julho 18, 2024

MAÇONARIA – UMA DECEPÇÃO? - Paulo André

 

Essa é uma das frases que mais ouço, tanto em conversa com IIr, quanto em publicações, muitos IIr se dizem decepcionados, não com a ordem, todos acham que ela é perfeita, mas sim com seus membros

Vamos tentar decifrar esse enigma, em duas frentes:

Primeiro, na minha avaliação, decepção é a maior prova de imaturidade, até mesmo de infantilidade, quando nós a temos, por que?

Porque acontece quando o outro não faz a nossa vontade, quando o outro não nos obedece, isso! Nós temos a mania de acharmos que nosso ponto de vista é o único certo do mundo, ai vem o outro, e exerce esse diabo chamado livre-arbítrio, pronto! Como assim?

Lá vem nosso chilique, nossas mágoas e decepções, quando basta entender uma regra:

O pensar do próximo, ao próximo pertence!

Segundo, e talvez hoje seja uma das maiores senão a maior ameaça ao nosso processo de evolução:

A Maçonaria foi feita para mudar todo aquele que aqui adentrar, e não todo aquele que aqui adentrar querer mudar a Maçonaria

Nossa vinda para esse planeta, tem como objetivo principal, talvez único, consertar nossos erros e defeitos, entramos na ordem, para aprender a fazer isso

Não viemos aqui enviados como Avatares para mudar os outros, não é vencer as paixões do próximo, muito menos submeter a vontade alheia

Quando  falamos que estamos decepcionados com o próximo, já paramos para pensar que o próximo também pode estar decepcionado com a gente?

Tenho me policiado, minha opinião, é apenas minha opinião, não é a verdade final anunciada, e o outro tem todo direito de pensar diferente

É hora de focar em corrigir os meus defeitos

E não ficar ofendido quando discordam


ESTRELAS NA MAÇONARIA - PORQUE É QUE DEVEMOS OLHAR PARA CIMA?


Lembra-te de olhar para cima, para as estrelas, e não para baixo, para os teus pés. Tenta dar sentido ao que vês e interroga-te sobre o que faz o universo existir. 

Sê curioso“. (Steven Hawking) 


Durante inúmeras gerações, a humanidade contemplou o abismo celestial com admiração. 

Olhar para o céu noturno dá-nos um vislumbre do Universo para além das nossas preocupações terrestres. 

Na Maçonaria, alguns dos momentos mais sublimes dos nossos rituais ocorrem quando nos é pedido que olhemos para cima. 

Todo o espaço da Loja é simbolicamente colocado sob um dossel celestial. 

Porquê? 

Talvez uma das razões seja que, quando olhamos para cima, somos conduzidos à obra do Grande Arquiteto. 

Apercebemo-nos de como uma estrela longínqua pode, de alguma forma, ligar-nos Àquele que a criou. 

Exploremos, então, a relação entre a Maçonaria e as Estrelas.

A Filosofia das Estrelas

“Saiba que o filósofo tem poder sobre as estrelas, e não as estrelas sobre ele“. (Paracelso) 

Na antiguidade, os filósofos abordavam a relação entre os astros e os seres humanos de diferentes perspectivas, mas todos reconheciam uma certa ligação ou influência entre os reinos celeste e terrestre.

Platão, o antigo filósofo grego, acreditava numa harmonia cósmica e que os corpos celestes exerciam uma influência nos assuntos terrenos, moldando os destinos humanos e refletindo a ordem e a beleza do cosmos.

Plotino, um filósofo do Século III d.C., considerava as estrelas como emanações do Uno, a fonte divina suprema. 

Acreditava que as estrelas, enquanto seres celestes, possuíam um nível de ser e de inteligência superior ao dos humanos. 

No entanto, ele também enfatizava que a alma humana tinha o potencial de transcender as suas limitações terrenas e de se reunir com o divino através da contemplação e da ascensão filosófica.

Hermes Trismegisto ensinava que as estrelas estavam impregnadas de energias e inteligência divinas e transmitiam conhecimentos e influências espirituais à humanidade. 

As estrelas eram vistas como intermediárias entre os reinos divino e terreno.

É claro que estes primeiros pensadores cometeram alguns erros. 

Por exemplo, Ptolomeu, um astrónomo do Século II a.C., terminou o seu mundo no meio da China porque a sua percepção do Mediterrâneo estava errada em cerca de 30%. 

No entanto, os seus erros foram perdoados porque as suas observações dos céus celestes foram notavelmente registadas a olho nu.

Que símbolos maçónicos podem estar relacionados com algumas destas ideias filosóficas antigas?

A Estrela Flamejante na Loja Maçónica

Aqueles que tiveram a sorte de ver o interior de uma Loja Maçónica saberão com que proeminência a Estrela Flamejante é exibida. 

Apresenta-se logo após um Irmão entrar na Loja e começar a participar em rituais e trabalhos de grau.  

No Quadro de Traçado do 1º Grau de John Harris da Loja Maçónica, é ilustrada como uma estrela de sete pontas com o sol, a lua e as estrelas à sua volta. 

Embora cada uma das luminárias tenha significados importantes, a Estrela Flamejante supera todas elas, como o ápice da jornada de um irmão na Escada de Jacob. 

O sol, a lua e as estrelas são as “luzes menores”, ou luminárias subordinadas, através das quais a Luz sobrenatural da Estrela Flamejante é mediada.

É ensinado que a Estrela Flamejante é um símbolo da Deidade, da Omnipresença (o Criador está presente em todo o lado), Omnisciência (o Criador vê e sabe tudo) e Omnipotência (o Criador é todo poderoso). 

O erudito maçónico Irmão Albert Mackey escreveu que a Estrela Flamejante aparece de forma diferente em vários dos Graus do Rito Escocês, simbolizando a luz orientadora do Divino, que aponta o caminho da Veritas ou verdade. 

A lição é que, à medida que o Maçom se aperfeiçoa na busca da verdade, ele se torna como uma Estrela Flamejante, brilhando intensamente no meio da escuridão. 

Ao longo da sua jornada, ele recebe sempre a orientação de uma estrela, antes de se tornar ele próprio uma luz no mundo. 

A busca do “que se perdeu” não é apenas uma viagem para fora, para procurar a Divindade para além do horizonte, é uma viagem para dentro, para deixar a Luz iluminar o coração.

Uma das teorias mais intrigantes da Estrela Flamejante é encontrada em Morals and Dogma do Irmão Albert Pike, onde ele escreve: “Sirius ainda brilha nas nossas Lojas como a Estrela Flamejante”.

A Estrela Sirius e Anúbis

A Estrela Flamejante é um dos três ornamentos principais de uma Loja Maçónica, juntamente com o Pavimento em Mosaico e a Orla Dentada. 

De acordo com o Irmão Pike, ela foi originalmente identificada não só com Sirius, mas também com o deus egípcio com cabeça de chacal Anúbis, guardião e guia das almas. 

Ele disse: “A Estrela Flamejante nas nossas Lojas representa Sirius, Anúbis, ou Mercúrio, Guardião e Guia das Almas.”

Anúbis era o Deus egípcio do submundo que era o guia do falecido no estado de vida após a morte. 

Tem a cabeça de um chacal, com orelhas e focinho pontiagudos, com fortes indícios de que é de fato um cão. 

Foi encarregado de ajudar Hórus a cuidar da balança sobre a qual eram pesados os corações dos mortos, certificando-se de que a pesagem era justa. 

Neste simbolismo, sugere-se que a balança é a balança do karma.

Figuras como Anúbis, Thoth, Hermes e Mercúrio representam e simbolizam o conhecimento superior e as ferramentas de que a Humanidade necessitará para construir o seu Templo Espiritual. 

Pensava-se que o uso correto destas ferramentas, fazendo mais progressos nas artes e nas ciências, elevaria a humanidade para mais perto do estatuto dos Deuses.

Em termos simples, pode dizer-se que os egípcios associavam a natureza de Sirius e de Anúbis a doutrinas esotéricas fundamentais:

A realidade da Alma e as suas encarnações recorrentes

A centralidade do karma como fator determinante na vida do homem interior, e a relevância da influência celeste para a evolução da consciência humana.

O Irmão Pike professa que todos os ensinamentos e tradições de mistério da antiguidade clássica mostram sinais reveladores de origem na tradição iniciática egípcia e em Sirius. 

De facto, a escritora H. P. Blavatsky, na sua Secret Doctrine, chama a Sirius “o grande instrutor da humanidade”. 

“Se Sirius é, de fato, a Estrela Flamejante das nossas Lojas, tal génese dotará o núcleo espiritual interno da Maçonaria com a marca da sabedoria purificada."

Para terminar, explorar as estrelas e o dossel celestial da Loja acrescenta uma visão mais aprofundada sobre de onde vem um Maçom e para onde vai. 

Parece revelar uma mensagem de que existe uma filosofia perene, passando por uma vasta linhagem de iniciados. 

Estes ensinamentos testemunham sempre a presença de uma tradição de sabedoria que se mantém firme no centro da evolução deste planeta. 

Embora possamos não ser capazes de alguma vez saber, através das nossas mentes,    humanas, onde está o verdadeiro lar celestial da Maçonaria, vale a pena procurá-lo. 

E durante a viagem, devemos lembrar-nos de olhar para cima!


Fonte

https://bloguniversalfreemasonry.wordpress.com/Tradução de António Jorge, M∴ M∴

julho 10, 2024

NÃO GOSTA DA SUA LOJA? PROCURE OUTRA - Robert E. Jackson


...“Já tenho o suficiente. 

Terminou. 

Eu não posso acreditar que eles votaram desta forma. 

Eu trabalhei duramente para este projecto, mas a Loja não se parece importar. 

Eu me sinto tão interessado por este assunto, mas a Loja simplesmente não o irá apoiar“... 

Eu conversei com um irmão recentemente que declarou que em determinado momento tinha considerado demitir-se da Ordem. 

E eu que pensava que era o único! 

Não é preciso muito para se querer abandonar a participação em algo, especialmente quando se não tem muita capacidade de decisão.

Se estiver em desacordo com a sua Loja, fale com o seu Venerável Mestre. 

Certifique-se de que ele entende as suas preocupações. 

Ofereça soluções, porque acredite em mim, quando o Venerável Mestre ouve problemas, na maioria das vezes, não vai querer envolver-se nisso. 

Se não apresentar uma possível solução, as suas declarações podem ser recebidas como uma simples reclamação que é facilmente descartada. 

Uma solução proposta, no entanto, oferece um ponto de partida a partir do qual se pode construir algo.

Se sentir que o Venerável Mestre não o está a ouvir, certifique-se de que ele o perceba. 

Estas conversas são difíceis de se ter, mas a coragem é sempre necessária para que se possa progredir. 

Se ainda assim, continuar a sentir que não tem mais nada para construir neste seu edifício moral e Maçónico, então é hora de seguir em frente. 

Uma Loja que não ouve seus Obreiros não se sustenta sozinha... 

Mas não se demita, nem pare de pagar as suas quotas. 

*Mas também não continue a apoiar uma Loja se não tem mais afinidade e não acredita no seu rumo.*

Eu tenho a sorte de morar no estado de Massachusetts. 

Nós temos certamente os nossos problemas, mas na minha opinião (e as estatísticas assim mostram) a Maçonaria é forte dentro deste estado. 

Se eu ficar frustrado com a minha Loja, há uma dúzia (ou mais) a uma hora de carro, para eu ir visitar e ver se me sinto em casa.

Sim, é uma Loja e somos todos Irmãos, mas algumas vezes, tal qual nos seio da família, alguns irmãos não se dão bem... 😔 

Encontre um grupo onde se sinta bem-vindo, apreciado e amado. 

Um grupo onde tenha afinidades.

Um grupo que ouça suas súplicas... 🤝

Pode-se contra argumentar sobre sugerir que um Irmão encontre outra Loja, mas com toda a honestidade, se um Irmão não se sentir bem-vindo, apreciado ou amado na sua Loja, não ajuda a ninguém, fazê-lo continuar. 

Isto não significa que devam parar de construir. 

Existem outros recursos que podem certamente ser usados para ajudar.

As pessoas são diferentes e têm anseios e visões distintas. (nem todos torcem para o mesmo time, mesmo partido, mesma religião, etc...) 

Busque então sua integração onde lhe parecer melhor e deixe que o tempo cuide de quem tinha razão. 

O importante é se sentir amado e jamais trair sua consciência, *Seu Caráter*. 

"A Loja não é um problema, é *SOLUÇÃO*."


(Tradução de António Jorge) Comentado por Sidnei Godinho

julho 09, 2024

SÃO JOÃO É O PATRONO OU O PADROEIRO DA MAÇONARIA? - Almir Sant'Anna Cruz



Algumas Obediências Maçônicas nacionais denominam São João como sendo o Patrono e outras como o Padroeiro da Maçonaria.

O que seria o correto?

Em nossa língua pátria essas palavras são empregadas em duas distintas situações:

*PATRONO* quando se refere a uma pessoa qualquer, conhecida ou não 

Exemplos:

> Duque de Caxias: patrono da cidade de Duque de Caxias e do Exército 

> Hipólito José da Costa: patrono da imprensa

> Castor de Andrade: patrono do Bangu A.C.

> Sr. João: patrono do time da esquina.

*PADROEIRO* quando se refere a um Santo ou Santa.

Exemplos:

> N.S. Aparecida: padroeira do Brasil

> São Sebastião: padroeiro da cidade do Rio de Janeiro

> São João: padroeiro da cidade de São João de Meriti e da Maçonaria.

SETE ANOS E MAIS - Roberto Ribeiro Reis


Feito todo Mestre Maçom,

Experimentei o que é bom,

A Acácia me é conhecida;

Aprendi que viver é a sorte,

E que através da morte

Começa-se uma nova vida.


Que, aliás, bem atrevida

Não dá pistas sobre a partida,

Tratando-nos de simples mortais;

O vaidoso cai no fundo do poço,

Sua pele se desprende do osso,

Ainda que tenha sete anos e mais..


Ademais, quando vejo o caixão

Sinto de perto o que é solidão,

Distante de todos no esquife;

Sei que todo esse sofrimento

É para servir de ensinamento

Da sina do Mestre Hiram Abiff.


Não tenho noção de espaço e hora,

Meu corpo se apodrece, e agora

Eu já não sei mais o que faço;

Quero romper o vulgo da matéria,

E renascer sem a antiga miséria,

Tendo no espírito o bom compasso!

julho 08, 2024

QUAL É O MAIOR DOS VICIOS? - Sérgio Quirino Guimarães


Essa, certamente, é uma pergunta capiciosa, que poderia resultar em comentários diversos, a favor ou contra as manifestações. Sobretudo por conta destas duas palavras: "MAIOR" e "VICIOS".

"Maior" é um adjetivo que expressa superação de um sobre o outro, seja em número, grandeza ou intensidade. Do ponto de vista lexical, é uma realidade. Contudo, há as "realidades pessoais"; o que é muito/maior para uns, não o é para outros. Então, no ámbito maçõnico, a avaliação do que é maior passa pelo discernimento impessoal de avaliarmos quais situações/coisas têm superioridade, positiva ou negativamente, dentro de um contexto específico.

"Vicio", para além da nocividade humana que essa imperfeição pessoal provoca nas relações sociais, maçonicamente, devemos nos atentar àquilo que pode nos aviltar como Irmãos e Obreiros, conduzindo-nos pela estrada da maldade.

Pode parecer incoerência pensarmos que, como Iniciados na Arte Real, trabalhando sob Sacros Princípios do Livro da Lei e instruídos por Sãos Principios da Moral e da Razão, desviaremo-nos do bom caminho e nossa chegada será a um porto profano.

MAÇONARIA NÃO É UM VEÍCULO.

MAÇONARIA É UMA ESTRADA DEVIDAMENTE SINALIZADA. NÃO IMPORTANDO AS CURVAS, OS ACLIVES E OS DECLIVES.

NOSSA CONSCIÊNCIA É O "VOLANTE"; A VERDADE, O "FREIO"; E A JUSTIÇA, O "ACELERADOR".

A Maçonaria nos dá os conhecimentos necessários para aperfeiçoarmos NOSSAS OBRAS. Porém, precisamos, de tempos em tempos, avaliar como nos conduzimos como OBREIROS.

Ações sem critérios são velas sem pavios, que se tornam atos estéreis.

Mas e sobre a pergunta tema?

Salvo melhor juizo, o maior de todos os vícios é não ser virtuoso. Quando permitimos que nosso coração seja sede apenas de nossos desejos, jamais nossos atos terão equidade e retidão. Se deixarmos de observar nossa conduta e assumirmos traços e caráter caprichosos, agiremos com ostentação e preferências.

A virtuosidade não é o combate aos vicios. O estudo e a prática dos principios e dos valores morais e éticos, estes, sim, são as armas que, de modo consciente, temos e devemos usar, a partir do momento em que escolhemos seguir o caminho da Maçonaria, e não o do Vicio.

Nossa virtuosidade se manifesta na bondade das ações naturais. Nada premeditado. Ser e fazer o bem de forma espontânea, sem interesses próprios, pois nossa missão está em prol do outro: tornar feliz a Humanidade,

Cabe a cada um de nós, em sua Câmara de Reflexão Interior, indagar-se: qual é o meu maior vicio? Advindo dessa introspecção e da inexorável realidade de nossa condição humana, compete-nos dedicar nossa inteligência e nossos esforços, antes de combater o mal, a fazer o bem com Consciência, Verdade e Justiça.



TRAÇOS SOBRE A ANTROPOLOGIA MAÇÔNICA - Newton Agrella



O entendimento comum dá conta que a Antropologia é a ciência humana cuja missão é a de investigar as origens e as características do ser humano da maneira mais  ampla possível.

Seu vínculo com as ciências sociais visa entender a formação da humanidade, por seus múltiplos aspectos culturais, físicos, filosóficos, históricos, linguísticos, religiosos e sociais.

Especialmente no que concerne à Antropologia Maçônica cumpre destacar que a mesma ocupa-se de estudar e explorar a origem dos símbolos e seus vários significados dentro da tradição da Maçonaria.

A Antropologia Maçônica   propõe possibilidades de como a Sublime Ordem reúne condições de interagir com a sociedade nos mais  diversos aspectos que dizem respeito aos interesses humanos nos contextos culturais, comportamentais, sociais e mesmo nos contextos políticos sem incidir num viés partidário e proselitista.

A Antropologia Maçônica ainda analisa de que forma os Maçons interpretam símbolos com vários significados e  de que maneira estes símbolos atuam como códigos ou chaves para a compreender o mundo.

Somado a isto, aplicam-se descobertas antropológicas ao estudo da história da Maçonaria, tais como "símbolos antigos", bem como "símbolos encontrados na Arte e na Arquitetura nas mais diferentes culturas".

Relevante destacar o papel da Antropologia Maçônica, dentro do escopo das instituições filosóficas e iniciáticas.

Neste sentido cumpre ao Maçon seguir um código de comportamento ético, moral e social, cuja meta é o aprimoramento da consciência e a própria superação pessoal com o objetivo de melhorar a sociedade, atuando  como um vigoroso agente propulsor em prol da felicidade e do exercício inequívoco da fraternidade universal.

Há várias tendências em Antropologia, propostas pelas escolas filosóficas, que as classificam, resumindo-as, seguindo diversos critérios.

No caso da Antropologia Maçônica, a mesma tem como base a ideia de um Princípio Criador e Incriado do Universo - até mesmo como prova irrefutável de inteligência - como referência para se explicar a própria existência humana e tudo o que a cerca.

A Antropologia Maçônica pode ser identificada  como "secular" porque promove o estudo de um aspecto particular do homem, enfatizando o aprimoramento ético do mesmo, enquanto ainda considera outras qualidades que o caracterizam. 

Imperativo esclarecer que a  expressão "secular", neste caso, designa o processo de mudança pelo qual uma instituição  deixa de ser reconhecida pelo aspecto sagrado e divinal, apoiando-se sobretudo na pesquisa, na racionalidade, na investigação, no cultivo do intelecto e claro no processo especulativo na busca do Conhecimento e da Evolução.  

Tudo isto sem se deixar levar por dogmas estabelecidos que impedem o direito da liberdade de pensamento, da divergência e da contra argumentação.

A despeito de sua relevância e de inúmeras influências históricas e religiosas, que fazem parte de seu arquétipo estrutural  - trazidos desde a época da chamada Maçonaria Operativa - não se constitui em nenhum impeditivo que se reconheça que a Sublime Ordem foi criada pelo homem e para o seu próprio benefício - e isto por si só é uma base de sustentação para a sua configuração antropológica.

Em síntese, a Antropologia Maçônica consiste numa matéria complexa e instigante que tem como base uma uma perene tradição cultural e filosófica, cujo protagonismo histórico se estende até os nossos 

CHUVA, MAÇONARIA & GOTEIRA - Newton Agrella

 

Numa época de tantas chuvas e tempestades que assolam o País é inevitável fazermos uma ilação com as indefectíveis "goteiras".

E no rastro da "goteira" acabamos nos deparando com uma expressão que no vocabulário maçônico  trata-se de uma  referência  para identificar um profano, que quer se passar por um "franco-maçom".

Estas chuvas tão constantes de alguma forma acabam atraindo  algumas dessas "goteiras" para as diversas Lojas espalhadas pelo país.

Recentemente fomos vítimas de um "goteira" em nossa Loja, o qual após devido exame, foi constatado desconhecer procedimentos basilares da Sublime Ordem e com isso foi convidado a se retirar do edifício.

Esse procedimento contudo, deve ser feito com extremo cuidado, zelo e discrição para evitarem-se situações constrangedoras.

Aquele que quer se introduzir numa Loja Maçônica, tentando se passar por um Iniciado em nossos mistérios,  tenta valer-se de alguns toscos artifícios gestuais  ou vocabulares, porém, não raro,  ao serem submetidos ao "Telhamento" seus propósitos caem por terra.

Remetendo-nos à época das guildas e corporações de ofício, na Idade Média -  que serviram como base para o surgimento das Lojas de Ofício e  da Maçonaria Operativa, portadoras dos *segredos* das artes da construção - seus obreiros protegiam-se dos intrusos valendo-se de expressões como palavras, sinais e toques dentre outras habilidades, que serviam para preservar seus *segredos* na edificação de seus trabalhos.

Observe que ainda hoje, em nossos rituais, e em especial no R.'.E.'.A.'.A.'. antes da Abertura dos Trabalhos, a primeira providência tomada  é a de se certificar quanto a segurança do Templo, cabendo ao Ir∴ Cobr∴ Ext∴  , sob determinação do Venerável Mestre,  verificar se o Templo está coberto, ou seja, se está protegido contra eventuais indiscrições ou bisbilhotices  profanas.

Voltando às chuvas e em especial à figura do "goteira",  compete ao Ir.'. Cobridor Externo submeter o suposto goteira ao 

"Telhamento" - que consiste no ato de cobrir uma construção com telhas, a fim de protegê-la da chuva, das goteiras. 

Ou seja, uma metáfora que enseja um exame para se certificar se o indivíduo é um verdadeiro Maçom ou não.

Desse modo, somente, após a devida certificação  quanto à segurança do Templo, ou seja, ser declarado que  “o Templo está coberto”,  é que os Trabalhos maçônicos podem ser abertos. 

Apenas a título de curiosidade o termo "goteira" em Português foi uma expressão adaptada do Inglês "eavesdrop" (bisbilhotar / ouvir por de trás da porta).

Como referência bibliográfica e histórica, na obra 

*“Masonry Dissected” (Maçonaria Dissecada) do inglês Samuel Prichard*  o autor revela  em detalhes, a ritualística maçônica.

Observa-se, na referida publicação um trecho com as seguintes perguntas e respostas:                 

P- Onde tem assento os Aprendizes mais novos? 

R- No Norte. 

P- Qual é a sua função? R- Manter afastados todos os “Eavesdroppers” (bisbilhoteiros). 

P- Como deve ser castigado um  “Eavesdropper”, se apanhado? 

R- Deve ser colocado debaixo do beiral, em dias de chuva, até que as goteiras o encharquem.

Assim, no sentido figurado “eavesdrop” é a água que cai em forma de gotas, que goteja, do beiral ou da calha de um telhado, ou seja, uma goteira.

Eis uma contribuição da Chuva, aliada a um episódio maçônico, tão frequentemente flagrado, que denota um aspecto circunstancial.

julho 07, 2024

MESMO VALOR...- Adilson Zotovici

 

Todo labor é importante

Contribuir com o que tem

Se há amor edificante,

E se à _grande obra_ convém


Basta pensar um instante

Que o bom templo se mantém

Não só com pedra gigante

E nem mesmo só com vintém


Pra bom muro erguer pujante

É bem relevante também

Mini pedras que o agigante


Mas, há uma regra porém,

Que livre pedreiro errante

É quem da obra se abstém !




julho 06, 2024

O AVENTAL - Almir Sant’Anna Cruz

 







 O Avental é o item principal do traje maçônico, pois é a insígnia distintiva do Maçom, sem o qual não pode participar das sessões ritualísticas. 

O Avental está para o Maçom assim como o uniforme para o militar, a toga para o juiz e a batina para o padre. É um emblema do trabalho constante, lembrando que quem o usa deve manter uma vida ativa e laboriosa.

A cor branca alude à pureza, à candura e à inocência e, como o branco é o produto de todas as cores do espectro solar, representa também o conjunto de todas as virtudes.

Entre os autores maçônicos não há consenso em relação à sua origem e, consequentemente, ao seu signficado. 

Em geral, os autores ligados à Escola Histórica afirmam que surgiu com os Maçons da fase operativa que o usavam para trabalhar, sendo ele atualmente o único signo externo daquele período. Alec Mellor in Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons afirma: “O avental remonta aos operativos, que o vestiam para trabalhar, motivo pelo qual era, naquela época, longo, assim permanecendo nos primeiros tempos da Maçonaria especulativa. Por elegância (talvez por influência francesa), chegou rapidamente ao seu comprimento atual, acima do joelho”. 

Já os ocultistas interpretam-no com significados esotéricos. François Ménard, citado por Jules Boucher in A Simbólica Maçônica assim se refere: “Para que pode servir o Avental senão para proteger, para cobrir, para afastar de influências nocivas? O Avental Maçônico cobre apenas a parte inferior do corpo e, sobretudo, o baixo ventre. O gesto que isola assim os órgãos do corpo onde a tradição coloca a sede da afetividade, das paixões (plexus solar e genital) significa que a única parte superior do corpo, a que é sede das faculdades da razão e do espírito, deve participar do trabalho”.

Verbete do Dicionário de Símbolos Maçônicos: Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

FILHOS DAS ESTRELAS - Jorge Antonio Vieira Gonçalves



Dedico o texto "Filhos das Estrelas" ao meu inestimável irmão Pedro Juk, cujo nome é reconhecido e nunca será esquecido. Jorge Antônio Vieira Gonçalves 

É possível explorar o universo de maneiras que seriam inimagináveis algumas décadas atrás. Podemos visualizar galáxias distantes que se encontram a milhares de anos-luz de distância, analisar a composição química de planetas remotos e até mesmo acompanhar o nascimento e a morte de estrelas. Descobrimos que a infinidade de pontos brilhantes no céu noturno são, na verdade, sóis gigantes que possivelmente abrigam seus próprios planetas. 

A Terra realiza uma rotação completa em torno de seu próprio eixo a cada 24 horas, resultando na sucessão dos dias e das noites. Além disso, ela orbita o Sol anualmente e a inclinação do eixo de 23,5˚ em relação ao plano orbital é responsável pelas estações. O Sol não permanece fixo em relação às estrelas. Diariamente, ele parece se mover do Leste para o Oeste, mas também se move anualmente no céu, de oeste para leste. Por estarem a grandes distâncias da Terra, as estrelas parecem se mover juntas, mantendo suas posições relativas. Mas na verdade não são as estrelas que se movem, e sim a Terra que gira em torno de seu eixo. O movimento de rotação da Terra é responsável pelo aparente movimento das estrelas no céu noturno. 

As estrelas visíveis estão tão distantes que parecem estar em repouso. Vistas da Terra, as estrelas parecem fixadas na superfície de uma esfera cristalina, girando constantemente em torno do globo terrestre, hoje sabemos que esse modelo é imaginário. Tal aparente posição fixa das estrelas é devido à enorme distância entre elas e a Terra, o que torna seus movimentos aparentes insignificantes ao longo do tempo, sem mudanças abruptas de uma noite para outra ou mesmo de um ano para outro. Entretanto o firmamento inteiro dessas estrelas “fixas” parece se mover do Leste para o Oeste, em torno de um ponto específico do céu que é sempre localizado ao norte, conhecido como Polo Norte Celeste. 

Já os planetas visíveis a olho nu do sistema solar, que são Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, devido à sua proximidade com a Terra, é possível observar esses planetas mudando de posição em relação às estrelas no céu noturno em diferentes noites. Além do Sol e da Lua, os planetas, são os únicos corpos celestes que mudam de posição em relação as estrelas. Isso acontece porque, enquanto os planetas e a Terra se movem em órbita ao redor do sol, nossa perspectiva em relação às estrelas muda, fazendo com que os planetas pareçam estar em movimento em relação a elas. O céu noturno muda ao longo do ano, e a cada noite só é possível ver uma fração das estrelas, dependendo da posição do sol. 

O estudo dos movimentos celestes exigiu milênios de pesquisa. Todas as civilizações que prosperaram por longos períodos compreenderam a importância de observar o céu. Nossos antepassados enfrentaram o desafio de compreender a complexidade do cosmo e desenvolveram métodos para dar os primeiros passos para desvendá-lo. Para reconhecer os complexos movimentos dos corpos celestes, os antigos astrônomos agruparam as estrelas em padrões e formaram figuras para identificá-las. 

A aparente ausência de movimento das estrelas serviu de inspiração para atribuir significado aos padrões que elas formavam, permitindo que eles estabelecessem um sistema de orientação no céu e criassem um pano de fundo sobre o qual os outros corpos celestes se moviam incorporando mitos e lendas conforme cada cultura. Dessa forma, os antigos astrônomos transformaram a confusão de centena de milhares de pontos brilhantes no céu noturno em um sistema de coordenadas celestes, criando marcos inesquecíveis no céu, hoje conhecidos como constelações. 

Antes, as constelações eram entendidas como agrupamentos de estrelas ligadas por linhas imaginárias para formar figuras. Atualmente, as constelações são reconhecidas como divisões geométricas da abóbada celeste. Existem 88 constelações reconhecidas oficialmente pela União Astronômica Internacional (IAU) desde 1922, muitas das quais têm origens que remontam as civilizações antigas. 

A maioria de nós conhece um número bem menor de constelações, agrupadas no que chamamos de Zodíaco (ver figura 1). O Zodíaco é uma faixa composta por doze antigas constelações que parecem envolver o céu durante o aparente movimento anual do Sol. A Lua e os planetas também percorrem o Zodíaco, não seguindo exatamente os mesmos caminhos. Essas constelações são Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. O nome Zodíaco é derivado de um termo grego que significa “círculo de pequenos animais”, embora nem toda constelação seja um animal. 

Sem registros escritos, sempre haverá espaço para dúvida. Desenvolvida pelos antigos sumérios em torno de 3500 a.C. e posteriormente adotada pelos babilônios, assírios e acádios. A escrita cuneiforme era feita em tábuas de argila úmida com um estilete de ponta cônica, produzindo marcas em forma de cunha, daí o nome "cuneiforme". Esse sistema de escrita foi um grande triunfo da civilização babilônica, pois permitiu registrar informações de forma duradoura em tábuas de argila que podiam ser assadas e endurecidas, tornando-se praticamente indestrutíveis. 

O catálogo estelar babilônico mais famoso, conhecido como MUL.APIN, foi encontrado em escrita cuneiforme e data de cerca de 1000 a.C. É uma das fontes bibliográficas mais antigas da história da astronomia, fornecendo informações valiosas sobre o Zodíaco. O catálogo divide o zodíaco em 18 constelações (estações), que foram usadas pelos astrônomos babilônicos como um sistema de coordenadas estrelares, uma espécie de escrita celestial, usando o céu noturno para mapear os meses, semanas, dias e horas. Esse importante avanço impulsionou a astronomia babilônica a um novo nível de precisão e rigor científico, pois eles foram capazes de construir um modelo matemático do cosmos e prever os movimentos das estrelas e dos planetas. 

A natureza não é totalmente imprevisível, uma vez que podemos observar ordem e regularidade em diversos fenômenos naturais, como a alternância entre dia e noite, as fases da lua, as estações do ano, as órbitas dos planetas e o ciclo de vida e morte de animais e plantas. Estes fenômenos naturais levaram ao desenvolvimento das primeiras noções de tempo, dia e mês. A ideia de ano era menos evidente, e apenas com o desenvolvimento da agricultura, as sociedades antigas começaram a compreender os ciclos das estações do ano. Os nossos ancestrais reconheceram que o movimento do sol pelo céu afetava diretamente suas vidas, e que nosso destino e sobrevivência neste planeta estão intimamente ligados ao sol. 

Durante toda a história, a noção de passagem do tempo tem sido contemplada com fascinação, com os dias sendo marcados pela posição do sol e pela forma como ele se move. O conceito mais básico de mês foi estabelecido pelo tempo que a lua leva para completar suas diferentes fases. As estações do ano são registradas pelas estrelas e pela maneira como as constelações mudam ao longo de um ano. 

Para compreender o movimento do Sol, os astrônomos da antiguidade observavam o céu e mapeavam as estrelas que compõem o fundo celeste, onde o Sol parece se mover. A região central onde o Sol é visto durante todo o ano é conhecida como zodíaco, e é composta por constelações amplamente reconhecidas pela população em geral. As estrelas que formam as constelações do zodíaco são visíveis durante todo o ano, independentemente do local da Terra onde o observador esteja. No entanto, outras constelações que se encontram mais ao norte ou ao sul da faixa do zodíaco geralmente só são visíveis se o observador mudar progressivamente sua posição para o norte ou para o sul. 

Para dissecar o conceito de Zodíaco vamos realizar um experimentoː imagine-se em um parque de diversões, sentado em um carrossel giratório, observando diferentes referências passando diante de seus olhos, como a “constelação carrinho de pipoca”, “constelação máquina de algodão doce”, “constelação rua”, e muito mais. Agora, vamos transformar essa experiência para o nosso sistema solar, onde a Terra está em seu lugar no carrossel e as estrelas formam o pano de fundo. Enquanto a Terra orbita em torno do Sol, diferentes regiões do céu noturno tornam-se visíveis, assim como as referências em um carrossel. Podemos dividir a órbita da Terra em doze setores e escolher um padrão de estrelas para cada setor, criando uma constelação distinta para cada período do ano, conhecida como zodíaco. Durante um ano, o Sol percorre um caminho imaginário através das constelações do zodíaco. 

Do ponto de vista da Terra, parece que o Sol se move ao redor do nosso planeta em relação às estrelas de fundo. Esse caminho anual que o sol percorre é chamado de eclíptica, tem origem no latim "ecliptica", que por sua vez é derivada do grego antigo "ekleipsis", em referência aos eclipses solares e lunares que podem ocorrer quando a Lua passa pela eclíptica.

Imaginemos o céu noturno como uma esfera celeste ao redor da Terra. Se projetarmos o equador terrestre na esfera celeste e o chamarmos de equador celeste, podemos observar que o Polo Norte celeste está situado acima do Polo Norte terrestre. Durante metade do ano, o Sol parece estar acima do equador celeste e, na outra metade, abaixo dele. É muito importante observar que a "avenida" imaginária chamada de eclíptica, apresenta uma inclinação de cerca de 23,5˚ em relação ao equador celeste. 

Até o começo do século XVI, a explicação para o movimento celeste ainda seguia uma tradição que tinha origem nos filósofos clássicos do século VI a.C. O Cosmo era geocêntrico e finito delimitado por esferas cristalinas. Essas esferas giravam uma dentro da outra e transportavam consigo os planetas.

 Podemos desenhar linhas, polos e círculos para ajudar a compreender os movimentos celestes. Ao longo da história da civilização, quatro pontos notáveis foram localizados na "eclíptica" por meio das constelações zodiacais. 

Esses pontos incluem dois pontos equinociais, representados pelas constelações de Áries e Libra, e dois pontos solsticiais, representados pelas constelações de Câncer e Capricórnio  

Os dois pontos solsticiais marcam os limites máximos do afastamento aparente do Sol da linha imaginária do equador em direção ao norte, durante o solstício de verão, e em direção ao sul, durante o solstício de inverno. Eles definem os Trópicos de Câncer (Coluna B) e Capricórnio (Coluna J), respectivamente. Esses paralelos receberam seus nomes porque os astrônomos, há centenas de anos, observaram que o sol estava posicionado nas constelações zodiacais de Câncer no hemisfério norte e Capricórnio no hemisfério sul durante os solstícios de verão. 

A palavra solstício tem origem no latim “solstitium”, que significa "parada do Sol", e é o momento exato, com dia e hora marcados, em que começa o verão ou o inverno, a depender do hemisfério de observação. É a época do ano em que o Sol incide com maior intensidade em um dos dois hemisférios, resultando em dias e noites diferentes. Durante o solstício de verão, ocorre o dia mais longo do ano, o sol atinge sua maior altitude em relação à perspectiva terrestre, fazendo com que os dias se tornem mais longos. Seis meses depois, durante o solstício de inverno, o sol atinge sua menor altitude, tornando o dia mais curto do ano. Os dois pontos equinociais são marcados pelo cruzamento da eclíptica com o Equador Celeste. Durante o movimento aparente do Sol pela eclíptica, há um momento em que o sol cruza o Equador Celeste e passa pelo ponto vernal (coluna de Áries), indo do Hemisfério Sul para o Norte. Esse fenômeno é conhecido como equinócio de Outono para o Sul e primavera para o Hemisfério Norte. O outro ponto (coluna de Libra) de cruzamento ocorre no lado oposto ao ponto vernal, quando o Sol cruza o Equador Celeste indo do Hemisfério Norte para o Sul. 

O equinócio é o momento exato, com dia e hora marcados, em que a primavera ou o outono começa, depende do hemisfério de observação. A palavra vem do latim, que significa "noite igual", em referência à igualdade de duração dos períodos diurno e noturno em todo o globo. 

Na antiga Babilônia, o ano novo começava no mês chamado de Nissan, que era identificado pela primeira Lua Nova após o equinócio da primavera. Este primeiro mês anunciava o início do Festival Akitu, considerado um grande evento do calendário babilônico. Em cerca de 2.166 a.C., a constelação de Áries (ponto vernal) marcava a posição dos equinócios da primavera, o que indicava o início da estação no hemisfério norte. Nossos antepassados perceberam que as mudanças celestes eram um reflexo das mudanças significativas que ocorriam na Terra. Eles acreditavam que o surgimento dessas constelações era responsável pelo brotamento das sementes. 

Para compreender plenamente a simbologia da Maçonaria é essencial ter conhecimentos desses conceitos apresentados, uma vez que a ordem tem uma conexão simbólica forte com a astronomia, como pode ser percebido na maioria de seus símbolos. Essa relação é especialmente verificada no Rito Escocês Antigo e Aceito, um dos ritos maçônicos mais populares e praticados em todo o mundo. Nos templos maçônicos, a astronomia é representada por diversos elementos simbólicos, como as Colunas Zodiacais, a Abóbada Celeste, o movimento de rotação (giro destrocêntrico) e a linha imaginária do Equador, as Colunas Solsticiaisː Coluna B (Trópico de Câncer) e Coluna J (Trópico de Capricórnio). 

Ao ingressar na maçonaria no Rito Escocês Antigo e Aceito, o recém-iniciado é submetido a uma simulação de morte na Câmara de Reflexão e renasce na primavera, assim como as sementes que germinam após o inverno. O termo neófito, utilizado para se referir ao aprendiz que prestou juramento e recebeu a Luz na sessão de iniciação, vem da junção das palavras gregas neo, que significa novo, e phytos, que significa planta. O novo iniciado deve se sentar na bancada da coluna norte, próxima ao lugar do primeiro vigilante (ver figura 3), que é exatamente onde a constelação zodiacal de Áries marca a posição do novo iniciado no Rito Escocês Antigo e Aceito. Isso ocorre porque, por volta de 2.166 a.C., quando o sol passava pela constelação de Áries no hemisfério norte, todo esplendor da primavera era experimentada. O ponto vernal determina a posição exata do neófito em um templo maçônico. 

A relação da Astronomia e a moderna Maçonaria pode ser rastreado na publicação espúria, mas de valor inestimável para a história da maçonaria: As Três Batidas Distintas (The Three Distinct Knocks), o ritual dos antigos, publicado em 1760. Na época de sua publicação, tinha uma clara finalidade de causar estragos à reputação da Maçonaria, no entanto, hoje, é uma importante referência bibliográfica. O ritual é uma das mais importantes publicações da tradição maçônica inglesa, no texto de abertura, o local dos oficiais está associado às três posições do sol: o Oriente para o Venerável, o Ocidente para o Primeiro Vigilante e o Sul para o Segundo Vigilante. 

Independente da origem exata da relação entre astronomia e a moderna maçonaria, uma coisa é clara ao entrar em um templo maçônico do Rito Escocês Antigo e Aceito: as referências astronômicas, como as constelações zodiacais e os pontos solsticiais e equinociais, não são meras histórias supersticiosas. Foram definidas como um sistema de coordenadas celestes para fins de acompanhamento e cronometragem no drama de ressurreição e morte do iniciado, baseado nas mudanças das estações do ano. O Rito Escocês Antigo e Aceito é um rito solar. A luz do Sol sempre foi interpretada como símbolo para a sabedoria. Ele representa o processo de aperfeiçoamento pelo qual passa o iniciado, assim como a natureza que segue seu ciclo de vida e morte, renascendo na luz após a morte. 

Apenas nos últimos séculos, ficou claro que as estrelas são como nosso próprio Sol, só que localizadas a enormes distâncias. O Sol é o coração do nosso sistema solar, nenhum símbolo marcou tanto a humanidade como ele. Cedo, os homens perceberam que o sol era condição indispensável para a existência e manutenção da vida. 

Muitas vezes nos referimos ao Universo como algo distante. Nós estamos no Universo, somos parte dele, desde as menores partículas até as maiores galáxias que conhecemos. O Universo está dentro de nós, o nitrogênio em nosso DNA, o cálcio em nossos dentes, o ferro em nosso sangue, o Carbono, o Oxigênio, que são fundamentais para a nossa sobrevivência, foram sintetizados no interior de estrelas que já morreram. Somos filhos das estrelas! A história da astronomia trata do nascimento do conhecimento e da ignorância, quanto mais aprendemos, melhor dimensionamos nossas limitações diante da vastidão do universo. 

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. Rooney, Anne, A História da Astronomia: Dos planetas e estrela aos pulsares e buracos negros, São Paulo, M.Books do Brasil Editora Ltda., 2018. 2. Ridpath, Ian, Eyewitness Companion: Astronomy, São Paulo, Jorge Zahar Editor Ltda., 2007. 3. Verma, Surendra, The Little Book of Scientific Principles, Theories e Things, Australia, Editor Gutenberg, 2005. 4. Clark, Stuart, How the stars have shaped the History of Humankind, São Paulo, Universo dos Livros, 2020. 5. Gleiser, Marcelo, A dança do Universo, São Paulo, Companhia de Bolso, 2020. 6. Gleiser, Marcelo, O Fim da Terra e do Céu, São Paulo, Companhia de Bolso, 2015. 7. Sagan, Carl, Cosmos, São Paulo, Companhia das letras, 2017. 8. Weinberg, Steven, Para Explicar o Mundo, São Paulo, Companhia das letras, 2015. 9. Carr, Harry, O ofício do maçom, São Paulo, Madras, 2022. 10.Desconhecido, Três Batidas Distintas, Tradução Leo Bloom, 1760. 11.Juk, Pedro, Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, tomo l, Londrina - PR, Editora Maçônica A TROLHA Ltda., 2007. 12.Desconhecido, Três Batidas Distintas, Tradução Leo Bloom, 13.Preston, William, O Mistério das Três Batidas Distintas, Adaptação e Tradução Luciano Rodrigues, 2019. 14.Luria, Adam, O Passado Através dos Céus, 2021.

julho 05, 2024

O SILÊNCIO DA MAÇONARIA- Luciano Junior


Era uma tarde típica, com o céu tingido de um azul sereno, quando uma notícia impactante varreu o país: o STF havia decidido liberar o uso de drogas ilícitas, deste jeito que a notícia corre e na pratica é quase isso. A decisão, cercada de polêmicas e debates acalorados, deixava um vazio inquietante. O que mais me perturbava, contudo, não era apenas a resolução em si, mas *o silêncio ensurdecedor da Maçonaria diante de tal acontecimento.* Lembrei-me de quando fui iniciado na Ordem DeMolay, nos idos de 1988. Participei de uma campanha promovida pela loja Maçônica patrocinadora, onde distribuímos 18 mil panfletos conscientizando acerca dos malefícios das drogas na cidade. *O venerável, tio Pinheiro, foi ameaçado de morte por traficantes locais, mas não desistiu,* como conterrâneo da heroína baiana Maria Quitéria ele foi até o final, e vencemos. *Acho que faltam tios Pinheiros como Grão Mestres nas potências... com coragem,  de, ao menos, dizer algo contra esta decisão transloucada do STF,* nem precisaria arriscar a vida.


A Maçonaria, conhecida por seus princípios de moralidade e virtude, *sempre fora uma luz guia em tempos de escuridão*. E, no entanto, ali estava ela, calada e inerte, enquanto um *novo tipo de liberdade, revestido de permissividade, ameaçava corromper os pilares da sociedade.*


Refleti sobre o papel do verdadeiro maçom em um cenário onde os *vícios eram não apenas tolerados, mas liberados e quase incentivados*. O verdadeiro maçom, aprendi desde cedo, deve ser um guardião de sua própria moralidade, um exemplo de integridade e força. Mas como manter essa postura diante de uma sociedade que parecia capitular aos seus desejos mais baixos?


*O silêncio da Maçonaria não podia ser um consentimento tácito*. Era uma *omissão perigosa*. Porque, quando uma instituição que preza pela virtude e pela retidão não se posiciona contra o avanço dos vícios, ela falha em sua missão primordial de guiar e proteger.


Os vícios, especialmente os relacionados às drogas ilícitas, não são apenas fraquezas individuais. *São flagelos sociais que destroem famílias, corrompem mentes jovens e enfraquecem o tecido moral de uma nação*. O uso de drogas não é uma questão de liberdade individual, mas de *escravidão coletiva.*


Pensei nos antigos ensinamentos maçônicos, que nos exortam a ser vigilantes, a resistir às tentações e a combater os vícios com todas as nossas forças. Esses ensinamentos, que deveriam ecoar mais alto do que nunca, estavam agora soterrados sob o peso de uma sociedade que confundia liberdade com permissividade.


A verdadeira liberdade, como bem sabemos, não está na indulgência dos desejos, mas na capacidade de dizer "não" a eles. Ser livre é ser mestre de si mesmo, não escravo das próprias paixões. *E é essa lição que a Maçonaria deveria estar proclamando, não apenas dentro de suas lojas, mas para todo o mundo ouvir.*


O silêncio da Maçonaria, portanto, não era apenas um silêncio. Era *uma abdicação de responsabilidade.* Porque em tempos de crise moral, o silêncio é uma forma de conivência. E cada maçom, ao não se levantar contra essa decisão, estava, de certa forma, permitindo que os vícios se instalassem.


Compreendi, então, que a *Maçonaria precisa despertar de seu silêncio*. Cada verdadeiro maçom deve *ser um farol de virtude*, lutando contra a maré de permissividade que ameaça afogar os valores fundamentais da sociedade. Devemos erguer nossas vozes, não em oposição cega, mas em defesa da verdadeira liberdade, que se encontra na disciplina e na resistência aos vícios.


E assim, enquanto o país debatía a decisão do STF, eu decidi que não poderia ficar calado. *A Maçonaria não pode ser um observador passivo*. Devemos ser os arquitetos da moralidade, os guardiões da virtude e os exemplos vivos de que a verdadeira liberdade é a conquista de uma vida livre de vícios.


Que cada maçom, portanto, tome essa reflexão como um chamado à ação. Porque, em tempos de permissividade, ser virtuoso é um ato de coragem. E a Maçonaria, mais do que nunca, precisa ser a voz da razão e da retidão em um mundo cada vez mais perdido em seus próprios desejos.


E que assim seja!

CEGOS DO TEMPLO - Roberto Ribeiro Reis




A presunção da luz cega mais do que qualquer coisa. Não raro, as pessoas têm se proclamado iluminadas, como se fossem portadoras de uma procuração divina, assinada pelo próprio Criador.

Fazem-no despidas de humildade, arrogando para si uma liderança espiritual que chega a ludibriar os incautos, mas que ainda não é capaz de subjugar o homem de intelecto mediano.

Como temos vivido num mundo permeado de superficialidades, o discurso de tais pessoas têm encontrado ressonância junto às massas de manobra, facilmente manipuladas pelas aparências e pela verborragia constantemente utilizada por esses “profetas”.

Não se iludam, meus conscientes Irmãos! Há cegos por toda parte, e os templos já não suportam mais acomodá-los, pois essa multidão de enganados cresce, exponencialmente, dia após dia. No lugar de curados, mais doentes; no lugar de esclarecidos, mais beócios; no lugar de seguidores da luz, mais asseclas das trevas.

A verdadeira luz – aquela que, com uma fagulha, é capaz de iluminar abismos de ignorância – não se encontra nos templos da falsidade, do charlatanismo, da mercancia sem limites e da extorsão feita aos pobres e humildes. Para além de toda essa escravização proselitista religiosa, a Luz Real é aquela que não causa a cegueira, mas que devolve ao cego a possibilidade de enxergar, notadamente com os olhos d’alma!

A luz que almejamos não parte desses templos erigidos aos caprichos do homem, mas advém de nosso Templo Interior, onde o verbo consolador é capaz de vivificar os seres, tocando-lhes suavemente o imo do coração, da mente e do espírito. É a luz que nos abençoa e redime, que nutre a nossa alma de esperanças, e que fortalece nossos corações.

Nesse viés que concerne à luz essencial, feliz do homem que teve o privilégio de ser iniciado em nossos “Augustos Mistérios”. Afinal, a luz que ele recebeu é esta centelha divina capaz de transformá-lo num ser melhor, e que também permite que ele possa se conectar com instâncias de consciência mais elevadas.

O Iniciado tem um manual sagrado de vida em mãos, cujo poder é o de afastá-lo dos abismos e dos infernos mentais, que frequentemente o visitam. Caso ele o siga, disciplinada e fielmente, o céu das bem-aventuranças será seu destino; lado outro, caso ele opte por profanar tais leis maiores, há de conviver com o padecimento de sua consciência, tornando-se, novamente, um homem caído e mais um cego do templo.