setembro 01, 2024

Não se turbe o vosso coração - Roberto Ribeiro Reis


Não se turbe o vosso coração, amado Irmão! Por mais que a vida se vos apresente, momentaneamente, um vendaval de aflições, tudo, absolutamente tudo nessa vida, passa.

O que nós temos de mais comum é a capacidade de eternizarmos nossos sofrimentos, em detrimento das maravilhas e bênçãos que nos são dadas pelo Supremo Arquiteto do Universo. Os momentos de glória, as vitórias, os (re) nascimentos são facilmente esquecidos; já as agonias, as separações, as dores de parto e as angústias se nos parecem jamais ter fim.

Não se turbe o vosso coração, honrado Obreiro! Vosso fardo parece ter a dimensão e o peso de um edifício de trinta e três andares, mas, a bem da verdade, o Excelso Criador vos deu a força necessária (não somente para suportá-lo), mas também para que vos reerga, dignamente.

Que nós nos espelhemos em tantos irmãozinhos que padecem em aflições, mundo aforas, mas que nem por isso perdem sua esperança em dias melhores; a fé de alguns parece inabalável, como aquela fé preconizada nos textos bíblicos, entoadas em cânticos, salmos e louvores de todos os matizes.

Não se turbe o vosso coração, paladino da Arte Real! Buscai cinzelar todas as asperezas e imperfeições que vos conduzem ao sentimento de mágoa, ressentimento ou excessiva lamúria. Lavar a vossa alma com o choro é imperioso, mas a prática desinteressada do bem em prol de vosso semelhante há de ser um exercício que minorará vossas dores.

Que nos apossemos, com determinação, dos instrumentos necessários para nos tornarmos pessoas menos fúteis, mais produtivas, menos suplicantes e mais agradecidas. A beleza e o esplendor do sol nos concitam, diariamente, a recebermos a luz que nos orientará a caminhada, seja ela leve ou espinhosa, seja ela pacífica ou extremamente beligerante.

Não se apoquente vossa alma, Pedreiro livre e de bons costumes! Vosso Edifício Real está sendo erigido à base de muito suor, muita luta e demasiado esforço interior. Ele ainda encontra-se inacabado. Sua conclusão só depende de vós, através da dedicação e das visitas interiores diárias.

Não vos chateeis com a ingratidão dos próximos, nem buscai granjear o aplauso das multidões. O conhecimento que vós deveis almejar vem do Altíssimo, das instâncias do Inefável, onde somente os verdadeiros Justos têm permissão de se aproximarem. Enquanto os homens buscam a (pseudo) glória entre os seus pares, procurai vos contentar com o anonimato, pois as boas obras hão de ser feitas sem a presença dos holofotes.

Meus valorosos Irmãos, que a egrégora a nos envolver seja aquela permeada de luz, de sabedoria e de conhecimento. Que nos dispamos de todos os sentimentos de vaidade, orgulho, soberba, ciúmes, enfim, de tudo aquilo que é de somenos e que não tem valor algum para nossas vidas. Vivamos, sempre, À.’. G.’. D.’. G.’. A.’. D.’. U.’. e nada mais!

A MAÇONARIA É ESSENCIAL? - Michael Jarzabek M.'.M.'.


“A anti fragilidade é uma propriedade essencial dos sistemas para reagir em resultado de stress, choques, volatilidade, ruído, erros, falhas, ataques ou falhas”.

Num artigo da revista Southern California Research Lodge Fraternal Review, o irmão Angel Millar perguntou se a Maçonaria era anti frágil. 

Se for, esta crise será talvez o melhor teste à sua resiliência.

Costumamos falar sobre grandes maçons. 

Muitas vezes perguntamos onde estão os grandes maçons hoje? 

Quando tudo acabar, teremos feito a nossa parte? 

É este o momento em que esses grandes homens emergem? 

Neste momento de desafio, sucumbiremos às nossas paixões básicas, descansaremos sobre os louros ou exemplificaremos os valores que tanto prezamos?

O general George Patton fez um discurso ao Terceiro Exército, que pode ser extremamente relevante para a nossa situação atual.

No discurso, ele falou sobre todos os homens fazerem a sua parte, seja como motoristas de caminhão ou especialistas em manutenção de telégrafos. 

No final do discurso, ele disse:

... “Então, há uma coisa que vocês, homens, poderão dizer quando a guerra terminar e voltarem para casa. 

Daqui a trinta anos, quando estiverem sentados ao lado da lareira, com o neto no joelho, e ele perguntar: “O que é que você fez na grande Segunda Guerra Mundial? 

Você não terá que tossir e dizer: ‘Bem, o seu avô cavou merda na Louisiana’. 

Não, senhor, você poderá olhá-lo nos olhos e dizer: ‘Filho, o seu avô cavalgou com o grande Terceiro Exército e um filho da puta chamado George Patton!’“... 

Estamos todos orgulhosos de ver o Irmão Oscar Alleyne, 2º Grande Vigilante de Nova York, a fazer a sua parte. 

Estamos cientes de que muitos outros também estão a fazer a sua parte. 

Muitos de nós são considerados essenciais de uma maneira ou de outra.

A situação atual global faz-me pensar sobre se a Maçonaria é essencial. 

Por Maçonaria, não quero dizer apenas a estrutura; Quero dizer o modo de vida. 

E eu respondo que é essencial, ou pelo menos que deveria ser.

Se a Maçonaria é essencial ou não, não depende dos nossos líderes eleitos. 

Depende de nós, individual e organizacionalmente. 

O que estamos a fazer ou o que podemos fazer para garantir que nós, como maçons, façamos a nossa parte?

Os nossos líderes estaduais e federais forneceram-nos listas de actividades essenciais. 

A “Maçonaria” não está nelas. 

Deixe isso repousar por um minuto. 

Pode ser a lição mais importante que aprendemos na nossa geração maçónica.

Se queremos sobreviver, devemos deixar de ser triviais. 

Se vamos prosperar, devemos fazer algo essencial. 

A “Maçonaria” pode não estar nessas listas, mas há bastante que está. 

Essas listas não são uma imposição sobre as nossas liberdades; elas são um convite para agir. 

Faça máscaras, hospede angariadores de fundos on-line para bancos de alimentos, ajude a apoiar aqueles que estão a trabalhar horas extra para fornecer serviços essenciais.

Se prosperamos ou não, está totalmente dependente de se agimos ou não. 

Daqui a trinta anos, o que diremos aos nossos netos quando eles se sentarem nos nossos joelhos? 

Para mim e tenho certeza de que muitos de vocês, não vamos querer dizer que cavámos merda na Louisiana. 

Não, eu quero olhá-los directamente nos olhos e dizer que eu era um Maçom, e que nós fizemos a nossa parte.

É hora de pegar nas nossas ferramentas e começar a trabalhar.

(Publicado em The Midnight Freemasons

Tradução de António Jorge)

agosto 31, 2024

VIDEO DE VANDERLEI COELHO


 

DA QUINTESSÊNCIA - Heitor Rodrigues Freire


“Então Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivente” (Gn 2:7).

Nos tempos modernos, em que estamos envolvidos com tantas questões materiais, como a busca desesperada pelo consumo, o automatismo da rotina que nos impede de agir conscientemente, o egoísmo, os preconceitos etc., é fundamental nos lembrarmos da nossa natureza divina.

O sopro de vida que Deus incutiu nas narinas de Adão representa o sopro vital que alimenta nosso espírito desde sempre. É um conceito filosófico e espiritual que remonta à antiguidade e está presente em diversas culturas ao redor do mundo. Também conhecido como prana, chi, qi ou energia vital, o sopro vital é considerado a essência da vida, a força que anima todos os seres vivos, permeia o universo e dá vida a todas as coisas.

Na filosofia grega, por exemplo, o sopro vital era chamado de pneuma e era considerado fonte de vida e movimento. Na tradição chinesa, o conceito de chi ou qi é central para a medicina tradicional e para as artes marciais, sendo considerado a energia que flui pelos meridianos do corpo. No hinduísmo é chamado de atma, usado para identificar a alma individual, o verdadeiro “eu”.

O sopro vital é considerado essencial para a saúde e o bem-estar do ser humano. Quando o fluxo de energia vital é equilibrado e harmonioso, o indivíduo experimenta vitalidade, saúde e felicidade. No entanto, quando esse fluxo é bloqueado ou desequilibrado, podem surgir doenças físicas, emocionais e espirituais.

O sopro vital denominado também de quintessência (quinta essência), é uma alusão à Aristóteles, que considerava que o universo era composto de quatro elementos principais – terra, água, ar e fogo – e mais um quinto elemento, uma substância etérea que permeava tudo.

A quintessência é um elemento metafísico que une os quatro elementos físicos da matéria e permite o domínio destes pelo espírito humano, a essência vital do corpo humano, responsável pelo desenvolvimento, crescimento e reprodução. Preservar e fortalecer a quintessência é fundamental para a saúde e o bem-estar.

A quinta-essência representa o espírito de Deus dentro do homem.

A palavra “quintessência” tem origem no latim quinta essentia, que significa “quinta substância”. É um termo que remonta à filosofia antiga e que foi utilizado para descrever a substância mais pura e essencial de todas. A quintessência era considerada a base de todas as coisas e a fonte de toda energia e vida.

No contexto atual, a palavra quintessência é utilizada para descrever algo que representa a essência ou o aspecto mais importante de algo. É sinônimo de síntese, resumo ou auge. Quando algo é considerado a quintessência de alguma coisa, significa que é a manifestação mais pura e perfeita desse algo.

A ideia de quintessência também foi adotada pelos alquimistas medievais. Para eles, a quintessência era a substância mais pura e essencial de todas, capaz de transformar metais comuns em ouro e conceder a imortalidade. A busca pela quintessência era um dos principais objetivos da alquimia.

Na espiritualidade, a quintessência pode ser utilizada para descrever a essência divina ou espiritual que permeia todos os seres e coisas. É a linha de conexão entre o ser humano e o divino, e a busca pela quintessência é considerada fundamental para o crescimento e a evolução do espírito.

Para a elaboração deste artigo foi fundamental uma pesquisa na internet, que quando bem dirigida, se constitui numa fonte importante de conhecimento e informação.

 


REFLEXÃO DA VIDA E DA MORTE- Izautonio Machado


Como as areias que quase imperceptivelmente escorrem pelo interior de uma Ampulheta, o tempo também passa sem cessar, mesmo que não percebamos.

Segundo um Provérbio Chinês, “Há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.” 

Isso significa que devemos buscar fazer o melhor uso possível do tempo à nossa disposição. Há coisas que, quando passam, não voltam mais. Não obstante, há outras que retornam ciclicamente. É necessário saber distingui-las e agir conforme a sabedoria.

Mesmo sabendo que a alma é imortal, só temos uma chance nessa (atual) vida de deixar algo em prol da humanidade e de nossa família, por isso não podemos desperdiçar o tempo. Cabe perguntar a si mesmo: o que já realizei? Se a morte me encontrar, que legado deixei? Serei lembrado ou logo esquecido? 

“Sim, com certeza, lembra-te de Deus, antes que se rompa o cordão de prata, ou se quebre a taça de ouro; antes que o cântaro se despedace junto à fonte, a roda se quebre junto ao poço; o pó retorne à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o concedeu” (Eclesiastes, 12:6-7).

agosto 30, 2024

ESQUADRO E COMPASSO - Rui Bandeira


Talvez o mais conhecido dos símbolos da Maçonaria seja o que é constituído por um esquadro, com as pontas viradas para cima, e um compasso, com as pontas viradas para baixo.

Como normalmente sucede, várias são as interpretações possíveis para estes símbolos.

É corrente afirmar-se que o esquadro simboliza a retidão de caráter que deve ser apanágio do maçom. Retidão porque com os corpos do esquadro se podem traçar facilmente segmentos de reta e porque reto se denomina o ângulo de 90 o que facilmente se tira com tal ferramenta. Da retidão geométrica assim facilmente obtida se extrapola para a retidão moral, de caráter, a caraterística daqueles que não se "cosem por linhas tortas" e que, pelo contrário, pautam a sua vida e as suas ações pelas linhas direitas da Moral e da Ética. Esta caraterística deve ser apanágio do maçom, não especialmente por o ser, mas porque só deve ser admitido maçom quem seja homem livre e de bons costumes.

É também corrente referir-se que o compasso simboliza a vida correta, pautada pelos limites da Ética e da Moral. Ou ainda o equilíbrio. Ou a também a Justiça. Porque o compasso serve para traçar circunferência, delimitando um espaço interior de tudo o que fica do exterior dela, assim se transpõe para a noção de que a vida correta é a que se processa dentro do limite fixado pela Ética e pela Moral.

 Porque é imprescindível que o compasso seja manuseado com equilíbrio, a ponta de um braço bem fixada no ponto central da circunferência a traçar, mas permitindo o movimento giratório do outro braço do instrumento, o qual deve ser, porém, firmemente seguro para que não aumente ou diminua o seu ângulo em relação ao braço fixo, sob pena de transformar a pretendida circunferência numa curva de variada dimensão, torta ou oblonga, assim se transpõe para a noção de equilíbrio, equilíbrio entre apoio e movimento, entre fixação e flexibilidade, equilíbrio na adequada força a utilizar com o instrumento. Porque o círculo contido pela circunferência traçada pelo instrumento se separa de tudo o que é exterior a ela, assim se transpõe para a Justiça, que separa o certo do errado, o aceitável do censurável, enfim, o justo do injusto.

Também é muito comum a referência de que o esquadro simboliza a Matéria e o compasso o Espírito, aquele porque, traçando linhas direitas e mostrando ângulos retos, nos coloca perante o facilmente percetível e entendível, o plano, o que, sendo direito, traçando a linha reta, dita o percurso mais curto entre dois pontos, é mais claro, mais evidente, mais apreensível pelos nossos sentidos - portanto o que existe materialmente. Por outro lado, o compasso traça as curvas, desde a simples circunferência ao inacabado (será?) arco de círculo, mas também compondo formas curvas complexas, como a oval ou a elipse. É, portanto, o instrumento da subtileza, da complexidade construída, do mistério em desvendamento. Daí a sua associação ao Espírito, algo que permanece para muitos ainda misterioso, inefável, obscuro, complexo, mas simultaneamente essencial, belo, etéreo. A matéria vê-se e associa-se assim à linha direita e ao ângulo reto do esquadro. O espírito sente-se, intui-se, descobre-se e associa-se portanto ao instrumento mais complexo, ao que gera e marca as curvas, tantas vezes obscuras e escondendo o que está para além delas - o compasso.

Cada um pode - deve! - especular livremente sobre o significado que ele próprio vê nestes símbolos. O esquadro, que traça linhas direitas, paralelas ou secantes, ângulos retos e perpendiculares, pode por este ser associado à franqueza de tudo o que é direito e previsível e por aquele à determinação, ao caminho de linhas direitas, claro, visível, sem desvios. O compasso, instrumento das curvas, pode por este ser associado à subtileza, ao tato, à diplomacia, que tantas vezes ligam, compõem e harmonizam pontos de vista à primeira vista inconciliáveis, nas suas linhas direitas que se afastam ou correm paralelas, oportunamente ligadas por inesperadas curvas, oportunos círculos de ligação, improváveis ovais de conciliação; enquanto aquele, é mais sensível à separação entre o círculo interior da circunferência traçada e tudo o que lhe está exterior, prefere atentar na noção de discernimento (entre um e outro dos espaços).

E não há, por definição, entendimentos corretos! Cada um adota o entendimento que ele considera, naquele momento, o mais ajustado e, por definição, é esse o correto, naquele momento, para aquela pessoa. Tanto basta!

O conjunto do esquadro e do compasso simboliza a Maçonaria, ou seja, o equilíbrio e a harmonia entre a Matéria e o Espírito, entre o estudo da ciência e a atenção às vias espirituais, entre o evidente, o científico, o que está à vista, o que é reto e claro e o que está ainda oculto ou obscuro. O esquadro é sempre figurado com os braços apontando para cima e o compasso com as pontas para baixo. Ambas as figuras se opõem, se confrontam: mas ambas as figuras oferecem à outra a maior abertura dos seus componentes e o interior do seu espaço. A oposição e o confronto não são assim um campo de batalha, mas um espaço de cooperação, de harmonização, cada um disponibilizando o seu interior à influência do outro instrumento. Assim também cada maçom se abre à influência de seus Irmãos, enquanto que ele próprio, em simultâneo, potencia, com as suas capacidades, os seus saberes, as suas descobertas, os seus ceticismos, as suas respostas, mas também as suas perguntas (quiçá mais importantes estas do que aquelas...) a modificação, a melhoria, de todos os demais.

Tantos e tantos significados simbólicos podemos descobrir e entrever nos símbolos mais conhecidos da Maçonaria... Aqui deixei, em apressado enunciado, alguns. Cada um é livre, se quiser, de colocar na caixa de comentários, o seu entendimento do significado destes símbolos, em conjunto ou separadamente, ou apenas de um só deles. Todos os significados simbólicos são bem-vindos! Cada um é também livre de, se quiser, nada partilhar, guardando para si,as conclusões que nesse momento tire. Tão respeitável é uma como outra das posições. Este espaço é livre e de culto da Liberdade. Afinal de contas, tanto o esquadro como o compasso estão abertos... abertos às livres opções, entendimentos e escolhas de cada um

O ZÊNITE DO PEDREIRO - Roberto Ribeiro Reis


É só se aproximar a augusta hora

Que logo se percebe a melhora

De ânimo daquele bom pedreiro;

Carrega o mesmo terno e a pasta,

E toda a ignorância ele vergasta,

Último a sair, a chegar o primeiro.


Um entusiasmo que só se agiganta,

Um "Huzzé" pujante, a viva garganta

Pra defenestrar os vícios algozes;

Sua fé é concreta, forte e inabalável,

O proselitismo, pra ele, é inaceitável,

Essa sinergia vem por nossas vozes.


Décadas de dedicação, ó grande Obr⛬.!

Inspirarmo-nos no Ir⛬ é costumeiro,

Pois tudo que há em ti nos satisfaz;

Tua humildade é pura, dantes vista,

Revela tua glória, a nós nos conquista,

Sabedoria, porto de luz que apraz!


Ir⛬ que, despido de inclinações animais,

Ajuda a seus fráteres e nunca, jamais

Disso se gabou, com superioridade;

Já lhes retirou das zonas abismais,

Instruindo-os sete anos e mais...

Com fé, esperança e muita caridade!


Alma de luz, espírito sobranceiro,

Chegou ao cume, ao zênite do Pedreiro:

Deixando a sua paz por onde passa;

Estar contigo é a melhor das honrarias,

Que nem a mais bela das poesias

Seria capaz de exprimir tamanha graça!





agosto 29, 2024

A BALAUSTRADA - Kennyo Ismail


Muitos irmãos já divagaram sobre a origem e o simbolismo da balaustrada, também chamada em alguns rituais de “grade da razão”. 

A imaginação chega a tanto que há quem defenda que a balaustrada é uma espécie de portal pelo qual o maçom, ao atravessar, sai do mundo do si mesmo e conquista o terreno dos sonhos, do inconsciente, da espiritualidade, dos mistérios e da magia. 

Deve ser por isso que de vez em quando nos deparamos com irmãos dormindo no Oriente! 

Mas voltemos à vida real.

A balaustrada é formada por uma sequência de balaústres que suspendem um corrimão. 

Suas primeiras aparições foram encontradas no que se sabe sobre os templos assírios. 

Balaustradas não estão presentes nas construções gregas e romanas, mas reapareceram a partir do Século XV, inicialmente em palácios de Veneza e Verona, provavelmente influência da cultura árabe, por conta da dominação muçulmana na península ibérica. 

Seu uso mais amplo na Europa teve início no século seguinte, sendo adotado por artistas como Michelangelo. 

No século XVI, balaustradas foram largamente utilizadas na construção de basílicas e catedrais e, a partir daí, ganhou espaço na ornamentação de igrejas, servindo como delimitador entre a nave (ocidente) e o presbitério (oriente), num nível mais elevado. 

É junto da balaustrada que os fiéis recebem a comunhão.

Para compreendermos a razão da presença da balaustrada nos templos maçônicos dos ritos de origem francesa e seus derivados (Escocês, Adonhiramita, Moderno, Brasileiro), precisamos, inicialmente, realizar algumas considerações pertinentes sobre “templos” maçônicos.

Como é do conhecimento de todo maçom, a Maçonaria não surgiu em templos. 

As primeiras Lojas que se tem notícia não se reuniam em locais sagrados, mas sim em aposentos nos fundos ou em cima de tavernas, botecos, hotéis, canteiros de obras, etc. 

Enfim, locais não muito “sagrados”, bem distintos dos “templos” maçônicos que se tem hoje por aí, nos quais alguns maçons conservadores não deixam nem mesmo um(a) profano(a) realizar a limpeza, por risco de profanar o solo maçônico sagrado, colocando os Aprendizes para exercerem a tarefa da limpeza.

Foi por volta da década de 60 do Século XVIII que surgiram os primeiros imóveis construídos com objetivo exclusivo de funcionamento de Lojas Maçônicas, ainda na Inglaterra. 

A iniciativa de tal movimento é creditada aos líderes maçons William Preston, James Heseltine e Thomas Dunckerley.[1] 

Mas esses imóveis não foram chamados de Templos, nem passaram por cerimônias de sagração. 

Aliás, até hoje não são chamados de Templos e não são sagrados, porque mantém o significado original dos locais de reuniões dos maçons. 

São conhecidos por Lodge Room (Sala da Loja). 

Em outras palavras, são apenas aposentos de reuniões maçônicas, assim como eram quando em tavernas, por exemplo. 

A diferença é que, com as construções próprias, o local fica mais bem guardado dos não maçons e não precisa ser preparado e desmanchado a cada reunião.

Na mesma década, movimento similar teve início na Maçonaria francesa. 

Aparentemente, o primeiro local construído para uso exclusivamente maçônico na França foi em Marselha, a cidade mais antiga daquele país, em 1765.[2] 

A diferença entre o movimento de construções maçônicas na Inglaterra e EUA para a França no Século XVIII foi a de que a França é um país predominantemente católico e a influência religiosa teve papel fundamental na concepção e ornamentação das construções.

A influência católica na Maçonaria francesa pode ser observada, por exemplo, no uso da nomenclatura “templo” e seu processo de inauguração. 

Baseado na Igreja, o local de reuniões maçônicas passou a ser considerado um templo, necessitando, portanto, de passar por uma sagração, costume esse comum à Igreja Católica Apostólica Romana, mas inexistente em muitas outras igrejas. 

Reforçando, não se trata de uma prática originalmente maçônica, mas sim religiosa.

Tal influência também é explícita na arquitetura da Loja. Tradicionalmente, as portas que dão acesso à Sala da Loja (templo) devem ser angulares, pois uma entrada reta (no eixo da Loja, de frente ao Oriente) “não é maçônica e não pode ser tolerada”.[3] 

Assim é nas Lojas inglesas e norte-americanas, por exemplo. 

Porém, a Maçonaria francesa adotou uma porta central, assim como nas igrejas. 

Outra característica é quanto ao piso da Loja, originalmente com o Oriente e o Ocidente no mesmo nível, tendo apenas as estações do Venerável, 1º e 2º Vigilantes contendo degraus. 

Entretanto, a Maçonaria francesa, também copiando a arquitetura de igrejas, adotou oriente mais elevado, com balaustradas delimitando.

Outras influências católicas menos perceptíveis são evidenciadas no uso de incenso, ao denominar o posto do Venerável Mestre de “altar”, na presença do “mar de bronze” para purificação, entre outras. 

E a partir da presença física de tais influências em Loja, iniciou-se o “brainstorming” permanente dos ritualistas, um exercício eterno de imaginação para conferir interpretações aos mesmos.

[1] SADLER, H. Thomas Dunckerley, His Life, Labours, and Letters, Including Some Masonic and Naval Memorials of the 18th Century. Londres: Diprose & Bateman, 1891.

[2] SMITH, G. The Use and Abuse of Freemasonry. New York: Masonic Publishing and Manufacturing, 1783, p. 165.

[3] MACKEY, A. Encyclopedia of Freemasonry. New York: The Masonic History Company, 1914, p. 315-316.

DE JANUS AOS DOIS SANTOS JOÃO - Redaelli


Por tradição, nós, maçons, reunimo-nos todos os anos nos dias de festa de João Baptista e de João Evangelista para comemorar estas datas tão simbólicas com uma celebração alegre.

Desde a antiguidade, trabalhadores e artesãos agrupam-se em associações profissionais para praticar o ofício e defender os seus segredos e os seus direitos. Entre os egípcios, persas, sírios e gregos, a existência de grupos profissionais é repetidamente mencionada, especialmente entre os construtores. Nas lápides dos artesãos às vezes estão gravados um nível, um martelo e uma bússola.

Desde os primórdios dos tempos, exercer uma profissão tem sido uma função eminentemente sagrada. O homem não pode empreender nada sem a ajuda desta força que criou todos os seres e todas as coisas. A arquitetura rapidamente parece altamente simbólica porque prefigura o mito da construção: construir o templo é construir o homem.

É o único caminho pelo qual um homem pode acessar o reino divino do conhecimento. Com respeito ao sagrado, aos deveres e aos segredos, o homem ingressa na profissão como sacerdócio, aceitando que sua vida futura será uma ascese dedicada ao divino.

Segundo Plutarco, foi o segundo rei de Roma, Numa Pompilius, quem estabeleceu, após a sua ascensão em 715 a.C., os “Collegia” que reuniam artesãos por corporações. Esses plebeus se reuniam em templos, ali faziam suas reuniões, reuniam-se para festas rituais sob a liderança de um “magister caene”, o equivalente ao nosso Mestre de Banquetes, um prefeito os dirigia, cada colégio tinha sua hierarquia e seu deus tutelar, além ao deus príncipe Janus. Deviam-se mutuamente ajuda mútua e beneficiavam de privilégios ligados ao cumprimento dos seus deveres. Eles foram colocados sob a proteção de Janus, o deus de duas faces, que é hoje um dos deuses antigos menos conhecidos. No entanto, foi um dos mais importantes da época da Roma arcaica.

Ovídio, no primeiro canto dos “Fastes”, ensina que Jano era chamado de “Caos” na época em que ar, fogo, água e terra formavam uma só massa. Quando os elementos se separaram, o Caos tornou-se o primeiro ser divino na forma de Janus, com as suas duas faces opostas representando a confusão do seu primeiro estado. Deus eterno das passagens e dos começos, é chamado de “Mestre dos dois caminhos”, caminhos acessíveis pelas duas portas solsticiais, a dos céus (ianua coeli) e a do submundo (ianua inferni), esses caminhos da direita e de esquerda que os pitagóricos simbolizavam pela letra Upsilon, correspondendo na Bíblia ao caminho estreito, ascendente e cheio de espinhos em direção à virtude, e a este, largo e descendente, em direção ao vício. Esta função explica o seu nome “Janus”, para ser comparado ao latim ianua (porta) e ianitor (porteiro).

Ele é, portanto, o deus que preside todos os tipos de transição de um estado para outro. Garante a passagem do mundo dos homens para o dos deuses e, como tal, era sempre invocado no início de qualquer oração ritual. Janus é um símbolo da dualidade além de todo dualismo, sem o qual nenhuma vida poderia ter se manifestado. Para além desta dualidade, a sua face central e invisível indica o caminho a seguir. Esta abordagem conduz o iniciado da divisão ao amor, da multiplicidade à Unidade, do erro à Verdade e da morte física à Verdadeira Vida.

Os colégios permaneceram assim até o século VII , quando foram transformados com a entrada na Idade Média feudal. Está então em crise. As crescentes ordens religiosas tornaram-se gradualmente as principais fornecedoras de obras monumentais. Como escreveu um monge de Cluniac, “ter-se-ia dito que o mundo, ao sacudir-se, despojou-se das suas roupas velhas para se cobrir com um manto branco de igrejas”. ( Raoul Glaber ) Essas irmandades de construtores são logicamente formadas em torno dos principais canteiros de obras de catedrais.

A partir do século XIII , assistimos ao desenvolvimento de irmandades de artesãos chamadas de "francos-mestiers". Está comprovado que muitas dessas irmandades abrigam-se nos censivos da Ordem do Templo, onde são isentas de royalties e beneficiam de privilégios corporativos. Apesar da dissolução da Ordem do Templo em 1312 e da execução na fogueira do seu grão-mestre Jacques de Molay dois anos depois, as Irmandades dos Francos-Mestiers continuarão a existir e a desenvolver-se, com o acordo real, tanto em França e na Grã-Bretanha. Trata-se de manter a comunidade dos maçons (cujo nome maçons surgiram no Reino Unido na segunda metade do século XV ) com a transmissão dos seus ritos tradicionais, abordando uma época em que o bom exercício da profissão assumia um caráter sagrado. e caráter iniciático.

Logicamente, sendo os donos do projecto maioritariamente religiosos, vemos então Janus, expressão pagã de um rito tradicional indesejável nestes tempos de fervoroso cristianismo, dando lugar nas associações comerciais aos dois São João. Esta escolha é tudo menos fortuita, pois a escolha do representante do esoterismo cristão facilitou a transição de uma tradição para outra. E se Jesus confiou a Pedro a sua Igreja terrena, foi a João, o discípulo que ele amava, que confiou a “Jerusalém celeste”, como a Roma eterna foi confiada a Jano e não a Júpiter.

O simbolismo dos dois Santos João está indissoluvelmente ligado ao das duas faces de Jano. Ambos simbolizam a dualidade no mais alto grau de sua manifestação. O Batista celebrado no solstício de verão fecha a Antiga Aliança, a lei do sacrifício, para abrir a Nova Aliança, a lei do amor. O Evangelista, que celebramos no momento em que a luz vence as trevas, abre o Livro do Evangelho da Palavra trazendo a mensagem do Amor e da Luz e fecha o Livro do Mundo com o seu Apocalipse, anunciando a descida à terra do celeste Jerusalém e a segunda vinda do Messias. Como o deus latino, eles abrem e fecham as portas e passagens solsticiais de um mundo para outro.

A data do nascimento de Cristo foi colocada pelos cristãos em 25 de dezembro, três dias após o solstício de inverno. Para respeitar as escrituras que indicam que São João Baptista nasceu 6 meses antes de Cristo, celebramos o seu nascimento no dia 24 de junho, três dias após o solstício de verão. Quanto a ela, festa de São João Evangelista no dia 27 de dezembro, ou seja, 6 meses e três dias depois da do Batista. Este intervalo de três dias entre o evento cósmico do solstício e a sua celebração pelos homens também se encontra entre a Sexta-feira Santa da morte de Cristo e a manhã da Páscoa. Estes três dias correspondem à descida ao inferno, necessária antes do renascimento e de uma nova emergência. Este número três também é onipresente na Maçonaria.

Esotericamente o Batista e o Evangelista são um. Como Janus, eles representam o passado e o futuro. Após o batismo de Jesus, o papel do Batista só pode diminuir, tanto no nível narrativo como no nível simbólico. A transmissão da grande Luz iniciática passa gradativamente para a outra testemunha: o Evangelista. “Deve aumentar e eu devo diminuir.” Encontramos nesta mensagem dirigida aos homens a expressão da sua humildade mesclada com a mais elevada satisfação de uma alma realizada pelo trabalho realizado.

Terminarei lembrando que o Chevalier de Ramsay, no seu famoso discurso de 1736, dá a sua versão sobre a origem das Lojas de Saint Jean:

“  Durante o tempo das guerras santas na Palestina, vários príncipes, senhores e cidadãos entraram na sociedade... e prometeram restabelecer os templos dos cristãos na Terra Santa. Concordaram em vários sinais antigos, palavras simbólicas tiradas das profundezas da religião... para se distinguirem dos Infiéis e para se reconhecerem dos Sarracenos. Estes sinais e palavras só foram comunicados àqueles que prometeram solenemente... nunca revelá-los. Esta promessa... foi um vínculo respeitável para unir homens de todas as nações na mesma irmandade. Algum tempo depois, a nossa Ordem uniu-se estreitamente aos Cavaleiros de S. João de Jerusalém. A partir de então, nossas Lojas levaram o nome de Lojas de S. João em todos os países. Esta união foi feita à imitação dos israelitas que, quando reconstruíram o segundo Templo, enquanto empunhavam a espátula e a argamassa numa mão, carregavam na outra a Espada e o Escudo  .

Destacam-se as origens cavalheirescas e cruzadas da Maçonaria, contrapondo-se à tese operativa de seu amigo Anderson. Por extensão, falaremos de origem templária embora a palavra nunca seja pronunciada na fala.

 

Note -se que o Cavaleiro escreveu estas linhas cinco séculos depois da última cruzada e que no ano anterior se casou com a filha de um nobre escocês da Ordem de Santo André do Cardo da Escócia, ordem de cavalaria criada em 1314 pelo Rei da Escócia. Robert Bruce, após a sua vitória em Bannockburn, a fim de recompensar os Templários que, tendo-se refugiado nos seus Estados após o julgamento injusto, teriam contribuído em grande parte para a derrota dos ingleses. Mas isso é outra história...

agosto 28, 2024

BALANDRAU - Almir Sant'Anna Cruz


Não é um símbolo. É uma vestimenta de tecido preto, com mangas longas, fechado no pescoço e de comprimento até o tornozelo, semelhante à batina dos padres. 

Seu uso é uma peculiaridade da Maçonaria brasileira, pois não encontramos referência a ele em nenhuma obra Maçônica estrangeira.

O Balandrau é usado por algumas irmandades em atos religiosos e, parece, passou a ser usado na Maçonaria brasileira na segunda metade do século XIX, introduzido por Maçons que faziam parte da Maçonaria e de Irmandades Católicas, 

A expulsão desses Maçons das Irmandades em 1872, provocadas sobretudo pelos bispos de Olinda e do Pará, respectivamente Dom Vital de Oliveira e Dom Macedo Costa, resultou na histórica Questão Religiosa ou Questão Maçônica. 

O Balandrau tornou-se uma peça do vestuário Maçônico brasileiro muito difundido, por ter a vantagem de poder ser confeccionada com tecidos leves e baratos e que permite suportar melhor as temperaturas de recintos fechados, substituindo o terno e gravata. 

O uso do Balandrau é admitido somente nas Sessões Econômicas e não deve ser usado nas Sessões Magnas. Algumas Potências, Ritos e Lojas Maçônicas vedam ou limitam o seu uso.

Verbete do *Dicionário de Símbolos Maçônicos: Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre*  contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

JUSTO E PERFEITO - Alcides Zanetti


A expressão “Justo e Perfeito” é encontrada pela primeira vez no L.’. L.’., mais especificamente no Livro de Gênesis, onde é retratada a história do Dilúvio.

O G.’. A.’. D.’. U.’., que é Deus, “arrependendo-se de ter criado o homem”, eis que havia se esquecido de praticar o bem trilhando pelos caminhos da iniqüidade corrompendo a humanidade, resolveu destruir a terra com um Dilúvio de proporção imensurável.

No capítulo 6, versus 9, encontramos: “Esta é a história de Noé. 

Noé era um homem Justo e Perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus”.

Em Gênesis, capítulo 7, versus 1-3, assim o G.’. A.’. D.’. U.’. se manifesta: O Senhor disse a Noé:" Entre na arca, tu e toda a tua casa, porque te reconheci JUSTO diante dos meus olhos, entre os de tua geração.” 

Mas onde, quando e como surgiu para a maçonaria ? 

A expressão: "justo e perfeito", segundo José Castellani, remonta às organizações medievais de canteiros (trabalhadores em cantaria, ou seja, no esquadrejamento da pedra bruta). 

Como os bons profissionais eram muito requisitados, havia muita rivalidade entre as corporações, valendo, nesse caso, até a sabotagem do trabalho, a qual consistia em penetrar no terreno do concorrente e fazer um leve desbastamento da pedra já cúbica, difícil de constatar pelo olho humano, porém, quando usada na construção, daria diferença, comprometendo aquele núcleo de pedreiros e maculando sua imagem.

Assim, no fim do dia de trabalho, por ordem do Máster (o proprietário, ou um seu preposto), um Warden (zelador, ou vigilante), media a horizontalidade a obra, com o nível, enquanto o outro media a perpendicularidade, com o prumo, e, se tudo estivesse em ordem, comunicavam ao Master: "tudo está justo e perfeito".

Na manhã do dia seguinte, a operação era repetida, da mesma maneira, para prevenir eventuais sabotagens durante a noite, pois da forma cúbica das pedras, dependia a estabilidade das construções. 

Se tudo estivesse "Justo e Perfeito" os trabalhos eram iniciados.

A expressão “Está tudo justo e perfeito” também é utilizada como cumprimento e reconhecimento entre os maçons. 

Mas será que está TUDO JUSTO E PERFEITO com a atual Maçonaria? 

E as queixas de IIr.’. de que nada vai bem na Maçonaria de hoje, que ela anda meio que adormecida???

Está sim Tudo Justo e Perfeito, pois a Maçonaria de hoje ainda permanece como a Maçonaria de ontem. 

Sua filosofia é eterna assim como seus ensinamentos. 

O que mudou então?

Como disse nada mudou na Maçonaria, mudou sim a atitude de alguns IIr.’. que não conseguem assimilar seus ensinamentos deixando de incorporá-los no seu templo interior, ou seja, não os praticam, não andam na sina das virtudes, muitas vezes vilipendiando-a, deixando de ser um maçom autêntico. 

São os vaidosos, antiéticos e hipócritas que vivem em nosso meio. 

Esses profanos de avental se esquecem de renunciar ao TER para passar a acreditar e ter atitude, no SER. 

Essa é a essência do que acontece na Maçonaria de hoje. 

Não levam consigo para o mundo profano os preceitos e ensinamentos da sublime Arte Real. 

Muito pelo contrário, trazem do mundo profano todas as imperfeições possíveis, semeando a desarmonia na Loja, pregando a desagregação entre os IIr.’. e o desequilíbrio nos nossos trabalhos.

Quando passamos pelo ritual da iniciação maçônica, renunciamos ao TER passando a SER útil aos nossos pares, órfãos e viúvas que é o grande objetivo da Maçonaria. 

Ninguém nos obrigou a assumir esse sério compromisso, mas quando o assumimos juramos sempre buscá-lo a fim de contribuir para o engrandecimento do nosso EU interior e contribuirmos para o bem estar da Humanidade.

Portanto, temos que colocar em prática no mundo profano a doutrina e os ensinamentos maçônicos transformando-os em uma filosofia de vida, como muito trabalho e ação.

O Grande Maçom Albert Pike, nos deixa uma lição. 

Assim ele discorre: 

_...“É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam suas vidas nem por uma nem por outra. 

A boca exprime o que o coração devia ter em abundância, mas quase sempre é o inverso do que o homem pratica”....

Bibliografia:

- Dicionário de Termos Maçônicos – Ir.’. José Castellani e Bíblia Sagrada

agosto 27, 2024

A LENDA DO CORAÇÃO DE PEDRA


Há muito tempo, quando as pedras ainda sussurravam segredos e o mundo era moldado pelas mãos dos mestres maçons, surgiu uma ferramenta que nunca havia sido vista antes. Ela não era feita de metal, nem de madeira, mas de um material que apenas os corações mais puros poderiam forjar: o Amor.

Reza a lenda que um jovem aprendiz, chamado Arion, possuía uma habilidade extraordinária. Seu coração estava repleto de bondade e compaixão, e suas mãos nunca falhavam. Cada pedra que ele tocava parecia se encaixar perfeitamente, como se respondesse ao toque delicado de seu amor. Seus companheiros observavam com admiração, mas Arion sempre dizia que o verdadeiro segredo não estava em suas mãos, mas no que carregava dentro de seu peito.

Certa vez, o grande Mestre do templo se aproximou de Arion, ansioso para descobrir o mistério por trás de sua habilidade. O jovem aprendiz, com humildade, revelou: "Mestre, o que orienta minhas mãos é o Amor. É a ferramenta que uso para esculpir a pedra e erguer os alicerces do templo." O Mestre, intrigado, pediu-lhe que lhe mostrasse essa ferramenta. Arion então pegou uma pedra comum, e ao segurá-la com todo o carinho e devoção que sentia, a pedra começou a irradiar uma luz suave e calorosa.

O Mestre compreendeu, então, que o Amor era a ferramenta mais poderosa de todas, capaz de moldar até o material mais sólido não com força, mas com paciência, gentileza e propósito. Ele convocou todos os maçons do templo e anunciou que, a partir daquele momento, o Amor seria reconhecido como a pedra fundamental da Maçonaria Operativa. Seria a força invisível que une as pedras, transforma os corações e dá vida verdadeira às obras dos mestres.

Assim, na tradição maçônica, acreditou-se que qualquer templo erguido sem o Amor como base estaria destinado a desmoronar, enquanto aquele construído com Amor resistiria aos ventos do tempo e às tempestades da vida. O Amor, então, foi elevado ao status de "Coração de Pedra", uma relíquia preciosa que apenas os maçons mais dignos poderiam encontrar dentro de si mesmos.

Dizem que, até hoje, os templos que permanecem firmes e íntegros são aqueles onde o Amor foi delicadamente talhado em cada pedra, tornando-o a ferramenta mais valiosa na construção de um mundo mais justo e harmonioso.


Autor desconhecido

A ARMA SECRETA DOS MAÇONS - Lucas Couto


A arma secreta de qualquer grande arquiteto de catedrais sempre foi a matemática. É ela que orienta a disposição precisa de paredes, colunas e arcos, permitindo que enormes estruturas de pedra se elevem de forma majestosa. Mais do que isso, a matemática faz desses lugares sagrados terem a sensação de reverência, que vai além da pedra e da madeira. A harmonia numérica desperta em nós uma calma quase sobrenatural, forjando uma conexão entre o design arquitetônico e a inspiração divina.


Os mestres pedreiros medievais, guiados por paixão e criatividade, herdaram e ampliaram a geometria sagrada dos antigos, levando-a a alturas nunca antes vistas.


As catedrais, símbolos dessa tradição milenar, continuam a encarnar essa arquitetura espiritual, definindo até hoje os espaços mais belos e transcendentes.


A geometria das catedrais começa em um lugar surpreendente: a natureza. Do movimento das galáxias às espirais das conchas, o mundo natural está repleto de formas intricadas, porém ordenadas. Parte do efeito calmante da natureza sobre a mente humana se deve à sua matemática implícita, que gera um senso de previsibilidade, proporcionalidade e hierarquia, mesmo em meio à diversidade da natureza.


Um exemplo claro é a sequência de Fibonacci, um conjunto de números que se constrói pela soma dos dois anteriores, resultando na famosa espiral de Fibonacci. Essa espiral pode ser observada em inúmeros fenômenos naturais, desde o redemoinho das galáxias e nuvens até a curva de uma concha ou a forma das ondas no mar. A harmonia matemática oculta nessas formas desperta em nós um apelo estético inconfundível, associando essas maravilhas naturais à própria definição de beleza.


Intimamente ligada à sequência de Fibonacci está a Proporção Áurea. Conhecida como o "número mais irracional", desafiando qualquer tentativa de ser representada em números inteiros, ela é frequentemente abreviada como 1,618 (ou representada pela letra grega φ). A Proporção Áurea é abundante na natureza, aparecendo em pinhas, na sequência do DNA e em incontáveis outras formas, mas sua relevância para a arquitetura e a arte é incomensurável.


Os maçons medievais viam esses padrões como a prova da ordem divina no universo. Ícones sagrados dessa época frequentemente retratavam Deus utilizando ferramentas matemáticas para projetar o cosmos, revelando a lógica divina que permeia toda a criação.


Quando se tratava de erguer seus próprios monumentos à fé, os arquitetos de catedrais refletiam essa convicção, projetando edifícios que seguiam os mesmos princípios matemáticos harmoniosos. O historiador Georges Duby observou que essa arquitetura se transformou em “teologia aplicada”, tornando o invisível visível através de blocos de pedra.


No entanto, os arquitetos medievais não foram os primeiros a reconhecer os padrões matemáticos da natureza e aplicá-los à arquitetura sagrada. O lendário Pitágoras foi o pioneiro em associar os padrões numéricos ao mundo natural. Ele e seus discípulos buscaram descrever a realidade através de relações numéricas racionais. Conta-se, de forma lendária, que, ao descobrirem a irracionalidade da Proporção Áurea, jogaram seu descobridor ao mar, num gesto simbólico que expressava a surpresa com essa descoberta.


Pitágoras também atribuiu significados espirituais aos números, fazendo da matemática e da arquitetura um empreendimento metafísico que os europeus medievais viriam a desenvolver ainda mais. Para ele, a Proporção Áurea representava a fusão perfeita entre matemática e natureza, ordem e caos, beleza e razão.


Não é surpreendente, portanto, que essa proporção tenha definido o maior templo da Grécia antiga, o Partenon. Suas colunas, estátuas e até suas dimensões gerais foram moldadas com base na Proporção Áurea, criando uma estrutura que exala harmonia e força.


Cerca de mil anos depois, esse exemplo inicial de geometria sagrada influenciou profundamente o Ocidente. Durante esse período, quando os arquitetos medievais enfrentavam o desafio de construir catedrais monumentais, os cruzados que voltavam de Constantinopla e Jerusalém traziam consigo o conhecimento esquecido dos pensadores gregos. Mais uma vez, os arquitetos ocidentais usaram a Proporção Áurea e outros padrões matemáticos para criar obras de grande impacto estético.


Essas harmonias numéricas não só definiram a arquitetura renascentista, mas continuam a influenciar o mundo moderno. Hoje, a Proporção Áurea está presente até no design do icônico pássaro do logotipo do Twitter, provando que essa relação entre matemática e beleza perdura, conectando o passado glorioso às inovações do presente.