por meio da tríade: filosofismo, catecismo e esoterismo, oferta aos iniciados a melhor tábua de delinear. Podemos caprichar nos detalhes!

Também devemos avançar, pois somos livres e de bons costumes! 

Livres para pensar e agir; para ir mais longe e colaborar com os reconhecidos, eles que compartilham da mesma luz, dos mesmos propósitos e das mesmas causas: tornar feliz a humanidade. 

É tão necessária e verdadeira a atividade da Arte Real que a GLESP oferece aos inscritos uma formação em Mentoria. Aos diplomados Mentores fica a incumbência de atuar na instrução/formação dos Aprendizes, Companheiros e Mestres. 

Para tanto há de se construir uma simbiose, ou seja, um clima ou via de mão dupla necessário para haver trocas e compartilhamentos. Troca porque aprendemos sempre. Compartilhamento para ampliar as possibilidades, sem inventar moda, e alcançar a todos os que se dispõe a evoluir.

Consta no manual do Mentor as vantagens da Mentoria para a Loja, para o Mentor e orientandos, e uma recompensa destacada é a satisfação de promover o crescimento maçônico de seus orientandos.

Da pedra Bruta inicial passando ao esquadrejamento da mesma e, mais adiante, servindo-nos da prancheta de delinear, o saber fazer sucedeu o saber aprender, pois o aprender a ser completa-se no aprender a viver juntos, eis o simbolismo do malho e cinzel; esquadro e compasso na melhor composição  onde, ao centro, destaca-se o G.

Assim, o conhecimento tão incentivado desde a Iniciação há de tornar-se busca perene por melhores esclarecimentos e ajustes no edifício pessoal. E a Tertúlia Maçônica mediada por um Mestre/Mentor pode ganhar proporções desejadas se contribuir para a compreensão dos símbolos e das alegorias apresentadas. 

O canteiro de obras está disponível para todas as ações, exceto, rachar a pedra pela força desmedida do golpe ou falta de afiação do buril. Sim! Para o desbaste perfeito há de refazer o cume para desbastar, sem ferir. Eliminando-se o excesso destaca-se o ângulo reto que permite o melhor assentamento de cada pedra, pelas mãos do artesão. 

Nesse trabalho especulativo, atualmente, há muito espaço para a leitura, compreensão, reflexão, adequação do todo lido; compreendido, sim, porque fora bem pensado, e espremido no crivo da reflexão pura e direcionada por uma sã moral.

O aspecto pode até ser de uma dialética de filósofo iniciante. Talvez o seja o da primeira cinzelada do aprendiz. Mas o conteúdo pode estar oculto aos olhos profanos, exceto na imaginação do artesão que percebeu mentalmente a obra escondida sob as aparas.

E a arte de remover o material excedente trazendo, demoradamente à vista, a escultura polida e acabada, torna-se a arte final, na dimensão operativa. Por analogia, o mesmo se dá com as peças de arquitetura esculpidas no íntimo do autor. Elas trazem as formas e contornos precisos porque foram definidos com entusiasmo e vigor.

Em linguagem maçônica esse entusiasmo corresponde à vontade. Não como desejo, mas como consciência promotora de ações e realizações laborais. Significa dizer que essa vontade alinhada com a inteligência e o amor resultam na tríade simbólica que adorna a sua assinatura, verdadeiro arremate na obra acabada.

Eis aí um excelente motivo para todo o maçom adornar a sua assinatura. O adorno deve suscitar-lhe veracidade, autenticidade e trabalho limpo. Caso contrário omita-o para os que nos reconhecem não imaginar má-fé, talvez uma fraude ou necessidade de levar vantagem em negócios ou produções duvidosas. 

Refazendo as conjecturas que desvelam os mistérios, a inteligência maçônica deve suplantar a negligência profana, ou seja, do não se esforçar por investigar as possibilidades que criam as oportunidades de melhorarmos nossa obra interior, todo o dia, sem oferecer resistências, ao contrário, facilitando e exercitando o cérebro, e com a força do pensamento encontraremos, indubitavelmente, o que procuramos.

Buscando condensar essa parte reflexiva, sem pretensão de qualquer precipitação, mas com o fito de orvalhar os olhos que leem felicitando-os e convidando-os a voltar nos pontos mais sensíveis ou enigmáticos do que está apresentado, para fomentar outras considerações pelo simples enriquecimento textual. 

Arrematando a terceira lâmina insistimos na força do pensamento - feito a alavanca - a mover as dificuldades e permitir a melhor compreensão pelo exercício mental e (re)conhecer nitidamente na essência maçônica a pedra filosofal culminada na Arte de Construir, ou seja, na Arte Real. 


AUGUSTA PROSOPOPEIA - Roberto Ribeiro Reis



Era só mais um período normal,

Semelhante ao da anterior semana;

A Loja brilhante e a luz que emana

Todas as maravilhas de seu ritual.


De repente, algo muito excepcional,

Aconteceu, de maneira soberana:

O Esquadro, de forma sobrehumana,

Levantou-se, e aquilo foi sensacional!


Parecia ser um sonho, algo surreal,

Que deixou todo mundo estupefato;

O Compasso o seguiu, nesse hiato,

E ambos já se moviam na Arte Real.


Poderia até parecer a Comédia Divina,

Ou algo que não tenhamos menor ideia;

Acreditamos ser a Augusta Prosopopeia:

Esquadro e Compasso com a Disciplina.


Ambos falavam com euforia e adrenalina,

Sobre Maçonaria, alegria e entusiasmo;

Foi quando notamos todo Templo pasmo,

Com a aula da dupla de pura maestria.


Nenhum Irmão se esquecerá desses dias,

No qual a vida (novamente) se fez arte;

A nossa Ordem é Magnífica e, destarte,

Ensina com símbolos, parábolas, alegorias...

junho 30, 2024

SALMOCAST 133


 

UM LABIRINTO INSONDÁVEL - Newton Agrella



O Universalismo de nossa Ordem Iniciática a cada pouco impõe-nos a nos questionar:

Por que fui iniciado Maçom? 

Para que é que isso serve? Como a Maçonaria pode contribuir para um mundo melhor, mais humano, mais solidário, mais fraterno, mais equilibrado ?

É possível ?

Naturalmente que não se vão dar respostas a estas frequentes inquietações, porque à medida que o tempo passa, são maiores as dúvidas do que as certezas, o que, provavelmente, tornar-se-ão irrelevantes para futuras gerações maçônicas.

Gostaria, apenas e tão  somente de compartilhar estas mesmas inquietações, se isso me for permitido. 

Será que a protocolar, porém legítima resposta: 

*"M.'.I.'.C.'.T.'.M.'.R.'."* de algum modo poderia aquietar nossos anseios ?

É fato que há pessoas, espalhadas pelo mundo capazes de nos acolherem, de nos reconhecerem e de nos identificarem como um legítimo maçom.

Porém, a pergunta mais incômoda que eu me faço é:

"O que as pessoas esperam de mim ?"

A rigor, o que nos liga, na inércia do sistema de estarmos vivos, é a ânsia daquilo que nos separa.

Reunimo-nos, corporativamente, para encontrarmos abrigos para o que nos separa. 

Afirmamos a diferença mais do que a semelhança. 

Vale lembrar que a Fraternidade reside no extremo do mutualismo.

Parece inequívoco que a Maçonaria Especulativa acredita numa sociedade laica, em que os valores da cidadania e do humanismo se sobreponham aos interesses e aos valores de uma comunidade religiosa.

Mas, em toda a história da Maçonaria, e mesmo na história contemporânea, encontramos obreiros laicos, agnósticos e outros de grande profundidade religiosa, compartilhando os trabalhos de Loja, unidos sob a mesma cadeia de união.

Isto quer dizer que os valores que nos ligam são mais fortes e consistentes do que os que eventualmente nos separam.

Não vai aí nenhum tipo de sofisma ou falácia afirmar ainda que os credos religiosos, as opiniões políticas, as idiossincrasias culturais que definem a individualidade de cada Maçom, subjazem aos elevados valores humanos e sociais que os conectam nessa sólida cadeia universal. 

A Maçonaria Universal tende para o reconhecimento da diferença e da especificidade cultural de cada Obediência. 

"Talvez" a Maçonaria não seja, e nem nunca será regular, liberal, adogmática, operativa, especulativa, republicana, laica, monárquica, anarquista, socialista, mista, ou libertária.

Ela foi, e será sempre, "Universal", alerta às mudanças culturais, eixo dos ideais sobre os valores que persegue, em cada momento histórico do mundo profano. 

Percorrer esse labirinto insondável que nos remete a dúvidas e inseguranças é um combustível eficaz para que exercitemos o pensamento como o instrumento mais poderoso de um franco-maçom.



E AGORA ??? - Adilson Zotovici









Após tanto desbastado

Do meio dia à aurora

De neófito ao mestrado

Paira a pergunta;... e agora ?


Quiçá mesmo embaraçado

Que não questionado outrora

Inda que me empenhado

Para chegar essa hora


Disse um mestre calejado

Que nos serve de escora

Algo bem apropriado:


Segue em frente, sem demora,

Que eterno o aprendizado,

E serve o saber que te aflora !



junho 29, 2024

A INTEGRAÇÃO DO APRENDIZ (3 de 3) - Rui Bandeira



Se é dever e do interesse da Loja providenciar pela correcta e bem sucedida integração do novo Maçon, o processo, no entanto, é bidireccional: também o novo Maçon deve providenciar pela sua correcta e bem sucedida integração na Loja e na Maçonaria.


Essencial, desde logo, é a sua assiduidade. A Integração do novo Maçon é, em larga medida, efectuada com recurso a factores emocionais. A Cerimónia de Iniciação terá marcado o novo Maçon. Mas essa marca, se não for protegida, desenvolvida, acarinhada, desaparecerá com o tempo, com o desvanecer da memória, com o diluir das sensações experimentadas. Todo o processo de integração na Loja é, não só racional, como afectivo. A sua interrupção, o distanciamento dele, o desinteresse na sua prossecução, ferem-no de morte. A maior parte dos abandonos de Aprendizes – isto é, de falhanços no processo de integração de Aprendizes – decorre da sua deficiente assiduidade. Os laços, não só emocionais e afectivos, mas também desta natureza, que deviam ter sido criados, ficaram irremediavelmente comprometidos. A integração do novo Maçon é como a colocação de uma planta no jardim: se não for regada com a devida assiduidade, se não for cuidada, não pegará, definhará e secará. Mas, se receber os cuidados adequados, as suas raízes firmar-se-ão, crescerá e desenvolver-se-á e, a seu tempo, florirá e frutificará.


Não quero com isto dizer que a quebra de assiduidade irremediavelmente conduza ao desinteresse do novo Maçon. Já assisti a situações em que Aprendizes, logo a seguir a terem sido iniciados, se ausentaram, designadamente por razões profissionais, para longínquas partes do globo e só regressaram passado um ou dois ou, mesmo, mais anos e que, apesar disso, reiniciaram sua vida maçónica, tão precocemente interrompida, e completaram, com êxito, o seu processo de integração. Também conheço exemplos de plantas que, sem terem recebido os devidos cuidados após a sua transplantação, apesar disso resistiram, não secaram e, vindo mais tarde a beneficiar das condições que nunca lhes deveriam ter faltado, arribaram, recuperaram e cresceram. Mas, quer num caso, quer no outro, o esforço de recuperação do que quase se perdeu foi muito maior, mais fundas foram as preocupações, mais intensos foram os cuidados necessários.

Uma das mais básicas leis da Natureza é aquela que costumamos designar por “lei do menor esforço”: o máximo de eficácia resulta da melhor relação entre o resultado obtido e o esforço despendido. Também aqui se deve procurar maximizar essa relação. E essa maximização depende grandemente da assiduidade do novo maçon.


O segundo aspecto que deve merecer o cuidado do nóvel maçon respeita à gestão das suas expectativas. A Maçonaria não é uma varinha mágica que transforma um sapo num belo príncipe através do toque da Iniciação... E também não é, nem uma corte de extasiados súbditos determinados a apreciar as excelsas qualidades do novo elemento que, triunfador na sua vida profana, irá expandir sua glória entre os maçons, nem uma soberba estrutura de prestação de cuidados individuais que, num abrir e fechar de olhos, cuidará de suas deficiências, reparará seus complexos e o doutorará em Êxito Pessoal, Social, Profissional, Esotérico e Valências Correlativas... A Maçonaria é um meio, um caldo de cultura, um ambiente, um método. O seu aproveitamento cabe ao maçon, ao seu esforço, à sua capacidade, ao seu interesse.


Finalmente, o terceiro aspecto importante na integração do novo maçon, na perspectiva deste, é a Paciência. O maçon deve cultivar muitas virtudes – todas as Virtudes! Mas uma das primeiras a que deve dedicar seus esforços é a virtude da paciência. Na Maçonaria não há micro-ondas que aqueçam instantaneamente, ou quase, o coração dos seus elementos; a Maçonaria não é um aviário que faça crescer em poucas semanas a ave do conhecimento, para consumo massificado - desse crescimento acelerado só resultaria um insípido pseudo-conhecimento, de reduzido ou nulo valor nutritivo para o espírito do maçon. Na Maçonaria, dá-se atenção à eficácia, mas reconhece-se o imenso valor do tempo. Há que dar tempo para que se assimile um conceito, para que ele seja perfeitamente integrado no maçon, em termos racionais e emocionais, para que, só então, se avance para o passo seguinte. Os princípios e o método maçónicos vêm dos tempos do trabalho artesanal, do paciente burilar da pedra até que esta atinja a forma desejada, não se dão bem com prontos-a-vestir, prontos-a-comer e muito menos com prontos-a-conhecer...


Paciência, pois! O trabalho metódico, calmo, firme, seguro, persistente, dará seus frutos! Poderá não dar os frutos que, à partida, se pensava que desse, mas alguns frutos dará. E dará quando, tempo após tempo, for tempo de os dar! A nossa vida “moderna” habituou-nos a obter tudo já, agora e imediatamente, a querer tudo para ontem, para o podermos largar hoje e avançar amanhã para novos objectivos. A Maçonaria não é assim, a Maçonaria poderá ser hoje por alguns considerada anacrónica, mas dá valor ao Tempo, à Sequência, à Evolução, à Consistência.


E, afinal de contas, o que mais admiramos? O moderno, brilhante e construído em poucos meses edifício, ou a vetusta e arcaica catedral que demorou décadas a ser finalizada?


Assiduidade, expectativas equilibradas e paciência são as ferramentas que, utilizadas adequada e diligentemente pelo novo maçon, lhe conferirão a devida integração na Maçonaria. E, quando o novo maçon der por isso... já será maçon antigo e recordará com ternura o tempo em que era um inexperiente Aprendiz buscando encontrar na Maçonaria o seu lugar, sem estar ainda ciente que esse lugar é onde ele quiser, para onde ele for, onde ele estiver!