2.2.3. Calendários do Rito de York
2.2.3.1. Calendário da Maçonaria Capitular ou do Real Arco
Os Graus Capitulares do Rito de York abrangem um sistema de 04 graus: Mestre de
Marca, Past Master, Mui Excelente Mestre e Maçom do Real Arco. Esses graus são concedidos
em Capítulos de Maçons do Real Arco, subordinados a Grandes Capítulos de Maçons do Real
Arco, os quais são filiados ao Grande Capítulo Geral de Maçons do Real Arco Internacional
(General Grand Chapter of Royal Arch Masons International). Esses corpos adotam o Anno
Inventionis, que significa “Ano do Descobrimento” e é abreviado como A.´. I.´.. Ele é calculado
somando 530 anos ao ano civil corrente (COIL, 1961; MACKEY, 1914). Os maçons do Real
Arco registram essa data porque foi o ano em que Zorobabel iniciou a construção do segundo
Templo, em 530 anos antes de Cristo. A seguinte passagem bíblica está relacionada com a
construção: “Então se levantaram Zorobabel, filho de Salatiel, e Jesuá, filho de Jozedeque, e
começaram a edificar a casa de Deus, que está em Jerusalém; e com eles os profetas de Deus,
que os ajudavam.” (BÍBLIA, 1969, Esdras 5:2)
Como exemplo, o dia 20 de Junho de 2013 é: 20 de Junho de 2543 do A.´. I.´.
2.2.3.2. Calendário da Maçonaria Críptica ou da Maçonaria de Conselho
Os Graus de Conselho ou Graus Crípticos do rito de York abrangem um sistema de 03
graus: Mestre Real, Mestre Escolhido e Super Excelente Mestre. Esses graus são concedidos em
Conselhos de Maçons Crípticos, os quais são subordinados a Grandes Conselhos de Maçons
Crípticos, esses últimos filiados ao Grande Conselho Geral de Maçons Crípticos Internacional
(General Grand Council of Cryptic Masons International). Esses corpos utilizam o sistema de
Anno Depositionis (Ano do Depósito), cuja sigla é A.´. Dep.´. e que é calculado somando-se
1.000 anos ao ano civil corrente (COIL, 1961; MACKEY, 1914). O uso desse ano é em
observância ao ano em que a construção do Templo de Salomão foi concluída e o Templo foi
consagrado, tendo em seu interior depositada a Arca da Aliança: “Assim se acabou toda a obra
que fez o rei Salomão para a casa do Senhor; então trouxe Salomão as coisas que seu pai Davi
havia consagrado; a prata, e o ouro, e os objetos pôs entre os tesouros da casa do Senhor.” (Reis I
7:51).
Assim, o dia 20 de Junho de 2013 é registrado como: 20 de Junho de 3013 do A.´. Dep.´.
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Originalmente publicado em: http://www.noesquadro.com.br/
2.2.3.3. Calendário da Maçonaria Templária ou da Cavalaria Maçônica
As Ordens de Cavalaria Maçônica são 03: Ordem da Cruz Vermelha, Ordem de Malta e
Ordem dos Cavaleiros Templários. Essas ordens são concedidas em Comanderias Templárias,
que são subordinadas a Grandes Comanderias, essas últimas filiadas ao Grande Acampamento
Templário. Esses corpos usam o formato de Anno Ordinis, termo em latim que significa “Ano da
Ordem” e que é abreviado como A.´. O.´.. É calculado subtraindo 1118 anos do ano civil
corrente (COIL, 1961; MACKEY, 1914), visto a Ordem dos Templários ter sido oficialmente
fundada no ano de 1.118 (i.e.: AYALA, 2005).
Para ilustrar seu uso, o dia 20 de Junho de 2013 seria: 20 de Junho de 895 do A.´. O.´.
2.2.3.4. Calendário da Ordem do Sumo Sacerdócio
Mais conhecida no Brasil como a Ordem dos Sumos Sacerdotes Ungidos, essa é uma
Ordem concedida àqueles eleitos para servirem como Sumos Sacerdotes (Presidentes) de
Capítulos de Maçons do Real Arco. É o correspondente no Real Arco à Instalação de um
Venerável Mestre Eleito na Maçonaria Simbólica. Na Ordem do Sumo Sacerdócio adota-se o
Anno Beneiacio (Ano da Benção), abreviado como A.´. Beo.´., que é calculado adicionando 1913
anos ao ano civil corrente, pois acredita-se que Abraão foi abençoado por Melquisedeque em
1913 a.C.: “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e
que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou”
(Hebreus 7:1).
Desse modo, o dia 20 de Junho de 2013 é: 20 de Junho de 3926 do A.´. Beo.´. na Ordem
dos Sumos Sacerdotes Ungidos.
2.2.3.5. Calendário da Ordem dos Cavaleiros Sacerdotes Templários do Santo Arco Real
Também conhecida como Ordem da Santa Sabedoria, possui uma versão inglesa e outra
norte-americana. A inglesa é restrita a maçons que sejam Mestres Instalados, Maçons do Arco
Real, Cavaleiros Templários e professem a fé cristã. Sua versão norte-americana, considerada
como um corpo aliado ao Rito de York, é muito mais restrita, exigindo também que o candidato
tenha servido como Comandante de uma Comanderia Templária. Essa Ordem utiliza o Anno
Renascenti (Ano do Renascimento), cuja sigla é A.´. R.´., e no qual se subtrai 1686 anos do ano
civil corrente.
Exemplificando, o dia 20 de Junho de 2013 fica sendo: 20 de Junho de 327 do A.´. R.´.
2.2.4. Calendário do Rito Adonhiramita
O Rito Adonhiramita é um rito de origem francesa, cujo calendário foi abolido pelo
Grande Oriente de França em 12/10/1774, por gerar grande confusão em sua datação.
As primeiras Lojas na cidade do Rio de Janeiro, a Loja “Reunião” e depois a Loja
“Comércio e Artes”, trabalharam inicialmente no Rito Adonhiramita, adotando seu calendário
original. Já quando do reerguimento da Loja “Comércio e Artes” e sua divisão em três Lojas para
a fundação do então Grande Oriente Brasílico, os trabalhos já ocorreram no Rito Moderno.
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Porém, assim como “o uso do cachimbo deixa a boca torta”, a Loja “Comércio e Artes” por um
bom tempo teve suas atas datadas ainda pelo calendário do Rito Adonhiramita, o que originou,
anos depois, a confusão do Dia do Maçom.
O sistema do Calendário Adonhiramita tem por base o início do ano no dia 21 de Março,
fixando nesse dia o Equinócio Vernal. Soma-se então ao ano 4000 anos, como no calendário
maçônico original, criado por James Anderson. O termo utilizado para designar o ano também é
“Verdadeira Luz”, similar ao termo adotado por Anderson, de Anno Lucis (Ano da Luz).
Considerando esse sistema, o dia 20 de Junho de 2013 é o 31º dia do 3º mês de 6013 da
V.´. L.´., no Rito Adonhiramita.
2.2.5. Calendário do Rito Moderno
O Rito Francês, também conhecido como Rito Moderno, foi adotado no Grande Oriente
da França quando de sua Convenção de 1786 (i.e.: COIL, 1961, p. 268; MACKEY, 1914, p.
285). O calendário do Rito Moderno é o calendário tido como oficial no âmbito do Grande
Oriente de França desde 1774, em substituição do calendário do Rito Adonhiramita. Esse
calendário era baseado no sistema adonhiramita, com a diferença de que se passou a adotar como
primeiro dia do ano o dia 1º de março (COIL, 1961, p. 113), e os meses passaram a ser contados
pelo número ordinal. Isso facilitava no cálculo, visto que o sistema adonhiramita gerava bastante
confusão. O termo relacionado ao ano geralmente utilizado também é o da Verdadeira Luz: V.´.
L.´., ou, em alguns registros do Rito Moderno, Vraie Lumiere (MACKEY, 1914, p. 129).
Assim, o dia 20 de junho de 2013 é o 20º dia do 4º mês de 6013 da V.´. L.´. para o Rito
Moderno.
3. Comentários Finais
A Maçonaria Brasileira é, sem dúvida alguma, uma das mais “bem servidas” em se
tratando de ritos maçônicos, como bem evidencia João Guilherme da Cruz Ribeiro (2012, p. 11).
Com exceção do Rito Brasileiro que, por coincidência ou não, parece não possuir calendário
próprio, os demais ritos em prática no Brasil são sistemas importados, a maioria chegando ao
Brasil ainda no século XIX. E cada rito, ou mesmo segmento de rito, chegou com sua própria
história, seus próprios termos, paramentos e regras de funcionamento, resultantes de diferentes
origens, inspirações e influências.
Iniciativa inaugurada por James Anderson, quando da Primeira Grande Loja de Londres,
o primeiro calendário maçônico, por sinal muito simples de se utilizar, tinha por objetivo claro
dar uma identidade própria ao registro das datas maçônicas, numa época em que ritos
formalmente ainda não existiam. Conforme foram surgindo, cada rito parece ter utilizado da
mesma estratégia para deixar sua marca na datação dos documentos e registros maçônicos.
Nos últimos anos, muitos desses calendários maçônicos têm caído em desuso. E quando
utilizados, geralmente são acompanhados pela data no formato do calendário civil. Por esse
motivo, não é de se estranhar que muitos maçons, mesmo com algumas décadas de experiência,
desconheçam o funcionamento dos mesmos, até mesmo quando adeptos de um dos ritos que os
possui.
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Portanto, que este trabalho não sirva apenas para saciar a curiosidade daqueles que o
leem, ou para servir de orientação quando se desejar confeccionar um certificado maçônico com
certo requinte, senão para também registrar, de forma sucinta e organizada, um dos elementos
que compõem a história dos ritos aqui citados e que pode simplesmente se perder nas brumas do
tempo.
4. Referências Bibliográficas
AYALA, Carlos Martinez –
“Origem, Significado e Tipologia das Ordens Militares”, As Ordens
Militares na Europa Medieval, dir., por Feliciano Movoa Portela, 1ª ed., em Portugal, Lisboa,
Chaves Ferreira – Publicações S.A., 2005
BARR, J. Why the World Was Created in 4004 BC: Archbishop Ussher and Biblical
Chronology. Bulletin of the John Rylands University. 1985, vol. 67, no2, pp. 575-608.
BASSINI, Marili. Ensino Religioso: educação pró-ativa para a tolerância. Revista de Estudos da
Religião Nº 2, p. 49-64, 2004.
BÍBLIA. Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução: João Ferreira de
Almeida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.
COIL, Henry Wilson; BROWN, William M. Coil’s Masonic Encyclopedia. New York: Ed.
Macoy,1961.
MACKEY, Albert. An Encyclopedia of Freemasonry. New York e Londres: The Masonic
History Company, 1914.
RIBEIRO, João Guilherme da Cruz. O Nosso Lado da Escada. Rio de Janeiro: Edição do Autor,
2012.
THIBAULT, Pierre. O Período das Ditaduras 1918-1947. História Universal 12. Lisboa:
Publicações Dom Quixote, 1981.