setembro 05, 2024

A HISTÓRIA DOS PAINÉIS

Na foto o VM Jefferson, o palestrante João Gobo e o veterano escritor Alcyr Ramos da Silva.


Na postagem anterior contei de minha visita na noite de ontem à ARBLS Estrela da Lapa n. 7 para uma sessão de palestra ministrada pelo irmão João Guilherme Milani Gobo com o título genérico de A história dos Painéis. 

O título modesto não revela o espetáculo que foi a apresentação. Uma palestra brilhante, erudita, apresentada com leveza, que conta a história do simbolismo das representações gráficas desde as pinturas rupestres da antiguidade até os Painéis de John Harris, usados por nossas potências, mas com uma deliciosa viagem ao longo do tempo.

Está de parabéns a Loja e seu VM Jefferson Carvalho responsável pelo convite ao palestrante que brindou a todos com uma palestra inesquecível.

ARBLS ESTRELA DA LAPA N. 7


A Augusta, Respeitável, Benemérita, Loja Simbólica Estrela da Lapa n. 7 foi fundada no longínquo ano de 1902 e hoje ostenta uma imensa estrutura no bairro da Lapa.

Na noite de ontem participei com mais de 50 irmãos de uma sessão de palestra conduzida pelo jovem Venerável Mestre ir. Jefferson de Abreu Carvalho que recebia também o Delegado Regional da 7a região, ir. Marcos Alvim e outros membros da administração da GLESP. 

A palestra foi belíssima e tratarei dela na próxima postagem. 

A sessão foi encerrada com um delicioso jantar da qual participaram também as cunhadas e familiares dos irmãos. 

Destaco a bela homenagem à bandeira feita pelo ir. escritor e intelectual Alcyr Ramos da Silva, cujo filho, com o mesmo nome, é o Past Master da Loja, ambos simpaticissimos.

O DIA DO FICO: 09/01/1822 - AlmirSant'Anna Cruz*


As Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, em seu claro intuito de reduzir a importância do Brasil no Reino Unido, acabaram dando um verdadeiro “tiro no pé” ao exigirem que D. Pedro retornasse para Portugal, como já o fizeram com D. João VI.

O Dia do Fico, foi o dia em que poderíamos chamar da união da “fome com a vontade de comer”. 

Por um lado, D. Pedro sentia-se incomodado com o fato de que sua regência, na verdade, estava limitada à província do Rio de Janeiro, capital do Reino do Brasil, pois as demais províncias continuavam sob as ordens de Portugal. Por outro lado os brasileiros desejavam que o Príncipe Regente, de fato, governasse todas as províncias, mantendo uma união política que favorecesse a independência do Reino do Brasil do Reino de Portugal. Então os Maçons trabalharam intensamente para que o Príncipe Regente descumprisse as ordens das Cortes e permanecesse no Brasil.

Em 9 de janeiro de 1822, que entrou para a História como o Dia do Fico, o Presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro, o Maçom José Clemente Pereira, entregou ao Príncipe Regente uma relação com cerca de 8 mil assinaturas pedindo-lhe que ficasse e fez o seguinte discurso, enérgico e de certa forma ameaçador:

(...)

Vamos tentar agora imaginar o que se passou na cabeça do Príncipe Regente ao receber um abaixo assinado com 8 mil assinaturas e ouvir do Presidente da Câmara do Senado do Rio de Janeiro esse discurso.

Provavelmente deve ter se desconcentrado em alguns trechos do longo discurso, lembrando que em Portugal passara apenas seus 9 primeiros anos de tenra infância; que por lá o ridicularizavam chamando-o de “rapazinho” e “brasileirinho”; que por aqui sua regência estava limitada à província do Rio de Janeiro, pois as demais estavam submetidas às Cortes portuguesas; que o Reverbero Constitucional Fluminense insistia na independência do Brasil; que o Desembargador Intendente Geral de Polícia já o informara sobre o fato das forças policiais não terem como combater os conspiradores Maçons sob a liderança de Gonçalves Ledo; e, sobretudo, o conselho de seu pai antes de embarcar para Portugal.

O resultado foi sua célebre decisão de descumprir as ordens que recebera, pronunciando sua histórica resposta aos anseios dos brasileiros: Como é para o bem de todos, e felicidade geral da Nação, estou pronto: diga ao povo que fico. Agora só tenho a recomendar-vos união e tranqüilidade.

Com este gesto de desobediência às Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, a separação do Brasil de Portugal estava informalmente realizada.

A decisão de D. Pedro evidentemente contrariou os grupos que apoiavam a política portuguesa, sobretudo os comerciantes portugueses que tinham seus negócios no Rio de Janeiro.

A reação à decisão de D. Pedro foi quase que imediata: três dias depois, em 12 de janeiro, cerca de 2 mil homens das tropas portuguesas, sob o comando do Governador das Armas da Corte e Província do Rio de Janeiro, tenente-general Jorge de Avilez Zuzarte de Souza Tavares, acantonados de prontidão e em atitude hostil em frente ao Palácio Real, amotinaram-se e concentraram-se no morro do Castelo, tendo sido cercados por 10 mil brasileiros armados, sob o comando do Maçom Marechal Joaquim de Oliveira Álvares (que se tornou, mais tarde, o primeiro Grão Mestre Adjunto do Grande Oriente do Brasil).

Com suas tropas isoladas e cercadas, o comandante português demite-se e, com receio de um ataque das tropas brasileiras, recuou para o outro lado da baía de Guanabara, para a região da Praia Grande em Niterói, onde se fortificou e de onde finalmente foi expulso com suas tropas do Brasil. A divisão portuguesa embarcou em fevereiro rumo a Lisboa.

Excertos do livro A História que a História não conta: A Maçonaria na Independência do Brasil - interessados no livro contatar o autor, Irm.’. Almir, no WhatsApp (21) 99568-1350

REGULARIDADE MAÇÓNICA E RECONHECIMENTO


 

setembro 04, 2024

ARLS PERFEITA AMIZADE N. 37



A tradicional AR Loja Simbolica Perfeita Amizade n. 37, que ostenta orgulhosamente o título de Grande Benemérita e Grande Benfeitora, completa nesta gestão 90 anos de existência e está sendo concluído um livro para comemorar esta efemeridade contando a sua história.

Esta Loja teve importante participação na fundação da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, inclusive com vários de seus irmãos ocupando o Grão Mestrado no início da Glesp. Um dos GM foi o Irmão Mário Proietti, que dá nome à um dos túneis da espetacular Rodovia dos Imigrantes. 

Participei na noite de ontem de uma ótima sessão conduzida pelo Venerável Mestre Sandro Merces, com a presença de 40
irmaos, em que além dos ensinamentos de praxe houve momentos de notável emoção. 

Além da calorosa recepção fui também honrado recebendo um distintivo da Loja que me foi colocado pelo irmão José Augusto Rogati. Uma noite memorável. 

 

HUZZÉ - Manoel Júnior


A palavra HUZZÉ tem origem hebraica, embora em árabe seja pronunciada “HUZZA”, para os antigos árabes „HUZZA” era o nome dado a uma espécie de acácia consagrada ao sol, como símbolo da imortalidade, e sua tradução significa força e vigor, palavras simbólicas que fazem parte da tríplice saudação feita na Cadeia de União: Saúde, Força e Vigor. 

Na Inglaterra a aclamação “HUZZÉ” tem a pronúncia UZEI, tomada do verbo TO HUZZA (aclamação) como sentido “viva o rei”.

Significados:

No pequeno Vademecum Maçônico do Ir∴ Ech Lemos: “Houzé” – Grito de alegria dos maçons do rito escocês.

No dicionário de maçonaria do Ir∴ Joaquim Gervasio de Figueiredo: Houzé – Grito de aclamação do maçom escocês.

No dicionário maçônico do Ir∴ Rizzardo da Camino, Huzzé é apresentado como uma corruptela de HUZZA, que seria a expressão de alegria e louvor usada pelos maçons ingleses traduzida por “viva”.

Biblicamente, HUZZÉ era o nome de uma personagem.

Pronúncia: Deve-se pronunciar “HUZZÉ”, dando ênfase ao som da letra “H”, a qual exige um sopro mais forte, e “ZZÉ” como afirmação, como que solfejando um Dó bem longo e terminando em Fá, tendo a sensação de estar passando do escuro da noite para o alaranjado da manhã, da dúvida para a certeza, da angústia para serenidade.

Em maçonaria, HUZZÉ é uma exclamação, e como tal, deve ser clamada com um sopro forte, quase gritado, em dois sons, para que possa ser respeitada a harmonia musical do vocábulo, a fim de que se conserve todo efeito esotérico desta saudação ao GADU∴, significando que Deus é sabedoria, força e beleza.

HUZZÉ, HUZZÉ, HUZZÉ, ou seja, salve o GADU∴, salve o GADU∴, salve o GADU∴ 

O valor do HUZZE está no som, a energia provocada elimina as vibrações negativas. Quando em Loja, surgirem discussões ásperas e o V∴M∴ receiar-se que o ambiente possa ser "perturbado” suspenderá os trabalhos, e comandará a expressão HUZZÉ, de forma tríplice, reiniciando os trabalhos, o ambiente será outro, ameno e harmônico.

Dentro de Loja, o V∴M∴ comanda no início dos trabalhos a exclamação HUZZÉ, que deve ser pronunciada em uníssono. Essa exclamação prepara o ambiente espiritual, afastando os resquícios de vibrações negativas trazidas para dentro do templo pelos IIr∴. Ao término dos trabalhos é exclamado para “aliviar” as tensões surgidas. 

Toda liturgia maçônica compreende os aspectos místicos, físicos e psíquicos. O HUZZÉ que provoca a expulsão do ar impuro, substituído pelo “Prana” que se forma no Templo, harmoniza o ambiente numa escala única, num nível salutar, capacitando o maçom para receber em seu interior os benefícios da Loja.Quando um maçom é solicitado a exclamação o HUZZÉ que o faça conscientemente para obter, assim, os resultados mágicos dessa manifestação física de seu organismo, portanto deve ser aprendida e ensinada, para que possas ser exercitada com Sabedoria Força e Beleza.


Bibliografia:

"Simbolismo do Primeiro Grau" – Rizzardo da Camino

Bíblia Sagrada – Livros 2 – Samuel, cap. 06"

Dicionário Maçônico" - Rizzardo da Camino"

Dicionário da Maçonaria" – Joaquim Gervásio de Figueiredo

TAXA PARA BATER NA PORTA


Uma das casas onde entrego jornais tinha a caixa de correio bloqueada, então bati na porta.

Sr. David, um homem idoso, de passos hesitantes, abriu lentamente a porta.

Perguntei-lhe: Senhor, por que a sua caixa de correio está bloqueada? 

Ele respondeu: Bloquei-a de propósito

Ele sorriu e continuou: Quero que você me entregue o jornal todos os dias... Por favor, bata à porta ou toque a campainha e entregue pessoalmente.

Fiquei perplexo e respondi: Claro, mas isso parece um inconveniente para ambos e uma perda de tempo

Ele disse: _Tudo bem... Pago-te mais todos os meses como taxa para bater à porta.

Com uma expressão suplicante, acrescentou: Se alguma vez chegar o dia em que você bater à porta e não encontrar resposta, chame a polícia! 

Fiquei surpreso e perguntei: Por que senhor ? 

Ele respondeu: _Minha esposa faleceu, meu filho está no exterior e eu moro aqui sozinho, quem sabe quando chegará minha hora ? 

Nesse momento, eu vi os olhos úmidos e nublados do velho.

Ele também disse: _Nunca leio jornal... Eu me inscrevo apenas para ouvir o som das batidas ou a campainha da porta; para ver um rosto familiar e trocar algumas palavras"._

Juntou as mãos e disse: Jovem, faça-me um favor !  Aqui está o número de telefone do meu filho no exterior. Se um dia você bater na porta e eu não atender, ligue para meu filho para informar... "._

Depois de ler isto, percebi que há muitas pessoas idosas, solitárias entre o nosso círculo de amigos.

Às vezes, você se pergunta por que eles, na sua idade avançada, ainda enviam mensagens no WhatsApp, como nos tempos em que eles ainda estavam trabalhando.

Na verdade, o significado destas saudações matinais e vespertinas é semelhante ao significado de tocar a campainha; é uma forma de desejar segurança e de transmitir cuidado.

Hoje em dia, o WhatsApp é muito conveniente e não precisamos mais assinar para comprar jornais.

Se você tiver tempo, ensine seus familiares idosos a usar o WhatsApp ! 

Um dia, se você não receber seus cumprimentos matinais ou itens compartilhados, é possível que ele não se encontre bem ou algo lhe tenha acontecido.

Cuide dos seus amigos e família.

Entendi o significado que nossas mensagens de WhatsApp têm entre nós !

-Então, meus amigos, não nos esqueçamos de dar bom dia, não é só por educação, é também dizer aos amigos, colegas e familiares que ainda estamos aqui, e também poder compartilhar momentos para conversar ou sorrir com as ocorrências, e finalmente é um momento para dizer que eu preciso conversar e ouvir.*_ 

Sejamos amáveis hoje, pois o amanhã a Deus pertence.

"Amai uns aos outros como eu vos amei."

Que Deus te abençoe, hoje e sempre.

Que assim seja!


Autor desconhecido...

setembro 03, 2024

ARLS PRUDENTE DE MORAES N. 5 - São Paulo


Estive em visita na noite de ontem à ARLS Prudente de Moraes n. 5 que funciona no Palácio Maçônico da GLESP.

Uma das mais antigas Lojas da Potência, mostrou na sessão que continua com força e vigor se adaptando à modernidade sem perder o alicerce da tradição. 

O jovem VM Marcus Cacais estreou uma nova maneira de conduzir a apresentação de dois excelentes trabalhos de aprendizes cujo texto foi disponibilizado no grupo de WhatsApp privativo da Loja para que os irmãos pudessem acompanhar o texto nos seus celulares, porém os apresentantes deveriam comentar ao invés de apenas ler o texto. 

Isso enriqueceu sobremaneira o entendimento dos trabalhos que foram seguidos por excelentes comentários de diversos irmãos e que tornaram a sessão muito rica de aprendizado.

Agradeço o carinho com que fui recebido pelo Venerável Mestre e pelos demais irmãos. 

Do Meio-Dia à Meia-Noite - Roberto Ribeiro Reis)


 

Com determinação e ousadia,

Assim que chega o meio dia

Os trabalham ganham vigor;

A despeito de o sol a pino,

Vislumbra-se melhor destino,

Pois se labora é com amor.


O bem se pratica sem trégua,

Calculado por precisa régua,

Que nos auxilia na construção;

Quando existe um embaraço,

É só manusearmos o maço,

Com vontade e determinação.


Nossa vontade, firme e resoluta,

É que nos cinzela a pedra bruta,

Polindo-a, via ofício de escol;

Aqui, já não importa a roupagem,

Imprescindível é a interior viagem,

Que nos exorta ao VITRIOL.


Em que pese já ser meia noite,

Não somos tomados de açoite,

Pois nossa recompensa nos apraz;

O que fazemos é à glória do Arquiteto

- Este Ser Transcendente e Completo -

Que instrui com amor, ministrando paz.

TUDO PASSA...- Heitor Rodrigues Freire



" Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de construir. Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar; tempo de chorar e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de afastar”. (Ecl 3:1-8) 

A morte é um tema que sempre mereceu atenção especial dos seres humanos. Ela é um fato natural e diz respeito a todos, sem distinção de classe, raça, nacionalidade ou gênero. A morte significa o fim de uma etapa e o começo de outra, no plano espiritual. Tudo continua, mas em níveis diferentes. Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo apenas se transforma, como bem conceituou Lavoisier. 

A morte enseja também um dos maiores medos dos humanos, que decorre do desconhecimento de uma verdade básica: ninguém morre. A morte é apenas uma passagem de um estado da matéria para outro, na espiritualidade. Conforme Santo Agostinho demonstrou em seu famoso poema “A morte não é nada”, a vida segue seu fio, mesmo do lado de lá:

A vida significa tudo

o que ela sempre significou,

o fio não foi cortado.

Por que eu estaria fora

de seus pensamentos,

agora que estou apenas fora

de suas vistas?

Eu não estou longe,

apenas estou

do outro lado do Caminho…

Você que aí ficou, siga em frente,

a vida continua, linda e bela

como sempre foi”.

Quanto a mim, sei que a qualquer momento, não sei quando, chegará a hora de partir para novas realizações no plano espiritual e de voltar para a pátria celestial, e ali assumir novas missões em função do nosso plantio aqui na Terra.    

E com essa perspectiva natural e inevitável, comecei a conjecturar a respeito da morte, de sua finalidade, dos benefícios que ela proporciona – embora para a grande maioria que não consegue alcançar esse entendimento, ela seja um castigo – e das suas consequências.

Em vez de tristeza, ansiedade e desesperança, deveríamos aceitar a morte como um fato perfeitamente natural da vida. E para isso acontecer é preciso que se fale da morte, e não que se usem palavras ou expressões substitutas que amenizem o seu significado. Isso requer admitir que, assim como outros processos – como o nascimento –, a morte é um estágio da vida, o qual sabemos que virá implacavelmente para todos nós.

Aceitar essa situação como parte da nossa natureza representa uma libertação.

“A separação definitiva entre os que se amam jamais acontece. Transfigura a dor da saudade em obras de amor consagradas à memória dos entes queridos que partiram”, ensinou o Irmão José, no livro Vigiai e orai, psicografado por Carlos A. Bacelli.

O povo diz: “está morrendo gente que nunca morreu”. O que não é verdade, afinal todos nós já morremos muitas vezes. 

A falta de conhecimento faz com que as pessoas se desesperem, se lamentem e se cobrem quando se veem diante desse fato inexorável.

É muito interessante a manifestação das pessoas a respeito dos falecidos, demonstrando, naturalmente, carinho e solidariedade: “meus sentimentos”, “vai fazer muita falta”, “perda irreparável”, e por aí afora.

À medida que houver entendimento a respeito desse fato inevitável, com a consequente libertação, se manifestará em nós uma alegria imensa porque atingiremos um estágio de consciência que despertará a vontade de participação nesse novo estado e nessa nova dimensão, abrindo perspectivas de crescimento, trabalho e participação ativa.

Aceitemos e trabalhemos!


setembro 02, 2024

A PRESENÇA DOS CLÉRIGOS CATÓLICOS NA MAÇONARIA - João Evangelista Martins Terra, S.J.

Para mostrar que, apesar dessas normas, não há absolutamente nenhuma incompa­tibilidade entre a Igreja e a maçonaria, os folhetos de propaganda maçônica trazem infalivelmente este argumento: até bispos, padres e frades entraram na maçonaria. E citam o conde de Irajá, bispo do Rio de Ja­neiro; Dom José Joaquim de Azeredo Coutinho, bispo de Olinda, que eram maçons; Cônego Januário, Frei Caneca, Frei Sampaio, Frei Montalverne e outros que entraram na maçonaria.

Não é preciso negar esse fato. Mas im­porta explicá-los no seu contexto históri­co. Por que eles entraram na maçonaria? Quais intuitos levaram a maçonaria a alici­ar para suas fileiras bispos e padres? E, so­bretudo, é preciso ver que tipo de padres ela conseguiu atrair.

Todos os nomes dos bispos, padres e fra­des por eles citados são geralmente do início do século passado, quando, em muitos meios políticos, predominava a idéia da Independência do Brasil. A própria maço­naria de então foi fundada no Brasil com finalidades pronunciadamente políticas. Algumas lojas de Pernambuco foram fun­dadas por padres, como a loja ou academia Areópago, fundada pelo carmelita Arruda Câmera, em 1801; a Loja do Paraíso ou Loja Suassuna, fundada pelo padre João Ribeiro. Ora, esses frades ou padres quase nada sabiam ou não se interessavam pelas doutrinas maçônicas; o que queriam eram ambientes secretos onde discutir suas ide­ologias liberais ou idéias revolucionárias. As lojas de Pernambuco e da Bahia, lá pelo anos 1810, como também as do Rio, pelo anos de 1820, eram de fato centros políti­cos, que “tramavam” a independência. Até as publicações maçônicas insistem neste particular. O maçom Adelino Figueiredo Lima, no seu livro Nos Bastidores do Mis­tério (Rio, 1954, p. 137), ao falar da funda­ção do Grande Oriente, escreve: “E encer­rou-se a sessão sob o juramento solene de que a nova potência maçônica independente tinha um fim específico a cumprir: fazer a independência do Brasil“. E não faltaram então padres e frades patriotas e políticos que alimentavam o mesmo ideal. Aliás, a Revolução de 1817 não é conhecida como a revolução de maçons, mas como a revo­lução dos padres.

Além disso, Frei Caneca, Frei Sampaio, Cônego Januário e outros foram, talvez, excelentes patriotas e hábeis políticos, mas não se pode por isso dizer que fossem tam­bém sacerdotes disciplinados e religiosos exemplares. Identificam-se os ideais polí­ticos desses padres com os ideais políticos da maçonaria de então, que, ao menos no Brasil, ainda não manifestara provas de anticlericalismo. E, para conseguir a inde­pendência, conjugaram suas forças. Não como sacerdotes, mas como políticos, ape­sar de sacerdotes, tornaram-se maçons.

Convém notar que entre o bispo Azeredo Coutinho (1802) e D. Marques Perdigão (1830) a diocese de Olinda esteve pratica­mente acéfala durante 30 anos. O 13º bispo de Olinda, D. Frei José da Santa Escolástica, eleito em 1802, não veio a Pernambuco, o 14º bispo, D. Frei José Ma­ria de Araújo, eleito em 1804, só chegou a Pernambuco em dezembro de 1807, para falecer logo em seguida. O 15º bispo, D. Frei Antônio de São José Bastos, eleito em 1810, nunca veio a Pernambuco, morrendo em 1819 no Rio, sem conhecer a sua diocese; o 16º bispo, D. Frei Gregório José Veigas, eleito em 1820, não chegou a to­mar posse da diocese, morrendo em Lis­boa; o 17º bispo, D. Tomás de Noronha, eleito em 1823, só foi confirmado bispo de Olinda em maio de 1828, resignando em agosto do ano seguinte, entregando o bis­pado ao cabido. O 18º bispo, D. João da Purificação Marques Perdigão, eleito em 1829 e confirmado em 1831, encontrou a diocese num estado deplorável.

Durante 30 anos sem bispo, clero e religiosos estavam habituados à anarquia. Esse período foi a época das revoluções, revoluções de padres, em grande parte ordenados fora da diocese e não encardinados. Alguns deles, como o célebre Pe. Roma, cujo nome real era José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, nascido no Recife, que professou entre os frades carmelitas de Goiana, de onde fugiu para Portugal e depois para Roma, onde diz que foi ordenado pessoalmente pelo Papa Pio VII, retomou ao Recife onde teve dois fi­lhos, foi enviado pelo governo provisório de 1817 à Bahia para levantar o povo em favor da causa revolucionária, e foi fuzila­do na Praça da Pólvora na Bahia.

O autor de Os Mártires Pernambucanos o classifi­ca como apóstata (G. Vilar de Carvalho, A liderança do clero nas revoluções republi­canas – 1817-1824, p. 76.) Mas historia­dores de grande peso, como E. Vi1hena de Moraes, põem em dúvida seu caráter sa­cerdotal, afirmando que “nem sequer se sabe ao certo se chegou realmente ao presbiterado” (O Patriotismo e o Clero no Brasil, Rio, 1929, p. 24). De fato, não foi encontrado nenhum documento que ateste sua ordenação. Essa era a situação do clero secular e regular na época das revoluções pernambucanas.

Quando D. João da Purificação Marques Perdigão chegou a Olinda, todo o país, de sul a norte, estava envolto nas revoluções e insurreições ocorridas no período das Re­gências Trinas de 1831 a 1835, que no Norte receberam o nome de Guerra dos Cabanos ou Cabanada. Foi a intervenção enérgica e pacificadora do bispo de Olinda, D. Perdigão, que, por meio de suas pastorais, em que fazia importantes exortações ao clero e aos fiéis, procurando convencer os liti­gantes de que deviam iniciar um período de paz, que logrou pôr termo à Cabanada, em 1835.

Convém notar ainda que nessa época e até mesmo durante todo o Império, os pa­dres e políticos não se sentiam adstritos, em consciência, às leis da Santa Sé, que con­denavam e interditavam a maçonaria, visto que o regalismo reinante na época se nega­va a dar-lhes seu “necessário” Benepláci­to, para obterem força de lei.

Além disso, nesses inícios, a maçonaria incipiente não se tinha ainda inserido nas estruturas do poder e não se tinha revelado anticlerical. Foi somente durante o Segun­do Império que ela logrou o poder ministe­rial e militar. Quase todos os Ministros e Governadores de Estados foram copiados pela maçonaria. Mais ainda, a maçonaria tinha-se infiltrado em quase todas as con­frarias e irmandades da Igreja e pretendia dominar o próprio poder eclesial. Em Olinda, o próprio Deão, Joaquim Francis­co de Faria, Vigário Capitular que, em duas vacâncias, tinha sido governador da Diocese, teve de ser suspenso pelo bispo por causa da sua recusa em desligar-se da maçonaria.

Revoltado, ele liberou, como vimos, a insurreição dos maçons contra os jesuítas, cujo colégio foi assaltado e destruído; contra o jornal católico “União”, cuja tipografia foi destroçada, e contra a re­sidência do bispo, que só não foi invadida porque na última hora surgiu uma proteção policial.


Fonte: https://bibliot3ca.com

CASO SÉRIO - Roberto Ribeiro Reis


O maçom deve pensar melhor, 

Antes de falar no que pensa,

Para o diálogo não virar ofensa, 

E se transformar num caso sério.


Deve caminhar, esquadradamente,

Sob influência do Livro da Lei Sagrada,

Para que sua alma possa ser elevada

A um plano sutil, noutro hemisfério.


Deve se imbuir de bons pensamentos,

Aptos à formação da egrégora ideal,

Cujo padrão vibratório é excepcional,

Forte e imune a quaisquer impropérios.


Deve respeitar a todos os obreiros,

Sabendo lhes dar atenção e ouvidos,

Ciente de que os verbos proferidos

Podem ser considerados vitupérios.


Deve se despojar rápido da matéria,

Pois ela é obstáculo à sua evolução,

Deixando o Irmão em paralisação,

Sob efeito de pensamentos deletérios.


Deve zelar e cumprir seu juramento,

Fazendo disso tudo uma Sublime Arte,

Cônscio de que, quando morre ou parte,

Levará consigo nossos nobres mistérios.




COM A MENTE NA LUA - Roberto Ribeiro Reis








Às vezes tenho sonhos, acordado.

Quiçá para sair da realidade crua;

Quando vejo, a mente está na lua,

Longe do que tem me atormentado.


Se tivesse da matéria me libertado,

Estaria certamente noutra condição;

Meu espírito alcançaria a evolução,

Já não seria esse ser escravizado.


A Maçonaria permite, por outro lado,

Que, não obstante meus devaneios,

Há oportunidades de achar os meios

De encarar o real, sem ser alienado.


Desde então, grato tenho constatado

Que o sonho ainda me é permitido;

Conquanto eu não perca o sentido

E nem fuja do que tenho enfrentado.


A Sutil Ordem tem me disciplinado,

Ensinando-me a ter os pés no chão;

Devo essa dádiva a todo amado Ir.’.,

Fora da lua, e como sol ao meu lado.